• Nenhum resultado encontrado

InfoEmagis em Pauta Informativo STJ 567. Súmula Segunda Seção

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "InfoEmagis em Pauta Informativo STJ 567. Súmula Segunda Seção"

Copied!
7
0
0

Texto

(1)

Ao ler este material de apoio, assista também ao vídeo e ouça o áudio da aula acessando https://www.youtube.com/watch?v=x0ptb4h-pHg&list=PLg2nr-wHQGu3t1nLtMH4iPLNvUrtvaDm-&index=15

InfoEmagis em Pauta | Informativo STJ 567

Rodada 1.

Prof. Flávio Borges

Súmula – Segunda Seção SÚMULA 544

É válida a utilização de tabela do Conselho Nacional de Seguros Privados para estabelecer a proporcionalidade da indenização do seguro DPVAT ao grau de invalidez também na hipótese de sinistro anterior a 16/12/2008, data da entrada em vigor da Medida Provisória n. 451/2008. Segunda Seção, aprovada em 26/8/2015, DJe 31/8/2015.

Comentários.

A questão sumulada pelo Superior Tribunal de Justiça diz respeito à possibilidade das tabelas do Conselho Nacional de Seguros Privados para o pagamento das indenizações por invalidez parcial decorrentes de acidentes de trânsito — seguro DPVAT.

A controvérsia surgiu porque não havia, antes da MP 451/2008, transformada na L. 11.945/2009, a previsão legislativa de tabela contendo critérios para o pagamento de indenizações proporcionais ao grau de invalidez, o que fazia com que os tribunais de apelação determinassem muitas vezes o seu adimplemento no teto.

A Corte, porém, considerou válida, para os acidentes ocorridos antes da MP 451/2008, a utilização da tabela do Conselho Nacional de Seguros Privados, ao entendimento de que esse órgão possuía poder normativo para assim atuar, inclusive com autorização constitucional (Decreto-Lei 73/66; art. 25 do ADCT).

O STJ ainda considerou a necessidade de existirem critérios objetivos para o cálculo dessa indenização proporcional, pena mesmo de gerar-se uma prejudicial insegurança

(2)

2

jurídica não apenas para as seguradoras, mas, sobretudo, para as vítimas dos acidentes.

Prof. Felipe Cadete

Súmula – Segunda Seção SÚMULA 543

Na hipótese de resolução de contrato de promessa de compra e venda de imóvel submetido ao Código de Defesa do Consumidor, deve ocorrer a imediata restituição das parcelas pagas pelo promitente comprador - integralmente, em caso de culpa exclusiva do promitente vendedor/construtor, ou parcialmente, caso tenha sido o comprador quem deu causa ao desfazimento. Segunda Seção, aprovada em 26/8/2015, DJe 31/8/2015.

Comentários.

Com a recente expansão do crédito imobiliário e com a valorização do preço dos imóveis em todo o Brasil, os contratos de promessa de compra e venda de imóvel entre particulares e construtoras tornou-se tema corriqueiro do cotidiano, com os conflitos resultantes do contrato, em especial no instante do desfazimento da relação. Relembramos a doutrina dominante (TARTUCE, Flávio. Direito civil, Volume 3. 2. ed. São Paulo: Método, 2007, p. 222) que toma o termo ‘rescisão’ como gênero, que abarca tanto o desfazimento por ‘resolução’ (extinção do contrato por descumprimento) como por ‘resilição’ (dissolução por vontade bilateral ou unilateral, quando admissível em lei).

Após intensa controvérsia jurisprudencial, o STJ pacificou a matéria da devolução dos valores por ocasião do desfazimento da promessa de compra e venda. Destacamos notícia de julgamento do Informativo 533 do STJ:

Segunda Seção

DIREITO DO CONSUMIDOR. ABUSIVIDADE DE CLÁUSULA DE CONTRATO DE PROMESSA DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL. RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC E RES. 8/2008-STJ).

Em contrato de promessa de compra e venda de imóvel submetido ao CDC, é abusiva a cláusula contratual que determine, no caso de resolução, a restituição dos valores devidos somente ao término da obra ou de forma parcelada, independentemente de qual das partes tenha dado causa ao fim do negócio. (...) Nessa linha, a jurisprudência do STJ vem proclamando serem abusivas situações como a ora em análise, por ofensa ao art. 51, II e IV, do CDC, haja vista que poderá o promitente vendedor, uma vez mais, revender o imóvel a terceiros e, a um só tempo, auferir vantagem com os valores retidos, além da própria valorização do imóvel, como normalmente acontece. Se bem analisada, a referida cláusula parece abusiva mesmo no âmbito do direito comum, porquanto, desde o CC/1916 – que foi reafirmado pelo CC/2002 –, são ilícitas as cláusulas puramente potestativas, assim entendidas aquelas que sujeitam a pactuação "ao puro arbítrio de uma das partes" (art. 115 do CC/1916 e art. 122 do CC/2002). Ademais, em hipóteses como esta, revela-se evidente potestatividade, o que é considerado abusivo tanto pelo art. 51, IX,

(3)

3

do CDC quanto pelo art. 122 do CC/2002. A questão relativa à culpa pelo desfazimento da pactuação resolve-se na calibragem do valor a ser restituído ao comprador, não pela forma ou prazo de devolução. Tese firmada para fins do art. 543-C do CPC: “Em contratos submetidos ao Código de Defesa do Consumidor, é abusiva a cláusula contratual que determina a restituição dos valores devidos somente ao término da obra ou de forma parcelada, na hipótese de resolução de contrato de promessa de compra e venda de imóvel, por culpa de quaisquer contratantes. Em tais avenças, deve ocorrer a imediata restituição das parcelas pagas pelo promitente comprador – integralmente, em caso de culpa exclusiva do promitente vendedor/construtor, ou parcialmente, caso tenha sido o comprador quem deu causa ao desfazimento.” Precedentes citados: AgRg no Ag 866.542-SC, Terceira Turma, DJe 11/12/2012; REsp 633.793-SC, Terceira Turma, DJ 27/6/2005; e AgRg no REsp 997.956-SC, Quarta Turma, DJe 02/8/2012. REsp 1.300.418-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 13/11/2013.

Destacamos ainda o art. 51, II, IV, do CDC e art. 122 do CC:

Art. 51 do CDC. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:

II - subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga, nos casos previstos neste código;

IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a eqüidade;

Art. 122 do CC. São lícitas, em geral, todas as condições não contrárias à lei, à ordem pública ou aos bons costumes; entre as condições defesas se incluem as que privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao puro arbítrio de uma das partes.

Visto isso, analisemos algumas conclusões:

Independentemente de qual das partes tenha dado causa à rescisão do negócio jurídico, é abusiva cláusula contratual que determine a restituição dos valores pagos pelo promitente comprador somente ao término da obra ou de forma parcelada

Para o STJ a devolução dos valores deve ser imediata e de uma só vez, sendo abusivas as cláusulas contratuais que imponham a restituição de modo parcelado e/ou apenas quando da entrega da obra. A culpa pelo desfazimento da pactuação influencia na calibragem do valor a ser restituído ao comprador, não pela forma ou prazo de devolução.

Na visão do STJ tal cláusula afigurar-se-ia potestativa, sujeitando a pactuação ao puro arbítrio de uma das partes, prática que seria vedada pelo art. 122 do CC. Ademais, o construtor auferiria desproporcional vantagem econômica, pois poderia revender imediatamente o imóvel, sem assegurar ao consumidor a fruição do dinheiro investido. Destacamos precedente do STJ:

(4)

4

AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. CONTRATO DE COMPRA E VENDA. RESCISÃO. MOMENTO DE DEVOLUÇÃO DAS PARCELAS PAGAS. DECISÃO MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS.

1. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é firme no sentido de que há enriquecimento ilícito da incorporadora na aplicação de cláusula que obriga o consumidor a esperar pelo término completo das obras para reaver seu dinheiro, pois aquela poderá revender imediatamente o imóvel sem assegurar, ao mesmo tempo, a fruição pelo consumidor do dinheiro ali investido.

(...)

(AgRg no Ag 866542/SC, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 04/12/2012, DJe 11/12/2012)

A resilição do contrato pelo promitente comprador por impossibilidade econômica de continuidade no adimplemento de futuras prestações autoriza a retenção de percentual razoável sobre a restituição dos valores pagos ao promitente vendedor a título de indenização.

A situação retratada é bastante comum e geralmente ocorre quando o consumidor adquire imóvel como um investimento, mas não consegue revendê-lo para outrem com lucro, em vista de não conseguir um valor de revenda superior ao que pagou pelo imóvel juntamente com os encargos de financiamento (vulgo “ágio”) e se vê sem dinheiro para continuar arcar com as futuras prestações mensais.

Nesta situação, o STJ entende que há direito à resilição unilateral do contrato pelo consumidor, impondo-se a imediata devolução dos valores já pagos e de uma só vez. No entanto, como o fornecedor não teve culpa, assiste-lhe o direito de reter parte dos valores a título de indenização. A jurisprudência não estabelece a priori um percentual, que variará de acordo com as particularidades de cada caso, mas o STJ tem fixado o percentual de retenção entre 10 e 25%:

AGRAVO REGIMENTAL. DIREITO CIVIL. CONTRATO DE PROMESSA DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL. RESOLUÇÃO. RETENÇÃO DE PARTE DO VALOR PAGO.

POSSIBILIDADE. PERCENTUAL. 10% A 25% SOBRE AS PARCELAS APORTADAS.

INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7. AGRAVO QUE NÃO IMPUGNA O FUNDAMENTO CENTRAL DA DECISÃO AGRAVADA. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 182/STJ. (...)

2. Esta Corte Superior, à luz de precedentes firmados pela Segunda Seção, entende que "o compromissário comprador que deixa de cumprir o contrato em face da insuportabilidade da obrigação assumida tem o direito de promover ação a fim de receber a restituição das importâncias pagas" (EREsp 59870/SP, Rel. Ministro BARROS MONTEIRO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 10/04/2002, DJ 09/12/2002 p. 281).

3. Porém, o percentual a ser retido pelo vendedor, bem como o valor da indenização a ser paga como contraprestação pelo uso do imóvel, são fixados à luz das particularidades do caso concreto, razão pela qual se mostra inviável a via do recurso especial ao desiderato de rever o quantum fixado nas instâncias inaugurais de jurisdição (Súmula 07).

(5)

5

4. Tendo em vista que o valor de retenção determinado pelo Tribunal a quo (10% das parcelas pagas) não se distancia do fixado em diversas ocasiões por esta Corte Superior (que entende possível o valor retido flutuar entre 10% a 25%), o recurso especial não prospera.

5. Recurso não provido.

(AgRg no REsp 1110810/DF, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 03/09/2013, DJe 06/09/2013)

Contudo, a resolução do contrato por inadimplência do promitente vendedor não autoriza a retenção de quaisquer percentuais na restituição dos valores pagos ao promitente vendedor a título de indenização.

Quando a extinção se dá por culpa da construtora (ex. atraso injustificado na entrega, não execução da obra) e há a resolução do contrato, a restituição dos valores pagos pelo promitente comprador deve ser integral e monetariamente corrigida, sem prejuízo de eventual indenização em perdas e danos.

É dizer, quando a culpa é do promitente vendedor, inexiste direito de retenção de valores, que devem ser devolvidos imediatamente e de uma só vez. Destacamos precedente:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. PROMESSA DE COMPRA E VENDA. BEM IMÓVEL. INADIMPLÊNCIA DA CONSTRUTORA. RETENÇÃO DE VALORES. IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES.

1. O acórdão proferido pelo Tribunal estadual decidiu a controvérsia em consonância com a jurisprudência desta Corte que pacificou-se no sentido de considerar que, nos casos em que o rompimento do contrato de promessa de compra e venda se deu por inadimplência da construtora, e não do adquirente, afigura-se indevida qualquer retenção de parcela do preço pago.

2. Agravo regimental a que se nega provimento.

(AgRg no REsp 912.983/ES, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 23/10/2012, DJe 30/11/2012)

Em obiter dictum, o mesmo entendimento seria aplicável também aos contratos entre iguais, que não sejam de consumo, por força do art. 122 do CC que veda cláusulas potestativas.

Por fim, lembramos que as promessas de compra e venda sobre imóveis, mesmo que de valor superior a 30 salários mínimos podem ser avençadas através de instrumento particular, conforme autorização dos arts. 462 e 1.417 do CC, normas especiais em relação ao art. 108, que impõe genericamente a forma pública aos contratos que envolvam imóveis em geral.

Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País.

(6)

6

Art. 462. O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado.

Art. 1.417. Mediante promessa de compra e venda, em que se não pactuou arrependimento, celebrada por instrumento público ou particular, e registrada no Cartório de Registro de Imóveis, adquire o promitente comprador direito real à aquisição do imóvel.

Prof. Gabriel Brum

Súmulas SÚMULA 542

A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada. Terceira Seção, aprovada em 26/8/2015, DJe 31/8/2015.

Comentários.

O verbete sumular em comento envolve a interpretação da chamada "Lei Maria da Penha" (Lei 11.340/06), mais exatamente no que tange ao caráter da ação penal - se pública condicionada à representação ou se pública incondicionada - nos casos de crime de lesão corporal resultante de violência doméstica contra a mulher.

A grande controvérsia envolve o art. 41 da Lei 11.340/06, segundo o qual "Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995", bem como o art. 88 da Lei 9.099/95, que apregoa que "dependerá de representação a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas".

O STJ havia firmado posicionamento, no julgamento de recurso especial repetitivo, de que o art. 41 da Lei Maria da Penha não teria o condão de afastar a aplicabilidade do art. 88 da Lei 9.099/95. O argumento central acolhido era o de que a teleologia do referido art. 41 seria tão somente afastar a aplicação das medidas despenalizadoras dispostas na Lei 9.099/95, de sorte que não conjuraria, portanto, a incidência do aludido art. 88. É dizer, entendera o STJ, inicialmente, que, em caso de lesões corporais leves ou culposas, mesmo quando resultantes de violência doméstica contra a mulher, a ação penal seria pública condicionada à representação da vítima.

Houve grande crítica a esse posicionamento do STJ. Chamado a se pronunciar, o STF, em sede de controle concentrado de constitucionalidade - ADI 4424 e ADC 19 -, declarou constitucional o art. 41 da Lei 11.340/06 e assentou a interpretação segundo a qual o seu alcance afasta inclusive a observância ao art. 88 da Lei 9.099/95. Como não poderia deixar de ser, o STJ curvou-se a esse posicionamento e passou a entender que "A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada", tese consolidada na súmula ora em exame.

(7)

7

Referências

Documentos relacionados

Coeficiente de partição n-octanol/água Não determinado por ser considerado não relevante para a caracterização do produto Temperatura de auto-ignição Não determinado por

Para fins de análise, definiu-se a institucionalização da AF municipal como um processo social, político e técnico-administrativo que se expressa na criação de estruturas formais

•   O  material  a  seguir  consiste  de  adaptações  e  extensões  dos  originais  gentilmente  cedidos  pelo 

No código abaixo, foi atribuída a string “power” à variável do tipo string my_probe, que será usada como sonda para busca na string atribuída à variável my_string.. O

É necessária, portanto, uma escola mais voltada para a vida, que permite o enriquecimento da experiência vivida dos jovens pelo contato com o que não é dela.. Modalidade do

Assunção, 2004: a Fundação Celestina Pérez de Almada e a Mesa Memória Histórica e Arquivos da Repressão, ao lado de outras organizações, transformam um dos principais centros

Mas antes desse recrudesci- mento da ditadura, naquele ano que não acabou, como descre- veria mais tarde Zuenir Ventura, mais precisamente às 18h20 do dia 28 de março de 1968, um

Diante dessas ponderações, a conclusão acerca da natureza da verba em questão nos julgamentos da Pet 7.296-PE e do REsp 1.230.957-RS, por si só, não infirma a hipótese de