o
Processo de Revisao dos PDM's
Or9amento do Estado para 2004
Finan9as Municipais
:2 Editorial
Tellla l!1fl Debate
4 As tompctcncias municipais na .\rca do ordenamcnto do territorio c a rCl'isiio dos PIlM de I.. gcra~ao Lino Paulo t\ Para uma nova politica de cidades em Portugal Jorge Silva
13 0 I'UM eomo um instrumento de apoio ao desenl'olrimento territorial Jorge Hcbcl'a 1 () Conccll~l}es (Iue maream os Plallos Ilirectorcs Municipais Eduardo Baptista 22 forum Scixal - Uma nOl'a EXllcricncia de IlcllIocracia Participada Alfredo Mont.eiro
211 Territorio de amanltii
c
responsahilidadc politita de hojc.r.
Janeiro Varino :34 A participa~iio popular no ordcnamento do territorio Carlos Mauricio30 Critcrios de 1lI0llitoriza~iio e parametros para a mesma Mario Moreira 40 0 regime da Reserl'a Ecologica Nacional Victor Silva 44 A press.io urbanistica Ilara !illS turisticos Josc Wanzcller
-p A importancia das Unidades de Exccu~.io numa justa pCrC(IUa~.io Joao Luiz Gabriel 50 Segunda gera~iio, que It •• de nol'o? .I05C Cast ro
54 Os PUM's dc 2." gcra~.io - a expericllcia de this Joao Amante 57 Accrca da rCl'isiio do PIlM de Usboa Guilhermc Alves Coelho
6:3 A rel'isiio do PIlM de Santarem
.r.
Hui HaposoGo Pianos Uirectores Municipais (PIl~I's) de 2_· gera~iio no municipio de 1~l'ora Abilio Fernandes 70 PJ)M da Moita - percurso, op~oes e objeetil'os do proeesso de rel'isiio 10iio Lobo
7:3 Pianos de porlllenor rersus processos de loteamen!o Augusto P61vora
r-
·
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J
Actulilidlide
77 A dirida pllblica c as autarquias locais Gracicte Baptista 81 0 Or~amento de Estado c as Finan~as LOC'lis em 2004 .Iono Hosa Almeida 85 As aulaHluias e as dincnldades de gestiio de tcsouraria .lose Manuel MOllteiro
EstIll/OS, Elperiell.cias e Re/le.dies
88 Assciccira, uma junta de freguesia ao scrri~o do po\'o Aligusto Figlleiredo
f~egislru;tLO
91 Lcgisla~.io com interesse Ilara as Autarquias Locais 95 Consultorio
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lJire(~(or: .lurgr Cordeiro Propricrladc: Editorial C:ulIillltO., SA. Capito-d Soci,d GOO 000. HGL II HI 1 rlclIla II." ;81)-+2.. IPC 11." SOO-t39 21-+ Scdc. :HllIlillisjra~'<io C rcdac..:(,::io: ,h. r\illlil'illltc Ca~o COlilillllo. 12.1. 1700-02? Li3iJOH. 'Icl('f.: 21H S-t() 8:~O. Fax: 218 -t~~} S-t9. E-lIl{ljl: pndf'
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-4'''lli:''tfl. ~? .... 5~003 Ql·E.Ll'Z. 'll·I,·I'.: ~l ... :39H 500 Tabela dl' assinaturas: POri f '.!:(HI: 10 € (as.::;i11<1tlll'i1 indi,·idual)., 12.50 € (f'lll.ifla<les !'OIITli
-"ilS): 1~IJ!'I)pi1: 1 b . .sO €: Forn dn I~uropa: 21,50 €. O~ cheques df""'r~~lo ~('r J'f,ltu'l.ido::; iI onlcltl dt" EdilU1ial Caminho. SA. A",. Allltiral1l~ Cago CUlIlifdll). 1 :1.1. 1700·02Q Li ... llo[1 Deposito legal: ~Oc:/W) ISB!\: 0870-:W::1 1 Hegi~(o II:] Din'(;(:;io Ceral ria COnllltliCH(::.io Social: 12:10 ... 0
PODfR lOCAl
Tellla em
debate
Segunda
gera~ao~
que
ha
de novo?
JOSE CASTRO
Os Pianos Directores :\llunicipais (PD;vl's) Coram, sao e nao sc visluillbra qllc T1UI1l flllU-ro proximo deixem de SCI', 0 mais extenso, sistclm1t:ico c cletalhado instrumcnto de
pIa-ncamento tcrritorial em Portugal. Para tal
rcsultado tcrao concorrido varios factorcs.,
por urn lado inercntes it respccriva for<,:a de lci, e par outro it sua dirccta relar,:ao com urn
6rgao de poder exccutivo., neste caso os M u-nicipios. Prcssuponclo rcgras c transparcncia
de proccclimenlos, clesdc logo Cjue os PDV\'s se assuill i!'am COIllO pa!'adigmas cia gcstao local democratica. n<l sua exprcssao mais proxima e1as conqllistas cle Abril.
A
historia cia desenvolvimento dos PDM"s l~ pOl' issohojc indissociavcl das autarquias progressis
-tas. eom prepouclerancia das geridas pOI' e1e i-tos CDLj.
I'~rnbora (:om velociclades direrenciacias., as regras dc rcvisao cstabclecidas pcla Icgisl
a-r,:[lO quc regulamcnta os PD!Vl's [azelT! ('om
que estejarnos hojl' perantc uma nova e cxlcnsa vaga cle actos de plancamento
terri-torial dc ambito local. Tal facto pressupoc llill rcnovado interesse porquallto serao ine
-viulveis as comparar,:oes ent re os e10is morncntos relativaillentc it illlportancia das diniimicas mllito proprias dos sistemas
poli-ticos. aciministralivos, sociais e ec.onolllic,os inercllt.es a caela municipio na allerar,:ao
de
objrct.ivos, metodologias e de~envolvill1clILos
c10s 1I0VOS modclos dc planeamento local.
Os novos PDM's 5nrgem hoje porern tam
-bcm nllill cOlltexto rcnovado em termos de enquadralllenLo, Cjlladro teorico e recllrsos
Lecnicos., slIbstancialmente diferente do de hit ullla Oll duas decadas aU·us.
0
enqlladramen-to refcre-se aos instrllmentos de ordc
namen-to territorial criaclos na tentativa de organi
-zar os PDM's em ambitos de planeamento
hi('rarqllicamente rdacionados.
0
quadro te6rico advpm do desenvolvimcllto ciclltifico bascado Ila expericncia previa., bem como nllma caela vcz maior disponibilidade de eonf'ronlo ('om expcrirncias exLeriores. Osrecllrsos t6cnicos dccorrcrem cia inegavel l'an6plia dc ll1eios que hoje sflO e1isponibili za-cios para a inventaria~ao, a analise e a IIlo
ni-10 riz:lr,:ao do territ 6rio. Sobre todos des i mporta clari ficar 0 sell sign iJieado c previs
l-veis il1lplica\,oes nos novos PDi\rs.
Plano de ellquadramellto
1\ sisternatizar,:ao de urn inst t'l.ll IlCII 1.0 de plallcarncnlo, tao c1isscJlIinacio qualilo deta-lirac/o conlo os PD.\l\'s, rapidamcllt<~ evidenc i-all a ncc:rssiciacic cia exisLencia dc inst
nllllen-lOs interilledios qlle desselll coerrncia aos PODER lOCAl
exac.taIIJen1.e a cia escala municipal, mas silll uma escala hierarquicamente superior ou inferior. Ccclo se constatoll que nao tillha
sentido dclill1itar rcservas estrategicas como a HEi\ e HA"\ sem a necessaria coercncia interrnunicipal que concretizasselll lima estrategia local., regional e nacional IIOS seus
dOll1inios. Tarnbcrn a gestao clos recllrsos
hidricos, tanto para a abastecimento de agua como para 0 tratall"lento e Jescarga de e flu-entes, nao c passivel de SCI" abordado denim do irllbito do territorio IIll1nieipal. POI" ouLro lado, a dinamiea urbana, mais do que a rllral., implic:oll 0 reCllrsos a Gnidades
Operat.ivas que agrupassem espac;os c fun -c;;6es proprias e que aparecerem como tal den1.ro da ol"ganic:a de funcionamcnto do te l"-rilorio Illll nicipal; estao nestc caso os eent.ros
historic:os., as zonas inciustriais., etc: ..
Para tal prec:onizaram-se figuras de plane -amento hierarquicamente superiores, das quais sao paradigrna os Planos Hegionais de Ordenamento elo Terrilorio (PH.OT's), e figu -ras de planeamento hierarquic:arnente infe -riores, c:otnO sao os Pianos de Porrnenor (PIl)
e os Pianos de Crbanizar;ao
(
P
U
).
~o e ntan-to, 0 plalleall1ento estratcgico do territ6rionao SC' sustenta sem LUll aUl.o-suficiente siste
-ma de clecisao, I'inanc:iamento e execllr;ao. A ausencia de orgaos proprios com c:apaciclacle dccisoria e executiva para a implemel1l.ac;ao desses instrumClllOS tornaraill-nos Illuitas
vczes incxiSi.C'l1tcs, inuteis. ambiguos, desc ri-Livos, incoHseqllenles ou aleaLorios., abrinclo
c:am i nho as d illarll icas neol i beriais elll c:o n-Lraponto ao planeall1ento centrai., apanagio cia polil.ica de direil"a do governo c:cntral., e
cujo Illalogrado processo de regionaliza<;ao roi um dos Illais sigllificalivos aclOS.
,\ ao se visluillbrando alierac;'.6es de fllllc/O relalivamente a conslituir;ao de urn coerente eclificio de planeamento territorjal.. tudo ind
i-ca que os novos PD.\1"'s vao mais lima vez ficar elltreglles a si proprios. Aclvinha-sc urn
coniza COIllO COlllunidades Lrbanas, que a
c:oncretizar-se., vern apenas alterar a escala, c
nao acrcscenlar poder de dccisao.,
i
l
eSITutura de ordenamenl.O t.erritorial. Ao adequar 0poder de decisao para ccltos SiSlenlaS do fu n
-ci.onamento territorial, nomeadamente os que pOI' iniciativa propria vern sendo organizados
pelas cliversas Associac;6es de Nlunic:.ipios e
Junt.as Metropolitanas (rcsidllos, abasteci -men to., cerl.as vias ck eOll1L11l icar;ao, etc.).) vai pOl' oul.ro lado aJasLar a decisao dos sistemas
mais detalhados como sc,iam as Iloje ainda pOlleo recorrentes Unidades Operacionais (PP"s, PLj's, ctc.).
Quadro tearico
o
desafio que supos 0 avanc;o para acla-borac;ao de instl"umentos de planearnento te r-ritorial corn as earactel"lsticas dos PD.'vI's c:onstitlli toela lima revolw;ao ao nive! da
cornu n idade eientific:a con froll tacla com tal repto. Com excepr;ao da area disc:iplinar do LirbanisnJO em arqlliLec:tUl"a, e lima
aborcla-gelll residual em arquitecUira paisagista., () planealllento e ordenamellto do territol'io
estava eillao pratiealllente Clusente dos c:ul'l'
i-cui os do ensillo superior. POI." oulro laclo, a
consl i III i~ao de eq u i pas III ullidisci pi i na res
nao era aimla habito de trabalho [la maiOl'ia dos Corllns cOllstiruidos para 0 clelin.ealllenro
de cfllalqller estratcgia territorial. ;\ natureza
clas preoeupac;oes que c:ondllziram ~l ela
bora-\'ao dos prirneiros PD\f's lornou a arquitee -1l1ra dOlTlinallte e eatalisadora cia decisiio
sobre 0 espar;o territorial. .Iunto com ar(llli-tectos, especialistas cia area da ccollomia e cia
engenltaria c:ompunham a grande Illaioria
dos grupos de trabalho.
Se os primciros avanr;os lIa daiJorac;;ao dos
PDM's pade de facto gozar cia dislensao ine -rente ao seu c:anlc:ter pioneiro., dirigindo illclllsive a aprovac;ao da legisla~ao que os
PODER lOCAl 51
Tell1fl em
debate
suporta. a posterior lmposH;ao da slIa exis
-tencia como condi(;.ao necessaria para 0 aces
-so a funelos eomunitarios precipitoll a rca
li-za\,.;1o de docurnentos para os quais nao
bavia in[orma\,ao de base adequada, especia -lislas conheeedores do terreno., elc. Foram sendo proclllzidos pianos cujo caract.er trad
u-ziria Illais a marca clas cquipas e consorcios encarrcgados de os elaborar do que 0 carac -ter diferene.iado de cada Concelho em a nali-se. Se alguns concelhos, pe!a slIa importancia
demografiea., localiza\,ao ou op\'3.0 delibe ra-da dos srlls dirigentes, cOllseguiram produzir
lim instrllmento com algurna profllndiclade
de analise, a realldade rnost.ra que a grande
maioria sao reprodu\,oes dos trabaUlOs rea
li-Ute/os inicialrnent.e e depois aplicados em Oll (ras regioes.
1 [oje ern dia, 0 planeamenlo do terri to rio c
.ia sllficientemente representado tanto ao
nive! das licenciatllras e pos-gradua\,oes pro-prias, como tambem disciplina de estudo em cursos relacionados (arquitectura, enge nha-ria, geografia, ciencias do ambiente, ciencias agrarias, etc.). Entre uma abordagem que ant.cs privilegiava mais 0 desenho do ccnario,
ou outra que focava mais os seus aspectos fllncionais., vai prevaleccndo a abordagelll sist.erllica do territorio, tendo elll conla 0
pa-pel da sua configllra\,.ao no respect ivo fllnc
io-nament.o, assim como 0 pape! dos processos
inerentes a esse Funcionamento, lIa emerge n-cia c10s pad roes e est.rut.uras que configuralll o territorio.
ReClll"SOS
tecllicos
o
escasso desenvolvirnento das ferramen-tas de analise territorial, aliado
a
qllase ine -xistrncia de informar;ao de base llctualizada,conJigl.lraram UllI esl'or\,.o acrescido para a
realizll(;aO tlos PDM's de prirneira gcrar;ao. A basc est.at.ist i(,a e cartografica apresrnt.ava-se
inadeqllada para 0 desafio de trat.ar 0 te
rri-t.orio pela prillleira vez a uilla escala detalh a-cia. Tal significou para os prilllciros PD'\II'S.,
um es/'orr;o exagerado de invelltaria\,ao do territorio. quando cOlllparado COIll 0 despe
n-dido na sua analise. A eventual excelencia analitica e ('st.rafcgica viu-se assim coaretada
pOl' este esforr;o acrescidn. POI' olltro lado., a Illllitos dos rcst'alltes e apressados PDM's nao restou outro cHminho que reconer a ('art.o
-grafia desactual izada em de.cae/as. ou est
at.is-ticas para llnidades lerritoriais que Illllitas vezes nao disti nglliam sequer 0 respeclivo concelho. A excelencia do trabalho realizac/o
ficava nesles C<1S0S, e em muitas situa\,ocs,
a
merce cia Illai()]~ (HI mellor i nt.ni\,.ao e conhe -cimento ernpirico de antareas., e cia honeS fi-dade das eqllipas ou consoreios implicados.
COIll 0 advent.o dos sistemas de informa
-\,ao geogriif'icos (StC), os Illunicipios pucle
-ram actualizar as Illet.odologias cle traballto,
pautando-se entao pelo rigor e clareza da analise de sllporte
as
suas c1ecisoes em plane -amento. Paralelamente, a explosiio clas t.ec-nologias cia in[ormar;ao (1'1) permitiram abrir ao Illllnicipe urn territorio cuja clispon i-bilidade dos forrnatos analogicos apenas reservava para os agentes mais di rectHmente
implicaclos ou areClae/OS pelo processo dr
planearnento lerritorial. A participa\,ao
publica ve-se assirn reforr;ada desde que devidamente acompanhada pela l1lobiliza\,ao do eidaclao para as novas Tl, acesso nos sells reClIrsos, e scnsibiliza(:ao para os temas cuja
natureza diz dil'ectalllellte respeito ao cida -ciao enquanto parte de um colectivo.
Os recentes avan\:.os nas tecnologias de
reconbecimento e ana.lise territorial permit.ern
intJ'oLiuzirllovidacles substfmcias nn ges1ao do
processo de utiliza\:.a.o do territorio. A rnollilo-riza\,.iio pode agora ser constallte. permit illdo Ullla recolba de daclos adequada a extra pola-\,oes temporais de curto, lIledio e longo prazo; podera ainda., e com rigor, integrar escalas espaciais mais detalhadas, COIlIO as unidades
operaciona is., Oll i ntegrar escalas espaci ais
PODlR lOCAl
52
os
S
I
C
dos mllniclpios vizinhos., equacionan-do entao melhor as lIecessicladcs do Concelho
intcgrado nUrIla mall'w territorial coerente. 0
ceml.rio de plancamcnLo poclc cntao ser cons
-lanleflll'nle moni(orizado., obviancio circu
n-IlluilO npertacias, pocierao lornar-sc tanto dispendiosas COIllO rasLidiosas, como ainda
prJ"Jllitir Ll'JltCly()CS oportullislas de cspeclll a-C;ao COIl1 solo publico para obtcnr;ao
d
e
fun
-dos a c.urto prazo.PODfR lOCAl