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Discussão Acerca do Papel Físico do Lugar Natural na Teoria Aristotélica do Movimento

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Discussão Acerca do Papel Físico do Lugar Natural na Teoria

Aristotélica do Movimento

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FÁTIMA REGINA R. ÉVORA2 Departamento de Filosofia

Universidade Estadual de Campinas CAMPINAS, SP

faevora@unicamp.br

Resumo: O objetivo deste artigo é discutir o uso que Aristóteles faz do termo lugar, “topos”, em diversas obras, com especial atenção para a Física, DeCaelo e as Categorias. A partir deste es-tudo tentaremos estabelecer o estatuto ontológico do conceito aristotélico de lugar, visando responder a questão acerca do papel físico desempenhado pelo lugar natural na teoria aristotélica do movi-mento. Em algumas passagens da Física, Aristóteles afirma que o lugar natural possui uma certa potência (dynamis) ativa e que os movimentos naturais dos corpos leves e pesados mostram que seus lugares naturais diferem não só por suas posições relativas (para cima e para baixo), mas também por possuírem potências diferentes. Estas passagens levaram alguns comentadores a supor que o lugar natural age no sistema aristotélico como uma causa do movimento natural. Contudo, há uma passagem no capitulo 1 do livro IV da Física onde Aristóteles afirma que o lugar não pode ser nenhuma das quatro causas. É esta aparente aporia que está sob investigação neste artigo.

Palavras Chave: Aristóteles. Lugar natural. Causalidade. Movimento natural. Introdução

Nosso objetivo neste artigo é discutir o uso que Aristóteles faz do termo “topos” em diversas obras. Nossa análise se iniciará por um estudo da Física, parti-cularmente do livro IV, capítulos de 1 a 8, onde lugar é concebido “como o limite imóvel mais interno e que imediatamente envolve o que está contido naquele

1 Este trabalho resultou da pesquisa apoiada pelo CNPq (Bolsa de Produtividade de

pesquisa, 1B, com o projeto “Os conceitos de Espaço, Lugar, Vazio e Movimento de Filopono a Galileo”) e FAPESP (Projeto Temático intitulado “Filosofia de Aristóteles”, proc. Nº 05/58322-7).

2 Gostaria de agradecer a Márcio Damin Custódio e Tadeu Verza pela leitura das

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lugar” (Física, IV, 4, 212a 5). Esta definição tornou-se, com raras exceções, a

defi-nição canônica de lugar na tradição aristotélica. Em seguida, faremos um rápido exame do uso que Aristóteles faz do termo “topos” em outras obras: Categorias, De Caelo e Geração e Corrupção. A partir deste estudo tentaremos estabelecer o estatuto ontológico do conceito aristotélico de lugar, visando responder a questão acerca do papel físico desempenhado pelo lugar natural na teoria aristotélica do movi-mento.

Em algumas passagens da Física (especialmente IV, 1, 208b 11-25)

Aristó-teles afirma que os movimentos naturais dos corpos naturais e simples nos mos-tram não só que o lugar é algo, como também que possui uma certa potência (dynamis) ativa. Cada um dos seres, segundo Aristóteles, não havendo nada que os impeça, são levados para seus lugares naturais, uns para cima e outros para baixo. Estes lugares diferem não só por suas posições relativas, mas também por possuí-rem potências diferentes.

Estas afirmações de Aristóteles levaram alguns comentadores a supor que o lugar natural age no sistema aristotélico com uma causa do movimento natural. Averróis, Tomás de Aquino e João Buridan, entre outros intérpretes medievais, defenderam a tese de que o lugar natural faz parte da causa final do movimento natural. Também o comentador antigo de Aristóteles, João Filopono, chega pró-ximo de conceber o lugar natural aristotélico como uma causa final do movimen-to natural. Outros intérpretes, como São Boaventura e Roger Bacon, chegaram perto de afirmar que o lugar natural atuava como uma causa eficiente que, junta-mente com outras causas, atraía os corpos naturais, como um imã atrai o ferro3.

Contudo, há uma passagem, no primeiro capítulo do livro IV da Física, na qual Aristóteles claramente afirma que o lugar não pode ser nenhuma das quatro causas. Diz ele: “além disso, de que coisa se poderia supor que o lugar é causa? Pois não se pode atribuir a ele nenhuma das quatro causas. Ele não é nem uma causa material (pois nada é constituído por ele), nem é uma causa no sentido que

3 Ver: BONAVENTURA, Sent. II, dist. 14, parts I, art. III, qu.2. BACON, R., libros IV Physicoru. BACON, R., Quaestiones supra libros VIII Physicorum e BACON, R., Commu-nia Naturalium.

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é a forma ou definição das coisas, nem é o fim de nada, nem tampouco é agente da mudança” (Física IV, 1, 209ª 18-22). Agora, se lugar em geral não pode ser nenhuma das quatro causas, também o lugar natural (que é um tipo de lugar) não poderia ser nenhuma das quatro causas4.

Parece haver aí uma aporia na teoria aristotélica do movimento. Como en-tão compatibilizar a tese defendida na passagem acima (Física, IV, 1, 209ª 18-22) com a concepção dinâmica de lugar natural presente em Física, IV, 1, 208b 11-25?

É objetivo deste artigo discutir estas questões que estão intimamente ligadas às idéias centrais da filosofia aristotélica, como as idéias de causalidade e teleologia.

Cabe destacar, já neste ponto, que a discussão feita a seguir não pretende trazer resultados conclusivos de uma pesquisa, mas antes levantar algumas ques-tões relativas ao conceito aristotélico de lugar que, a nosso ver, são importantes para a investigação desta aparente aporia.

1. Discussão acerca do conceito aristotélico de Topos

Aristóteles inicia o capítulo 1 do livro IV da Física afirmando que o físico ou filósofo da natureza deve ter algum tipo de conhecimento acerca do lugar (topos), assim como acerca do infinito, isto é, deve saber ‘se [lugar] é ou não é’, ‘de que modo [o lugar] é’ e finalmente ‘o que é [o lugar]’. “Pois a idéia de que as coi-sas existentes existem em algum ‘onde’ é universalmente aceita. Eu creio, [diz Aristóteles], que o que ‘não é’ não está em nenhum lugar. Pois acaso há um ‘onde’ para um ‘bode-cervo’ ou uma esfinge?” (Física IV, 1, 208ª 27-30).

4 Cabe notar que, no De Caelo IV, 310a 33, Aristóteles nos diz que o lugar natural de um elemento é a sua forma.

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Também o principal e mais comum movimento5, a locomoção, isto é, o

movimento de um corpo de um lugar para outro, deixa claro, diz Aristóteles, que existe algo como o ‘lugar’, “pois ali onde agora há água logo haverá ar quando a água tiver saído do recipiente, e mais adiante algum outro corpo ocupará o mes-mo lugar” (Física, IV, 1, 208b 1-5). Portanto, segundo Aristóteles, este lugar parece

ser diferente de todos os corpos que vem a ser nele e se substituem reciproca-mente nele, pois ali onde agora há ar, havia água.

Quando se diz que um corpo está no mundo, isto significa que ele está em algum lugar, tal que quando se diz que um corpo está no ar, isto significa que ele está em um particular limite do ar que o contém, e não no ar como um todo (vide: Física, IV, 4, 211a 24-28). Evidentemente, cada coisa tem seu próprio lugar,

que imediatamente a contém. Mas há também um lugar comum no qual estão todos os corpos “por exemplo, você está agora no mundo, porque você está no ar e o ar está no mundo; e você está no ar porque você está na terra; e da mesma maneira está na terra porque está neste particular lugar, que não contém nada além de você” (Física IV, 2, 209ª 31-209b 1)6.

5 Segundo Aristóteles, o movimento (kinesis) é um processo de mudança (metabolé ) ,

uma transição da potencialidade (dynamis) ao ato (enérgeia), ou vice-versa, que ocorre gradualmente (em sucessivos estágios) de um ser em potência a um ser em ato, e vice-versa, pelo desenvolvimento de suas potencialidades. Ou seja, o movimento é concebi-do por Aristóteles como uma mudança de estaconcebi-do, contínua e gradual, com respeito a cada uma das categorias formais nas quais a distinção entre atual e potencial pode ser feita. Portanto, “se as categorias se dividem em existência substantiva, qualidade, lugar, tempo, relação, quantidade e atividade ou passividade, segue-se necessariamente, [con-clui Aristóteles], que há três tipos de movimento: o qualitativo, o quantitativo e a loco-moção” (Física, V, 1, 225b 5-10). Cabe notar que, embora Aristóteles considere que o conceito de movimento inclua a alteração qualitativa, alteração quantitativa e a locoção, ele afirma na Metafísica que “todos os demais movimentos são posteriores ao mo-vimento local” (Metafísica, XII, 7, 1073ª 3-14).

6 Segundo David Ross, “Aristóteles distingue entre ‘lugar comum’ que uma coisa

compartilha com outras coisas, e seu lugar próprio ou peculiar. Cada coisa, de fato, está em um ninho de lugares, um dentro do outro, mas seu lugar próprio é o que imediata-mente a contém, isto é, aquele que não contém nada além dela, e esta pode ser tomada como uma primeira definição de lugar” (ROSS, 1995, p. 87).

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Contudo, embora Aristóteles julgue que a existência do ‘lugar’ seja algo u-niversalmente aceito, ele considera que o conhecimento sobre ‘o modo como o lugar existe’ e ‘o que é o lugar’ se reveste de inúmeras dificuldades.

Em seu estudo, Aristóteles parte da constatação de que lugar é aquilo que imediatamente contém aquilo do que é lugar, não é nada que forme parte do ser contido, não é maior nem menor que ele, “pode ser deixado pelo ser contido e dele é separável” (Física, IV, 4, 210b 32).

Ou seja:

1) Lugar é aquilo que imediatamente contém o ser contido. 2) Lugar não faz parte do ser contido.

3) Lugar não é maior nem menor que o ser contido.

4) Lugar “pode ser deixado pelo ser contido e dele é separável” (Física, IV, 4, 210b 32).

Em seguida, Aristóteles discute quatro possíveis modos de se conceber o lugar de um corpo, a saber:

a) Forma do corpo, ou seja, como o limite do corpo contido, que coinci-de com o limite daquilo que o contém.

b) Matéria do corpo contido.

c) Algum tipo de extensão tridimensional separada, contido pelos limites daquilo que contém o corpo.

d) A própria superfície daquilo que contém o corpo.

Aristóteles rejeita a identificação de lugar com a forma do corpo contido, visto que embora forma e lugar de um corpo sejam ambos limites e coincidentes, eles não são limites da mesma coisa.

A forma de um corpo contém a sua matéria e é o seu limite, “mas lugar é o limite daquilo que contém o corpo” (Física, IV, 4, 211b 10). Ou seja, a forma

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Através de um argumento similar, Aristóteles negará a segunda possibili-dade, a saber, aquela que concebe lugar como aquilo que está entre os limites acima referidos, ou seja, como sua matéria, pois, como Aristóteles já havia mos-trado, a “matéria não é separável do corpo e nem o contém, enquanto o lugar tem ambas as propriedades” (Física, IV, 4, 211b 36).

Finalmente, a identificação de lugar com algum tipo de extensão tridimen-sional separada, contido pelos limites daquilo que contém o corpo, é eliminada no livro IV da Física, pois segundo Aristóteles, ela envolve duas conseqüências ab-surdas.

Uma primeira decorre da tese de que cada uma das partes de um lugar (sendo uma extensão tridimensional) é ela mesma um lugar, e a parte da parte de um lugar também seria um lugar, ocasionando, infinitamente, extensões sobre-postas; ou seja, haveria infinitos lugares coincidindo, o que é um absurdo (vide: Física, IV, 4, 211b 19-23).

Outra conseqüência absurda que Aristóteles extrai da concepção de lugar como uma extensão tridimensional decorre do fato desta extensão ser definida a partir do ‘corpo que contém’ o contido. Mas, este ‘corpo que contém’ também está ele próprio sujeito ao movimento, e, ao mover-se, com ele mover-se-ia tam-bém a extensão tridimensional (o lugar). Portanto, se a extensão muda de lugar, então ela necessita de um lugar, e deste o mesmo pode ser dito, e assim ad infini-tum (vide: Física, IV, 4, 211b 23-5). Ou seja, o lugar teria um lugar, que por sua vez

teria um lugar ad infinitum. O que é claramente um absurdo. Deste modo, diz Aristóteles: “se lugar não é nenhuma dessas três – forma, matéria e algum tipo de extensão imóvel – então deve ser a única restante das quatro. Ele deve ser o limi-te imóvel mais inlimi-terno e que imediatamenlimi-te envolve o corpo contido naquele lugar” (Física, IV, 4, 212a 2-5). Entendendo por corpo contido aquele que é capaz

do movimento.

Contudo, examinando outras obras de Aristóteles (Categorias, De Caelo e Geração e Corrupção) constatamos que nem sempre o termo “topos” é usado como no livro IV da Física.

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Nas Categorias, obra anterior à Física, encontram-se duas curiosas passagens que fazem parte da discussão da categoria da quantidade (poson), onde Aristóteles parece considerar lugar como ‘coextensivo’ com o corpo que o ocupa, concepção esta que, como foi visto acima, foi enfaticamente rejeitada por Aristóteles, por envolverem conseqüências absurdas. Diz ele, nas Categorias:

Novamente, lugar (topos) pertence às quantidades (poson) que são contínuas. Pois, as partes de um corpo, que se juntam a um limite comum, ocupam um certo lugar. Portanto, também as partes do lugar que são ocupadas pelas várias partes do corpo juntam-se ao mesmo limite que as partes do corpo. Portanto, também o lugar pare-ce ser contínuo, pois suas partes parepare-cem juntar-se umas às outras a um limite co-mum (Categorias, 5ª 8-14).

Nesta passagem, Aristóteles claramente classifica “lugar” como uma quan-tidade e parece concebê-lo como uma extensão ou intervalo (diastema) contínuo e tridimensional.

Enquanto na Física toda a discussão do conceito de lugar refere-se sempre ao corpo contido, há uma passagem nas Categorias onde Aristóteles discute se a categoria da quantidade (poson) admite contrários, na qual ele concebe lugar sem nenhuma referência ao corpo contido. Lugar é concebido como uma extensão diferente da extensão material do corpo contido. Diz Aristóteles:

A maior de todas as contrariedades na quantidade aparece no caso do lugar (topos). Pois, o ‘para cima’ é geralmente aceito como contrário ao ‘para baixo’. E aquela re-gião (khôra) junto ao centro é dita ser o ‘para baixo’, pois esta é a maior distância da periferia do cosmo (Categorias, 6ª 12-13).

No terceiro capítulo do livro IV do De Caelo, por sua vez, Aristóteles con-cebe o lugar como “o limite do corpo circundante” (De Caelo IV, 3, 310b 7-10),

concepção esta semelhante àquela defendida no livro IV da Física. Contudo, no livro II do De Caelo, há uma surpreendente passagem onde Aristóteles, ao discutir a esfericidade do Universo, parece conceber lugar como uma extensão tridimen-sional. Segundo Aristóteles, a esfericidade do Universo pode ser demonstrada a partir da suposição de que o próprio Universo está em rotação e de que fora dele

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não há nada, nem lugar nem vazio, pois se o Universo fosse retilíneo haveria lugar (topos), corpo e vazio (kenon) fora dele. “Pois quando uma figura de linhas retas se submete a um movimento de rotação, ela não ocupa nunca o mesmo lugar [...] o mesmo ocorrerá se alguém atribuir [ao Universo] qualquer outra figu-ra distinta que não tenha as linhas iguais e eqüidistantes do centro [...]. Em todos os casos, com efeito, ocorrerá que fora da linha de rotação existiria lugar (topos) e vazio (kenon), visto que a totalidade não ocuparia o mesmo espaço (khôra)” (De Caelo, II, 4, 287ª 12-23).

Nesta passagem, além de Aristóteles pensar o lugar como extensão, ele in-troduz um outro conceito: espaço (khôra), passível de ser ocupado.

A concepção de lugar como extensão se reveste, contudo, de uma série de dificuldades, entre as quais uma bastante embaraçosa, a saber, se lugar (topos) pertence à categoria da quantidade (poson) então, de acordo com a doutrina aristo-télica das categorias, ele seria um atributo acidental e como tal ontologicamente dependente das categorias substanciais, ou seja, lugar, sendo quantidade, necessita de um substrato do qual seria atributo. Contudo, como já foi visto acima, tanto nas Categorias como no De Caelo, Aristóteles concebe lugar independentemente do corpo contido.

Não nos deteremos aqui nas outras dificuldades do conceito de lugar pre-sente nas Categorias. Basta para nossos propósitos aqui, notar que não há um úni-co uso do termo topos em todas as obras físicas de Aristóteles, e que a definição presente no livro IV da Física tornou-se, com raras exceções, a definição canônica de lugar na tradição aristotélica.

De acordo com esta definição: “lugar deve ser o limite imóvel mais interno e que imediatamente envolve o corpo contido naquele lugar” (Física, IV, 4, 212a

2-5). Entendendo por corpo contido aquele que é capaz do movimento.

2. Lugar natural: inerte ou dinâmico?

No Mundo aristotélico, cada uma das coisas, seja celeste ou terrestre, tem seu lugar natural e seu movimento natural para este lugar. Todo movimento que não é natural é violento.

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Os movimentos de locomoção dos corpos naturais e simples, como por exemplo, o fogo, a terra e outros seres análogos, não só mostram claramente que o lugar é al-go, como também que o lugar possui certa potência ativa (dynamis). Cada um dos seres, não havendo nada que os impeça, são levados para seus lugares próprios; uns para cima, outros para baixo.

Agora, estes são os tipos ou regiões dos lugares... Na natureza cada um deles é dis-tinto e é determinado independentemente; tal que o ‘para cima’ [não é um lugar qualquer], mas, sempre o lugar ao qual naturalmente é levado o fogo, ‘o para baixo’ [tampouco é um lugar arbitrário], mas sempre aquele ao qual são naturalmente le-vados os seres pesados e os corpos terrestres; isto mostra que ambos lugares [‘para cima’ e ‘para baixo’] diferem não só por suas posições relativas, mas também por possuírem potências diferentes (Física, IV, 1, 208b 11-25).

Portanto, de acordo com Aristóteles, cada lugar tem uma certa potência (dynamis) específica capaz de produzir efeitos distintos, tal que corpos pesados movem-se naturalmente ‘para baixo’, seu lugar natural; e corpos leves ‘para cima’. Se todas as coisas estivessem em seus lugares naturais, não haveria razão para elas de lá saírem. Apenas por meio de violência (e aplicação de um esforço exterior) é que se poderia conseguir isso; contudo, elas voltariam para seus lugares naturais tão logo cessasse a ação que causou o movimento, reencontrando assim o seu equilíbrio perdido e violado.

Mas qual o papel desempenhado por esta potência (dynamis) dos lugares naturais nos movimentos naturais dos corpos leves e pesados? O lugar natural forneceria uma causa (formal, eficiente ou final) para o movimento natural? Ou haveria outra causa?

Por que todos os corpos naturais, leves e pesados, movem-se para os seus lugares naturais? Certamente não é por suas próprias ações, pois isto é próprio dos animais e dos seres vivos, que são causas em si mesmos de seus movimentos, sendo capazes de governar suas ações, o que não é o caso das coisas leves e pesa-das que são, por exemplo, incapazes de interromper, elas mesmas, os seus pró-prios cursos.

Aristóteles responde a isso, no livro VIII da Física, afirmando que todas as coisas movidas por suas naturezas são sempre movidas por algo, tal que a razão da terra mover-se para baixo é que ela é naturalmente constituída para mover-se em direção ao centro (‘para baixo’), o mesmo acontecendo com cada um dos

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outros corpos que são constituídos naturalmente para moverem-se para suas respectivas direções.

Assim é claro que nenhuma destas coisas move-se por si, mas cada uma tem um princípio de movimento (arkhê kinêseos), não de causar movimento (kinein), ou de agir (poiein), mas de passivamente ser submetida a ele (paskhein). Se, então, todas as coisas [prossegue Aristóteles] que estão em movimento ou movem-se de acordo com suas próprias naturezas ou por violá-las e sob violência; se todas as coisas cujo movimento é violento, e contrário à natureza, são movidas por algum agente [mo-tor] externo a elas, diferente delas próprias; e se todas as coisas cujo movimento é natural são, também, movidas por algum agente – tanto aquelas que são movidas por si [como, por exemplo, os animais], como aquelas que não são movidas por si, como, por exemplo, as coisas leves e pesadas, que são movidas ou diretamente por aquilo que de algum modo gerou (gennêsantos) a coisa como tal e a fez leve ou pesa-da, ou incidentalmente por aquele que liberta o que estava impedindo ou prenden-do – se tuprenden-do isto é assim, segue [conclui Aristóteles] que todas as coisas em movi-mento são movidas por algum agente [motor]. (Física, VIII, 4, 255b 30-256a 5).

Dito de outro modo, de acordo com a dinâmica aristotélica, todo movi-mento local, natural ou violento, sempre exige a ação contínua e direta de uma causa, já que “tudo que é movido deve ser movido por algo” (Física, VII, 241b

24). Um motor é necessário não apenas para iniciar o movimento, mas também para mantê-lo. Cessada a ação que ela exerce sobre o corpo em movimento, cessa o movimento.

A passagem acima citada (Física, IV, 1, 208b 11-25), onde Aristóteles diz

que os corpos naturais se movem naturalmente em busca de seus lugares naturais e que estes têm uma certa potência (dynamis) que faz com que os corpos se mo-vam em busca dele, poderia nos levar a supor que o lugar natural funciona, no sistema aristotélico, como uma causa do movimento natural, atraindo as coisas para si.

Alguns pensadores medievais defenderam a tese de que o lugar natural, na física aristotélica, faz parte da causa final do movimento natural. Por exemplo, João Buridan (?1300-1358), membro da importante Escola Nominalista de Paris, concebeu o lugar natural aristotélico como uma causa final e formal, conservando

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os corpos elementares em seus lugares apropriados7. Tomás de Aquino

(1225-1274), no seu comentário à Física (livro IV, lect. 1), argumenta que “Aristóteles afirma que cada corpo move-se em direção ao seu lugar próprio desejando sua conservação, mas o lugar tem uma potência atrativa somente do mesmo modo que um fim tem o poder de atrair” (AQUINO, apud MACHAMER, 1978, p. 377).

Também, o comentador antigo de Aristóteles, João Filopono de Alexan-dria (490-570) chega próximo de conceber o lugar natural aristotélico como uma causa final do movimento natural. No seu Corollarium de Loco at In Physica (557,8- 585,4) e no seu Corollarium de Vacuo at In Physica (675,15-695,1)8, Filopono

opôs-se frontalmente ao conceito aristotélico de lugar (topos) e restaurou a idéia de lugar entendido como uma certa extensão tridimensional (diastêma) incorpórea e imó-vel, diferente dos corpos que a ocupam.

Filopono também se opôs ao conceito aristotélico de lugar natural e con-siderou “ridícula a idéia [aristotélica] de que o lugar tem um certo poder nato” (FILOPONO, in Physica, 581,18), que faz com que as coisas movam-se em busca dele (lugar).

Segundo Filopono, não é necessário que o lugar de um corpo tenha qualquer poder (dynamis) ou qualidade. Embora ele reconheça que seja bom para cada uma das coisas estarem em seus lugares próprios (naturais), isto não deter-mina, de acordo com Filopono, que estes lugares necessariamente devam arma-zenar um certo poder (ver: FILOPONO, in Physica, 632,4).

Enquanto Aristóteles, segundo Filopono, julga que o lugar natural dos corpos possui uma certa potência ativa (Física, IV, 1, 208b 11-25) e cada uma das

7 Ver: BURIDAN, De Caelo, IV, q.2 .

8 O Corollarium de Loco at In Physica (557,8-585,4) é uma digressão incluída por

Filo-pono após o seu comentário à Física, IV, 4, 211b5-212ª7. Também o seu Corollarium de

Vacuo at In Physica (675,15-695,1) é uma outra digressão introduzida no seu comentário

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coisas leves e pesadas tem em si uma fonte de movimento (arkhé kinêseos), não de causar o movimento, mas de passivamente ser movida (paskheion) (Física, VIII, 4, 255b 30-256a 5); para Filopono, o lugar não tem nenhuma potência, mas, por

outro lado, cada uma das coisas tem internamente a fonte (arkhé) de seus próprios movimentos, ou seja, possuem a capacidade de causar ativamente seus próprios movimentos, quando deslocadas de seus lugares naturais, pois a causa eficiente do movimento natural, segundo Filopono, é interna.

O lugar, afirma Filopono, é simplesmente “um certo intervalo (diastêma) mensurável em três dimensões, diferente dos corpos que o ocupam, e é incor-póreo ... O lugar consiste de dimensões apenas e é vazio de todo corpo. De fato, [para Filopono] vazio e lugar são essencialmente a mesma coisa” (FILOPONO, in Physica, 567, 30-7)9.

Segundo Furley, Filopono questiona como é possível, a partir do conceito aristotélico de lugar, diferenciar entre o em cima e o embaixo? Como os limites do em cima e do embaixo podem ser definidos? Ademais, pergunta como este lugar pode ter uma certa potência (dynamis) que faz com que corpos pesados e leves busquem seus próprios lugares em virtude de seus impulsos naturais? (ver: FURLEY, 1981, p. 135).

Segundo Filopono, para Aristóteles as coisas que são melhores e mais altas desempenham o papel da “forma para as coisas que são mais deficientes, que obviamente ocupam a posição da matéria daquelas, e uma vez que a matéria dese-ja a forma, como a fêmea desedese-ja o macho e o comum desedese-ja o nobre ... é portan-to razoável que o fogo deseje seu próprio lugar natural, isportan-to é, estar contido pela superfície da esfera lunar ... Do mesmo modo, o ar deseja estar contido pela esfe-ra do fogo, e assim por diante” (FILOPONO, in Physica, 580,7-15). E é só no seu lugar natural que se realiza e se completa um ser, e é por isso que ele tende

9Esta concepção de lugar, entendida como uma extensão espacial tridimensional, já

estava presente em Epicuro, Stratos e em muitos platônicos antigos; e, como foi visto, foi duramente criticada por Aristóteles.

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a chegar lá. Ou seja, o lugar natural aristotélico, segundo Filopono, atrai os cor-pos naturais como um objeto de desejo.

Outros, como São Boaventura e Roger Bacon, chegaram perto de afirmar que o lugar natural atuava como uma causa eficiente que, juntamente com outras causas, atraía os corpos naturais, como um imã atrai o ferro10.

Contemporaneamente, alguns intérpretes de Aristóteles também defen-dem a tese de que o lugar natural faz parte da causa do movimento natural. Ross, por exemplo, afirma que: “cada tipo de coisa material tem, segundo Aristóteles, um movimento natural que será produzido quando não houver qualquer interfe-rência; ele tende para uma região definida do universo – o fogo para a circunfe-rência, a terra para o centro. Estar nessa região faz parte da sua própria forma (ver: De Caelo, 311ª 1-6), e este fato opera tanto a causa final como a causa eficien-te” (ROSS, 1995, p. 77).

Além de Ross, outros intérpretes contemporâneos de Aristóteles defen-dem a tese de que o lugar natural é uma causa final, entre os quais destacam-se: Richard Sorabji e Michael Wolff. Segundo Wolff, Aristóteles negou explicitamen-te a espontaneidade do movimento natural. Embora Wolff reconheça que, se-gundo Aristóteles, corpos leves e pesados têm em si mesmos um princípio de movimento, Wolff considera que isso não lhes possibilita o movimento espontâ-neo; eles têm, afirma ele, apenas a capacidade de ser (passivamente) movidos. “Assim, é requerida uma causa externa do movimento, que Aristóteles denota como seu ‘onde’ (poi ) natural. Aristóteles explica que a finalidade do movimento natural ao conceber o lugar natural de um corpo elementar como sendo sua ener-geia (255ª28-b24). No De Caelo, 4.3 3,310b24-311ª9, Aristóteles entende o lugar

natural dos corpos leves e pesados, ainda mais claramente, como sua entelecheia. A tese que o topos, como lugar natural, tem a capacidade ou a força para mover os

10 Ver: BONAVENTURA, Sent. II, dist. 14, parts I, art. III, qu.2. BACON, R., libros

IV Physicoru. BACON, R., Quaestiones supra libros VIII Physicorum e BACON, R., Commu-nia Naturalium.

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corpos é trazida para discussão na Física 4.1,208b10ff” (WOLFF, 1987, p. 96-97n).

Também Sorabji argumentou a favor do caráter dinâmico da concepção a-ristotélica de lugar natural. Segundo Sorabji, quando Aristóteles afirmou que os movimentos de locomoção dos corpos naturais e simples não só mostram clara-mente que o lugar é algo, como também que o lugar possui certa potência ativa (dynamis), evidentemente ele queria que os lugares naturais dos corpos elementa-res desempenhassem um papel explicativo nos movimentos naturais destes cor-pos: “o papel explicativo mais provável, embora ele [Aristóteles] nunca diga isso, é [argumenta Sorabji] como uma causa final do movimento (não conscientemente buscada)” (SORABJI, 1988, p. 186-187).

Duhem, por sua vez, argumenta no seu Le Système du Monde que o lugar natural é uma causa formal (DUHEM, 1913, p. 208). De fato, no De Caelo, Aris-tóteles afirma explicitamente que o lugar natural de um elemento é a sua forma. Diz ele:

Da mesma maneira deve-se pensar que aquilo que produz o movimento local e a-quilo que é assim movido não estão acidentalmente relacionados. Agora, aa-quilo que produz movimento para cima e para baixo é aquilo que produz peso ou leveza, e aquilo que é movido é aquilo que é potencialmente pesado ou leve, e o movimento de cada corpo para seu lugar próprio é o movimento em direção a sua própria for-ma (De Caelo IV, 3, 310a 33-35).

Contudo, como já afirmamos, há uma clara passagem, no capítulo 1 do li-vro IV da Física, na qual Aristóteles afirma que o lugar não pode ser nenhuma das quatro causas. Diz ele: “além disso, de que coisa se poderia supor que o lugar é causa? Pois não se pode atribuir a ele nenhuma das quatro causas. Ele não é nem uma causa material (pois nada é constituído por ele), nem é uma causa no sentido que é a forma ou definição das coisas, nem é o fim de nada, nem tampouco é agente da mudança” (Física IV, 1, 209ª 18-22). Porém, se lugar em geral não pode

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ser nenhuma das quatro causas, também o lugar natural (que é um tipo de lugar) não poderia ser nenhuma das quatro causas.

Como, então, compatibilizar a tese defendida na passagem acima (Física, IV, 1, 209ª 18-22) com a concepção dinâmica de lugar natural presente em Física, IV, 1, 208b 11-2511 ou com a concepção do De Caelo IV, 3, 310a 33-35?

Peter Machamer e David Furley, em recentes artigos12, estão

absolutamen-te convencidos que não se pode desprezar a explícita afirmação aristotélica de que lugar não é nenhuma das quatro causas. Segundo Machamer, “se Aristóteles en-tendeu seriamente que o lugar não pode ser tratado como qualquer tipo de causa, então é necessário encontrar alguma outra interpretação para as duas passagens citadas anteriormente. O que é necessário é um tratamento do poder (power) do lugar natural que não seja de algum modo causal e também um tratamento das causas do movimento natural dos elementos” (MACHAMER, 1978, p. 378).

A meu ver, o lugar natural tem evidentemente algum papel na explicação do movimento natural, dado que Aristóteles afirma que ele possui uma certa potência ativa (dynamis) que faz com que os corpos naturais movam-se em busca dele. Contudo, interpretar esta dynamis como uma causa final não só conflita com a inequívoca afirmação aristotélica de que lugar não é nenhuma das quatro causas, mas também não se harmoniza com o conceito aristotélico de lugar, concebido “como o limite imóvel mais interno e que imediatamente envolve o que está contido naquele lugar”.

Como uma superfície poderia ter qualquer dynamis? Questionamento se-melhante foi feito por Filopono, no século VI, em seu Corollarium de Loco at In Physica 581,25-31, quando ele afirma que não é razoável supor que as coisas leves movam-se para cima simplesmente para estar em contato com a superfície de seus ‘lugares’.

11 Cabe lembrar que, no De Caelo IV, 310a, 33, Aristóteles nos diz que o lugar natu-ral de um elemento é a sua forma.

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Além disso, como vimos anteriormente, Aristóteles afirma que, na natu-reza, ‘o para cima’ e o ‘para baixo’ são diferentes entre si e são determinados in-dependentemente; tal que o ‘para cima’ não é um lugar qualquer, mas, sempre o lugar para o qual naturalmente é levado o fogo; ‘o para baixo’ tampouco é um lugar arbitrário, mas sempre aquele para o qual são naturalmente levados os seres pesados e os corpos terrestres. Portanto, os lugares naturais ‘para cima’ e ‘para baixo’ são determinados a partir do que ‘vem a ser’ nele. Contudo, Aristóteles havia afirmado que: “lugar parece ser diferente de todos os corpos que vem a ser nele” (Física, IV, 1, 208b 5). Parece que Solmsen tem razão quando afirma que o

lugar natural de um elemento faz parte da sua physis e não pode ser extrínseco a ele como o ‘lugar’ que Aristóteles investiga na Física (ver: SOLMSEN, 1960, p. 128).

Contudo, se isso fosse verdade, como explicar por que Aristóteles usou, no livro 4 da Física, justamente os movimentos dos corpos naturais para os seus respectivos lugares naturais como evidência de que há algo como lugar (topos)? A meu ver, apesar das desconcertantes passagens do corpus aristotélico, devemos tentar dar conta das aparentes aporias, a fim de fornecer um tratamento mais coerente para a teoria aristotélica do movimento natural.

Nesse aspecto, concordo com Algra, quando este afirma que, para resol-ver tal desafio, é fundamental que as afirmações aparentemente contraditórias não sejam tomadas com o mesmo peso das demais passagens do texto. Diz Algra, “o comentário de Aristóteles acerca do fenômeno do movimento natural – que este fenômeno mostra que o lugar tem uma certa dynamis – é parte de uma lista de argumentos prima facie para a existência do lugar enquanto tal. No procedimento dialético do livro 4 da Física esses argumentos constituem mera-mente o primeiro estágio.” (ALGRA, 1994, p. 200).

É bem verdade que as regras do procedimento dialético determinam que os ‘fatos aparentes’ sejam ao final reavaliados de algum modo. Mas isto não significa, de acordo com Algra, que todos os phainomena com respeito ao lugar listados na primeira parte do livro 4 da Física, tenham que receber de Aristóteles um exame dialético adicional. Ademais, o método dialético de Aristóteles não o leva a endossar todos os phainomena iniciais. Segundo Algra, estas observações

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devem ser suficientes para mostrar que a afirmação de Aristóteles, de que o lugar tem uma certa potência (dynamis), não pode ser corretamente entendida fora do contexto dialético.

A meu ver a tese segundo a qual Aristóteles nunca creditou ao lugar natu-ral qualquer caráter propriamente causal tem razoável amparo textual e nos per-mite dar um tratamento mais coerente ao papel do lugar natural na explicação do movimento natural. Contudo, esta solução nos remete a outro problema, a saber, a determinação da causa dos movimentos naturais.

Abstract: This paper intends to treat the usage which Aristotle did on the term place (thopos) in many of his works, focusing on Physics, De Caelo, and Categories. It will try to achieve the ex-planation of the ontological status of place, aiming the question concerning the physical importance of natural place in Aristotelian theory of motion. In some parts of Physics, Aristotle states that natural place has a certain active power (dynamis), and also states that natural movements of heavily and lightly bodies show us that their natural places differ not only in relative positions (to up and down), but also differ by their own power. Such parts of the text had lead some commenta-tors to the supposition that natural place acts inside the Aristotelian system as a cause of natural motion. Despite those opinions, there are a clue text in Physics 1, IV, where Aristotle states that place can be none of the four causes. This appearance of aporia is under investigation here.

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