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Os acidentes de trabalho no município de Ijuí e os impactos causados

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO

GRANDE DO SUL – UNIJUI

CAMILA GONÇALVES MASTELLA

OS ACIDENTES DE TRABALHO NO MUNICÍPIO DE IJUÍ E OS

IMPACTOS CAUSADOS

Ijuí 2018

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CAMILA GONÇALVES MASTELLA

OS ACIDENTES DE TRABALHO NO MUNICÍPIO DE IJUÍ E OS

IMPACTOS CAUSADOS

Trabalho de Conclusão de Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Engenharia de Segurança do Trabalho apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho.

Orientador(a): Caroline D. Raduns

Ijuí 2018

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CAMILA GONÇALVES MASTELLA

OS ACIDENTES DE TRABALHO NO MUNICÍPIO DE IJUÍ E OS

IMPACTOS CAUSADOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho, do Departamento de Ciências Exatas e Engenharias, da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho.

Ijuí, 16 de novembro de 2018.

Prof. Caroline Daiane Raduns Mestre pela Universidade de Passo Fundo UPF- Orientador

Prof. Lia Geovana Sala Coordenadora do Curso de Pós Graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho/UNIJUÍ

BANCA EXAMINADORA Prof. Cristina Eliza Pozzobon Mestre em Engenharia Civil, pela Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC

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Dedico esse trabalho ao meu marido e família pelo amor, incentivo, paciência e compreensão durante essa caminhada.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por ter me concedido o dom da vida, por ter-me colocado neste curso maravilhoso e por iluminar a minha trajetória. Agradeço a minha família, pelo incentivo e pela confiança que depositaram em mim, pois sem eles essa conquista não teria se realizado.

Agradeço as minhas colegas e amigas Alessandra, Mônica e aos demais amigos, pela amizade, carinho, apoio, pelo incentivo, risadas, pelos momentos compartilhados e por estarem ao meu lado em toda esta caminhada.

Agradeço aos profissionais da área em saúde do trabalhador do município de Ijuí, vinculados ao CEREST, vigilância epidemiológica e demais órgãos, em especial às engenheiras de segurança do trabalho Mariela e Daniela pela grande ajuda.

Agradeço a minha professora orientadora Caroline, por ter acreditado no meu potencial, por me ensinar e por poder contar com sua amizade e pela demonstração de como ser uma grande profissional.

Aos demais colegas, professores e pelos ensinamentos, troca de experiências, companheirismo e parceria durante todo o curso.

Estendo meus agradecimentos a todos que, de alguma forma, contribuíram para a realização deste trabalho. Enfim, a todos aqueles que de alguma forma estiveram do meu lado, me apoiando, incentivando e torcendo pela realização desta conquista.

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“A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém viu, mas pensar o que ninguém ainda pensou sobre aquilo que todo mundo vê.” (Arthur Schopenhauer)

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RESUMO

MASTELLA, C. G. OS ACIDENTES DE TRABALHO E OS IMPACTOS CAUSADOS AO TRABALHADOR NO MUNICÍPIO DE IJUÍ/RS. 2018. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de Pós graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, Ijuí 2018. Os Acidentes/doenças ocupacionais podem causar lesões, danos psicossociais e óbitos. Provocam impacto econômico, na saúde e previdência. O Brasil encontra-se classificado como o 4º colocado no ranking mundial em acidentes de trabalho fatais. É um problema de saúde pública. Objetivo: Realizar revisão de literatura sobre o numero de acidentes de trabalho no município de Ijuí, e os Impactos gerados na percepção da vitima. Métodos: Revisão de literatura. Foram levantados documentos entre os anos de 2012 a 2018, por meio do banco de dados do Dataprev, smartlab, que registram as notificações do SINAN, SIST e CATs, além da elaboração da entrevista estruturada para a identificação e classificação dos impactos causados pelo acidente de trabalho. Resultados: Diante das mais diversas fontes observa-se um elevado numero de notificações além de necessário uma analise dos resultados gerais, visto a divergência de valores, onde em nenhum dos sistemas as notificações de acidentes e doença ocupacionais são semelhantes. Em relação aos impactos identificados observa-se uma correlação importante entre eles devido ao tipo de acidente, além da configuração social da vitima. Conclusões: Trabalhador e empresas precisam adotar processos de gestão voltados para prevenção, vigilância, gestão de riscos, educação e notificação. A adoção dessas práticas possibilitará redução dos custos no sistema de saúde/ econômico do País, evitando gastos excessivos pela Previdência Social. No Brasil, há poucos estudos sobre custos dos acidentes de trabalho e seus impactos sobre o indivíduo, divergindo da realidade atual, onde os acidentes de trabalho excluem milhares de profissionais de suas atividades em razão das consequências psicossociais causadas pelos acidentes.

Palavras-chave: Acidente de Trabalho; Impactos dos acidentes de trabalho; Saúde do Trabalhador;

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ABSTRACT

MASTELLA, C. G. THE ACCIDENTS OF WORK AND THE IMPACTS CAUSED TO THE WORKER IN THE MUNICIPALITY OF IJUÍ 2018. Work of Conclusion of Course. Postgraduate course in Occupational Safety Engineering, Regional University of the Northwest of the State of Rio Grande do Sul - UNIJUÍ, Ijuí 2018. Accidents / occupational diseases can cause injuries, psychosocial damages and deaths. They cause economic impact on health and welfare. Brazil is ranked 4th in the world ranking in fatal work accidents. It's a public health problem. Objective: To carry out a review of the literature on the number of work accidents in the municipality of Ijuí, and the Impacts generated in the perception of the victim. Methods: Literature review. Documents were collected between 2012 and 2018 through the Dataprev database, smartlab, which record SINAN, SIST and CAT notifications, as well as the elaboration of a structured interview to identify and classify the impacts caused by the accident. job. Results: In the face of the most diverse sources, a high number of notifications is observed, as well as an analysis of the general results, due to the divergence of values, where in none of the systems are the reports of occupational accidents and illnesses similar. Regarding the identified impacts, there is an important correlation between them due to the type of accident, besides the social configuration of the victim. Conclusions: Workers and companies need to adopt management processes aimed at prevention, surveillance, risk management, education and reporting. The adoption of these practices will enable the reduction of costs in the country's health / economic system, avoiding excessive spending by Social Security. In Brazil, there are few studies on the cost of work accidents and their impact on the individual, diverging from the current reality, where work accidents exclude thousands of professionals from their activities due to the psychosocial consequences caused by accidents.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Esquema Acidentes de Trabalho ... 27

Figura 2:Quantidade de acidentes de trabalho no Brasil ... 30

Figura 3: Registro de acidentes de trabalho por idade e sexo (2012-2017)... 32

Figura 4: Mapa acidentes de Trabalho no Brasil ... 33

Figura 5:Afastamentos ( auxílios- doença por acidente do trabalho – B91) ... 34

Figura 6: Sequelas ... 36

Figura 7: Pirâmide das Necessidades Humanas ... 38

Figura 8: Modelo internacional de impactos psicológicos ... 47

Figura 9: Modelo de impactos ... 52

Figura 10: Etapas do trabalho ... 54

Figura 11: Afastamentos B91 por ano ... 61

Figura 12: Despesas com afastamentos B91 por ano ... 61

Figura 13: Acidentes por animais peçonhentos- SINAN ... 65

Figura 14: AT Exposição com material biológico - SINAN ... 65

Figura 15: AT Grave ... 66

Figura 16: Acidentes de trabalho registrados pelo SIST ... 66

Figura 17: AT Grave ... 67

Figura 18: Exposição a material biológico ... 67

Figura 19: LER/ DORT- SIST ... 68

Figura 20: Transtornos Mentais ... 69

Figura 21: Outras Doenças ... 69

Figura 22: Notificação de AT por mês ... 71

Figura 23: Meta de Notificações AT ... 72

Figura 24: Impacto Fisico-Funcional ... 76

Figura 25: Impacto Financeiro ... 77

Figura 26: Impacto Mental ... 78

Figura 27: Impacto Familiar ... 80

Figura 28: Impacto Social ... 81

Figura 29: Impactos colegas de trabalho ... 82

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Notificações de agravos ... 59

Tabela 2: SETORES ECONÔMICOS COM MAIS AFASTAMENTOS ... 62

Tabela 3: Acidentes com maior frequência ... 63

Tabela 4: Acidentes com maior frequência ... 63

Tabela 5: Notificaçãos de AT - Portal BI ... 70

Tabela 6: Acdidentes notificados AEAT-2016 ... 72

Tabela 7: Compilação de dados ... 73

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LISTA DE SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas AT Acidente do Trabalho

CAT Comunicação de Acidente do Trabalho CID Classificação Internacional de Doenças CIPA Comissão Interna de Prevenção de Acidentes CLT Consolidação das Leis do Trabalho

CNAE Classificação Nacional de Atividades Econômicas CTPS Carteira do Trabalho e Previdência Social

FGTS Fundo de Garantia por Tempo de Serviço INSS Instituto Nacional do Seguro Social MPT Ministério Público do Trabalho MTE Ministério do Trabalho e Emprego NBR Norma Brasileira

NR Norma Regulamentadora

RAIS Relação Anual de Informações Sociais

SINAN O Sistema de Informação de Agravos de Notificação SIST Sistema de Informação em Saúde do Trabalhador

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 15 1.1 OBJETIVO GERAL ... 18 1.2 OBJETIVOS ESPECIFICOS ... 18 1.3. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ... 18 2 REVISÃO BIBLIOGRAFICA ... 19

2.1 DEFINIÇÃO DE ACIDENTE DE TRABALHO ... 19

2.1.1 Acidente típico ... 20

2.1.2 Acidente de trajeto ... 21

2.1.3 Doença ocupacional ... 21

2.1.4 Acidentes atípicos ... 23

2.2 OS ACIDENTES DE TRABALHO E A LEGISLAÇÃO VIGENTE ... 23

2.3 A COMUNICAÇÃO DE ACIDENTE DE TRABALHO – CAT ... 28

2.4 MAPEAMENTO DOS ACIDENTES DE TRABALHO ... 32

2.4.1 Acidentes de trabalho no Brasil ... 32

2.4.2 Acidente de trabalho no Rio Grande do Sul ... 34

2.5 OS IMPACTOS RELACIONADOS AOS ACIDENTES DE TRABALHO ... 34

2.5.1 impactos físico-funcionais ... 35

2.5.2 Impactos profissionais; ... 37

2.5.3 Impactos econômicos; ... 41

2.5.3.1 Impactos econômicos na sociedade ... 42

2.5.3.2 impactos econômicos das empresas... 43

2.5.3.3 impactos financeiros na vida dos acidentados... 45

2.5.4 Impactos psicossociais ... 46

(13)

3.1 CLASSIFICAÇÃO DO ESTUDO ... 53

3.2 DELINEAMENTO DO ESTUDO ... 53

3.3 POPULAÇÃO E LOCAL DE ESTUDO ... 56

3.3.1 População ... 56

3.3.2 Amostra ... 56

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ... 57

4.1 NOTIFICAÇÕES DE ACIDENTES DE TRABALHO NO MUNICÍPIO DE IJUÍ/RS 57 4.1.1 Levantamento de dados ... 57

4.1.1.1 SINAN e SIST ... 58

4.1.1.2 Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho ... 59

4.1.1.3 Anuário Estatístico de Acidentes de Trabalho ... 60

4.1.1.4 O Portal BI Gestor Municipal ... 60

4.1.2 Análise dos resultados dos Acidentes de trabalho em Ijuí ... 61

4.1.2.1 Observatório digital de segurança e saúde do trabalho... 61

4.1.2.2 Notificações de agravos - SINAN ... 64

4.1.2.3 Notificação de agravos SIST ... 66

4.1.2.4 Portal BI ... 70

4.1.2.5 Anuário Estatístico de Acidentes de Trabalho- 2016 ... 72

4.1.3 COMPILAÇÃO( COMPARAÇÃO) DOS DADOS ... 73

4.2 OS IMPACTOS CAUSADOS PELO ACIDENTE DE TRABALHO. ... 74

4.2.1 Levantamento de dados ... 74

4.2.2 População e amostra ... 75

4.2.3 Análise dos resultados Impactos ... 75

(14)

4.2.3.2 Financeiro ... 76 4.2.3.3 Psicossocial ... 78 4.2.3.3.1 Mental ... 78 4.2.3.3.2 Familiar ... 78 4.2.3.3.3 Social... 78 4.2.3.3.4 Colegas de Trabalhol ... 78 4.2.4 Conclusões ... 83 5 CONCLUSÃO... 85 6. REFERÊNCIAS... 88 7. APÊNDICE ... 95 8. ANEXO 01 ... 98 9. ANEXO 02 ... 99

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1 INTRODUÇÃO

A cada ano, no mundo inteiro, cerca de 2,3 milhões de pessoas morrem, e 300 milhões ficam feridos em decorrência de acidentes de trabalho, segundo os dados da International Labour Organization (OIT, 2017), tais acidentes são potencialmente evitáveis, desta forma expressam negligência e injustiça social.

Além dos impactos sofridos pelos trabalhadores, há também os sofridos pela empresa, como os prejuízos, que podem ser contabilizados como custo direto, ou custo segurado, que se refere ao recolhimento mensal feito à Previdência Social para pagamento do seguro contra acidentes do trabalho, e como custo indireto, ou custo não segurado, que são as despesas com reparo ou substituição da máquina, equipamento ou material avariado, serviços assistenciais, pagamento de horas extras em decorrência do acidente, despesas jurídicas e etc. (ALVES E COSTA 2015).

Conforme Santana (2006) no Brasil, uma parte substancial dos custos diretos com acidentes de trabalho recai sobre o Ministério da Previdência Social que, por meio do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), possui a missão de garantir o direito à previdência social. Esta é definida como um seguro social destinado a reconhecer e conceder direitos aos segurados, cujas contribuições destinam-se ao custeio de despesas com vários benefícios. Entre eles, a compensação pela perda de renda quando o trabalhador se encontra impedido de trabalhar por motivo de doença, invalidez, idade avançada, morte, desemprego involuntário, maternidade ou reclusão. O INSS é responsável pelo recolhimento das contribuições e custeio das despesas com o pagamento dos benefícios do Sistema Único de Benefício (SUB).

De acordo com o ministério público do trabalho (MPT) o Brasil encontra-se classificado como o 4º colocado no ranking mundial em acidentes de trabalho fatais. Os custos dos acidentes de trabalho são elevados, e de difícil contabilização, mesmo em países com importantes avanços na prevenção. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT, 1999), estima-se que aproximadamente 4% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial são consumidos com o custeio de doenças relacionadas ao trabalho, incluindo as faltas ao trabalho para tratamento de saúde, por incapacitação ou seguros, o que pode aumentar em 10%, quando se trata de países em desenvolvimento, como no caso do Brasil.

Entretanto de acordo com a ONU os dados referentes aos mortos e feridos não refletem a magnitude do problema, nem o impacto real dos acidentes e doenças ocupacionais sobre os

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trabalhadores, famílias e economias.Essa situação reflete a mesma encontrada pelo levantamento do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e Ministério Público do Trabalho (MPT) que estima que das mortes que aconteceram em acidentes ou por doenças do trabalho no Rio Grande do Sul em 2016, 72,5% não chegaram ao conhecimento do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) e nem dos órgãos fiscalizadores. Podemos observar a divergência entre os dados dos próprios órgãos púbicos sobre os acidentes e trabalho e suas consequências, o Impacto é ainda maior quando são incluídas na contagem categorias como trabalhadores informais, servidores públicos não celetistas, empresários e autônomos.

No Brasil, as informações de morbimortalidade, acidentes e doenças do trabalhador são limitadas, fragmentadas e heterogêneas. Levantamentos estatísticos oficiais não retratam o quadro real de como os trabalhadores adoecem e/ou se acidentam. Há subnotificações importantes do número de acidentes de trabalho e de doenças profissionais. Um dos motivos, abordados pelos órgãos em questão, para a distorção dos dados, é que as Comunicações de Acidente de Trabalho (CATs), documento fornecido pelos empregadores para informar ao INSS acidentes laborais, abrangem menos de 50% dos trabalhadores, uma vez que é exigida apenas para acidentes envolvendo empregados com carteira assinada. Outra razão é a omissão dos empregadores para escapar das multas por negligência. (MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO, 2015)

Além disso devemos salientar a divergência dos dados entre os próprios órgão públicos, fato que pode ser explicado, pela deficiência de informações nos bancos de dados e a falta de integração entre os órgãos públicos além das burocracias. é preciso identificar onde encontra-se tal falha, uma vez que é de suma importância quantificar o número de vítimas de acidentes de trabalho e suas causas, para que possa realizar o cruzamento de dados, e assim gerar medidas de prevenção.

As causas dos acidentes, estudos e as investigações são primordiais para que as empresas aprimorem seus métodos de gestão e consigam criar barreias que impeça sua ocorrência. Entretanto, a maior causa das ocorrências de acidentes de trabalho ainda esta relacionada ao ser humano e ao seu comportamento, uma vez que é impossível prever as ações individuais, mesmo quando existem regras e regulamentos que buscam faze-lo. (ROJAS, 2015).

Após a ocorrência de um acidente de trabalho ou doença profissional a vítima acarreta com inúmeros custos decorrentes da lesão ou doença profissional, principalmente a perda de rendimento, a dor e o sofrimento, a perda de futuros ganhos, de investimentos passados e custos

(17)

médicos. Associados a estes encontram-se outros de natureza profissional, moral, social e familiar. Os vários impactos estão, muitas vezes, interrelacionados. (SOUSA, 2005)

No Brasil, há poucos estudos sobre custos dos acidentes de trabalho e seus impactos sobre o indivíduo, divergindo da realidade atual, onde os acidentes de trabalho excluem milhares de profissionais de suas atividades em razão das consequências psicossociais causadas pelos acidentes.

É importante lembrar que o acidente do trabalho ocasiona consequências traumáticas acarretando na maioria das vezes mutilações, invalidez permanente, que não ficam limitados apenas ao corpo físico do trabalhador, trazendo prejuízos graves também sua integridade psicológica, além disso, as repercussões não ficam somente com a pessoa que sofreu o trauma, mas também para os familiares, colegas de trabalho, pessoas ligadas direta ou indiretamente, com isso, gerando danos e prejuízos para a sociedade de modo geral, assim como, para os cofres públicos, que terão que subsidiar as despesas decorrentes de tal fato (BUDEL, 2012).

Segundo o Departamento Estatístico da Previdência Social (2012), dos acidentes de trabalho registrados no ano de 2012, 77% dos acidentados ficaram temporariamente incapacitados, 7% sofreram lesões permanentes e 16% não ficaram com nenhuma incapacidade. Tal condição demonstra claramente que somente no ano de 2012, 84% dos trabalhadores acidentados tiveram algum tipo de lesão, mesmo que temporariamente, condição esta que demonstra através de números que, de fato, o impacto físico sob a saúde do indivíduo acidentado, é significativo e requer atenção especial.

Este trabalho surgiu diante do reconhecimento de que a informação gerada é fundamental para a definição das intervenções necessárias e minimização de seus respectivos impactos, sabendo que a ocorrência de tal fato gera um determinado custo para a empresa, além de gerar diversos impactos sobre a vitima de acidente de trabalho. Observa-se, assim, que a redução de acidentes de trabalho por medidas preventivas, bem como a atenção à rotina do trabalhador e a sua reabilitação ao trabalho é uma questão que interessa tanto aos trabalhadores envolvidos diretamente, gestores, empresa, e governo uma vez que o acompanhamento médico e a reabilitação, realizados pela iniciativa privada, geram custos para o setor público Desta forma fica evidenciado que os acidentes de trabalho têm um elevado ônus para toda a sociedade, sendo a sua redução uma meta a ser seguida por todos: governo, empresários e sociedade. (GUETHS, 2009).

(18)

1.1 OBJETIVO GERAL

Diante deste contexto faz-se necessário um levantamento dos dados das notificações de acidentes de trabalho no município de Ijuí, bem como analisar os impactos percebidos pelas vítimas, por meio de entrevista e coleta de dados.

1.2 OBJETIVOS ESPECIFICOS

 Aumentar o conhecimento literário sobre o conceito de acidente de trabalho e os impactos causados por ele

 Identificar o número de vítimas de acidentes de trabalho no município de Ijuí-RS

 Identificar os impactos sofridos pelas vitimas de acidente de trabalho. 1.3. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

O presente estudo é composto de cinco capítulos. Inicialmente, o primeiro capítulo apresenta a formulação do estudo, onde é apresentado a justificativa e os objetivos do trabalho. O segundo capítulo traz a revisão da literatura, que norteia o presente estudo, bem como dados estatísticos referente aos acidentes de trabalho e o seu entendimento. O terceiro capítulo apresenta a metodologia utilizada na elaboração do estudo, descrevendo-se os dispositivos e materiais que compõem um sistema de segurança. O quarto capítulo apresenta e analisa os resultados da pesquisa aplicada, tema central do estudo. Finalmente, seguem as conclusões a que se chegou com o estudo, a lista das referências bibliográficas utilizadas complementa e ilustra o estudo.

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2 REVISÃO BIBLIOGRAFICA

2.1 DEFINIÇÃO DE ACIDENTE DE TRABALHO

O acidente de trabalho e a doença ocupacional nasceram junto com o homem, porém a primeira percepção de acidente de trabalho, segundo Ribeiro Filho (1974), se inicia com o advento da revolução industrial ocorrida na Inglaterra entre 1760 e 1830 cujas consequências foram os elevados índices de acidentes relacionados ao trabalho, causando verdadeiro massacre a inocentes e, até o final do século XVII, os trabalhadores tiveram de suportar sem amparo algum, as consequências dos acidentes e das enfermidades profissionais.

No século XIX, o acidente do trabalho era considerado um acontecimento súbito, traumático, decorrente do acaso e dentro do ambiente do trabalho. O acidente também se denominava de infortúnio, que traduzia uma ideia de ausência de sorte, infelicidade e desgraça.

Numa conceituação ampla, acidente é toda ocorrência não desejada que modifica ou põe fim ao andamento normal de qualquer tipo de atividade. Assim, acidente é o pneu de um carro que fura, um tropeção na rua, uma interrupção de energia elétrica quando se está trabalhando no computador ou assistindo televisão (Zocchio, 1996).

Na NB18 (Norma Brasileira de Cadastro de Acidentes), o acidente do trabalho é caracterizado como “uma ocorrência imprevista e indesejável, instantânea ou não, relacionada com o exercício do trabalho, que provoca lesão pessoal ou de que decorre risco próximo ou remoto dessa lesão” (ABNT, 1975).

Na opinião de ALMEIDA (2000) o acidente de trabalho não passa de um acontecimento determinado, previsível, in abstrato, e, na maioria das vezes, prevenível, pois suas causas são perfeitamente identificáveis dentro do meio-ambiente do trabalho, podendo ser neutralizadas ou eliminadas.

Já de acordo com o conceito prevencionista, acidente de trabalho é qualquer ocorrência não programada, inesperada ou não, que interfere ou interrompe o processo normal de uma atividade, trazendo como consequência isolada ou simultaneamente perda de tempo, dano material ou lesões ao homem (VIANNA, 2010).

Conforme ressalta Rojas (2015) o acidente de trabalho não compreende apenas as ocorrências no ambiente de trabalho e as consequências gerada pela atividade que o trabalhador

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desempenha, como as doenças decorrentes das condições de trabalho, consideradas doenças profissionais e ou ocupacionais.

No âmbito da previdência social, o termo acidentes de trabalho refere-se às lesões decorrentes de causas externas, aos traumas e envenenamentos ocorridos no ambiente do trabalho durante a execução de atividades ocupacionais e/ou durante o trajeto de ida ou retorno para o trabalho, e às doenças ocupacionais.

A legislação brasileira, define o acidente de trabalho como uma ocorrência que decorre do exercício de atividade laborativa a serviço da empresa que resulta em lesão corporal ou perturbação funcional, que pode ocasionar na morte, perda ou redução permanente ou temporária da capacidade para o trabalho (art. 19, da Lei nº 8.213/91).

Os acidentes de trabalho dividem-se em três grupos distintos: o acidente típico, o

acidente de trajeto, e a doença do trabalho e profissional. (MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL, Lei 8.213/91).

Os riscos de ocorrência de acidentes típicos e doenças ocupacionais variam para cada ramo de atividade econômica, em função de tecnologias utilizadas, condições de trabalho, características da mão-de-obra empregada e medidas de segurança adotadas.

2.1.1 Acidente típico

O acidente típico também denominado de acidente tipo, macrotrauma e acidente em sentido estrito, encontram sua definição na lei 8.213/91 em seu artigo 19. Tal dispositivo traz o entendimento de que é necessário verificar o pressuposto “nexo causal”, onde se verificará a causa e efeito entre o evento e a execução do contrato, ou seja, caso o nexo causal seja constatado estaremos diante de um acidente de trabalho, conforme a legislação. (OLIVEIRA. P. 152). Frederico Amado (2016. P. 290) complementa ao afirmar que “para a caracterização de um acidente de trabalho, é imprescindível que haja um nexo entre o exercício do trabalho e o evento que cause lesão física ou psicológica ao trabalhador”.

Por sua vez Hertz Costa (2009, p. 81), define o acidente típico como “um ataque inesperado ao corpo humano, ocorrido durante o trabalho, decorrente de uma ação traumática violenta, subitânea, concentrada e de consequências identificadas”. Ou seja, o acidente típico pode ser definido como o acidente mais comum, que acontece dentro da empresa durante o

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horário de expediente. É o caso, por exemplo, de quando o trabalhador cai de uma escada ou se machuca ao manusear um equipamento pesado, como no caso de um trabalhador da construção civil que se corta com uma máquina enquanto está trabalhando.

2.1.2 Acidente de trajeto

Conforme o artigo 21, IV da Lei n.º 8.213/91 o acidente de trajeto, é definindo como o acidente sofrido pelo segurado fora do local e horário de trabalho "no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado". tanto no início e final do expediente quando no horário de almoço. O embasamento para essa equiparação é o entendimento de que, ao realizar esse percurso, o empregado se encontra à disposição do empregador.

Para que se caracterize o acidente de trajeto, em regra, conforme entendimento jurisprudencial acerca do tema, o trabalhador deve estar no seu trajeto normal, ou seja, no caminho habitualmente percorrido para ir ao trabalho. Caso o empregado saia do trabalho e se encaminhe diretamente a local diferente da sua residência, por exemplo, para a casa de parentes ou para um restaurante, eventual acidente que ele sofra nesse percurso ou desse local até sua casa, não será classificado como acidente de trajeto. Além disso, deve ser observado o tempo normalmente gasto no percurso, isto é, o tempo utilizado deve ser compatível com a distância percorrida. Vale observar que existem jurisprudências que reconhecem a escola, se frequentada habitualmente pelo empregado antes ou após o trabalho, como sendo a casa do trabalhador. Dessa forma, o acidente ocorrido no percurso entre a escola e o trabalho tem sido reconhecido também como acidente de trajeto.

2.1.3 Doença ocupacional

As doenças ocupacionais são aquelas geradas em virtude da atividade laborativa desempenhada pelo trabalhador. Conforme Junior (2002) A doença ocupacional (ergopatia), ao contrário do que ocorre com o acidente-tipo, é um acontecimento lento e gradual cujas consequências jurídicas são idênticas.

As doenças ocupacionais são consideradas como acidente de trabalho e se dividem em doenças profissionais e do trabalho conforme a Lei nº 8.213/91 que define:

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a) Doenças Profissionais: aquelas decorrentes de situações comuns aos integrantes de determinada categoria profissional de trabalhadores. Estão relacionadas no anexo II do Decreto 3.048/99 ou reconhecida pela Previdência Social.

As doenças profissionais também são denominadas de tecnopatias ou doenças profissionais típicas, peculiares a determinada profissão. Exemplos clássicos de doenças profissionais são a Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR), que acomete as telefonistas, e a Lesão por Esforço Repetitivo (LER), batizada recentemente por Doenças Orteomusculares Relacionadas com o Trabalho (DORT), verificada nos digitadores.

b) Doenças do Trabalho: são aquelas adquiridas ou desencadeadas em função de condições especiais em que o trabalho é realizado. Está relacionada diretamente às condições do ambiente, ou seja, a atividade profissional desenvolvida não é a causadora de nenhuma doença ou perturbação funcional, mas as condições do ambiente que cerca o segurado.

A doença do trabalho não guarda relação direta com uma atividade ou profissão específica. Ela surge ou aflora quando o trabalhador presta seus serviços em condições especiais e desfavoráveis à sua saúde. Na hipótese de doença do trabalho, cabe ao trabalhador demonstrar que adquiriu ou desenvolveu a doença por conta do serviço que prestava.

Para desencadear uma doença do trabalho ou profissional é necessário que o trabalhador esteja exposto por agentes físicos, químicos ou biológicos. De acordo com a

Norma Regulamentadora nº 9 da Portaria 3.214/78 (DOU, 1978), considera-se riscos ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição capazes de causar danos à saúde do trabalhador

O Ministério do Trabalho e Emprego e o Ministério da Previdência Social têm competência para expedir listas de doenças ocupacionais (art. 20, I e II, da Lei n.º 8.213/91). O anexo II, do decreto n.º 3.048, de O anexo II, do decreto n.º 3.048, de 06 de maio de 1999 – Regulamento da Previdência Social – estabelece 188 (cento e oitenta e oito) doenças profissionais ou do trabalho, com base na Classificação Internacional das Doenças – 10.ª Revisão (CID-10). São divididas em 14 (quatorze) grupos. Não são consideradas como doença do trabalho:doença degenerativa; inerente a grupo etário; a que não produza incapacidade laborativa, e a doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que ela se desenvolva, salvo

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comprovação de que é resultante de exposição ou contato direto determinado pela natureza do trabalho.

2.1.4 Acidentes atípicos

Alguns autores também relatam os acidentes atípicos, que são os acidentes que acontecem dentro ou fora da empresa, devido ao exercício do trabalho, que a lei assemelha aos acidentes de trabalho típico. Os acidentes de trabalho atípicos estão descritos nos artigos 20 e 21 da Lei nº 8.213/91, e são:

 Doenças profissionais;

 Doença do trabalho;

 Acidentes que, embora não tenham sido a única causa, contribuíram diretamente para a morte ou perda da capacidade laborativa;

 Ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por colega de trabalho ou terceiro;

 Imprudência, negligência ou imperícia de colega de trabalho ou terceiro;

 Ato de pessoa privada do uso da razão;

 Desabamento, inundação, incêndio e outras fatalidades;

 Contaminação acidental durante o trabalho;

 Acidente sofrido na execução de ordem ou realização de serviço fora do horário e local de trabalho;

 Viagem a mando da empresa, inclusive para estudo e capacitação quando financiada pelo empregador;

 Acidente durante os períodos destinados a alimentação e descanso

2.2 OS ACIDENTES DE TRABALHO E A LEGISLAÇÃO VIGENTE

A partir do advento da Revolução Industrial no século XVI, o trabalho tornou-se cada vez mais organizado e normatizado, historicamente, a primeira lei brasileira referente aos acidentes

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de trabalho surgiu com o Decreto 3.724 de 1919, que previa a comunicação do acidente de trabalho à polícia, bem como o pagamento de indenização ao trabalhador e à família, estabelecendo ainda que a responsabilidade objetiva sendo do empregador quanto as fatalidades ocorridas por culpa e também os casos imprevistos e de força maior (WALDHELM, 2013).

Do final da Primeira Guerra Mundial até 1930, foram editadas várias leis e decretos relacionados com os interesses do trabalhador. A partir de 1930, a proteção ao trabalhador ganhou novo impulso no campo político e legislativo. (CESARINO JÚNIOR apud SUSSEKIND, 1996, p. 60)

“A legislação social do Brasil começou, decididamente, após a revolução de 1930. O Governo Provisório, que foi constituído sob a chefia do então presidente da República, senhor Getúlio Vargas, criou o Ministério do Trabalho, Indústria e Comercio, que principiou realmente a elaboração das nossas leis sociais” Instituído o Governo Provisório, imediatamente foi publicado o Decreto nº 19.482 contendo várias medidas de proteção ao trabalhador, as quais disciplinava a duração da jornada de trabalho no comércio (Decreto nº 21.186, de 22/03/1932) e na indústria (Decreto nº 21.364, de 04/05/1932), dedicou-se um texto especial ao trabalho das mulheres nos estabelecimentos industriais e comerciais (Decreto nº21.417-A, de 17/05/1932), dentre outros, respectivamente, em 1934, 1944, 1967 (Leis 5.316 e 6.367), 1976 e a última em 1991 (Lei 8.213) que segue em vigor. A partir da Lei 8.213 – Plano de Benefícios da Previdência Social (Brasil, 1997), foram estabelecidos o Decreto 611 - Regulamento dos Benefícios (ANFIP, 1992) e o Decreto 2.172 (Brasil, 1997), que atualmente regulamentam a concessão de benefícios acidentários no Brasil.

Posterior a 1937, foi criada a Justiça do Trabalho, pelo Decreto-Lei nº 1.237, de 2 de maio de 1939, sendo a seguinte a redação do art. 1º “Os conflitos oriundos das relações entre empregadores e empregados, regulados na legislação social, serão dirimidos pela Justiça do Trabalho”. Também, foi expedido o Decreto-Lei nº 1.402, de 5 de julho de 1939, para atualizar a lei sindical de 1934.

As leis regulamentadoras das ações trabalhistas cresceram de forma desordenada, isto é, cada profissão tinha uma lei própria. Critério que, além de prejudicar muitas outras profissões que ficaram fora da proteção legal, pecava pela falta de sistema e pelos inconvenientes naturais dessa fragmentação. Em face dessa situação, o Governo resolveu reunir os textos legais em um só diploma, incluindo ainda várias e importantes inovações. Ressalte-se que a matéria de

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previdência social e de acidente do trabalho permaneceram separadas em outras leis. A promulgação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) ocorreu através do Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, cujo artigo 154 e seguintes tratava dos problemas da Higiene e Segurança do Trabalho. A Lei nº 6.514, de 22 de dezembro de 1977, alterou o capitulo V do Título II da Consolidação das Leis do Trabalho, relativo à Segurança e Medicina do Trabalho, visando à prevenção dos acidentes e doenças profissionais. E, no artigo 200, atribui ao Ministério do Trabalho a expedição de Normas Regulamentadoras (NR) que atendam “as peculiaridades de cada atividade ou setor de trabalhos”.

Em 1978, que Ministério do Trabalho aprovou as normas relativas à segurança e à medicina no trabalho que tiveram como finalidade estabelecer critérios de risco e a obrigatoriedade de serviços voltados à saúde e segurança do trabalho, atualmente totalizando 36 (trinta e seis) normas regulamentadoras de acordo com a portaria 3.214 (MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO, 1978).

No âmbito da construção das leis, a conceituação de acidente de trabalho sofreu inúmeras alterações e definições. Até o presente, sete leis tentaram categorizar o conceito de acidente de trabalho, sendo a última definição conceitual a redação dada pela Lei nº. 8.213, de 24 de julho de 1991, cujos efeitos jurídicos estão em vigor.

Art. 19. Acidente de trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que causa a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.

§ 1º A empresa é responsável pela adoção e uso das medidas coletivas e individuais de proteção e segurança da saúde do trabalhador. § 2º Constitui contravenção penal, punível com multa, deixar a empresa de cumprir as normas de segurança e higiene do trabalho. § 3º É dever de a empresa prestar informações pormenorizadas sobre os riscos da operação a executar e do produto a manipular. § 4º O Ministério do Trabalho e da Previdência Social fiscalizará e os sindicatos e entidades representativas de classe acompanharão o fiel cumprimento do disposto nos parágrafos anteriores, conforme dispuser o Regulamento.

Segundo o Ministério da Saúde, o manual explicativo “Notificações de acidente de trabalho, fatais, graves e com crianças e adolescentes”, publicado em 2006, define o acidente de trabalho como: Evento súbito ocorrido no exercício de atividade laboral, independentemente da situação empregatícia e previdenciária do trabalhador acidentado, e que acarreta dano à Saúde,

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potencial ou imediato, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que causa, direta ou indiretamente (concausa), a morte, ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. Inclui-se ainda o acidente ocorrido em qualquer situação em que o trabalhador esteja representando os interesses das empresas ou agindo em defesa de seu patrimônio; assim como aquele ocorrido no trajeto da residência para o trabalho e vice-versa (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006, p. 11).

Como última iniciativa do governo perante a segurança do trabalho por meio do Programa de Aceleração e Crescimento - PAC, está em implantação o sistema de escrituração digital – eSocial unificando as informações relativas à segurança e saúde do trabalhador garantindo os direitos do mesmo. As informações fornecidas ficarão à disposição do Ministério do Trabalho e Emprego, Caixa Econômica Federal, Receita Federal, Ministério da Previdência Social e ao tribunal Superior do Trabalho, órgãos interligados para o cumprimento da legislação trabalhista (BRASIL, 2015).

Além dos termos técnicos apresentados anteriormente a partir da definição legal de acidente do trabalho, Bensoussan (1988) citado por Costella( 1999) determinou uma classificação dos acidentes do trabalho quanto ao afastamento (Figura 1), onde ocorrido um acidente de trabalho, a vítima poderá ter como consequência uma simples assistência médica, no caso de uma incapacidade por acidente do trabalho Sem afastamento, ou com afastamento, podendo levar a morte ou Incapacidade, que se dividem em Permanente (Total ou Parcial) ou Temporária (Total ou Parcial), conforme esquema abaixo.

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Figura 1: Esquema Acidentes de Trabalho

Fonte : Bensoussan, (1988) citado por Costella( 1999)

No primeiro caso o segurado não pode exercer qualquer tipo de trabalho e passa a receber uma aposentadoria por invalidez. No segundo caso o segurado recebe uma indenização pela incapacidade sofrida (auxílio-acidente, pago mensalmente e incorporado à aposentadoria futura), embora considerado apto para o desenvolvimento de outra atividade profissional. Por fim, o óbito em decorrência do acidente do trabalho, onde será concedida uma pensão em caso de haver dependente

Conforme o Decreto 2.173/97 (DOU, 1997), as empresas devem contribuir para a Previdência Social para financiar os benefícios concedidos em razão de maior incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho. Esta contribuição corresponde a aplicação de 1%, 2% ou 3% sobre o total da remuneração paga aos seus trabalhadores todo o mês, em função da classificação do risco de acidente do trabalho seja considerado leve, médio ou grave, respectivamente. Esta classificação é realizada através do Código Nacional de Atividade Econômica (CNAE).

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Diversos são os fatores que contribuem para a ocorrência de acidentes e doenças do trabalho, como por exemplo, fatores inerentes ao trabalhador: baixa escolaridade, desqualificação de mão–de-obra, falta de treinamentos específicos, e situações inerentes ao ambiente de trabalho: máquinas e equipamentos sem proteção adequada, e instalações elétricas expostas. Além disso, deve-se considerar os processos, como alto custo dos equipamentos de proteção individual e coletiva, e a dificuldade em mudanças no arranjo físico da fábrica. Portanto, pode-se afirmar que os acidentes ocorrem por falta de conhecimento dos riscos existentes no desenvolvimento das atividades laborais e, de outro lado, quando o trabalhador já é qualificado, ocorre o menosprezo desses perigos, passando-se a acreditar na imunidade aos acidentes (PEREIRA, 2009).

Pode-se concluir então que conhecidos os riscos de acidente, as empresas devem procurar eliminá-los ou minimizá-los através da adoção de medidas preventivas. Assim como ressalta Costella (1997) onde a prevenção de acidentes de trabalho deve ser foco das ações estratégicas das empresas, visto que o impacto nas despesas mensais é diretamente proporcional a incidência de acidentes do trabalho ocorrido nas empresas. Um passo importante no sentido de prevenir os acidentes é reunir um conjunto de estatísticas confiáveis, que permita calcular e acompanhar a evolução dos indicadores de acidentes e doenças do trabalho, traçando, assim, políticas de prevenção mais eficientes.

2.3 A COMUNICAÇÃO DE ACIDENTE DE TRABALHO – CAT

A subnotificação do acidente de trabalho pelas empresas é decorrente da informalidade do trabalho; do tipo de lesão sofrida pelo trabalhador, principalmente, quando não causa afastamento do trabalho; da falta de conhecimento dos direitos previdenciários pelo trabalhador, e, muitas vezes, por não se considerar relevante a notificação do acidente de trabalho junto ao INSS tanto pelo trabalhador como pela empresa (Napoleão et al, 2000). Entretanto, após a ocorrência de um acidente de trabalho, a legislação impõe ao empregador a obrigação de emitir a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) à Previdência Social conforme Prevê a Lei 8.213/91 (DOU, 1991) no seu art. 22 onde todo acidente do trabalho ou doença profissional deverá ser comunicada pela empresa ao INSS, sob pena de multa em caso de omissão (BRASIL, 1991). A empresa deverá, segundo o Decreto 611/92 (DOU, 1992), comunicar o acidente de trabalho à Previdência Social até o 1º (primeiro) dia útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de morte, de imediato, à autoridade competente, sob pena de multa, sucessivamente majorada nas reincidências, aplicada e

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cobrada pela Previdência Social. Além disto a empresa deverá fornecer cópia da CAT ao acidentado ou dependente, e ao sindicato da categoria do trabalhador.

A empresa deve comunicar o acidente do trabalho, ocorrido com seu empregado, havendo ou não afastamento do trabalho. Na falta de comunicação por parte da empresa, podem formalizá-la o próprio acidentado, seus dependentes, a entidade sindical competente, o médico que o assistiu ou qualquer autoridade pública, não prevalecendo nestes casos o prazo acima previsto.

A CAT é categorizada em três tipos: tipo 1. Inicial, 2. Reabertura e 3. Óbito. Assim, uma CAT é considerada “Inicial” quando corresponder ao registro do evento acidente do trabalho, típico ou de trajeto, ou doença profissional ou do trabalho; é considerada “Reabertura” a correspondente ao reinício de tratamento ou afastamento por agravamento de lesão de acidente do trabalho ou doença profissional ou do trabalho, já comunicado anteriormente ao INSS; e “Comunicação de Óbito” a correspondente a falecimento decorrente de acidente ou doença profissional ou do trabalho, ocorrido após a emissão da CAT inicial. As CAT de reabertura e de comunicação de óbito vinculam-se, sempre, as CAT iniciais, a fim de evitar-se a duplicação na captação das informações relativas aos registros.

A contabilização dos registros de CAT é feita considerando-se a data da ocorrência do acidente. No caso de doença profissional ou do trabalho, é considerada a data do início da incapacidade laborativa para o exercício da atividade habitual ou o dia em que for realizado o diagnóstico, valendo para este efeito o que ocorrer primeiro.

Para que as estatísticas sobre acidentes de trabalho sejam elaboradas pelo Ministério da Previdência Social entendem-se como acidentes do trabalho aqueles eventos que tiveram Comunicação de Acidente do Trabalho – CAT registrada no INSS e aqueles que, embora não tenham sido objeto de CAT, deram origem a benefício por incapacidade de natureza acidentária. Segundo o Ministério da Fazenda ( 2016) Os dados de acidentes sem CAT registrada são obtidos pelo levantamento da diferença entre o conjunto de benefícios acidentários concedidos pelo INSS com data de acidente no ano civil e o conjunto de benefícios acidentários concedidos com CAT vinculada, referente ao mesmo ano. Os dados de caracterização do acidentado são obtidos do Sistema Único de Benefícios – SUB

Conforme Oliveira (2012) além disto, a Previdência Social, em Abril/2007, através do Decreto 6.042 (Regulamento da Previdência Social – RPS), desenvolveu nova metodologia para

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identificação de prováveis acidentes de trabalho, que não tenham sido comunicados formalmente à Previdência Social através da CAT, utilizando como premissa o relacionamento de determinadas doenças às atividades na qual a doença ocorre com maior incidência, resultado do cruzamento do diagnóstico médico enquadrado como agravo à saúde descrito no CID (Código Internacional de Doenças) com sua incidência estatística dentro do CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas) das empresas, tais relacionados através do NTEP (Nexo Técnico Epidemiológico, ou seja, as empresas de um determinado ramo de atividade (CNAE), possuem dentro da Previdência Social as estatísticas de doenças mais incidentes dentro de sua atuação (série histórica dos benefícios concedidos pelo INSS de 2000 a 2004), e tais patologias, passam a ser consideradas como acidentes de trabalho, ou seja, presume-se ocupacional o benefício por incapacidade em que o atestado médico apresenta um código de doença que tenha a relação com o CNAE da empresa empregadora do trabalhador. Tais casos são considerados como acidentes do trabalho, porém sem CAT Registrada.

Segundo o Anuário Estatístico da Previdência Social (AEPS, 2016), no ano de 2016, a Previdência Social concedeu 5,1 milhões de benefícios, dos quais 88,3% eram previdenciários, recursos estes que poderiam ser canalizados para outras políticas sociais. bem como registrou 474,736 acidentes com CAT registrada e 104,199 sem a comunicação do acidente de trabalho somando um total de 578,935 acidentados. (Figura 02)

Figura 2:Quantidade de acidentes de trabalho no Brasil

(Fonte:AEAT,2016)

É evidente ressaltar que a emissão da CAT é essencial para a realização de uma estatística com um bom nível de confiança e para a elaboração de políticas públicas para combater a ocorrência dos acidentes de trabalho. Porém, esta não é a realidade, já que as empresas evitam

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emitir a CAT devido as consequência desta emissão, tais como: a obrigatoriedade de continuar depositando o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) enquanto o empregado estiver com o contrato suspenso; a garantia de emprego do acidentado até um ano após a suspensão do benefício acidentário; a elevação dos custos operacionais por incidência de uma alíquota maior de contribuição para o Seguro de Acidente do Trabalho (SAT), em razão do reconhecimento dos riscos existentes na empresa de infortúnios, obrigando a empresa a recolher sobre a folha de pagamento 1%, 2% ou 3% para este seguro; a possibilidade de sofrer uma ação regressiva do INSS; o pagamento de multa e a interdição do estabelecimento pelas Delegacias do Trabalho e a existência de prova para a constituição de indenização por danos morais e materiais na Justiça do Trabalho contra a empresa. Desta forma, fica evidenciado que os dados dos órgãos oficiais não retratam a realidade do problema, pois as CATs são subnotificadas pelas empresas em detrimento das razões acima mencionadas. (SANTANA et al 2006)

Estudos têm demonstrado que uma das formas de minimizar a incidência destes acidentes e consequentemente o impacto gerado a sociedade, instituição e ao Estado é a adoção de uma gestão baseada na prevenção. Porém, apesar da existência de todo um estudo prevencionista que demonstra as vantagens provenientes deste modelo de gestão, inúmeras instituições empresariais continuam a praticar um modelo de administração baseado em ações corretivas. Por motivos diversos, dentre os quais é possível citar a falta de visão global do processo ou a dificuldade de absorção desta cultura, todo um ciclo que poderia ser evitado, acaba se difundindo e trazendo consigo consequências muitas vezes irreversíveis.

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2.4 MAPEAMENTO DOS ACIDENTES DE TRABALHO 2.4.1 Acidentes de trabalho no Brasil

Segundo Teixeira (2017) no Brasil, em 70% dos casos, a vítima é do sexo masculino e 80% dos acidentes ocorrem com trabalhadores terceirizados. Além disso, a grande incidência de acidentes ocorre na faixa etária de 25 a 34 anos, ou seja, na idade mais profissionalmente ativa, assim como confirma os dados do observatório digital (figura 03). Os setores de indústria e de serviços são os que mais tiveram trabalhadores acidentados. E as partes do corpo que estão mais expostas ao risco são os membros inferiores e superiores

Figura 3: Registro de acidentes de trabalho por idade e sexo (2012-2017)

Fonte: ODSST, 2018

O Brasil registra uma média superior a 700 mil acidentes de trabalho por ano, pelo menos desde 2010, conforme dados da Previdência Social. Somente em 2014, foram 704 mil acidentes

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de trabalho, sendo 2.783 óbitos e 251,5 mil que resultaram em afastamentos por período superior a 15 dias e diminuição da capacidade produtiva.

De acordo com os dados do observatório digital (2018) no período de 2012 até 2018 foram registrados com e sem emissão de CATs, um total de 4.426.923 acidentes, ou seja, no período de 2012 a 2017 é estimada a ocorrência de 1 acidente a cada 48 segundos , o que gerou cerca de 305.299.902 dias de trabalho perdido, e 1 morte a cada 3h 38m 43s, totalizando 14.412 óbitos, e gerando R$66.534.254.002 de gastos com benefícios acidentários, cerca de R$1,00 a cada 2ms. Também segundo os dados do observatório digital a região que possui maior incidência de acidentes de trabalho é a região sudeste e consequentemente distribuídos conforme a figura 04.

Figura 4: Mapa acidentes de Trabalho no Brasil

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2.4.2 Acidente de trabalho no Rio Grande do Sul

Conforme os dados obtidos pelo observatório digital de saúde e segurança de trabalho (2018) do Ministério Público do Trabalho (MPT), o estado do Rio Grande do Sul é o 4º colocado no ranking de maior número de acidentes de trabalho registrados, foram registrados 146.154 auxílios-doença por acidente do trabalho no período de 2012 a 2017, o impacto previdenciário dos afastamentos foi de R$ 1.331.187.451,86, com a perda de 27.847.930 dias de trabalho, conforme figura 05.

Figura 5:Afastamentos ( auxílios- doença por acidente do trabalho – B91) por ano

Fonte: ODSST, 2018

2.5 OS IMPACTOS RELACIONADOS AOS ACIDENTES DE TRABALHO

De acordo com Oliveira (2014) os acidentes de trabalho, geram prejuízos econômicos e sociais importantes, nas últimas décadas, além destes prejuízos, as consequências socioambientais relacionadas aos acidentes de trabalho também vêm sendo discutida de forma recorrente. As consequências dos acidentes de trabalho têm um impacto fulminante em praticamente toda a sociedade, direta e indiretamente: no âmbito familiar, empresarial, social e econômico.

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A segurança do trabalho não interessa apenas aos trabalhadores, mas também às empresas e à sociedade, porque o trabalhador acidentado, além dos sofrimentos pessoais, provoca despesas no sistema de saúde e passa a receber benefícios previdenciários, que são pagos por todos os trabalhadores e empresas (IIDA, 2005).

Da mesma forma os autores Alves e Costa (2015), relatam que o acidente de trabalho além de diminuir o rendimento dos profissionais, pode desmotivar, estressar e deixar apreensivos outros profissionais. Assim entende-se que a Segurança e a Saúde no trabalho não se referem somente a evitar acidentes, mas também zelar pelas condições econômicas, administrativas e de gestão de qualquer empresa, uma vez que, a Segurança e Saúde do Trabalho é um fator positivo para a imagem da empresa, além de gerar um ambiente confortável.

Apesar da existência dos mais variados impactos que os acidentes de trabalho e doenças ocupacionais geram, por uma questão de sistematização e melhor categorização e entendimento, de acordo com Oliveira (2004) e Souza (2005) os mesmos podem ser classificados em dimensões de impactos, relacionadas entre si, numa teia dinâmica nas seguintes seis categorias: Impactos físicos e funcionais; Impactos profissionais; Impactos econômicos; Impactos psicológicos e morais; Impactos familiares e sociais e Impactos na qualidade de vida. Tais valores limitam-se aos custos econômicos e não incluem aqueles decorrentes dos impactos emocionais e familiares, dificilmente mensuráveis

2.5.1 impactos físico-funcionais

Os impactos físico-funcionais são todos aqueles relacionados, à lesão corporal, quando ocorre dano produzido no corpo humano, ou à perturbação funcional, que se trata do prejuízo do funcionamento de qualquer órgão ou sentido, ambas geradas pelo acidente de trabalho ou doença profissional. Sendo esta lesão ou perturbação funcional mais ou menos incapacitante, este determinado em função da natureza e da gravidade da lesão, do estado geral da vítima, da sua idade, profissão e da maior ou menor readaptação obtida para a mesma ou outra profissão (SOUSA, 2005).

Segundo o Departamento Estatístico da Previdência Social (2012), dos acidentes de trabalho registrados no ano de 2012, 77% dos acidentados ficaram temporariamente

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incapacitados, 7% sofreram lesões permanentes e 16% não ficaram com nenhuma incapacidade. Tal condição demonstra claramente que somente no ano de 2012, 84% dos trabalhadores acidentados tiveram algum tipo de lesão, mesmo que temporariamente, condição esta que demonstra através de números que, de fato, o impacto físico sob a saúde do indivíduo acidentado, é significativo e requer atenção especial.

Para medir a gravidade do dano corporal, no sentido de determinar o grau de incapacidade, foi construído um Inventário de Avaliação do Dano Corporal (Magalhães,1998). Este inventário está dividido em três escalas, para avaliar antes e depois do acidente, existindo para cada uma os seguintes itens conforme figura 06.

Figura 6: Sequelas

Fonte: (Magalhães,1998).

É importante salientar que os impactos físicos e funcionais não se limitam aos impactos corporais e incapacitantes que uma determinada lesão ou doença relacionada ao trabalho ocasiona. Em 1990, com a mudança das avaliações para o modelo social (Oliver, 1994), o conceito tornou-se mais amplo e complexo, uma vez que passou-se a entender que os impactos físicos e funcionais, não poderiam ser mais encarados somente como os impactos relacionados às estruturas e funções do corpo, mas sim, também, como os impactos relacionados à participação

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do trabalhador nas suas várias esferas da vida, considerando as mais diversas atividades e situações. Deste modo classificam-se sob o ponto de vista físico, os fatores corporais que podem ser comprometidos quando da ocorrência de um acidente de trabalho:

1) funções mentais;

2) funções sensoriais e da dor: 3) funções da voz e da fala;

4) funções do aparelho cardiovascular; 5) funções do aparelho digestivo;

6) funções geniturinárias e reprodutivas;

7) funções neuromusculoesqueléticas e relacionadas com o movimento; 8) funções da pele e estruturas relacionadas.

Além disto para cada uma das funções supracitadas, que podem ser afetadas, há os impactos funcionais, que podem ocorrer, sendo eles: a) aprendizagem a aplicação de conhecimentos; b) tarefas e exigências gerais; c) comunicação; d) mobilidade; e) auto cuidados; f) vida doméstica; g) interações e relacionamentos interpessoais; h) áreas principais da vida; i) vida comunitária social a cívica; j) dentre outros.

Os acidentes de trabalho geram visualmente impactos físicos, de acordo com os conceitos fundamentais da medicina, no entanto os impactos funcionais colaboraram com a discriminação dos acidentados frente a sociedade. Segundo relata Souza (2005) os acidentes de trabalho e/ou as doenças profissionais podem impossibilitar o indivíduo de continuar a realizar as suas tarefas de rotina diária, como por exemplo, tomar banho ou dar banho aos filhos, passar a roupa, ou lavar a louça. Por vezes, a incapacidade prende-se com a realização de tarefas múltiplas, podendo o indivíduo conseguir tomar chá, mas não ser capaz de pegar com uma mão na xícara e outra no pires, realizando duas tarefas em simultâneo, gerando, em alguns momentos, inclusive constrangimentos por parte dos envolvidos. A capacidade de lidar com o estresse e exigência psicológica de determinadas tarefas também pode ser afetada.

2.5.2 Impactos profissionais;

A palavra trabalho vem do latim “tripalium”, referindo-se a um instrumento de tortura para punições dos indivíduos que, ao perderem o direito à liberdade, eram submetidos ao trabalho

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forçado. Do ponto de vista religioso, o homem foi condenado ao trabalho porque Eva e Adão estabeleceram o pecado. De acordo com Godelier, citado por Correia (1999), o significado da palavra trabalho, surge somente nos finais do século XV e o significado da palavra trabalhador aparece nos finais do século XVII. No século XVIII, o trabalho aparece como uma atividade que implica um esforço penoso. Aliás, Correia (1999) refere esta noção sublinhando que ela está “relacionada com significados que nos referenciam o exercício de atividades penosas”.

Apesar desta concepção mais negativa de trabalho, a verdade é que as novas teorias encaram hoje o trabalho como fonte de identidade e realização pessoal do indivíduo. Não é por acaso que qualquer pessoa se apresenta falando da sua profissão, porque de fato o trabalha caracteriza o seu ser (SOUZA, 2005).

“O trabalho dignifica o homem!”. O conceito de trabalho, a cada dia, passa a ser relacionado a questões que denotem convivência sadia, respeito e compromisso, além obviamente de contribuir sobremaneira para a qualidade de vida das pessoas. (OLIVEIRA, 2014)

Diante deste contexto, os impactos profissionais gerado às vítimas de acidente de trabalho, são mais marcantes para o mesmo, quando sua realização pessoal depender da sua realização profissional. Do ponto de vista psicológico, o trabalho provoca diferentes graus de motivação e satisfação, principalmente, quanto à forma e ao meio no qual se desempenha a tarefa (Kanane, 1994). Da mesma forma, os impactos profissionais de uma lesão ou doença poderão variar muito de indivíduo para indivíduo.

Baseando-se na Pirâmide das Necessidades Humanas e Satisfação de Maslow (Figura 7), Araújo (2004) afirma que a ocorrência do acidente acarreta a criação de uma barreira, derivada de um ambiente de trabalho pouco seguro. Esta barreira influencia diretamente no cumprimento dos procedimentos, e consequentemente, na execução das atividades, o que as tornam mais perigosas e complicadas de serem operacionalizadas.

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Fonte: Araújo, 2004

Os impactos profissionais podem traduzir-se em dificuldades no regresso ao trabalho, seja por incapacidade temporária ou permanente, ou então por perda de desejo, ou perda de confiança. No entanto alguns estudos demonstram que após um acidente de trabalho ou doença profissional os trabalhadores experienciam vários sentimentos em relação ao trabalho, como por exemplo o sentimento de indignidade que ocorre devido ao fato de não obterem compreensão e apoio pelas suas dificuldades e terem de lidar com a indiferença perante a sua nova condição profissional, como também expressam o sentimento de inutilidade, percebido pela falta de qualificação e de finalidade de trabalho. Isto ocorre pois após um acidente ou doença o trabalhador é colocado em funções para as quais não conhecem a própria importância do seu trabalho em relação ao conjunto da atividade da organização; e o sentimento de desqualificação é experimentado como vergonha de não exercer funções compatíveis com a sua experiência e qualificação ou não ter oportunidade de se sobressair nas suas funções, o que muitas vezes acontece quando o retorno ao trabalho não é realizado tendo em conta todo o manancial de experiências que o trabalhador foi adquirindo e que poderá aplicar em outros contextos. (SOUSA, 2005).

Baseando-se nos autores Oliveira (2014) e Sousa (2005) é possível citar como principais impactos profissionais, os seguintes fatores:

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Desvalorização profissional: o profissional acaba por ser subutilizado, deixando de executar tarefas de maior complexidade, conforme fazia até a ocorrência do acidente.

Perda de Reputação: ocorre quando os colegas de trabalho e até mesmo a própria vítima do acidente de trabalho, passam a perceber o acidentado como um profissional que não é mais produtivo ou eficiente, gerando assim perda de sua reputação.

Reclamatórias Trabalhistas: neste contexto as empresas passam a ter que encarar com mais frequência as reclamações trabalhistas, inclusive indenizatórias, advindas dos acidentados e de seus familiares, que entendem-se lesados. Uma empresa com grande volume de reclamações trabalhistas tende a ser mais “visada” pelos órgãos fiscalizadores.

Abalo nas relações com órgãos fiscalizadores e sindicais: as empresas passam a sofrer maiores fiscalizações por parte dos órgãos e ter as suas relações sindicais de difícil acordo, dificultando assim as relações rotineiras; Abalo na imagem das empresas: ter a sua imagem associada a aspectos de descuido ao ser humano,traz prejuízos a qualquer corporação, condição esta que interfere inclusive nas relações comerciais. Do ponto de vista dos trabalhadores, trabalhar em empresas que são associadas a este cenário, também podem prejudicar a sua imagem como profissional que aceita trabalhar submetido a condições incoerentes ao que é pregado pela legislação.

Atraso no cumprimento dos compromissos: os trabalhadores acidentados passam a não ter mais a mesma performance de entregas, por diversos motivos, comprometendo as entregas da empresa. Tal condição também é visualizada com o grupo de trabalhadores que convivia até então com o trabalhador que se acidentou, gerando comoção; Queda na produtividade: tanto o trabalhador acidentado quanto os demais trabalhadores do grupo tendem, por um determinado período, a demonstrar queda em suas entregas, comprometendo desta forma a produtividade da empresa;

Falta de motivação dos trabalhadores: a insegurança para a realização das atividades,visto os históricos de ocorrência de acidentes, coadjuvado com eventuais faltas de investimento das empresas neste campo, gera desmotivação por parte dos trabalhadores, derrubando consequentemente outros indicadores importantes tanto às corporações quanto aos profissionais envolvidos

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Absenteísmo: do ponto de vista dos mais variados aspectos relacionados ao absenteísmo, este passa a vigorar titular na vida do acidentado e bastante presente na companhia que possui acidentes com determinada frequência. Outros. É importante também citarmos as dificuldades relacionadas ao regresso ao trabalho, uma vez que essa passa a vigorar sob as mais variadas formas (incapacidade temporária ou permanente, perda de gosto, perda de confiança, etc.).

Ouro impacto que pode ser percebido na esfera profissional é a falta de progressão na carreira. Regressar ao trabalho em atividade totalmente distinta ao que realizava até então, pode limitar a sua progressão na carreira, à medida que terá que conhecer e desenvolver habilidades e reconhecimentos nas novas tarefas. Diante do volume de acidentes de trabalho e de doenças profissionais, a Previdência Social detém de uma área específica, denominada "Reabilitação profissional ”, destinada a literalmente reabilitar o trabalhador, através de treinamentos específicos, a estar apto a executar outras atividades profissionais que não as que executava até o momento do acidente ou do desenvolvimento da doença, isso porque estas situações culminaram em consequências físicas ou emocionais que não possibilitam mais que aquele trabalhador desempenhe as mesmas tarefas que desempenhava até então.

Na opinião de Oliveira ( 2014) ocorre que apesar dos esforços que a Previdência Social vem dedicado a este item no transcorrer dos últimos anos, a evolução ainda é muito pequena, visto que os empregadores não possuem interesse real em efetuar trabalhos de reabilitações em suas organizações, visto os custos e consequências que as mesmas geram de forma corporativa, condição esta que dificulta ainda mais a condição do acidentado frente à sua vontade em voltar a ser produtivo em um dado ambiente de trabalho.

2.5.3 Impactos econômicos;

Costa (1993) afirma que os custos dos acidentes de trabalho são raramente contabilizados, mesmo em países com importantes avanços no campo da prevenção. Estima-se que 4% do Produto Interno Bruto (PIB) sejam perdidos por doenças e agravos ocupacionais, e quando se trata de países em desenvolvimento esse valor passa para 10% (International Labour Organization, 2003). No Brasil, com base no PIB do ano 2002, essas estimativas de perda ficariam entre US$21.899.480,00 e US$54.748.700,00 refletindo baixa efetividade das políticas e programas de prevenção de agravos à saúde no trabalho.

Referências

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