ESTE013-13
Aula 1- Introdução à convecção.
A camada limite da convecção
Convecção
Definição:
Processo de transferência de calor entre uma superfície e um
fluido adjacente, quando estão a diferentes temperaturas.
Difusão (Condução)
Advecção
(Movimento global das partículas) +
Convecção
A taxa de transferência de calor entre uma superfície e um fluido adjacente pode ser calculada pela Lei de Resfriamento de Newton:
)
T
T
(
hA
q
s
Coeficiente de TC por convecção: - propriedades do fluido;
- geometria da superfície; e, - condições de escoamento.
Camada limite de velocidade
A formação da camada limite de velocidade está associada ao escoamento dos chamados fluidos viscosos.
Para entender o conceito, considere um fluido viscoso que escoa livremente a uma velocidade u e, em um certo ponto, precisa atravessar uma placa plana.
y
u, T u, T
Camada limite de velocidade
Partículas do fluido que entram em contato com a superfície: v = 0.
Essas partículas atuam sobre as partículas da camada de fluido adjacente: propagação desse efeito até uma distância da superfície y = δ;
Esse retardamento do movimento do fluido está associado às tensões de cisalhamento () que atuam em planos paralelos à velocidade do fluido;
À região que sofre o efeito da desaceleração do fluido, chamamos de camada limite de escoamento.
Camada limite de velocidade
Escoamento do fluido sobre placa plana pode ser caracterizado por duas regiões:
Camada limite: fina camada de fluido na qual gradientes de velocidade e tensões de cisalhamento são elevados;
Corrente livre: região na qual gradientes de velocidade e tensões cisalhantes são desprezíveis.
à medida que o fluido se desloca sobre a placa plana,
distanciando-se da aresta frontal, os efeitos da viscosidade penetram ainda mais na corrente livre e a espessura da camada limite aumenta.
Camada limite de velocidade
Espessura da camada limite (δ): é o valor de y para o qual
u = 0,99u.
Perfil de velocidades na camada limite: maneira como a
componente x da velocidade (u) varia com y, através da camada limite. y u, T u ux (y) (x) Camada limite hidrodinâmica Corrente livre u, T
Camada limite de velocidade
Mecânica dos Fluidos: a camada limite está relacionada com a tensão de cisalhamento na superfície, responsável pela existência do atrito. 2 u Cf 2s
Para fluidos Newtonianos:
0 y s
y
u
s = tensão de cisalhamento (N/m2) = viscosidade dinâmica do fluido (Ns/m2)
Escoamentos externos: tensão de cisalhamento é a base para
Camada limite térmica
Se o fluido e a placa da situação anterior se encontrarem a temperaturas distintas, T e Ts, respectivamente.
Partículas de fluido que entram em contato com a superfície da
placa: imediatamente atingem a temperatura da placa;
Troca de energia com as partículas das camadas de fluido
adjacentes: desenvolvimento de perfis de temperatura.
T y x T Ts (x)
Camada limite térmica Corrente livre
Ts > T
Camada limite térmica
Camada limite térmica: região do fluido na qual se desenvolvem os gradientes de temperatura.
A espessura da camada limite térmica (δt) é definida como a
distância y da superfície da placa na qual: 99 , 0 T T T T s s
Conforme o fluido se distancia da aresta frontal, os efeitos da transferência de calor penetram cada vez mais na corrente livre e a espessura da camada limite térmica aumenta.
Camada limite térmica
E qual é a relação entre as condições na camada limite térmica e
a transferência de calor entre o fluido e a superfície?
A uma distância x da superfície, o fluxo de calor local através do fluido, em y = 0, pode ser calculado pela Lei de Fourier como:
• Sendo kf = condutividade térmica do fluido.
0 y f '' s
y
T
k
q
t 0 y T Ts q”s 0 y y T Camada limite térmica
Da Lei de Resfriamento de Newton, sabemos que a troca térmica entre o fluido e a superfície pode ser calculada como:
) T T ( h qs'' s
De modo que o coeficiente convectivo pode ser calculado como:
T T y T k h s 0 y f
Camada limite térmica
Sendo assim, conforme a camada limite se desenvolve ao longo da placa plana:
A espessura δt aumenta;
O gradiente de temperatura superficial diminui;
O coeficiente de transferência de calor por convecção (h) e o fluxo de calor superficial diminuem.
Coeficientes convectivos local e médio
Um fluido com velocidade u e temperatura T escoa sobre uma superfície de forma arbitrária, mantida a uma temperatura superficial uniforme Ts e com área superficial As.
dAs
Ts, As
u, T q”
O escoamento do fluido terá comportamento variado ao longo da superfície, assim como o coeficiente convectivo.
Assim, o fluxo térmico local pode ser calculado como:
)
T
T
(
h
q
"
x s
Coeficientes convectivos local e médio
)
T
T
(
A
h
q
s s
Definindo um coeficiente convectivo médio para toda a superfície, , a taxa de transferência de calor total também pode ser calculada como:
h
Desse modo, o coeficiente convectivo médio pode ser calculado como:
s A s shdA
A
1
h
E para a placa plana:
L
hdx
L
1
h
E a taxa total de transferência de calor pode ser obtida pela integração do fluxo térmico ao longo de toda a superfície :
s A s sT
)
hdA
T
(
q
Escoamentos laminar e turbulento
Figura 2 – Desenvolvimento de camada limite hidrodinâmica sobre uma placa plana. (Fonte: INCROPERA et. al., 2008)
Camada limite laminar:
Movimento altamente ordenado, sendo possível identificar linhas de corrente ao longo das quais as partículas de fluido se movem;
Escoamentos laminar e turbulento
Camada limite de transição:
Conversão das condições laminares para turbulentas;
As condições do escoamento mudam com o tempo, alternando entre comportamento laminar e turbulento.
Camada limite turbulenta:
Comportamento altamente irregular; Mistura no interior da camada limite;
Movimento tridimensional aleatório de grandes parcelas de fluido;
Condições de escoamento caótico, havendo flutuações de velocidade e pressão em qualquer ponto no interior da camada
Escoamentos laminar e turbulento
Camada de amortecimento: difusão e mistura turbulenta são comparáveis;
Zona turbulenta: transporte é dominado pela mistura turbulenta.
Regiões da camada limite turbulenta:
Subcamada viscosa: transporte é dominado pela difusão e o perfil de velocidade é aproximadamente linear;
Escoamentos laminar e turbulento
Devido à mistura que ocorre na camada de amortecimento da região de escoamento turbulento, há uma grande diferença entre os perfis de velocidade das regiões de escoamento laminar e turbulento (Figura 3):
Figura 3 – Perfis de velocidade nas camadas limites laminar e turbulenta, para a mesma velocidade de corrente livre. (Fonte: INCROPERA et. al., 2008)
Escoamentos laminar e turbulento
A transição de escoamento laminar para turbulento se deve aos mecanismos de gatilho:
Interação de estruturas transientes do escoamento que se desenvolvem naturalmente no interior do fluido;
Pequenos distúrbios que existem no interior de muitas camadas limite típicas, provocados por flutuações na corrente livre ou induzidos pela rugosidade superficial ou minúsculas vibrações na superfície.
Escoamentos laminar e turbulento
O início da turbulência depende da amplificação ou atenuação dos mecanismos de gatilho na direção do escoamento do fluido que, por sua vez, depende do número de Reynolds:
u
x
Re
x , = densidade e viscosidade do fluido; u = velocidade do fluido na corrente livre
x = comprimento característico. Para placa plana: distância da aresta frontal.
Escoamentos laminar e turbulento
Número de Reynolds (Re):
É um parâmetro adimensional que representa a razão entre as forças inerciais e as forças viscosas.
Baixos valores de Re:
forças inerciais insignificantes frente às viscosas,
os distúrbios são dissipados, resultando em um escoamento ordenado;
amplificar os mecanismos de gatilho e dar início à turbulência. Elevados valores de Re:
forças de inércia são suficientes para amplificar os mecanismos de gatilho e dar início à turbulência.
Escoamentos laminar e turbulento
Onde tem início a turbulência:
Considera-se que a zona de transição tem início em uma certa posição crítica em relação à aresta frontal da placa, xc, determinada pelo número de Reynolds crítico, Rx,c.
Para placas planas: 105 < Re
x,c < 3 x 106 Assume-se, em geral, Rex,c = 5 x 105
Camada limite laminar e turbulenta
A natureza do escoamento tem interferência sobre o processo de transferência de calor entre o fluido e a superfície (Figura 4).
Turbulência Mistura y y 0 T
h
Figura 4 – Variação da espessura da camada limite de velocidade e do coeficiente de transferência de calor local, h, para o escoamento sobre uma placa plana isotérmica.
Exemplos
Exemplo 1 (Ex. 6.4. INCROPERA et. al., 2008)
Água escoa a uma velocidade de u = 1m/s sobre uma placa plana de comprimento L = 0,6m. Considere dois casos, um no qual a temperatura da água é de aproximadamente 300K e outro para uma temperatura aproximada da água de 350K. Nas regiões laminar e turbulenta, as medidas experimentais mostram que os coeficientes convectivos locais são bem descritos por:
2 , 0 turb turb 5 , 0 lam lam
(
x
)
C
x
h
(
x
)
C
x
h
Onde x tem unidade de m.
T = 300K: Clam = 395W/(m1,5K) e C
turb = 2330W/(m1,8K) T = 350K: Clam = 477W/(m1,5K) e C
turb = 3600W/(m1,8K)