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Estudo sobre o Pronaf mais alimentos e a agricultura do município de Coronel Barros - RS

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UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

DACEC – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS, CONTÁBEIS, ECONÔMICAS E DA COMUNICAÇÃO

CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS ECONÔMICAS

ESTUDO SOBRE O PRONAF MAIS ALIMENTOS E A AGRICULTURA

DO MUNICÍPIO DE CORONEL BARROS – RS

RODRIGO BECK

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RODRIGO BECK

ESTUDO SOBRE O PRONAF MAIS ALIMENTOS E A AGRICULTURA

DO MUNICÍPIO DE CORONEL BARROS – RS

Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Ciências Econômicas, do Departamento de Ciências Administrativas, Contábeis, Econômicas e da Comunicação (DACEC), da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ), como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Ciências Econômicas.

Orientador: Prof. David Basso

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A Banca Examinadora abaixo assinada aprova a Monografia:

ESTUDO SOBRE O PRONAF MAIS ALIMENTOS E A AGRICULTURA

DO MUNICÍPIO DE CORONEL BARROS – RS

Elaborado por

RODRIGO BECK

Como requisito parcial para obtenção do Grau de Bacharel em Economia.

BANCA EXAMINADORA

_____________________________ Prof: David Basso

_____________________________ Prof: Valdemir Muenchen

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Dedico este trabalho a meus pais Vilmar e Elenir, que sempre acreditaram e me apoiaram em minhas decisões. E a minha esposa Camila que vem me dando força nestes últimos anos.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente pela graças que me tem concedido, e força para conseguir chegar até o final deste caminho que não foi fácil.

Aos meus pais Vilmar e Elenir, por me mostra o melhor caminho a ser seguido, pelo amor, pelo carinho, pela dedicação e pela paciência com que tiveram por todos estes anos.

A minha Irmã Graciela, pelo apoio para que eu chegasse até aqui.

A minha esposa Camila, pela força, companheirismo e dedicação que sempre dedicou a mim.

Ao professor orientador David Basso, pela orientação neste trabalho.

Aos meus amigos, pela amizade, e a todos outro que de uma forma ou outra contribuíram para a realização deste trabalho.

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RESUMO

O presente trabalho tenta mostrar a evolução da agricultura familiar ao longo dos anos, demonstrando as linhas disponíveis, direcionando ao PRONAF Mais Alimentos, aplicação e o aumento no que diz respeito à disponibilização de recursos, que através de políticas públicas, fornece aos agricultores familiares recurso com taxas mais acessível e prazos mais longos, viabilizando assim a modernização do núcleo familiar. Desde sua criação em 1996, o PRONAF vem demonstrando cada vez mais sua representatividade nos núcleos de produtores familiares, vem também evoluindo, para melhor atender os produtores tanto nas linhas de custeio como de investimentos. Em conversa direta com produtores do município de Coronel Barros-RS, beneficiados por uma das linhas do PRONAF o Mais Alimentos foi possível verificar a real aplicação dos recursos, a necessidade da aquisição de máquinas e equipamentos adquiridos e também em qual setor teve maior impacto.

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ABSTRACT

The present work attempts to show the evolution of family farming over the years, demonstrating the lines available, directing the PRONAF more food, and the increase in relation to the provision of resources through public policy, provides farmers with family appeal with more affordable rates and periods, thus facilitating the modernisation of the core family. Since its inception in 1996, the PRONAF is demonstrating more and more their representativeness in the nuclei of family producers, is also evolving to better serve producers both in funding and investments. In direct conversation with the producers of the municipality of Coronel Barros-RS, benefit from one of the lines of the PRONAF more food it was possible to verify the actual application of resources, the need for the acquisition of machinery and equipment acquired and in which sector had the greatest impact.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Financiamentos rurais concedidos no país para aquisição de máquinas e equipamentos ... 24 Tabela 2: Recursos do PRONAF liberados para o Rio Grande do Sul (1998-2008) ... 28 Tabela 3: Motocultivadores e tratores financiados pelo mais alimentos ... 30 Tabela 4: População residente por sexo e situação de domicílio no município de Coronel Barros – RS ... 34 Tabela 5: Produto interno bruto a preços correntes, atividade econômica e respectivas participações no município de Coronel Barros – RS ... 35 Tabela 6: Estrututa fundiária do município de Coronel Barros – RS ... 35

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Anuário estatístico do crédito rural, financiamentos rurais concedidos no país para aquisição de máquinas e equipamentos ... 25 Gráfico 2: Total de recursos do PRONAF, em R$, concedido por Estado, no período 2007-2011 ... 28 Gráfico 3: Unidades de motocultivadores e tratores financiados pelo Mais Alimentos ... 30

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 10

1 AGRICULTURA FAMILIAR ... 12

2 PROGRAMA NACIONAL DE FORTALECIMENTO DA AGRICULTURA FAMILIAR (PRONAF) ... 19

2.1 O PRONAF EM NÍVEL DE BRASIL ... 19

2.2 O PRONAF NO RIO GRANDE DO SUL ... 27

2.3 A LINHA PRONAF MAIS ALIMENTOS ... 29

3 O PRONAF MAIS ALIMENTOS NA PERSPECTIVA DOS AGRICULTORES DE CORONEL BARROS – RS ... 33

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 39

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INTRODUÇÃO

Desde o início do período de industrialização no país, o governo federal passou a apoiar o setor agrícola, fornecendo recursos para a compra de insumos, máquinas e implementos agrícolas. Entretanto, foi um período irregular para o financiamento rural. Em alguns momentos, como no Plano de Metas do governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961), a agricultura foi relegada a um papel secundário no plano de desenvolvimento econômico nacional.

Em 1965 foi criado Sistema Nacional de Crédito Rural, que visava fortalecer a agricultura brasileira. Nos anos 80 foram criadas novas fontes de financiamento, para suprir as lacunas abertas pelo governo federal, que na época estava preocupado com o combate a inflação.

O PRONAF foi criado em meados da década de 1990 para atender produtores de pequeno porte que tinham dificuldade em acessar financiamentos de crédito rural. Este programa contribuiu para o desenvolvimento dos produtores rurais, bem como melhorando sua renda e por conseqüência sua qualidade de vida.

Atualmente, podemos perceber com certa clareza a grande disponibilidade de recursos federais que vem sendo injetada na economia. Parte destes recursos são implantados no setor agropecuário. A agricultura familiar é um dos setores que vem se destacando, com um destaque após a implantação do Mais Alimentos.

Esta classe hoje já é responsável por boa parte da produção de alimentos no Brasil, e por isto existe uma preocupação em desenvolver esta classe de produtores para que possam melhorar e aumentar sua produção.

Diante da importância deste grupo de trabalhadores, o presente trabalho busca apresentar o crescimento que vem tendo o setor da agricultura familiar, com destaque aos financiamentos disponibilizados, mais diretamente o PRONAF Mais Alimentos verificando

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em certo momento diretamente com os agricultores a necessidade pela busca deste crédito. Para entender melhor, foi feito também uma busca referente à evolução dos pronafianos, desde a formação da agricultura familiar, passando pelos financiamentos disponibilizados pelo PRONAF convencional e chegando ao Mais Alimentos.

O trabalho tem um caráter histórico descritivo e também exploratório através de questionamentos feitos diretamente a agricultores familiares. Para a coleta de dados e informações, foram realizadas buscas em bases do governo federal, como o Ministério do Desenvolvimento Agrário, dados estatísticos extraídos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O trabalho está dividido em três partes, além da introdução e das considerações finais. A primeira parte refere-se a temas relacionados à Agricultura Familiar, a segunda parte sobre o PRONAF, apresentando suas linhas de financiamento, público alvo e objetivos, e a terceira parte refere-se ao questionamento junto aos produtores, sendo este em forma de bate-papo informal, para conseguir informações gerais sobre a necessidade dos investimentos e, em especial, aqueles relacionados ao Mais Alimentos.

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1 AGRICULTURA FAMILIAR

Segundo Schneider (1999), as categorias sociais que hoje são denominadas de agricultores familiares eram descritas até meados dos anos de 1990 por nomes como sitiantes, colonos, parceiros, meeiros, entre outros. O termo agricultura familiar foi utilizado primeiramente para representar uma categoria social no âmbito das discussões políticas. Segundo Schneider, o uso do termo surgiu principalmente ligado aos embates dos movimentos sociais e aos desafios que o sindicalismo rural passou a enfrentar a partir dos anos 80, especialmente em conseqüência dos impactos gerados pela exclusão dos pequenos produtores das principais políticas publicas voltada para o setor rural.

Existem diversos conceitos para o que se diz respeito a agricultura familiar, tendo estes em comum que a mão-de-obra para a produção é predominante da família.

Conforme glosário do documento da Política nacional da ATER 2007:

Considera-se “agricultura familiar” aquela que em os trabalhos de produção são exercidos predominantemente pela família, mantendo ela a iniciativa, o domínio e o controle do que e do quanto produzir, havendo uma relação estreita entre o que é produzido e o que é consumido (ou seja, são unidades de produção e consumo), mantendo também um alto grau de diversificação produtiva, tendo alguns produtos relacionados com o mercado. O conceito de Agricultor(a) Familiar subentende: agricultores familiares tradicionais, familias assentadas por programa de reforma agrária, extrativistas florestais, quilambolas, ribeirinhos, indígenas, pescadores artesanais e outros beneficiários pelo programa do MDA. (ATER 2007).

Neste conceito podemos perceber a importância da agricultura familiar no que diz respeito a diversidade produtiva, tanto para o consumo do núcleo familiar como para o consumo do restante da população.

Veiga (1991), diz que todos os países de primeiro mundo acreditam na capacidade da agricultura familiar, realizando a modernização da agricultura através de políticas agrícolas e fundiárias fovoráveis a consolidação dessa forma de produção agrícola e minimizando a expanção da agricultura patronal.

O economista Ricardo Abramovay diferencia a agricultura familiar no interior das sociedades capitalistas mais desenvolvidas como uma forma completamente diferente do campesinato clássico. Enquanto que os camponeses podiam ser entendidos como “sociedades parciais com uma cultura parcial, integrados de modo incompleto a mercados imperfeitos”, representando um modo de vida caracterizado pela personalização dos vínculos sociais e pela ausência de uma contabilidade nas operações produtivas. Já a agricultura familiar, segundo o

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mesmo autor, [...] é altamente integrada ao mercado, capaz de incorporar os principais avanços técnicos e de responder as políticas governamentais [...] Aquilo que era antes de tudo um modo de vida converteu-se numa profissão, numa forma de trabalho (ABRAMOVAY, 1992, p.22-127).

Para esse autor, em lhe sendo favorável esse ambiente e com apoio do Estado, a agricultura familiar preencherá uma série de requisitos, dentre os quais fornecer alimentos baratos e de boa qualidade para a sociedade e reproduzir-se como uma forma social engajada nos mecanismos de desenvolvimento rural. O pensamento de Abramovay fica claramente evidenciado quando expressa que “Se quisermos combater a pobreza, precisamos, em primeiro lugar, permitir a elevação da capacidade de investimento dos mais pobres. Além disso, é necessário melhorar sua inserção em mercados que sejam cada vez mais dinâmicos e competitivos”, como de certa forma já é feito hoje, tendo já muitos casos de produtos produzidos pelo grupo familiar que vem sendo exportado para outros países do mundo, conseguindo assim abranger mais mercados e com preço melhor, o que aumenta a renda do grupo familiar.

Segundo o economista Ricardo Abramovay, tal oposição é de natureza social - entre a agricultura que se apoia fundamentalmente na unidade entre gestão e trabalho de família e aquela em que se separam gestão e trabalho. De acordo com o economista, o modelo adotado pelo Brasil, o patronal, não foi o que prevaleceu em países como os Estados Unidos, onde, historicamente, a ocupação do território baseou-se na unidade entre gestão e trabalho, e a agricultura baseou-se inteiramente na estrutura familiar. Abramovay ressalta que os países que mais prosperaram na agricultura foram aqueles nos quais a atividade teve base familiar e não a patronal, enquanto que os países que dissociaram gestão e trabalho tiveram como resultado social uma imensa desigualdade.

A agricultura familiar, assim considerada a que emprega apenas o núcleo familiar (pai, mãe, filhos e, eventualmente, avós e tios) nas lides da terra, podendo empregar até cinco trabalhadores temporários, é responsável direta pela produção de grande parte dos produtos agrícolas brasileiros.

Segundo dados do Censo Agropecuário de 2006, a agricultura familiar responde, assim, pela produção de 84% da mandioca, 67% do feijão e 49% do milho, em geral, a agricultura familiar produz 70% dos alimentos que chegam até a mesa dos brasileiros. A Agricultura Familiar representa a maioria dos produtores rurais no Brasil, correspondendo a 84% dos estabelecimentos rurais chegando a mais de 4,5 milhoes, ocupa 77% da mão-de-obra

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no campo. Este segmento tem 20% das terras brasileiras e responde por 30% da produção nacional (IBGE, 2007).

Esta questão de empregar apenas o núcleo familar, vem sendo muito importante, pois evita de certa forma que os integrantes familiares saiam de sua propriedades e tentem a vida na cidade, o que muitas vezes e causado por uma ilusão de conseguir “ganhar a vida na cidade”. Sabe-se que o mercado está cada vez mais exigente, e que o nível de desemprego ainda é muito alto.

Na década de 1990 a agricultura familiar apresentou um crescimento de sua produtividade na ordem de 75%, contra apenas 40% da agricultura patronal. Isso deve-se, em grande parte, à criação do PRONAF (Programa Nacional da Agricultura Familiar), que abriu uma linha especial de crédito para o financiamento do setor. Segundo o Censo Agropecuário de 2006, do IBGE, havia no país 4.367.902 estabelecimentos familiares no país, com área até 100 ha.

Mas para falarmos de agricultura familiar, não podemos deixar de falar de desenvolvimento rural, e ao falarmos na definição de desenvolvimento rural, percebe-se um aumento ainda maior no volume de estudos e analises a cerca do seu significado. Esses estudos aproximam-se na definição quando culminam na síntese de que desenvolvimento rural vai além das barreiras econômica, social, cultural e ambiental. No período atual a definição de desenvolvimento mais utilizada é a definição de desenvolvimento rural sustentável, a qual Chiriboga (1993) define que:

Entende-se por desenvolvimento rural sustentável, o conjunto de intervenções destinadas ao crescimento sustentável de todas as formas de atividade econômica existente no meio rural; ao promover a participação e o empoderamento dos grupos rurais, particularmente os mais pobres e excluídos e consolidar suas organizações; assim, como melhorar as condições e qualidade de vida da dita população. Estas intervenções devem realizar-se não somente para obter o desenvolvimento includente de todos os grupos rurais, mas também das gerações futuras.

Quando pensamos em um projeto de desenvolvimento local rural sustentável é necessário levar em conta as diferentes expectativas individuais de cada produtor. Não podemos ter como objetivo a sustentabilidade sem partir dos direitos individuais básicos para todo o conjunto da população levando-se em conta as diferenças de gênero, de idade, de renda, de cultura, de acesso aos direitos básicos, entre outros fatores fundamentais para alcançarmos um bom desenvolvimento.

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O desenvolvimento rural procura fortalecer uma categoria básica que são os agricultores familiares. Existem estudos que mostram que países que atingiram os mais altos níveis educacionais, de esperança de vida, e de renda real per capita tenham todos optados pela reforma agrária fortalecendo uma agricultura baseada no trabalho familiar, enquanto os países com os mais baixos índices de desenvolvimento humano (IDH) contam com o predomínio da agricultura patronal e do latifúndio improdutivo.

Diferente da monocultura da agricultura de escala altamente dependente de insumos externos, como as grandes lavouras de soja, cana de açúcar, arroz ou as grandes fazendas de gado de corte, a agricultura familiar apresenta sistemas diversificados mais próximos dos ecossistemas em que estão inseridos. A maior diversidade de cultivos na agricultura familiar se deve à busca de diferentes rendas distribuídas ao longo do ano, a busca do autoconsumo alimentar, a redução de riscos e a busca de uma menor dependência de insumos externos. A diversidade de cultivos é possível em função de que o agricultor familiar é ao mesmo tempo empreendedor e trabalhador, trabalho e gestão estão juntos na unidade familiar.

Na visão de Veiga (2001), este propõe que antes de grandes investimentos públicos, para desenvolver as propriedades são necessárias a existência de estratégicas de desenvolvimento para o meio rural brasileiro, e segundo o autor, falta um arranjo institucional que ajude as articulações intermunicipais a diagnosticar os principais problemas rurais, planejar as ações integradas de desenvolvimento, e a captar recursos necessários para sua execução.

Desta forma, propõe:

[...] o surgimento de um contrato territorial de desenvolvimento (CTD) a ser firmado com articulações intermunicipais cujos planos microrregionais de desenvolvimento rural sejam selecionados por instâncias competentes. Para que um CTD seja firmado pelo governo federal, o plano deve ser aprovado pelo CNDRS [...] (VEIGA, 2001, p. 72).

Uma das formas para formalizar estratégias, seria de analisar as necessidades e diversidade das propriedades, para entender a demanda dos produtores. Por mais dinâmico que seja o mercado, ainda podemos perceber que a logística ainda deixa muito a desejar, tornando custos de transportes tanto de insumos para a produção de alimentos, mais elevados, o que ocasione em um preço de produto final mais caros.

As fiscalizações de comprovação de utilização dos recursos bem como assistência técnica são de fundamental importância para que seja obtido o melhor resultado final no investimento proposto.

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As analises de diversidades de produção nas pequenas propriedades são de fundamental importância para que haja um planejamento, pois hoje o processo de desenvolvimento depende de tecnologia e condições político-institucionais, representadas por acesso a crédito, informações organizadas, canais de comercialização, transporte, energia, etc. Este último conjunto de fatores normalmente tem sido a principal limitante do desenvolvimento. Embora haja um esforço importante do Governo Federal com programas como o PRONAF, programas estaduais de assistência técnica e associativismo há um imenso desafio a vencer.

A tecnologia disponível quando bem usada tem se mostrado adequada e viável, isto porque gera um melhor resultado. Isto acontece porque há um grande esforço da pesquisa voltado para o setor. A tecnologia é neutra e não discrimina classes de produtores quanto à área do estabelecimento. A maioria das tecnologias desenvolvidas visa aumentar a produtividade da terra e algumas, como máquinas e equipamentos adaptados aos pequenos produtores, têm como objetivo eliminar a ociosidade da terra ou aumentar a produtividade do trabalho, fazendo que o agricultor possa ter uma melhor e produção, tanto em qualidade como em produtividade. O desafio maior da agricultura familiar é adaptar e organizar seu sistema de produção a partir das tecnologias disponíveis.

Analisando as variáveis tecnológicas e político-institucionais há dois fatores fundamentais para o desenvolvimento da agricultura familiar: a) a massificação de informação organizada e adequada usando os modernos meios de comunicação de massa (TV, Rádio e internet) e, b) a melhoria da capacidade organizacional dos produtores com o objetivo de ganhar escala, buscar nichos de mercado, agregar valor à produção e encontrar novas alternativas para o uso da terra como, por exemplo, o turismo rural, que hoje vem crescendo cada vez mais, e se tornando um nicho atrativo para as pequenas propriedades que são beneficiadas pela beleza da natureza e também pela diversificação de sua produção, oferecendo para seus visitantes produtos extraídos e fabricados ali mesmo, e de boa qualidade.

O desafio é maior se for considerada a diversidade de situações. Quando se analisa o cenário em que se insere a agricultura familiar observa-se que os problemas são diferentes para cada região, estado ou município. No Norte há dificuldades de comercialização pela distância dos mercados consumidores e esgotamento da terra nas áreas de produção. No Nordeste são minifúndios inviáveis economicamente. No Sudeste é a exigência em qualidade e saudabilidade dos produtos por parte dos consumidores. No Sul é a concorrência externa de produtos do MERCOSUL.

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Olhando o futuro há dois aspectos. Um otimista e um, que não sendo pessimista, é desafiante. O otimista verificar que há vários modelos de sucesso no esforço de desenvolvimento, quando os obstáculos são eliminados. Mais que isto, é verificar que a experiência de sucesso tem pressupostos comuns: organização de produtores, qualificação de mão-de-obra, crédito, produtos com valor agregado e emprego de tecnologias adequadas desenvolvidas pela pesquisa agropecuária.

O aspecto desafiante é fazer tudo isto em uma velocidade compatível com o processo de transformação que ocorre no Brasil e no mundo caracterizado por um mercado globalizado, aberto e competitivo. A agricultura familiar tem pressa. Atender a demanda dessa importante parcela da população brasileira é um desafio gratificante e fundamental para uma sociedade mais justa e harmoniosa, idéia esta defendida por Patrick F. da Silva Schfer no artigo “O Desafio da Agricultura Familiar”.

Para que isto ocorra, as pesquisas agropecuárias devem estar presentes, fornecendo novas variedades e cultivares mais produtivas e resistentes às doenças, disponibilizando novos processos de transformação do produto agrícola, contribuindo para qualificação da mão-de-obra para o uso das novas tecnologias e discutindo com os produtores quais as tecnologias, processos e serviços que a pesquisa agropecuária precisa desenvolver para a agricultura familiar.

Para que isto possa acontecer com mais certeza, umas das ações do plano safra 2011/2012 foi direcionada para o setor de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER), que será focada na ampliação e qualificação das políticas públicas de fortalecimento da agricultura familiar, visando o desenvolvimento rural sustentável.

Serão ampliadas as parcerias com instituições de ensino e pesquisa para o desenvolvimento de tecnologias de gestão e produção. A implementação da Política Nacional de Ater (Pnater) buscará equilibrar a sustentabilidade ambiental, econômica e social, conforme informações do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).

Os serviços de ATER de apoio à organização da produção e dos empreendimentos da agricultura familiar serão reforçados com o acompanhamento técnico das famílias. Isso permitirá promover a inserção produtiva, aumentar a produção de alimentos e fortalecer a organização econômica das unidades familiares.

A assistência técnica assegura a apropriação do conhecimento e de tecnologias para o desenvolvimento rural sustentável e o aperfeiçoamento dos sistemas de produção e gestão das unidades familiares. Esse processo, aliado ao conhecimento tradicional dos milhares de agricultores e agricultoras familiares brasileiros, foi aprimorado com a aprovação da Lei de

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ATER. Com base na nova Lei, desde 2010 são publicadas Chamadas Públicas para a contratação de instituições que ofereçam a melhor proposta de prestação de serviços. Esta ação conta com o apoio das parcerias do Ministério do Desenvolvimento Agrário com instituições públicas estaduais e outras entidades de ATER que garantem apoio às famílias agricultoras da preparação da safra à colocação do produto no mercado. Isso resulta na produção sustentável de alimentos de qualidade para os brasileiros.

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2 PROGRAMA NACIONAL DE FORTALECIMENTO DA AGRICULTURA FAMILIAR (PRONAF)

O PRONAF foi criado em 1996 durante o governo de Fernando Henrique Cardoso através do Decreto 1.946 e possui como objetivo promover o desenvolvimento sustentável aos agricultores de pequeno porte e que empregam mão-de-obra majoritariamente familiar, daí a denominação "agricultura familiar". O programa possui as mais baixas taxas de juros dos financiamentos rurais, além das menores taxas de inadimplência entre os sistemas de crédito do País, (fonte WIKIPEDIA.ORG).

O PRONAF é a primeira política pública diferenciada em favor dos agricultores familiares brasileiros e é uma conquista dos movimentos sociais e sindicais de trabalhadores rurais nas últimas décadas. Suas lutas podem ser simbolizadas pela Contag e, no caso da Região Sul, pelas ações e repressões da Frente Sul da Agricultura Familiar.

2.1 O PRONAF EM NÍVEL DE BRASIL

No âmbito do governo federal, o PRONAF é um campo de disputa entre duas forças ou posições. O Ministério do Desenvolvimento Agrário, respaldado por setores do BNDES e do IPEA, pretende dar ao PRONAF a importância e amplitude de uma efetiva política de desenvolvimento rural. Mas os ministérios da Fazenda e da Agricultura vêem o PRONAF apenas como uma política social compensatória, isto é, como um programa para minorar os efeitos da inevitável marginalização e exclusão dos pequenos agricultores sem condições reais de integração e competição nos mercados globalizados que vivemos hoje em dia, (fonte: Agroecol.e Desenv.Rur.Sustent.,Porto Alegre, v.2, n.3, jul./set.2001).

O acesso ao Pronaf inicia-se na discussão da família sobre a necessidade do crédito, seja ele para o custeio da safra ou atividade agroindustrial, seja para o investimento em máquinas, equipamentos ou infraestrutura.

O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) destina-se ao apoio financeiro das atividades agropecuárias e não agropecuárias exploradas mediante emprego direto da força de trabalho do produtor rural e de sua família.

Entende-se por atividades não agropecuárias os serviços relacionados com turismo rural, produção artesanal, agronegócio familiar e outras prestações de serviços no meio rural, que sejam compatíveis com a natureza da exploração rural e com o melhor emprego da mão de obra familiar.

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São beneficiários do PRONAF as pessoas que compõem as unidades familiares de produção rural e que comprovem seu enquadramento, mediante apresentação da Declaração de Aptidão ao Programa (DAP), e que tenham 50% da renda da unidade familiar oriunda das atividades agropecuárias.

Os créditos podem destinar-se aos seguintes segmentos conforme abaixo, segundo informações disponíveis no Ministério do Desenvolvimento Agrário, para até o plano safra 2011/2012:

a) custeio: financiamento das atividades agropecuárias, não agropecuárias e de beneficiamento ou industrialização de produção própria ou de agricultores familiares enquadrados no PRONAF, exceto para aqueles classificados nos Grupos "A" ou "B", de acordo com projetos específicos ou propostas de financiamento;

b) investimento: financiamento da implantação, ampliação ou modernização da infra-estrutura de produção e serviços agropecuários ou não agropecuários, no estabelecimento rural ou em áreas comunitárias rurais próximas, de acordo com projetos específicos;

c) créditos de custeio para agroindústrias familiares e para integralização de cotas-partes dos agricultores familiares filiados a cooperativas de produção de produtores rurais.

É vedada a concessão de crédito ao amparo do PRONAF relacionado com a produção de fumo desenvolvida em regime de parceria ou integração com indústrias fumageiras, ressalvado que pode ser concedido financiamento de investimento a produtores de fumo que desenvolvem a atividade em regime de parceria ou integração com agroindústrias, desde que:

I - o investimento não se destine exclusivamente à cultura do fumo e seja utilizado em outras atividades que fomentem a diversificação de explorações, culturas e/ou criações e a reconversão da unidade familiar;

II - no cálculo da capacidade de pagamento, especificado em projeto técnico, fique comprovado que, no mínimo, 20% da receita gerada pela unidade de produção tenham origem em outras atividades que não o fumo.

Limites e taxas de juros do crédito de custeio:

a) taxa efetiva de juros de 1,5% a.a. para uma ou mais operações que, somadas, atinjam valor de até R$10 mil por mutuário em cada safra;

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b) taxa efetiva de juros de 3% a.a. para uma ou mais operações que, somadas, atinjam valor acima de R$10 mil até R$20 mil por mutuário em cada safra;

c) taxa efetiva de juros de 4,5% a.a. para uma ou mais operações que, somadas, atinjam valor acima de R$20 mil até R$50 mil por mutuário em cada safra.

Limites, taxas de juros e prazos do crédito de investimento:

a) taxa efetiva de juros de 1% a.a. para uma ou mais operações que, somadas ao saldo devedor dos financiamentos "em ser", não excedam R$10 mil por mutuário; b) taxa efetiva de juros de 2% a.a. para uma ou mais operações que, somadas ao saldo devedor dos financiamentos "em ser", superem R$10 mil e não excedam R$50 mil por mutuário.

Poderá ser destinado Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP) para os seguintes grupos:

Grupo "A": agricultores familiares assentados pelo Programa Nacional de Reforma Agrária (PNRA) ou beneficiários do Programa de Crédito Fundiário do Governo Federal que ainda não foram contemplados com operação de investimento sob a égide do Programa de Crédito Especial para a Reforma Agrária (Procera) ou que não foram contemplados com o limite do crédito de investimento para estruturação no âmbito do Pronaf;

Grupo "B": agricultores familiares que:

I - explorem parcela de terra na condição de proprietário, posseiro, arrendatário ou parceiro;

II - residam na propriedade ou em local próximo;

III - não disponham, a qualquer título, de área superior a 4 (quatro) módulos fiscais, quantificados segundo a legislação em vigor;

IV - obtenham, no mínimo, 30% (trinta por cento) da renda familiar da exploração agropecuária e não agropecuária do estabelecimento;

V - tenham o trabalho familiar como base na exploração do estabelecimento;

VI - obtenham renda bruta anual familiar de até R$4.000,00 (quatro mil reais), excluídos os benefícios sociais e os proventos previdenciários decorrentes de atividades rurais; Grupo "C": agricultores familiares que:

I - explorem parcela de terra na condição de proprietário, posseiro, arrendatário, parceiro ou concessionário do PNRA; II - residam na propriedade ou em local próximo;

III - não disponham, a qualquer título, de área superior a 4 (quatro) módulos fiscais, quantificados segundo a legislação em vigor;

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IV - obtenham, no mínimo, 60% (sessenta por cento) da renda familiar da exploração agropecuária e não agropecuária do estabelecimento;

V - tenham o trabalho familiar como predominante na exploração do estabelecimento, utilizando apenas eventualmente o trabalho assalariado, de acordo com as exigências sazonais da atividade agropecuária;

VI - obtenham renda bruta anual familiar acima de R$4.000,00 (quatro mil reais) e até R$18.000,00 (dezoito mil reais), excluídos os benefícios sociais e os proventos previdenciários decorrentes de atividades rurais;

Grupo "A/C": agricultores familiares egressos do Grupo "A" ou que já contrataram a primeira operação no Grupo "A", que não contraíram financiamento de custeio nos Grupos "C", "D" ou "E" e que apresentarem a DAP para o Grupo "A/C" fornecida pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) para os beneficiários do PNRA ou pela Unidade Técnica Estadual ou Regional (UTE/UTR) para os beneficiados pelo Programa Nacional de Crédito Fundiário;

Grupo "D": agricultores familiares que:

I - explorem parcela de terra na condição de proprietário, posseiro, arrendatário, parceiro ou concessionário do PNRA;

II - residam na propriedade ou em local próximo;

III - não disponham, a qualquer título, de área superior a 4 (quatro) módulos fiscais, quantificados segundo a legislação em vigor;

IV - obtenham, no mínimo, 70% (setenta por cento) da renda familiar da exploração agropecuária e não agropecuária do estabelecimento;

V - tenham o trabalho familiar como predominante na exploração do estabelecimento, podendo manter até 2 (dois) empregados permanentes, sendo admitido ainda o recurso eventual à ajuda de terceiros, quando a natureza sazonal da atividade o exigir;

VI - obtenham renda bruta anual familiar acima de R$18.000,00 (dezoito mil reais) e até R$50.000,00 (cinqüenta mil reais), incluída a renda proveniente de atividades desenvolvidas no estabelecimento e fora dele, por qualquer componente da família, excluídos os benefícios sociais e os proventos previdenciários decorrentes de atividades rurais;

Grupo "E": agricultores familiares que:

I - explorem parcela de terra na condição de proprietário, posseiro, arrendatário, parceiro ou concessionário do PNRA;

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III - não disponham, a qualquer título, de área superior a 4 (quatro) módulos fiscais, quantificados segundo a legislação em vigor;

IV - obtenham, no mínimo, 80% (oitenta por cento) da renda familiar da exploração agropecuária e não-agropecuária do estabelecimento;

V - tenham o trabalho familiar como predominante na exploração do estabelecimento, podendo manter até 2 (dois) empregados permanentes, admitido ainda a eventual ajuda de terceiros, quando a natureza sazonal da atividade o exigir;

VI - obtenham renda bruta anual familiar acima de R$50.000,00 (cinqüenta mil reais) e até R$110.000,00 (cento e dez mil reais), incluída a renda proveniente de atividades desenvolvidas no estabelecimento e fora dele, por qualquer componente da família, excluídos os benefícios sociais e os proventos previdenciários decorrentes de atividades rurais.

O prazo é de até dez anos, incluídos até três anos de carência. O prazo de carência poderá ser ampliado para até cinco anos, quando a atividade assistida requerer esse prazo e o projeto técnico ou a proposta de crédito comprovar a sua necessidade.

As contratações do Crédito – Pronaf apresentam crescimento sustentado ao longo dos anos. Em 1999/2000, o Pronaf abrangia 3.403 municípios, passando para 4.539 no ano seguinte, o que representou um aumento de 33% na cobertura de municípios, ou seja, a ampliação de mais de 1.100 municípios em apenas um ano.

O montante disponibilizado aos agricultores também cresceu. Em 1999/2000, foram disponibilizados pouco menos de R$ 3,3 bilhões com uma execução de 66%. No ano agrícola de 2003/2004, houve o primeiro grande incremento no montante, com um crescimento de 65% em relação a 1999/2000, sendo ofertados R$ 5,4 bilhões aos agricultores e com uma execução de 83% do valor disponibilizado.

Conforme dados da Secretaria de Agricultura Familiar (SAF, 2005) no período de 2001 a 2005 o PRONAF totalizou 4,6 milhões de contratos firmados e um montante de R$14,0 bilhões no âmbito do crédito rural.

Verifica-se que os grupos que receberam maiores volumes de recursos foram o D (41,5%) e o C (27,0%), totalizando 68,5% de todo o montante contratado durante o período de 2001 a 2004.

Percebe-se, dessa forma, que há concentração de recursos em grupos de faixa de renda mais elevada, em detrimento dos grupos de menores rendas, a exemplo do Grupo B, que recebeu apenas cerca de 4,7% do volume de recursos aplicados no período, isto porque produtores com renda mais elevadas já possuem um propriedade mais estruturada, facilitando assim aquisição de crédito.

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Ademais, o Grupo E, grupo de maior faixa de renda do PRONAF, cuja operacionalização se deu somente a partir de 2003, computou volume de financiamento de 6,6% do total financiado, sendo que no ano de 2004 foi financiado montante 150,4% a mais, em relação a 2003 para famílias integrantes a este grupo.

Quanto à modalidade dos créditos, foram financiados no período de 2004 3,3 milhões de contratos de custeio no montante de R$ 8,7 bilhões e 1,3 milhões de contratos de investimento no total de R$ 5,3bilhões.

Em 2006/2007, o montante disponibilizado para financiamento do PRONAF chegou a R$ 10 bilhões, representando um crescimento em relação a 1999/2000 de 205% e com uma taxa de execução de 84%, o que demonstra que a procura por esta linha vem aumentando cada vez mais por ter uma taxa de juros bem diferenciada e prazos atrativos.

Abaixo segue tabela e gráfico com a evolução de valores disponibilizados pelas linhas do PRONAF em geral do ano de 2006 a 2011, estes valores disponibilizados para aquisição de máquinas e equipamentos, recursos estes disponibilizados através de linhas do PRONAF:

Tabela 1: Financiamentos rurais concedidos no país para aquisição de máquinas e equipamentos

ANO VALOR % TOTAL

2006 R$ 22.998.984,41 5% 2007 R$ 31.119.646,45 7% 2008 R$ 63.405.887,39 15% 2009 R$ 115.375.791,65 27% 2010 R$ 98.428.204,03 23% 2011 R$ 93.030.650,05 22% TOTAL R$ 424.359.163,98

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Gráfico 1: Anuário estatístico do crédito rural, financiamentos rurais concedidos no país para aquisição de máquinas e equipamentos

FONTE: BANCO CENTRAL DO BRASIL

Como podemos perceber no gráfico, nos anos de 2006 e 2007 os valores ficam entre R$ 22 milhões e R$ 30 milhões, representando 5% e 7% do valor total disponibilizado no período, em 2008 tivemos um aumento de recurso disponibilizado no período que chegou a 15% de aumento e R$ 63 milhões de reais.

O verdadeiro destaque foi no ano de 2009 que teve 27% liberados em relação ao período tendo alcançado mais de R$ 115 milhões, e 2010 e 2011 se manteve na faixa dos R$ 90 milhões.

Este aumento claro que podemos perceber de 2008 á 2011 em relação aos anos anteriores, se dá pelo fato da criação do programa Mais Alimentos que foi em 2008, onde os produtores poderiam financiar um valor mais elevado por CPF, com uma baixa taxa de juros, carência e também prazo de pagamento.

Como se pode observar é notável o crescimento e a importância do PRONAF para os agricultores familiares. Após a criação do Programa Nacional da Agricultura Familiar (PRONAF) em 1996 pode ser traduzida como expressão desse fenômeno ao se constituir em política agrícola pública diferenciada ao segmento de economia de base familiar, possibilitando a alocação de recursos orçamentários para o financiamento da produção, de equipamentos e da construção de infra-estrutura produtiva nas propriedades dos agricultores familiares, expressa como resgate necessário de uma dívida social histórica, que marcou a política agrícola no Brasil.

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Hoje, alguns outros programas são necessários para reduzir a vulnerabilidade da agricultura familiar, como o Programa de Garantia de Preços da Agricultura Familiar (PGPAF), criado em dezembro de 2006, com o objetivo de garantir a sustentação de preço dos produtos da agricultura familiar, garantir a manutenção das atividades produtivas, estimular a diversidade da produção agropecuária e também articular as diversas políticas de crédito e de comercialização agrícola. Outros programas importantes são o Seguro da Agricultura Familiar (SEAF) e o Programa Garantia Safra. Estes instrumentos procuram garantir aos produtores uma estabilidade frente aos preços de mercado dos produtos financiados e assegurar a produção das intempéries climáticas que comprometem, em média, mais de 30% da receita bruta esperada. No atual Plano Safra 2012-13 um maior número de cultivos passou a ser coberto pelos programas, bem como, ampliou-se o limite de desconto dos financiamentos afetados pela baixa nos preços. É importante ressaltar que estes instrumentos são extremamente relevantes para a reprodução da agricultura familiar, tributários das próprias características do PRONAF apontadas acima, conforme dados do MDA.

O Plano Safra da Agricultura Familiar 2011/2012 aprofunda e completa o ciclo de políticas públicas de apoio à comercialização que garantem e geram renda para os agricultores familiares com a implementação da Política de Garantia de Preços Mínimos para a Agricultura Familiar, a PGPM-AF. Essa política diminui a volatilidade nos mercados regionais, permite regular preços dos produtos contemplados e contribui para a formação dos preços nos principais centros de produção da agricultura familiar.

A Política de Garantia de Preços Mínimos para a Agricultura Familiar vai permitir ao Governo Federal a compra de produtos da agricultura familiar a preços justos. Esses produtos poderão, inclusive, ser destinados aos estoques governamentais.

Outra política de comercialização é o Programa Nacional de Alimentação Escolar, que destina, no mínimo, 30% dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) à compra de produtos da agricultura familiar. Em 2010, cerca de 50% dos municípios já compraram produtos da agricultura familiar para a merenda escolar.

Em paralelo ao crédito, outra política pública que vem ganhando crescente notoriedade desde sua criação, no Plano Safra 2003/04, é o Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar (PAA). Componente do Fome Zero, este Programa atua na comercialização dos produtos da agricultura familiar ao viabilizar canais de escoamento da produção e assegurar preços justos para os produtos, questões estratégicas para o setor. O governo federal compra os alimentos de agricultores familiares para formação de estoques e atendimento a pessoas populações em situação de insegurança alimentar. No ano de 2009

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foram aplicados R$ 628 milhões no PAA, um aumento de quase quatro vezes em relação a 2003 (R$ 164,4 milhões).

O Plano Safra da Agricultura Familiar 2011/2012 também reforça as políticas públicas de geração de renda. Em 2011, o orçamento do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) será ampliado em R$ 194 milhões, o que permitirá aumentar o número de agricultores familiares beneficiados pelo Programa.

Conforme dados da EMATER, a avaliações sobre este Programa que indicam sua contribuição sobre a alteração da matriz produtiva (diversificação, produção ecológica etc.) e de consumo (mudança dos hábitos alimentares), valorização dos produtos dos territórios, recuperação dos preços regionais, construção de novos canais locais de comercialização e fortalecimento das organizações sociais. No entanto, permanecem algumas limitações que afetam sua operacionalização: dificuldades na organização e planejamento da produção agrícola, falta de assistência técnica, obstáculos no acesso à DAP (Declaração de Aptidão do PRONAF), atraso na liberação dos recursos e problemas de logística (transporte e armazenamento dos alimentos).

Ademais, o número de agricultores familiares beneficiados ainda é pouco expressivo em nível nacional – estima-se que, em 2008, o PAA atingiu apenas 4% deste público – e é necessário que estes não se tornem “dependentes” deste mercado institucional como a única opção de comercialização de seus produtos, buscando cada vez mais a diversificação de produtos, e buscando uma melhor qualidade para que haja uma maior procura por outros setores do comércio.

2.2 O PRONAF NO RIO GRANDE DO SUL

Neste cenário do Programa em nível de país o Rio Grande do Sul aportou número significativo de contratos e de montante de recursos do PRONAF, entre os anos-agrícolas de 1998 a 2008, conforme os números demonstrados na Tabela 02:

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Tabela 2: Recursos do PRONAF liberados para o Rio Grande do Sul (1998-2008)

Ano Agrícola Nº de Contratos Recursos (R$) Por Contrato (R$)

1998/1999 42.487 95.695.802,03 2.252,35 1999/2000 310.592 544.584.618,30 1.753,38 2000/2001 285.169 547.624.808,05 1.920,35 2001/2002 270.593 600.963.626,82 2.220,91 2002/2003 252.886 650.599.888,55 2.572,70 2003/2004 270.037 949.608.194,87 3.516,59 2004/2005 354.078 1.350.093.569,57 3.812,98 2005/2006 343.680 1.399.822.482,14 4.073,04 2006/2007 287.302 1.442.733.588,19 5.021,66 2007/2008 233.706 1.207.205.869,46 5.165,49 Total 2.650.530 8.788.932.447,98 3.315,92 Fonte: http://smap.mda.gov.br/credito/anoagricola/ano_agricola.asp.

Comparativamente ao restante do país o Estado do Rio Grande do Sul apropriou-se, ao longo dos anos, de parcelas significativas do total de recursos executados pelo Pronaf. Como se pode observar no gráfico 3, o Rio Grande do Sul foi o estado brasileiro que recebeu o maior volume de recursos concedidos pelo Pronaf no período compreendido entre 2007 e 2011.

Gráfico 2: Total de recursos do PRONAF, em R$, concedido por Estado, no período 2007-2011

Fonte: Elaboração própria com base em dados do Banco Central do Brasil

Neste contexto, os agricultores familiares no Rio Grande do Sul passam a utilizar linhas de financiamento para viabilizar o acesso às novas tecnologias, otimizar os recursos de produção e modernizar a infra-estrutura e organizações produtivas para criar e potencializar

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condições de enfrentamento ao poder do mercado, através da produção de excedentes, a exemplo da agricultura patronal.

A necessidade de inserção nos circuitos mercantis exigiu a profissionalização dos agricultores (ABRAMOVAY, 1992), dessa forma, a disponibilização do crédito rural é fundamental para financiar a aquisição dos insumos agrícolas e investimentos em infra-estrutura, a fim de tornar os agricultores competitivos para inserção deste mercado, contudo, pode também possibilitar a utilização destes recursos em necessidades mais urgentes, em virtude do baixo retorno de suas atividades.

A política de crédito rural para atender a um público determinado, neste caso a agricultura familiar, está ancorada na tentativa do Estado em descentralizar suas ações, o alcance e a eficácia das políticas públicas, por meio da construção de parcerias com outras instituições da sociedade civil, que mediam e auxiliam a operacionalização, execução e avaliação dos projetos.

A concentração de recursos para os agricultores em melhores condições proporciona a estes possibilidades de ampliação de seu patrimônio, em virtude destes já possuírem propriedades mais estruturadas e atividade que trazem retornos econômicos que poderiam não depender mais do crédito, entretanto, a oferta de crédito a juros baixos auxilia a constituir um fundo de reserva, que funciona como capital de giro para esses agricultores que são mais participativos e esclarecidos no que se diz respeito à disponibilidade e linhas de crédito.

Para os agricultores que estão em condições desfavoráveis, estes possuem menos possibilidades, por possuírem propriedades não tão bem estruturadas, e a ausência e qualidade de assistência técnica ainda deixa muito a desejar, estando longe de suas realidades, que são agravadas pelas suas capacidades de gerenciar os recursos captados.

2.3 A LINHA PRONAF MAIS ALIMENTOS

O Mais Alimentos, linha de crédito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), foi criado pelo MDA em 2008. Esta linha permite ao agricultor familiar investir em modernização e aquisição de máquinas e de novos equipamentos, correção e recuperação de solos, resfriadores de leite, melhoria genética, irrigação, implantação de pomares e estufas e armazenagem. Desde então, financiou em todo o País a comercialização de mais de 40 mil tratores (até 80 CV), 2,6 mil caminhões e 160 colheitadeiras. O Programa atende projetos individuais (até R$ 130 mil) e coletivos (até R$ 500 mil), com juros de 2% ao ano, até três anos de carência e prazo de pagamento do

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empréstimo de até dez anos. A partir do Plano Safra da Agricultura Familiar 2008/2009 projetos de até R$ 10 mil enquadrados nesta Linha do Programa passam a ter juros de 1% ao ano.

De julho de 2008 a abril de 2010 o Mais Alimentos destinou R$ 3 bilhões para projetos de modernização de propriedades familiares para melhor atender o produtor rural. Foram mais de 60 mil contratos, representando a comercialização de mais de dez mil resfriadores de leite e 26.277 novos motocultivadores e tratores de até 78 CV, o que representa ótimos números de vendas.

Abaixo segue tabela e gráfico para melhor visualização das quantidades de máquinas e equipamentos comercializadas no período de 2008-2010:

Tabela 3: Motocultivadores e tratores financiados pelo mais alimentos

Período Unidades Set/Dez 2008 1992 Jan/Abr 2009 5803 Mai/Ago 2009 5892 Set/Dez 2009 5715 Jan/Abr 2010 5570 FONTE: MDA

Até 30 de abril de 2010 estava autorizada a venda de mais 1305 unidades, totalizando assim 26.777 unidades comercializadas.

Gráfico 3: Unidades de motocultivadores e tratores financiados pelo Mais Alimentos

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Fica claramente visível o impulso nas vendas, e em número de recursos disponibilizados que houve após a criação do Mais Alimentos no ano de 2008. Em 2008 não teve ainda um grande impacto devido ser um programa novo, mas de 2009 em diante a procura por esta linha foi e vem sendo grande.

O Mais Alimentos também fortaleceu a indústria nacional. Os Acordos de Cooperação Técnica com a indústria determinam que os equipamentos financiados (cerca de 4.200) devem se enquadrar aos critérios de nacionalização da produção industrial do Governo Federal. Estes critérios determinam que, para ser considerado de fabricação nacional, um produto precisa dispor de conteúdo com pelo menos 60%, em peso e valor, de seus componentes produzidos no Brasil.

O programa Mais Alimentos vem beneficiando não apenas os agricultores na modernização das propriedades, mas também impulsionou a venda de equipamentos o que representa um bom momento para as fábricas deste setor e também fornecedores de matéria prima para efetivação dos equipamentos. As empresas ligadas a este ramo, vem cada vez mais sendo parceiras do Ministério do Desenvolvimento Agrário, estando estas se adaptando aos pré requisitos estabelecidos pela linha, no caso, o Mais Alimentos.

O ministro do Desenvolvimento Agrário, Afonso Florence, destacou a importância da parceria com o setor industrial para proporcionar condições de aumentar a produção da agricultura familiar e lembrou que, hoje, o Mais Alimentos é uma referência mundial. “O programa possibilitou ao pequeno agricultor acesso a novas tecnologias que resultaram em aumento de produtividade”, reforçou Mário Fioretti, vice-presidente da Anfavea, visando estes a inserção destas pessoas na economia do país, relatado por estes na reunião de lançamento do plano safra 2011/2012 (www.mda.gov.br/portal/noticias; “Mais Alimentos: ministério e industria renovam acordos de cooperação, 12/07/2011).

Este fenômeno de aumento nas vendas faz com que haja uma demanda maior também por mão de obra nas empresas ligadas a este setor, preferencialmente qualificada. Com estes fatores de aumento de produção, maior quantidade de pessoas assalariadas o que aumenta a quantidade de pessoas com o poder de compra, a circulação de moeda aumenta na economia, o que contribui em um dos interesses do governo, que é de crescimento econômico no Brasil.

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Já foi possível constatar que a influência positiva do desenvolvimento do setor financeiro de um país sobre o nível e a taxa de crescimento de sua renda per capita. Para eles, o papel desempenhado pelo sistema financeiro para a introdução das inovações tecnológicas é essencial para que se chegue ao desenvolvimento econômico, o que não deixa de ter intervenção do governo neste caso, sendo que o recurso disponibilizado pelas instituições para esta linha é recurso do governo federal (BNDES).

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3 O PRONAF MAIS ALIMENTOS NA PERSPECTIVA DOS AGRICULTORES DE CORONEL BARROS – RS

Para verificar o que os agricultores familiares pensam sobre a Linha Mais Alimentos foi feito um trabalho de entrevistas com alguns produtores rurais enquadrados no Pronaf no município de Coronel Barros. O objetivo foi verificar em que ramo foi realizado o investimento e o que este trouxe de melhoria para a propriedade.

Coronel Barros é um município brasileiro, fundado em 20/03/1992, tendo origem dos municípios de Ijuí e Augusto Pestana, localizado na região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, a uma latitude 28º22'59" sul e a uma longitude 54º03'56" oeste, estando a uma altitude de 311 metros, distante 419 km da capital (Porto Alegre).

Localização de Coronel Barros no Rio Grande do Sul

Fonte: IBGE

Segundo dados disponíveis no endereço eletrônico da FEE-RS, o município de Coronel Barros possui uma área de 162,949 km² e sua população, em 2010, era de 2.459 habitantes, estando cerca de 65% residindo no interior e 35 % na área urbana, conforme censo do IBGE, possui uma densidade demográfica de 15,09 hab/km², seu PIBpm em 2009 foi de

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R$ 42.936.000,00, e PIB per capita em 2009 R$ 17.025,00, taxa de análfabetismo de pessoas com 15 anos ou mais em 2010 de 3,15% estando este indice abaixo do Estado que é de 4,53%, dados extraídos da FEE.

Abaixo segue tabela com demonstração da população referente aos censos de 2000 e 2010, dividos por sexo e população rural e urbana:

Tabela 4: População residente por sexo e situação de domicílio no município de Coronel Barros – RS

População residente (Pessoas) População residente (Percentual)

2000 2010 2000 2010 Total Total 2454 2459 100% 100% Total Urbana 855 1093 34,84% 44,45% Total Rural 1599 1366 65,16% 55,55% Homens Total 1230 1219 50,12% 49,57% Homens Urbana 417 535 16,99% 21,76% Homens Rural 813 684 33,13% 27,82% Mulheres Total 1224 1240 49,88% 50,43% Mulheres Urbana 438 558 17,85% 22,69% Mulheres Rural 786 682 32,03% 27,73%

FONTE: IBGE - Censo Demográfico

Como podemos ver na tabela acima a maior parte de sua populção vive no meio rural, tanto para o ano de 2000 como para o de 2010, o que percebe-se é que teve um aumento de pessoas que moravam no meio rural e foram para o urbano, tendo em 2000 33,13% dos homens e 32,03% das mulheres moravam no meio rural, o que representava 65,16%, já em 2010 tinhamos 27,82% dos homens e 27,73% das mulheres morando no meio rural, o que totaliza 55,55%, o que mostra que tivemos um aumento de pessoas saindo do meio rural e indo para o urbano em um percetual de 9,61%.

O número total da população que no decorrer dos anos 2000-2010 que podemos dizer que se permaneceu praticamente constante, tendo em 2000 2.454 habitantes e em 2010 2.459 habitantes, mas houve uma inverssão de números de habitantes por sexo, tendo no ano de 2000 49,88% da população do sexo femenino e em 2010 representava 50,43% da população.

Na tabela abaixo dados do Produto Interno Bruto (PIB) do municípo de Coronel Barros/RS dos anos de 1999 á 2009 sub-divididos por valor adicionado bruto a preços correntes nos setores agropecuário, indústria e de serviços:

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Tabela 5: Produto interno bruto a preços correntes, atividade econômica e respectivas participações no município de Coronel Barros – RS

Produto Interno Bruto a preços correntes (Mil Reais)

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

15630 13405 19088 22120 37191 28565 20285 29869 38317 45219 42936 Valor adicionado bruto a preços correntes da agropecuária (Mil Reais)

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

7640 5566 9541 10575 20135 11322 5655 13160 17287 21142 18529 Valor adicionado bruto a preços correntes da indústria (Mil Reais)

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

1450 1549 1808 1561 2288 2273 1788 1728 1951 2460 2413 Valor ad. bruto a preços correntes dos serv., inclusive adm. saúde e edu. públicas e seguridade social

(Mil Reais)

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

6012 5815 6950 9023 13142 13180 11471 13541 17328 19648 20055 FONTE: IBGE, em parceria com os Órgãos Estaduais de Estatística, Secretarias Estaduais de Governo e Superintendência da Zona Franca de Manaus – SUFRAMA

Percebe-se na tabela acima, o PIB vem tendo um crescimento com exceção no ano de 2005, isto porque boa parte do PIB é gerado pela agricultura no município, e devido à frustração de safra que tivemos em 2004-2005 teve assim reflexo no PIB total do município. Indústrias são poucas as que possuem suas sedes no município, o que representa uma pequena parcela no PIB do município.

A tabela 6 mostra dados da estrutura fundiária do município de Coronel Barros, evidenciando, em números absolutos e relativos, a participação de número de estabelecimentos e a área ocupada pelos estabelecimentos em diferentes estratos de área, confirmando que a grande maioria das propriedades possui menos de 50 hectares.

Tabela 6: Estrututa fundiária do município de Coronel Barros – RS

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O município, em relação a estrutura fundiária, é composto por pequenos estabelecimentos agropecuário, possuindo mais de 90% dos estabelecimentos com menos de 50 ha de terra conforme podemos perceber no quadro abaixo. Podemos verificar também que a maior concentração dos estabelecimentos estão na faixa entre 20-50 ha com 172 estabelecimentos, representando 31,05% dos estabelecimentos, ocupando assim 36,22% da área do município. Com mais de 500 ha possui apenas 1 estabelecimento e representa 0,19% da área do município.

Em relação às entrevistas, foi conversado com 30 pessoas que tomaram crédito na linha Mais Alimentos, entre elas 20 pessoas que, além da produção de grãos, possuem a renda proveniente da venda de leite, enquanto as outras 10 possuem seu sustento basicamente da produção de grãos. A entrevista foi feita através de conversa informal com os produtores, com perguntas mais direcionadas aos investimentos aplicados em suas propriedades, mas sempre tentando compreender o que teria levado a família a fazer aquele financiamento.

No grupo das 20 pessoas, 13 fizeram investimento no ramo pecuário, com a modernização da extração para facilitar e agilizar este processo, e armazenamento do leite, adquirindo ordenhadeiras, resfriadores a granel, transferidores de leite, para melhoramento da qualidade do leite e assim conseguir um melhor preço. O valor de investimento para estas 13 fica em média de R$ 9.700,00 por grupo familiar em um total de R$ 126.600,00 de recurso liberado.

As outras 7 pessoas deste mesmo grupo adquiriram máquinas e equipamentos para plantio e cultivação do solo, como tratores, semeadeiras e pulverizadores, o que já envolve um valor maior de investimento liberado, tendo uma média de R$ 39.400,00 por grupo familiar, totalizando R$ 275.600,00 de recurso disponibilizado para estas pessoas.

Os produtores que possuem renda apenas da venda de grãos (os outros 10 entrevistados) fizeram seus investimentos em bens ligados diretamente ao cultivo de cereais, como tratores, correção de solo, aquisição de maquinários novos e também reforma de máquinas. O montante de recurso disponibilizado para estas pessoas foi de R$ 349.100,00. Para este grupo de pessoas, as cultivares ficam entre soja, milho e trigo, as quais são as principais culturas no município.

A percepção que se pode ter é que houve uma evolução da renda familiar onde o investimento foi no ramo pecuário. Foram relatados pelos produtores que além de conseguirem um melhor preço no produto comercializado, a maioria investiu também na alimentação dos animais, incluindo um sistema de alimentação dos animais de melhor qualidade, alguns mencionaram no melhoramento genético de animais, com uma capacidade

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de produção mais elevada e também teve melhoramento na infra-estrutura onde é feita a ordenha dos animais.

Outro fator que influência estas pessoas na produção de leite é a renda mensal que conseguem com a venda deste produto. Como possuem uma área de até 25 há, muitas vezes com a venda apenas de grãos podem passar por alguma dificuldade, e com a produção do leite, mesmo este tendo um custo alto, cobre as despesas do mês com alimentação, luz, água e telefone, não precisando vender grãos todo mês, conseguindo assim um melhor momento, e preço mais atrativo para conseguir vender o produto.

Já os outros 10 produtores de cereais, tiveram casos que realmente investiram em reforma dos equipamentos, alguns que não possuíam, adquiriram equipamento novo, pois havia a necessidade daquele equipamento, o que facilitou e agilizou a atividade na propriedade sendo que na maioria das vezes precisavam pagar para um terceiro efetuar o serviço. Por outro lado, teve casos de produtores que já possuíam um bem em condições de uso, algum talvez precisando de alguma melhoria, mas em condição de uso, mas mesmo assim fizeram investimento em um bem novo.

Foi possível constatar durante a conversa com os produtores, que para alguns a aquisição do bem novo não deixava de ser um status para ele e para família, pois vendo que algum conhecido ou parente havia comprado um maquinário novo, ele também poderia aderir, mesmo não sendo uma prioridade ou uma necessidade naquele momento. Nestes casos o produtor mobiliza um valor que poderia estar investindo em algum outro setor que obtivesse um melhor retorno financeiro para sua propriedade.

O principal motivo por estes agricultores aderirem este plano de financiamento, é a baixa taxa de juros e prazo de pagamento, tornando esta linha de financiamento atrativa. Mas por traz destas facilidades, possuem alguns valores que o produtor não contabiliza, como por exemplo, seguro dos bens, alguns solicitam carência, o que ocasiona em parcelas com valores mais elevados, registros de contratos entre outros custos fazendo com que o bem, de certa forma ganhe um valor adicional.

Foi conversado também com pessoas diretamente ligadas a instituições financeiras, tanto pessoas que estão para vender o crédito como as que efetuam a análise de viabilidade dos projetos. Por ambos foi relatado um aumento pela procura deste crédito, no caso o Mais Alimentos.

Uma das preocupações das instituições é com os projetos, estando estes muitas vezes vindo com capacidade de pagamento esgotada, o que torna muitas vezes o projeto inviável. Outros projetos chegam incompletos, tornando difícil a análise da real viabilidade.

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Fora alguns outros problemas relatados por eles, estas pessoas que trabalham em instituições são plenamente favoráveis e vêem com bons olhos o programa Mais Alimentos, pois assim como os agricultores, acham atraentes as taxas de juros e prazos, o que viabiliza a modernização da propriedade e assim aumenta a capacidade produtiva.

Como o programa ainda é novo, nos casos entrevistados não foi constatado até o momento inadimplência do crédito tomado, mesmo com a frustração de safra que teve na região neste ano de 2012. Um dos fatores que contribuíram para não levar a inadimplência foi à adesão de prorrogação das parcelas vincendas neste ano.

Os agricultores familiares procuram de todas as formas manterem as linhas de financiamento do Crédito Rural com os pagamentos em dia, por ser uma das possibilidades de conseguir investir em alguma necessidade mais imediata, especialmente para os agricultores que estão com a estrutura produtiva consolidada.

Os pequenos produtores hoje precisam de políticas mais articuladas, não só de verbas para continuarem no campo. É necessário que sejam elaboradas políticas de ações, projetos de mercado para que possa facilitar a vida no campo.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Passados mais de quinze anos da criação do Programa pode-se deduzir que as dificuldades da agricultura familiar seriam maiores sem a existência do programa (PRONAF), pois a viabilidade, a facilidade ao crédito rural teve grandes modificações, e estas, para melhor. Entretanto, é necessário analisarmos em que medida estes recursos estão de fato influindo nas condições de reprodução social dos agricultores familiares, e especialmente aqueles que se encontram em situação de risco.

Devemos refletir se os recursos disponibilizados através do PRONAF podem ser caracterizados como uma política de desenvolvimento ou uma política redistributiva e compensatória de oferta de um mínimo social de subsistência, visando diminuir o êxodo rural, diante da impossibilidade de absorção da mão de obra pelas empresas nos grandes centros urbanos e que também auxilia o financiamento do consumo de bens e autoconsumo aos agricultores familiares no Rio Grande do Sul.

Esse panorama evidencia o avanço das políticas públicas para a agricultura familiar nos últimos anos. Merecem destaque o aumento dos recursos aplicados/disponibilizados e a diversidade de políticas criadas para além do crédito, contemplando comercialização, assistência técnica, seguro da produção e garantia de preços. A expressividade da participação da agricultura familiar no Valor Bruto da Produção nacional reflete no porque do governo querer investir nesta classe de trabalhadores e querer cada vez mais potencializar no que diz respeito à produção de alimentos.

Com o auxílio das políticas públicas, passa a existir uma maior possibilidade de aumento de produção sustentável de alimentos de qualidade e contribuir para a estabilização dos preços para todos os brasileiros. Com o fortalecimento da agricultura familiar, o Brasil vai poder continuar crescendo, e com ainda mais estabilidade, com geração de renda no meio rural e diminuir cada vez mais com a pobreza.

Referências

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