• Nenhum resultado encontrado

Apostila História do Direito do Trabalho

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Apostila História do Direito do Trabalho"

Copied!
14
0
0

Texto

(1)

1 CURSO DIREITO

Disciplina: DIREITO DO TRABALHO - 3ª Série Professor: FLAVIO ERVINO SCHMIDT

APOSTILA HISTÓRIA DO DIREITO DO TRABALHO NA ESFERA INTERNACIONAL E NO BRASIL

DIREITO DO TRABALHO

Sumário:

1. HISTÓRIA DO DIREITO DO TRABALHO NA ESFERA INTERNACIONAL E NO BRASIL 1.1 O vocábulo trabalho

1.2 Evolução histórica do trabalho humano 1.2.1 A primeira Revolução Tecnológica 1.3 Surgimento do Direito do Trabalho

1.4 Constituições que influenciaram o direito do trabalho: 1.5 Evolução do Direito do Trabalho no Brasil

1.5.1. Período inicial 1.5.2 Revolução de 1930

1.5.3 A Consolidação das leis do trabalho 1.5.4 Criação da Justiça do Trabalho

1.5.5 A Constituição Brasileira de 1988 e a proteção ao trabalho

1. HISTÓRIA DO DIREITO DO TRABALHO NA ESFERA INTERNACIONAL E NO BRASIL

1.1 O vocábulo trabalho

A linguagem é sem dúvida dotada de aspectos contraditórios. Se nos possibilita uma esplendorosa vida em sociedade, enquanto elemento facilitador em necessárias relações com o semelhante, traz-nos na vida e no Direito enormes dificuldades ligadas na maioria das vezes às próprias relações entre os signos. Os diferentes usos que comportam os vocábulos na situação comunicativa não podem ser ignorados em particular ao tratarmos de trabalho.

Dissentem os autores acerca da etimologia do vocábulo trabalho, ora perseguindo-a com base em tripalium, "instrumento de tortura, constituído de cavalete de pau (três 'três' + palu 'pau')" (OLlVEIRA, 1994, p. 30), ora a partir do latim trabs, trabis, "viga de onde se originou em primeiro lugar um tipo trabare, que deu no castelhano trabar, etimologicamente, obstruir o caminho por meio de uma viga”; conforme lições do professor Evaristo de Moraes Filho (apud FERRARI, 1998, p. 13).

E conclui que

[ ... ] a quase totalidade dessas hipóteses já se encontra ultrapassada. Merece ser fixada unicamente a primeira, assim como admitida no século passado por poucos etimologistas. O mais credenciado é E. Littrê, que aponta trabs como a raiz originária, lembrando igualmente que trabalhar teve o sentido de viajar, sentido que se liga ao de pena, de fadiga. É dessa acepção que deriva o inglês to travel. A origem certa, porém, e neste sentido se inclina a maioria dos filólogos e linguistas, é das palavras tripalium e tripaliare. (MORAES FILHO apud FERRAR I, 1998, p. 13-14)

Sobre o tema, temos as lições de Tércio Sampaio Ferraz Junior (apud SOUSA, 1999). Há que se ressaltar aqui não só a definição do vocábulo, mas, dentre os ângulos possíveis do estudo da linguagem, o prisma pragmático, ou seja, ao definir, o fazemos o mais das vezes buscando uma definição persuasiva.

É certo que o vocábulo trabalho apresentou, desde o seu surgimento, um sentido de expiação, de castigo ou de fadiga. O homem, desde o começo dos tempos, teve de trabalhar, como forma de obter os meios necessários à sua própria subsistência, o que de certa forma explica as acepções que tornou o vocábulo trabalho.

(2)

2 Maria Helena Diniz (1998) referindo-se ao trabalho à luz da história do Direito, confirma tal percepção ao asseverar que "na Grécia antiga, era um castigo”.

Se focarmos o mesmo a partir das Sagradas Escrituras, veremos que o trabalho é visto de maneira quase antitética, não fosse o sentido religioso oculto: como castigo ao homem decaído e, ao mesmo tempo, valorizado como fonte de libertação e progresso.

É o que se extrai da Bíblia Sagrada (GÊNESIS 1993, 1 :28): "[ ... ] prolificai-vos e povoai a terra; submetei-a e dominsubmetei-ai sobre os peixes do msubmetei-ar e sobre submetei-as submetei-aves do céu e sobre todos os submetei-animsubmetei-ais que se movem sobre submetei-a terrsubmetei-a". E em outra passagem:

[ ... ] porque deste ouvido à voz de tua mulher e comeste da árvore que eu havia proibido comer, a terra será maldita por tua causa; com trabalho penoso tirarás dela o alimento todos os dias de tua vida. Produzir-te-à abrolhos e espinhos e nutrir-se-é com as ervas do campo; comerás o pão com o suor da tua fronte. (GÊNESIS, 1993, 1 :17-19)

Para a Igreja Católica, o trabalho é parte fundamental da existência humana, consoante se colhe das palavras do Sumo Pontífice João Paulo II (apud FERRARI, 1998, p. 25): "[ ... ] a igreja vai encontrar logo nas primeiras páginas do Livro Gênesis a fonte dessa sua convicção, de que o trabalho constitui uma dimensão fundamental da existência humana sobre a terra".

É o que se retira inclusive das encíclicas papais desde a Rerum Novarum até a Laborem Exercens. Se o conceito religioso de trabalho foi decisivo ao longo da evolução do trabalho humano no sentido de sua valorização, decerto servirá para explicar muitas das dificuldades vivenciadas pela sociedade pós-industrial, como veremos posteriormente.

De Plácido e Silva (1987, p. 1.573) conceitua trabalho como "[...] todo esforço físico, ou mesmo intelectual, na intenção de realizar ou fazer qualquer coisa”. Poderíamos adotar esse conceito enquanto gênero, para buscar dentro dele vários sentidos: religioso, econômico, jurídico, sociológico. Quanto ao aspecto econômico, o fenômeno trabalho afigura-se como toda atividade humana destinada à produção de um bem ou serviço, enquanto, sob a ótica do Direito do Trabalho, a ênfase se encontra sem dúvida alguma no trabalho subordinado (relação de emprego ou contrato individual de trabalho), em torno do qual gravita a grande maioria de seus institutos, com esparsas exceções.1

Como se vê, há múltiplas conceituações de trabalho, dependendo do enfoque adotado. De todo modo, tal multiplicidade é indicativa da importância do trabalho para a sociedade.

Este sempre foi, ao longo do tempo, "[...] forma de dominação: a dominação do homem sobre a natureza" (COSTA, 1998, p. 19). O ser humano, ao longo de sua existência, sempre se deparou com um problema que pouco diferia daquele vivido pelos demais animais - a luta pela sobrevivência -, e o trabalho foi, historicamente, a forma de assegurar a continuidade e perpetuação da espécie.

Este é, em certa medida, o grande problema da economia: possibilitar os meios para que supra a sociedade suas necessidades prementes, absolutas.

As necessidades podem ser agrupadas em dois tipos: absolutas, sem o atendimento das quais ameaçada resta a própria existência, e relativas, no dizer de John Maynard Keynes2: "[...] que satisfazem o desejo de superioridade, podem de fato ser inesgotáveis, pois quanto mais alto for o nível geral, tanto maiores se tornam".

Ao longo do presente estudo, interessar-nos-emos pelas primeiras. Se pudermos imaginar a possibilidade de a sociedade prover suas necessidades absolutas sem o elemento trabalho. verificar-se-á, então, que o trabalho não participa da natureza do ser humano, o que faria desmoronar toda uma ordem moral arraigada há séculos em nossa sociedade.

1 Se a tônica do Direito do Trabalho se encontra na subordinação, requisito essencial do contrato individual de trabalho,

entendida esta como subordinação jurídica do empregado ao empregador, não ignora de todo o trabalho prestado sem esse elemento, como é exemplo a disposição do artigo 652, § 111, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT)

2 Keynes (1883-1946) é, sem dúvida, um dos mais importantes nomes da economia em todos os tempos, e suas ideias e

conclusões serão em parte adoradas no presente trabalho, notadamente pela sua preocupação em determinar os fatores que regiam os níveis de emprego em uma economia industrial a partir do princípio da demanda efetiva.

(3)

3 O trabalho é, em nossa sociedade, quase que uma instituição, e sua importância bem poderia ser mensurada por um historiador que, no futuro, volvesse os olhos para este período da história, pelo simples fato de existirem nos dicionários inúmeros conceitos e locuções que o contemplam. Apenas De Plácido e Silva nos traz 37 locuções diversas que envolvem a palavra trabalho (DINIZ, 1998, p. 823- 824). Por ora, ressalte-se que, se apenas em tese se admitir a solução do problema econômico, seremos forçados a reavaliar a importância do trabalho na nossa sociedade, do trabalho subordinado ou da relação de emprego, formas mais usuais de satisfação das necessidades urgentes do homem. Relembre-se ainda aqui

Aristóteles (apud VIANNA et 01., 1993, p. 28), "[...] a escravidão poderá desaparecer quando a laçadeira do tear se movimentar sozinha".

1.2 Evolução histórica do trabalho humano

Se o trabalho, desde o início dos tempos, esteve associado à ideia de sofrimento e se era, ao mesmo tempo, essencial ao atendimento das necessidades absolutas do homem e da sociedade, durante muito tempo, na Antiguidade, consistiu na exploração forçada do homem pelo homem, pela escravidão, o modo de produção reinante. Dos conflitos das guerras, surge a escravidão. O vencedor que, inicialmente, privava o vencido da vida, passa agora a escravizá-Io, reduzi-lo à condição de coisa como forma de se apropriar de seu trabalho. Percebe, então, que vivo e escravizado o vencido apresenta maior utilidade, e surge assim a mais desprezível condição de exploração do homem já verificada na história da humanidade.

Na expressão de Orlando Gomes (1995b, p. 110): "O trabalhador era propriedade viva de outro homem, sobre cujos ombros recaíam os encargos de produção de riqueza"

Daí em diante, a escravidão se alastra quer pelas guerras, quer pelo nascimento, pois os que nasciam de pais escravos em geral preservavam tal condição. A praxe, disseminada durante a Antiguidade, teve em Roma e na Grécia ampla utilização, o que de certa forma apenas contribuiu para agregar ao trabalho uma conotação de desvalor infamante. Basta relembrar a classificação dos bens em Roma: instrumento vocal (escravo), instrumentos semivocais (bois, cavalos), instrumentos mudos (arado).

O escravo não se apresenta no mundo jurídico como titular de direitos, nem se lhe reconhece a possibilidade de contrair obrigações: não é sujeito de direito; é sim objeto de direito de outrem. A relação que se mantém não é outra senão de direito real entre o amo (dominus) e a coisa, o escravo (res). Não existe azo, portanto, nesse período, para se falar em Direito do Trabalho, pois o próprio modo de produção das sociedades da época era lastreado na escravidão, em que, como ficou dito, o que presta o trabalho escravo não é reconhecido como sujeito, mas como objeto de Direito, afasta tal possibilidade.

Era exíguo, na Grécia e em Roma, o trabalho prestado por homens livres. Não havia regulamentação que se assemelhasse, em seus contornos, à construção doutrinal do Direito Laboral3. sendo, ademais, de pouca importância na estrutura social o labor desenvolvido por esses homens livres. Daí por que não se nos afigura técnica qualquer referência ao Direito do Trabalho na Antiguidade, não obstante se reconheçam, mesmo em alguns Códigos de então, esparsas disposições sobre o trabalho humano.

Ainda assim, habitualmente, reportam-se os autores a um contrato de Direito Romano, a locatio conductio operarum, como antecedente remoto do contrato individual de trabalho. Acerca do trabalho dos homens livres de então fala Orlando Gomes que

[...] o Direito Romano o regulou como fruto de um contrato denominado - locatio conductio. Era um contrato que se realizava quando "se prometia, por certa paga, uma coisa para fruir, um serviço para prestar, uma obra para fazer".

Esse contrato podia apresentar-se sob três modalidades:

3 Segundo Domenico De Masi (1999, p, 19-20): "Na cidade onde se concentrava o 'gado humano' os escravos se desincumbiam

de grande parte do trabalho doméstico e de muitos serviços públicos. As casas mais ricas chegavam a ter até mil escravos; um ateniense médio tinha uma dezena; não ter nenhum escravo era sinal de extrema pobreza" E prossegue mais adiante: "Quanto à Itália, calcula-se que, ao fim do século I a.C, os escravos somassem 2 milhões numa população total de 6 milhões. Nos tempos do império, entre 50 a.C. e 150 d.C, nos territórios romanos, os escravos somavam 10 milhões, numa população total de 50 milhões".

(4)

4

locatio rei ou locação de coisa era o aluguel (arrendamento) de coisas, contrato pelo qual o locator se obrigava a proporcionar ao conductor, mediante pagamento, o desfrute ou uso dessa coisa. O objeto podia ser qualquer coisa corpórea, não consumível. O aluguel devia ser certo, determinado.

locatío operarum ou locação de serviços que era um contrato pelo qual uma pessoa se obrigava a prestar serviços durante certo tempo a outra, mediante uma remuneração.

locatio operis faciendi ou locação de obra que era o contrato pelo qual alguém se obrigava a executar uma obra a outra pessoa, mediante uma remuneração.

E prossegue, esclarecendo que os dois últimos tinham por objeto o trabalho humano, sendo que "[...] na locatio operarum, ao contrário, o que se leva em conta é o serviço" (GOMES, 1995b, p. 110).

Mesmo no Código de Hamurabi4 pode ser abstraída alguma regulamentação do trabalho humano, mas a larga utilização da mão-de-obra escrava obstava ao desenvolvimento do Direito do Trabalho.

A escravidão persiste na história do trabalho do homem, mesmo ao longo das demais fases, embora com âmbito cada vez mais restrito, chegando ao período contemporâneo e aos nossos dias. Até em nosso país, são por vezes noticiados relatos de sua prática. De todo modo, em um segundo momento, surge outro modo de produção, a servidão.

O servo, se cotejado com o escravo, apresenta um grau de liberdade superior. Reconhece-se-lhe a titularidade de direitos, o caráter de pessoa, ainda que persista, em relação a este, uma série de limitações que o aproximam do regime da escravidão. Característica marcante da Idade Média, a servidão seria banida na França no período da Revolução; já na Rússia, persistiu quase até o século XX. Assim, ao servo se reconhecia a qualidade de pessoa, logo, titular de direitos e obrigações, sofrendo, entretanto, sérias restrições de deslocamento.

No regime de então, o Feudalismo, era a terra a grande produtora de riquezas e o servo a mão-de-obra a ser apropriada. Este era visto quase como uma "benfeitoria humana”, tanto que, caso desejasse deslocar-se do local onde habitava, haveria de requerer permissão ao seu senhor, bem como àqueloutro onde pretendia se estabelecer. Demais disso, encontrava-se sujeito à pesada tributação pela utilização da terra, de toda sorte e gênero; "[...] até mesmo quando se casava uma jovem, para obter a licença do senhor da terra, havia que lhe pagar uma quantia (merchet)". (VIANNA et 01., 1993, p. 30). A condição de servo era hereditária, passava de pai para filho, e, se Ihes era permitido ser proprietários de bens, o imposto de transmissão da herança solapava o patrimônio amealhado.

Completando o quadro, encontravam-se sujeitos ao poder político e militar do senhor, que os podia mobilizar para a guerra.

Com o reaparecimento das cidades, para as quais se torna crescente a migração do homem, a servidão sofre um impacto. Surge uma nova forma de organização do trabalho: as corporações de ofício. Fugindo das restrições derivadas da servidão, organizam-se os trabalhadores a partir da atividade que desempenham, como ainda aqui pontificam Segadas Vianna et al. (1993, p. 31) "[...] a identidade de profissão, como forma de aproximação entre homens, obrigava-os, para assegurar direitos e prerrogativas, a se unir, e começaram a repontar, aqui e ali, as corporações de ofício ou 'Associações de Artes e Misteres"'.

O trabalho de então não era livre, uma vez que somente se permitia o exercício da profissão aos que fizessem parte da corporação.

Gradativamente, com a regulamentação da aprendizagem e a organização hierárquica, sofreria a corporação de ofício sua forma mais usual. Nela se organizavam três níveis hierárquicos precisos: abaixo, os aprendizes, seguidos dos companheiros, todos submetidos ao mestre. A perspectiva que se apresentava aos aprendizes era a de que, aos poucos, fossem galgando degraus, até que, depois de terem aprovada uma obra-prima

4 Hamurabi (2067-2025 a.C) foi o reunificador da Mesopotâmia e fundador do Primeiro Império Babilônico, tendo como maior

realização a centralização jurídica através do célebre Código de Hamurabi (1994, p. 38). Nele, contempla dispositivos sobre trabalho de médicos (art. 215 a 223), veterinários (art. 224 a 225), barbeiros (226 a 227), dentre outras categorias de trabalhadores, por exemplo, "Art. 228. Se um pedreiro edificou uma casa para um homem e lha terminou, ele dará como honorários para cada sar (medida agrária equivalente a 35 metros quadrados) de casa dois siclos de prata".

(5)

5 ou obra-mestra, passassem eles próprios ao topo da hierarquia. Descortinou-se, todavia, um quadro diverso, pois, de modo a preservar o mercado contra uma proliferação de corporações e consequente derrocada dos preços dos produtos, iniciou-se um aburguesamento das corporações.

Tamanhos eram os encargos e dificuldades para a elaboração da obra-prima que se estabeleceu, no seio da corporação, uma verdadeira estrutura de castas.

Passando por um período em que se permeariam as corporações por ingerência do poder público, viriam a representar mais tarde, pela força que passaram a assumir, uma ameaça à nova ordem nascente, sendo extintas em 17 de junho de 1791 pela Lei Le Chapelier, que, preconizando a liberdade de trabalho, entendia-as como atentatórias aos direitos do homem e do cidadão. Tratava-se da primeira Revolução Industrial.

1.2.1 A primeira Revolução Tecnológica

Usualmente se reportam os autores à Revolução Industrial como precedente necessário ao surgimento do Direito do Trabalho. Antes de tratar especificamente desse fato, porém, cumpre ressaltar que ao longo da História distinguem-se três revoluções na tecnologia, albergáveis sob tal denominação e ligadas à modificação das fontes de energia utilizadas na indústria.

Nesse sentido, há o magistério de Romita (1997, p. 16):

A observação dos fatos históricos que caracterizam a evolução do capitalismo permite discernir três revoluções industriais: 1ª - fins do século XVIII, princípios do século XIX: proporcionada pela produção de motores a vapor por meio de máquinas; 2ª - fins do século XIX, princípios do século XX: desenvolvimento e aplicação do motor elétrico e do motor à explosão; 3ª - a partir da Segunda Guerra Mundial (1940 nos Estados Unidos e 1945 nos demais países): automação por meio de aparelhos eletrônicos. Observa-se sempre a apropriação de fontes energéticas distintas, que ditam as transformações nos meios de produção, as quais por seu turno vão gerar mudanças na organização do trabalho, com as consequências sociais conhecidas, Na primeira revolução industrial, o vapor d'água; na segunda, a eletricidade e o petróleo; na terceira, a eletrônica e a energia atômica.

Sinteticamente, poderíamos conceituar a Revolução Industrial (primeira Revolução Tecnológica) como um processo de mecanização em inúmeros setores produtivos, gerando uma substituição da força muscular humana e animal.

David S. Landes, conceituado historiador, citado por De Masi, conceitua a Revolução Industrial como "[...] complexo de inovações tecnológicas que, substituindo a habilidade humana por máquinas e o esforço físico de homens e animais por energia inanimada, possibilitaram a passagem do artesanato à manufatura, criando assim uma economia moderna" (1999, p. 39-40).

Um agrupamento de fatores propiciou a eclosão da Revolução Industrial, dos quais três foram determinantes: o acúmulo de capitais oriundo do mercantilismo; a farta mão-de-obra existente nas cidades, por força do processo migratório, uma vez que vislumbravam os trabalhadores nas cidades melhores condições de vida; as inovações tecnológicas como a máquina a vapor5, a máquina de fiar (1738), o tear mecânico (1784).

É necessário acrescentar que, ao lado das inovações tecnológicas, surgiriam, mais tarde, importantes inovações organizacionais a partir das ideias de Frederick Taylor e de sua concepção de organização científica do trabalho.6

5 Noticia Amauri Mascaro Nascimento (1996, p. 5) que [...] a primeira máquina a vapor saiu das fábricas de Soho, em 1775,

destinando-se a uma mina de carvão. Depois, outra máquina foi feita para mover altos-fornos, em Broseley. Assim, a produção mecânica do movimento punha-se em substituição à produção hidráulica. As suas aplicações subsequentes foram muitas, servindo para o abastecimento de águas de Paris, para as empresas industriais da Inglaterra, para as atividades dos moinhos, para a indústria cerâmica e, também, para a Indústria de tecelagem. Na Inglaterra, em 1800, podiam-se contar 11 máquinas a vapor em Birmignham, 20 em Leeds e 32 em Manchester".

6 A aplicação mais efetiva à produção do conhecimento científico determinante na otimização da produtividade, Segundo De

Masi (1999, p. 43i, "[...] graças à introdução de seus princípios de organização em um departamento em Midvale, onde se torneavam aros de aço, a produção aumentou no mínimo em 33% com 05 mesmos operários e as mesmas máquinas. Em outra

(6)

6 Da conjunção dos três fatores supra indicados surge o fenômeno conhecido como primeira Revolução Industrial, bem sintetizado nas precisas palavras de Arion Sayão Romita (1997, p. 17): "[...] apesar da diversidade de datas, as suas características e efeitos são basicamente os mesmos, em toda a parte. Ela está sempre relacionada com o crescimento da população, com a aplicação da ciência à indústria e com o uso do capital de forma mais intensa e mais extensa”.

A primeira Revolução Industrial e os efeitos sociais por ela gerados, associados aos valores vigentes naquele período histórico, serão decisivos para o surgimento do Direito do Trabalho, pois serão a fonte material7 de toda uma construção jurídica engendrada para muitos, com uma finalidade específica: proteger o proletariado de então da situação abjeta e desumana vivenciada pelos trabalhadores.

1.3 Surgimento do Direito do Trabalho

A Revolução Industrial causou profundas repercussões na vida econômica e social. Se o grande contingente de mão-de-obra foi um dos fatores de eclosão da Revolução Industrial, como frisamos alhures, a substituição do homem pela máquina era a constante que desequilibrava. A máquina, ao mesmo tempo em que impulsionava a produção, gerava desemprego.

À medida que crescia a mecanização, menor era a demanda por trabalhadores, já que uma única máquina era capaz de substituir dez, cem ou mil trabalhadores, com vantagens evidentes, pois não se fatigava ou necessitava de repouso. Se tal fato por si só refletia nos custos de produção, uma segunda perversa equação tomava forma. Vigorava no plano das ideias o liberalismo. O indivíduo era a pedra de toque, livre sob todas as formas, liberdade política, liberdade econômica e, o que mais de perto nos interessa, liberdade para contratar.

O ideário poderia ser resumido no célebre "laissez-faire, laissez-passer". A burguesia nascente buscava assegurar-se em face do Estado antes despótico, e o fazia na medida em que teorizava seu afastamento da economia e limitava sua ação à de mero garantidor das liberdades individuais.

Disso nos fala Mascaro Nascimento (1996, p. 18): No plano político, o individualismo se reveste de características predominantes de tutela dos direitos civis; na esfera econômica parte do pressuposto coerente da existência de uma ordem econômica natural e que se forma espontaneamente, independendo da atuação do Estado, que, assim, deve omitir-se, deixar fazer.

Quanto ao trabalho, era reconhecido como livre, sendo qualquer restrição atentatória aos direitos do homem e do cidadão, tanto assim que foram abolidas as corporações de ofício. Na esfera do Direito, o ideário liberal ecoara reforçando a ideia do Direito Civil de igualdade das partes. As partes empregado e empregador poderiam, então, contratar da forma que melhor Ihes aprouvesse. Eis a sutileza da construção: qualquer interferência do Estado se afigurava como ilegítima e violadora das liberdades individuais.

O contingente crescente de mão-de-obra; a diminuição da demanda das indústrias por trabalhadores, em face do progressivo aumento da mecanização e substituição do homem pela máquina; o ideário liberal que pregava a não-intervenção do Estado nas relações da economia, e muito menos nos contratos, determinaram a

fábrica, a Sysmonds Rolling Machine, onde se produziam rolamentos para bicicletas, para efeitos de organização científica 35 moças conseguiram dar conta de um volume de trabalho para o qual antes eram necessárias 120. Seu salário foi dobrado, a jornada de trabalho reduzida de dez para oito horas e meia, e as perdas da produção diminuíram em 58%".

7

O conceito de fonte material pode ser apreendido a partir das lições de Maria Helena Diniz (1996, o. 573-574): "Fonte material ou real que aponta a origem do direito, configurando sua gênese, condicionando seu desenvolvimento e determinando o conteúdo das normas. Fontes materiais ou reais são não só os fatores sociais, que abrangem os históricos, os religiosos, os naturais (clima, solo, raça, natureza geográfica do território e constituição anatômica e psicológica do homem), os demográficos, os higiênicos, os políticos, os econômicos e os morais (honestidade, decoro, decência, fidelidade, respeito ao próximo), mas também 05 valores de cada época (ordem, segurança, paz social, justiça), dos quais fluem as normas jurídico-positivas" [...] "Tais fatores decorrem das convicções, das ideologias e das necessidades de cada povo, em certa época. Atuam como fontes de produção do direito positivo, pois condicionam o aparecimento e as transformações das normas jurídicas. As fontes materiais, portanto, não são o direito positivo, mas o conjunto de fatos sociais determinantes do conteúdo do direito e dos valores que o direito procura realizar fundamentalmente sintetizados no conceito amplo de justiça"

(7)

7 incidência da única lei conhecida pelo mercado: a da oferta e da procura. À medida que aumentava a demanda por trabalho e diminuía sua oferta, a tarifa paga (salário) decaía de forma vertiginosa.

A completar o quadro, era usual a utilização das chamadas "meias-forças”, ou seja, trabalho do menor, trabalho da mulher, cuja remuneração era ainda inferior a do trabalhador maior, do sexo masculino. A consequência foi o aviltamento das condições de trabalho.

As novas fábricas eram ambientes inóspitos, com pouca ou nenhuma ventilação; as jornadas de trabalho eram de sol a sol, sem quaisquer interrupções anuais ou semanais, e com escassos intervalos intrajornada; acidentes de trabalho eram frequentes, não existindo qualquer aparato de proteção aos acidentados; os patamares salariais caíam dia a dia e a sociedade bipartia-se em duas classes antagônicas: burguesia e proletariado.

Segadas Vianna et al. (1993, p. 35) traça com precisão o quadro existente:

No seu supermundo, em monopólio absoluto, os ricos avocavam para si todos os favores e todas as benesses da civilização e da cultura: a opulência e as comodidades dos palácios, a fartura transbordante das ucharias, as galas e os encantos da sociabilidade e do mundanismo, as honrarias e os ouropéis das magistraturas do Estado. Em suma: a saúde, o repouso, a tranquilidade, a paz, o triunfo, a segurança do futuro para si e para os seus.

No seu inframundo repululava a população operária: era toda uma ralé fatigada, sórdida, andrajosa, esgotada pelo trabalho e pela subalimentação; inteiramente afastada das magistraturas do Estado; vivendo em mansardas escuras, carecida dos recursos mais elementares de higiene individual e coletiva; oprimida pela deficiência dos salários; angustiada pela instabilidade do emprego; atormentada pela insegurança do futuro, próprio e da prole; estropiada pelos acidentes sem reparação; abatida pela miséria sem socorro; torturada na desesperança da invalidez e da velhice sem pão, sem abrigo, sem amparo.

A igualdade formal tinha-se revelado uma abstração e lançado a sociedade em uma odisseia autodestrutiva. A miséria fez surgir nos trabalhadores a consciência de classe, a clareza de que a situação vivenciada individualmente era comum aos demais, manifestando-se a tendência ao associativismo.

Surgem então as primeiras revoltas, as quais se dirigiam quase que de maneira inocente contra o que parecia aos trabalhadores o causador da miséria em que viviam: as máquinas. A solução pensada era a destruição destas, e com isso retornariam os empregos e viria a melhoria da sua condição social: eram os ludistas.

Com formas diversas, as crescentes revoltas desestruturavam a produção, atingiam em cheio o lucro e chamavam a atenção do antes impassível Estado. Conspurcada a paz das relações de produção, viu-se o Estado forçado a intervir, e o fez invocando o poder de polícia, uma vez que persistia atado às ideias liberais. As greves eram violentamente reprimidas e proibidas as associações de todos os gêneros, inclusive as de trabalhadores, elevada a proibição a tipo penal.8

A situação de fato, ainda assim, pouco se alterou. A situação aterradora do proletariado não passou de todo despercebida à burguesia: existiram vozes que se levantavam, a exemplo do industrial inglês Robert Owen. Mas as primeiras normas do Direito do Trabalho surgiriam mesmo de forma autônoma, por concessão dos empregadores, que, desejosos de restaurar a paz no ambiente de produção, por vezes concederam algumas das reivindicações dos trabalhadores. Apenas em momento posterior o Estado se vê guindado a regulamentar as relações de trabalho; verifica-se aí o chamado movimento ascendente.9

Impendia uma revisão das ideias liberais, para as quais influíram vários aspectos. A doutrina social da Igreja exerceu papel determinante no surgimento do Direito do Trabalho. A visão de solidariedade e sentimento cristão para com os trabalhadores, justiça social, todas reveladas nas Encíclicas Papais desde a Rerum Novarum, serão determinantes para justificar uma nova postura por parte do Estado.

8

É o que se verifica na Lei contra a Conjura (1799/1800), em que o sindicalismo é tido como movimento criminoso.

9

Reconhece Segadas Vianna et ai. (1993, p. 55~56) que, em quase todo o mundo. as normas em Direito do Trabalho tiveram tal origem, e assim se reporta: "Os movimentos ascendentes, que deram origem às legislações trabalhistas do México, Inglaterra e França, caracterizavam-se pela sua coexistência com uma história social marcada pela luta de classes, com trabalhadores fortemente apoiados por suas organizações profissionais, com o espírito de classe bem nítido e com a existência de indústrias ou atividades produtivas arregimentando grandes massas de trabalhadores"

(8)

8 A encíclica Rerum Novarum foi publicada em 15 de maio de 1891 pelo Papa Leão XIII, e proclama a necessidade da união entre as classes do capital e do trabalho. Pontifica uma fase de transição para a justiça social, traçando regras para a intervenção estatal na relação entre empregado e empregador. O Papa dizia que "não pode haver capital sem trabalho, nem trabalho sem capital".

O trabalho deve ser considerado, na teoria e na prática, não mercadoria, mas um modo de expressão direta da pessoa humana. Sua remuneração não pode ser deixada à mercê do jogo automático das leis de mercado, deve ser estabelecida segundo as normas de justiça e equidade.

Falava das condições dos trabalhadores. A questão social (falta de garantias aos trabalhadores) mereceu consideração. Condenou a exploração do empregado, a especulação com sua miséria e os baixos salários. O Estado não poderia apenas assistir àquela situação, agora era indispensável a sua presença para regular, mesmo que de forma mínima, as relações de trabalho.

A propriedade privada é um direito natural que o Estado não pode suprimir. Ao Estado compete zelar para que as relações de trabalho sejam reguladas segundo a justiça e a eqüidade. A Encíclica condena a influência da riqueza nas mãos de pequeno número ao lado da indigência da multidão. Nela se apontou o dever do Estado de zelar pela harmonia social. A classe indigente, sem riquezas que a protejam da injustiça, conta principalmente com a proteção do Estado.

A palavra do sacerdote impressionou todo o mundo cristão, incentivando o interesse dos governantes pelas classes trabalhadoras, dando força para sua intervenção nos direitos individuais em benefício dos interesses coletivos.

O Manifesto Comunista irá suscitar, nos trabalhadores, um novo ânimo pela luta e, na burguesia, a revisão da postura diante da questão social, mormente a partir dos Congressos da Internacional Socialista e da Revolução Comunista na Rússia (1917).

Em 1848 o Manifesto Comunista publicado por Marx e Engels. Criticava as condições de trabalho da época e exigia mudanças em benefício do mundo obreiro. O Manifesto teve grande relevância nas lutas proletárias, do espírito de luta do proletariado contra o capitalismo. Ajudou a despertar a consciência dos trabalhadores, a lutar pelos seus direitos. Seu lema básico era: "Trabalhadores de todos os países, uni-vos".

Karl Marx procurou estudar as instituições capitalistas e compreendeu que o capitalismo se baseia na exploração do trabalho pelos donos dos meios de produção. Propõe a Revolução como única saída: a classe trabalhadora revolucionária implantaria o Socialismo, derrubando, pela força, todas as condições sociais existentes. Pregava a união dos trabalhadores para a construção de uma ditadura do proletariado, para suprimir o capital, com uma passagem prévia pela apropriação estatal dos bens de produção, e posteriormente, uma sociedade comunista. O ponto fundamental do programa do comunismo era a abolição da propriedade privada burguesa, base da exploração capitalista. E se faria através da Revolução Proletária.

Os socialistas pretendem substituir a ordem social fundada na liberdade individual, na propriedade privada e na liberdade contratual, por outra ordem, baseada no primado social, quando a prosperidade e o controle dos meios de produção devem estar nas mãos do Estado.

Karl Marx afirmava que a nova revolução celebra a vitória dos industriais na pele dos trabalhadores, reduzidos a mercadorias: "Esses operários, que são obrigados a vender-se por minuto, são uma mercadoria como qualquer outro artigo comercial.

[...] Com a difusão do uso das máquinas e a divisão do trabalho, o trabalho proletário perdeu todo o caráter independente e com isso todo o atrativo para o operário, que passa a ser um simples acessório da máquina e ao qual se pede apenas uma operação manual simplíssima, extremamente monótona e facílima de aprender. [...] Operários concentrados em massa nas fábricas são organizados militarmente e dispostos como meros soldados da indústria, sob a vigilância de toda uma hierarquia de suboficiais e oficiais". O trabalho, que deveria ser a mais alta expressão do homem, o reduz à mercadoria da indústria capitalista, faz regredir cada trabalhador ao nível de classe subalterna.

O remédio está na eliminação da divisão entre produtores e proprietários dos meios de produção. Só quando os trabalhadores se tiverem apropriado das fábricas terminará a sua transformação em mercadoria. Para que isso aconteça, é preciso que os proletários se reconheçam como portadores de interesses comuns, unam-se a

(9)

9 nível mundial, organizem-se em classe antagonista e cumpram a sua revolução proletária, fundando uma nova sociedade finalmente sem classes e sem Estado.

Do mesmo modo, será decisiva a Primeira Guerra Mundial (1914-1918).

O esforço bélico trazia a necessidade de paz na produção, sob pena de naufragar o Estado beligerante. Surge um novo Estado, disposto a intervir no domínio econômico e no âmbito contratual. Reconhece-se agora que se as partes (empregado e empregador) são no plano formal iguais, materialmente são diferentes.

Houve necessidade do deslocamento de massa masculina para lutar. Para que a produção sustentasse a guerra, era necessário incentivar os trabalhadores. Os governos de muitas nações precisavam interessar-se pelos problemas do trabalho.

O direito do trabalho não surgiu instantaneamente. Há uma flutuação de valores, de ideias até que o direito surgisse. Esse direito foi sendo processado de forma lenta, em etapas. Fazia-se inadiável a criação de um direito novo, estourando as muralhas do individualismo da sociedade burguesa, para harmonizar as relações entre capital e trabalho. O direito que surge terá que ser profundamente tutelar, protetivo, valorizando o coletivo. Abertamente se pleiteava o estabelecimento de uma legislação do trabalho e até a criação de um Ministério para cuidar dos problemas do proletariado. Dessa forma, o Estado começa a limitar, a destruir a diferença entre classes e grupos, a fazer sobressair o interesse coletivo, tornando relativo o direito individual, limitando o seu exercício quando ele contraísse o interesse da sociedade.

Percebe-se, para citar Lacordaire (apud VIANNA et 01., 1993, p, 37), que "[...] entre o forte e o fraco, entre o rico e o pobre, é a liberdade que escraviza, é a lei que liberta".

A fórmula encontrada se aparta em absoluto dos princípios do Direito Civil da época. Reconhece o Estado que as partes na relação de trabalho são desiguais economicamente: de um lado se encontra a opulência do empregador e de outro, a hipossuficiência do empregado. A forma de igualar desiguais é desigualando; cria-se, então, uma outra desigualdade, igual e em sentido inverso, agora jurídica, como forma de restabelecer a igualdade substancial entre empregado e empregador.

Busca-se compensar a inferioridade econômica do empregado outorgando-lhe superioridade jurídica. Surge o princípio da proteção, o Direito do Trabalho e o Estado do bem-estar, Welfare State. Quebra-se com o princípio da igualdade, alicerce do Direito Civil, fazendo-se surgir uma nova disciplina jurídica, que dele se aparta, qual seja, o Direito do Trabalho.

O Estado passa a intervir ativamente nas relações de trabalho, editando normas sobre os seus vários aspectos: salário mínimo, jornada de trabalho, higiene e segurança no trabalho, entre outros. Fala-se em dírígismo contratual e se debate os autores em adaptar a nova realidade ao arcabouço jurídico conhecido.

Apreendendo e sintetizando em boa medida as mudanças, assim se expressa Orlando Teixeira da Costa (1998, p. 23):

Com isso, estabeleceu-se um modus vivendi amparado por um preceito ético, por uma preocupação e por uma técnica. Preceito ético: a melhoria das condições de vida do trabalhador. Preocupação: a proteção jurídica daqueles que se apresentavam numa posição extremamente desvantajosa no contexto de uma relação. Técnica: a superação relativa da inferioridade econômica do trabalhador, ante a superioridade econômica do patrão, por meio de uma forma de compensação jurídica, que acabou por esboçar a função essencial do Direito do Trabalho nascente.

A partir do término da Primeira Guerra Mundial, pronuncia-se tendência à internacionalização do Direito do Trabalho, sendo relevante o Tratado de Versalhes, que institui a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e sedimenta os princípios básicos do Direito Laboral.

Usualmente se dividem em quatro as fases pelas quais passou o Direito do Trabalho no mundo, ao longo de sua evolução, com referência necessária à obra de Granizo-Rothvoss (apud OLIVEIRA, 1994, p. 70; MARANHÃO, 1993, p. 18-20): a primeira até 1848 (formação); de 1848 a 1890 (intensificação); de 1890 a 1919 (consolidação) e de 1919 até os dias de hoje (autonomia).

Ao longo da primeira fase, surgem, fruto da preocupação do Estado com a questão social, as primeiras normas do Direito do Trabalho. Destaca-se a Moral and Health Act, de 1802, também conhecida como Lei de Peel, e que teve o berço exatamente na Inglaterra, a qual tomara a dianteira na Revolução Industrial. A Lei de Peel proibia o trabalho noturno dos menores e limitava a jornada a 12 horas por dia. A França, em 1841, por meio da primeira lei

(10)

10 social daquele país, já referida acima, proíbe o trabalho aos menores de oito anos. Iniciativas semelhantes seriam adotadas em 1839 na Alemanha e, em 1843, na Itália.

As primeiras leis a disciplinar matéria relativa ao Direito do Trabalho tiveram duas preocupações básicas: restringir a utilização do trabalho do menor, fixando idade para ingresso no mercado de trabalho, e estabelecer um limite máximo para a duração do trabalho, quer diária (jornada), quer semanal ou anual. A produção legislativa nesse período era tímida e "inorgânica".

Em 1848, inicia-se a segunda fase da evolução do Direito do Trabalho, com a publicação do Manifesto Comunista. As agitações das massas operárias que se seguiram na Europa conduzem a uma intensificação do processo legislativo. Busca-se normatizar o Direito do Trabalho como forma mesmo de sustentar o modo de produção capitalista, revelando aqui a face histórica oculta deste ramo do Direito, qual seja, a de mediar a relação entre capital e trabalho e com isso possibilitar uma exploração autossustentável do trabalho pelo capital, arrefecendo o espírito de luta da classe operária.

Data dessa época a primeira Lei de Seguro Social, de 1883, na França. Em 1884, consagra-se a liberdade de associação e é reduzida a jornada de trabalho para 10 horas. Em 1890, desponta a Encíclica Rerum Novarum, manifestando ao mundo a preocupação da Igreja com a questão social e preconizando a aplicação dos preceitos cristãos à relação capital-trabalho.

Já existe, então, um corpo relativamente vasto de leis acerca de Direito do Trabalho. Inicia-se a reunião das normas existentes, entre as quais já se vislumbra o seu traço sistemático. Cria-se em 1890, na Alemanha, uma estrutura judiciária para o julgamento de dissídios trabalhistas, e, em 1917, pela primeira vez na história, passa o trabalho a ser matéria constitucional, sendo incorporado ao texto da Constituição mexicana.

Em 1919, o Tratado de Versalhes cria a OIT e sedimenta os princípios universais do Direito do Trabalho. Com a Constituição de Weimar (1919), alastra-se a constitucionalização do Direito do Trabalho. A partir de então, desponta o Direito Laboral como disciplina jurídica autônoma, composta por um corpo de princípios peculiares e dotada de institutos próprios irredutíveis às fórmulas clássicas de outros ramos do Direito. Reconhece-se que o trabalho, indissociável de quem o presta, deve ser garantido como forma mesmo de se atingir a dignidade da pessoa humana, não comportando nessa medida tratamento como simples meio de troca ou como mercadoria.

A evolução do Direito Laboral, porém, não cessou. Poderíamos mesmo discernir uma quinta fase do Direito do Trabalho, a da flexibilização ou adaptabilidade, a principiar com a revolução tecnológica (terceira Revolução Industrial) e a quebra da relação entre o incremento da produção/criação de postos de trabalho. Com a crise do petróleo (1970) e com a hegemonia de uma única nação sobre as demais (notadamente a partir da queda do muro de Berlim, em 1990), podemos hoje pensar em uma revisão dos princípios clássicos, uma ruptura com a forma original de proteção: a proliferação dos contratos por tempo determinado; a retificação do contrato de trabalho; a f1exibilização do Direito Laboral; sua desconstitucionalização parcial e re-regulamentação; enfim, há uma profunda e completa revisão dogmática a se refletir em ideias como a do nominado Direito do Trabalho de Crise (NASCIMENTO, 1998, p. 39).

1.4 Constituições que influenciaram o direito do trabalho:

CONSTITUIÇÃO DO MÉXICO (1917) - A constituição Mexicana deu início ao movimento do Constitucionalismo Social, que propõe a inclusão de Direitos Trabalhistas e Sociais fundamentais nos textos das Constituições.

Em seu art. 123, com 31 incisos, seu texto incluía direitos à jornada normal diária de oito horas e noturna de sete horas, proibição do trabalho de menores de 12 anos, repouso semanal, salário mínimo, horas extras, proteção contra acidentes do trabalho, higiene e segurança do trabalho, direito de greve.

Apesar de grande parte destas disposições serem conhecidas já em outras nações, a ideia de fazer do direito do trabalho um mínimo de garantias em benefício da classe trabalhadora e a de incorporar essas garantias na Constituição, para protegê-las contra qualquer política de legislador ordinário, são próprias do Direito Mexicano, no qual foram pela primeira vez consignadas.

A CONSTITUIÇÃO DE WEIMAR – A Republica de Weimar, período entre 1919 a 1933 na Alemanha, de caráter parlamentar, democrático e social, elaborou sua Constituição com um conjunto de preceitos trabalhistas tido

(11)

11 por muitos como basilares das novas democracias sociais. Serviu de inspiração para várias Constituições européias do período.

CARTA DEL LAVORO (1927) – Formulada na Itália no período fascista de Benito Mussolini, tem como premissa uma ordem política e trabalhista centralizada em forte intervenção estatal. Tem como princípio a integração dos fins econômicos entre os fins do Estado, de maneira que os produtores e suas associações são transformados em órgãos da política econômica estatal, importando em sua responsabilidade pública para que colaborem com a categoria econômica e profissional para a estruturação jurídica de órgãos que permitam a realização desses fins.

A empresa, neste sistema corporativo, continua com as relações que de desenvolvem ao seu redor, sujeito às normas de direito privado, entretanto, o empresário terá uma responsabilidade de direito público, porque o corporativismo considera a organização privada uma função de interesse nacional.

De forma sintética a formação histórica do direito do trabalho pode ser dividida em quatro grandes períodos, a saber:

1º PERÍODO: DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL ATÉ O MANIFESTO COMUNISTA

1. A Revolução Industrial (principalmente a máquina a vapor) vai gerar a questão social, que se traduz pela luta organizada entre grupos que possuem capital e grupos que possuem a força de trabalho

2. A Revolução Francesa de 1789 proclama a liberdade absoluta de trabalho, antes sujeita à autorização do soberano, pelo regime das corporações de ofício.

3. O Estado não interfere nas atividades laborais. 4. Doutrina de Karl Marx:

• materialismo histórico • luta de classes

• socialização da produção e abolição da propriedade privada • teoria da mais-valia

5. Manifesto Comunista de Karl Marx e Friedrich Engels, em 1848. 6. A Revolução de 1848 na França.

2º PERÍODO: DO MANIFESTO COMUNISTA ATÉ A ENCÍCLICA RERUM NOVARUM

1. Após a publicação do Manifesto Comunista, segue-se a fundação da Primeira Internacional, lançando as bases dos Partidos Comunistas.

2. A Revolução de 1848 na França constitui um primeiro ensaio de reformas sociais.

3. Criação da Comissão de Luxemburgo, composta de dez trabalhadores e de dez empregadores, encarregada de assuntos do trabalho.

4. Algumas concessões aos trabalhadores.

5. Lei “Waldeck-Rousseau” (21.03.1884), assegurando a liberdade sindical. 6. Surgem novas teorias sobre responsabilidade civil.

7. Encíclica Rerum Novarum.

3º PERÍODO: DA ENCÍCLICA RERUM NOVARUM ATÉ O TRATADO DE VERSALHES 1. Encíclica Rerum Novarum, do Papa Leão XIII, em 1890 ou 91.

2. Apoio da Igreja ao intervencionismo do Estado, buscando a justiça social e econômica.

3. A preocupação central da Encíclica foi a de estudar o “estado e condições dos trabalhadores”, embora se referisse às “coisas novas”.

4. A implantação do comunismo, na Rússia, em 1917.

5. A 1ª Guerra Mundial, de 1914 a 1918; durante esse período os trabalhadores dispenderam um grande esforço nas fábricas e nos campos de batalha.

6. Quando se começa a pensar na paz, é exigida a representação dos trabalhadores para realçar a justiça social e econômica.

7. Tratado de Paz, assinado em Versalhes.

4º PERÍODO: DO TRATADO DE VERSALHES ATÉ OS NOSSOS DIAS 1. O Tratado de Versalhes foi assinado em 28.06.1919.

(12)

12 2. Foi nomeada uma comissão que acabou por criar um Organismo com o objetivo de ditar “Recomendações” em matéria trabalhista.

3. Cria-se, então, a Organização Internacional do Trabalho - OIT.

4. A legislação do trabalho moderna tenta conciliar o direito do trabalho com a realidade econômica. 5. “Constitucionalismo Social”, com as Constituições do México (1917) e de Weimar (1919).

1.5 Evolução do Direito do Trabalho no Brasil

1.5.1. Período inicial

No Brasil, o Direito do Trabalho teve origem diferente do resto do mundo. Enquanto no estrangeiro a produção significativa de normas trabalhistas decorreu de fontes autônomas, convenções e acordos coletivos de trabalho, no Brasil a produção das normas trabalhistas em sua quase totalidade deveu-se às fontes heterônomas. Antes da formação de uma consciência de classe plena, o que daria aos trabalhadores a força coletiva, elemento base de uma atuação reivindicatória de sucesso, o Estado baixou leis regulando minuciosamente todas as condições de trabalho na empresa, outorgando aos trabalhadores o que havia de melhor e mais avançado no mundo do trabalho até então.

Se o Direito do Trabalho surgiu da força coletiva dos trabalhadores, caracterizando-se como um direito de conquista, no dizer de José Augusto Rodrigues Pinto, no Brasil ele começou pelo direito individual, sendo outorgado pelo Estado. Por essas razões, entendemos peculiar o contexto político-social que dá suporte ao nosso ordenamento jurídico trabalhista, fazendo fracassar as soluções importadas de outros sistemas jurídicos para resolver os nossos problemas relacionados ao conflito capital/trabalho.

Antes do trabalho com os elementos caracterizadores da relação de emprego, tivemos o trabalho escravo, o colonato e as corporações de ofício. Os escravos daqui tinham uma situação similar a de qualquer outro escravo em qualquer lugar do mundo. Diferentemente dos servos dos senhores feudais da Europa, tivemos no Brasil os colonos, que eram trabalhadores livres e ligados à terra pela figura jurídica do arrendamento de prédio rústico. Algumas corporações de ofício existiram no Brasil, mas não chegaram a possuir a influência e a importância de suas congêneres no estrangeiro. Sendo organismos limitativos da liberdade individual e contrários aos princípios do liberalismo, as corporações foram proibidas de funcionar no Brasil pela Constituição Imperial de 1824.

Com a abolição da escravidão e Proclamação da República, instalou-se no Brasil um governo orientado pela filosofia do liberalismo, cuja orientação no campo econômico era: laisser faire, laisser passer, um verdadeiro entrave à normatização e à evolução do Direito do Trabalho.

O posicionamento da filosofia do liberalismo sobre o Direito do Trabalho foi muito bem expressado pelo Vice-Presidente, Manuel Vitorino Pereira - no exercício da Presidência - ao vetar projeto do Senador Moraes e Barros regulando a locação agrícola, cujas razões foram transcritas pelo professor Amauri Mascaro Nascimento ao escrever sobre a história do Direito do Trabalho no Brasil:

[...] Segundo o princípio da igualdade perante a lei (art.72, § 2°, da Constituição), a locação de serviço agrícola deve ser regulada pelos princípios de direito comum e não por um regime processual e penal de exceção. Nas sociedades civilizadas a atividade humana se exerce em quase todas as suas formas sob o regime de contrato. Intervir o Estado na formação dos contratos é restringir a liberdade dos contratantes, e ferir a liberdade e a atividade individual nas suas mais elevadas e constantes manifestações, é limitar o livre exercício de todas as profissões, garantidas em toda a sua plenitude pelo art. 72, § 2°, da Constituição. O papel do Estado nos regimes livres é assistir, como simples espectador à formação dos contratos e só intervir para assegurar os efeitos e as consequências dos contratos livremente realizados. Por esta forma o Estado não limita, não diminui, mas amplia a ação de liberdade e de atividade individual, garantindo os seus direitos.”

(13)

13 1.5.2 Revolução de 1930

Apesar da expansão e do avanço da filosofia liberal no mundo, havia os que se opunham aos seus postulados e defendiam a intervenção estatal nas relações sociais privadas como forma de garantir a efetiva liberdade dos contratantes, principalmente nas negociações sobre condições de trabalho do empregado, a parte economicamente fraca na relação de emprego, com o patronato. Os contrários ao liberalismo e à omissão do Estado, pregavam o dirigismo contratual nas relações de trabalho e a limitação da esfera negocial das partes, posto que a plena liberdade de contratar tinha levado a classe trabalhadora a mais baixa condição de vida, a uma situação de miséria absoluta e sem precedentes para ela.

Com a Revolução de 1930 e a ascensão de Getúlio Vargas ao poder, a ordem jurídica trabalhista foi profundamente alterada pela intensa produção legislativa e adquiriu a estrutura que até hoje rege as relações entre o capital e o trabalho no Brasil, sendo inclusive criado o Ministério do Trabalho. O direcionamento político de Vargas era de oposição ao liberalismo e de defesa da intervenção do Estado na ordem econômica e social, para garantia do bem-estar social,

1.5.3 A Consolidação das leis do trabalho

Em 1° de maio de 1943, o Decreto-Lei n° 5.452, assinado por Getúlio Vargas e pelo Ministro Alexandre Marcondes Filho, consolidou todas as leis sobre Direito Individual, Coletivo e Processual do Trabalho então vigente. A Consolidação das Leis Trabalhistas - CLT vige até hoje e teve as modificações necessárias à compatibilidade dos seus preceitos às novidades ditadas pela dinâmica das relações de emprego e avanço econômico-social.

1.5.4 Criação da Justiça do Trabalho

A Justiça do Trabalho foi instituída pela Constituição da República de 1934 (art. 122, e seu Parágrafo Único) com caráter administrativo e composição paritária, posto que ligada ao Poder Executivo e integrada por juízes classistas. Aos juízes integrantes da Justiça do Trabalho não eram conferidas as garantias da magistratura nacional.

O funcionamento da Justiça do Trabalho foi regulamentado pelo Decreto-Lei n° 1237/39, sendo instalada em todo o território nacional em 01/05/41, em solenidade presidida por Getúlio Vargas, com a seguinte estrutura: um Conselho Nacional do Trabalho, 8 (oito) Conselhos Regionais do Trabalho e 36 (trinta e seis) Juntas de Conciliação e Julgamento.

Somente com a Constituição da República de 1946, a Justiça do Trabalho passou a integrar a estrutura do Poder Judiciário. O Conselho Nacional do Trabalho foi transformado no Tribunal Superior do Trabalho e os Conselhos Regionais em Tribunais Regionais do Trabalho. Criando-se também a carreira da judicatura trabalhista, com todas as garantias da magistratura e ingresso mediante concurso público, com a manutenção dos juízes classistas, cujos mandatos passaram para três anos.

A Emenda Constitucional n° 24, de 09 de dezembro de 1999, acabou com a representação classista na Justiça do Trabalho, garantindo, porém, o cumprimento dos mandatos vigentes na data de sua publicação e transformou as Juntas de Conciliação e Julgamento em Varas do Trabalho.

1.5.5 A Constituição Brasileira de 1988 e a proteção ao trabalho

De todas as Constituições que o Brasil já experimentou, foi a de 1988 que mais avançou no campo social, principalmente na área trabalhista. Segundo o seu art. 1°, dentre os fundamentos de nossa República estão “os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa”. A Carta Magna de 1988 garantiu o livre exercício de qualquer trabalho, ofício e profissão, atendidas as qualificações profissionais estabelecidas em lei, e também teve o mérito de conferir status constitucional aos direitos básicos dos trabalhadores, antes previstos apenas em normas infraconstitucionais, livrando-os das variações de humor do Poder Executivo, expressadas nas nefastas medidas provisórias por ele editadas, bem como das maiorias ocasionais do Congresso Nacional não comprometidas com a Justiça Social.

Agasalhados no seio da Constituição e por isso modificáveis somente mediante processo legislativo especial, com quorum qualificado e 2 (dois) turnos de votação, os direitos trabalhistas enumerados nos 34 (trinta e quatro) incisos e 1 (um) parágrafo do art. 7° da Constituição de 1988 ficam mais resguardados.

(14)

14 A Constituição da República vigente contém, ainda, significativos avanços relacionados à liberdade sindical (art. 8°) e ao direito de greve (art. 9°), tendo o seu art. 10, dos Atos das Disposições Constitucionais Transitórias, adiantado medidas para proteger a relação de emprego contra dispensas arbitrárias ou sem justa causa, enquanto não regulamentado o inciso I, do seu art. 7°.

A evolução do Direito do Trabalho no Brasil

1º PERÍODO: DA MONARQUIA ATÉ A 1ª REPÚBLICA

1. A Constituição de 25.03.1824 aboliu as corporações de ofício.

2. Não se pode falar em direito do trabalho, pois há o trabalho escravo, pelo menos até a Lei Áurea, em 13.05.1888.

3. A Lei de 13.09.1830 regula o contrato escrito para brasileiros e estrangeiros, dentro ou fora do Império.

4. Promulgação do Código Comercial em 25.06.1850. 2º PERÍODO: DA 1ª REPÚBLICA ATÉ A 2ª REPÚBLICA

1. Proclamada a República, em 15.11. 1889, a Constituição Republicana de 24.02.1891 não cuida do direito do trabalho.

2. Assegura-se o direito de associação e de reunião, mas não o da liberdade sindical.

3. A Constituição estabelece que os Estados-membros cuidariam de regular as relações entre locadores e locatários de serviços.

4. Promulgação do Código Civil, em 01.01.1916.

3º PERÍODO: DA 2ª REPÚBLICA ATÉ A REVOLUÇÃO DE 1964

1. Iniciada com a Revolução de 1930, Getúlio Vargas dá ênfase ao direito do trabalho, com forte intervenção na ordem social e econômica e a criação do Ministério do Trabalho.

2. A Constituição de 16.07.1934 estabelece salário mínimo, jornada de 8 horas, repouso semanal remunerado, etc.

3. A constituição de 10.11.1937, na área econômico-social baseia-se na “Carta del Lavoro”. Fica proibida a greve e o lock-out. Estabelece-se em 1939 uma lei sobre organização sindical, que permanece até a Constituição de 1946, que mantém o espírito intervencionista, mas de cunho liberal.

4. Consolidação das Leis do Trabalho, de 01.05.1943.

4º PERÍODO: DA REVOLUÇÃO DE 64 ATÉ A CONSTITUIÇÃO DE 1988

1. Procura-se, com a Revolução de 31.03.64, promover-se reformas de base, isto é, agrária, tributária, judiciária e trabalhista.

2. Surge em 17.10.1969 a emenda Constitucional nº 1, que altera a Constituição de 24.01.1967. 3. Reformula-se o direito de greve.

4. Instituição do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço. 5. Regime de trabalho dos empregados domésticos.

5º PERÍODO: DA CONSTITUIÇÃO DE 1988 ATÉ OS NOSSOS DIAS 1. Surge a Constituição de 05.10.1988.

2. Os direitos trabalhistas, antes incluídos nas normas de organização econômica e social, passaram a ser considerados direitos fundamentais de natureza individual e coletiva.

3. É uma Constituição detalhista.

REFERENCIAS:

SOUSA, Otávio Augusto Reis de. Nova teoria Geral do Direito do Trabalho, São Paulo: LTr, 2010 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho, 26ª ed., São Paulo: Saraiva, 2011 BARROS, Mª Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho, 6ª ed., – São Paulo: LTr, 2010

MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho, 25ª ed., São Paulo: Atlas, 2009

SÜSSEKIND, Arnaldo. Instituições de Direito do Trabalho. 15ª edição. 1995. e Curso de Direito do Trabalho. Rio de Janeiro. Ed. Renovar. 2002.

Referências

Documentos relacionados

Tese apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Doutor pelo Programa de Pós-graduação em Direito da PUC-Rio.. Aprovada pela Comissão Examinadora abaixo

Por meio destes jogos, o professor ainda pode diagnosticar melhor suas fragilidades (ou potencialidades). E, ainda, o próprio aluno pode aumentar a sua percepção quanto

Declaro meu voto contrário ao Parecer referente à Base Nacional Comum Curricular (BNCC) apresentado pelos Conselheiros Relatores da Comissão Bicameral da BNCC,

insights into the effects of small obstacles on riverine habitat and fish community structure of two Iberian streams with different levels of impact from the

As análises serão aplicadas em chapas de aços de alta resistência (22MnB5) de 1 mm de espessura e não esperados são a realização de um mapeamento do processo

O objetivo desse estudo é realizar uma revisão sobre as estratégias fisioterapêuticas utilizadas no tratamento da lesão de LLA - labrum acetabular, relacionada à traumas

Entre as atividades, parte dos alunos é também conduzida a concertos entoados pela Orquestra Sinfônica de Santo André e OSESP (Orquestra Sinfônica do Estado de São

A regulação da assistência, voltada para a disponibilização da alternativa assistencial mais adequada à necessidade do cidadão, de forma equânime, ordenada, oportuna e