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Impactos de um governo com características liberais no crescimento e bem-estar do Brasil: uma análise de equilíbrio geral

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA - CAEN MESTRADO PROFISSIONAL EM ECONOMIA

PEDRO HENRIQUE FERREIRA ROLA

IMPACTOS DE UM GOVERNO COM CARACTERÍSTICAS LIBERAIS NO CRESCIMENTO E BEM-ESTAR DO BRASIL: UMA ANÁLISE DE

EQUILÍBRIO GERAL

FORTALEZA 2019

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PEDRO HENRIQUE FERREIRA ROLA

IMPACTOS DE UM GOVERNO COM CARACTERÍSTICAS LIBERAIS NO CRESCIMENTO E BEM-ESTAR DO BRASIL: UMA ANÁLISE DE EQUILÍBRIO

GERAL

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Profissional em Economia do Departamento de Economia da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Economia.

Orientador: Prof. Dr. Ricardo Antônio de Castro Pereira

FORTALEZA 2019

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Biblioteca Universitária

Gerada automaticamente pelo módulo Catalog, mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

R647i Rola, Pedro Henrique Ferreira.

Impactos de um Governo com características liberais no crescimento e bem-estar do Brasil : uma análise de equilíbrio geral / Pedro Henrique Ferreira Rola. – 2019.

41 f. : il. color.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade, Mestrado Profissional em Economia do Setor Público, Fortaleza, 2019. Orientação: Prof. Dr. Ricardo Antônio de Castro Pereira.

1. Liberalismo econômico. 2. Política fiscal. 3. Privatização. 4. Equilíbrio geral. 5. Bem-Estar. I. Título. CDD 330

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PEDRO HENRIQUE FERREIRA ROLA

Dissertação submetida ao Curso de Mestrado Profissional em Economia do Departamento de Economia da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Economia.

Aprovada em: ___/___/______.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________ Prof. Dr. Ricardo Antônio de Castro Pereira (Orientador)

Universidade Federal do Ceará (CAEN - UFC)

_________________________________________ Prof. Dr. Arley Rodrigues Bezerra

Universidade Federal Rural De Pernambuco (UFRPE)

_________________________________________ Prof. Dr. Marcelo de Castro Callado

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RESUMO

Este trabalho tem como objetivo construir um modelo de equilíbrio geral, de modo a realizar simulações de políticas de um governo voltado ao espectro liberal-conservador, com privatização de estatais, redução da dívida pública do Estado e redução da carga tributária, visando verificar seus efeitos nos agregados macroeconômicos e no bem-estar social. Para analisar esses efeitos, adotou-se um modelo neoclássico em economia fechada e com governo, seguindo a calibração e especificação utilizada em diversos trabalhos, como Santana et al. (2012), Campos e Pereira (2016) e Bezerra et al. (2018). Os parâmetros utilizados no modelo foram obtidos a partir de um mapeamento geral entre os dados da contabilidade nacional do Brasil e as variáveis do modelo. A política de privatização utilizada no modelo aborda a transferência do estoque de capital das empresas estatais para a redução da parcela da dívida pública do Estado na economia. Enquanto que a redução da carga tributária utilizada buscou se aproximar do discurso da equipe econômica, com redução das as alíquotas de impostos presentes na tributação. Constata-se, com a simulação da implementação da política de privatização em conjunto com a redução da carga tributária, que o efeito de bem-estar apresenta-se como positivo e há melhoria nos agregados macroeconômicos no curto e no longo prazo, mostranto o impacto positivo que há com a diminuição do consumo do governo e, dessa forma, com a redução do tamanho do Estado na economia.

Palavras-chave: Liberalismo econômico; Política fiscal; Privatização; Equilibrio geral;

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ABSTRACT

This paper aims to construct a general equilibrium model, in order to simulate the policies of a liberal-conservative government, with privatization of state companies, reduction of the public debt of the state and reduction of the tax burden, aiming to verify its effects. macroeconomic aggregates and social welfare. To analyze these effects, a government-based closed-economy neoclassical model was adopted, following the calibration and specification used in several studies, such as Santana et al. (2012), Campos and Pereira (2016) and Bezerra et al. (2018). The parameters used in the model were obtained from a general mapping between the Brazilian national accounting data and the model variables. The privatization policy used in the model addresses the transfer of state-owned capital stock to reduce the share of state public debt in the economy. While the reduction of the tax burden used sought to approximate the discourse of the economic team, reducing the tax rates present in taxation. The simulation of the implementation of the privatization policy together with the reduction of the tax burden shows that the welfare effect is positive and there is an improvement in the macroeconomic aggregates in the short and long term, showing the impact It is positive that there is a decrease in government consumption and thus a reduction in the size of the state in the economy.

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Evolução da Carga Tributária no Brasil (%PIB) ... 09 Gráfico 2 - Evolução da dívida pública (%PIB) ... 14 Gráfico 3 - Efeito de bem-estar por redução de alíquotas tributárias... 35

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Evolução da Participação das Bases de Incidência na Arrecadação Total ... 10

Tabela 2 - Parâmetros de tecnologia da economia ... 23

Tabela 3 - Parâmetros de políticas fiscais ... 26

Tabela 4 - Parâmetros de preferência ... 27

Tabela 5 - Efeitos macroeconômicos e de bem-estar de política de privatização com redução das alíquotas tributárias em 20% com as transferências aos agentes (𝑇𝑟) ajustando as contas públicas ... 30

Tabela 6 - Efeitos macroeconômicos e de bem-estar de política de privatização com redução das alíquotas tributárias em 20% com o consumo do governo (𝐶𝑔) ajustando as contas públicas ... 32

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ... 08 2 O MODELO ... 16 2.1 Firmas ... 17 2.2 Família ... 17 2.3 Governo ... 19 2.4 Definição de equilíbrio ... 20 3 CALIBRAÇÃO ... 21 3.1 Parâmetros de tecnologia ... 21

3.2 Parâmetros de políticas fiscais ... 23

3.3 Parâmetros de preferência ... 26

4 SIMULAÇÕES E RESULTADOS ... 28

4.1 Ganhos de bem-estar... 29

4.2 Simulações de políticas de privatizações com redução da dívida em conjunto com a redução da carga tributária ... 30

4.3 Análise de sensibilidade da redução das alíquotas tributárias ... 34

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 37

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1 INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como objetivo construir um modelo de equilíbrio geral, de modo a realizar simulações de políticas de um governo liberal no Brasil, com privatização de estatais, redução da dívida pública do Estado e redução da carga tributária, visando verificar seus efeitos tanto nos agregados macroeconômicos quanto no bem-estar social.

Diante das sinalizações de início de um governo mais voltado ao espectro político liberal-conservador, a equipe econômica do presidente Jair Bolsonaro, tendo como figura principal o Ministro da Economia Paulo Guedes, busca implementar mudanças na política econômica do Brasil. Assim, como mencionado, este trabalho busca avaliar o impacto de um governo brasileiro com características mais liberais, com uma maior liberdade de mercado e com pouca interferência do governo na atividade econômica, nos efeitos de crescimento e bem-estar do Brasil.

Para Bobbio (1992), a visão mais comum de “liberalismo” corresponde a uma ideia de Estado na qual este possui poderes e funções limitadas e se contrapõe tanto ao estado absoluto como ao estado social. Dessa maneira, conforme abordado por Cenci et

al. (2011), o surgimento do liberalismo está fundamentalmente vinculado à necessidade

de contrapor o absolutismo e a sociedade estamental existentes até o século XVII na Europa. Assim, defende que a principal característica do liberalismo é a defesa do Estado mínimo, ou seja, a ideia de que o Estado deve intervir o mínimo possível, deixando à “mão invisível do mercado” a regulamentação das relações econômicas.

Nos anos de 2015 e 2016, houve retração do PIB, encolhendo 3,8% e 3,6%, respectivamente, o que, de acordo com o IBGE (2017), foi a maior recessão econômica do Brasil desde 1947, evidenciando a crise fiscal e econômica que o país ainda está enfrentando, apesar da melhora gradual desses dados. Já no ano de 2017, O PIB apresentou aumento real de 0,99% em relação ao ano anterior.

Diante desse cenário, após passar por uma das mais longas e profundas recessões nesse período 2015-2016, a economia brasileira seguiu seu processo de recuperação, iniciado em 2017. Conforme abordado pelo Relatório Anual da Dívida Pública Federal de 20181, publicado pelo Tesouro Nacional, a evolução recente dos resultados primários

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evidencia a melhora na gestão fiscal de curto prazo, por meio da racionalização de despesas discricionárias e recuperação da arrecadação, que contribuem para um déficit primário do governo central abaixo da meta estabelecida para o ano. Contudo, o esforço de ajuste ainda é comprometido por déficits elevados na previdência, o que limita a capacidade do governo no atendimento de outras demandas da sociedade, como as políticas sociais e os investimentos.

No que se refere à carga tributária, verifica-se que o histórico da carga tributária brasileira como percentual do PIB, se mantem entre 32% e 33%, conforme pode ser observado no gráfico 1 extraído do Estudo da Carga Tributária no Brasil de 2017, da Receita Federal2, publicado no ano de 2018.

Gráfico 1 - Evolução da Carga Tributária no Brasil – 2002 a 2017 (%PIB)

Fonte: Elaborado pelo autor, com base no Estudo da Carga Tributária no Brasil de 2017 da Receita Federal. (Brasil, 2018).

Importante ressaltar que a participação das bases de incidência na arrecadação total brasileira, vem se mantendo quase constante na última década, com os tributos incidentes sobre os bens e serviços, sobre a renda e sobre a folha de salários com maior participação no total, conforme pode ser observado na tabela 1 extraída também do Estudo da Carga Tributária no Brasil de 2017 da Receita Federal.

2 http://receita.economia.gov.br/noticias/ascom/2018/dezembro/carga-tributaria-bruta-atingiu-32-43-do-pib-em-2017/carga-tributaria-2017-1.pdf 31,00% 31,50% 32,00% 32,50% 33,00% 33,50% 34,00% 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

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Tabela 1 – Evolução da Participação das Bases de Incidência na Arrecadação Total – 2008 a 2017 Tipo de Base 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 Renda 20,4% 19,64% 18,22% 19,09% 17,94% 18,17% 18,09% 18,30% 20,01% 19,22% Salários 24,4% 26,54% 26,20% 25,80% 26,61% 25,94% 26,16% 26,09% 26,23% 26,12% Propried ade 3,55% 3,89% 3,77% 3,73% 3,88% 3,91% 4,09% 4,43% 4,52% 4,58% Bens e serviços 49,5% 48,26% 49,63% 49,15% 49,65% 50,26% 50,03% 49,40% 47,57% 48,44% Trans. Financei ras 2,03% 1,79% 2,10% 2,20% 1,96% 1,68% 1,62% 1,80% 1,66% 1,63% Outros tributos -0,09% -0,12% 0,08% 0,03% -0,03% 0,03% 0,01% -0,02% 0,01% 0,01% Total 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% Fonte: Elaborado pelo autor, com base no Estudo da Carga Tributária no Brasil de 2017 da Receita Federal. (Brasil, 2018)

Conforme abordado por Lima e Rezende (2019), para fins de determinação da carga fiscal bruta, consideram-se todos os tributos arrecadados anualmente pelos governos federal, estadual e municipal. A legislação do Brasil cita como espécies de tributos os impostos, as taxas e as contribuições de melhorias. Ao mesmo tempo, o Código Tributário Nacional apresenta uma definição mais ampla, dando margem à inclusão, no conceito de tributo, das contribuições sociais e econômicas. Nesse sentido, a Secretaria da Receita Federal utiliza-se do conceito mais amplo de tributo para apuração da carga tributária.

Como forma de orientar um sistema tributário ótimo, SMITH (1776), em A Riqueza das Nações, definiu quatro princípios básicos: i) Capacidade contributiva: os indivíduos deveriam contribuir para a receita do estado de acordo com a sua capacidade de pagamento; ii) Objetividade: o tributo e a forma de pagamento devem estar claros e evidentes para o contribuinte; iii) Simplicidade: a arrecadação do tributo deve ser feita de maneira que facilite a vida do contribuinte; iv) Otimização: a arrecadação do tributo deve implicar o menor custo possível para o contribuinte.

De acordo com Avarte e Biderman (2004), um dos principais objetivos da tributação é avaliar como uma dada receita pode ser arrecadada pelo governo a um custo mínimo para a sociedade, considerando que existem diferenças entre os contribuintes e entre a capacidade contributiva de cada pessoa.

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Burman e Phaup (2011) fazem consideração sobre o tamanho e a eficiência do governo quando analisam assuntos tributários e indicam que a má alocação dos recursos causa preocupações àqueles que anseiam por um governo mais eficiente e com menores taxas e impostos. Na mesma linha, Santana, Cavalcanti e Paes (2012) verificam que o gasto com o governo excede o considerado como ótimo e apontam a necessidade de diminuição dos gastos do governo e de mais eficiência.

Em declaração, no dia 2 de Janeiro de 2019, ao jornal valor econômico3, o Ministro da Economia Paulo Guedes, afirmou que o ideal seria o país ter uma carga tributária de no máximo 20% do Produto Interno Bruto. Além disso, ele afirma que uma reforma tributária, que resolva o sistema brasileiro, considerado complexo e ineficiente, também será necessária para simplificar o pagamento desses tributos na economia.

Lúcio, Bezerra e Pereira (2017), em estudo sobre carga tributária e ineficiência no setor público, concluíram que as políticas natureza tributária exerceriam um efeito propulsor na economia de forma que os agregados macroeconômicos apresentariam variações positivas tanto no curto quanto no longo prazo. De forma equivalente, no trabalho mencionado, foi utilizado um modelo de equilíbrio geral computável e calibrado para a economia brasileira e foram realizadas simulações de políticas de redução de alíquotas tributárias, sempre na mesma magnitude no intuito de simular redução na carga tributária como um todo, e de reduções dos níveis de ineficiência, isoladas e conjuntas. Os autores fizeram considerações no sentido de que esforços de redução da carga tributária e de redução da ineficiência do setor público podem gerar resultados positivos sobre os agregados macroeconômicos e sobre o bem-estar, inclusive em cenários que o governo estivesse disposto a implementar maiores reduções obteve-se aproximadamente 3,5% de ganho de bem-estar.

A partir disso, na realização desse trabalho, pretendeu-se, como forma de retratar de forma mais aproximada possível a atividade política econômica brasileira, realizar uma simulação de redução nas alíquotas presentes na tributação do Brasil, o que de certa forma também engloba a citada simplicação tributária, como uma das premissas, visando verificar seus efeitos nos agregados macroeconômicos e no bem-estar social.

3

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Outra frente abordada como prioridade pela equipe econômica atual é conseguir avançar na agenda das privatizações e promover o aumento de produtividade e competitividade no país. Assim, a venda de ativos é vista como uma das formas mais rápida de gerar caixa.

Segundo Megginson e Netter (2001), a privatização de empresas estatais e outros ativos transformou-se em um dispositivo de política econômica regular e difundido em mais de cem países, apesar das iniciais contestações na sua introdução, no início da década de oitenta, durante o governo de Margaret Thatcher no Reino Unido.

Para Megginson e Netter (2001) e para Guriev e Meggison (2007), na medida em que há a expectatica da diminuição do estado na economia, a privatização de empresas estatais se revelou em um importante instrumento de política econômica, com o aumento da receita do governo para redução do déficit público, o fortalecimento dos incentivos para o crescimento de produtividade da economia, modernização, atração de capital do exterior e a aceleração do mercado de capitais, principalmente para os países em desenvolvimento.

Pereira e Ferreira (2008) veem o enfraquecido desempenho do capital público como uma motivação para a grande intensidade de privatização no Brasil a partir de 1990. Trabalhos como Schmitz e Teixeira (2008), e Boardman, Vining e Weiner (2016) constataram impactos positivos da privatização no crescimento da economia e na produtividade total dos fatores. Segundo Pinheiro (2000), no Brasil, a privatização foi uma resposta prática às adversidades macroeconômicas, causados essencialmente pelo desequilíbro das contas públicas.

Em outro estudo, Pinheiro e Giambiagi (1997) afirmam que o melhor destino das receitas provenientes da privatização das estatais é a dedução da dívida, porque se o governo usar as receitas para aumentar o investimento das estatais ou para ampliar seus gastos, o valor presente da redução das Necessidades de Financiamento do Setor Público (NFSP) reduzirá. Enquanto que se os recursos forem utilizados para aportar capital em empresas deficitárias, a situação é ainda pior. Eles concluiram que a privatização pode colaborar de forma eficaz para o ajuste fiscal por causa das características específicas da economia do Brasil, em que o pagamento de juros é alto, e o retorno de dividendos com a participação acionária das empresas públicas é reduzido.

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Na mesma linha, Kikeri e Nellis (2004) afirmam que o uso das receitas líquidas da privatização, deve ser encaminhado ao abatimento da dívida, com o propósito de diminuir as taxas de juros, inflação e evidentemente o endividamento, promovendo o desenvolvimento econômico.

De acordo com Amaral e Lima (1998), baseado na simulação de cenários, com o acontecimento de superávit primário no período entre 1997 e 2000, as receitas de privatização trouxeram um impacto positivo sobre a dívida pública na economia do Brasil no fim da década de 1990. Já Carvalho (2001), ao analisar o período de 1995 a 1999, revela que a privatização teve repercussões positivas sob as contas públicas brasileiras e sob as empresas que continuaram estatais, além de papel importante na melhoria do perfil da dívida pública.

A partir disso, na realização desse trabalho, pretende-se privatizar completamente o estoque de capital público das empresas estatais, no qual as rendas provenientes destes recursos serão direcionadas à redução da dívida pública.

Ocorre que, conforme demonstrado no Relatório Anual da Dívida Pública Federal de 2018 (Brasil, 2018), publicado pelo Tesouro Nacional, no âmbito fiscal, a grande questão é a necessidade de reversão da trajetória de desequilíbrio das contas públicas e crescimento da dívida. Esse ajuste é comprometido por déficits elevados na previdência, limitando a capacidade do governo no atendimento de outras demandas da sociedade, como as políticas sociais e os investimentos.

A ausência de superávits primários e as dificuldades políticas de implementação de uma agenda de reformas nos últimos anos contribuíram para a fragilização do ambiente econômico, culminando na recessão observada entre 2014 e 2016. Houve, assim, reflexo direto na trajetória da Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) que representava 51,7% do PIB ao final de 2013 e atingiu um patamar de 77,3% do PIB em 2018, conforme exposto no gráfico 2 extraído do Relatório Anual da Dívida Pública Federal de 2018, publicado pelo Tesouro Nacional.

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Gráfico 2 - Evolução da Dívida Bruta do Governo Geral (%PIB)

Fonte: Elaborado pelo autor, com base no Relatório Anual da Dívida Pública Federal de 2018 do Tesouro Nacional. (Brasil, 2018)

Dessa forma, em outra recente declaração4, Paulo Guedes afirma que, em seus cálculos aproximados, a participação do governo nas estatais renderia hoje cerca de 800 bilhões de reais, capaz de abater cerca de 20 por cento da dívida pública federal, calculada como um número em torno de R$ 3,6 trilhões de reais. Com a situação dessa forma, ele analisa que hoje gasta-se um número próximo de R$ 400 bilhões de reais que o país gasta de juros por ano, sem conseguir reduzir o principal da dívida.

Assim, como mencionado, pretendeu-se construir um modelo de equilíbrio geral, de modo a realizar simulações de políticas de um governo liberal no Brasil. Nas simulações, além da política de privatização, realizou-se, de forma a se aproximar do discurso da equipe econômica, uma redução em 20% de todas as alíquotas de impostos presentes na composição da tributação, como proporção do PIB, com o intuito de analisar as mudanças nos diversos agregados macroecômicos e do bem-estar.

No entanto, dada a incerteza da magnitude dessa redução tributária, além da importância de avaliar diferentes cenários de cortes na tributação, buscou-se, também,

4 https://exame.abril.com.br/brasil/o-que-pensa-paulo-guedes-o-cerebro-economico-de-jair-bolsonaro/ 50,00% 55,00% 60,00% 65,00% 70,00% 75,00% 80,00% 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

(17)

avaliar a sensibilidade da alteração de bem-estar para as diferentes diminuições das alíquotas de impostos presentes na composição da tributação.

Os modelos de equilíbrio geral computáveis são construídos sobre sólidas bases microeconômicas e permitem capturar os efeitos diretos e indiretos de mudanças em políticas econômicas. A partir da segunda metade da década de 80, essa abordagem adquiriu grande popularidade devido à possibilidade de modelagem, em maior ou menor grau, da complexa interdependência entre os agentes econômicos, por meio de equações de comportamento (FOCHEZATTO, 2005).

O modelo é calibrado para o Brasil utilizando a metodologia padrão de modelos não-estocásticos, seguindo os modelos desenvolvidos por Pereira e Ferreira (2008, 2010) e Bezerra et al. (2014, 2018, 2019), em consonância com o modelo de Kydland e Prescott (1982).

Este trabalho é organizado, incluindo esta, em cinco seções. Na 2ª seção é apresentado o modelo empregado, incluindo a definição de equilíbrio. A seção 3 trata de como os parâmetros utilizados no modelo foram obtidos. A quarta descreve a medida de bem-estar utilizada e apresenta as simulações de um governo liberal no Brasil, com privatização de estatais, redução da dívida pública do Estado e redução das alíquotas tributárias, além de uma análise de sensibilidade para cada valor dessa diminuição das alíquotas no efeito de bem-estar. Por último, na seção 5 faz-se as considerações finais.

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2 O MODELO

Para analisar os efeitos de um Governo com características liberais, adotou-se um modelo neoclássico em economia fechada e governo, seguindo a calibração e especificação utilizada em diversos trabalhos, como Santana, Cavalcanti e Paes (2012), Campos e Pereira (2016) e Bezerra et al. (2018, 2019). O modelo apresenta três agentes: firma representativa, família representativa e governo.

A firma representativa utiliza como insumos de produção o capital das firmas estatais e privadas, o capital público de infraestrutura e o trabalho para produzir o único bem deste modelo. Supõe-se, assim, que esse único bem produzido e que firma representativa descrevem a média das atividades produtivas em curso na economia, incluindo, portanto, processos produtivos públicos e privados.

As famílias vivem infinitos períodos e maximizam uma função utilidade composta de lazer, consumo privado e consumo público, sendo que uma parte do gasto público é um componente desta cesta de consumo. Supõe-se que essa família representativa seja dotada de estoques acumulados de capital privado e títulos do governo e que suas rendas sejam compostas de renda do trabalho ofertado às firmas, renda obtida pelo aluguel às firmas do estoque de capital privado, renda proveniente dos títulos da dívida pública, renda auferida no recebimento de transferências do governo, além de uma parcela da renda advinda do aluguel do capital público das estatais. Tem-se, ainda, que além dos gastos em consumo, todas as fontes de renda, exceto transferências, sejam taxadas pelo governo.

O governo tributa o consumo da família representativa, o capital das firmas, o trabalho e a renda dos títulos. Além disso, o financiamento ocorre também pela emissão de títulos da dívida pública, bem como por meio da fração destinada ao governo da receita, líquida de impostos, do aluguel do capital das empresas estatais. Os gastos do governo se dividem em investimentos (das empresas estatais e de infraestrutura da administração pública), consumo, transferências às famílias e pagamentos de juros da dívida pública.

(19)

2.1 Firmas

A função de produção agregada per capita da firma representativa é determinada pela equação (1):

𝑌𝑡 = 𝐴𝑡(𝐾𝑝𝑡+ 𝜙𝐾𝑔𝑡)𝜃 𝐻𝑡1−𝜃 𝐺𝑡𝛾 (1) onde 𝐴𝑡 é o componente de tecnologia, 𝜃 e (1 − 𝜃) são, respectivamente, a elasticidade do produto em relação ao capital e ao trabalho, e 𝛾 mede a intensidade das externalidades positivas do capital de infraestrutura. O subscrito 𝑡 indexa os períodos.

Essa função de produção utiliza também os fatores capital, estoque de capital privado (𝐾𝑝𝑡) e das empresas estatais (𝐾𝑔𝑡), trabalho (𝐻𝑡) e capital público de infraestrutura (𝐺𝑡). A produção exibe retornos constantes de escala nos fatores capital e trabalho e 𝜙 é a produtividade do capital das empresas estatais em relação às empresas privadas.

Assume-se que a firma representativa por meio da função de produção, em cada instante 𝑡, escolhe os níveis de trabalho (𝐻𝑡), de capital privado (𝐾𝑝𝑡) e das empresas estatais (𝐾𝑔𝑡), de forma a maximizar seu lucro, tomando como dados os preços e a oferta de infraestrutura per capita da economia (𝐺).

Assim, o problema das firmas é expresso em (2): max

𝐾𝑝𝑡,𝐾𝑔𝑡,𝐻𝑡

𝐴𝑡(𝐾𝑝𝑡+ 𝜙𝐾𝑔𝑡)𝜃 𝐻

𝑡1−𝜃 𝐺𝑡𝛾− 𝑟𝑡𝐾𝑝𝑡− 𝑟𝑔𝑡𝐾𝑔𝑡− 𝑤𝑡𝐻𝑡 (2) onde 𝑟𝑡 e 𝑟𝑔𝑡 são respectivamente, as taxas de aluguel do capital privado e das estatais e 𝑤𝑡 o salário por hora trabalhada.

2.2 Famílias

A família representativa tem suas preferências determinada na equação (3): 𝑈(𝑐𝑡, 𝐶𝑔𝑡, ℎ𝑡) = ∑𝑡=0∞ 𝛽𝑡{𝑙𝑛(𝑐𝑡+ 𝜇𝐶𝑔𝑡) + 𝜓𝑙𝑛 (1 − ℎ𝑡)} (3) O parâmetro 𝛽 é a taxa subjetiva de desconto intertemporal, onde 𝛽 ∈ (0,1), o parâmetro 𝜇 mede como o indivíduo representativo valoriza o consumo público (𝐶𝑔𝑡) em

(20)

relação ao consumo privado (𝑐𝑡) e 𝜓 é o parâmetro que representa o peso do lazer na função utilidade.

No primeiro período, as famílias são dotadas de estoques acumulados de capital privado (𝐾𝑝𝑡) e títulos da dívida pública (𝑏𝑡), investidos na taxa de juros proveniente da dívida pública (𝜌𝑡), e cada período, uma unidade de tempo produtivo, pode ser empregado em trabalho ou lazer (ℎ𝑡+ 𝑙𝑡 = 1). Assim, a família representativa maximiza a função utilidade sujeita a uma restrição orçamentária, uma vez que sua renda é composta por: renda do trabalho ofertado às firmas (𝑤𝑡𝑡); renda obtida pelo aluguel às firmas do estoque de capital privado (𝑟𝑡𝐾𝑝𝑡); renda proveniente dos títulos da dívida pública (𝜌𝑡𝑏𝑡); renda auferida no recebimento de transferências do governo (𝑡𝑟𝑡), além de uma parcela da renda advinda do aluguel do capital público das estatais (𝛼𝑡𝑟𝑔𝑡𝑘𝑔𝑡).

Dessa forma, a família direciona os seus gastos em consumo privado (𝑐𝑡), investimento (𝑖𝑝𝑡) e acumulação de títulos do governo (𝑏𝑡+1− 𝑏𝑡). Assim, sua renda é representada conforme a equação (4):

(4)

onde 𝑤𝑡 representa o salário por hora de trabalho, ℎ𝑡 as horas empregadas na produção, 𝑟𝑡 a taxa de retorno do capital privado e 𝑟𝑔𝑡 a taxa de retorno do capital público das estatais.

Tem-se que 𝛼𝑡, em que 𝛼𝑡 ∈ (0,1), representa a fração destinada às famílias da receita do aluguel do capital das estatais provenientes, por exemplo, de ações de empresas públicas em mãos das pessoas e 𝜌𝑡 representa a taxa de juros proveniente da dívida pública. Os parâmetros 𝜏𝑐𝑡, 𝜏ℎ𝑡, 𝜏𝐾𝑝𝑡, 𝜏𝐾𝑔𝑡 e 𝜏𝑏𝑡 representam, respectivamente, as

alíquotas de impostos sobre o consumo, renda do trabalho e rendas do capital privado, do capital das estatais e dos títulos da dívida pública.

As leis de movimento do capital privado e do capital das estatais são representadas, respectivamente, pelas equações (5) e (6):

𝐾𝑝𝑡+1= (1 − 𝛿)𝐾𝑝𝑡+ 𝑖𝑝𝑡 (5)

(1 + 𝜏𝑐𝑡)𝑐𝑡+ 𝑖𝑝𝑡+ (𝑏𝑡+1− 𝑏𝑡) = (1 − 𝜏ℎ𝑡)𝑤𝑡ℎ𝑡+ (1 − 𝜏𝐾𝑝𝑡)𝑟𝑡𝐾𝑝𝑡+

(21)

𝐾𝑔𝑡+1= (1 − 𝛿)𝐾𝑔𝑡+ 𝑖𝑔𝑡 (6)

onde 𝛿 representa a taxa de depreciação do capital das empresas privadas e públicas. Como as famílias vivem infinitos períodos, elas desejam maximizar o valor presente dos fluxos de utilidade de todos os períodos. Portanto, o problema da família representativa será maximizar a função de suas preferências (3) sujeita à restrição da função de sua renda (4).

2.3 Governo

A receita tributária do governo 𝑇𝑡 é proveniente das taxas sobre o consumo (𝜏𝑐𝑡𝐶𝑡),

renda do trabalho (𝜏ℎ𝑡𝑤𝑡𝐻𝑡), renda do capital privado (𝜏𝐾𝑝𝑡𝑟𝑡𝐾𝑝𝑡), renda do capital das

empresas públicas (𝜏𝐾𝑔𝑡𝑟𝑔𝑡𝐾𝑔𝑡), e juros da dívida pública (𝜏𝑏𝑡𝜌𝑡𝐵𝑡). Assim, a receita

tributária do governo é representada conforme a equação (7):

𝑇𝑡 = 𝜏𝑐𝑡𝐶𝑡+ 𝜏ℎ𝑡𝑤𝑡𝐻𝑡 + 𝜏𝐾𝑝𝑡𝑟𝑡𝐾𝑝𝑡 + 𝜏𝐾𝑔𝑡𝜏𝐾𝑔𝑡 + 𝜏𝑏𝑡𝜌𝑡𝐵𝑡 (7)

Além disso, o financiamento do Governo também ocorre pela emissão de títulos da dívida pública, (𝐵𝑡) bem como por meio da fração destinada ao governo da receita, líquida de impostos, do aluguel do capital das empresas estatais (1 − 𝛼𝑡)(1 − 𝜏𝐾𝑔𝑡)𝜏𝐾𝑔𝑡.

Os gastos públicos se dividem em bens e serviços públicos de consumo (𝐶𝑔𝑡), transferências de renda (𝑇𝑟𝑡), investimentos em infraestrutura pública (𝐽𝑡) e nas empresas estatais (𝐼𝑔𝑡), representado pela equação (8):

𝐶𝑔𝑡+ 𝐽𝑡+ 𝐼𝑔𝑡+ 𝑇𝑟𝑡+ 𝜌𝑡𝐵𝑡= 𝐵𝑡+1− 𝐵𝑡+ 𝑇𝑡+ (1 − 𝛼𝑡)(1 − 𝜏𝐾𝑔𝑡)𝑟𝑔𝑡𝐾𝑔𝑡 (8)

O capital público de infraestrutura, de forma bem similar às funções das firmas, tem uma função de acumulação representada pela equação (9):

𝐺𝑡+1 = (1 − 𝛿𝑔)𝐺𝑡+ 𝐽𝑡 (9)

onde o parâmetro 𝛿𝑔 representa a taxa de depreciação do capital público de infraestrutura. Por fim, os parâmetros de política fiscal 𝛼𝑐𝑡, 𝛼𝑗𝑡, 𝛼𝑖𝑡, 𝛼𝑏𝑡 𝑒 𝛼𝑡𝑟𝑡, que representam, respectivamente, as frações dos gastos em consumo do governo, dos investimentos em

(22)

infraestrutura pública, dos investimentos das empresas estatais, dívida pública líquida e transferências do governo às famílias em proporção do produto estão especificados, respectivamente, nas equações de (10) a (14):

𝛼𝑐𝑡 = 𝐶𝑔𝑡/𝑌𝑡 (10) 𝛼𝑗𝑡 = 𝐽𝑡/ 𝑌𝑡 (11) 𝛼𝑖𝑡 = 𝐼𝑔𝑡/ 𝑌𝑡 (12) 𝛼𝑏𝑡 = 𝐵𝑡/ 𝑌𝑡 (13) 𝛼𝑡𝑟𝑡 = 𝑇𝑟𝑡/ 𝑌𝑡 (14) 2.4 Definição do equilíbrio

Dada uma determinada política fiscal do governo {𝜏𝑐𝑡, 𝜏𝑡, 𝜏𝐾𝑝𝑡, 𝜏𝐾𝑔𝑡, 𝜏𝑏𝑡, 𝛼𝑐𝑡, 𝛼𝑗𝑡, 𝛼𝑖𝑡, 𝛼𝑏𝑡, 𝛼𝑡𝑟𝑡}𝑡=0∞ , um equilíbrio competitivo é caracterizado por uma coleção de sequências das decisões da família representativa {𝑐𝑡, 𝑖𝑝𝑡, ℎ𝑡, 𝑏𝑡+1}𝑡=0∞ ; dos estoques de capital privado e público {𝐾𝑝𝑡, 𝐾𝑔𝑡, 𝐺𝑡}𝑡=0∞ ; dos preços dos fatores {𝑤𝑡, 𝑟𝑡, 𝑟𝑔𝑡}𝑡=0∞ ; e da taxa de juros da dívida pública {𝜌𝑡}𝑡=0∞ , que, conjuntamente, devem satisfazer aos seguintes pontos:

i) A sequência de decisões individuais {𝑐𝑡, 𝑖𝑝𝑡, ℎ𝑡, 𝑏𝑡+1}𝑡=0∞ resolvem o problema da família representativa;

ii) o problema da firma representativa descrito na equação (2);

iii) o problema da família representativa de maximizar a função de suas preferências (3) sujeita a restrição da função de sua renda (4);

iv) a consistência entre as decisões individuais e agregadas per capita (𝐶𝑡= 𝑐𝑡, 𝐼𝑝𝑡 = 𝑖𝑝𝑡, 𝐾𝑝𝑡 = 𝑘𝑝𝑡, 𝐾𝑔𝑡 = 𝑘𝑔𝑡, 𝑇𝑟𝑡 = 𝑡𝑟𝑡, 𝐵𝑡= 𝑏𝑡, 𝐻𝑡 = ℎ𝑡);

v) o orçamento do governo; e

vi) a restrição de recursos da economia: 𝐶𝑡+ 𝐼𝑝𝑡+ 𝐶𝑔𝑡+ 𝐽𝑡+ 𝐼𝑔 𝑡 = 𝐴 (𝐾𝑝𝑡+ 𝜙 𝐾𝑔𝑡)𝜃 𝐻𝑡1−𝜃𝐺𝑡𝛾.

(23)

3 CALIBRAÇÃO

Na análise dos efeitos econômicos do impacto de um governo com características liberais nos efeitos de crescimento e bem-estar do Brasil, será adotada uma metodologia bem utilizada na literatura, Santana, Cavalcanti e Paes (2012) e Bezerra et al. (2018).

Nessa metodologia, os parâmetros do modelo são calibrados de modo que haja uma correspondência entre a solução de estado estacionário do modelo empírico com os dados observados para a economia brasileira. Para este trabalho, foram observados os dados da economia do ano de 2014.

Em seguida, deve haver a determinação do conjunto de parâmetros do modelo, que pode ser dividido em:

i) parâmetros de tecnologia (𝛿, 𝛿𝑔, 𝜃, 𝛾, 𝜙, 𝐴);

ii) parâmetros de políticas fiscais (𝜏𝑐, 𝜏, 𝜏𝐾𝑝, 𝜏𝐾𝑔, 𝜏𝑏, 𝛼𝑐, 𝛼𝑗, 𝛼𝑖, 𝛼𝑏, 𝛼𝑡𝑟); iii) parâmetros de preferência (𝛽, 𝜇, 𝜓).

3.1 Parâmetros de tecnologia

Seguindo Bezerra et al. (2018) e Campos e Pereira (2016), a taxa de depreciação do capital público de infraestrutura pode ser obtida a partir do estado estacionário de sua função de acumulação 𝐺𝑡+1= (1 − 𝛿𝑔)𝐺𝑡+ 𝐽𝑡 que, nesse estado estacionário, é determinada por 𝛿𝑔 = 𝐽/𝐺.

A partir de dados da Secretária do Tesouro Nacional (STN), da Controladoria Geral da União (CGU) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) tem-se que na média do período (2003-2008) a razão dos investimentos em infraestrutura da administração pública pelo PIB (𝐽/𝑌) é 0,0168. Adicionalmente, segundo dados disponibilizados pelo sistema de base de dados do IPEA e IBGE, IPEADATA, obtém-se a razão do estoque de capital líquido da administração pública pelo PIB (𝐺/𝑌 = 0,3577). A partir da divisão destes dois componentes pode-se encontrar a taxa de depreciação do capital público de infraestrutura (𝛿𝑔 = 0,0472).

De forma análoga, a taxa de depreciação dos capitais privados e públicos das estatais podem ser obtidos a partir dos estados estacionários de suas respectivas funções

(24)

de acumulações 𝐾𝑝𝑡+1 = (1 − 𝛿)𝐾𝑝𝑡+ 𝑖𝑝𝑡 e 𝐾𝑔𝑡+1 = (1 − 𝛿)𝐾𝑔𝑡+ 𝑖𝑔𝑡, sendo estas taxas de depreciação em estado estacionário 𝛿 = 𝐼𝑝/𝐾𝑝 e 𝛿 = 𝐼𝑔/𝐾𝑔. A soma dos dois estoques de capital, 𝐾𝑝 = 𝐼𝑝/𝛿 e 𝐾𝑔 = 𝐼𝑔/𝛿, pode ser nomeada de 𝐾, sendo, assim, expressa por 𝐾 = (𝐼𝑝 + 𝐼𝑔)/𝛿.

Utilizando dados da STN, da CGU, do Departamento de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (DEST) e do IBGE, têm-se, na média do período (2003-2008), os investimentos privados em proporção do PIB (𝐼𝑝/𝑌 = 0,1738). No mesmo período médio (2003-2008), segundo dados do DEST e do IBGE, a razão dos investimentos das empresas públicas em proporção do PIB (𝐼𝑔/𝑌) é de 0,0141. Adicionalmente, conforme os dados do IPEADATA e do IBGE pode-se encontrar a relação entre o estoque de capital líquido das firmas privadas e públicas e o PIB (𝐾/𝑌 = 1,9622). Dessa forma, tem-se o valor resultante da taxa de depreciação (𝛿 = 0,0886).

O parâmetro de tecnologia 𝛾, que representa o efeito externo que o capital público de infraestrutura exerce sobre a produção, pode ser estimado de diferentes formas e, conforme abordado por Lucio et al. (2017) e Pereira e Ferreira (2011), não há consenso na literatura sobre seu valor. Assim, apesar de Ferreira (1993) estimar este parâmetro com base em dados da economia americana e ter uma defasagem temporal entre os estudos, optou-se por usar o mesmo valor, seguindo diversos autores como, Campos e Pereira (2016) e Bezerra et al. (2018). Dessa forma, optou-se por seguir Ferreira (1993) que por sua vez adota 𝛾 = 0,09.

Conforme descrito em Bezerra et al. (2018) e Gomes, Pereira e Bezerra (2017), a remuneração do capital é mensurada como sendo a soma do excedente operacional bruto com um terço do rendimento misto bruto, referente aos autônomos, em proporção ao PIB a custo de fatores. Utilizando a base de dados do IBGE, obtém-se 𝜃 = 0,4221. A partir disso, participação do trabalho no produto torna-se (1 − 𝜃) = 0,5779.

Adicionalmente, o parâmetro tecnológico (𝐴) é calibrado como forma de normalizar o produto de estado estacionário. Portanto, calibrou-se 𝐴 = 14,6585.

Um dos principais motivos levantados para a realização da privatização das empresas estatais seria a ineficiência destas quando comparadas com as empresas privadas. Assim, estima-se o parâmetro 𝜙, que mede a produtividade do estoque de capital

(25)

das empresas estatais vis-à-vis à produtividade do estoque de capital das empresas privadas, como apresentado nas pesquisas Campos e Pereira (2016) e Bezerra et al. (2018).

Na modelagem da função de produção supõe-se que o capital proveniente das empresas privadas e públicas não sejam capazes de afetar a sua produtividade, dessa forma, supõe-se que os estoques de capital do setor privado (𝐾𝑝) e do setor das empresas públicas (𝐾𝑔) possuam igual produtividade. Esta hipótese reflete-se em retornos iguais para o capital privado e público das estatais (𝑟 = 𝑟𝑔).

Os parâmetros calibrados nesta seção estão resumidos na Tabela 2. Tabela 2 - Parâmetros de tecnologia da economia

𝛿 𝛿𝑔 𝜃 𝛾 𝐴

0,0886 0,0472 0,4221 0,09 14,6585 Elaborado pelo autor

3.2 Parâmetros de políticas fiscais

Para o cálculo das alíquotas, como proporção do PIB, de tributação sobre os rendimentos do capital, privados e públicos: 𝜏𝐾𝑝 e 𝜏𝐾𝑔; de tributação sobre o consumo: 𝜏𝑐; de tributação sobre os rendimentos do trabalho 𝜏; e alíquota da dívida 𝜏𝑏, como abordado em Campos e Pereira (2016) e Bezerra et al. (2018), foram utilizados os dados provenientes das contas nacionais disponibilizadas pelo IBGE, da Receita Federal e do IPEA. O documento utilizado para a calibração das alíquotas foi: “Carga Tributária no Brasil – 2015 (Análise por tributo e base de incidência)" (Brasil, 2015), disponibilizado pela Receita Federal.

Com base no conteúdo deste documento, tem-se que os tributos utilizados na análise foram:

• Tributação sobre o consumo: Impostos sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) + Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) + Imposto sobre Serviços (ISS) + Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico (Cide - Combustível) + Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico (Cide - Remessas).

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• Tributação sobre o trabalho: Contrib. Custeio Pensões Militares + Contrib. para a Previdência Social + Cont. Seguridade Social Servidor Público (CPSS) + Contrib. s/ Receita de Concursos e Progn. + Contrib. Partic. Seguro DPVAT + Contrib. Rurais + Fundo de Saúde Militar (Beneficiário) + Contrib. para o FGTS + salário educação + Contrib. para o sistema S + Cota-Parte Contrib. Sindical + Contrib. Regime Próprio Previd. Est. + Contrib. Regime Próprio Previd. Municipal.

• Tributação sobre o retorno do capital e títulos públicos: Imposto de Renda (Pessoa Física + Pessoa Jurídica + Retido na fonte) + Outras Contrib. Federais + Contr. s/ Rec. Empr. Telecomun. + Dívida Ativa Outros Trib. e Contrib. + Contrib. S/Rec.Concess. Permiss. Energ. Elet. + Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) + Taxas federais + Cota-Parte Ad Fr. Ren. Mar. Mercante + Imposto Territorial Rural (ITR) + Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) + Imposto sobre a Propriedade sobre Veículos Automotores (IPVA) + Contrib. para o Financiamento da Seguridade Social (Cofns) + Programa de Integração Social (PIS)/Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PASEP) + ITCD + Outros tributos estaduais + IPTU + ITBI + outros tributos municipais.

A partir do Boletim do Banco Central do Brasil foram utilizadas as informações referentes à dívida pública (𝐵). Em 2014, a dívida líquida do setor público (𝛼𝑏) foi equivalente a 32,58% do PIB. Dessa relação obtém-se o pagamento da dívida em termos nominais, 𝜌𝑛 = 0,1653.

Em termos reais, a taxa de juros da dívida líquida pode ser obtida a partir da seguinte expressão 𝜌 = (𝜌𝑛 − 𝐼𝑃𝐶𝐴)/(1 + 𝐼𝑃𝐶𝐴). Para isso, utiliza-se o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo IBGE para 2014 em 6,40%. Dessa forma, obtêm-se 𝜌 = 0,0651.

A partir disto, é possível calcular os juros nominais pagos da dívida líquida do setor público em proporção do PIB (𝜌𝐵)/𝑌 = 0,0538.

Para a obtenção da alíquota da dívida (𝜏𝑏), este estudo teve como fundamento a legislação vigente acerca dos impostos retidos na fonte - imposto de renda (IR) e imposto

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sobre operações financeiras (IOF) - com base de incidência sobre as aplicações financeiras (Lei nº 11.033/2004).

Esta legislação, para o IR, define uma faixa regressiva de 22,5% a 15%, de acordo com o tempo de aplicação (22,5% até 180 dias; 20% de 181 a 360 dias; 17,5% de 361 a 720 dias; e 15% acima de 720 dias) e para o IOF institui uma alíquota de 1% ao dia sobre o rendimento dos títulos cujo resgate seja inferior a trinta dias após a compra (se vender o título após trinta dias, o valor do IOF é zero).

Considerando as faixas de renda e suas respectivas alíquotas calculou-se uma alíquota média ponderada 16,97%, correspondendo ao parâmetro de interesse 𝜏𝑏, de 0,1697.

No que se refere à carga tributária sobre o os rendimentos do capital, privados e públicos e da dívida pública, tem-se que a proporção do produto foi de 13,63% no ano de 2014. Como realizado em Bezerra et al. (2018), a soma da arrecadação do rendimento do capital e da dívida pública pode ser escrita como 𝜏𝑘𝑝𝑟𝐾𝑝 + 𝜏𝑘𝑔𝑟𝜙𝐾𝑔 + 𝜏𝑏(𝜌𝐵)/𝑌. Supõe-se que as firmas apresentam a mesma incidência de carga tributária 𝜏𝑘𝑝 = 𝜏𝑘𝑔.

Dessa forma, pode-se escrever que 𝜏𝑘𝑝𝑟𝐾𝑝 + 𝜏𝑘𝑔𝑟𝜙𝐾𝑔 + 𝜏𝑏(𝜌𝐵)/𝑌 = tributação sobre o capital e títulos em proporção do PIB. A partir do resultado encontrado da elasticidade do capital na produção, pode-se isolar a alíquota sobre o capital em:

𝜏𝑘𝑝 = (tributação sobre o capital e títulos em proporção do PIB - 𝜏𝑏(𝜌𝐵)/𝑌))/𝜃

Assim, com a substituição dos valores já conhecidos, tem-se a tributação sobre o capital 𝜏𝑘𝑝 = 𝜏𝑘𝑔 = 30,12%.

No ano de 2014, a tributação sobre o consumo representou 9,13% do PIB e a razão consumo das famílias/PIB, obtida a partir das contas nacionais, foi de 62,95%. Assim, o resultado da divisão da tributação sobre o consumo pela participação do consumo das famílias no PIB é a alíquota 𝜏𝑐 = 14,50%.

A arrecadação sobre os rendimentos do trabalho em proporção do Produto foi de 9,08%. Utilizando o valor já calibrado (1 − 𝜃) = 0,5779, tem-se 𝜏ℎ = 15,72%.

(28)

A participação do setor privado no excedente operacional bruto das empresas estatais, 𝛼, foi calculada por uma média ponderada da participação acionária do governo federal pelo valor do capital integralizado, tal como descrita em Bezerra et al. (2014) e Campos e Pereira (2016). A partir dos dados disponíveis no relatório de prestação de contas do presidente da república disponível em Brasil (2015) e considerando as empresas que a União detém participação majoritária, encontrou-se uma média ponderada equivalente a 63,26% na participação acionária. Isso implica, por complementaridade, que a participação privada nas empresas estatais é 36,74%. Dessa forma, 𝛼 = 0,3674.

Com base nos dados das contas nacionais disponibilizados pelo IBGE (referência 2010), os investimentos privados no ano de 2014 tiveram participação de 13,51% no PIB.

Os gastos em consumo da administração pública (𝛼𝑐) representaram, em proporção ao PIB, 19,15%, enquanto os investimentos das empresas estatais (𝛼𝑖) e da administração pública (𝛼𝑗) em relação ao PIB foram respectivamente de 1,40% e 2,96%. Santana, Cavalcanti e Paes (2012) e Bezerra et al. (2014) realizaram essa calibração de forma que as transferências de renda sejam os resíduos dos modelos, ou seja, essa variável ajusta em todo o período as equações do modelo, não se restringindo por sua vez às políticas fiscais.

Para este trabalho, optou-se por utilizar duas possibilidades de variáveis de ajuste do orçamento público: o consumo do governo (𝐶𝑔) e as transferências às famílias (𝑇𝑟).

Os parâmetros calibrados nesta seção estão resumidos na Tabela 3. Tabela 3 - Parâmetros de políticas fiscais

𝛼 𝜏𝑐 𝜏𝑘𝑝 𝜏𝑘𝑔 𝜏 𝜏𝑏 𝛼𝑐 𝛼𝑖 𝛼𝑗 𝛼𝑏 𝛼𝑡𝑟

36,74% 14,50% 30,12% 30,12% 15,72% 16,97% 19,15% 1,40% 2,96% 32,58% 6,47%

Elaborado pelo autor

3.3 Parâmetros de preferência

No que se refere ao parâmetro que mede peso do lazer na função utilidade, 𝜓, tem-se que, tem-seguindo diversos autores, como Cooley e Prescott (1995), Gomes, Ellery Jr. e Bugarin (2005) e Campos e Pereira (2016), onde determina-se 𝜓 a partir da hipótese de que a família representativa dedica cerca de um terço do seu tempo disponível ao processo

(29)

produtivo. Dessa forma, supondo ℎ em um terço em estado estacionário, encontra-se 𝜓 = 1,1824.

O parâmetro 𝜇 (peso do consumo público na utilidade das famílias) é calibrado em 0,5, valor moderado em um ambiente de 𝜇 = 0 (o gasto público é puro desperdício), 𝜇 = 1 (consumidores valoram consumo privado e público igualmente). Esta posição mediana é bem utilizada na literatura nacional, tais como Santana, Cavalcanti e Paes (2012), Campos e Pereira (2016) e Bezerra et al. (2018).

O fator de desconto intertemporal da utilidade dos consumidores (𝛽) é encontrado a partir das condições de primeira ordem do consumidor em estado estacionário: 𝛽 = 1/(1 + 𝜌 − 𝜌𝜏𝑏). Dessa forma, ao substituir os parâmetros já conhecidos, tem-se que 𝛽 = 0,9267.

Os parâmetros calibrados nesta seção estão resumidos na Tabela 4. Tabela 4 - Parâmetros de preferência

𝛽 𝜇 𝜓

0,9267 0,5 1,1824 Elaborado pelo autor

(30)

4 SIMULAÇÕES E RESULTADOS

Neste capítulo, como forma de mensurar os efeitos nos agregados macroeconômicos e no bem-estar agregado da economia, foram realizadas simulações de possíveis políticas de um governo liberal no Brasil, com privatização de estatais, redução da dívida pública do Estado e redução da carga tributária, a partir da economia hipotética desenvolvida e calibrada de modo a refletir a economia brasileira.

A política de privatização das estatais utilizada no modelo aborda dois momentos: i) No momento de implementação da política, o governo em determinada data 𝑡, transfere todo o estoque de capital das empresas estatais à família representativa, fazendo que este estoque faça parte do capital das firmas privadas. ii) No determinado momento 𝑡, uma parcela das empresas estatais é repassada para a redução da parcela da dívida pública do Estado na economia, conforme exposto na equação (15).

𝛼𝑏𝑡𝑆𝑃 = (𝐵𝐸𝐸− (1 − 𝛼

𝑡)𝐾𝑔𝑡𝐸𝐸)/𝑌𝐸𝐸 (15)

onde 𝛼𝑏𝑡𝑆𝑃 é a parcela dos gastos do governo no pagamento da dívida pública após a simulação proposta (SP) e as variáveis com o sobrescrito EE representam as variáveis em estado estacionário.

Concomitante a isso, a redução da carga tributária utilizada no modelo buscou se aproximar do discurso do Ministro da Economia Paulo Guedes com redução de todas as as alíquotas de impostos presentes na composição da tributação, como proporção do PIB: a tributação sobre os rendimentos do capital, privados e públicos 𝜏𝑘𝑝 e 𝜏𝑘𝑔; a tributação sobre o consumo 𝜏𝑐; a tributação sobre os rendimentos do trabalho 𝜏; e a alíquota da dívida 𝜏𝑏.

Dessa forma, reduziu-se em 20% todas essas alíquotas que compõem a carga tributária brasileira, o que por sua vez representava 31,42% em proporção do PIB no estado estacionário. Frisa-se a que esta redução das alíquotas foi realizada de forma homogênea, de modo a reduzir possíveis distorções tributárias e interferências econômicas que tem a possibilidade de ocorrer.

No modelo, as contas públicas podem ser ajustadas a partir de duas diferentes funções: consumo da administração pública, 𝐶𝑔 e transferências às famílias, 𝑇𝑟. Assim,

(31)

estas variáveis, de forma individual, promoverão o ajuste da restrição orçamentária do governo.

Além disso, como forma de avaliar de forma mais detalhada esse impacto da redução da tributação, fez-se uma análise de sensibilidade para cada valor dessa diminuição das alíquotas tributárias no efeito de bem-estar.

4.1 Ganhos de bem-estar

Como forma de mensurar a variação no bem-estar da família representativa após as simulações de possíveis políticas de um governo liberal no Brasil, com privatização de estatais, redução da dívida pública do Estado e redução da carga tributária, utilizou-se uma metodologia tradicional na literatura, baseando-se, dentre muitos trabalhos, Chari, Christiano e Kehoe (1994, 1995) e Pereira e Ferreira (2008, 2011) e Bezerra et al. (2018, 2019).

A medida de bem-estar utilizada corresponde ao percentual constante de mudança no consumo, 𝑥 , relativo aos níveis de política básica ou estado estacionário inicial (EE) para todos os momentos do tempo, 𝑡, mantidas as horas de trabalho e consumo de serviços públicos em seus níveis de política básica, requerido para manter o nível de utilidade igual àquele obtido no experimento da política alternativa ou simulação de política (SP), conforme exposto na equação (16).

∑ 𝛽𝑡{ln(𝐶 𝑡𝐸𝐸(1 + 𝑥) + 𝜇𝐶𝑔𝑡𝐸𝐸) + 𝜓 ln(1 − 𝐻𝑡𝐸𝐸)} ∞ 𝑡=0 = ∑ 𝛽𝑡{𝑙𝑛(𝐶𝑡𝑆𝑃 + 𝜇𝐶𝑔𝑡𝑆𝑃) + 𝜓𝑙𝑛(1 − 𝐻𝑡𝑆𝑃)} ∞ 𝑡=0 (16) onde 𝐶𝑡𝐸𝐸 e 𝐶𝑡𝑆𝑃 são os níveis de consumo privado, 𝐶𝑔𝑡𝐸𝐸 e 𝐶𝑔𝑡𝑆𝑃 são os níveis de consumo de serviços públicos e 𝐻𝑡𝐸𝐸 e 𝐻𝑡𝑆𝑃 as horas de trabalho, em cada instante do tempo 𝑡, supondo, respectivamente, no estado estacionário e na simulação proposta.

(32)

Assim, valores positivos de 𝑥 indicam que a simulação proposta seria equivalente a uma elevação percentual permanente nos níveis de consumo determinados no estado estacionário inicial, mantendo tudo mais constante.

4.2 Simulações de políticas de privatizações com redução da dívida em conjunto com a redução da carga tributária

Realizou-se a simulação da implementação da política de privatização de todo o estoque de capital das empresas estatais (𝐾𝑔) em conjunto com a redução de 20% das alíquotas que compõem a carga tributária.

Em primeiro momento, como forma de balanceamento das contas públicas, para simulação da implementação da política mencionada, cujos resultados são descritos na Tabela 5, foram realizados exercícios nos quais os gastos de Transferências de Renda (𝑇𝑟) ajustam a restrição orçamentária do governo.

Assim, esse modelo foi construído de forma que as transferências aos agentes possam mudar a sua participação no PIB ao longo dos anos, podendo ajustar as contas governamentais. Esse formato de resolução do modelo é usado em trabalhos recentes, tais como Campos e Pereira (2016) e Bezerra et al. (2018).

Tabela 5 - Efeitos macroeconômicos e de bem-estar de política de privatização com redução das alíquotas tributárias em 20% com as transferências aos agentes (𝑇𝑟) ajustando as contas públicas

Número de anos após a

simulação¹ 0 1 4 8 12 20 50 100 200

Variável real² (valor absoluto)

Consumo das famílias (𝐶) 1,00 0,9724 1,0211 1,0590 1,0798 1,0989 1,1148 1,1191 1,1198

Consumo do Governo (𝐶𝑔) 1,00 1,0496 1,0787 1,1012 1,1139 1,1266 1,1398 1,1438 1,1445 Investimento privado (𝐼𝑝) 1,00 1,4929 1,4384 1,3956 1,3741 1,3598 1,3624 1,3658 1,3664 Investimento em infraestrutura (𝐽) 1,00 1,0496 1,0787 1,1012 1,1139 1,1266 1,1398 1,1438 1,1445 Produto (𝑌) 1,00 1,0496 1,0787 1,1012 1,1139 1,1266 1,1398 1,1438 1,1445 Horas de trabalho (𝐻) 1,00 1,0874 1,0746 1,0652 1,0605 1,0568 1,0552 1,0550 1,0550 Estoque de Capital Privado (𝐾𝑝) 1,00 1,0317 1,1024 1,1579 1,1883 1,2157 1,2368 1,2423 1,2432

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Estoque de Capital de Infraestrutura (𝐺) 1,00 1,0023 1,0115 1,0260 1,0408 1,0670 1,1202 1,1411 1,1444 Salários (𝑤) 1,00 0,9653 1,0038 1,0338 1,0504 1,0660 1,0801 1,0842 1,0848 Transferências aos agentes (Tr) 1,00 0,2596 0,0429 0,0765 0,0939 0,1078 0,1145 0,1154 0,1155 Tributação (𝑇) 1,00 0,8171 0,8465 0,8672 0,8788 0,8900 0,9010 0,9042 0,9048 Composição do Produto (%) (𝐶/𝑌) 62,288 57,703 58,962 59,901 60,380 60,757 60,923 60,941 60,943 (𝐶𝑔/𝑌) 19,154 19,154 19,154 19,154 19,154 19,154 19,154 19,154 19,154 (𝐼𝑝/𝑌) 14,185 20,175 18,916 17,977 17,498 17,121 16,955 16,937 16,935 (𝑇/𝑌) 31,418 24,459 24,656 24,742 24,786 24,820 24,835 24,837 24,837

Elaborado pelo autor

Obs.: Efeito de bem-estar: x (%) = 2,5392

Notas: ¹ Nos resultados das simulações, o período duzentos é apresentado como referência a um período em que um novo estado estacionário já tenha sido alcançado. Este padrão será seguido em todas as simulações de políticas.

² Normalizados pelos valores de estado estacionário.

Essa política apresentou uma mudança positiva no consumo, 𝑥 , relativo aos níveis de política básica ou estado estacionário inicial para todos os momentos do tempo, mantidas as horas de trabalho e consumo de serviços públicos em seus níveis de política básica.

Com a queda dos juros pagos da dívida, o governo pode utilizar mais recursos para ofertar uma parcela maior de bens públicos. Assim, verificou-se, no longo prazo, o aumento dos gastos em consumo do Governo (𝐶𝑔) em 14%, do consumo das famílias (𝐶) em 12%, do investimento privado (𝐼𝑝) em 37% e do investimento em infraestrutura (𝐽) em 14%.

Considerando isto em conjunto com o aumento dos salários (8,5%), mesmo ocorrendo um crescimento das horas de trabalho (5,5%), houve ganho de bem-estar pela medida proposta. Esse ganho de bem-estar denota que os efeitos promovidos por esta política seriam equivalentes a um ganho permanente de 2,54% nos níveis de consumo observados na ausência desta política.

A tributação apresenta uma queda ao longo da trajetória, com perdas maiores no curto prazo (18%) do que no longo prazo (10%) . Neste ambiente, em que por suposição, as empresas privadas são tão produtivas quanto às estatais, a política de privatização em conjunto com a redução de 20% das alíquotas que compõem a carga tributária, quando o

(34)

governo pode ajustar o seu orçamento a partir das transferências de renda traz ganhos para os agentes, tendo como referência a medida de bem-estar proposta.

Ressalta-se, entretanto, que, com a aplicação dessa política, onde os gastos de Transferências de Renda (𝑇𝑟) ajustam a restrição orçamentária do governo, essa transferência aos agentes apresentou uma grande redução do seu valor em comparação ao estado estacionário (redução de 74% no curto prazo e de 88% no longo prazo).

Assim, dada a grande redução do nível de transferência de renda, aplicação dessa política se revela bastante custosa para a administração pública, mesmo com o aumento dos níveis de bem-estar dos agentes.

Em segundo momento, foram realizados exercícios nos quais os gastos de Consumo do Governo (𝐶𝑔) ajustam as contas governamentais para simulação da implementação da mesma política de privatização em conjunto com a redução de 20% das alíquotas que compõem a carga tributária. Os resultados são descritos na Tabela 6. Tabela 6 - Efeitos macroeconômicos e de bem-estar de política de privatização com redução das alíquotas tributárias em 20% com o consumo do governo (𝐶𝑔) ajustando as contas públicas

Número de anos após a

simulação¹ 0 1 4 8 12 20 50 100 200

Variável real² (valor absoluto)

Consumo das famílias (𝐶) 1,00 1,0452 1,0972 1,1302 1,1482 1,1644 1,1777 1,1814 1,1820

Consumo do Governo (𝐶𝑔) 1,00 0,7800 0,7520 0,7748 0,7871 0,7981 0,8071 0,8096 0,8100 Investimento privado (𝐼𝑝) 1,00 1,4221 1,3976 1,3573 1,3372 1,3239 1,3254 1,3281 1,3286 Investimento em infraestrutura (𝐽) 1,00 1,0328 1,0570 1,0769 1,0879 1,0985 1,1091 1,1123 1,1128 Produto (𝑌) 1,00 1,0328 1,0570 1,0769 1,0879 1,0985 1,1091 1,1123 1,1128 Horas de trabalho (𝐻) 1,00 1,0575 1,0459 1,0384 1,0346 1,0317 1,0305 1,0303 1,0303 Estoque de Capital Privado (𝐾𝑝) 1,00 1,0260 1,0889 1,1376 1,1637 1,1867 1,2038 1,2081 1,2088 Estoque de Capital de Infraestrutura (𝐺) 1,00 1,0015 1,0080 1,0191 1,0305 1,0512 1,0935 1,1101 1,1128 Salários (𝑤) 1,00 0,9767 1,0106 1,0371 1,0515 1,0648 1,0763 1,0796 1,0801 Transferências aos agentes (Tr) 1,00 1,0328 1,0570 1,0769 1,0879 1,0985 1,1091 1,1123 1,1128 Tributação (𝑇) 1,00 0,8245 0,8516 0,8697 0,8797 0,8892 0,8981 0,9008 0,9012

(35)

Composição do Produto (%) (𝐶/𝑌) 62,288 63,035 64,651 65,373 65,739 66,022 66,142 66,154 66,156 (𝐶𝑔/𝑌) 19,154 14,465 13,626 13,780 13,857 13,915 13,938 13,940 13,941 (𝐼𝑝/𝑌) 14,185 19,532 18,754 17,878 17,436 17,095 16,952 16,937 16,935 (𝑇/𝑌) 31,418 25,082 25,310 25,373 25,406 25,431 25,441 25,442 25,442

Elaborado pelo autor

Obs.: Efeito de bem-estar: x (%) = 6,5086

Notas: ¹ Nos resultados das simulações, o período duzentos é apresentado como referência a um período em que um novo estado estacionário já tenha sido alcançado. Este padrão será seguido em todas as simulações de políticas.

² Normalizados pelos valores de estado estacionário.

Constata-se, a princípio, com a implementação dessa política, que o efeito de bem-estar apresenta-se como positivo em 6,51%, o que representa um valor bastante representativo, quando comparado a outros trabalhos que apresentam metodologia semelhante. Essa política, portanto, também apresentou uma mudança positiva no consumo, 𝑥 , relativo aos níveis de política básica ou estado estacionário inicial para todos os momentos do tempo, mantidas as horas de trabalho e consumo de serviços públicos em seus níveis de política básica.

Com resultado similar ao da primeira política, as variações nos agregados econômicos apresentaram-se positivas. A grande mudança se deu principalmente nos gastos de Transferências de Renda (𝑇𝑟), apresentando, no lugar de redução, um acréscimo do seu valor em comparação ao estado estacionário (3% no curto prazo e 11% no longo prazo).

No longo prazo, dada a magnitute do aumento do consumo das famílias ser superior (18%) e as horas de trabalho apresentarem um aumento inferior (3%), quando comparados à política anterior, essa política resultou em um aumento superior na medida de bem-estar.

Além disso, com a aplicação dessa política, onde os gastos de Consumo do Governo (𝐶𝑔) é que ajustam a restrição orçamentária do governo, houve uma redução desse consumo da administração pública em comparação ao estado estacionário (redução de 22% no curto prazo e de 19% no longo prazo).

(36)

Assim, no longo prazo, com uma menor redução do consumo do governo, quando comparado à redução da transferências aos agentes da outra política, essa política apresentou um resutado de ganho de bem-estar significamente superior.

Em síntese, tem-se que os resultados dessas propostas de políticas de privatizações com redução da dívida em conjunto com a redução das alíquotas de impostos presentes na composição da tributação teriam efeito positivo na economia, resultando variações positivas dos agregados econômicos no curto e no longo prazo, com aumento do produto e do bem-estar.

Como ponto importante de destaque, apesar de ambas as políticas apresentarem resultados positivos, percebe-se que ao ajustar as contas públicas pelo consumo do governo, o ganho de bem-estar se revela mais que o dobro do que quando as transferências aos agentes fazem esse ajuste, revelando que, no longo prazo, uma redução de 19% do gasto da administração pública apresenta um ganho de bem-estar para a população superior do que uma redução de 88% das transferências aos agentes, mostranto o impacto positivo que há com a diminuição do consumo do governo e, dessa forma, com a redução do tamanho do Estado na economia.

4.3 Análise de sensibilidade da redução das alíquotas tributárias

Nas simulações abordadas, além da política de privatização, realizou-se, de forma a se aproximar do discurso do Ministro da Economia Paulo Guedes5, uma redução em 20% de todas as alíquotas de impostos presentes na composição da tributação, como proporção do PIB, com o intuito de analisar as mudanças nos diversos agregados macroecômicos e do bem-estar.

No entanto, dada a incerteza da magnitude dessa redução tributária, além da importância de avaliar diferentes cenários de cortes na tributação, buscou-se, nessa secão, avaliar a sensibilidade da alteração de bem-estar para as diferentes diminuições das alíquotas de impostos presentes na composição da tributação.

5

(37)

Essa análise de sensibilidade foi realizada com a mesma simulação política da seção anterior, em conjunto com a política de privatização, com diferentes reduções nas alíquotas tributárias e com tanto os gastos de Transferências de Renda (𝑇𝑟), quanto os gastos de Consumo do Governo (𝐶𝑔) realizando o ajuste da restrição orçamentária do governo.

A partir disto, conforme pode ser observado no gráfico 3, percebe-se que ambas as políticas apresentaram resultados positivos aos agentes com ganhos de bem-estar para diferentes valores de redução nas alíquotas tributárias. A linha azul representa o efeito de bem estar (%) para cada redução das alíquotas tributárias (%) quando as Transferências de Renda aos agentes (𝑇𝑟) ajustam as contas públicas e a linha laranja demonstra esse efeito quando os gastos de Consumo do Governo (𝐶𝑔) realizam o ajuste da restrição orçamentária.

Gráfico 3 - Efeito de bem-estar por redução de alíquotas tributárias

Elaborado pelo autor

Conforme foi observado na seção anterior, na redução de 20% das alíquotas de impostos, com a aplicação da política em que os gastos de Consumo do Governo (𝐶𝑔) fazem o ajuste das contas públicas, mesmo com uma redução, no longo prazo, desse

-2,00 -1,00 0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00 8,00 9,00 10,00 11,00 12,00 13,00 14,00 0% 2% 4% 6% 8% 10% 12% 14% 16% 18% 20% 22% 24% 26% 28% 30% 32% 34% 36% 38% 40% Ef eito d e b em -es tar (% )

(38)

parâmetro de gasto público, houve um aumento superior na medida de bem-estar em comparação à outra política.

Percebe-se, assim, uma maior sensibilidade do efeito de bem-estar quando o gasto do governo (𝐶𝑔) ajusta a restrição orçamentária, dado seu efeito superior no aumento do consumo das famílias e inferior sobre o aumento das horas de trabalho, varáveis essenciais no cálculo do efeito de bem-estar.

(39)

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante das sinalizações de início de um governo mais voltado ao espectro político liberal-conservador e com perspectivas de mudanças na política econômica do Brasil, este trabalho, utilizando um modelo de equilíbrio geral calibrado para a economia brasileira, fez simulações de polícas de um governo brasileiro com características mais liberais, com privatização de estatais, redução da dívida pública do Estado e redução das alíquotas tributárias, visando verificar seus efeitos tanto nos agregados macroeconômicos quanto no bem-estar social.

Realizou-se, assim, a simulação da implementação da política de privatização de todo o estoque de capital das empresas estatais em conjunto com a redução de 20% das alíquotas que compõem a carga tributária. Neste trabalho, o ajuste das contas públicas pode ocorrer a partir de duas diferentes funções: Consumo da administração pública (𝐶𝑔) e Transferências às Famílias (𝑇𝑟). Assim, estas variáveis, de forma individual, promoverão o ajuste da restrição orçamentária do governo.

Dessa forma, na execução do trabalho, constatou-se que, com a implementação da política de privatização, quando considerado a mesma produtividade das firmas estatais e privadas, em conjunto com a redução de 20% das alíquotas que compõem a carga tributária, onde os gastos de Transferências de Renda (𝑇𝑟) acomodam a restrição orçamentária do governo, o efeito de bem-estar apresenta-se como positivo em 2,54%. Além disso, verificou-se um, aumento expressivo na maioria dos agregados macroeconômicos.

Da mesma forma, na implementação da mesma política, mas com os gastos de Consumo do Governo (𝐶𝑔) acomodando a restrição orçamentária do governo, constata-se que o efeito de bem-estar também constata-se apreconstata-senta como positivo em 6,51%, com variações também positivas nos agregados econômicos.

Além disso, dada a incerteza da magnitude dessa redução tributária e da importância de avaliar diferentes cenários de cortes na tributação, buscou-se também avaliar a sensibilidade da alteração de bem-estar para as diferentes diminuições das alíquotas de impostos presentes na composição da tributação.

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