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Associados aposentados do INSS com crédito consignado em uma cooperativa de crédito: um estudo de caso

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UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

TAMARA TUSSET

ASSOCIADOS APOSENTADOS DO INSS COM CRÉDITO

CONSIGNADO EM UMA COOPERATIVA DE CRÉDITO:

UM ESTUDO DE CASO

Santa Rosa (RS) 2012

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TAMARA TUSSET

ASSOCIADOS APOSENTADOS DO INSS COM CRÉDITO

CONSIGNADO EM UMA COOPERATIVA DE CRÉDITO:

UM ESTUDO DE CASO

Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Economia, do Departamento de Ciências Administrativas, Contábeis, Econômicas e da Comunicação (DACEC), da Universidade Regio-nal do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ), requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Economia.

Orientadora: Ms. Marlene Köhler Dal Ri

Santa Rosa (RS) 2012

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A Banca Examinadora abaixo-assinada aprova a Monografia:

ASSOCIADOS APOSENTADOS DO INSS COM CRÉDITO

CONSIGNADO EM UMA COOPERATIVA DE CRÉDITO:

UM ESTUDO DE CASO

elaborada por

TAMARA TUSSET

como requisito parcial para obtenção do Grau de Bacharel em Economia.

Santa Rosa (RS), 04 de julho de 2012.

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________ Ms. Marlene Köhler Dal Ri

Orientadora

_______________________________________ Prof.

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AGRADECIMENTOS

Acima de tudo agradeço a Deus, pela proteção e bênçãos em todos os momentos da minha vida. Pela oportunidade e pelo privilégio em compartilhar tamanha experiência e, ao frequentar este curso, perceber e atentar para a relevância de temas que não faziam parte, em profundidade, da minha vida.

Agradeço à minha família, pelo apoio incondicional durante toda a caminhada acadêmica, me proporcionando carinho, amor e, acima de tudo, acreditando na minha capacidade de enfrentar desafios e superar adversidades.

Aos professores que demonstraram dedicação e entusiasmo ao longo do curso e pelos conhecimentos transmitidos, principalmente à professora Marlene Köhler Dal Ri, pela orientação segura, incentivo, simpatia, dedicação e presteza no auxílio às atividades e discussões sobre o andamento e normatização deste trabalho de conclusão de curso.

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RESUMO

A oferta de crédito no Brasil nos últimos anos vem crescendo em grande escala. O crédito consignado é um exemplo dessa realidade, tendo desempenhado papel expressivo na expansão do crédito pessoal aos seus aposentados e pensionistas. Grande parte dos beneficiários do INSS, além de vivenciarem uma realidade em que os reajustes salariais não corrigem os seus salários, ainda compromete uma parcela da sua renda com empréstimos, cujo valor da parcela mensal passa a estar indisponível no período em que está consignado. O tema do presente estudo vem ao encontro dessa realidade, que é analisar o endividamento dos aposentados do INSS associados à Cooperativa Sicredi União RS e à Unidade da Praça da Independência. Esse endividamento ocorre na mesma proporção em que crescem os índices de solicitação de crédito, decorrente, muitas vezes, da ânsia pela aquisição de produtos que são ofertados pelo comércio ou para reparcelamento de dívidas. O crédito consignado tem se mostrado um empréstimo atraente devido ao seu juro acessível em relação aos demais, como cheque especial e cartão de crédito. Mesmo assim, a dívida ocasiona uma situação de desequilíbrio orçamentário na economia, gerando redução do poder aquisitivo do aposentado agravada pela constante elevação do custo de vida. O estudo se caracteriza como pesquisa exploratória e descritiva, pois busca estudar e descrever dados sobre os créditos consignados, verificando o quanto estes afetam a renda da população e ou podem tornar-se um aliado no endividamento pessoal.

Palavras-chave: Crédito consignado. Endividamento dos aposentados do INSS. Cooperativa Sicredi União RS. Unidade da Praça da Independência.

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LISTA DAS FIGURAS

Figura 1. Variação do PIB anual (em %)... 09

Figura 2. Concessão de crédito consignado a aposentados – 01/2009 a 01/2010... 10

Figura 3. Tabela Price ou Sistema de Amortização Francês (SAF)... 34

Figura 4. Pe. Theodor Amstad, pioneiro do cooperativismo de crédito no RS ... 45

Figura 5. Caixa Rural de Nova Petrópolis, primeira cooperativa de crédito do RS .... 46

Figura 6. O cata-vento, símbolo do Sicredi... 47

Figura 7. Fachada da Sicredi União RS... 50

Figura 8. Distribuição dos municípios de acordo com o número de habitantes associados e aposentados do INSS... 51

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LISTA DOS QUADROS

Quadro 1. Tabela Price ou Sistema de Amortização Francês (SAF)... 33

Quadro 2. Modelo de cálculo da Tabela Price... 35

Quadro 3. Modelo da Tabela Price em parcelas não periódicas e nem uniformes... 36

Quadro 4. Modelo da Tabela Price em parcelas iguais e periódicas... 36

Quadro 5. Fluxo de caixa... 37

Quadro 6. Ponderação das despesas pessoais para verificação dos custos... 40

Quadro 7. Variação do INPC e do salário mínimo... 40

Quadro 8. Total de associados por Unidade... 49

Quadro 9. Distribuição dos municípios de acordo com o total de benefícios mensais concedidos na Cooperativa Sicredi União RS... 51

Quadro 10. Total de benefícios pagos na Cooperativa Sicredi União RS com relação à Unidade da Praça da Independência ... 52

Quadro 11. Distribuição dos associados aposentados do INSS de acordo com a concessão de consignados ... 52

Quadro 12. Demonstrativo dos cálculos do valor total financiado... 53

Quadro 13. Valor total do crédito consignado x pagamento de juros – Cooperativa Sicredi União RS ... 53

Quadro 14. Valor total do crédito consignado x pagamento de juros – Unidade da Praça da Independência... 54

Quadro 15. Distribuição de valores recebidos pela Cooperativa Sicredi União RS ... 56

Quadro 16. Valores anuais dos créditos consignados que são pagos pelos aposentados da Praça da Independência... 56

Quadro 17. Distribuição de valores recebidos com pagamento das parcelas ... 58

Quadro 18. Valores anuais dos créditos consignados pagos pelos associados aposentados do INSS, pertencentes à Cooperativa Sicredi União RS... 58

Quadro 19. Valores recebidos com pagamento de parcelas pagas pelos associados aposentados do INSS pertencentes à Cooperativa Sicredi União e à Unidade da Praça da Independência... 60

Quadro 20. Valores anuais pagos pelos aposentados do INSS, associados da Unidade da Praça da Independência, que recebem dois salários mínimos por mês referente aos créditos consignados... 60 Quadro 21. Valores que deixarão de entrar na economia nos próximos três anos na região... 64

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 8

1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRIA ... 14

1.1 DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO ... 14

1.2 RENDA ... 16

1.3 PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB) ... 16

1.4 PROPENSÃO MARGINAL A CONSUMIR ... 18

1.5 CRÉDITO ... 20

1.5.1 Análise do crédito ... 23

1.5.2 Limite de crédito ... 24

1.5.3 Análise de crédito pela Cooperativa ... 25

1.5.4 Custo do crédito bancário ... 26

1.6 O CONCEITO E A NATUREZA DOS JUROS ... 28

1.6.1 Juros bancários ... 28

1.7 ENDIVIDAMENTO ... 29

1.8 CRÉDITO CONSIGNADO ... 30

1.9 TABELA PRICE ... 31

1.9.1 Histórico do Sistema Francês de Amortização – Tabela Price ... 31

1.9.2 Processo de cálculo da Tabela Price ... 32

1.10 HISTÓRICO DO SALÁRIO MÍNIMO NO BRASIL ... 38

1.11 CORREÇÃO MONETÁRIA ... 39

2 METODOLOGIA DA PESQUISA ... 41

2.1 APRESENTAÇÃO DA PESQUISA ... 41

2.2 TIPO DA PESQUISA ... 42

2.3 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS ... 42

2.4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS ... 43

3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ... 44

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA ... 44

3.2 PLANILHAMENTO DOS DADOS ... 50

3.2.1 Aposentados com ganho de um salário mínimo ... 54

3.2.2 Aposentados com ganho mensal de um e meio salário mínimo ... 57

3.2.3 Aposentados com ganho mensal de dois salários mínimo ... 59

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 62

REFERÊNCIAS ... 66

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INTRODUÇÃO

As necessidades humanas encontram-se dispostas em forma de pirâmide, obedecendo a uma certa hierarquia. Em sua base encontram-se as necessidades primárias, ou seja, as fisiológicas e as de segurança. Seguem as necessidades secundárias, que são constituídas pelas sociais, de estima e de autorrealização. Chiavenato (1998), ao analisar esta pirâmide de necessidades afirma que o ser humano, na ânsia de suprir suas necessidades, nasceu para consumir. As organizações, cientes dessas características humanas, desenvolvem habilidades que despertam no indivíduo um grande desejo de consumo, perpassando os aspectos básicos de sobrevivência, e chegando aos bens e serviços.

Os bens e serviços compõem o setor terciário, cuja expansão a partir do século 20 tem apresentado as maiores mudanças no âmbito econômico, sendo aquele que mais emprega em diversos países. No Brasil, gera mais da metade da renda nacional, correspondendo a 54% do Produto Interno Bruto (PIB). Podem-se mencionar como integrantes do setor terciário o ramo do comércio, o turismo, os serviços financeiros, jurídicos, de informática, comunicação, arquitetura, engenharia, auditoria, consultoria, propaganda e publicidade, seguro, corretagem, transporte e armazenagem, além das atividades públicas e privadas de defesa, segurança, saúde e educação, entre outros.

O crescimento do setor terciário deve-se ao aumento da renda per capita1 que, segundo depoimento de Langoni (2008), ex-presidente do Banco Central, cresce a 23 trimestres consecutivos, possibilitando aos consumidores gastarem mais. Este ciclo de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) é entendido como o mais longo desde o início dos anos 80, perdendo apenas para o “milagre” dos anos 70.

1 Renda per capita: é um indicador que ajuda a conhecer o grau de desenvolvimento econômico de um país ou

região. É a soma dos salários de toda a população dividido pelo número de habitantes. Consiste na divisão do Produto Nacional Bruto (PNB) menos os gastos de depreciação do capital e os impostos indiretos pela sua população (BRAGA, 1995).

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O atual ciclo difere qualitativamente dos anteriores em função de combinar expansão do investimento e do consumo. E não há como dissociar o desempenho econômico do aumento simultâneo de crédito, da renda e do emprego que permitem às famílias manter seu consumo em elevação.

Decorre daí uma grande expansão da oferta de crédito nos últimos anos, cujos números só têm a crescer. E para comprovar este crescimento, dados mostram que cada vez mais os brasileiros usam o crédito para realizar com antecedência suas compras e para a satisfação dos seus desejos. O aumento do crédito traz pontos positivos porque gera riqueza e alavanca a economia.

Os bancos e as instituições financeiras são os principais agentes a suprir esta necessidade de crédito, tanto na captação de recursos como na concessão do crédito de natureza pessoal, habitacional, capital de giro ou ainda em outras modalidades, exercendo, dessa forma, papel fundamental no crescimento econômico.

No contexto atual o crédito acabou se tornando elemento essencial na vida das pessoas em qualquer relação, seja financeira ou não. O fato de uma sociedade ter crédito significa que cada uma das partes acredita que a outra fará o que se espera dela, sem precisar ser forçado a isso.

O crescimento da economia brasileira em 2011 registrou um aumento de 2,7%, segundo informações do IBGE (2012). Em contrapartida, este crescimento provocou um aumento no volume do crédito tanto para a pessoa jurídica como para a física em torno de 15% a 20%, devido a variáveis como retomada de investimentos estrangeiros no mercado nacional.

Figura 1. Variação do PIB anual (em %)

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Atualmente a ênfase é para o crédito direcionado às pessoas físicas. A perspectiva é que em 2012 o total de crédito à pessoa física ultrapasse o crédito utilizado por pessoas jurídicas. A principal linha de crédito é o consignado e o imobiliário, por apresentarem os menores juros oferecidos atualmente para pessoas físicas.

Notícias sobre crédito no Brasil revelam que as operações de crédito consignado para aposentados do INSS são as que mais crescem no país. O número de operações de crédito consignado firmadas com bancos ou instituições financeiras no ano de 2010 teve um aumento de 17,9%, totalizando 10,1 milhões de contratos assinados e R$ 26,8 bilhões emprestados.

Esta elevação na concessão do crédito consignado se deu por dois motivos: o primeiro é apontado pelo governo como decorrente da crise que dominava o cenário econômico no período, e o outro foi a mudança nas regras do crédito consignado, quando o governo procurou flexibilizar o crédito, estimulando o consumo e reativando a economia do país. Com isso, pessoas físicas foram autorizadas a comprometer até 30% de sua renda com a captação do crédito, na modalidade empréstimo pessoal, cuja margem anterior era de 20%.

A Figura 2 mostra a evolução ocorrida entre janeiro de 2009 a janeiro de 2010 na concessão de crédito consignado aos aposentados. Neste período, os contratos de crédito consignado envolvendo somente beneficiários do INSS alcançaram R$ 24,6 bilhões, sendo que a quantia acumulada de operações foi de 10,6 milhões.

Figura 2. Concessão de crédito consignado a aposentados – 01/2009 a 01/2010

Fonte: INSS (2010).

A medida adotada pelo governo teve efeito, pois o volume de operações do crédito consignado elevou-se consideravelmente. Num primeiro momento houve um aumento brusco nas contratações do empréstimo, mas depois os números começaram a cair e se estabilizar.

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O aumento da demanda do consumo, portanto, é decorrente da existência de crédito, o qual pode moldar o ritmo da produção do setor produtivo. Isso pode ser entendido ao se analisar a economia sob o viés da macroeconomia. Indústrias se deparam com a antecipação dos pedidos em função da facilidade gerada pelo crédito, oriunda da desobrigação da liquidação total do valor da compra de bens e serviços no ato do negócio, permitindo um excedente instantâneo da moeda, que pode ser direcionado para a compra de mais bens e serviços.

Caracterizado como um instrumento de natureza monetária, o crédito tem efeitos no produto real da economia, pois uma parcela da economia real é gerada a partir da disponibilização do crédito. Assim, uma vez que uma economia incorpora um sistema de crédito, a demanda real pode aumentar ou diminuir em função da política adotada pela sua administração.

No momento da captação do crédito, entretanto, a capacidade de pagamento do tomador do empréstimo é um fator que precisa ser avaliado. As condições de pagamento do tomador referem-se ao ingresso mensal de valor (salário, patrimônio, prazo e juros acordados). A alteração de qualquer um desses critérios acaba gerando riscos e provocam uma situação de inadimplência.

Diante de um cenário de crescimento expressivo da oferta de crédito no Brasil nos últimos anos, o crédito consignado do INSS tem desempenhado papel expressivo na expansão do crédito pessoal aos seus aposentados. A situação que se vislumbra, entretanto, é que, além de comprometerem uma parcela da renda que passa a estar indisponível no período em que está consignado, ainda convivem com reajuste salarial que não corrige o seu custo de vida.

Em decorrência de uma situação de facilidade de acesso ao crédito, percebe-se que o mesmo pode comprometer a renda de quem o toma, conduzindo-o a uma situação de endividamento.

O endividamento é um reflexo da sociedade de consumo e caracteriza-se como um problema de ordem social e não individual, afetando consumidores e fornecedores. Ele está relacionado também à taxa de juros, a qual é discutida mundialmente sob o aspecto político-econômico, pois representa o grau de desenvolvimento de um país, a estabilidade ou instabilidade de sua atividade econômica.

O empréstimo consignado é considerado hoje a modalidade mais atrativa para os agentes financeiros, pois representa um risco muito pequeno de inadimplência. Para os tomadores é um atrativo, pois estes resolvem um problema imediato de pagamento de dívida

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e/ou aquisição de bens de consumo. Por outro lado, o empréstimo atua como redutor do poder aquisitivo, levando muitos a recorrerem a novos financiamentos e, com isso, tornam cada vez maior a parcela dos rendimentos comprometidos com o pagamento do consignado.

Este estudo alerta para o fato de que, se o crédito consignado, especialmente concedido aos aposentados do INSS, foco deste estudo, for destinado para financiamento de bens de consumo e não de formação de capital (investimento) ou para pagamento de dívidas anteriormente contraídas, poderá haver uma recessão de consumo num futuro próximo.

Na condição de tomador desta modalidade de empréstimos, entretanto, o aposentado do INSS fica satisfeito ao contrair o consignado em função de situações como: a) as parcelas cobradas para amortização da dívida são fixas, havendo a perspectiva de que o peso da parcela do consignado vá se tornando cada vez mais leve, pois os rendimentos recebidos serão corrigidos ao longo do período; b) os juros cobrados nesta modalidade aparentemente são inferiores à taxa de mercado.

Mesmo que esses aspectos se comprovem, a evolução da dívida contraída ocasiona uma situação de desequilíbrio orçamentário (saldo devedor). Na verdade há uma redução do poder aquisitivo do aposentado, o que se agrava ao longo do período dada à elevação do custo de vida.

Neste contexto, o objetivo do presente estudo é analisar o grau de endividamento dos aposentados do INSS, associados a uma Cooperativa de Crédito, com a utilização do crédito consignado.

O estudo tem ainda como objetivos específicos: a) caracterizar o ambiente de estudo e realizar a coleta do referencial teórico acerca do tema em estudo; b) conceituar e analisar a metodologia do crédito; c) analisar e verificar como se comporta o crédito consignado dos aposentados da Cooperativa; d) analisar o comportamento do endividamento e/ou capacidade do poder aquisitivo com o crédito consignado.

Considerando todo o cenário até aqui apresentado, o presente estudo propõe ainda responder a seguinte questão: qual o volume de endividamento dos aposentados do INSS associados à Unidade da Praça da Independência em relação à Cooperativa Sicredi União RS com a utilização do crédito consignado?

Existem pelo menos dois tipos de justificativa para a realização do presente estudo: a de natureza econômica e a de cunho pessoal. Do ponto de vista econômico é muito importante que as pessoas envolvidas diretamente no processo de liberação de crédito possam, mediante análise econômica, ter uma visão geral do comprometimento dos aposentados durante todo o

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período de existência da consignação. Este conhecimento geral pode trazer benefícios quanto às decisões e estratégias que necessitam ser tomadas no momento da concessão do crédito.

Do ponto de vista pessoal, o estudo interessa ao acadêmico por estar hoje trabalhando em uma Cooperativa de Crédito, mais precisamente no Sicredi, pertencente à região onde foi realizado este estudo. Sua realização permite a concretização de duas aspirações: contribuir para a solução de problemas sociais e concluir sua graduação em Economia.

O estudo está estruturado em três capítulos. O primeiro é composto pela revisão bibliográfica do tema, onde são apresentados os conceitos de cooperativismo, desenvolvi-mento econômico, renda, crédito, juros, crédito consignado, correção monetária, entre outros, tendo por base a literatura de autores que se destacam nessa área.

No segundo capítulo apresenta-se a metodologia utilizada ao longo do estudo, em que se apresenta a pesquisa, o tipo do estudo, os instrumentos de coleta de dados e a análise e interpretação dos dados.

E, finalmente, no terceiro capítulo é apresentada a caracterização da instituição em estudo e o planilhamento dos dados obtidos com a realização da pesquisa. Nas considerações finais consta a conclusão a que se chegou com o estudo.

Esta pesquisa possibilita conhecimentos que contribuem para a atuação de profissionais que desejam ter um referencial a respeito do assunto, bem como um meio de gerar novas informações que dizem respeito ao tema.

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1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRIA

A fim de possibilitar a compreensão do que é o processo de desenvolvimento econômico, bem como elaborar algumas considerações sobre crédito, consumo e sistema capitalista, foram utilizadas algumas literaturas, as quais são apresentadas a seguir.

1.1 DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

O desenvolvimento econômico, segundo Souza (1993), pode ser definido como uma combinação de crescimento sustentado, reestruturação produtiva com aprofundamento tecnológico e melhoria dos indicadores sociais da população em geral.

Trata-se de um processo pelo qual a renda nacional real de uma economia aumenta durante um longo período de tempo. A renda nacional real refere-se ao produto total do país de bens e serviços finais, expresso não em termos monetários, mas sim em termos reais, em que a expressão monetária da renda nacional é corrigida por um índice apropriado de preço de bens de consumo e bens de capital. Caso o ritmo de desenvolvimento for superior ao da população, a renda real per capita aumentará. O processo implica na atuação de certas forças, que operam durante um longo período de tempo e representam modificações em determinadas variáveis. Apesar de os detalhes do processo variarem sob condições diversas no espaço e no tempo, há algumas características comuns básicas, e o resultado geral do processo é o crescimento do produto nacional de uma economia que, em si própria, é uma variação particular a longo prazo (SOUZA, 1993).

Depreende-se daí que o desenvolvimento econômico é um conceito que por sua amplitude aproxima a economia das demais ciências sociais. Sua caracterização não se restringe ao crescimento da produção em uma região, mas trata principalmente de aspectos qualitativos relacionados ao crescimento.

Em seus estudos, Furtado (1964, p. 43) definiu o desenvolvimento econômico como “[...] um processo de mudança social pelo qual um número crescente de necessidades humanas – preexistentes ou criadas pela própria mudança – são satisfeitas através de uma diferenciação no sistema produtivo decorrente da introdução de inovações tecnológicas.” O autor apresenta os estudiosos que se dedicaram à dialética do desenvolvimento, cujos nomes mais expressivos e suas concepções estão relacionados no texto que segue.

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Quesnay (1758 apud FURTADO, 1964), através de seu Tableau Économique, definiu o sistema econômico à semelhança do funcionamento do organismo humano. A agricultura era considerada pelos fisiocratas como única atividade produtiva e, portanto, o desenvolvimento dependia do aumento da produtividade agrícola. Nesse rumo, defenderam a redução de impostos e condenaram gastos supérfluos e tudo que prejudicasse a venda da produção agrícola, necessária à capitalização da agricultura e à geração de excedente para estender o desenvolvimento às demais atividades econômicas.

Enquanto isso, Smith (apud FURTADO, 1964) ressaltou os aspectos responsáveis pelo desenvolvimento econômico como a acumulação do capital, o crescimento populacional e a produtividade da mão de obra, introduzindo a ideia da divisão do trabalho como forma de promover o progresso econômico.

Já Ricardo (apud FURTADO, 1964), partindo das ideias de seu antecessor, destacou a importância das inovações tecnológicas para o desenvolvimento. Seu pessimismo decorreu das hipóteses relativas aos rendimentos decrescentes da agricultura com as quais trabalhou, na medida em que a terra se tornava mais escassa com sua exploração, e do crescimento da população relativamente ao estoque de capital.

Schumpeter (apud FURTADO, 1964) aperfeiçoou o conceito de desenvolvimento econômico ao distinguir as noções de estática e dinâmica na economia, vinculando à primeira noção o fluxo regular da atividade e à segunda, a perturbação do ciclo vicioso da estabilidade provocada pelo investimento a partir das inovações tecnológicas. Seu otimismo preconizava o desaparecimento dos problemas sociais se as economias experimentassem crescimento semelhante ao dos períodos passados. O desenvolvimento econômico, para Schumpeter, é um fenômeno originário da própria esfera econômica, com características qualitativas novas e não imposto de fora.

Na América Latina e no Brasil, particularmente, os ideais de desenvolvimento ganharam importância com os estudos da Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL), fundada na década de 50 por economistas da região, preocupados com o atraso de suas respectivas nações. Sua principal contribuição consistiu na crítica ao pensamento convencional acerca da divisão internacional do trabalho, que separava as nações em função da disponibilidade dos fatores de produção, condenando os países ricos em recursos naturais à eterna dependência dos países industrializados, ricos em tecnologia e capital. Resultou da visão desses economistas o processo substituidor de importação adotado pelas economias latinas para criar suas indústrias nacionais (BIELSCHOWSKY, 2000).

(17)

Shapiro (1994) conclui que o processo de desenvolvimento econômico passa por ajustes institucionais, fiscais e jurídicos que se tornam necessários para que haja incentivos aos investimentos e inovações, bem como fornece condições para um sistema eficiente de produção e distribuição de bens e serviços.

1.2 RENDA

Vasconcellos e Garcia (2004), em seus estudos, conceituam renda como a soma dos rendimentos pagos aos fatores de produção para obter o produto num determinado período, composto por aluguéis, lucros, salários e juros.

Já a Renda Nacional, segundo os autores supracitados, é a soma de todas as rendas recebidas pelos proprietários dos fatores de produção no ano, ou seja, o custo de fatores, salários e ordenados, juros, aluguéis, lucros mais as transferências do Governo para o setor privado.

Economicamente, ao se gerar um volume de produção, gera-se uma renda correspondente que, por sua vez, se transforma em capacidade de compra das pessoas. Para aumentar a capacidade de compra ou a demanda agregada, a economia terá que, necessariamente, aumentar a produção e, consequentemente, a renda. A melhoria da qualidade de vida das pessoas obtém-se, portanto, mediante crescimento contínuo da renda numa taxa maior de crescimento da população, ou seja, por meio da renda per capita.

A riqueza de um país, portanto, não está caracterizada pela quantidade de recursos minerais existentes em seu subsolo, mas, sim, pela capacidade que tem de gerar, continuamente, um volume de produção crescente por pessoa, ou seja, per capita. Não há como gerar um volume de produção sem uma correspondente geração de renda. À medida que se aumenta um nível de produção por meio de novos investimentos, aumenta-se também o nível de renda na economia.

1.3 PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB)

O Produto Interno Bruto (PIB), segundo Gordon (2000), é um dos indicadores mais utilizados na macroeconomia com o objetivo de mensurar a atividade econômica de uma região. Ele representa a soma em valores monetários de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região, quer seja países, estados ou cidades durante um determinado período (mês, trimestre, ano, etc).

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O PIB é considerado uma medida de fluxo de produção por um determinado tempo, por isso ele não considera estoques de capital (economia) que, em última instância, são importantes componentes determinantes dos fluxos de produção como, por exemplo, capital social, capital humano, capital natural, etc.

Na apuração do PIB considera-se apenas bens e serviços finais, excluindo da conta todos os bens de consumo intermediário. Isso é feito com o intuito de evitar o problema da dupla contagem, quando valores gerados na cadeia de produção aparecem contados duas vezes na soma do PIB.

A fórmula para o cálculo do PIB de uma região é a seguinte:

PIB = C+I+G+X-M

Onde:

− C = consumo privado

− I = investimentos totais feitos na região

− G = gastos dos governos

− X = exportações

− M = importações

De acordo com Sandroni (2004, p. 459), na ótica da renda o PIB é calculado a partir das remunerações pagas dentro do território econômico de um país, sob a forma de salários, juros, aluguéis e lucros distribuídos. Somam-se a isso os lucros não distribuídos, os impostos indiretos e a depreciação do capital e, finalmente, subtraem-se os subsídios.

Já na ótica do dispêndio, o autor supracitado afirma que este resulta da soma do consumo das unidades familiares e do governo, mais as variações de estoque, menos as importações de mercadorias e serviços e mais as exportações. Sob essa ótica, o PIB é denominado Despesa Interna Bruta.

Embora sendo um indicador linear, o PIB pode demonstrar, per capitamente, o quanto cada indivíduo receberia se a produção interna bruta fosse distribuída igualmente entre seus habitantes. Para obter o PIB per capita divide-se o valor do PIB pela população. Esta não é uma medida de renda pessoal, porque no PIB não são considerados o nível de desigualdade de renda de uma sociedade.

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1.4 PROPENSÃO MARGINAL A CONSUMIR

Estudos de Stiglitz (2004) revelam que a economia tem

do consumo, sendo uma microeconômica e a outra macroeconômica. A microeconomia estuda a função “consumo” dentro de particularidades, como gosto, moda, clima, preço dos produtos e outras variáveis que influenciam os consumidores. A macroeconomia analisa a visão agregada, deixando as peculiaridades de lado para analisar o lado estrutura

Normalmente, olha-se o consumo por uma função do nível de renda, recebida em um determinado tempo, retirando

da população para o consumo.

Ao realizar esta análise, observa

para o consumo e o restante para a poupança, o que já não acontece com a classe pobre, que encaminha quase totalmente sua renda para o consumo e não consegue fazer uma poupança. Desta forma, percebe-se que a cl

compras, porque não consegue juntar dinheiro ou poupança para fazer uma compra à vista, bem ao contrário do que acontece com a classe rica.

Nesse contexto, Mansfield (1996) apresenta a p

mede quanto se incrementa no consumo de uma pessoa quando há um acréscimo em sua renda disponível (a renda disponível depois do pagamento dos impostos) em uma unidade monetária.

Dessa forma, a propensão marginal ao consumo se define co consumo a uma nova renda disponível,

forma:

Esta fórmula explica como as mudanças de consumo mudam quando a renda Já na análise do consumo keynesiana

1.4 PROPENSÃO MARGINAL A CONSUMIR

Estudos de Stiglitz (2004) revelam que a economia tem-se duas visões sobre a teoria do consumo, sendo uma microeconômica e a outra macroeconômica. A microeconomia studa a função “consumo” dentro de particularidades, como gosto, moda, clima, preço dos produtos e outras variáveis que influenciam os consumidores. A macroeconomia analisa a visão agregada, deixando as peculiaridades de lado para analisar o lado estrutura

se o consumo por uma função do nível de renda, recebida em um determinado tempo, retirando-se impostos. Assim, encontra-se a renda que está à disposição da população para o consumo.

Ao realizar esta análise, observa-se que a classe rica direciona uma parte de sua renda para o consumo e o restante para a poupança, o que já não acontece com a classe pobre, que encaminha quase totalmente sua renda para o consumo e não consegue fazer uma poupança.

se que a classe pobre não tem como pechinchar na hora de fazer suas compras, porque não consegue juntar dinheiro ou poupança para fazer uma compra à vista, bem ao contrário do que acontece com a classe rica.

Nesse contexto, Mansfield (1996) apresenta a propensão mar

mede quanto se incrementa no consumo de uma pessoa quando há um acréscimo em sua renda disponível (a renda disponível depois do pagamento dos impostos) em uma unidade

propensão marginal ao consumo se define co

consumo a uma nova renda disponível, a qual pode ser expressa matematicamente da seguinte

explica como as mudanças de consumo mudam quando a renda a análise do consumo keynesiana é formulada a seguinte expressão para o consumo:

se duas visões sobre a teoria do consumo, sendo uma microeconômica e a outra macroeconômica. A microeconomia studa a função “consumo” dentro de particularidades, como gosto, moda, clima, preço dos produtos e outras variáveis que influenciam os consumidores. A macroeconomia analisa a visão agregada, deixando as peculiaridades de lado para analisar o lado estrutural e político. se o consumo por uma função do nível de renda, recebida em um se a renda que está à disposição

classe rica direciona uma parte de sua renda para o consumo e o restante para a poupança, o que já não acontece com a classe pobre, que encaminha quase totalmente sua renda para o consumo e não consegue fazer uma poupança. asse pobre não tem como pechinchar na hora de fazer suas compras, porque não consegue juntar dinheiro ou poupança para fazer uma compra à vista,

ropensão marginal a consumir que mede quanto se incrementa no consumo de uma pessoa quando há um acréscimo em sua renda disponível (a renda disponível depois do pagamento dos impostos) em uma unidade

propensão marginal ao consumo se define como a variação do pode ser expressa matematicamente da seguinte

explica como as mudanças de consumo mudam quando a renda se altera. seguinte expressão para o consumo:

(20)

Esta expressão é considerada válida para intervalos de variação dos resultados em que a propensão marginal a consumir permanece aproximadamente constante.

Onde:

− C = Consumo

− C0 = Consumo autônomo ou fixo

− c = Propensão marginal a consumir

− YD = Renda disponível Y(1 − t)

− (1-c) = b = Propensão marginal a poupar

Falar sobre propensão marginal leva necessariamente a falar sobre a Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda. Segundo Keynes (1990, p. 48), estes objetivam descobrir o que determina o volume de emprego, que se dá pela interseção da função de oferta agregada com a demanda, ou seja, que “relaciona determinado volume de emprego com o produto das vendas que se espera realizar desse volume de emprego.”

Neste cenário podem-se definir os fatores objetivos, que são a variação do salário real, a diferença entre renda e renda líquida, as variações imprevistas nos valores de capital não considerados no cálculo da renda líquida, a relação de troca de bens presentes e bens futuros, a variação da política fiscal, as modificações das expectativas acerca de relação entre os níveis presentes e futuros da renda. Sendo assim, Keynes (1990) afirma que a função consumo é bastante estável e o principal fator que o influencia é a renda, sendo os demais (agrupados na propensão marginal a consumir) de influência reduzida.

No que se refere aos fatores subjetivos, estes são compreendidos como a precaução, poupar para imprevistos, previdência, preparar-se para a velhice e outros gastos futuros, desfrutar de gastos crescentes, independência, estar livre para fazer algo, iniciativa, poupar para realizar sonhos, projetos de vida.

Esses fatores, segundo Keynes (1990), variam de acordo com as instituições e a organização da sociedade, com os hábitos devido à raça, educação, convenções, religião e atitudes morais correntes, com as esperanças atuais e a experiência passada, com a distribuição de renda, com o nível de vida e com o estado da tecnologia. Ao mudar lenta-mente, os fatores subjetivos levam a concluir que as variações de curto prazo no consumo dependem mais das alterações na renda do que das variações da propensão a consumir.

E apesar de levarem o indivíduo a poupar, os fatores subjetivos não influenciam o volume da poupança agregada, que é determinado pela comparação entre a taxa de juros e a eficiência marginal do capital.

(21)

1.5 CRÉDITO

Crédito pode ser entendido como a confiança que uma pessoa física ou jurídica deposita em outra. Na área das finanças, crédito é a capacidade que uma pessoa tem de pagar um empréstimo/financiamento. Geralmente, o crédito de uma pessoa é medido através de seu histórico e obtido mediante atos positivos. Por exemplo, diz-se que um físico de renome, com livros publicados e PHD na área, possui crédito em assuntos relacionados à Física. Já um empreendedor conhecido por gerar lucro com investimentos possui crédito financeiro.

Para Schrickel (2000), “crédito é todo ato de vontade ou disposição de alguém destacar ou ceder, temporariamente, parte do seu patrimônio a um terceiro, com a expectativa de que esta parcela volte a sua posse integralmente após decorrido o tempo estimado.”

Já Santos (2003) define crédito como sendo “a modalidade de financiamento destinada a possibilitar a realização de transações comerciais entre empresas e seus clientes.” A viabilização das transações comerciais entre a organização e seus clientes é, portanto, o maior objetivo de uma empresa.

Nesse rumo, Santos (2003) segue afirmando que o crédito diz respeito à troca de um valor presente por uma promessa de reembolso futuro, não necessariamente certo, em virtude dos fatores de risco de um financiamento.

Ainda no entendimento de Schrickel (2000), crédito é todo ato de vontade ou disposição de alguém ceder, temporariamente, parte de seu patrimônio a um terceiro, com a expectativa de que esta parcela volte a sua posse integralmente após decorrido o tempo estipulado. Esta parte do patrimônio pode ser materializada em dinheiro (empréstimo monetário) ou em bens para uso ou venda, mediante pagamento parcelado ou a prazo.

O crédito pressupõe duas premissas fundamentais: confiança, expressa na certeza do recebimento do montante emprestado; e tempo, que diz respeito ao período fixado entre as partes desde a aquisição e a liquidação da dívida. Ele está presente nas mais diversas atividades econômicas do país, financiando pessoas físicas na compra de bens de consumo, reformas e manutenção dos mais diversos bens e gastos com saúde, educação, lazer e moradia e ainda pessoas jurídicas, na compra de matérias primas, máquinas e equipamentos para produção de bens, e no financiamento do comércio exterior e de seus clientes.

A ampliação do crédito, portanto, contribui para ampliar negócios já existentes. Essa afirmação vai de encontro ao conceito moderno de participação dos departamentos de uma empresa na maximização dos seus lucros.

(22)

Atualmente as intituições financeiras estão facilitando muito a concessão de crédito às pessoas fisicas e jurídicas. Com isso, as empresas tendem a investir mais em suas atividades, enquanto as famílias aumentam o consumo de coisas desnecessárias. O comportamento que as famílias e as empresas têm frente ao crédito alavanca a taxa de crescimento econômico.

A primeira instituição financeira no Brasil foi criada em 1808, com a chegada de D. João VI, e foi denominada “Banco do Brasil”, cujo fechamento ocorreu em 1829. No ano de 1836 surgiu a primeira agência privada, o “Banco do Ceará”, fechada três anos após sua criação. Já o primeiro banco comercial surgiu no ano de 1938, no Rio de Janeiro e, com seu sucesso surgiram outros empreendimentos semelhantes no país.

Enquanto isso, em 1811, os Estados Unidos já contavam com 90 bancos que, dois anos depois somavam 208 instituições bancárias. O terceiro banco do Brasil surgiu em 1851, cuja criação foi sugerida por Visconde de Mauá (Irineu Evangelista de Souza). O banco tinha como missão se tornar o mais poderoso instrumento da civilização moderna no tocante à criação da riqueza.

No setor cooperativo, a primeira organização do mundo foi fundada em 1844, em Rochdale, na Inglaterra. O ambiente adverso da segunda fase da Revolução Industrial, em que a jornada de trabalho chegava a 15 horas por dia, explica a necessidade de organização dos tecelões, que fundaram uma cooperativa de consumo para alterar a perspectiva de sua inserção econômica.

Em 1902 surgiu no Brasil e na América Latina, na cidade de Nova Petrópolis (RS), a primeira Cooperativa de Crédito, atual Sicredi Pioneira RS, como uma forma de organização econômica coletiva de pequenos agricultores do sul do país. Em 1925 foi criada a primeira Central de Caixas Rurais, denominada União Popular do Rio Grande do Sul, atual Sicredi Metrópolis RS.

Keyes e Kalecki, dois dos fundadores da macroeconomia, afirmam:

[...] contrariando o senso comum que o crescimento da renda da comunidade e dos lucros empresariais depende da disposição de um grupo social, especialmente dos empresários, mas também dos consumidores, do governo ou dos estrangeiros, de gastar acima de sua renda corrente, isto é de colocar mais dinheiro na economia do que está tirando. (apud SHAPIRO, 1994, p. 79).

A expressão confirma a possibilidade de o povo e as empresas poderem gastar acima de sua renda devido ao sistema de crédito existente.

As cooperativas de crédito surgiram com o propósito de financiar as dívidas públicas, mas com a evolução industrial e a aceleração dos negócios acabaram avançando nas

(23)

operações de crédito. Com a possibilidade do crédito, os bancos assumiram um papel de adiantar capital, com o risco de ter perdas com a não devolução do capital emprestado. O crédito bancário passou a movimentar a economia, garantindo o comércio e os meios de troca. Para Stiglitz (2004), professor da Universidade de Columbia, Prêmio Nobel de Economia de 2001, o crédito detém a força da economia, em outras palavras, o crédito determina os rumos da economia. Hoje, a maioria das transações comerciais não tem nada a ver com a moeda e sim com o crédito

A fim de compreender melhor a economia monetária é fundamental o acesso a informações desse mercado, além de uma compreensão muito grande do mercado de crédito.

Por outro lado, as instituições financeiras devem ser capazes de desenvolver uma vantagem comparativa e absoluta na coleta e processamento das informações. As limitações de informações, em conjunto com os custos de falência, são fundamentais para determinar tanto o nível de crédito quanto as suas variações.

As instituições de crédito, ao liberarem um empréstimo a uma pessoa, analisam mudanças nas condições externas, abrangendo a política monetária. Elas possuem a competência de aumentar o poder de compra da população, adiantando os recursos necessários para as pessoas efetuarem compras e alavancarem o mercado.

O crédito, portanto, agiliza as atividades econômicas, principalmente quando a empresa satisfaz uma necessidade cujo preço será pago no futuro. Em outras palavras, o crédito é a troca no tempo e no espaço, ou seja, é a permissão para quem não dispõe de recursos financeiros utilizar capital alheio na compra de um produto mediante a promessa de pagamento dos recursos emprestados com juros.

Numa instituição financeira bancária os recursos captados no mercado por meio de depósitos efetuados por milhares de clientes são aplicados na forma de empréstimos aos clientes, constituindo-se em negócio mediante promessa de um pagamento futuro. A taxa de juros será a retribuição por essa prestação de serviço, sendo que o valor será devolvido mensalmente ou no final do período junto com o valor emprestado.

Com a obtenção do crédito as pessoas podem obter moradia, bens e até alimentação, facilitando a execução de projetos para os quais muitas vezes não têm recursos próprios suficientes. Em outras palavras, o crédito pode estimular as pessoas a movimentar o mercado, entretanto, também pode endividar pessoas e até empresas, podendo ser considerado um processo inflacionário.

(24)

1.5.1 Análise do crédito

Análise de crédito é o processo de avaliação do potencial de retorno do tomador do crédito pelo agente cedente, bem como os riscos inerentes à concessão. Tal procedimento procura identificar os clientes que no futuro poderão deixar de honrar com suas obrigações, acarretando uma situação de risco de caixa à instituição financeira. Por meio da análise de crédito é possível identificar a idoneidade do cliente, bem como sua capacidade financeira para amortizar a dívida que pretende contrair.

Segundo Blatt (1999, p. 93), no entanto, “este processo cobre uma estrutura mais ampla do que simplesmente analisar o crédito de um cliente e dados financeiros para a tomada de decisão com propósitos creditícios.”

Nesse sentido, Santos (2003) afirma que o processo de análise e concessão de crédito recorre ao uso de duas técnicas: a técnica subjetiva e a técnica objetiva ou estatística. A primeira diz respeito ao julgamento humano e a segunda é baseada em processos estatísticos.

Em relação à primeira técnica, Schrickel (2000, p. 27) observa que: “a análise de crédito envolve a habilidade de fazer uma decisão de crédito, dentro de um cenário de incertezas e constantes mutações e informações incompletas.” Ou seja, grande parte da análise de crédito é realizada mediante julgamento do agente de crédito, baseada principalmente na sua habilidade e experiência.

Santos (2003) completa afirmando que além de estar baseada na experiência adquirida, esta técnica considera ainda a disponibilidade de informações e a sensibilidade de cada analista quanto à aprovação do crédito.

A análise subjetiva do tomador do crédito, portanto, é importante pois conta com a experiência do agente de crédito, o qual é habilitado a identificar fatores de caráter, capacidade, capital e condições de pagamento. Essa análise, porém, não pode ser realizada de maneira aleatória, é preciso estar embasada em conceitos técnicos que irão guiar a tomada de decisão.

Schrickel (1994, p. 64) confirma com suas palavras a importância da análise de crédito pelas instituições financeiras:

A análise de crédito envolve a habilidade de fazer uma decisão de crédito, dentro de um cenário de incertezas e constantes mutações e informações incompletas. Esta habilidade depende da capacidade de analisar logicamente situações, não raro, complexas, e chegar a uma conclusão clara, prática e factível de ser implementada.

(25)

Mediante a realização de uma cuidadosa análise de crédito, a instituição financeira poderá identificar os riscos da concessão do crédito, evidenciando conclusões quanto à capacidade de repagamento do tomador e fazer recomendações relativas à melhor estruturação e tipo de empréstimo a conceder.

Para complementar, Rosa Júnior (2002) ressalta que a política de concessão de crédito envolve um equilíbrio entre lucros nas vendas a prazo e custo de manutenção de uma política de valores a receber, bem como possíveis prejuízos de dívidas incobráveis. Estes aspectos se resumem na tradicional política trade off entre risco e retorno. Ressalta ainda que a agilidade nas operações mercantis da economia moderna é necessária à eficiente circulação de riquezas. Isso só é possível mediante a viabilidade imediata da mobilização da riqueza produzida pela introdução de crédito.

1.5.2 Limite de crédito

A apuração de limites de crédito tem por finalidade definir o valor máximo que um banco admite emprestar para um cliente, considerando o risco extremo que a instituição financeira está disposta a correr (SÁ, 1999). Esse limite é quantificado por um prazo de validade limitado, e a atuação do cliente deve ser acompanhada de forma que o limite de crédito seja tempestiva e periodicamente reavaliado.

O prazo de validade para determinado limite de crédito é fixado para um período que, normalmente, varia de seis meses a um ano. Dentro do período de sua validade pode ser feita nova operação à medida que vença a anterior, devendo ser enquadrada dentro do valor fixado, obedecendo às demais condições preestabelecidas quando do deferimento daquele limite. Segundo Rosa Júnior (2002), os parâmetros para o estabelecimento de limites de crédito podem ser classificados em três grupos básicos:

Quanto o cliente merece de crédito: é uma variável que pode assumir diversas

grandezas, dependendo da qualidade do risco apresentado e do porte do cliente, sendo também chamado de parâmetro técnico;

Quanto se pode oferecer de crédito ao cliente: é uma variável ligada à capacidade de

quem vai conceder o crédito e está ligado a parâmetros legais; e

Quanto se deve conceder de crédito ao cliente: é uma variável que decorre da política

de crédito adotada pelo banco, com vistas à diversificação e pulverização da carteira de crédito.

(26)

O limite de crédito calculado não significa que atinja o montante de que o cliente necessita, nem o que ele pode pagar. A atribuição do limite de crédito permite uma postura proativa, ou seja, conhecer o cliente, identificar suas necessidades e os riscos envolvidos antes que haja uma demanda por crédito. Possibilita avaliação mais segura e, posteriormente, agilidade na concessão de novos e possíveis empréstimos.

Cada instituição financeira possui níveis decisórios que dão poderes aos gerentes de agências para conceder crédito até certo limite. Acima deste limite a decisão cabe a um superintendente regional. Desta forma, as tomadas de decisão chegam até o Comitê de Crédito, que é o órgão máximo de decisão sobre crédito.

A definição do valor indicativo, portanto, varia conforme as normas específicas de cada instituição financeira. Conclui-se, então, que a análise de crédito é um processo decisório bastante complexo que envolve experiência anterior, conhecimento sobre o que está sendo decidido, método para tomar a decisão e utilização de instrumentos e técnicas específicas.

1.5.3 Análise de crédito pela Cooperativa

Como descrito anteriormente, a análise de crédito é uma tarefa bastante complexa e de fundamental importância numa instituição financeira. Para os bancos e instituições de crédito em geral, cujo principal produto é o dinheiro, não há possibilidade de venda à vista, o que torna o crédito o próprio negócio da instituição.

O principal objetivo da análise de crédito numa instituição financeira, segundo Nakane (2003), é identificar os riscos nas situações de empréstimo, evidenciar conclusões quanto à capacidade de repagamento do tomador, e fazer recomendações relativas à melhor estruturação e tipo de empréstimo a conceder.

Basicamente, a concessão ou não de crédito se dá a partir da análise da proposta de crédito do solicitante, dos balancetes apresentados, dos faturamentos, do questionário de avaliação, do resumo da situação de balanço, do ramo da atividade em que atua, etc.

A seguir são apresentados alguns conceitos adotados pela Cooperativa de Crédito no momento da análise do pedido de empréstimo: a função da área de cadastro; a tarefa de análise de crédito; o raciocínio do especialista; as informações para análise; os quocientes econômico-financeiros; o limite de risco; a tomada de decisão; e o parecer final.

A área de cadastro e análise de crédito objetiva indicar, mediante investigação e avaliação minuciosa de dados, uma margem referencial da capacidade econômico-financeira

(27)

dos possíveis tomadores de crédito e coobrigados junto ao sistema financeiro. A tarefa de análise de crédito consiste em analisar o solicitante, a fim de constatar se a instituição financeira aprova ou não o crédito solicitado e, se positivo, qual o montante a ser liberado.

O resumo da situação do balanço da empresa é de suma importância para análise de crédito, pois é a partir daí que são calculados os índices dos quocientes econômico-financeiros que envolvem: liquidez corrente; liquidez geral; de imobilização; de endividamento; de garantias de capitais de terceiros; e lucratividade sobre vendas.

A Cooperativa de Crédito adiciona toda a documentação que servirá como base técnica para o parecer final, com destaque para o formulário da agência com proposta de crédito e pareceres.

Após a análise de crédito percebe-se que conceitos “insatisfatório” e “regular” dificilmente terão a liberação do crédito concedido, uma vez que o cadastro se torna negativo. Já nos conceitos “satisfatório” e “bom” os clientes têm um parecer positivo ao seu favor para a liberação do crédito solicitado.

1.5.4 Custo do crédito bancário

Em relação aos padrões mundiais, segundo Costa (2004), o Brasil apresenta um conjunto desfavorável de baixa relação crédito/PIB e altas taxas de juros das operações de crédito, além de elevados spreads2 bancários. Em realidade, o alto custo do crédito,

combinado com o baixo crescimento, é, em grande medida, responsável pela baixa oferta de crédito no país. O spread bancário é internacionalmente utilizado para avaliar o custo da intermediação financeira, mensurado pela diferença entre as taxas de empréstimos e as taxas de remuneração dos depósitos.

O autor menciona neste sentido que:

Primeiramente há que se definir precisamente o que seja spread. E este é definido como sendo a diferença entre o custo de captação dos bancos e o custo cobrado por esse banco quando ele concede um empréstimo. Portanto, não se configura aí o lucro do banco, pois há que se deduzir os custos vinculados à atividade de captação e empréstimo. (COSTA, 2004, p. 88).

O custo do crédito numa economia depende de uma série de variáveis macroeconômicas e estruturais, entre as quais se pode destacar:

2

Spread bancário: diferença entre as taxas que remuneram o depositante e a que define o custo do empréstimo para o tomador de recursos (NAKANE, 2003).

(28)

− a taxa básica de juros, determinada pelo Banco Central;

− os recolhimentos compulsórios dos bancos na autoridade monetária;

− a taxa de inadimplência bancária;

− a base jurídica para a renegociação ou recuperação dos empréstimos não pagos;

− a carga tributária incidente sobre as operações de crédito;

− o grau de estabilidade da economia.

Como se observa, o crédito não depende apenas da autoridade monetária, mas envolve também aspectos fiscais, institucionais e jurídicos. Depende ainda, em larga escala, da expectativa dos agentes econômicos quanto à manutenção do quadro de estabilidade econômica e institucional.

Nesse sentido, Troster (1993) e Nakane (2003) definem alguns conceitos relativos aos custos dos créditos bancários:

Custos operacionais e administrativos – a atividade bancária é sofisticada e exige mão

de obra muito qualificada, tecnologia avançada, investimentos vultuosos e infraestrutura complexa;

Custo compulsório – trata-se de recolhimentos sobre depósitos à vista, a prazo e

caderneta de poupança;

Subsídios cruzados – a existência de crédito direcionado a taxas subsidiadas (por

exemplo, crédito rural) faz com que parte do spread bancário cobrado sobre operações no segmento livre reflita uma compensação por estas operações;

Custo do Fundo Garantidor de Crédito – fundo constituído com a contribuição de

instituições financeiras para proteger correntistas, investidores e poupadores contra a intervenção, liquidação extrajudicial e falência.

Custos tributários – taxas de tributos diretos e indiretos cobrados sobre a intermediação

financeira.

Custos de inadimplência – a taxa de inadimplência deduzida do índice de empréstimos

define o percentual efetivamente recebido pelo banco.

Risco jurídico – a ineficiência da aplicação da justiça no Brasil (com processos e custos

demorados) agrava ainda mais os custos com inadimplentes.

Após esgotado o tema que tratou da concessão de crédito ao cliente de uma instituição financeira, passa-se a partir de agora a estudar a natureza e aplicação dos juros.

(29)

1.6 O CONCEITO E A NATUREZA DOS JUROS

A economia conceitua juros como sendo a remuneração paga pelo tomador de um empréstimo junto ao detentor do capital emprestado (KEYNES, 1990).

A taxa de juros praticada por um país age como regulador do crescimento econômico, da estabilidade e instabilidade desse crescimento, da inflação e das causas de desemprego.

Na visão dos economistas neoclássicos, se o mercado de fundos de empréstimos for deixado livre, a instabilidade é passageira. A oscilação das taxas de juros incentiva ora a poupança, ora o investimento. Essa é função decrescente da taxa de juros e aquela é função crescente da taxa de juros.

A Teoria geral do emprego, do juro e da moeda, de Keynes (1990), conferiu completude ao conceito econômico de juro, apresentando-o como “instrumento de políticas de desenvolvimento econômico com manipulação da oferta monetária disponível.”

Segundo a teoria keynesiana, não haverá igualdade entre poupança e investimento se o mercado atuar livremente. Nesse aspecto, o Governo deve intervir para evitar que a instabilidade se transforme em crise, isso porque o poupador renuncia a liquidez não só pela rentabilidade oferecida, mas devido à incerteza do retorno de seu investimento no mercado. No momento em que houver mais gente poupando do que consumindo ou investindo na economia, haverá excesso de mercadoria, que provocará suspensão ou redução na produção e, consequentemente, o desemprego. Na hipótese oposta, isto é, quando há excesso de procura, ocorre a inflação, ou seja, o aumento de custos.

Ainda segundo a teoria keynesiana, a moeda e o crédito bancário são importantes para estimular a atividade econômica. O investimento depende da rentabilidade esperada que deverá ser superior ao custo e, quanto menor a taxa de juros em concessão de crédito bancário, maior será a possibilidade de haver interessados em investir.

1.6.1 Juros bancários

Segundo a teoria keynesiana, os juros são determinantes do investimento, afetando de maneira geral o nível de emprego e de renda (KEYNES, 1990).

Em 31 de dezembro de 1964, por intermédio da Lei nº 4.595, foi criado o Conselho Monetário Nacional (CMN) que, por meio de seu agente executivo – o Banco Central do Brasil (BACEN) – é titular de competência normativa para deliberar e regrar acerca do funcionamento das instituições financeiras e suas operações.

(30)

Posteriormente, a Resolução nº 1524, de 21 de setembro de 1988, emitida pelo BACEN, permitiu a constituição dos chamados “bancos múltiplos”, ou seja, as atividades desempenhadas pelos bancos comerciais passaram a ser desenvolvidas por outras instituições integrantes do sistema financeiro nacional.

Com isso, ampliou-se o leque de atividades do banco comercial, cujo principal objetivo é proporcionar o suprimento oportuno e adequado dos recursos necessários para financiar, a curto e médio prazos, o comércio, a indústria, as empresas prestadoras de serviços e as pessoas físicas. Para atender o seu objetivo, o banco comercial passou a descontar títulos; realizar operações de abertura de crédito, simples ou em conta corrente; realizar operações especiais, inclusive de crédito rural, de câmbio e comércio internacional; captar depósitos à vista e a prazo fixo; obter recursos junto a instituições oficiais; obter recursos no exterior, para repasse; efetuar operações acessórias ou de prestação de serviços, inclusive mediante convênio com outras instituições (DAL RI, 2009a).

Os bancos comerciais, ao concederem empréstimos, multiplicam a quantidade de moeda criada pelo BACEN, o que impede que as taxas de juros praticadas pelas instituições financeiras sejam desvencilhadas da taxa de juros que o Governo oferece aos investidores nacionais e estrangeiros. Essa taxa de juros tem o objetivo de regular a oferta de dinheiro no país e, por conseguinte, controlar a inflação, além de tentar atrair recursos internos e externos para financiar investimentos no país e rolar a dívida do governo (DAL RI, 2009a).

A taxa de juros praticada em um país, segundo Dal Ri (2009b), age como reguladora do crescimento econômico, da estabilidade ou da instabilidade desse crescimento, da inflação e das causas de desemprego. São os instrumentos econômicos os únicos capazes e necessários para fortalecer o mercado abalado por crises internacionais.

Quando se fala em oferta de moeda, está se referindo ao volume de papel-moeda em poder do público e aos depósitos à vista nos bancos comerciais. O BACEN estipula um percentual sobre os valores recebidos em depósito pelos bancos comerciais que será recolhido como a reserva (compulsório), permitindo que o excedente seja emprestado, sob a forma de empréstimos bancários (DAL RI, 2009b).

1.7 ENDIVIDAMENTO

O expressivo avanço do crédito fácil e rápido para toda a população nos últimos anos ocasionou o endividamento em nível elevado. Segundo Abrão (2005), a dívida total das

(31)

famílias no cartão de crédito, cheque especial, financiamento bancário, crédito consignado, crédito para compra de veículos e imóveis, incluindo recursos do Sistema Financeiro da Habitação, corresponde a 40% da massa anual de rendimentos do trabalho e dos benefícios pagos pela Previdência Social no país.

Dados do IBGE (2011) revelam que em dezembro de 2009, a dívida das famílias estava em R$ 485 bilhões, subiu para R$ 524 bilhões em abril de 2010 e, em abril de 2011 atingiu R$ 653 bilhões. Apesar dos ganhos de renda registrados nesse período, as dívidas consomem uma parcela cada vez maior dos rendimentos da população. Quase um ano e meio atrás, a dívida equivalia a 35% da renda anual ou 4,2 meses de rendimento. Em abril de 2011 subiu para 40% da renda ou 4,8 meses de rendimento.

Em fevereiro de 2012, entretanto, a parcela de famílias brasileiras endividadas ficou em 57,4%, enquanto que em fevereiro de 2011 o percentual era de 65,3%. Em relação a janeiro deste ano, o endividamento também apresentou queda de 1,4 pontos percentuais.

Depois da explosão do consumo em 2011, as medidas de aperto no crédito editadas pelo do Banco Central no fim de 2010, a elevação dos juros e a redução dos prazos dos financiamentos tiveram grande influência sobre o aumento das dívidas das famílias neste início de ano, sendo um dos fatores o aumento dos juros. As vendas do comércio a partir de março apontam para uma forte desaceleração do consumo (IBGE, 2011).

1.8 CRÉDITO CONSIGNADO

O crédito consignado para desconto em folha de pagamento dos aposentados do INSS foi criado com a Medida Provisória 130, de 17 de setembro de 2003, a qual se transformou na Lei nº 10.820, de 17 de dezembro do mesmo ano. Logo após, recebeu regulamentação pelo Decreto nº 4.961, de 20 de janeiro de 2004.

Esta modalidade, também conhecida como “empréstimo consignado”, funciona mediante pagamento indireto, cujas parcelas são deduzidas diretamente da folha de pagamento da pessoa física. Sua concessão garante segurança ao agente financeiro, pois a cobrança é praticamente automática e a responsabilidade é da empresa empregadora. Isso possibilita o empréstimo até para pessoas que possuem restrição de crédito. Também se torna vantajoso para o solicitante no sentido de que diminui o trabalho de se deslocar à instituição financeira e ou fazer o serviço manualmente. Esses fatores contribuem para que a consignação

(32)

tenha juros mais baixos do que o cheque especial e uma significativa melhora na qualidade e na liquidez da garantia oferecida.

Segundo instruções do Banco Central do Brasil (2005):

O desenvolvimento dessa modalidade de crédito, anteriormente restrita a algumas instituições financeiras e à clientela de funcionários públicos, foi viabilizado pela Lei 10.820, de 17.12.2003. Essa medida estabeleceu arcabouço jurídico para amparar a realização dessas operações, estendendo seu alcance aos trabalhadores regidos pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), assim como aos aposentados e pensionistas do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS).

Sem dúvida, o empréstimo consignado proporciona condições mais favoráveis de acesso da população ao crédito, ao contrário das demais linhas disponibilizadas pelo sistema financeiro, podendo mesmo impactar nos níveis do spread bancário. Inicialmente, o crédito consignado era disponibilizado apenas para trabalhadores assalariados, mas vem crescendo expressivamente no segmento do crédito a aposentados ou pensionistas do INSS e também a trabalhadores públicos, evidenciando maior segurança.

O crédito consignado produziu um efeito direto sobre as taxas de juros, observando-se uma redução causada, principalmente, pela elevada liquidez da garantia oferecida, representada pelo próprio desconto em folha de pagamento.

1.9 TABELA PRICE

O Sistema Francês de Amortização, também conhecido como Tabela Price, foi apresentado em 1771 por Richard Price, em sua obra Observations on Reversionary

Payments. Trata-se de um método utilizado em amortização de empréstimos cuja principal

característica é apresentar prestações ou parcelas iguais. Segundo Campo Filho (2009), o método foi idealizado pelo seu autor para pensões e aposentadorias e foi a partir da Segunda Revolução Industrial que sua metodologia de cálculo foi aproveitada para cálculos de amortização de empréstimo.

1.9.1 Histórico do Sistema Francês de Amortização – Tabela Price

Richard Price nasceu na Inglaterra, em 23 de fevereiro de 1723. Foi um filósofo, padre da igreja dissidente da Grã-Bretanha e político republicano liberal apoiador da Revolução Americana. Em 1740, após a morte de seu pai, Rhys Price, ministro calvinista de linha

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