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Aplicação de Rede Bayesiana para detecção não intrusiva de acionamento de cargas elétricas

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Academic year: 2021

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Programa de P ´os-Graduac¸ ˜ao em Computac¸ ˜ao

Dissertac¸ ˜ao

Aplicac¸ ˜ao de Rede Bayesiana para detecc¸ ˜ao n ˜ao intrusiva de acionamento de cargas el ´etricas

Tiago Luis Riechel

(2)

Tiago Luis Riechel

Aplicac¸ ˜ao de Rede Bayesiana para detecc¸ ˜ao n ˜ao intrusiva de acionamento de cargas el ´etricas

Dissertac¸ ˜ao apresentada ao Programa de P ´os-Graduac¸ ˜ao em Computac¸ ˜ao da Universi-dade Federal de Pelotas, como requisito par-cial `a obtenc¸ ˜ao do t´ıtulo de Mestre em Ci ˆencia da Computac¸ ˜ao

Orientador: Prof. Dr. Denis Teixeira Franco

Coorientador: Prof. Dr. Sergio Luiz Schubert Severo

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R548a Riechel, Tiago Luis

RieAplicação de Rede Bayesiana para detecção não intrusiva de acionamento de cargas elétricas / Tiago Luis Riechel ; Denis Teixeira Franco, orientador ; Sergio Luiz Schubert Severo, coorientador. — Pelotas, 2018.

Rie72 f. : il.

RieDissertação (Mestrado) — Programa de Pós-Graduação em Computação, Centro de Desenvolvimento Tecnológico, Universidade Federal de Pelotas, 2018.

Rie1. Nilm. 2. Cargas não-lineares. 3. Qualidade da energia elétrica. 4. Probabilidade. 5. Redes bayesianas. I. Franco, Denis Teixeira, orient. II. Severo, Sergio Luiz Schubert, coorient. III. Título.

CDD : 005 Elaborada por Maria Inez Figueiredo Figas Machado CRB: 10/1612

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar a Deus, sem o qual nada seria poss´ıvel realizar.

Ao Prof. Dr. Denis Teixeira Franco, pela orientac¸ ˜ao, aux´ılio e contribuic¸ ˜oes para o desenvolvimento deste trabalho.

Ao Prof. Dr. Sergio Luiz Schubert Severo pela orientac¸ ˜ao, incentivo e contribuic¸ ˜oes para o desenvolvimento deste trabalho.

A minha esposa, Gabriele, que de forma especial e carinhosa me deu forc¸a e coragem, me apoiando em momentos dif´ıceis e pelo seu amor, companheirismo e compreens ˜ao.

Aos meus pais, Simone e Valdir Riechel pelo apoio e por tudo que sempre fizeram por mim.

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RIECHEL, Tiago Luis. Aplicac¸ ˜ao de Rede Bayesiana para detecc¸ ˜ao n ˜ao intrusiva de acionamento de cargas el ´etricas. 2018. 72 f. Dissertac¸ ˜ao (Mestrado em Ci ˆencia da Computac¸ ˜ao) – Programa de P ´os-Graduac¸ ˜ao em Computac¸ ˜ao, Centro de Desenvolvimento Tecnol ´ogico, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2018.

O monitoramento de cargas el ´etricas objetiva identificar o acionamento de equi-pamentos a partir de dados referentes ao consumo dos mesmos. Esse processo ´e realizado por sistemas de aquisic¸ ˜ao de dados, que podem ser intrusivos ou n ˜ao intrusivos e aplicados em qualquer etapa dos sistemas de gerac¸ ˜ao e distribuic¸ ˜ao de energia. A implementac¸ ˜ao de um sistema de monitoramento n ˜ao intrusivo junto ao medidor de energia de resid ˆencias, coleta, em tempo real, dados das cargas el ´etricas. Os dados coletados alimentam algoritmos, que ap ´os serem treinados, s ˜ao capazes de reconhecer e identificar cargas el ´etricas. O sistema desenvolvido neste trabalho ´e capaz de lidar com a incerteza na identificac¸ ˜ao das cargas aplicando t ´ecnicas de intelig ˆencia artificial conhecidas como redes bayesianas. Tratam-se de grafos ac´ıclicos orientados que expressam, atrav ´es de tabelas de probabilidade condicional, o grau de crenc¸a que se tem a respeito de determinados fatos. A infer ˆencia exata em tais redes, ainda que simples, ´e quase sempre intrat ´avel. Neste trabalho ´e aplicada, ent ˜ao, infer ˆencia aproximada por simulac¸ ˜ao de cadeia de Markov Monte Carlo. Um sistema completo ´e desenvolvido e aplicado a uma rede simplificada. Os resultados mostram que a metodologia empregada ´e adequada para a detecc¸ ˜ao do acionamento das cargas.

Palavras-chave: NILM, Cargas n ˜ao-lineares, Qualidade da energia el ´etrica,

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ABSTRACT

RIECHEL, Tiago Luis. Application of Bayesian Network for non-intrusive de-tection of electric charges. 2018. 72 f. Dissertac¸ ˜ao (Mestrado em Ci ˆencia da

Computac¸ ˜ao) – Programa de P ´os-Graduac¸ ˜ao em Computac¸ ˜ao, Centro de Desenvolvi-mento Tecnol ´ogico, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2018.

Monitoring of electric charges aims to identify the activation of electric equipment based on data about its consumption. This process is performed by data acquisition systems, which may be intrusive or non-intrusive and applied at any stage of power generation and distribution systems. The implementation of a non-intrusive monitoring system is possible whenever a home energy meter collects real-time electrical charge data. The collected data feed algorithms, which, after being trained, are able to recog-nize and identify electrical charges. The system developed in this work is able to deal with uncertainty in the identification of loads applying artificial intelligence techniques known as Bayesian networks. They are oriented acyclic graphs that express, through tables of conditional probability, the degree of belief in certain facts. The exact infer-ence in such networks, however simple, is almost always intractable. Thus, in this work we apply approximate inference by Monte Carlo Markov chain simulation. A complete system is developed and applied to a simplified network. The results show that the methodology employed is adequate for the detection of load activation.

Keywords: NILM, Non-linear loads, Quality of electrical energy, Probability, Bayesian

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Figura 1 Desvios na amplitude e forma de onda da tens ˜ao e da corrente

el ´etrica. . . 25

Figura 2 Uma rede bayesiana simples, na qual Linearidade e Pot ˆencia s ˜ao condicionalmente independentes, dada Carga . . . 31

Figura 3 Representac¸ ˜ao de 10 resid ˆencias com suas respectivas cargas e a indicac¸ ˜ao se as mesmas s ˜ao lineares (L) ou n ˜ao-lineares (NL) . . . 32

Figura 4 Uma rede bayesiana simples, e tamb ´em as tabelas de probabilidade condicional . . . 32

Figura 5 Exemplo de Grafo . . . 39

Figura 6 Relac¸ ˜ao auto-evidente . . . 40

Figura 7 Representac¸ ˜ao da relac¸ ˜ao entre Pot ˆencia e carga . . . 40

Figura 8 Representac¸ ˜ao da relac¸ ˜ao entre idade elevada e carga acionada . . 42

Figura 9 Diagrama de blocos do sistema desenvolvido . . . 44

Figura 10 Coleta de dados simulada . . . 45

Figura 11 Simulac¸ ˜ao de acionamento da geladeira . . . 45

Figura 12 Distribuic¸ ˜ao de pot ˆencias . . . 47

Figura 13 Rede bayesiana . . . 49

Figura 14 Gerac¸ ˜ao das TPCs . . . 50

Figura 15 Simulac¸ ˜ao de Monte Carlo da rede . . . 52

Figura 16 M ´aquina de infer ˆencia . . . 53

Figura 17 Interface de testes . . . 54

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Distribuic¸ ˜ao conjunta total do exemplo acima . . . 34 Tabela 2 Resultados dos testes . . . 59 Tabela 3 Resultado da simulac¸ ˜ao . . . 61

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ANEEL Ag ˆencia Nacional de Energia El ´etrica

Hz Hertz

IA Intelig ˆencia Artificial

IEEE Institute of Electrical and Electronics Engineers

kW Quilowatt

kWh Quilowatt-hora

MCMC Markov Chain Monte Carlo NILM Non Intrusive Load Monitoring SEP Sistema El ´etrico de Pot ˆencia THD Distorc¸ ˜ao Harm ˆonica Total

TPC Tabelas de Probabilidade Condicional

(10)

SUM ´

ARIO

1 INTRODUC¸ ˜AO . . . . 11

1.1 ESTRUTURA DO TRABALHO . . . . 13

1.2 OBJETIVOS . . . . 14

2 FUNDAMENTAC¸ ˜AO TE ´ORICA . . . . 15

2.1 O MONITORAMENTO DE CARGAS EL ´ETRICAS . . . . 15

2.2 MONITORAMENTO N ˜AO INTRUSIVO . . . . 16

3 MODELO MATEM ´ATICO . . . . 19

3.1 VARI ´AVEIS ALEAT ´ORIAS . . . 20

3.2 PROBABILIDADE A PRIORI . . . . 20

3.3 DISTRIBUIC¸ ˜AO CONJUNTA DE PROBABILIDADE E DISTRIBUIC¸ ˜AO DE PROBABILIDADE CONJUNTA TOTAL . . . . 20

3.4 PROBABILIDADE CONDICIONAL . . . . 21

3.5 RACIOC´INIO SOBRE INCERTEZA E INFER ˆENCIA PROBABIL´ISTICA . 23 3.6 UM EXEMPLO DE MODELAGEM DE REDE DE CRENC¸ AS COM IN-FER ˆENCIA EXATA . . . . 23

3.6.1 ASPECTOS DETERMIN´ISTICOS DOS SISTEMAS EL ´ETRICOS DE POT ˆENCIA . . . 24

3.6.2 DETERMINAC¸ ˜AO DAS EVID ˆENCIAS . . . 28

3.6.3 REDE BAYESIANA . . . 29

3.7 INFER ˆENCIA APROXIMADA EM REDES BAYESIANAS . . . . 35

3.7.1 INFER ˆENCIA POR SIMULAC¸ ˜AO DE CADEIAS DE MARKOV . . . 35

4 METODOLOGIA . . . . 37

4.1 UMA METODOLOGIA PARA NILM ATRAV ´ES DE REDE DE CRENC¸ AS 38 4.1.1 REDE BAYESIANA . . . 39

4.1.2 A SIMULAC¸ ˜AO DE MONTE CARLO LINEAR PARA A GERAC¸ ˜AO DE EVENTOS DE ACIONAMENTO . . . 41

4.1.3 O ALGORITMO DE INFER ˆENCIA APROXIMADA . . . 42

5 SISTEMA DESENVOLVIDO . . . . 43

5.1 DESCRIC¸ ˜AO DOS ALGORITMOS . . . . 44

5.1.1 SIMULAC¸ ˜AO DA GERAC¸ ˜AO DE EVENTOS DE ACIONAMENTO . . . . 44

5.1.2 SIMULAC¸ ˜AO DE POT ˆENCIAS . . . 46

5.1.3 GERAC¸ ˜AO DAS TPCs . . . 48

5.1.4 SIMULAC¸ ˜AO DE MONTE CARLO DA REDE . . . 51

(11)

6.1.1 VALIDAC¸ ˜AO . . . 57 6.2 TESTAGEM E VALIDAC¸ ˜AO . . . . 57 6.3 EXEMPLO DE APLICAC¸ ˜AO . . . 60 7 CONCLUS ˜AO . . . . 62 REFER ˆENCIAS . . . . 63 AP ˆENDICE A. . . . 66

(12)

1

INTRODUC

¸ ˜

AO

A tarifac¸ ˜ao da energia, ou seja, o valor que ´e cobrado pela energia el ´etrica con-sumida (kWh), varia de acordo com o tipo de consumidor. Consumidores industriais contratam uma demanda de pot ˆencia ativa que dever ´a ser integralmente paga, seja ou n ˜ao utilizada durante o per´ıodo de faturamento, expressa em quilowatts (kW). Al ´em da demanda contratada ´e cobrado o consumo medido em kWh e tributos. O valor da energia consumida ´e cobrado diferente para o per´ıodo das 18 `as 21 horas, sendo este per´ıodo conhecido como hor ´ario de ponta, tendo o custo mais caro da energia el ´etrica, devido ao alto consumo por parte dos clientes residenciais, que normalmente est ˜ao retornando para suas resid ˆencias e utilizando mais cargas el ´etricas. Consumidores residenciais, at ´e 2017, eram cobrados com um ´unico valor de quilowatt-hora (kWh), independente do per´ıodo do dia, mas, a partir de janeiro de 2018, foi disponibilizado aos consumidores alimentados em baixa tens ˜ao, optar pela tarifa convencional ou ta-rifa branca. Nos dias ´uteis, o valor da tata-rifa branca varia em tr ˆes hor ´arios: ponta, intermedi ´ario e fora de ponta. Na ponta e no intermedi ´ario, a energia ´e mais cara. Fora de ponta, ´e mais barata. Nos feriados nacionais e nos fins de semana, o valor ´e sempre fora de ponta (ANEEL, 2017).

Qual a tarifac¸ ˜ao mais econ ˆomica para um determinado consumidor? O uso cons-ciente da energia ´e de interesse da concession ´aria. A tarifac¸ ˜ao de acordo com a demanda objetiva educar o consumidor para que a empresa otimize o custo de in-fraestrutura necess ´aria para atender a ponta. Como a concession ´aria pode orientar o cliente (indicando e patrocinando troca de equipamentos, modificac¸ ˜ao de h ´abitos e uso de automac¸ ˜ao) sem violar sua privacidade?

´

E poss´ıvel, de alguma forma e com custo baixo, antecipar o despacho de energia necess ´ario para uma determinada ´area?

Este trabalho busca responder essas quest ˜oes com o emprego de tecnologia de monitoramento n ˜ao intrusivo de cargas (Non Intrusive Load Monitoring - NILM), atrav ´es do uso de uma rede bayesiana para estimar o grau de incerteza das cargas acionadas. A forma mais simples de implementar um sistema de monitoramento ´e realizar a medic¸ ˜ao do consumo de cada cliente, determinar as cargas que existem na instalac¸ ˜ao

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e realizar a aquisic¸ ˜ao dos dados do funcionamento de cada uma destas cargas el ´etricas. Antes da d ´ecada de 1980, este monitoramento era feito com sensores em cada carga que se desejava analisar. Em (HART, 1992) s ˜ao apresentadas as primei-ras ideias de monitoramento n ˜ao intrusivo. Estudos realizados no Instituto de Tecno-logia de Massachusetts pelo autor mostraram que n ˜ao era preciso instalar sensores em todas as cargas. Bastava apenas equipar o medidor de energia da concession ´aria com um sistema de coleta de dados capaz de analisar a rede el ´etrica em quest ˜ao. Assim, mesmo sem conhecer exatamente quais cargas estavam sendo acionadas, tal an ´alise montaria um “banco de dados” com as cargas prov ´aveis. Al ´em disso, mesmo ap ´os consolidado o “banco de dados” das cargas el ´etricas, o sistema seria capaz de incluir uma nova carga, um novo equipamento adquirido pelo cliente, por exemplo.

Com um sistema de identificac¸ ˜ao de cargas el ´etricas, atrav ´es de um monitora-mento n ˜ao intrusivo, pode-se voltar as atenc¸ ˜oes para as cargas que consomem mais energia e orientar ou patrocinar a substituic¸ ˜ao das mesmas por outras com consumo de energia el ´etrica mais eficiente. Assim, programas de eficientizac¸ ˜ao energ ´etica po-dem ser implementados sem desrespeito `a norma constitucional da inviolabilidade do domic´ılio, prevista no inciso XI do artigo 5oda Constituic¸ ˜ao Federal de 1988.

Tamb ´em se pode aplicar tal sistema de monitoramento para um grupo de re-sid ˆencias. Assim ´e poss´ıvel obter o padr ˜ao de consumo das mesmas. A partir desses dados a concession ´aria pode remanejar o despacho de energia daquela regi ˜ao ante-cipando o consumo necess ´ario. Ao antecipar que uma determinada regi ˜ao n ˜ao ter ´a consumo significativo, a concession ´aria pode fornecer mais energia para outra regi ˜ao. O controle otimizado no despacho de energia gera ganhos econ ˆomicos significativos para a concession ´aria.

Um sistema n ˜ao instrusivo de monitoramento de cargas - NILM - tamb ´em pode ser utilizado, como em (ALCAL ´A et al., 2017), para identificar o perfil dos moradores de uma resid ˆencia. A quantidade de moradores ou mesmo o comportamento cotidiano dos mesmos pode ser monitorado. Pode-se ainda indicar a presenc¸a ou n ˜ao de pes-soas nas resid ˆencias e, em um sistema de monitoramento mais completo, o pr ´oprio usu ´ario pode verificar se ficou alguma carga acionada quando n ˜ao estiver em casa.

Utilizando os dados obtidos de um sistema NILM ´e poss´ıvel realizar previs ˜oes calculando-se a probabilidade do uso das cargas el ´etricas. O acionamento das mes-mas depende de condic¸ ˜oes clim ´aticas (como por exemplo, a probabilidade do acio-namento de um aquecedor el ´etrico acontecer em um dia frio ´e muito maior do que em um dia quente), de hor ´ario, da pot ˆencia total demandada pela resid ˆencia (a pro-babilidade de um chuveiro ser acionado dado que a resid ˆencia est ´a pr ´oxima de sua demanda m ´axima ´e baixa), e mesmo de fatores geogr ´aficos. Ao se acrescentar a essas poss´ıveis causas as evid ˆencias pr ´oprias de cada carga, como sua pot ˆencia, corrente de surto e conte ´udo harm ˆonico pode-se, utilizando-se uma metodologia

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ade-13

quada para a “minerac¸ ˜ao” desses dados, identificar a carga acionada em determinado instante de tempo.

Como se est ´a tratando de um sistema n ˜ao intrusivo, n ˜ao ´e poss´ıvel observar e de-terminar com exatid ˜ao a carga acionada. Para tais problemas, onde se necessita obter conhecimento em um dom´ınio incerto, s ˜ao adequadas as t ´ecnicas de Intelig ˆencia Ar-tificial – IA – que tratam do racioc´ınio probabil´ıstico. Uma das mais importantes ´e a baseada em redes bayesianas (RUSSEL S. J. E NORVIG, 2004). Trata-se de uma representac¸ ˜ao probabil´ıstica de um determinado dom´ınio de conhecimento. Isso ´e re-alizado atrav ´es de um grafo ac´ıclico orientado dos relacionamentos de depend ˆencia ou independ ˆencia condicional entre vari ´aveis aleat ´orias. Tais vari ´aveis assumem va-lores de acordo com tabelas de probabilidade condicional – TPCs – determinadas a partir da estrutura do grafo. Uma vez constru´ıda a rede, pode-se empregar infer ˆencia probabil´ıstica (exata ou aproximada) para determinar a probabilidade de um evento ocorrer.

Este trabalho apresenta uma rede bayesiana que representa o dom´ınio do acio-namento de cargas residenciais e suas causas e evid ˆencias. Mostra tamb ´em que, mesmo em uma rede relativamente simples, a infer ˆencia exata ´e intrat ´avel. Utiliza-se ent ˜ao uma simulac¸ ˜ao de Monte Carlo de cadeia de Markov (MCMC – Markov Chain Monte Carlo) para inferir aproximadamente a probabilidade de uma determinada carga ter sido acionada. O trabalho tamb ´em apresenta uma metodologia para a obtenc¸ ˜ao dos valores das tabelas de probabilidade condicional a partir de simulac¸ ˜oes ou mesmo coleta de dados, com TPCs constru´ıdas a partir de medic¸ ˜oes ou simulac¸ ˜oes. A metodologia empregada tamb ´em permite que os valores das TPCs, e, portanto, os resultados das infer ˆencias, sejam func¸ ˜oes de limiares de pot ˆencia definidos pelo usu ´ario. Verificou-se que esse controle permite especializar a rede para cada re-sid ˆencia quando da aplicac¸ ˜ao da mesma.

1.1

ESTRUTURA DO TRABALHO

O presente trabalho est ´a assim dividido:

No cap´ıtulo 1, introduc¸ ˜ao ao tema monitoramento n ˜ao intrusivo e objetivos deste trabalho.

Fundamentac¸ ˜ao te ´orica, monitoramento de cargas el ´etricas e monitoramento n ˜ao intrusivo s ˜ao abordados no cap´ıtulo 2.

No cap´ıtulo 3 ´e apresentado o problema, utilizac¸ ˜ao de probabilidade, infer ˆencia exata e aproximada com redes bayesianas.

A metodologia desenvolvida no trabalho est ´a descrita no cap´ıtulo 4.

No cap´ıtulo 5 est ´a a descric¸ ˜ao do sistema desenvolvido, com diagrama de blocos e partes da rotina implementada.

(15)

No cap´ıtulo 6 s ˜ao apresentados alguns cen ´arios, gerados para aplicac¸ ˜ao do sis-tema e validac¸ ˜ao, e exemplo de aplicac¸ ˜ao.

No cap´ıtulo 7 est ˜ao as conclus ˜oes do trabalho e abordagens futuras.

1.2

OBJETIVOS

O objetivo deste trabalho ´e o desenvolvimento e implementac¸ ˜ao de uma rede bayesiana, escal ´avel atrav ´es da limitac¸ ˜ao da cobertura de Markov de cada carga via aumento de evid ˆencias (que, com infer ˆencia aproximada reduz a necessidade de computac¸ ˜ao a um problema trat ´avel), para detectar o acionamento de cargas. Apesar da situac¸ ˜ao de incerteza, se espera ser poss´ıvel a identificac¸ ˜ao das cargas que est ˜ao acionadas em uma determinada instalac¸ ˜ao el ´etrica.

Ser ˜ao apresentados um algoritmo e um m ´etodo adequados `a identificac¸ ˜ao de cargas el ´etricas lineares e n ˜ao-lineares, operando simultaneamente. Esse sistema ´e capaz de lidar com a incerteza na identificac¸ ˜ao das cargas el ´etricas ao utilizar distribuic¸ ˜oes de probabilidade em rede de crenc¸as. Para tanto, ´e necess ´ario se deter-minar a topologia da rede e as suas respectivas tabelas de probabilidades condicional. Os valores das tabelas ser ˜ao obtidos a partir de simulac¸ ˜ao computacional do aciona-mento de cargas el ´etricas. Os instantes de tempo e a durac¸ ˜ao dos acionaaciona-mentos ser ˜ao obtidos de valores aleat ´orios. Cada carga dever ´a fazer uso de distribuic¸ ˜oes es-tat´ısticas espec´ıficas. Aos valores aleat ´orios do acionamento ser ´a necess ´ario acres-centar valores determin´ısticos de pot ˆencia. Da simulac¸ ˜ao ir ´a resultar diagrama de tempo similar ao comportamento da pot ˆencia ao longo do tempo em um medidor. Dessa forma, ser ´a poss´ıvel substituir a simulac¸ ˜ao por um sistema de aquisic¸ ˜ao de dados em tempo real.

Uma rede propriamente dita, constitu´ıda de um conjunto de cargas exemplares que permitam verificar a consist ˆencia da mesma quando aplicada em identificac¸ ˜ao n ˜ao intrusiva. Um algoritmo de infer ˆencia aproximada capaz de processar de forma r ´apida a propagac¸ ˜ao de crenc¸as na rede e um conjunto de procedimentos constru´ıdos em l ´ogica proposicional para se obter infer ˆencias significativas na rede constru´ıda, tamb ´em s ˜ao objetivos do trabalho.

A consist ˆencia da rede ser ´a verificada atrav ´es de um conjunto de cen ´arios exemplo que possam ser confirmados via inspec¸ ˜ao direta da rede.

(16)

2

FUNDAMENTAC

¸ ˜

AO TE ´

ORICA

Sistemas de monitoramento s ˜ao processos autom ´aticos com rotinas de aquisic¸ ˜ao de dados, que registram informac¸ ˜oes ´uteis ao desenvolvimento de um projeto (BAR-TLE, 2007). O monitoramento de cargas el ´etricas ´e o registro de informac¸ ˜oes sobre o padr ˜ao de consumo de energia el ´etrica em uma resid ˆencia, por exemplo. Estas informac¸ ˜oes, decorrentes do monitoramento, podem ser utilizadas pelos pr ´oprios sumidores (clientes), a fim de gerenciar o consumo de energia el ´etrica; pelas con-cession ´arias de energia em busca de regi ˜oes com grandes consumos, ou em quais hor ´arios ocorrem os maiores e menores consumos, identificar a quantidade de mora-dores em resid ˆencias e at ´e o seu cotidiano; e pelo governo, supervisionando gerac¸ ˜ao versus consumo de energia el ´etrica.

O consumo de energia ´e monitorado pelas concession ´arias de energia atrav ´es de equipamento instalado junto `a entrada de energia para o consumidor, o medidor de consumo de energia el ´etrica. Por ´em, este ´e um equipamento simples, n ˜ao oferecendo dados sobre o per´ıodo do dia no qual o consumo foi maior, ou qual o tempo de uso de determinada carga. O medidor de energia n ˜ao realiza o monitoramento da carga, e, para tal, ´e necess ´ario instalar outro equipamento.

2.1

O MONITORAMENTO DE CARGAS EL ´

ETRICAS

O grande entrave para implantac¸ ˜ao de ac¸ ˜oes de efici ˆencia energ ´etica (consumo de energia el ´etrica de maneira eficiente) est ´a na falta de conhecimento do sistema com o qual est ´a se trabalhando (KANASHIRO, 2015). Uma soluc¸ ˜ao seria o monitoramento de cada carga el ´etrica do sistema, mas isto requer a instalac¸ ˜ao de sensores em todos os pontos de interesse, tornando o sistema financeiramente invi ´avel (ABUBAKAR et al., 2015).

O monitoramento de cargas el ´etricas ´e um processo realizado atrav ´es de an ´alise da tens ˜ao e corrente el ´etricas, e pode ser feito de forma n ˜ao intrusiva – NILM – junto ao ponto de medic¸ ˜ao de consumo de energia da resid ˆencia. Ele ´e capaz de identificar as cargas utilizadas nesta resid ˆencia, mesmo sem pr ´evio conhecimento sobre quais s ˜ao

(17)

as cargas existentes na resid ˆencia. Assim, n ˜ao ´e preciso adentrar na resid ˆencia para realizar o monitoramento. A outra forma de monitoramento ´e feita com a instalac¸ ˜ao de sensores junto a cada uma das cargas el ´etricas da resid ˆencia. Essa forma ´e chamada de monitoramento intrusivo. Al ´em de sensores instalados em cada equipamento, para realizar o monitoramento de cargas el ´etricas, pelo m ´etodo intrusivo, tamb ´em exis-tem alternativas com sisexis-temas de ´audio, como em (BIAN; ABOWD; REHG, 2005) e (CHEN et al., 2005), que s ˜ao capazes de identificar, atrav ´es do som, o funcionamento de equipamentos dom ´esticos (cargas el ´etricas). Por ´em, estes m ´etodos apresentam restric¸ ˜oes de privacidade, pois ´e necess ´ario ter acesso a todas as cargas el ´etricas de interesse dentro da resid ˆencia para realizar a instalac¸ ˜ao dos sensores. Tamb ´em o custo ´e mais elevado devido `a instalac¸ ˜ao de v ´arios sensores.

O monitoramento n ˜ao intrusivo em redes el ´etricas de baixa tens ˜ao ´e apresen-tado em (GUEDES J. D. S., 2013). ´E baseado em um sistema de an ´alise de da-dos relativos ao consumo do cliente, com um equipamento instalado junto ao ponto de alimentac¸ ˜ao da resid ˆencia ou com ´ercio. Realiza uma an ´alise com o emprego de t ´ecnicas avanc¸adas de processamento de sinais e intelig ˆencia artificial que, combi-nadas, comp ˜oem um sistema capaz de identificar e classificar corretamente as car-gas el ´etricas quando acionadas. Tanto a identificac¸ ˜ao das carcar-gas el ´etricas quanto a classificac¸ ˜ao das mesmas ´e realizada a partir de sistemas computacionais. Estes sistemas s ˜ao desenvolvidos com rotinas de programac¸ ˜ao que detectam, desde o mo-mento que a carga foi acionada, todos os atributos que ir ˜ao resultar na identificac¸ ˜ao do tipo de carga e na classificac¸ ˜ao da mesma. A selec¸ ˜ao de atributos utilizados neste processo deve ser feita de forma a garantir um ´otimo desempenho, mas na maioria das vezes, isto resulta em alto custo computacional.

Em sua maioria, as abordagens NILM, adotam modelos probabil´ısticos e tentam inferir o estado mais prov ´avel para cada aparelho. No entanto, essas abordagens geralmente sofrem com o problema de escalabilidade (KONG et al., 2016). Em (SRI-NIVASARENGAN et al., 2013) ´e apresentada uma revis ˜ao de m ´etodos NILM utilizando modelos probabil´ısticos e infer ˆencias estat´ısticas. Ele salienta ainda, que os m ´etodos NILM concentram-se apenas no consumo de energia das cargas el ´etricas. Em (TOR-QUATO et al., 2014) ´e dito que as caracter´ısticas operacionais das cargas tornam imposs´ıvel prever a resposta em uma rede residencial usando uma abordagem deter-minista.

2.2

MONITORAMENTO N ˜

AO INTRUSIVO

Em (HART, 1992) s ˜ao apresentadas as primeiras ideias sobre NILM. Estudos de WONG et al. (2013) em sistemas NILM evidenciam que ´e poss´ıvel reduzir o con-sumo de energia apresentando aos clientes o concon-sumo de cada carga, e isso os

(18)

mo-17

tivar ´a a buscar equipamentos que tenham menos consumo de energia, gerando uma competic¸ ˜ao por parte dos fabricantes de equipamentos el ´etricos, em busca de produ-tos com menor consumo de energia el ´etrica (LIN; TSAI, 2015).

O NILM pode ser utilizado para incentivar pol´ıticas de economia de energia, pois com um acompanhamento do consumo de energia de maneira mais eficiente, as con-cession ´arias de energia podem utiliz ´a-lo para identificar clientes com equipamentos el ´etricos antigos que consomem muita energia el ´etrica, solicitando a estes que efe-tuem a troca por equipamentos mais eficientes no consumo de energia. Tamb ´em pode ser aplicado como em (ALCAL ´A et al., 2017) para verificar a rotina de pessoas idosas que moram sozinhas, enviando sinais de alerta se a rotina n ˜ao acontecer ou estiver em desacordo.

Em (FERNANDES et al., 2010), foram utilizadas as seguintes cargas: computador pessoal, monitor, l ˆampada fluorescente compacta, l ˆampada fluorescente acionada por reator eletr ˆonico, l ˆampada incandescente e ventilador. Foram realizados dois modos de treinamento e validac¸ ˜ao. Em ambas as situac¸ ˜oes o sistema proposto, que opera de forma off-line, obteve resultados de acerto na identificac¸ ˜ao das cargas entre 94 e 100%. Foi proposto pelos autores, como trabalho futuro, a identificac¸ ˜ao das cargas em tempo-real, por meio de um processador de baixo custo, empregado apenas na extrac¸ ˜ao do espectro da corrente e no envio deste para um computador remoto, o qual seria ent ˜ao respons ´avel por aplicar a metodologia proposta no trabalho.

Em (RODRIGUES R. DE P., 2013), os equipamentos foram divididos em clas-ses de cargas: aparelho de som, oscilosc ´opio anal ´ogico, aparelho de telefone, osci-losc ´opio digital, gerador de func¸ ˜oes, televisor de cristal l´ıquido, l ˆampada fluorescente compacta e televisor de raios cat ´odicos, obtendo resultados com no m´ınimo 95% de acerto no reconhecimento das classes de equipamentos. Os autores ressaltam que o estudo inicial da proposic¸ ˜ao de sistema de reconhecimento de cargas n ˜ao-lineares apresentada, sugere que o mesmo possa ser vi ´avel, mas pelo menos tr ˆes limitac¸ ˜oes foram explicitadas: o fato do sistema n ˜ao conseguir discernir entre classes de cargas el ´etricas n ˜ao-lineares, que possuem distorc¸ ˜oes harm ˆonicas iguais; o comportamento da proposta perante a presenc¸a de correntes de equipamentos lineares, quando uma delas possui uma forma de onda de corrente com valor eficaz significantemente maior que as outras; e a terceira, e talvez a de maior impacto, o fato de que, na pr ´atica, ´e invi ´avel se treinar um sistema com todas as poss´ıveis associac¸ ˜oes de classes de cargas el ´etricas n ˜ao-lineares.

Em (GUEDES J. D. S., 2013), foram consideradas as seguintes cargas el ´etricas: chuveiro, ferro el ´etrico, l ˆampada 20 W compacta, l ˆampada 20 W fluorescente, l ˆampada 60 W incandescente, liquidificador, forno micro-ondas, misteira(sanduicheira), mul-tiprocessador, TV LED 46 polegadas e ventilador. O sistema proposto apresentou resultados na identificac¸ ˜ao das cargas el ´etricas com acerto de 88 a 100% e foi um

(19)

dos trabalhos com maior n ´umero de cargas testadas. Os autores ressaltam que a inovac¸ ˜ao do m ´etodo est ´a na utilizac¸ ˜ao de estat´ısticas de ordem superior, para cons-truir assinaturas das cargas el ´etricas em um reduzido n ´umero de par ˆametros. As assinaturas constru´ıdas pelas estat´ısticas de ordem superior foram apresentadas a uma rede neural artificial que realizou a classificac¸ ˜ao das cargas com uma efici ˆencia global de 97,5%. Em (UMEH; MOHAMED, 2005), a identificac¸ ˜ao das cargas foi ob-tida por meio de um sistema baseado em regras de reconhecimento e classificac¸ ˜ao. O sistema reconhece e classifica os diferentes tipos de cargas n ˜ao-lineares a partir das formas de onda da corrente de entrada. ´E baseado no software MATLAB e foi testado com medic¸ ˜oes de corrente real. Os resultados obtidos pelos autores mostram que o sistema fornece reconhecimento preciso de cargas n ˜ao-lineares.

A import ˆancia do desenvolvimento de algoritmos de detecc¸ ˜ao de consumo ´e men-cionada em (KANASHIRO, 2015), utilizando t ´ecnicas de NILM para minimizar a quan-tidade de medidores necess ´arios no monitoramento da rede. O autor menciona ainda que o algoritmo desenvolvido ´e eficiente em instalac¸ ˜oes residenciais, e encontrou di-ficuldades quando aplicado em uma instalac¸ ˜ao comercial. Esse fato foi devido ao aumento de cargas e a complexidade do funcionamento das mesmas. Uma extensa revis ˜ao de trabalhos ´e apresentada em (ABUBAKAR et al., 2015), relatando avanc¸os significativos na aplicac¸ ˜ao atual dos sistemas NILM, com muitos trabalhos produzindo resultados precisos e com eficiente reconhecimento das cargas. No mesmo trabalho ´e indicada outra ´area importante para aplicac¸ ˜ao do NILM, em smart grid ou smarthou-ses.

O m ´etodo de monitoramento apresentado em (ALCAL ´A et al., 2017) visa, al ´em de fornecer dados sobre as cargas, monitorar atividades dom ´esticas de pessoas idosas que moram sozinhas, que representam uma comunidade cada vez maior. Apresenta tamb ´em um estudo abrangente sobre o estado da arte para NILM com modelos gerais que utilizam processos de treinamento off-line que podem ser realizados para todas as resid ˆencias.

(20)

3

MODELO MATEM ´

ATICO

Uma probabilidade ´e um n ´umero que representa a possibilidade de ocorr ˆencia de um evento, ou seja, quando n ˜ao se tem a certeza sobre o resultado de algum evento. Logo, a probabilidade ´e utilizada para expressar a chance de ocorr ˆencia deste evento.

A probabilidade de ocorrer um evento X pode ser calculada conforme:

(1) P (X) = condic¸˜oes pertinentes de X ocorrer

condic¸˜oes poss´ıveis de X ocorrer

A formalizac¸ ˜ao dos axiomas em (KOLMOGOROV, 1933), descreve o conjunto de todos os eventos poss´ıveis em um experimento como espac¸o amostral S = {A1, A2, A3, ...}. S pode ser, por exemplo, o resultado dos lanc¸amentos de um dado (qual a face que estar ´a para cima do conjunto de faces do dado).

Probabilidades devem obedecer a tr ˆes condic¸ ˜oes (ou axiomas):

• Probabilidade ´e um n ´umero n ˜ao negativo que deve estar no intervalo entre 0 e 1, ou seja, 0 ≤ P (a) ≤ 1.

• P(S) = 1. A probabilidade de ocorr ˆencia de algum evento ´e um, pois S ´e a uni ˜ao de todos os eventos, e com certeza um deles ocorre.

• A probabilidade da uni ˜ao de eventos disjuntos ´e a soma das probabilidades dos eventos.

Pode-se dividir a probabilidade em:

• Probabilidade aleat ´oria: representa eventos futuros cuja ocorr ˆencia ´e depen-dente de fen ˆomenos f´ısicos aleat ´orios.

• Probabilidade Bayesiana: representa as incertezas sobre proposic¸ ˜oes quando n ˜ao se tem conhecimento completo das circunst ˆancias que as causam, ou seja, associa a probabilidade a qualquer grau de crenc¸a sobre um evento.

(21)

3.1

VARI ´

AVEIS ALEAT ´

ORIAS

A definic¸ ˜ao em (RUSSEL S. J. E NORVIG, 2004) de vari ´avel aleat ´oria diz que ela pode ser imaginada como algo que se refere a uma “parte” do mundo cujo “status” ´e inicialmente desconhecido. Dependendo do tipo do dom´ınio, as vari ´aveis aleat ´orias podem ser:

• Vari ´aveis aleat ´orias booleanas: s ˜ao vari ´aveis que apresentam como dom´ınio < verdadeiro, f also >.

• Vari ´aveis aleat ´orias discretas: incluem vari ´aveis aleat ´orias booleanas como um caso especial e, apresentam como dom´ınio valores enumer ´aveis. Utilizada na identificac¸ ˜ao da carga, quando a mesma estiver acionada, nesta classificac¸ ˜ao pode-se obter o seguinte dom´ınio < geladeira, televis˜ao, chuveiro >.

3.2

PROBABILIDADE A PRIORI

Tamb ´em ´e chamada de probabilidade incondicional. Ela expressa a incerteza so-bre o valor de P antes de qualquer dado ou medida, ou seja, ´e um grau de crenc¸a na aus ˆencia de quaisquer outras informac¸ ˜oes. Utilizada para atribuir incerteza em vez de aleatoriedade, sendo tamb ´em o ponto de partida para o uso do teorema de Bayes ap ´os a obtenc¸ ˜ao dos dados.

Exemplo:

P(Equipamentos com def eito de f ´abrica= verdadeiro) → pode ser conhecido a priori pela contagem das devoluc¸ ˜oes dos equipamentos

3.3

DISTRIBUIC

¸ ˜

AO

CONJUNTA

DE

PROBABILIDADE

E

DISTRIBUIC

¸ ˜

AO DE PROBABILIDADE CONJUNTA TOTAL

Considera-se uma vari ´avel aleat ´oria discreta cujos estados referem-se ao aciona-mento de um determinado equipaaciona-mento, considerando um universo de equipaaciona-mentos poss´ıveis < geladeira, torradeira, televis ˜ao, l ˆampada > .

Pode-se encontrar a probabilidade a priori do acionamento de cada equipamento como:

P(Equipamento acionado = geladeira) = 0,4 P(Equipamento acionado = torradeira) = 0,1

P(Equipamento acionado = televis˜ao) = 0,2 P(Equipamento acionado = lˆampada) = 0,3

(22)

21

P(Equipamento acionado) = < 0,5; 0,1; 0,2; 0,3 >

Esta declarac¸ ˜ao define a distribuic¸ ˜ao de probabilidade a priori para a vari ´avel equi-pamento acionado. Considerando equiequi-pamentos com defeito de f ´abrica uma vari ´avel aleat ´oria, pode-se utilizar tamb ´em a denotac¸ ˜ao P(Equipamentoscomdef eitodef ´abrica, Equipamento acionado) para denotar as probabilidades de todas as combinac¸ ˜oes de valores de um conjunto de vari ´aveis aleat ´orias. P(Equipamentoscomdef eitodef ´abrica, Equipamento acionado) pode ser representada por uma tabela 4 × 2 de probabili-dades, e isto poderia ser chamado de distribuic¸ ˜ao de probabilidade conjunta de Equipamento acionadoe Equipamentos com def eito de f ´abrica.

As vezes ´e necess ´ario expressar um conjunto completo de vari ´aveis aleat ´orias usadas para descrever o mundo. Uma distribuic¸ ˜ao de probabilidade conjunta que abrange esse conjunto completo ´e chamada distribuic¸ ˜ao de probabilidade conjunta total (RUSSEL S. J. E NORVIG, 2004).

Por exemplo, se o mundo consistir apenas nas vari ´aveis

Equipamentos com def eito de f ´abrica, Carga el´etrica n˜ao − linear e Equipamento acionado, a distribuic¸ ˜ao conjunta total ser ´a dada por:

P(Equipamentos com def eito de f ´abrica, Carga el´etrica n˜ao − linear, Equipamento acionado)

Essa distribuic¸ ˜ao conjunta seria uma tabela de 2 × 2 × 4 com 16 entradas. Uma distribuic¸ ˜ao conjunta total especifica a probabilidade de todo evento at ˆomico e ´e, por-tanto, uma especificac¸ ˜ao completa da incerteza sobre o mundo em quest ˜ao.

3.4

PROBABILIDADE CONDICIONAL

Uma vez que ´e obtida uma nova evid ˆencia relativa `as vari ´aveis aleat ´orias ante-riormente desconhecidas que constituem o dom´ınio, as probabilidades a priori n ˜ao s ˜ao mais aplic ´aveis. Em vez disso s ˜ao utilizadas probabilidades condicionais ou a posteriori (RUSSEL S. J. E NORVIG, 2004).

A notac¸ ˜ao utilizada para probabilidade condicional ´e P (a|b), e deve ser lida: proba-bilidade de “a” dado que ocorreu “b”.

Exemplo de probabilidade condicional:

P(Chuveiro | Grande consumo de energia) = 0,8

Diferente de uma afirmac¸ ˜ao determin´ıstica, nem sempre que houver grande con-sumo de energia, a carga el ´etrica acionada ´e um chuveiro. O que a sentenc¸a afirma ´e que, se houver grande consumo de energia, a probabilidade de a carga ser um chuveiro ´e de 80%.

(23)

Mas, ´e importante ressaltar, essa probabilidade n ˜ao representa o caso contr ´ario. Ela nada nos diz, considerando um universo de cargas poss´ıveis, a respeito da proba-bilidade da carga elevada dado que tudo que sabemos ´e que foi acionado um chuveiro.

Para conhecermos tal probabilidade ´e necess ´ario calcular:

P(aumento consumo | chuveiro) = ?

Em (RUSSEL S. J. E NORVIG, 2004), as probabilidades condicionais podem ser definidas em termos de probabilidades incondicionais como na equac¸ ˜ao (2), que ´e v ´alida sempre para P (b) > 0.

P (a|b) = P (a ∧ b)

P (b) (2)

Pode tamb ´em ser escrita como na equac¸ ˜ao (3), que denomina-se regra do produto. A regra do produto vem do fato de que, para “a” e “b” serem verdadeiros, ´e necess ´ario que “b” seja verdadeiro, e que “a” seja tamb ´em verdadeiro, dado “b”.

P (a ∧ b) = P (a|b)P (b) (3)

A regra do produto pode ser escrita de duas formas, uma das quais foi apresentada na equac¸ ˜ao (3), e a outra ´e apresentada na equac¸ ˜ao (4), pois o resultado da conjunc¸ ˜ao a ∧ b ´e o mesmo da conjunc¸ ˜ao b ∧ a, assim

P (a ∧ b) = P (b|a)P (a) (4)

Assim podemos igualar os membros `a direita das equac¸ ˜oes (3) e (4), obtendo:

P (b|a)P (a) = P (a|b)P (b) (5)

Dividindo a equac¸ ˜ao (5) por P (a), ´e obtida a regra de Bayes:

P (b|a) = P (a|b)P (b)

P (a) (6)

Com tal regra ´e poss´ıvel avaliar, por exemplo, qual a probabilidade de haver um consumo elevado dado que tudo o que sabemos ´e que a carga ´e um chuveiro.

A equac¸ ˜ao (6) ´e a base de todos os sistemas de IA para infer ˆencia probabil´ıstica, e pode ser condicionada a mais vari ´aveis, conforme a equac¸ ˜ao (7).

P (b|a ∧ b) = P (a|b ∧ c)P (b|c)

(24)

23

3.5

RACIOC´INIO SOBRE INCERTEZA E INFER ˆ

ENCIA

PROBA-BIL´ISTICA

Uma rede bayesiana ´e baseada no racioc´ınio sobre incerteza, pois ela representa graficamente um conjunto de vari ´aveis e tamb ´em a distribuic¸ ˜ao de probabilidade entre elas, expressando tamb ´em o grau de crenc¸a de uma vari ´avel assumir determinado valor.

´

E importante observar que um grau de crenc¸a ´e diferente de um grau de verdade. Uma probabilidade de 0,8 n ˜ao significa ”80%” verdadeira, mas sim um grau de crenc¸a igual a 80%, isto ´e, uma expectativa forte (RUSSEL S. J. E NORVIG, 2004).

A principal vantagem de um racioc´ınio probabil´ıstico se comparado ao racioc´ınio l ´ogico, ´e que o uso de probabilidade (agindo sobre um sistema de incerteza) nos permite tomar decis ˜oes mesmo que n ˜ao haja informac¸ ˜oes suficientes para se provar que aquela ac¸ ˜ao ir ´a funcionar (RUSSEL S. J. E NORVIG, 2004).

Uma rede bayesiana fornece uma descric¸ ˜ao completa do dom´ınio. Toda entrada na distribuic¸ ˜ao de probabilidade conjunta total pode ser calculada a partir de informac¸ ˜oes armazenadas na rede.

As redes bayesianas s ˜ao uma forma reduzida da tabela de distribuic¸ ˜ao conjunta total, mas que fornece qualquer probabilidade (a priori) a ser consultada. Al ´em de ser uma representac¸ ˜ao completa e n ˜ao-redundante do dom´ınio, uma rede bayesiana frequentemente pode ser muito mais compacta que a distribuic¸ ˜ao conjunta total. Essa propriedade ´e o que torna vi ´avel manipular dom´ınios com muitas vari ´aveis. A densi-dade das redes bayesianas ´e um exemplo de uma propriedensi-dade muito geral de sistemas localmente estruturados (tamb ´em chamados de sistemas esparsos). Em um sistema localmente estruturado, cada subcomponente interage diretamente apenas com um n ´umero limitado de outros componentes, n ˜ao importando o n ´umero total de compo-nentes. A estrutura local normalmente est ´a associada ao crescimento linear, e n ˜ao ao crescimento exponencial da complexidade, (RUSSEL S. J. E NORVIG, 2004).

3.6

UM EXEMPLO DE MODELAGEM DE REDE DE CRENC

¸ AS COM

INFER ˆ

ENCIA EXATA

A construc¸ ˜ao de uma rede de crenc¸as exige que se determine o que se acredita influenciar as possibilidades condicionais.

Ora, esses fatores s ˜ao, na sua origem, determin´ısticos. Se a pot ˆencia da carga, por exemplo, for um desses fatores, e se medir uma variac¸ ˜ao de 7 kW sabemos que o chuveiro foi acionado, desde que n ˜ao existam outras cargas. A rede se faz necess ´aria quando n ˜ao se tem certeza a respeito do universo de cargas.

(25)

carga, e como ele afeta a qualidade da energia. Outros fatores s ˜ao relacionados ao ambiente e ao uso t´ıpico.

Entendidos os fatores pode-se estabelecer a rede e realizar as infer ˆencias sobre crenc¸a.

Isso seria feito atrav ´es de um exemplo simples descrito `a seguir. Tal exemplo servir ´a tamb ´em para mostrar as dificuldades da infer ˆencia exata.

3.6.1 ASPECTOS DETERMIN´ISTICOS DOS SISTEMAS EL ´ETRICOS DE POT ˆENCIA

• QUALIDADE DA ENERGIA

O fornecimento de energia el ´etrica pode apresentar um conjunto de alterac¸ ˜oes que ocorrem no sistema el ´etrico de pot ˆencia (SEP). Estas alterac¸ ˜oes podem ser detectadas em v ´arias partes do SEP, que compreende a gerac¸ ˜ao, transmiss ˜ao, distribuic¸ ˜ao e consumo da energia el ´etrica. Sistemas de an ´alise da qualidade da energia el ´etrica utilizam as formas de onda das tens ˜oes e correntes e a frequ ˆencia do SEP consideradas como refer ˆencia, ou seja, ideais, a fim de quan-tific ´a-la.

Existem v ´arios fen ˆomenos que afetam a qualidade da energia el ´etrica, como, por exemplo: frequ ˆencia e severidade dos desvios na amplitude e forma de onda da tens ˜ao e da corrente el ´etrica, representados na figura 1, ou qualquer problema verificado na tens ˜ao, corrente el ´etrica ou na frequ ˆencia, que resulte em falha ou prejudique o funcionamento dos equipamentos. Pode-se classificar um SEP com excelente qualidade de energia el ´etrica desde que o mesmo apresente o fornecimento de energia el ´etrica em tens ˜ao com forma de onda senoidal pura, sem alterac¸ ˜oes em amplitude e frequ ˆencia, ou seja, uma fonte ideal com pot ˆencia infinita, (TOLEDO et al., 2007).

(26)

25

Figura 1: Desvios na amplitude e forma de onda da tens ˜ao e da corrente el ´etrica.

A definic¸ ˜ao de qualidade da energia el ´etrica pode ser tomada a partir das con-cession ´arias, dos consumidores (clientes) ou tamb ´em dos fabricantes de equi-pamentos el ´etricos. Para as concession ´arias de energia el ´etrica, a an ´alise da qualidade da energia ´e feita com base em indicadores estat´ısticos e limites de variac¸ ˜ao de tens ˜ao estabelecidos por portarias da Ag ˆencia Nacional de Energia El ´etrica (ANEEL). Para o consumidor, o conceito de qualidade da energia est ´a associado `a disponibilidade do servic¸o de forma cont´ınua e eficiente. Para os fabricantes de equipamentos, a qualidade da energia est ´a relacionada `as carac-ter´ısticas de fornecimento de energia capazes de suprir as necessidades do seu produto, sendo que isto pode variar de fabricante para fabricante.

(27)

A efici ˆencia energ ´etica do SEP ´e diretamente impactada quando a qualidade da energia el ´etrica est ´a abaixo de um valor aceit ´avel, ou simplesmente ´e ruim. Um SEP com alto conte ´udo harm ˆonico possui baixa qualidade da energia el ´etrica, e isto gera perdas na distribuic¸ ˜ao da energia. A circulac¸ ˜ao de harm ˆonicas gera perdas por efeito Joule (perdas por aquecimento excessivo dos fios) em todo o SEP.

A busca por uma melhor efici ˆencia energ ´etica nos mais diversos equipamentos el ´etricos resultou na inserc¸ ˜ao de grandes quantidades de circuitos eletr ˆonicos nesses equipamentos, causando um grande aumento na gerac¸ ˜ao de harm ˆonicas no SEP. Este fen ˆomeno ´e um tanto quanto contradit ´orio, pois, enquanto se utiliza eletr ˆonica de pot ˆencia para melhorar o desempenho de equipamentos el ´etricos, a eletr ˆonica de pot ˆencia gera conte ´udo harm ˆonico que interfere diretamente na efici ˆencia energ ´etica do sistema como um todo.

A eletr ˆonica embarcada nos equipamentos tamb ´em os torna mais sens´ıveis `as variac¸ ˜oes da rede el ´etrica, exigindo que para um funcionamento adequado, a qualidade da energia el ´etrica seja mais do que apenas aceit ´avel, ou seja, de boa a ´otima.

A determinac¸ ˜ao dos ´ındices da qualidade da energia el ´etrica ´e definida por ag ˆencias reguladoras de energia el ´etrica que, em resumo, preocupam-se com a qualidade do servic¸o fornecido aos consumidores, verificando a forma de onda, amplitude ou distorc¸ ˜ao da mesma, e tamb ´em contabilizam as interrupc¸ ˜oes de fornecimento de energia el ´etrica e suas durac¸ ˜oes.

Por ´em, n ˜ao ´e poss´ıvel jogar toda a responsabilidade pela qualidade da ener-gia el ´etrica para a concession ´aria, pois os usu ´arios tamb ´em t ˆem sua parcela de contribuic¸ ˜ao na diminuic¸ ˜ao da qualidade da energia el ´etrica. O crescente uso de cargas el ´etricas n ˜ao-lineares, como conversores de frequ ˆencia para acionamen-tos de motores, computadores, carregadores de celular, s ˜ao alguns exemplos de cargas respons ´aveis por distorc¸ ˜oes na corrente el ´etrica, capazes de afetar a forma de onda da tens ˜ao que as alimenta, afetando a qualidade da energia el ´etrica.

• CARGAS N ˜AO-LINEARES

At ´e a d ´ecada de 1990, a preocupac¸ ˜ao com dist ´urbios nos sistemas el ´etricos era voltada apenas para cargas el ´etricas industriais, at ´e mesmo porque estas repre-sentavam a maior parte das cargas n ˜ao-lineares. Por ´em, nos ´ultimos anos, um grande n ´umero de cargas n ˜ao-lineares passou a fazer parte do sistema el ´etrico, como por exemplo, l ˆampadas fluorescentes, l ˆampadas LED, fontes chaveadas (carregadores de celular, notebook, etc), causando mais dist ´urbios na rede. O

(28)

27

surgimento de muitas cargas n ˜ao-lineares se deve ao avanc¸o tecnol ´ogico da eletr ˆonica de pot ˆencia, capaz de utilizar pequenos componentes para trabalhar com grandes pot ˆencias.

V ´arias pesquisas ligadas `a poluic¸ ˜ao do sistema el ´etrico v ˆem sendo desenvolvi-das a fim de minimizar o impacto da grande utilizac¸ ˜ao de cargas n ˜ao-lineares (IEEE Standard 519, 1992), uma vez que as mesmas afetam a qualidade da energia el ´etrica. A abrang ˆencia das pesquisas se d ´a nas ´areas de mensurac¸ ˜ao de ´ındices de poluic¸ ˜ao harm ˆonica e identificac¸ ˜ao das consequ ˆencias da grande utilizac¸ ˜ao de cargas n ˜ao-lineares.

Cargas el ´etricas n ˜ao-lineares s ˜ao cargas em que a relac¸ ˜ao entre a tens ˜ao que as alimenta e a corrente n ˜ao ´e linear (RODRIGUES R. DE P., 2013), sendo que esta n ˜ao linearidade provoca distorc¸ ˜oes harm ˆonicas na forma de onda da corrente el ´etrica, tamb ´em conhecidas como poluic¸ ˜ao harm ˆonica. A ocorr ˆencia de poluic¸ ˜ao harm ˆonica nos sistemas de distribuic¸ ˜ao de energia el ´etrica acar-reta diminuic¸ ˜ao da qualidade da energia fornecida pelo sistema (LOURENC¸ O T. G. M., 2013).

A partir da an ´alise das formas de onda da corrente el ´etrica das cargas n ˜ao-lineares, pode-se obter um sistema capaz de fornecer uma identidade ´unica a cada uma destas cargas el ´etricas, uma vez que cargas n ˜ao-lineares produzem conte ´udos harm ˆonicos distintos. Tal caracter´ıstica n ˜ao ocorre nas cargas resis-tivas (lineares) que apenas podem ser identificadas pela sua pot ˆencia e, pos-sivelmente, pela sua localizac¸ ˜ao em relac¸ ˜ao ao quadro de distribuic¸ ˜ao el ´etrica. A partir dos limites estabelecidos pela Norma IEEE 519 (SANTOS, 2007), ´e poss´ıvel obter um sistema capaz de identificar estas cargas n ˜ao-lineares, bem como apresentar a distorc¸ ˜ao harm ˆonica das mesmas, ou at ´e mesmo ser ca-paz de prever os danos causados ao sistema el ´etrico de distribuic¸ ˜ao de energia el ´etrica.

Juntamente com o aumento de dist ´urbios, o grande uso de cargas el ´etricas n ˜ao-lineares, tamb ´em trouxe um aumento no consumo de energia el ´etrica. Para su-prir o aumento de consumo ´e necess ´ario buscar formas de controlar esse con-sumo, podendo ser atrav ´es de novas fontes de gerac¸ ˜ao de energia el ´etrica ou novas formas de tarifac¸ ˜ao.

Uma das caracter´ısticas de cargas n ˜ao-lineares ´e a presenc¸a de distorc¸ ˜oes harm ˆonicas em sua forma de onda de corrente, inserindo poluic¸ ˜ao harm ˆonica no SEP. Essa poluic¸ ˜ao ´e respons ´avel pela diminuic¸ ˜ao da qualidade da energia el ´etrica, o que, por si s ´o, justifica os estudos que visam a identificar, dentre ou-tros, os equipamentos respons ´aveis pela injec¸ ˜ao da poluic¸ ˜ao citada, como por exemplo, a identificac¸ ˜ao das cargas n ˜ao-lineares.

(29)

Em (RODRIGUES R. DE P., 2013), s ˜ao descritos os estudos iniciais de uma proposta de sistema de reconhecimento de cargas el ´etricas monof ´asicas n ˜ao-lineares, baseada na an ´alise de sua forma de onda de corrente. Esta proposic¸ ˜ao faz uso da t ´ecnica de decomposic¸ ˜ao wavelet em multirresoluc¸ ˜ao como meca-nismo de extrac¸ ˜ao de caracter´ısticas, e de uma rede neural artificial com arqui-tetura de m ´ultiplas camadas como mecanismo de infer ˆencia e reconhecimento. Analisando pequenos sistemas de cargas, como resid ˆencias, para avaliac¸ ˜ao do conte ´udo harm ˆonico para identificac¸ ˜ao das cargas, (UMEH; MOHAMED, 2005) prop ˜oem um sistema Fuzzy com regras lingu´ısticas baseadas nos n´ıveis percen-tuais da Distorc¸ ˜ao Harm ˆonica Total (THD) de corrente.

A identificac¸ ˜ao de uma carga el ´etrica pode ser feita de v ´arias maneiras, mas na maioria das situac¸ ˜oes ´e feita a partir da an ´alise da forma de onda da corrente el ´etrica, comparada `a forma de onda da tens ˜ao que alimenta a carga (FERNAN-DES et al., 2010). Existe uma dificuldade, n ˜ao em identificar as cargas, mas em classificar as mesmas, pois existem cargas diferentes com o mesmo padr ˜ao de assinatura el ´etrica, ou padr ˜ao muito semelhante. O sistema respons ´avel pela identificac¸ ˜ao das cargas pode n ˜ao ser capaz de distinguir esta m´ınima diferenc¸a. Algumas cargas que possuem assinaturas el ´etricas semelhantes s ˜ao, por exem-plo, geladeira e bebedouro, liquidificador e batedeira, ferro el ´etrico e torradeira, torneira el ´etrica e chuveiro.

3.6.2 DETERMINAC¸ ˜AO DAS EVID ˆENCIAS

A partir dos conceitos de qualidade de energia el ´etrica e cargas el ´etricas n ˜ao-lineares, foram definidas, inicialmente, duas evid ˆencias:

• Pot ˆencia

Ser ´a avaliada a partir da determinac¸ ˜ao da pot ˆencia relativa (e n ˜ao absoluta) para classificar se a carga tem pot ˆencia alta ou baixa, ou seja, uma carga com pot ˆencia alta representa alto consumo de energia el ´etrica, e uma carga com pot ˆencia baixa representa baixo consumo de energia. Os limiares alto/baixo ser ˜ao definidos de acordo com cada uma das cargas el ´etricas utilizadas no tra-balho.

• Linearidade

Relacionada `a linearidade ou n ˜ao das formas de onda da tens ˜ao que alimenta a carga e a corrente el ´etrica, classificada em linear ou n ˜ao-linear.

Al ´em das evid ˆencias citadas acima, outras foram discutidas e poder ˜ao ser acres-centadas nas tabelas de probabilidade conjunta conforme a necessidade ou o foco de aplicac¸ ˜ao do trabalho, como por exemplo:

(30)

29

• Regularidade de acionamento

O acionamento do equipamento (carga el ´etrica) pode ocorrer uma ´unica vez dentro de um per´ıodo de tempo determinado, ou seja, acionamento ocasional, ou pode ocorrer in ´umeras vezes, sendo um acionamento repetitivo (c´ıclico). A taxa de acionamento deve ser definida conforme crit ´erio pr ´e-determinado para classificar a carga como de acionamento ocasional ou de acionamento repetitivo. • Espectro

Analisando o espectro de frequ ˆencia ´e poss´ıvel fazer divis ˜oes do mesmo em faixas de frequ ˆencia de baixo ou alto espectro, bem como pode-se analisar faixas mais espec´ıficas como a terceira e a quinta harm ˆonicas.

• Temperatura ambiente

Pode-se relacionar o acionamento das cargas el ´etricas com a temperatura do ambiente em que est ˜ao situadas, e, para tanto, basta uma divis ˜ao em faixas de temperatura. Esta divis ˜ao ser ´a de acordo com a necessidade e a regi ˜ao de utilizac¸ ˜ao, e, neste trabalho, ser ´a utilizado apenas frio e quente.

• Hor ´ario

O hor ´ario de acionamento da carga el ´etrica pode ser dividido entre manh ˜a, tarde, anoitecendo e noite, auxiliando na identificac¸ ˜ao da mesma a partir de um conhe-cimento pr ´evio, por exemplo, que a iluminac¸ ˜ao el ´etrica ´e mais comumente utili-zada no turno da noite. Inicialmente ser ´a utilizado, neste trabalho, apenas dia e noite.

• Estac¸ ˜ao

V ´arios equipamentos s ˜ao acionados somente em uma ´epoca do ano, como, por exemplo, aquecedores el ´etricos, que s ˜ao utilizados no inverno. Ser ˜ao conside-radas as quatro estac¸ ˜oes do ano: outono, inverno, primavera e ver ˜ao.

As evid ˆencias temperatura ambiente e hor ´ario ser ˜ao utilizadas para compor as condic¸ ˜oes ambientais: frio/quente e dia/noite de acordo com as estac¸ ˜oes do ano.

3.6.3 REDE BAYESIANA

Este trabalho objetiva estimar a incerteza a respeito de um acionamento de carga el ´etrica residencial percebido em func¸ ˜ao do monitoramento oscilogr ´afico na entrada da rede el ´etrica. Assim, em uma resid ˆencia com cargas desconhecidas, se quer sa-ber, dadas evid ˆencias obtidas da oscilografia e de outras informac¸ ˜oes dispon´ıveis, a probabilidade de uma determinada carga espec´ıfica ter sido acionada.

(31)

Estabelece-se, inicialmente, um cen ´ario muito simplificado de tal situac¸ ˜ao. A causa ´e uma carga sendo acionada e as evid ˆencias s ˜ao a pot ˆencia solicitada pela carga e o grau de n ˜ao linearidade da corrente (seu conte ´udo harm ˆonico). Pode-se ent ˜ao definir os seguintes dom´ınios:

• CAUSA: (proposic¸ ˜ao → carga sendo acionada) – CARGA

• DOM´INIO:

CARGA < chuveiro, iluminac¸˜ao el´etrica >

• EVID ˆENCIA: (efeitos, medidas)

• DOM´INIO:

POT ˆENCIA < alta, baixa > LINEARIDADE < linear, n˜ao − linear >

• EVID ˆENCIA: (condic¸ ˜oes ambientais)

• DOM´INIO:

TEMPERATURA < f rio, quente > HOR ´ARIO < dia, noite >

ESTAC¸ ˜AO < outono, inverno, primavera, ver˜ao >

. . .

Pode-se notar que, consideradas as cargas em quest ˜ao, linearidade e pot ˆencia s ˜ao condicionalmente independentes. Embora exista a possibilidade de, aumentando a pot ˆencia de uma carga, seu grau de n ˜ao linearidade aumentar, n ˜ao ´e o caso de ser considerado aqui.

A independ ˆencia condicional nos permite escrever a equac¸ ˜ao (8), onde L ´e Linea-ridade, POT ´e pot ˆencia e C ´e carga.

P (L ∧ P OT |C) = P (L|C).P (P OT |C) (8)

A equac¸ ˜ao (8) mostra que o tipo de carga afeta a linearidade e a pot ˆencia, mas elas n ˜ao afetam uma na outra. Uma carga linear n ˜ao significa uma carga de alta pot ˆencia e vice-versa.

(32)

31

Sabe-se que o teorema de Bayes, aplicado nos dom´ınios definidos anteriormente, expressaria a equac¸ ˜ao (9).

P (C|P OT ∧ L) = αP (P OT ∧ L|C).P (C) (9)

Substituindo a equac¸ ˜ao (8) na equac¸ ˜ao (9) obt ˆem-se a equac¸ ˜ao (10).

P (C|P OT ∧ L) = αP (L|C).P (P OT |C).P (C) (10)

Por exemplo, com a equac¸ ˜ao (10), pode-se prever, onde med ´e medida, nl ´e n ˜ao-linear e chu ´e chuveiro:

P (C = chu|med = alta ∧ med = nl) = P (nl|chu).P (alta|chu).P (chu)

A rede bayesiana que corresponde a tais afirmac¸ ˜oes de independ ˆencia condicional ´e representada na figura 18.

Figura 2: Uma rede bayesiana simples, na qual Linearidade e Pot ˆencia s ˜ao condicio-nalmente independentes, dada Carga

Exemplo de c ´alculo das probabilidades:

Dado 10 unidades de consumidores residenciais, cujas resid ˆencias possuem no m ´aximo duas cargas el ´etricas, cujas podem ser iluminac¸ ˜ao el ´etrica e chuveiro, por ´em nem todas possuem chuveiro el ´etrico. Dentre estas cargas, a iluminac¸ ˜ao el ´etrica ´e considerada uma carga de pot ˆencia baixa e pode ser linear – l ˆampada incandescente, ou n ˜ao-linear – l ˆampadas LED ou fluorescentes. E o chuveiro ´e considerado uma carga de pot ˆencia alta e, tamb ´em pode ser considerada linear – temperatura previ-amente selecionada, ou n ˜ao-linear – temperatura ajust ´avel (eletr ˆonica). As cargas est ˜ao divididas e classificadas conforme a figura 3.

(33)

Figura 3: Representac¸ ˜ao de 10 resid ˆencias com suas respectivas cargas e a indicac¸ ˜ao se as mesmas s ˜ao lineares (L) ou n ˜ao-lineares (NL)

Para o exemplo acima tem-se a rede bayesiana apresentada na figura 4 com as respectivas distribuic¸ ˜oes condicionais.

Figura 4: Uma rede bayesiana simples, e tamb ´em as tabelas de probabilidade condi-cional

O c ´alculo da probabilidade de a carga ser o chuveiro ou a iluminac¸ ˜ao el ´etrica ´e feito a partir das equac¸ ˜oes (11) e (12).

P (CARGA = chuveiro) = quantidade de chuveiros

(34)

33

P (CARGA = iluminac¸˜ao el´etrica) = quantidade de iluminac¸˜ao el´etrica

quantidade total de cargas (12) Ou seja,

P (chuveiro) = 206 = 0, 3 P (iluminac˜ao el´etrica) = 1420 = 0, 7

A partir da considerac¸ ˜ao inicial, de que o chuveiro ´e uma carga de pot ˆencia alta e a iluminac¸ ˜ao el ´etrica ´e uma carga de pot ˆencia baixa, obt ˆem-se a probabilidade da evid ˆencia – POT ˆENCIA < alta, baixa > – dado tudo que se sabe ´e que a carga ´e um chuveiro ou uma iluminac¸ ˜ao el ´etrica.

P (alta|chuveiro) = 1 P (baixa|chuveiro) = 0 P (alta|iluminac˜ao el´etrica) = 0 P (baixa|iluminac˜ao el´etrica) = 1

Semelhantemente ´e calculada a probabilidade da evid ˆencia – LINEARIDADE < linear, n˜ao − linear >– dado tudo que se sabe ´e que a carga ´e um chuveiro ou uma iluminac¸ ˜ao el ´etrica.

P (linear|chuveiro) = 46 = 0, 6667 P (n˜ao − linear|chuveiro) = 2

6 = 0, 3333 P (linear|iluminac˜ao el´etrica) = 147 = 0, 5 P (n˜ao − linear|iluminac˜ao el´etrica) = 147 = 0, 5

Agora este valores s ˜ao aplicados na equac¸ ˜ao (10), para calcular a probabilidade de a carga ser um chuveiro dado tudo que se sabe ´e que a carga apresenta uma pot ˆencia alta e ´e n ˜ao-linear.

P (C = chu|med = alta ∧ med = nl) = P (nl|chu).P (alta|chu).P (chu)

P (chu|alta ∧ nl) = 0, 3333.1.0, 3 = 0, 1

Ou a probabilidade de a carga ser um chuveiro dado tudo que se sabe ´e que a carga apresenta uma pot ˆencia alta e ´e linear.

P (C = chu|med = alta ∧ med = linear) = P (linear|chu).P (alta|chu).P (chu)

(35)

Para o caso de a carga ser um chuveiro, a medida de pot ˆencia resultou apenas como alta, para as probabilidades calculadas a partir da medida de pot ˆencia baixa, o resultado ´e zero, como segue:

P (C = chu|med = baixa ∧ med = nl) = P (nl|chu).P (baixa|chu).P (chu) P (chu|baixa ∧ nl) = 0, 3333.0.0, 3 = 0

P (C = chu|med = baixa ∧ med = linear) = P (linear|chu).P (baixa|chu).P (chu) P (chu|baixa ∧ linear) = 0, 6667.0.0, 3 = 0

Na situac¸ ˜ao em que a carga ´e uma iluminac¸ ˜ao el ´etrica, a medida de pot ˆencia sulta apenas como baixa, portanto as probabilidade calculadas para pot ˆencia alta re-sultam em zero, como segue:

P (C = ilu|med = alta ∧ med = nl) = P (nl|ilu).P (alta|ilu).P (ilu) P (ilu|alta ∧ nl) = 0, 5.0.0, 7 = 0

P (C = ilu|med = alta ∧ med = linear) = P (linear|ilu).P (alta|ilu).P (ilu) P (ilu|alta ∧ linear) = 0, 5.0.0, 7 = 0

Para resultados da medida de pot ˆencia igual a baixa, ´e poss´ıvel calcular a probabi-lidade de a carga ser uma iluminac¸ ˜ao dado tudo que se sabe ´e que a carga apresenta, al ´em de uma pot ˆencia baixa, a evid ˆencia linearidade igual n ˜ao-linear.

P (C = ilu|med = baixa ∧ med = nl) = P (nl|ilu).P (baixa|ilu).P (ilu) P (ilu|baixa ∧ nl) = 0, 5.1.0, 7 = 0, 35

Ou a probabilidade de a carga ser uma iluminac¸ ˜ao dado tudo que se sabe ´e que a carga apresenta uma pot ˆencia baixa e ´e linear.

P (C = ilu|med = baixa ∧ med = linear) = P (linear|ilu).P (baixa|ilu).P (ilu) P (ilu|baixa ∧ linear) = 0, 5.1.0, 7 = 0, 35

A partir dos c ´alculos acima ´e poss´ıvel obter a tabela 1 da distribuic¸ ˜ao conjunta total para o mundo CARGA, POT ˆENCIA, LINEARIDADE.

Tabela 1: Distribuic¸ ˜ao conjunta total do exemplo acima

alta ∧ linear alta ∧ n ˜ao-linear baixa ∧ linear baixa ∧ n ˜ao-linear

chu 0,2 0,1 0 0

(36)

35

3.7

INFER ˆ

ENCIA APROXIMADA EM REDES BAYESIANAS

O prop ´osito da infer ˆencia probabil´ıstica ´e calcular a distribuic¸ ˜ao de probabilidade posterior para um conjunto de vari ´aveis, dado um evento. Esta infer ˆencia pode ser exata ou aproximada. Infer ˆencia exata pode ser por enumerac¸ ˜ao que ´e uma maneira r ´apida de avaliar a equac¸ ˜ao (9) sem precisar montar a tabela de probabilidade conjunta total, ou por eliminac¸ ˜ao vari ´avel que ´e a eliminac¸ ˜ao dos c ´alculos repetidos, ou seja, realizar o c ´alculo uma vez e guardar o resultado para uso posterior. A infer ˆencia apro-ximada por simulac¸ ˜ao estoc ´astica ´e um procedimento, cujo resultado ´e a gerac¸ ˜ao de n ´umeros aleat ´orios com o objetivo de explorar a incerteza. Os m ´etodos de simulac¸ ˜ao utilizam algoritmos de Monte Carlo, devido a intratabilidade da infer ˆencia exata em redes bayesianas extensas. A aplicac¸ ˜ao destes, por sua vez, resulta em respostas aproximadas com exatid ˜ao dependente da quantidade de amostras geradas.

Os algoritmos de Monte Carlo s ˜ao muito utilizados em ci ˆencia da computac¸ ˜ao para estimar quantidades que s ˜ao dif´ıceis de calcular com exatid ˜ao. Essa aborda-gem apresenta como benef´ıcio o fato de que calcular a m ´edia de uma grande amos-tra de n ´umeros pode ser mais f ´acil do que calcular diretamente pelas equac¸ ˜oes da distribuic¸ ˜ao normal. Esse benef´ıcio fica evidente principalmente quando as equac¸ ˜oes da distribuic¸ ˜ao normal s ˜ao trabalhosas.

3.7.1 INFER ˆENCIA POR SIMULAC¸ ˜AO DE CADEIAS DE MARKOV

O algoritmo conhecido como Cadeia de Markov Monte Carlo, ´e um m ´etodo de amostragem orientado que permite caracterizar uma distribuic¸ ˜ao de probabilidade sem o conhecimento pr ´evio das propriedades matem ´aticas da distribuic¸ ˜ao, ou seja, gera cada evento atrav ´es de uma mudanc¸a aleat ´oria no evento precedente. A junc¸ ˜ao da cadeia de Markov com o m ´etodo de Monte Carlo resulta na aplicac¸ ˜ao das des de cada um dos m ´etodos, onde Monte Carlo ´e a pr ´atica de estimar as proprieda-des de uma distribuic¸ ˜ao a partir de amostras aleat ´orias da mesma. Uma cadeia de Markov, por sua vez, apresenta a ideia de que as amostras aleat ´orias s ˜ao geradas em um processo sequencial especial, onde cada amostra aleat ´oria ´e utilizada para obter a pr ´oxima amostra. Mesmo que cada nova amostra dependa da amostra anterior, amostras novas s ˜ao independentes de amostras anteriores `a anterior.

O m ´etodo Monte Carlo de cadeia de Markov - MCMC - ´e uma alternativa aos m ´etodos n ˜ao iterativos em problemas complexos, devido `a obtenc¸ ˜ao de uma amostra da distribuic¸ ˜ao a posteriori e ao c ´alculo de estimativas amostrais desta distribuic¸ ˜ao. A aplicac¸ ˜ao do MCMC ´e particularmente ´util na infer ˆencia bayesiana. A infer ˆencia bayesiana utiliza a informac¸ ˜ao fornecida pela observac¸ ˜ao dos dados de um conjunto de par ˆametros para atualizar um estado anterior de crenc¸as, obtendo um estado pos-terior de crenc¸a (probabilidade). Na pr ´oxima sec¸ ˜ao ser ´a apresentada a metodologia

(37)
(38)

4

METODOLOGIA

Para (HART, 1992), o desenvolvimento tecnol ´ogico de sistemas de detecc¸ ˜ao n ˜ao intrusiva do acionamento de cargas el ´etricas ´e uma pesquisa interdisciplinar que com-bina a teoria de sistemas de energia e a teoria da informac¸ ˜ao.

Os aspectos relacionados aos sistemas de energia tratam, fundamentalmente, da extrac¸ ˜ao das caracter´ısticas (“assinaturas”) observ ´aveis nos sistemas de medic¸ ˜ao. (HART, 1992), relaciona algumas assinaturas poss´ıveis:

Equipamento operando em estado estacion ´ario: • Frequ ˆencia fundamental

• Frequ ˆencia harm ˆonica • Corrente e tens ˜ao alternada • Corrente cont´ınua

Equipamento ligado ou desligado (transiente): • Transiente de corrente e tens ˜ao

• Ru´ıdo eletromagn ´etico

Outras assinaturas: • Repetibilidade • Sub-transientes

• Curva de operac¸ ˜ao caracter´ıstica

Agora, os sistemas de informac¸ ˜ao s ˜ao aplicados nos dois outros componentes do NILM, aquisic¸ ˜ao de dados e reconhecimento de carga (YU et al., 2016).

Normalmente os sistemas de aquisic¸ ˜ao s ˜ao instalados na entrada de energia e co-letam tens ˜ao, corrente e pot ˆencia. Para YU et al. (2016), a informac¸ ˜ao da corrente

(39)

instant ˆanea em func¸ ˜ao do tempo fornece a melhor informac¸ ˜ao a respeito do funcio-namento da carga, principalmente no instante de aciofuncio-namento da mesma. A taxa de amostragem ir ´a variar de acordo com o conte ´udo harm ˆonico que se deseja captar. Normalmente n ˜ao ´e maior que 2 kHz (YU et al., 2016).

Existe um extenso n ´umero de algoritmos classificadores aplicados no reconheci-mento de cargas. A maior parte, sen ˜ao a totalidade, ´e referida no trabalho de (TA-BATABAEI; DICK; XU, 2017). A qualidade dos algoritmos ´e avaliada com o uso de datasets de refer ˆencia. Tais datasets s ˜ao bases de dados adquiridos usando moni-toramento intrusivo, como, por exemplo, a de MONACCHI et al. (2014), chamada GREEND. O mesmo autor apresenta outras bases (tabela 1 da p ´agina 512 do artigo). Cada uma dessas bases, entretanto, ´e adquirida em cen ´arios diferentes. Os dis-positivos considerados s ˜ao diferentes, os per´ıodos variam desde 24h at ´e per´ıodos anuais e as resid ˆencias s ˜ao habitadas pelas mais diversas configurac¸ ˜oes familiares. A diversidade dessas bases de dados e tamb ´em a baixa taxa de aquisic¸ ˜ao das mesmas resulta que a maioria dos pesquisadores da ´area faz uso de algoritmos classificadores autom ´aticos.

A excec¸ ˜ao ´e o trabalho de (MOSTAFAVI; COX, 2017) que apresenta uma rede bayesiana de crenc¸as muito simplificada. Eles, entretanto, n ˜ao usam nenhum dataset padr ˜ao e sim alguns dados experimentais de um ar condicionado e iluminac¸ ˜ao externa e interna.

4.1

UMA METODOLOGIA PARA NILM ATRAV ´

ES DE REDE DE

CRENC

¸ AS

Este trabalho apresenta um framework de um sistema de aprendizagem por m ´aquina baseado em redes bayesianas. A rede ´e estruturada, diferente at ´e mesmo do trabalho de (MOSTAFAVI; COX, 2017), com um conjunto de crenc¸as e suas respec-tivas probabilidades condicionais que buscam atender um conjunto de caracter´ısticas abrangentes. Enquanto MOSTAFAVI; COX (2017) apresentam uma rede onde a evid ˆencia ´e apenas a pot ˆencia demandada, o acionamento ou n ˜ao da carga e o tipo da mesma, este trabalho utiliza outras evid ˆencias que possam significar o acionamento de uma carga. Busca-se assim, superar os limites de escala dos algoritmos tradicionais empregados para NILM (KONG et al., 2016). Ao se relacionar o acionamento de uma carga com um n ´umero maior de evid ˆencias, n ˜ao necessariamente na mesma cadeia de Markov. Ou seja, nem todos os pais de uma determinada carga s ˜ao os mesmos, e nem as cargas possuem os mesmos filhos, conforme figura 5 . Assim a simulac¸ ˜ao de Monte Carlo necessita operar s ´o na parte de interesse do grafo, reduzindo a necessi-dade de processamento. N ˜ao apenas a rede ´e apresentada mas tamb ´em uma forma de “treinamento” da rede que pode ser baseada em coleta de dados ou simulac¸ ˜ao, (ou

(40)

39

ainda outras informac¸ ˜oes a priori sobre as instalac¸ ˜oes).

Figura 5: Exemplo de Grafo

A forma como os dados para o treinamento e uso da rede s ˜ao adquiridos, permite tamb ´em a definic¸ ˜ao din ˆamica de alguns limiares de pot ˆencia/assinaturas. Isso per-mite que a rede seja capaz de se “adaptar” a diferentes consumidores. Finalmente, uma “m ´aquina de infer ˆencias” utilizando l ´ogica proporcional ´e aplicada na rede para o c ´alculo de probabilidades de situac¸ ˜oes espec´ıficas de propagac¸ ˜ao de crenc¸as.

4.1.1 REDE BAYESIANA

Uma rede bayesiana ´e composta por dois tipos de informac¸ ˜oes fundamentais: um grafo ac´ıclico representando com setas relac¸ ˜oes de implicac¸ ˜ao (causa-efeito, evid ˆencia-caracter´ıstica (assinatura)) que ir ˜ao definir a estrutura – topologia da rede; e a outra informac¸ ˜ao ´e dada pelos valores das probabilidades condicionais (ou incon-dicionais nos casos dos n ´os pais ou a priori), armazenadas em vari ´aveis que ir ˜ao determinar o grau de crenc¸a ou chance de cada relac¸ ˜ao acontecer.

Algumas relac¸ ˜oes apenas se tornam evidentes ap ´os um exame detalhado do pro-blema, outras s ˜ao auto-evidentes. ´E ´obvio que a probabilidade de uma l ˆampada ser acesa ´e maior no per´ıodo noturno que no diurno. Assim, a relac¸ ˜ao apresentada na figura 6 ´e uma relac¸ ˜ao auto-evidente.

(41)

Figura 6: Relac¸ ˜ao auto-evidente

Por ´em, se considerarmos agora o acionamento de um ferro el ´etrico em uma re-sid ˆencia em um momento em que a pot ˆencia demandada total da rere-sid ˆencia encontra-se pr ´oximo do valor m ´aximo, espera-encontra-se uma probabilidade baixa para tal fato e, encontra-se espera tamb ´em, que a rede possa representar essa situac¸ ˜ao. Ora, a representac¸ ˜ao dessa relac¸ ˜ao seria conforme a figura 7.

Figura 7: Representac¸ ˜ao da relac¸ ˜ao entre Pot ˆencia e carga

Ocorre que n ˜ao ´e evidente que o acionamento do ferro dependa da pot ˆencia de-mandada. Mas essa n ˜ao ´e uma relac¸ ˜ao de causa-efeito determin´ıstica e sim uma relac¸ ˜ao que nos diz que existe uma probabilidade baixa do ferro ser acionado dado que a pot ˆencia total j ´a ´e alta.

A import ˆancia da rede bayesiana ´e ampliada quando se considera que, se o foco for o acionamento de uma determinada carga, ´e necess ´ario avaliar apenas a propagac¸ ˜ao das crenc¸as na cobertura de Markov da mesma. Como se utiliza, dado a complexi-dade das redes, algoritmos de infer ˆencia aproximada como o m ´etodo de MCMC, a rede permite c ´alculos sem a necessidade de avaliar a distribuic¸ ˜ao de probabilidade conjunta.

Deve-se ressaltar que a topologia da rede deve ser constru´ıda com cuidado e re-sultar em crenc¸as propagadas consistentes. Aqui ´e bastante conveniente o uso de

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