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Exm.º Sr. Director Geral da Agência Portuguesa do Ambiente. Agência Portuguesa do Ambiente. Rua da Murgueira 9/9A Zambujal Amadora

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Ao

Exm.º Sr. Director Geral da Agência Portuguesa do Ambiente Doutor António Gonçalves Henriques Agência Portuguesa do Ambiente Rua da Murgueira 9/9A

Zambujal

2611-865 Amadora

Assunto: Consulta Pública no âmbito de Processo de Avaliação de Impacte Ambiental n.º 1939 da Agência Portuguesa do Ambiente

Parecer da Secção Regional do Sul da Ordem dos Arquitectos

Exm.º Sr. Director Geral da Agência Portuguesa do Ambiente Doutor António Gonçalves Henriques

No contexto da Consulta Pública ao Estudo de Impacte Ambiental da Ligação Ferroviária de Alta Velocidade, Via Terceira Travessia do Tejo no Corredor Chelas - Barreiro - Modos Ferroviário e Rodoviário, junto se anexa Parecer da Secção Regional do Sul da Ordem dos Arquitectos, para que conste do respectivo relatório, nos termos do Decreto-Lei n.º69/2000, de 3 de Maio, alterado pelo Decreto-Lei n.º197/2005, de 8 de Novembro.

Com os melhores cumprimentos,

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Parecer da Secção Regional do Sul da Ordem dos Arquitectos, sobre o Estudo de Impacte Ambiental, em fase de Consulta Pública.

Ligação Ferroviária de Alta Velocidade, Via Terceira Travessia do Tejo no Corredor Chelas - Barreiro - Modos Ferroviário e Rodoviário

Objecto

O presente documento foi aprovado por deliberação da 17.ª reunião plenária do Conselho Directivo Regional do Sul da Ordem dos Arquitectos e é redigido no contexto da Consulta Pública ao Estudo de Impacte Ambiental da Ligação Ferroviária de Alta Velocidade, Via Terceira Travessia do Tejo no Corredor Chelas – Barreiro – Modos Ferroviário e Rodoviário. Foram considerados, para a redacção deste parecer, o Estudo de Impacte Ambiental (EIA), o Estudo Prévio do projecto anexo, e o resumo não técnico do EIA. A Secção Regional do Sul fez-se representar na sessão de esclarecimento prestada pela RAVE - Rede Ferroviária de Alta Velocidade S.A. na Agência Portuguesa do Ambiente, a 17 de Novembro de 2008.

Âmbito

Constituem o âmbito deste parecer:

- as considerações sobre factores omissos no Estudo de Impacte Ambiental; - a apreciação do Estudo de Impacte Ambiental;

- a apreciação do Estudo Prévio do projecto, anexo ao Estudo de Impacte Ambiental.

Enquadramento da Ordem dos Arquitectos

A Ordem dos Arquitectos tem como competência, consagrada no seu estatuto, a contribuição para a defesa e promoção da arquitectura. A Ligação Ferroviária de Alta Velocidade, Via Terceira Travessia do Tejo no Corredor Chelas – Barreiro – Modos Ferroviário e Rodoviário, adiante designada por Terceira Travessia do Tejo, além de se constituir como via de comunicação de escala nacional, é também uma infra-estrutura com impacte físico no território e no meio urbano. É sobre este impacte que se debruça este parecer, entendendo que Estado deve ser exemplar na promoção da qualidade dos sistemas urbanos, do espaço público e do património construído, tal como é disposto na alínea e) do art.º 9.º da Constituição da República Portuguesa.

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A Terceira Travessia do Tejo consubstanciará a primeira ponte, em democracia, a ligar duas margens do estuário em espaço urbano consolidado e com valores patrimoniais. Considerando que está em causa o interesse público, mas também o bem-estar da população, pelo direito a habitar e fruir o território, a introdução de conclusões neste projecto provenientes da participação pública será a prova de que vivemos num Estado democrático maduro.

Ficha Técnica do EIA

A Secção Regional Sul da Ordem dos Arquitectos representa mais de 10.000 arquitectos, inscritos no seu território. De acordo com o seu estatuto, o Decreto-Lei 176/98, de 3 de Julho, os actos próprios da profissão de arquitecto consubstanciam-se em estudos, projectos, planos e actividades de consultoria, gestão e planificação, coordenação e avaliação, reportadas ao domínio da arquitectura, o qual abrange a edificação, o urbanismo, a concepção e desenho do quadro espacial da vida da população, visando a integração harmoniosa das actividades humanas no território, a valorização do património construído e do ambiente.

Consta no EIA que, em relação à estrutura da ponte da Terceira Travessia do Tejo, “o modelo demonstra uma preocupação em termos estéticos, plásticos e arquitectónicos”. Não se verifica, no entanto, a inscrição de nenhum arquitecto na ficha técnica do EIA e do Estudo Prévio.

Tendo em conta o exposto e considerando que a intervenção do arquitecto é obrigatória na elaboração ou avaliação dos projectos e planos no domínio da arquitectura, lamenta-se a ausência de arquitectos na elaboração do EIA e do Estudo Prévio anexo.

Breve descrição do Projecto

A Terceira Travessia do Tejo é uma infra-estrutura que reúne as valências de circulação rodoviária, circulação ferroviária de alta velocidade e circulação ferroviária convencional, unindo as duas margens do rio, entre o Beato, em Lisboa, e o Lavradio, no Barreiro.

Formaliza um eixo rodoviário que parte da Av. do Santo Condestável e que se prolonga até ao IC21. Em termo de circulação ferroviária convencional, faz ligação da Linha de Cintura, entre Chelas e Braço de Prata à Linha do Alentejo, proveniente do Barreiro. A circulação ferroviária de alta velocidade atravessará a ponte proveniente da estação do Oriente, e na margem sul, terá um trajecto que segue o eixo rodoviário para se tornar paralelo à Linha do Alentejo.

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A ponte que estabelece a travessia parte de um viaduto da zona da Madredeus, até à cota máxima de 67 metros, sobre o Canal do Cabo Ruivo, e que prolonga até ao recinto da Quimiparque. Tem um comprimento total de 6700 metros, para um vão máximo de 540 metros. As torres que a suportam têm uma altura de 198 metros, superior à da Ponte 25 de Abril (190 metros).

Factores Omissos no EIA

É de assinalar a ausência de descritores para avaliação do impacte sobre o espaço público urbano e dos danos causados ao edificado existente. No EIA é avaliado o impacte de acordo com os descritores geologia e geomorfologia, águas superficiais, águas subterrâneas, uso dos solos, aspectos socio-económicos, ordenamento do território, resíduos, qualidade do ar, ruído, ecologia, paisagem e património. Considerando que as duas amarrações da travessia, e consequentes acessos para rodovia, ferrovia convencional e ferrovia de alta velocidade, se implantam em áreas urbanas consolidadas, não se encontra neste EIA forma de ponderação dos efeitos da Terceira Travessia do Tejo sobre condições específicas de meios urbanizados.

Embora façam parte do resumo não técnico do EIA imagens de síntese tridimensionais dos nós de entroncamento dos acessos rodoviários, ferroviários e ferroviários de alta velocidade na ponte, não é apresentado qualquer estudo sobre o assentamento dos pilares dos viadutos, e da ponte, sobre as áreas urbanas.

Neste contexto, não é considerado nenhum estudo sobre o impacte das descontinuidades urbanas causadas pelos acessos à ponte em áreas com problemas existentes de espaço público, como é caso da freguesias de Marvila e Beato.

Tendo em conta que o principal acesso rodoviário à ponte se efectua pela Av. Santo Condestável, não é apresentado nenhum estudo que pondere a transformação de um via urbana (avenida) numa via de circulação rodoviária de alta velocidade com faixa separadora central (via rápida), com as consequências que esta condição terá na segurança rodoviária.

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Não é apresentado nenhum estudo de tráfego que avalie o impacto do número de veículos que terão acesso directo a áreas da cidade já congestionadas, como a rotunda de Entrecampos e a Praça do Areeiro, através do nó da Madredeus, ou do nó da Bela Vista.

Apreciação do EIA

Considera-se insuficiente a análise efectuada relativamente ao impacte paisagístico, de carácter apenas quantitativo, efectuada na sequência da elaboração de cartas de visibilidade.

É o próprio EIA que assume que “a implantação de uma infra-estrutura com a envergadura da nova travessia dá sempre origem a transformações consideráveis na paisagem”, acrescentando que a “conjugação das características inerentes à paisagem com o projecto ditam a constituição de uma nova paisagem”.

Deste pressuposto, não se pode esperar que a avaliação do impacte paisagístico decorra apenas da aferição, no estuário, dos níveis de imposição visual da nova travessia, admitindo-se a fusão dos seus acessos com a imagem urbana da cidade. O EIA não tem em conta as implicações locais de estruturas com treliças com 12 metros e taludes com mais de 20 metros.

Conferiram-se discrepâncias entre os elementos gráficos apresentados (fotomontagens) e os perfis longitudinais da infra-estrutura, sendo que se lamenta a ausência desta peça desenhada no Resumo Não Técnico, por se entender que é um elemento de compreensão universal para avaliação da obra.

Prevendo o Estudo Prévio a intensiva utilização de painéis resilientes para diminuição do impacte do ruído aéreo sobre as espaços envolventes, a imagem destes objectos na paisagem não é considerado no estudo. Também não é apresentada nenhuma medida para harmoniosa articulação destes dispositivos com a paisagem, ou recurso a áreas verdes e modelação de terreno para atenuação do ruído.

Em relação ao património, registamos como principal impacte do projecto da Terceira Travessia do Tejo, a intervenção no antigo Convento das Grilas (sob a linha ferroviária) e a interferência no área de protecção do Convento de Chelas/Convento de St.ºAgostinho (37 metros), classificado

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como Monumento Nacional. O EIA apresenta fotomontagens da sobreposição da ponte aos edifícios do Convento do Grilo (Imóvel de Interesse Público) e do Palácio do Duque de Lafões (em Vias de Classificação), sob a sombra do seu tabuleiro. Não se considera que o EIA avalie de forma válida o enquadramento urbano e paisagístico dos referidos monumentos, pelo não pode ser garantida em sede de Projecto de Execução a salvaguarda dos valores patrimoniais inventariados.

Apreciação do Estudo Prévio do Projecto

O EIA tem em anexo o Estudo Prévio do Projecto da infra-estrutura ferroviária, rodoviária e das obras de arte que consubstanciarão a Terceira Travessia do Tejo. Este Estudo Prévio constituirá o caderno de encargos de concurso para obtenção de uma Parceria-Público-Privada (PPP) para projecto, construção e exploração da Terceira Travessia do Tejo.

O principal ónus do Estudo Prévio apresentado reside no facto de não serem explícitos projectos de enquadramento paisagístico, compatibilização dos eixos rodoviários com o espaço público ou adaptação da malha urbana aos acidentes causados pela implantação da ponte.

A título de exemplo, cabe-nos referir, que o perfil tipo de viaduto em áreas urbanas, previsto no Estudo Prévio, apresenta uma faixa para circulação pedonal de 1,5 metros, que na cidade de Lisboa não é compatível com o Regulamento da Municipal para a Promoção da Acessibilidade e Mobilidade Pedonal.

Por fim, considera-se que, embora o modelo de PPP possa ser apropriado para infra-estruturas rodoviárias ou ferroviárias, o impacte do projecto obriga a elaboração de planos de âmbito urbanístico, para que este tipo de contratos não estão vocacionados. Uma PPP faz concorrer sobre o promotor da obra a sua exploração, construção e concepção, pelo que é do seu encargo o desenvolvimento do Projecto de Execução. É do nosso entendimento que uma PPP com esta finalidade (Terceira Travessia do Tejo) não tem no seu objecto o desenvolvimento de projectos específicos de enquadramento urbano, podendo daí advir pesados prejuízos para a cidade de Lisboa.

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Conclusões

A Carta de Leipzig sobre as Cidades Europeias Sustentáveis é um documento subscrito em Maio de 2007 pelos ministros da União Europeia que tutelam o desenvolvimento urbano e a coesão territorial. No seu texto recomenda-se a criação de espaços públicos de qualidade e a modernização das redes de infra-estruturas como forma de melhorar “a qualidade do local de implantação e do ambiente”.

É o parecer da Secção Regional do Sul da Ordem dos Arquitectos que a Terceira Travessia do Tejo tem impactes nas cidades de Lisboa e do Barreiro que vão além da imposição física da sua infra-estrutura, pelo que serão absolutamente necessários projectos de enquadramento urbanistico para promoção da qualidade dos locais de implantação, tal como definido na Carta de Leipzig.

Além de serem ausentes do Estudo Prévio estes instrumentos de planeamento, o procedimento de Parceria-Público-Privada não é o mais indicado para a promoção de uma obra de âmbito urbano.

Efectivamente, considera-se que o projecto da Terceira Travessia do Tejo deveria estar enquadrado num Programa de Acção Territorial estabelecido em parceria pela RAVE SA, pela Câmara Municipal do Barreiro e Câmara Municipal de Lisboa. Deste modo, poderia garantir-se com maior acuidade, não apenas a execução da obra pública, mas igualmente a elaboração dos necessários planos municipais que salvaguardam a adequada integração a infra-estrutura no tecido urbano consolidado e que potenciem a regeneração urbana dos tecidos obsoletos.

Em sede de EIA foi verificado que é insuficiente a avaliação feita segundo o descritor Paisagem e que há impactes negativos sobre Património, nomeadamente no Convento de Chelas, classificado como Monumento Nacional.

Também se verifica a ausência de um descritor no EIA para avaliação do impacte no espaço público urbano, concluindo-se que os critérios deste estudo são desadequados para áreas urbanas. Não é igualmente avaliado o impacte do acréscimo da circulação rodoviária em áreas centrais da cidade.

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Num projecto de tamanha importância e de promoção feita pelo próprio Estado, que faz jus no seu governo ao plano para permeabilidade à evolução tecnológica e às possibilidades oferecidas pelas vias electrónicas, lamenta-se que a Consulta Pública ao Estudo de Impacte Ambiental não contemple qualquer mecanismo de participação por via electrónica, além da disponibilização do Resumo Não Técnico do EIA no sítio da internet da Agência Portuguesa do Ambiente.

Face ao exposto, e verificando-se que o Estudo de Impacte Ambiental não apresenta cenários alternativos sobre as questões levantadas, não se considera que haja condições de salvaguarda para implementação imediata do Estudo Prévio em apreço.

Referências

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