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Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCG: Browsing DSpace

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PRÓ-REITORIA PARA ASSUNTOS DO INTERIOR

CENTRO DE HUMANIDADES

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SOCIOLOGIA

"UM OLHAR SOBRE O ESPAÇO NO TEMPO"

(Um Estudo sobre as representações sociais do espaço e do

tempo na comunidade camponesa do Jucá - Cariri paraibano)

MARIA DE ASSUNÇÃO LIMA DE PAULO

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]

MARIA DE ASSUNÇÃO LIMA DE PAULO

"Um olhar sobre o Espaço no Tempo":

(Um estudo sobre as representações sociais do espaço e do

tempo na comunidade camponesa do Jucá - Cariri-paraibano).

Dissertação de mestrado

apresentada ao programa de

Pós-graduação em Sociologia da

Universidade Federal da Paraíba,

em cumprimento às exigências para

a obtenção do título de mestre.

Orientador: Rodrigo de Azeredo Grúnewald

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(Um estudo sobre as representações sociais do espaço e do tempo na

comunidade camponesa do Jucá - Cariri paraibano)

Dissertação de Mestrado apresentada em: 28 de setembro de 2001

Comissão examinadora:

Rodrigo de Azeredo Grunewald - UFPB

Orientador

Bartolomeu Figueiroa de Medeiros - UFPE

Examinador

Elizabeth Christina de Andrade Lima - UFPB

Examinadora

Campina grande,

2001

DIGITALIZAÇÃO:

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d e d i c a ç ã o e amor. Mulher forte q u e os e n t r a v e s da vida não fez perder a sensibilidade e o g o s t o pela vida.

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A g r a d e ç o a n t e s d e tudo a Deus, por ter me d a d o v o n t a d e , c o r a g e m e força para v e n c e r mais e s t a e t a p a , q u e como todas as outras, foi p e r p a s s a d a por várias d i f i c u l d a d e s .

A o m e u orientador e amigo Rodrigo de A z e r e d o G r u n e w a l d por ter aceitado trilhar c o m i g o este c a m i n h o e mais do que isto, por ter confiado e m minha c a p a c i d a d e me d e i x a n d o criar esta dissertação que t e m por base principalmente a minha s e n s i b i l i d a d e a o analisar u m objeto que de certa forma está presente e m minha vida. V o c ê d e s p e r t o u e m mim o amor pela antropologia.

À minha família, p a p a i , m a m ã e e Israel, não existem palavras para expressar a profunda g r a t i d ã o q u e t e n h o por vocês. Por tudo o que tiveram q u e passar, pela s a u d a d e q u e lhes fiz sentir, pelo amor e confiança que me d e d i c a r a m , muito o b r i g a d o , m e s m o q u e repetido milhões de vezes, será insuficiente.

À d o n a L u z i n e t e , d o n a Lurdes, dona Cilene, d o n a Dalila, S e u Mariano (com q u e m p a s s e i a g r a d á v e i s meses q u e me renderam boas amizades) e t o d o s os sitiantes d o J u c á p e l o carinho c o m q u e me trataram e pelas sábias informações q u e me p a s s a r a m , t e n d o sido estas o principal instrumento deste trabalho.

M e u s s i n c e r o s a g r a d e c i m e n t o s a Zelito pelo c o m p a n h e i r i s m o , p a c i ê n c i a , c a r i n h o e p e r s e v e r a n ç a c o m q u e me ajudou a segurar o barco do e n f a d o n h o , a n g u s t i a n t e e p r a z e r o s o percurso do mestrado, lendo meus manuscritos, e n x u g a n d o m i n h a s lágrimas e principalmente, s e g u r a n d o parte d e m e u s p r o b l e m a s , v o c ê foi muito importante e m vários m o m e n t o s da minha vida.

A minha prima V e r ô n i c a pela paciência e amizade c o m q u e torceu por m i m ( a c e n d e n d o s u a s v e l i n h a s ) e c o m q u e segurou m e u s dias difíceis e m i n h a s l a m e n t a ç õ e s , q u a n d o e s t a v a c o n c e b e n d o este trabalho. O b r i g a d a v o c ê foi muito a m á v e l e c o m p a n h e i r a .

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S a n d r o , Paulo, I o l a n d a , S i m o n e , Emanuel e outros q u e por acaso não tenha citado aqui pela a m i z a d e q u e construímos e os momentos que dividimos.

A q u a t r o a m i g o s muito especiais q u e foram de importância indescritível não só no m e s t r a d o , m a s na minha vida. X ê n i a , c o m a suavidade c o m me trata e trata a vida, me a j u d a n d o a conhecer valores q u e vão a l é m do visto. Sinceramente o b r i g a d a , v o c ê me a j u d o u a ver a vida c o m mais sensibilidade; Iolanda pelo carinho, p r e o c u p a ç ã o e z e l o c o m me trata, estando sempre disposta a me ajudar q u a n d o necessito. E r i o s v a l d o (Lindo) pela força que passa e pela disponibilidade de s e m p r e me ajudar, d i s c u t i n d o c o m i g o sobre o meu objeto; e a Lucira, q u e d e s d e a e l a b o r a ç ã o d o pré-projeto para a inserção no mestrado me apoia e me passa c o n f i a n ç a . Muito o b r i g a d a , vocês me f a z e m ver o valor da verdadeira amizade.

A m e u s tios M a n u e l e Raimunda que sempre me a c o l h e r a m c o m zelo e m sua casa, t e n d o me a j u d a d o , a l é m de e m outras conquistas da minha vida, na realização da minha p e s q u i s a de c a m p o no Jucá.

A o s f u n c i o n á r i o s d o Programa de Mestrado e m Sociologia: J o ã o z i n h o , Rinaldo e V e r i n h a . Pela forma dedicada c o m que se e m p e n h a m e m nos ajudar.

A o s p r o f e s s o r e s Marilda M e n e z e s , Mércia Rejane, Mareio Caniello e Deolinda R a m a l h o pela b o a v o n t a d e e m me indicar e emprestar livros de grande importância para as d i s c u s s õ e s e l a b o r a d a s nesta dissertação.

A o s m e u s a m i g o s Emilene, Paola, Raquel, Sady, M a i z a , T a r ç o , Jamilo, Nilberto e R a m o n pela t o r c i d a .

N ã o p o d e r i a deixar d e agradecer por fim, a C A P E S pela c o n c e s s ã o da bolsa d e e s t u d o s q u e me p r o p o r c i o n o u e q u e foi condição indispensável para a realização d e s t e t r a b a l h o .

E a t o d o s os q u e direta ou indiretamente me ajudaram a desenvolver este t r a b a l h o , s e n d o e l e produto de um esforço coletivo.

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LISTA DE FIGURAS iii RESUMO iv R E S U M E v INTRODUÇÃO 1 CAPÍTULO I- O ESPAÇO 24 1 O Sítio Jucá 27 O Jucá: a organização social e representação do espaço 31

O Jucá de Baixo 37 O Jucá de Cima 40 A "Favela" 42 Os espaços Públicos: escola e posto de saúde 48

As Vendas 51 2 OsSitios 54 A capoeira 54 O Roçado 55 O Espaço de Criação 60 A Casa 61 O Terreiro 72 Lagoa, Açudes, Cisterna e Barreiros: Os "espaços da vida" 75

"A Gente Escreve o Mundo pelos Caminhos..." 77 3 Ancorando entre o aqui e o lá: O tempo e o espaço como construções imaginárias no

conhecimento do não visível 79 CAPITULO I I - 0 TEMPO 85

"Do canto do galo a hora da reza": O ritmo de vida no jucá 90 No inverno ou no verão, "é assim que a gente leva a vida" ...93

As "experiências" sobre o tempo: 100 Passado e presente: entre o tempo bom e o tempo ruim 106

A mudança na significação dos espaços no tempo 112 CAPÍTULO III - O T E M P O E O ESPAÇO NO EXTRACOTIDIANO 115

A festa de casamento 116 Do profano ao sagrado: a sala o espaço das novenas .^J2Z

CONSIDERAÇÕES FINAIS 133 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 138

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L I S T A D E F O T O G R A F I A S

Figura 1 - Conjunto de casas denominadas favela 43 Figura 2 - Venda de Mariano (Jucá de Baixo) 52 Figura 4 - Casa de um sitiante do Jucá 62 Figura 6 - Terreiro de trás com a cozinha de fora, chiqueiro de galinhas e bodes e banheiro... 74

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O estudo d a s representações sociais de t e m p o e e s p a ç o se constitui aqui c o m o o eixo básico para o entendimento da dinâmica e da identidade social da C o m u n i d a d e c a m p o n e s a do Jucá localizada no Cariri p a r a i b a n o . T e n d o como aporte teórico e m e t o d o l ó g i c o a categoria das representações sociais, entendeu-se o e s p a ç o como o lugar praticado(Certeau, 1994). C o m p r e e n d e n d o q u e as práticas são s e m p r e d o t a d a s de sentido, buscou-se perceber nas relações sociais perpassadas por sentimentos e afetos, a construção de "espaços" significados a partir de "lugares" significantes. O t e m p o foi analisado como uma criação d o h o m e m para melhor o r d e n a r sua vida e m sociedade, sendo, portanto, uma c o n s t r u ç ã o sócio-cultural ( L e a c h , 1974). Partindo destas perspectivas, este trabalho apresenta-se como uma etnografia q u e pretende, antes de tudo, levar o leitor a penetrar no universo do e s p a ç o e do tempo naquela cultura. A etnografia dos d i v e r s o s e s p a ç o s e do ritmo de vida no Sítio levou a perceber que não existe uma forma a p e n a s de representar o t e m p o e o e s p a ç o , m a s estas categorias m u d a m s e u s significados de acordo c o m as

relações sociais q u e as e n g e n d r a m . A s s i m , relações de parentesco, vizinhança, s o l i d a r i e d a d e , reciprocidade, religião e poder f o r a m p e r c e b i d a s c o m o importantes f a t o r e s de influência e consequência na representação social do e s p a ç o e do t e m p o . S e n d o a s s i m , estas categorias tidas como naturalizadas s ã o na v e r d a d e produto d a s relações d o s h o m e n s entre si e destes c o m a natureza d e n t r o de sua cultura.

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U é t u d e d e s représentations sociales de temps et e s p a c e se constitue ici c o m m e un axe important pour la compréhension de la d y n a m i q u e et d e 1'identité sociale d e la c o m m u n a u t é p a y s a n n e de Jucá située dans le Cariri p a r a i b a n o . A y a n t c o m m e support t h é o r i q u e et m é t h o d o l o g i q u e la catégorie des représentations sociales, 1'espace a été c o n ç u c o m m e « un endroit p r a t i q u e » ( C E R T E A U , 1994). Si l'on comprend que les p r a t i q u e s sont toujours douées de sens, nous avons e s s a y é d e percevoir, dans les rélations sociales d é p a s s é e s par sentiments et t e n d r e s s e , la construction d'espace signifiés à partir d e « lieux » signifiants.Le temps a été a n a l y s é c o m m e une création de r h o m m e pour améliorer sa vie en société.étant, donc, une construction socioculturelle ( L E A C H , 1 9 7 4 ) . Si nous partons de ces perspectives, ce travail se presente c o m m e une e t h n o g r a p h i e qui p r é t e n d , avant tout, amener le lecteur à pénétrer dans 1'univers de 1'espace et d u t e m p s dans cette culture-là. L'éthnographie des divers espaces et du rithme d e vie d a n s le « Sítio », nous a fait percevoir qu'il n'existe pas une seule de f o r m e de réprésenter le temps et 1'espace, mais ces catégories c h a n g e n t leurs signifiés d ' a p r è s les rélations sociales q u e 1'engendrent. A i n s i , d e s rélations de parente, v o i s i n à g e , solidarité, réciprocité et pouvoir ont été p e r ç u e s c o m m e importants facteurs d'influence et c o n s é q u e n c e dans la réprésentation sociale de 1'espace et du temps. Si n o u s c o n s i d é r o n s , ainsi, ces catégories c o m m e naturalisées, elles sont, e n vérité, le produit d e s rélations d e s h o m m e s entre eux-mêmes et d e ceux a v e c la nature d a n s as culture.

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INTRODUÇÃO

A s i n d a g a ç õ e s sobre as representações d e t e m p o e e s p a ç o e m u m a c o m u n i d a d e rural, n ã o surgiram para mim sem propósito. Primeiro, minha própria o r i g e m rural, me f e z ter um interesse especial por estudar áreas rurais, pois fazê-lo significa para m i m resgatar uma identidade que foi u m p o u c o e s q u e c i d a e m meio as a t r i b u l a ç õ e s da vida citadina.

Q u a n d o p e n s e i em estudar c o m u n i d a d e s c a m p o n e s a s1, ainda na

g r a d u a ç ã o , v i e r a m à tona em minha memória lembranças d a vida q u e levava n o Sítio c o m m e u s pais e m e u irmão. Os dias que c o m e ç a v a m c o m a réstia do sol e m m e u quarto e as idas para a cacimba a fim de buscar água, os b a n h o s no riacho, as noites e s c u r a s , c l a r e a d a s através das velas e c a n d e e i r o s p e r p a s s a d a s pelas estórias c o n t a d a s p e l o meu pai sobre as a s s o m b r a ç õ e s vistas por ele, e i n s i s t e n t e m e n t e u m a árvore que ficava distantemente localizada à frente da m i n h a c a s a e eu só c o n s e g u i a vè-la da janela da frente à tardinha sob o reflexo do por d o sol, d e s e j a n d o matar minha curiosidade de como era o lugar q u e abrigava tão bela á r v o r e .

t

Realizei m e u primeiro trabalho de pesquisa e m á r e a s rurais e n q u a n t o bolsista P i b i c / C N P q o n d e desenvolvi pesquisas em áreas Semi-áridas da Paraíba. Este t r a b a l h o foi d i v i d i d o e m dois projetos: Desastres e Cultura n o S e m i - Á r i d o P a r a i b a n o e O s S e n t i d o s do Entorno Cultural de C o m u n i d a d e s Rurais L o c a l i z a d a s E m Á r e a s De Risco A Seca No Semi-Árido Paraibano. Nos d o i s trabalhos tinha o intuito d e r e l a c i o n a r a problemática ambiental c o m a s p e c t o s culturais d a s c o m u n i d a d e s e s c o l h i d a s como lócus de pesquisa: A s c o m u n i d a d e s de Porteiras, P a s s a g e m A b r e u e Serra Baixa todas localizadas no município de Nova Palmeira

-1 As c o m u n i d a d e s C a m p o n e s a s são encaradas por Shanin, (apud M e n e i e s , -1997 ) c o m o : " u m grupo humano localizado territorialmente e unido por laços de interação social e interdependência por u m sistema integrado de valores e normas aceitas, e pela consciência de s e r e m distintos de outros grupos delineados por linhas similares. Elevada auto suficiência deve ser adicionada c o m o uma característica dominante da tradicional c o m u n i d a d e camponesa (...) a comunidade aldeã é altamente coesa, mas, ao mesmo tempo, e diversificada e m grupos e facções diferentes e conflitantes".

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S e r i d ó P a r a i b a n o .

O c o n v í v i o c o m as pessoas daquelas c o m u n i d a d e s e as lembranças da m i n h a própria v i d a no c a m p o me fez despertar para o interesse pelo saber popular q u e o c a m p o n ê s p o s s u i sobre a natureza, as condições do tempo, a flora e a f a u n a , q u e e m última instância lhes dá aparatos para viver com e s p e r a n ç a em s e u lugar, q u e a p e s a r d a s a d v e r s i d a d e s , é querido pelas p e s s o a s que nele vivem.

A s d i s c u s s õ e s teórica e empiricamente realizadas sobre a q u e l a realidade, ao ter m e auxiliado no arcabouço teórico e metodológico para o d e s e n v o l v i m e n t o d o m e u pré-projeto para a seleção de mestrado no programa a q u e estou ligada, me influenciaram a querer entender a r e p r e s e n t a ç ã o social dos c a m p o n e s e s localizados em áreas de risco a seca sobre a relação homem-natureza.

Entretanto, no decorrer das disciplinas oferecidas no referido curso d e m e s t r a d o , fui r e p e n s a n d o o aporte teórico e t a m b é m o objeto de pesquisa.

O s d e b a t e s acerca das Consequências da M o d e r n i d a d e e m G i d d e n s (1991) me l e v a r a m a pensar que os camponeses não v i v e n c i a v a m o t e m p o e o e s p a ç o c o m o nós q u e vivemos e m cidades.

Passei a imaginar, c o m base nas minhas experiências, tanto d e v i d a c o m o d e p e s q u i s a , q u e as relações sociais no e s p a ç o c a m p o n ê s nordestino d e p e n d e m d e c o n t e x t o s d e presença, ou seja, são m a r c a d a s a partir das r e l a ç õ e s rosto a rosto, n o lugar e m que as pessoas vivem, n e c e s s i t a n d o então, de e s p a ç o s c o n c r e t o s para s u a realização. Passei a pensar t a m b é m q u e o tempo, s e n d o u m a c o n s t r u ç ã o s o c i a l , é r e p r e s e n t a d o em c o m u n i d a d e s c a m p o n e s a s não a partir d e m e c a n i s m o s q u e o f a z e m ser monetarizado, o u seja, perdido, g a n h a d o , e c o n o m i z a d o c o m o a c o n t e c e na dinâmica da vida m o d e r n a , m a s ele é v i v e n c i a d o , sentido, e s p e r a d o c o m o a l g o q u e existe concretamente, m a s n ã o exerce g r a n d e d o m í n i o sobre a vida social d a q u e l a s pessoas, c o m o o faz o relógio m e c â n i c o na s o c i e d a d e m o d e r n a . A l é m disso, ao lembrar de c o m o as p e s s o a s vivem no c a m p o

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n o inverno e n o v e r ã o , passei a imaginar q u e há uma marcante influência d a n a t u r e z a no d o m í n i o q u e o c a m p o n ê s2 exerce sobre o tempo e o espaço.

O c a m i n h o por mim percorrido na busca de entender e verificar estas q u e s t õ e s c o m o t a m b é m c o m p r e e n d e r as representações sociais d e c o m u n i d a d e s rurais a c e r c a d o t e m p o e do e s p a ç o não foi fácil. Primeiro por ter m u d a d o d e perspectiva d e t r a b a l h o no meio d o curso de mestrado, o que me trouxe a n e c e s s i d a d e d e realizar e m pouco tempo toda a pesquisa bibliográfica sobre o t e m a para a efetivação d o projeto que deveria defender c o m o exigência d o mestrado. A l é m disso, c o m o por ironia, o tempo foi m e u maior entrave na realização d a pesquisa de c a m p o , tanto por ser quantitativamente pouco, como pelas s u a s c o n d i ç õ e s e n q u a n t o f e n ó m e n o natural, pois a pesquisa foi q u a s e toda realizada no inverno, t e m p o e m q u e a c o m u n i d a d e do Jucá (lócus da minha pesquisa) se torna praticamente intransitável d e v i d o à lama, f a z e n d o c o m que minha permanência e m c a m p o fosse mais d e m o r a d a e sobrando m e n o s t e m p o para a análise dos d a d o s e escrita da d i s s e r t a ç ã o .

Mas, a p e s a r dos contratempos, é muito satisfatória para mim a realização deste trabalho. Por isso, nele conterá muito d e mim, pois através dele muitas v e z e s revivi s e n t i m e n t o s q u e tinha deixado perdido no difícil c a m i n h o q u e tive que trilhar até a inserção n e s t e mestrado.. N ã o é minha intenção a neutralidade, nem ela p o d e r i a estar a q u i p r e s e n t e , pois c o m o W e b e r (apud C o h n : 1 9 9 1 ) , e n t e n d o q u e n ã o há n e u t r a l i d a d e n a p e s q u i s a científica, visto q u e , já a e s c o l h a d o objeto está influenciada pela c o n d u t a d o pesquisador, q u e neste caso foi orientada por u m a a ç ã o d e c u n h o e m o c i o n a l .

N o e n t a n t o , a minha familiaridade c o m o contexto da pesquisa n ã o m e i m p e d i u de ter u m d i s t a n c i a m e n t o científico para a realização desta, t e n d o realizado o p r o c e s s o d e t r a n s f o r m a ç ã o d o familiar e m exótico, de a c o r d o c o m o que s u g e r e Gilberto V e l h o ( 1 9 8 1 ) .

2 Segundo Shanin (apud, Menezes:1997) o campesinato consiste de pequenos produtores agrícolas que, c o m a ajuda de equipamentos simples e do trabalho de suas famílias, produz principalmente para o seu próprio c o n s u m o , e para o cumprimento de obrigações c o m detentores do poder e c o n ó m i c o e politico.

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Se m e e s t e n d i demais neste preâmbulo, peço desculpas, mas não descarto a n e c e s s i d a d e d e haver d e m o n s t r a d o o m e u c a m i n h o até a c h e g a d a a o objeto p r o p r i a m e n t e dito: as representações sociais acerca d o t e m p o e do e s p a ç o na c o m u n i d a d e d o J u c á q u e coligiu no trabalho intitulado: "Um olhar s o b r e o e s p a ç o no t e m p o " .

E n t e n d e r as representações sociais e n g e n d r a d a s pelos c a m p o n e s e s d o Jucá acerca d o t e m p o e d o espaço tem g r a n d e importância dentro da sociologia, primeiro por f a v o r e c e r a c o m p r e e n s ã o de categorias q u e e m minha c o n c e p ç ã o estão intrínsecas e e m b o r a se saiba como sendo socialmente construídas, f o r a m p o u c o e s t u d a d a s nos meios rurais do Brasil, ficando c o n c e n t r a d o o seu estudo nas cidades, maior e x e m p l o de sociedades modernas, o n d e a tecnologia m u d o u a sua dinâmica, h a v e n d o c o m isto uma m u d a n ç a na forma de representar o t e m p o e o e s p a ç o em c o m p a r a ç ã o c o m t e m p o s passados. Ou estas categorias foram tratadas pela antropologia e m sociedades d e n o m i n a d a s exóticas c o m o as e s t u d a d a s por E v a n s - Pritchard ( 1 9 7 8 ) e M a u s s ( 1 9 7 4 ) . É importante então q u e se entenda c o m o as s o c i e d a d e s rurais, q u e não p o d e m ser consideradas exóticas e estão ainda distantes destas g r a n d e s inovações científicas e tecnológicas vivenciam o t e m p o e o e s p a ç o dentro d a s especificidades de sua cultura.

A e s c o l h a da c o m u n i d a d e d o J u c á3, localizada no município d e

U m b u z e i r o n o Cariri p a r a i b a n o , c o m o lócus de pesquisa se d e v e u primeiro às informações q u e t i n h a dela através de minha mãe, pois m e u pai há u m t e m p o atrás já havia "botado um roçado" lá, e minha m ã e ao lembrar, c o m p a r a v a o jucá d a q u e l a é p o c a (lugar da fartura) c o m o Jucá d o presente q u a n d o a s e c a castiga. E s e g u n d o , a o fato d e estar n u m a r e g i ã o c o m características semi-áridas, o n d e as famílias q u e lá h a b i t a m v i v e r a m por muito t e m p o basicamente da agricultura d e subsistência, m a s no presente, e n c o n t r a m - s e n u m a situação adversa, d e v i d o à seca que assola a região, h a v e n d o c o m isto u m g r a n d e a u m e n t o da m i g r a ç ã o tanto sazonal c o m o definitiva. Por e s t e motivo, houve na c o m u n i d a d e uma m u d a n ç a no ritmo de vida e na o c u p a ç ã o d o e s p a ç o , daí a minha intenção em entender c o m o as p e s s o a s q u e

3 Esta comunidade está localizada a 8 K m da cidade de Umbuzeiro, no Cariri Paraibano. Chama-se J u c á , por ser o nome de uma grande e frondosa árvore que servia de abrigo às pessoas quando iam trabalhar naquelas terras quando ainda não eram habitadas.

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ali habitam r e p r e s e n t a m o tempo nas suas diversas d i m e n s õ e s e o espaço c o m s u a s várias características.

A n t e s m e s m o de ser um registro a c a d é m i c o de pesquisa, esta dissertação é fruto de u m trabalho de pesquisa pautado na sensibilidade ao buscar interpretar e c o m p r e e n d e r palavras e a ç õ e s dos p e r s o n a g e n s envolvidos - os habitantes da c o m u n i d a d e do Jucá. Nesta realidade específica desenvolveu-se uma relação intersubjetiva entre pesquisador e sujeito d a pesquisa, o n d e f o r a m d i s s e m i n a d o s e c o m p a r t i l h a d o s saberes e afetos.

C h e g u e i no J u c á para conhecê-la no mês de fevereiro de 2 0 0 0 , q u a n d o tinha o objetivo de f a z e r uma o b s e r v a ç ã o prévia, para a escolha do lócus de pesquisa. N a q u e l e m o m e n t o me utilizei de c o n v e r s a s e breve o b s e r v a ç ã o do e s p a ç o com o fim de verificar as possibilidades de d e s e n v o l v e r minha pesquisa n a q u e l a c o m u n i d a d e .

M e u primeiro contato na c o m u n i d a d e foi c o m Luzinete, que muito a m a v e l m e n t e me a c o l h e u tornando-se depois minha i n f o r m a n t e - c h a v e4. A p r e s e n t e i

-me c o m o p e s q u i s a d o r a , uma pessoa q u e queria escrever u m livro sobre o Jucá, e assim fui aceita pelas p e s s o a s do local sempre c o m muita atenção, não t e n d o havido q u a l q u e r p r o b l e m a de relacionamento pesquisador-sujeito da pesquisa d e s d e o início e n o decorrer de todo o trabalho de campo.

Voltei a o j u c á para a pesquisa propriamente dita e m fins do mês d e m a i o de 2 0 0 0 , f i c a n d o na c o m u n i d a d e durante o mês de j u n h o , julho e parte de agosto e v o l t a n d o e m d e z e m b r o , q u a n d o fiquei parte do mês. O s m o m e n t o s da realização da pesquisa f o r a m a l t e r n a d o s e m virtude da n e c e s s i d a d e d e p e r c e b e r a dinâmica da vida cotidiana d a s p e s s o a s da c o m u n i d a d e e m e s t a ç õ e s climáticas diferentes, n o inverno (primeira parte) e no v e r ã o (mês d e d e z e m b r o ) .

4 A escolha de dona Luzinete c o m o minha informante chave também não ocorreu por acaso, mas devido ao fato de ela ser uma parenta minha, e por isso. ser conhecida da minha môe. a l é m disso, por ser auxiliar de enfermagem no posto de saúde, ela é uma das pessoas mais conhecidas da comunidade. Como W i l l i a n Foote-White (apud Nunes, 1978) percebi a importância de obter o apoio de u m individuo chave para a realização bem sucedida da pesquisa participante, pois é ele quem auxilia no estabelecimento de um bom relacionamento entre o pesquisador e o sujeito da pesquisa.

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Durante t o d o este t e m p o me h o s p e d a v a na casa de Luzinete, voltando muitas v e z e s para Umbuzeiro nos finais d e tarde, por receio d e causar g r a n d e i n c o m o d o e c o n s t r a n g i m e n t o às p e s s o a s da casa. S e m p r e fui bem acolhida por Luzinete e sua família, c o m os quais desenvolvi u m a relação d e grande amizade, c h e g a n d o a ser por ela c h a m a d a de filha. Foi ela t a m b é m q u e m me apresentou a muitas p e s s o a s da c o m u n i d a d e , me servindo muitas v e z e s d e referência q u a n d o ia falar c o m a l g u é m q u e ainda não conhecia.

O fato d e ter u m parentesco com Luzinete me fez ter o c u i d a d o de manter u m certo d i s t a n c i a m e n t o no m o m e n t o de coleta d e dados, distanciamento este n e c e s s á r i o para o alcance de uma certa objetividade científica.

Para o d e s e n v o l v i m e n t o da p e s q u i s a de c a m p o percorri toda a c o m u n i d a d e , e s t a n d o mais presente por a l g u n s m o m e n t o s , na parte d e n o m i n a d a Jucá de B a i x o5, o q u e foi inevitável, e m decorrência da localização da casa em q u e

estava h o s p e d a d a e da impossibilidade de fazer g r a n d e s c a m i n h a d a s nos dias c h u v o s o s (quase todos os dias dos três primeiros meses) devido à lama e s c o r r e g a d i a que nestes dias ficava na estrada e nos caminhos.

O t a m a n h o da c o m u n i d a d e ( a n e x o l ) e o n ú m e r o de famílias impossibilitaram q u e a coleta de d a d o s , p r i n c i p a l m e n t e a técnica de entrevistas, f o s s e realizada c o m t o d o s os s e u s habitantes, t e n d o sido feita c o m parte da c o m u n i d a d e , o n d e foi a d o t a d o o critério de a m o s t r a g e m aleatória. A s amostras e r a m a p a n h a d a s por casas/família e n ã o por indivíduos.

C o m relação aos m é t o d o s utilizados p a r a a realização da pesquisa, adotei a técnica d a entrevista c e n t r a d a8 c o m o principal instrumento de registro d a s

e x p r e s s õ e s orais d o s informantes.

F o r a m realizadas 14 (catorze) entrevistas c o m p e s s o a s de faixas etárias diferentes e q u e r e s i d e m no Sítio, s e n d o 07 (sete) n o Jucá de Baixo, cinco no J u c á

5 Ver primeiro capitulo página 38.

6 Utilizou-se a técnica da entrevista centrada na forma indicada por Michel Thiollet (1980:35): "na qual dentro das hipóteses e de certos t e m a s , o entrevistador deixa o entrevistado descrever livremente a sua experiência pessoal a respeito d o assunto investigado".

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d e c i m a e 02 ( d u a s ) na parte da comunidade d e n o m i n a d a de f a v e l a7. A l g u m a s

p e s s o a s f o r a m entrevistadas por morar em pontos estratégicos, c o m o as da favela, outras por s e r e m m a i s idosas e por isso c o n h e c e r e m mais sobre a f o r m a ç ã o e história da c o m u n i d a d e , outras por terem influência c o m t o d a s as p e s s o a s q u e lá h a b i t a m d e v i d o a o trabalho que realizam, e a i n d a outras pessoas foram e n t r e v i s t a d a s por t e r e m migrado e voltarem à c o m u n i d a d e , e por fim, tentei entrevistar p e s s o a s q u e moram nos pontos mais distantes d o Jucá, pois, d a d o sua d i m e n s ã o , u m a amostra que f o s s e retirada de lugar c o n c e n t r a d o não seria representativa de toda a comunidade.

É importante salientar que apesar de haver um t e m p l o da assembleia de D e u s na c o m u n i d a d e a maioria das entrevistas foi realizada c o m católicos, devido ao p e q u e n o n ú m e r o de protestantes na c o m u n i d a d e . T a m b é m não foi presenciado n e n h u m ritual protestante na comunidade durante t o d o o t e m p o da pesquisa de c a m p o .

As informações aqui trabalhadas não foram s e m p r e obtidas nas entrevistas, m a s muitas delas e m conversas informais, e m bate papos e n q u a n t o t o m á v a m o s u m café, ou nas conversas e n q u a n t o c a m i n h á v a m o s , o u até m e s m o e n q u a n t o as m u l h e r e s realizavam alguma tarefa. A c r e d i t o q u e estas informações s ã o m u i t o ricas, pela sua imparcialidade e pela e s p o n t a n e i d a d e c o m q u e f o r a m p a s s a d a s8. Elas só são possíveis de serem o b t i d a s na o b s e r v a ç ã o participante

p o r q u e só a t r a v é s dela, c o m p r e e n d e m o s o significado de atitudes, q u e s e m u m e n t e n d i m e n t o da realidade social não tem sentido para o pesquisador. Portanto, s a b e n d o d a impossibilidade de registrar através da entrevista, as e x p r e s s õ e s c o r p o r a i s e as a ç õ e s relacionadas ao tema proposto - importantes e l e m e n t o s para a c o m p r e e n s ã o d o q u e me d i s p u n h a a estudar - senti a n e c e s s i d a d e de me utilizar t a m b é m d a o b s e r v a ç ã o participante9, que me d e u subsídios para perceber ações

7 A s partes da comunidade denominadas Jucá de Baixo. Jucá de cima e Favela serão analisadas no primeiro capitulo desta dissertação. 8 É Importante que se entenda que estas Informações, quase sempre de caráter subjetivo representam meramente sua percepção filtrada e modificada por suas reações cognitivas e emocionais e relatadas através de sua capacidade pessoal de verbalização. (Dean, J.P. e W h y t e , W . F . , 1969:105-« apud Haguete, 1997:88)

9 A Observação Participante é utilizada aqui no sentido antropológico, onde o pesquisador busca o sentido das coisas para melhor compreender o funcionamento de uma sociedade primitiva ou de um grupo humano. (Haguette. 1997:67) a observação participante é entendida aqui a partir de Morris S. Schwartz e Charlotte Green Schwartz que definem a observação participante c o m o c o m u m processo no qual a presença do observador

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s e m

as quais seria

impossível o

entendimento

da dinâmica do t e m p o

e

do e s p a ç o na c o m u n i d a d e d o J u c á .

A o b s e r v a ç ã o participante foi realizada em três m e s e s de pesquisa, n o s quais convivi d e f o r m a q u a s e que integral com os habitantes da c o m u n i d a d e , t o m a n d o café c o m eles, indo ao roçado, indo a p a n h a r c a p i m , participando d a s c o n v e r s a s r e a l i z a d a s nas calçadas entre uma tarefa e outra, a l m o ç a n d o com eles e muitas v e z e s j a n t a n d o e d o r m i n d o e m suas casas.

A n e c e s s i d a d e desse contato mais direto e constante, exigido pela e s p e c i f i c i d a d e d o m e u objeto de estudo, está amparado, metodologicamente, no m é t o d o qualitativo. A p o e i - m e em Geertz (1978) para a realização desta pesquisa, e n t e n d e n d o a cultura c o m o uma teia de significados construída pelos próprios h o m e n s . Partindo de W e b e r , Geertz entende que o objetivo do pesquisador d a antropologia n ã o é procurar v e r d a d e s ou causas sobre esta ou aquela cultura, mas fazer uma leitura de u m aspecto de uma determinada cultura. É eleger entre as estruturas significantes aquela que ele escolheu pra interpretar. Geertz percebe, portanto, a p e s q u i s a antropológica como uma atividade interpretativa. Neste sentido, o m e u t r a b a l h o é construído como um texto antropológico, no qual inscrevo m i n h a s interpretações.

Nesta p e r s p e c t i v a , a categoria d a s representações sociais me serve de a p a r a t o teórico e m e t o d o l ó g i c o para a interpretação d o s d a d o s d e c a m p o , s e n d o ela o principal i n s t r u m e n t o na análise d a s c o n c e p ç õ e s d e t e m p o e e s p a ç o entre os c a m p o n e s e s d a c o m u n i d a d e do Jucá no Cariri Paraibano. A partir da escolha d a s r e p r e s e n t a ç õ e s s o c i a i s c o m o base d e minhas interpretações, b u s q u e i estabelecer uma síntese teórica entre f e n ó m e n o s q u e e m nível d a realidade e s t ã o p r o f u n d a m e n t e ligados. C o m p r e e n d e - s e então que as r e p r e s e n t a ç õ e s p o d e m ser c o n s i d e r a d a s c o m o u m sistema de interpretação da realidade, o r g a n i z a n d o as

n u m a situação social é mantida para fins de investigação cientifica. O observador esta e m relação face a face c o m observadores, e. e m participando c o m ele ao m e s m o t e m p o modifica e é modificado por este contexto O papel do observador participante pode ser tanto formal c o m o informal, encoberto o u revelado, o observador pode dispensar muito pouco tempo na situação da pesquisa; o papel do observador participante pode ser uma parte integrante da estrutura social, ou ser simplesmente periférica com relação a ela." (1955: 19, apud Haguette, 1997: 72).

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relações d o indivíduo c o m o m u n d o e orientando suas c o n d u t a s e c o m p o r t a m e n t o s junto ao meio social.

N e s s e sentido, a o buscar uma interpretação das representações sociais a c e r c a do t e m p o e do e s p a ç o no Jucá, estava na v e r d a d e e s t a b e l e c e n d o relações entre teoria e r e a l i d a d e e por assim dizer, estava "representando", no sentido de interpretar as r e p r e s e n t a ç õ e s que são e n g e n d r a d a s por a q u e l a s pessoas.

O c o n c e i t o de " R e p r e s e n t a ç ã o Social" não foi s e m p r e assim d e n o m i n a d o , s e n d o pela primeira vez tratado na sociologia, por D u r k h e i m , ( 1 9 7 8 ) c o m o

"Representações Coletivas". Este autor cria o conceito de "Representação coletiva"

f u n d a m e n t a d o na sua c o n c e p ç ã o de sociedade e indivíduo e n t e n d i d o s s e p a r a d a m e n t e , o n d e a primeira é c o n c e b i d a c o m o uma "realidade sui generis", c o m características próprias e peculiares a cada realidade. E n q u a n t o q u e o indivíduo possui d u p l a natureza, o ser individual, q u e não c a b e a sociologia o s e u trato, e o ser social, q u e representa a o r d e m moral e intelectual, isto é a s o c i e d a d e .

A sociologia e n q u a n t o ciência que busca o estudo da sociedade d e v e dar conta de s e u objeto próprio; o fato social, q u e possui três características f u n d a m e n t a i s : a exterioridade, a g e n e r a l i d a d e e a coercitividade.

Partindo deste ponto de vista, D u r k h e i m constrói o c o n c e i t o d e r e p r e s e n t a ç õ e s coletivas c o m o s e n d o :

"O produto de uma imensa cooperação que se estende não apenas

no espaço, mas no tempo; para fazê-lo, uma multidão de espíritos diversos associaram, misturaram, combinaram suas ideias e sentimentos; longas séries de gerações acumularam aqui sua experiência e saber".(1978: 216).

A s R e p r e s e n t a ç õ e s coletivas são, portanto c a t e g o r i a s de p e n s a m e n t o através das q u a i s d e t e r m i n a d a s o c i e d a d e e l a b o r a e e x p r e s s a sua r e a l i d a d e e m t e r m o s d e e x p e r i ê n c i a e saber.

De a c o r d o c o m M. Farr (Apud: G u a r e s c h i . P. J o v c h e l o v i t c h , S a n d r a , 1997: 31), foi b a s e a d o n o c o n c e i t o de " R e p r e s e n t a ç õ e s coletivas" d e D u r k h e i m e c o m o p r o p ó s i t o d e redefinir os p r o b l e m a s e conceitos da psicologia s o c i a l , q u e S e r g e M o s c o v i c i i n a u g u r o u o t e r m o r e p r e s e n t a ç õ e s sociais na o b r a intitulada "La

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P s y c h a n a l y s e , son image et pubiic" (1961). S e g u n d o ele o conceito d e " r e p r e s e n t a ç õ e s coletivas" criado por Durkheim dava conta d e explicar a s o c i e d a d e ocidental d o início d o século, mas, nas sociedades c o n t e m p o r â n e a s existe outra o r d e m de f e n ó m e n o s q u e exigem um outro tipo de conceito mais globalizante, d a d a a d i n a m i c i d a d e e f l u i d e z destas sociedades.

Por este motivo, Moscovici afasta-se da perspectiva D u r k h e i m i a n a i n a u g u r a n d o o c o n c e i t o de "Representações sociais" como:

"um conjunto de conceitos, proposições e explicações originados da vida cotidiana no curso de comunicações interpessoais. Elas são o equivalente, em nossa sociedade, dos mitos e sistemas de crenças das sociedades tradicionais; podem também ser vistas como a versão contemporânea do senso comum." (Moscovici, 1978: 48)

Moscovici então, não trocou o termo coletivo pelo social, d e v i d o a u m a mera originalidade nominal, mas sim para realçar o d i n a m i s m o social q u e existe no â m a g o da r e p r e s e n t a ç ã o , impregnando a vida afetiva e intelectual dos indivíduos de uma s o c i e d a d e .

E m b o r a tenha sido necessário esclarecer estas d i f e r e n c i a ç õ e s entre os conceitos d e " R e p r e s e n t a ç ã o Coletiva" e " R e p r e s e n t a ç ã o Social", n ã o é este o cerne da q u e s t ã o a o abordar neste trabalho as " R e p r e s e n t a ç õ e s Sociais", pois me interessa aqui o f a t o de considerar que elas encontram sua b a s e na realidade social e sua p r o d u ç ã o se e s t a b e l e c e nas instituições sociais, n o s m e i o s de c o m u n i c a ç ã o d e m a s s a , nos m o v i m e n t o s sociais, nos atos de resistência e e m u m a série d e lugares sociais. S ã o f o r m a d a s , portanto, q u a n d o as p e s s o a s se e n c o n t r a m para discutir o cotidiano, o u q u a n d o estão expostas às instituições, aos mitos e à h e r a n ç a histórico-social de suas sociedades.

Jodelet ( 1 9 8 9 ) entende que a representação é u m ato d o p e n s a m e n t o por meio d o qual o sujeito se relaciona c o m o objeto, o q u e implica s e m p r e n u m c o n t e ú d o mental q u e restitui simbolicamente algo a u s e n t e o u aproxima a l g o longínquo. A s s i m sendo, a representação, ao substituir m e n t a l m e n t e u m d e t e r m i n a d o objeto reconstrói as cadeias de significações que o f o r m a m , restituindo-o s i m b o l i c a m e n t e e t a m b é m inscrevendo n o v o s significados. R e p r e s e n t a r nesta perspectiva é, portanto, atribuir significados a objetos

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significantes, atribuir sentido a signos de acordo c o m a cultura e m q u e se está inserido.

S e g u n d o Moscovici, o ato de representar transfere o q u e é estranho, perturbador, d o universo exterior para o interior: coloca-o e m uma categoria e contexto c o n h e c i d o s , o u seja, a f u n ç ã o das representações é tornar familiar o n ã o -familiar, a s s i m c o m o :

"Representar um objeto é ao mesmo tempo, conferir-lhe o status de um signo, é conhecê-lo, tomando-o significante. De um modo particular, dominamo-lo e interiorizamo-lo, fazemo-lo nosso. É verdadeiramente um modo particular, porque culmina em que todas as coisas são representações de alguma coisa".(1978: 63)

A partir desta conceituação Guareschi (1995) a r g u m e n t a que para M o s c o v i c i a r e p r e s e n t a ç ã o c o m p r e e n d e uma relação entre sujeito e objeto, tendo sua base e m dois a s p e c t o s fundamentais: o perceptivo, e o c o n c e i t u a i . S e g u n d o ele

"temos a propensão para dar uma existência conosco àquilo que tinha uma existência sem nós, para fazermos presentes onde estamos ausentes e familiares naquilo que nos é estranho".(Guareschi A p u d : Spinhk, 1995: 26).

Nessa perspectiva, entendo que o estudo das r e p r e s e n t a ç õ e s , na forma c o m o foi d e s e n v o l v i d o por Moscovici mostra-se como u m referencial importante para a c o m p r e e n s ã o d a s c o n c e p ç õ e s de tempo e espaço c o m p a r t i l h a d a s socialmente na c o m u n i d a d e d o Jucá.

C o m b a s e na categoria d a s representações sociais, o t e m p o e o e s p a ç o serão e s t u d a d o s c o m o construções sociais do g r u p o , q u e através do ato d e representar atribui significados a uma realidade que é v i v e n c i a d a no cotidiano, visto q u e é através da rotina impressa neste que a vida social é recriada. Desta forma, a rotina é b a s i c a m e n t e expressa na consciência d o s indivíduos, c o m o .uma c o n s c i ê n c i a prática, o u seja, a vida cotidiana engaja c o n s t a n t e m e n t e a c a p a c i d a d e reflexiva d o s indivíduos.

A s n o ç õ e s de e s p a ç o e t e m p o já vêm s e n d o p e n s a d a s de várias f o r m a s por diferentes e s c o l a s dentro da sociologia e antropologia.

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T e ó r i c o s clássicos como Evans-Pritchard (1978) e M a u s s (1974) a b o r d a r a m a q u e s t ã o do tempo e do espaço e m s o c i e d a d e s primitivas d e m o n s t r a n d o c o m o estas duas categorias determinam a vida social d a s s o c i e d a d e s por eles estudadas.

B a c h e l a r d (1993) em sua obra "a Poética d o Espaço" a b o r d a o e s p a ç o p a r t i n d o d a q u e s t ã o d o imaginário através de uma imagem poética. Para isto, o autor p r o p õ e u m a f e n o m e n o l o g i a da imaginação, que seria o estudo d o f e n ó m e n o da i m a g e m poética q u a n d o a imagem emerge na consciência c o m o u m produto direto d o c o r a ç ã o , da alma, do ser do h o m e m t o m a d o em sua atualidade. Neste sentido, ele c o l o c a q u e a imagem v e m antes do p e n s a m e n t o . A partir desta f e n o m e n o l o g i a da i m a g e m poética é que o autor trabalha os e s p a ç o s vividos e x p e r i e n c i a d o s , c o m o experiências simples da linguagem vivida.

Já O s e s t u d o s acerca da s u p e r m o d e r n i d a d e e da p ó s - m o d e r n i d a d e t r a z e m as m u d a n ç a s na dimensão espacial p r e o c u p a n d o - s e e m entender a d i n â m i c a espacial nas relações sem rosto tão frequentes na era s u p e r - m o d e r n a ou p ó s - m o d e r n a .

C o m r e l a ç ã o a isso, A u g e (1994) diferencia na s u p e r m o d e r n i d a d e1 0 o

"lugar" e o "espaço" e cria o "não-lugaf, c o l o c a n d o estes c o n c e i t o s c o m o

i m p o r t a n t e s i n s t r u m e n t o s para o e n t e n d i m e n t o da S u p e r m o d e r n i d a d e . Ele e n t ã o d e f i n e o "lugar a n t r o p o l ó g i c o " c o m o a q u e l e vivenciado pelas c o m u n i d a d e s , c o m o

"uma construção simbólica do espaço que não poderia dar conta somente por ela das vicissitudes e contradições da vida social, mas a qual referem todos aqueles a quem ela designa um lugar, por mais "modesto" que seja". Este lugar a n t r o p o l ó g i c o

é o q u e se o p õ e a o "não-Lugar", q u e por sua vez é a p e n a s e s p a ç o n ã o vivido, e n q u a n t o q u e os " l u g a r e s " são estes espaços, porém praticados.

Castells (1999) ao analisar a sociedade c o n t e m p o r â n e a e a p ó s -m o d e r n i d a d e1 1 trata d o t e m p o d o e s p a ç o como formas sociais. Para ele, t a n t o o

t e m p o c o m o o e s p a ç o estão sofrendo importantes e profundas m u d a n ç a s sob efeito

10 Este autor percebe a supermodernidade c o m o desdobramento da própria modernidade. 11 C A S T E L L S (1999) define a pós modernidade como a era da informação.

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c o n j u g a d o d o p a r a d i g m a da tecnologia e da informação e d o s m o d o s e p r o c e s s o s sociais instituídos a partir das atuais transformações históricas, sociais e culturais da informática, da robótica, da e n g e n h a r i a genética, da biotecnologia. C o m estas t r a n s f o r m a ç õ e s , a vida e a morte não mais correm nos trilhos das d i m e n s õ e s espaciais e t e m p o r a i s ditadas pela cronologia, mas são m a n i p u l a d a s e rearranjadas e m t u b o s d e e n s a i o e chips de c o m p u t a d o r q u e d ã o a t u a l i d a d e a distâncias quilométricas.

Já C e r t e a u (1994) p e r c e b e n d o as t r a n s f o r m a ç õ e s sofridas na P ó s -M o d e m i d a d e1 2, a p o n t a para o fato de q u e neste contexto nem tudo p o d e ser

e n c a r a d o c o m o e s p a ç o , assim, ele busca uma d i f e r e n c i a ç ã o entre o "lugar"' e o

"espaço" para e n t e n d e r as relações sócio-culturais. Neste sentido, o autor trata d o

p r o b l e m a da definição d e "espaços" e "lugares", enfatizando, que o primeiro se caracteriza pela n e c e s s i d a d e de ser vivenciado para ser c o n s i d e r a d o c o m o tal, e n q u a n t o que o s e g u n d o é a o r d e m estável onde estas vivências a c o n t e c e m , ou seja, u m lugar (apartamento, por exemplo) se torna e s p a ç o na medida e m q u e dentro deste as p e s s o a s estabelecem relações e vivências. Em suma, para C e r t e a u "o espaço é um lugar praticado". Ele t a m b é m diferencia neste m e s m o sentido os m a p a s e os p e r c u r s o s o n d e o primeiro, s e g u e um m o d e l o e o s e g u n d o d e p e n d e d o indivíduo q u e o executa, estando, portanto e m movimento. O primeiro é u m c o n h e c i m e n t o d o s lugares e o s e g u n d o é uma a ç ã o espacializante. Nesta perspectiva, as d e m a r c a ç õ e s são c o l o c a d a s por ele c o m o "fundamental" para a distribuição d o s e s p a ç o s q u e o estruturam. A s s i m , as fronteiras e s t a b e l e c i d a s por e l a s são sensíveis e n ã o fixas.

A o c o m e n t a r a c o m p r e e n s ã o q u e os p e s c a d o r e s t ê m do s e u lugar e d o s e u t e m p o M a l d o n a d o (1993) enfatiza q u e as r e p r e s e n t a ç õ e s do t e m p o e e s p a ç o são imprescindíveis à o r g a n i z a ç ã o social de u m g r u p o , d e t e r m i n a n d o inclusive outros c o m p o r t a m e n t o s . Assim, ela adota o conceito d e lugar c o m o s e n d o "a

conjunção do tempo, do espaço e do sentimento (Ostrowetski,1990) tornando a

12 Vários autores discutem, hoje, se a chamada pós-modemidade se realiza realmente c o m o etapa posterior a modernidade ou se, na verdade, alguns de seus traços constituem uma nova fase da própria modernidade que ainda nâo se esgotou.

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heurística e essencial à compreensão dos contextos em que os fatos acontecem".

( 1 9 9 3 : 3 6 ) .

C o m p a r t i l h a n d o desta mesma c o m p r e e n s ã o , adoto n ã o o conceito d e lugar para interpretar as representações sociais de e s p a ç o entre os c a m p o n e s e s da c o m u n i d a d e rural d o Jucá, mas o conceito de " e s p a ç o " e n c o n t r a d o e m C e r t e a u (1994) q u e será e s t u d a d o na sua relação com o tempo.

E n t e n d o assim, como vários autores, q u e o t e m p o t a m b é m é uma importante c a t e g o r i a para análise das relações sociais dentro d e uma sociedade, por e s t e motivo ela foi e é objeto de estudo de muitos teóricos d e s d e a antiguidade g r e g a , idade média até a contemporaneidade.

Santo A g o s t i n h o (apud Nunes, 1998) ao falar do t e m p o afirma ser fácil senti-lo, m a s q u a n d o se deseja falar sobre o seu significado há uma dificuldade e m e x p r e s s á - l o , e l e q u e s t i o n a inclusive se é possível falar sobre o ser d o tempo.

Da m e s m a forma, também muitos filósofos se p r e o c u p a r a m c o m o ser do tempo. P r e v i a m e n t e , temos uma noção do que é tempo, pois vivemos ele e nele, p o r é m q u a n d o se formula a pergunta o que é o t e m p o ? V a r i a s hipóteses são c o l o c a d a s para r e s p o n d e r a esta questão.

C o m o falar e m t e m p o ? É possível falar do s e u ser, o u ele é u m n ã o - s e r ? Esta i n d a g a ç ã o d e s p e r t o u a p r e o c u p a ç ã o dos p e n s a d o r e s d e s d e a idade antiga a t é o p r e s e n t e . Falar n o ser d o t e m p o significa falar do q u e é, d o q u e já foi e d o q u e está p a r a ser, pois ele é simultaneamente presente, p a s s a d o e futuro. A s u a m o b i l i d a d e e instabilidade o tornam inapreensível, p o r q u e é difícil falar d e u m ser q u e n ã o é n o m o m e n t o , mas foi e será. Aristóteles ( a p u d Reis, 1994:10) já se p e r g u n t a v a se era possível colocar o tempo entre os s e r e s ou o s n ã o seres, sobre isto ele afirma: "por u m lado ele foi e não é mais, por outro e l e vai ser e n ã o é a i n d a " , m a s se ele é divisível, ele é u m ser, pois tem u m a existência divisível, entre o foi, o é e o será. A l g u m a s de suas partes ou todas elas existem, a partir disto ele e n t ã o conclui: "ora, as partes do tempo são, umas passadas e outras futuras;

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A d i s c u s s ã o sobre a natureza do t e m p o n ã o teve s e u fim c o m a a n t i g u i d a d e , m a s foi e é objeto de estudo de diversos filósofos, físicos e cientistas sociais, q u e na â n s i a de entender o s e u sentido criaram i n ú m e r a s teorias para explicá-lo. Para G a d a m e r ( A p u d REIS, 1994) a natureza d o t e m p o c o n t i n u a a ser u m d o s mistérios m a i s insondáveis para o h o m e m .

O t e m p o e n t ã o , foi e é estudado por diversos p e n s a d o r e s a partir d e h i p ó t e s e s objetivistas e subjetivistas. Uns q u e r e n d o explicá-lo p e l o m o v i m e n t o dos astros e por u m a o r d e m matemática racional, b u s c a n d o mensurá-lo, a partir de u m empiricismo, n ã o h a v e n d o nesta c o n c e p ç ã o um mistério sobre o tempo, ele n ã o é só dizível, c o m o q u a n t i f i c á v e l ; ele é a quantidade, a medida de t o d o s os m o v i m e n t o s naturais a partir d e u m a referência c o m u m . Outros, b u s c a n d o sua c o m p r e e n s ã o a partir da c o n s c i ê n c i a h u m a n a , situam o tempo na alma, na c o n s c i ê n c i a e no espírito, aqui ele só existe á partir dos homens, pelos h o m e n s e nestes h o m e n s . S e n d o m e d i d o a partir de três sentimentos: espera, visão e lembrança.

Nas C i ê n c i a s Sociais, a discussão sobre o t e m p o se introduz dentro desta s e g u n d a p e r s p e c t i v a , estando centrada no h o m e m , o t e m p o é e n t e n d i d o c o m o uma c o n s t r u ç ã o sócio-cultural deste para melhor ordenar sua vida e m s o c i e d a d e . L e a c h ( 1 9 7 4 ) o p e r c e b e c o m o intervalos que o h o m e m criou n a vida social para melhor o r g a n i z á - l a . S e g u n d o ele a n o ç ã o de t e m p o é tão n e c e s s á r i a na s o c i e d a d e q u a n t o o é a n o ç ã o d e Deus. Ele enfatiza que o t e m p o é m a r c a d o e m toda à parte d o m u n d o a t r a v é s d e c a l e n d á r i o s e festivais a partir dos q u a i s se f o r m a u m período. S e m os festivais tais p e r í o d o s não existiriam e toda a o r d e m sairia da vida social.

A partir d e L e a c h (op.cit.) e n t e n d e - s e q u e o t e m p o é uma c o n s t r u ç ã o social n e c e s s á r i a e m toda e q u a l q u e r s o c i e d a d e . T o d a v i a , q u a n d o o h o m e m s e a p r o p r i a d o t e m p o d e n t r o d o seu e s p a ç o , ele passa a r e p r e s e n t á - l o de a c o r d o c o m os u m b r a i s d e s u a cultura. O t e m p o é então, uma n o ç ã o f a b r i c a d a pelo h o m e m q u e se projeta e m s e u a m b i e n t e para s e u s próprios objetivos particulares, m u d a n d o s e u significado d e c u l t u r a para cultura.

D e n t r o d e s t a perspectiva, faz-se necessário e n t e n d e r o s s e n t i d o s d e u m a cultura para c o m p r e e n d e r a r e p r e s e n t a ç ã o social d e t e m p o dentro desta.

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M a u s s ( 1 9 7 4 ) a o estudar a cultura esquimó, p e r c e b e u q u e a variação d o t e m p o ( d e m a r c a d a pelas q u a d r a s d e inverno e verão) n a q u e l a s o c i e d a d e possui uma certa d o m i n â n c i a na representação de mundo e na o r g a n i z a ç ã o da vida social entre eles. A r e p r e s e n t a ç ã o social d o t e m p o para os Esquimós é o eixo principal para o e n t e n d i m e n t o d e sua cultura, haja vista, existir entre eles uma m u d a n ç a característica no m o d o de vida e m decorrência da variação d o tempo.

Já e n t r e os Nuer uma c o m u n i d a d e Nilota de P e q u e n o s pecuaristas -E v a n s - P r i t c h a r d ( 1 9 7 8 ) p e r c e b e u q u e o tempo era d e t e r m i n a d o através da n e c e s s i d a d e d e s o b r e v i v ê n c i a deles e do gado, pois o g a d o era sua principal fonte de riqueza e prestígio e por isso, determinava a o r g a n i z a ç ã o da vida social d o s Nuer. D e s s a f o r m a , o t e m p o d e n o m i n a d o por Evans-Pritchard c o m o "ecológico" dividia-se entre o t e m p o da chuva - o n d e necessitavam subir as m o n t a n h a s para se d e f e n d e r e m d o s a l a g a m e n t o s - e o tempo da seca - q u a n d o eles d e s c i a m as m e s m a s e p a s s a v a m a viver na parte baixa pela n e c e s s i d a d e d e encontrar alimentos para o g a d o e cuidar da lavoura de subsistência q u e cultivavam. Este autor p e r c e b e u a i n d a q u e no dia-a-dia os Nuer viviam uma outra c o n c e p ç ã o d e t e m p o q u e o r i e n t a v a s u a s tarefas e os horários d e sua alimentação, e m b o r a e s t a n d o ligado a i n d a a o gado. Ele d e n o m i n o u esta outra c o n c e p ç ã o de t e m p o v i v e n c i a d a p e l o s N u e r d e "tempo estrutural".

Da m e s m a f o r m a , mas c o m o sentido diferente, atribuído por sua cultura, tanto os E s q u i m ó s q u a n t o os Nuer t i n h a m a vida social o r g a n i z a d a de a c o r d o c o m

uma v a r i a ç ã o d o t e m p o q u e c h a m a r í a m o s de e s t a ç õ e s d o a n o . T a i s e s t a ç õ e s a p e s a r d e s e r e m m u d a n ç a s de tempo, p o s s u e m sentidos diferentes dentro d a s d e m a i s s o c i e d a d e s , s e n d o , portanto, uma construção sóciocultural e n g e n d r a d a pelo h o m e m e m sua cultura.

T h o m p s o n ( 1 9 9 8 ) e m s e u estudo sobre a m u d a n ç a d o t e m p o e d a disciplina d e t r a b a l h o n o capitalismo industrial, afirma ser característica d a s s o c i e d a d e s t r a d i c i o n a i s1 3 a n o t a ç ã o d e t e m p o orientado pelas tarefas. S e n d o a s s i m ,

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o tempo, nestas s o c i e d a d e s , é uma notação q u e pode ser m a r c a d a pela d u r a ç ã o de uma tarefa, c o m o o t e m p o de um Pai Nosso.

Este autor t a m b é m percebe que nas sociedades m o d e r n a s há a n e c e s s i d a d e d e s i n c r o n i z a ç ã o d o trabalho, p a s s a n d o a exigir q u e o t e m p o f o s s e milimetricamente m e d i d o através d o relógio m e c â n i c o1 4

Elias ( 1 9 9 8 ) aborda o t e m p o c o m o u m d o s símbolos sociais, q u e se d e s e n v o l v e u c o m o p r o c e s s o civilizador. O h o m e m ao nascer encontra u m aparato de c o n h e c i m e n t o s q u e ele irá absorver e contribuir para aumentar. O que ele vai a p r e e n d e r s ã o os s í m b o l o s sociais, c o m o o tempo. O tempo é discutido por este autor na obra " S o b r e o tempo" como sendo uma c o e r ç ã o d e natureza social, exercida pela m u l t i d ã o sobre o indivíduo, mas t a m b é m r e p o u s a sobre d a d o s naturais c o m o , por e x e m p l o , o envelhecimento. Ele percebe a natureza e a cultura como e s t a n d o e n t r e l a ç a d o s , não h a v e n d o uma separação, pois s e g u n d o ele são os h o m e n s no â m a g o da natureza que constituem a r e p r e s e n t a ç ã o cardinal exigida para c o m p r e e n d e r m o s o tempo. Parte das discussões presentes e m sua obra traz a tona a q u e s t ã o do desequilíbrio entre autodisciplina individual e restrição social c o m relação a o p r o c e s s o civilizador exercido pelo tempo. Elias faz uma diferenciação entre as s o c i e d a d e s s i m p l e s e as s o c i e d a d e s mais c o m p l e x a s , enfatizando q u e cada uma a sua m a n e i r a d e s e n v o l v e formas de simbolizar e medir o t e m p o q u e se a d e q ú e m a sua r e a l i d a d e e as suas n e c e s s i d a d e s , isto é mais u m a prova de q u e o t e m p o n ã o parte d e n a t u r e z a individual e sim social.

M a s , é e n f o c a n d o as m u d a n ç a s sociais na m o d e r n i d a d e q u e a s categorias de t e m p o e e s p a ç o g a n h a m d e s t a q u e n o p e n s a m e n t o sociológico. Devido à m u d a n ç a n o ritmo de vida q u e h o u v e de entre o século X I X e o século X X I , os estudos s o b r e a m o d e r n i d a d e t r a z e m a c o m p r e e n s ã o das c a t e g o r i a s d e t e m p o e o e s p a ç o c o m o i m p o r t a n t e s suportes para análise d e s s a s m u d a n ç a s .

N e s s e sentido, autores c o m o Harvey (1992) p r e o c u p a m - s e e m buscar as diferenças culturais para e n t e n d e r o e s p a ç o e o t e m p o c o m o c a t e g o r i a s básicas da

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existência h u m a n a . Ele fala do t e m p o e do e s p a ç o na vida social com o fim d e esclarecer vínculos materiais entre os processos sócio-políticos e os p r o c e s s o s culturais. Ele c o l o c a o t e m p o c o m o sendo d e t e r m i n a d o por p r o c e s s o s materiais e contesta o c o n c e i t o de e s p a ç o e de tempo c o m o p e r c e p ç ã o o u interpretação do q u e poderia ser c o m p r e e n d i d o c o m o um c o m p o r t a m e n t o objetivo do m o v i m e n t o t e m p o r a l , p o r é m e l e leva e m c o n s i d e r a ç ã o o fato d e a experiência subjetiva poder levar a d o m í n i o s d e p e r c e p ç ã o de i m a g i n a ç ã o p r o d u z i n d o miragens d o " s u p o s t a m e n t e " real. Ele t a m b é m considera as diferentes c o n c e p ç õ e s de e s p a ç o e t e m p o dos diferentes grupos e subgrupos, não s e n d o estas c o n c e p ç õ e s c o l o c a d a s e m relação a u m s e n t i d o único e objetivo de t e m p o e e s p a ç o através do qual se poderia medir tais diversidades, mas ele aponta para a multiplicidade d a s q u a l i d a d e s objetivas q u e o e s p a ç o e o tempo p o d e m exprimir e o papel das práticas h u m a n a s e m sua construção.

G i d d e n s , autor que inspirou minha p r e o c u p a ç ã o e m entender a relação entre t e m p o e e s p a ç o e m c o m u n i d a d e s c a m p o n e s a s , enfatiza e m sua obra "As C o n s e q u ê n c i a s da M o d e r n i d a d e " (1991) que nas s o c i e d a d e s tradicionais as categorias de t e m p o e e s p a ç o estão entrelaçadas s e n d o o t e m p o definido a partir da ecologia e o e s p a ç o a partir da vivência local, e n q u a n t o q u e , nas s o c i e d a d e s m o d e r n a s o d e s e n v o l v i m e n t o da ciência e da tecnologia m o d i f i c o u tanto as n o ç õ e s d e t e m p o c o m o a s d e e s p a ç o . A m o d e r n i d a d e s e p a r o u t e m p o e e s p a ç o , o f u t u r o p a s s o u a ser t r a t a d o no presente e o p a s s a d o p e r d e u muito d e sua importância p a r a a c o m p r e e n s ã o d a atualidade. O e s p a ç o deixou d e ser c o n c r e t o e p a s s o u a ser abstrato, d e i x o u o local e p a s s o u a ser m e n s u r a d o a partir de outros e l e m e n t o s . A s s i m , n o sentido e m q u e afirma G i d d e n s , os parâmetros da m o d e r n i d a d e t r a z e m para s o c i e d a d e s ocidentais m o d e r n a s ritmos d e vida bastante diferentes d o s existentes nas s o c i e d a d e s ditas tradicionais.

G i d d e n s p e r c e b e q u e na m o d e r n i d a d e1 5 há uma s e p a r a ç ã o entre o t e m p o

e o e s p a ç o , h a v e n d o uma r e c o m b i n a ç ã o e m f o r m a s q u e p e r m i t e m o z o n e a m e n t o

15 Falar e m modernidade para este autor nào é o m e s m o que falar de sociedade moderna, pois a primeira diz respeito ao costume, estilo de vida ou organização social que e m e r g i r a m na Europa no se. X v l l e que ulteriormente se t o m a r a m mais ou m e n o s mundial e m sua influência. E ao segundo efe se refere a u m sistema especifico de relações sociais, onde as instituições d e s e m p e n h a m seus papeis de forma especifica.

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tempo-espaeial p r e c i s o da vida social moderna, d o d e s e n c a i x e1 6 d o s sistemas

sociais e da o r d e n a ç ã o e r e o r d e n a ç ã o reflexiva dentro das relações sociais à luz das contínuas e n t r a d a s {ímputs) de conhecimento afetando as n o ç õ e s de indivíduo e grupos.

A s s i m , p a r a ele, a principal característica da m o d e r n i d a d e é a

reflexividade d e c o r r e n t e destes grandes ímputs de c o n h e c i m e n t o em detrimento da

tradição, f a z e n d o c o m q u e a sociedade seja questionada a cada m o m e n t o .

Entretanto, para o c a m p o n ê s que tem uma relação mais direta c o m a natureza e há e m sua s o c i e d a d e a presença mais marcante da t r a d i ç ã o1 7, o que faz

com q u e os c o n h e c i m e n t o s sejam mais duradouros, a c o n c e p ç ã o de tempo está ligada a p o s s i b i l i d a d e s que são advindas da natureza, já que é ele, e m seu e s p a ç o , o " d o n o do s e u tempo". Assim, o tempo está entrelaçado com o e s p a ç o numa teia de A r i a d n e q u e n ã o p o s s u i c o m e ç o nem fim, mas q u e se constrói m u t u a m e n t e um e m c o n s o n â n c i a c o m o outro.

A n a l i s a n d o a sociedade c a m p o n e s a dos Cabila, Bourdieu p e r c e b e u que há uma e n o r m e d i s t â n c i a entre a representação de t e m p o e e s p a ç o destes e a dos capitalistas. N o s e u artigo, La Societé traditionnelle Attitude à L e g a r d du T e m p s e C o n d u i t e E c o n o m i q u e ( 1 9 6 3 ) ele mostra a atitude da s o c i e d a d e argeliana c o m relação a e c o n o m i a m o d e r n a , m o s t r a n d o a dificuldade q u e tal s o c i e d a d e teve d e se a d a p t a r a u m s i s t e m a e c o n ó m i c o o n d e o tempo f u n c i o n a c o m o fator principal de a q u i s i ç ã o d e lucro. N e s t e sentido, Bourdieu observa q u e o f u n c i o n a m e n t o d e u m d e t e r m i n a d o s i s t e m a e c o n ó m i c o s u p õ e uma série de atitudes e m relação ao m u n d o e e m r e l a ç ã o a o t e m p o . Atitudes como previdência e previsão f o r a m p o u c o e n c o n t r a d a s n a q u e l a s o c i e d a d e , visto q u e a ideia d e u m futuro l o n g í n q u o n ã o lhes p a s s a pela c a b e ç a , haja vista, o fato de sua ideia d e t e m p o ser d e u m t e m p o concreto, v i v i d o a c a d a instante. S e u s ritmos são definidos p e l o c a l e n d á r i o ritual q u e d e s p r e z a m a p r e v i s ã o racional, m a s garantem-lhes contra imprevistos dentro de

16 Por desencaixe Giddens refere-se ao deslocamento das relações sociais de contextos locais de interaçâo e sua reestruturação através de tempo e espaço.

17 Nào se pretende aqui trabalhar c o m o conceito de "tradição Inventada" de Eric Hobsbawan. m a s por nâo ser o foco principal de análise do tempo e do espaço no c a m p e s i n a t o , busca-se apenas uma distinção entre o moderno e o tradicional para entender a dinâmica da vida cotidiana

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sua lógica e c o n ó m i c a . B o u r d i e u aponta então para uma solução capitalista q u e n ã o lhes c o l o q u e d e n t r o d a lógica d o lucro capitalista, m a s u m c o m p o r t a m e n t o capitalista q u e l h e s satisfaça as necessidades. Isto significaria mudar sua n o ç ã o de t e m p o p a u t a d a n o c o n c r e t o par u m t e m p o totalmente abstraio.

A p e s a r d a importante d i s c u s s ã o feita por Bourdieu sobre a r e p r e s e n t a ç ã o d e t e m p o e m r e l a ç ã o à e c o n o m i a para o c a m p o n ê s argelino, este autor limita s u a análise na q u e s t ã o e c o n ó m i c a mostrando a incapacidade d a q u e l a cultura d e a b s o r v e r u m a f o r m a d e e c o n o m i a pautada e m um tempo abstrato que é s e m p r e a n t e c i p a d o , m a s sua análise n ã o a b r a n g e u m conhecimento sobre o t e m p o n o cotidiano, o ritmo d e vida na cultura c a m p o n e s a , as m u d a n ç a s de estação, as formas de prever o futuro e as significações e ressignificações atribuídas a o t e m p o e a o e s p a ç o h i s t o r i c a m e n t e . Estas q u e s t õ e s não podem deixar de ser vistas dentro de uma cultura c o m a peculiar característica de agregar simultaneamente e l e m e n t o s da tradição e da m o d e r n i d a d e .

N ã o me deterei e m tratar o tempo e o espaço na sua d i m e n s ã o e c o n ó m i c a , e m b o r a d e v a , c o m o n ã o poderia deixar de fazê-lo, tocar na q u e s t ã o , mas estas c a t e g o r i a s serão a b o r d a d a s aqui pela d i m e n s ã o do sentimento, e n t e n d e n d o q u e o ato de representar, atribuir significados, está repleto de sentimentos q u e e n g l o b a m s a u d a d e , afeto, orgulho, amor, tristeza, p e r d a , d e c e p ç ã o , etc. v i v e n c i a d o s pelos c a m p o n e s e s a o construírem m e n t a l e c o n c r e t a m e n t e o e s p a ç o e o t e m p o .

Para a l c a n ç a r na minha interpretação esta d i m e n s ã o , fiz a e s c o l h a por buscar a i n t e r p r e t a ç ã o d a r e p r e s e n t a ç ã o social do espaço e do tempo, e n t e n d e n d o o primeiro a partir d e C e r t e a u ( 1 9 9 4 ) , c o m o o lugar praticado e o t e m p o a partir d e Leach ( 1 9 7 4 ) c o m o u m a c o n s t r u ç ã o sócio-cultural dos indivíduos para m e l h o r o r d e n a r sua v i d a e m s o c i e d a d e .

Esta e s c o l h a está a m p a r a d a na p e r c e p ç ã o q u e tive n o m o m e n t o d a p e s q u i s a , da f o r m a e s p e c i a l c o m o se estabelece a relação entre o c a m p o n ê s d o

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Jucá e os d i v e r s o s e s p a ç o s por ele vivenciados e como o tempo t e m s u a s p e c u l i a r i d a d e s n a q u e l a cultura a o i n d e p e n d e r e m certo grau d o relógio m e c â n i c o . Para eles os d i v e r s o s "espaços" são s e m p r e dotados de sentido, de significado, n ã o h a v e n d o na c o m u n i d a d e "lugares" n o sentido e m q u e Certeau (1994) e n t e n d e , já que m e s m o a c a s a d o vizinho está c a r r e g a d a de sentido, o de ser "a c a s a d o vizinho", d i f e r e n t e m e n t e da relação d o h o m e m da cidade que mora e m u m a p a r t a m e n t o e n ã o c o n h e c e o vizinho do lado, sendo o apartamento dele u m "lugar" sem significado para a q u e l e que mora do lado.

A s s i m , o s diversos e s p a ç o s são representados e vivenciados pelo c a m p o n ê s a partir d e uma prática q u e e n v o l v e sentimentos.

B u s c a r e i t a m b é m mostrar c o m o se dá a organização social do e s p a ç o dentro d a q u e l a c o m u n i d a d e , pois e n t e n d o q u e a organização social do e s p a ç o é u m reflexo da r e p r e s e n t a ç ã o social q u e os indivíduos p o s s u e m sobre ele.

As s o c i e d a d e s c a m p o n e s a s c o n t e m p o r â n e a s têm sua particularidade por não poder ser m a i s e n c a r a d a c o m o uma s o c i e d a d e t r a d i c i o n a l1 8, e por outro lado,

não está c a r a c t e r i z a d a c o m o u m a s o c i e d a d e " m o d e r n a " '9. M e s m o p o s s u i n d o

e l e m e n t o s d a m o d e r n i d a d e d i s s e m i n a d o s através das informações p a s s a d a s pela cultura d e m a s s a , esta sociedade a i n d a está ancorada e m aspectos tradicionais, c o m o as n a r r a t i v a s orais. A r e p r e s e n t a ç ã o social d o t e m p o e do e s p a ç o nesta s o c i e d a d e d e n u n c i a u m a forma particular de o r g a n i z a ç ã o social, que n ã o p o d e ser c o l o c a d a n e m n a m o d e r n i d a d e , n e m na tradição, p o d e n d o ser as c a t e g o r i a s d e e s p a ç o e t e m p o i m p o r t a n t e s para p e n s a r t a m b é m a construção da identidade social n a q u e l a c o m u n i d a d e .

18 Entende-se aqui sociedades tradicionais c o m o Diegues(1998.87) " c o m o aquelas relacionadas c o m u m tipo de organização e c o n ó m i c a e social c o m reduzida a c u m u l a ç ã o de capital, não usando força de trabalho assalariada. Nela. produtores Independentes estão e n v o M d o s e m atividades económicas de pequena escala, c o m o agricultura, p e s c a , coleta, artesanato, diferente das sociedades modernas. Numa c o m u n i d a d e rural c o m o o Jucá, a m i g r a ç ã o da maior parte dos homens para trabalharem e m grandes cidades vendendo sua mâo-de-obra a transforma e m nivel económico e social, tendo influência importante na representação que os indivíduos que migraram ou que ficaram possuem acerca do tempo e do espaço

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