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A Homossexualidade. Vivência e convivência.

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Academic year: 2021

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Janete de Azambuja Correa, Bacharel em Direito, Funcionária Pública Federal, trabalhadora do Instituto Espírita Terceira Revelação Divina, Bairro Camaquã, Porto Alegre, RS.

A Homossexualidade. Vivência e convivência.

Vivemos numa época em que são inúmeros os artigos, publicações, documentários e livros que nos dão notícias e informações acerca das formas de manifestação da sexualidade, haja vista a fase de turbulência em torno da identidade de gênero que vive a humanidade.

Algumas dessas notícias trazem interpretações distorcidas e tendenciosas de obras espíritas clássicas.

Circulam nas redes sociais entendimentos pessoais acerca do assunto, com a conotação de verdade absoluta, permeados de nomes de médiuns ou espíritos de renome, na tentativa de dar ênfase e credibilidade à opinião particular do divulgador do assunto.

Vejamos, inicialmente, que quando nascemos possuímos uma conotação sexual, sob a ótima e análise biológica, pertencendo ao sexo masculino ou ao sexo feminino. Entenda-se que estamos falando de um corpo físico com órgãos sexuais masculinos ou um corpo físico com órgãos sexuais femininos, caracterizando-se, por esse corpo, a primeira apresentação do gênero ao qual pertencemos, afinal, não seria racional deixarmos a identificação sexual a posteriori.

Em raros casos, nascem seres humanos hermafroditas, ou seja, com órgãos sexuais masculinos e femininos ao mesmo tempo.

No aspecto físico, nascemos com a sexualidade definida, sendo recebidos e identificados pela sociedade como uma criança do sexo masculino ou feminino e, assim, sendo identificados como meninos ou meninas. Tal definição, na maioria dos casos, também se reflete no aspecto psicológico e emocional do indivíduo, que começa a se desenvolver na condição de homem ou mulher. Contudo, há exceções.

A questão requer estudo e apreciação séria, pois temos notícias da homossexualidade desde a antiguidade.

As opiniões pessoais pouco nos ajudam a entender o assunto, haja vista que, ao falar sobre essa questão, externamos conceitos que decorrem das nossas crenças, paradigmas e escolhas pessoais e familiares.

No Evangelho Segundo o Espiritismo encontramos a palavra "sexos" somente no capítulo XXII, no que se refere ao casamento, nas seguintes citações:

2. Imutável só há o que vem de Deus. Tudo o que é obra dos homens está sujeito à mudança. As Leis da Natureza são as mesmas em

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Janete de Azambuja Correa, Bacharel em Direito, Funcionária Pública Federal, trabalhadora do Instituto Espírita Terceira Revelação Divina, Bairro Camaquã, Porto Alegre, RS.

todos os tempos e em todos os países. As leis humanas mudam segundo os tempos, os lugares e o progresso da inteligência. No casamento, o que é de ordem divina é a união dos sexos, para que se opere a substituição dos seres que morrem; mas as condições que regulam essa união são de tal modo humanas, que não há, no mundo inteiro, nem mesmo na cristandade, dois países onde elas sejam absolutamente idênticas, e nenhum onde não hajam, com o tempo, sofrido mudanças. (...)

3. Mas, na união dos sexos, a par da Lei divina material, comum a todos os seres vivos, há outra Lei divina, imutável como todas as Leis de Deus, exclusivamente moral: a lei de amor. (...)

No Livro dos Espíritos, encontramos as seguintes manifestações, nas questões 200 a 202, 700 e 822:

200. Têm sexos os Espíritos?

“Não como o entendeis, pois que os sexos dependem da organização. Há entre eles amor e simpatia, mas baseados na concordância dos sentimentos.”

201. Em nova existência, pode o Espírito que animou o corpo de um homem animar o de uma mulher e vice-versa?

“Decerto; são os mesmos os Espíritos que animam os homens e as mulheres.”

202. Quando errante, que prefere o Espírito: encarnar no corpo de um homem, ou no de uma mulher?

“Isso pouco lhe importa. O que o guia na escolha são as provas por que haja de passar.”

Os Espíritos encarnam como homens ou como mulheres, porque não têm sexo. Visto que lhes cumpre progredir em tudo, cada sexo, como cada posição social, lhes proporciona provações e deveres especiais e, com isso, ensejo de ganharem experiência.

Aquele que só como homem encarnasse só saberia o que sabem os homens.

700. A igualdade numérica, que mais ou menos existe entre os sexos, constitui indício da proporção em que devam unir-se?

“Sim, porquanto tudo, em a Natureza, tem um fim.”

822. (...) Os sexos, além disso, só existem na organização física. Visto que os Espíritos podem encarnar num e noutro, sob esse aspecto nenhuma diferença há entre eles. Devem, por conseguinte, gozar dos mesmos direitos.”

No livro O Céu e o Inferno, encontramos a seguinte referência, na Segunda Parte, Capítulo II:

11. Os Espíritos não têm sexo; mas como há poucos dias éreis um

homem, desejamos saber se no vosso novo estado tendes mais da natureza masculina ou da feminina? E o mesmo que se dá convosco poder-se-á aplicar ao Espírito de longo tempo desencarnado? — R. Não temos motivo para ser de natureza masculina ou feminina: — os Espíritos não se reproduzem. Deus criou-os como quis, e tendo segundo seus maravilhosos desígnios de dar-lhes a encarnação,

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Janete de Azambuja Correa, Bacharel em Direito, Funcionária Pública Federal, trabalhadora do Instituto Espírita Terceira Revelação Divina, Bairro Camaquã, Porto Alegre, RS.

sobre a Terra, subordinou-os aí às leis de reprodução das espécies, caracterizada pela junção dos sexos. Mas vós deveis senti-lo, sem mais explicação, que os Espíritos não podem ter sexo.

Sempre disseram que os Espíritos não têm sexo, sendo este apenas necessário à reprodução dos corpos. De fato, não se reproduzindo, o sexo ser-lhes-ia inútil. A nossa pergunta não visava confirmar o fato, mas saber, visto que o Sr. Sanson desencarnara recentemente, as impressões que guardava do seu estado terreno. Os Espíritos puros compreendem perfeitamente a sua natureza, porém, entre os inferiores, não desmaterializados, muitos há que se acreditam encarnados sobre a Terra, com as mesmas paixões e desejos. Assim, pensam eles que são ainda os mesmos que foram, isto é, homem ou mulher, havendo quem por esta razão suponha ter realmente um sexo. As contradições a tal respeito são oriundas da graduação de adiantamento dos Espíritos que se manifestam, sendo o erro menos deles que de quem os interroga sem se dar ao trabalho de aprofundar as questões.

Com efeito, as obras básicas se referem à união dos sexos como Lei Divina Material necessária ao equilíbrio natural e à reprodução dos seres encarnados, mas que se deve reger pela Lei Divina do Amor, bem como à divisão proporcional dos sexos para equilíbrio da natureza, não se referindo diretamente às formas de manifestação da sexualidade. Fica bem claro, ainda, que não importa o sexo do espírito encarnado, mas a superação das provas vivenciadas.

Já o termo “homossexual” para denominação dos seres que têm relações sexuais com outros do mesmo sexo, teria surgido somente em 1869, segundo alguns autores, por criação do húngaro Karl-Maria Benkert, havendo divergências quanto a sua biografia.

No espiritismo, assim como em todas as áreas da ciência, psicologia, filosofia e religiões, têm surgido tentativas de delimitação da origem do comportamento homossexual.

No livro Sexo e Obsessão, sobressai-se o seguinte trecho, que em nada contraria as obras básicas da doutrina espírita1:

- Destituído de equipamentos sexuais, o Espírito é neutro na forma da expressão genésica, possuindo ambas as polaridades em que o sexo se expressa, necessitando, através da reencarnação, de experienciar uma como outra manifestação, a fim de desenvolver sentimentos que são compatíveis com os hormônios que produzem. Face a essa condição, assume uma ou outra postura sexual, devendo desenvolvê-la e vivenciá-la com dignificação, evitando comprometimentos que exigem retornos dolorosos ou alterações orgânicas sem a perda dos conteúdos emocionais ou psicológicos. Isto equivale dizer que, toda vez quando abusa de uma função, volta

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a vivenciá-la, a fim de recuperá-la, mediante processos limitadores, inibitórios ou castradores. Todavia, se insiste em perverter-se, atendendo mais aos impulsos do que à razão, dominado pelo instinto antes que pelo sentimento, retorna em outra polaridade que não o capacita para a sua manifestação conforme desejara, correndo o risco de canalização das energias de forma equivocada. Em assim acontecendo, o fenômeno se torna mais grave, produzindo danos perispirituais que irão exteriorizar-se em transtornos profundos da personalidade e da aparelhagem genésica. "Face aos processos evolutivos, muitos Espíritos transitam na condição homossexual, o que não lhes permite comportamentos viciosos, estando previsto para o futuro, um número tão expressivo que chamará a atenção dos psicólogos, sociólogos, pedagogos, que deverão investir melhores e mais amplos estudos em torno dos hábitos humanos e da sua conduta sexual.

O autor diz que a homossexualidade faz parte do processo evolutivo de alguns espíritos e que um número expressivo de casos está previsto para o futuro, mas não deixa clara a origem de tal situação.

Há suposições de que quando encarnamos várias vezes num corpo feminino e, após, encarnamos num corpo masculino, por exemplo, podemos ter comportamento homossexual. Todavia, não há provas efetivas sobre essa teoria, apenas suposições, com base em observações de algumas personalidades conhecidas.

Circulam nas redes sociais textos que afirmam que a homossexualidade é uma forma encontrada por Deus para controlar o aumento da população terrestre. Opinião inovadora e que, por ora, não tem nenhuma base doutrinária ou científica para comprovação. Já outros doutrinadores afirmam que a homossexualidade é prova que deve ser superada pela sublimação dos impulsos sexuais.

No Livro Vida e Sexo2, Emmanuel nos diz que:

A homossexualidade, também hoje chamada transexualidade, em alguns círculos de ciência, definindo-se, no conjunto de suas características, por tendência da criatura para a comunhão afetiva com uma outra criatura do mesmo sexo, não encontra explicação fundamental nos estudos psicológicos que tratam do assunto em bases materialistas, mas é perfeitamente compreensível, à luz da reencarnação. Observada a ocorrência, mais com os preconceitos da sociedade, constituída na Terra pela maioria heterossexual, do que com as verdades simples da vida, essa mesma ocorrência vai crescendo de intensidade e de extensão, com o próprio desenvolvimento da Humanidade, e o mundo vê, na atualidade, em todos os países, extensas comunidades de irmãos em experiência dessa espécie, somando milhões de homens e mulheres, solicitando atenção e respeito, em pé de igualdade ao respeito e à atenção

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devidos às criaturas heterossexuais. A coletividade humana aprenderá, gradativamente, a compreender que os conceitos de normalidade e de anormalidade deixam a desejar quando se trate simplesmente de sinais morfológicos, para se erguerem como agentes mais elevados de definição da dignidade humana, de vez que a individualidade, em si, exalta a vida comunitária pelo próprio comportamento na sustentação do bem de todos ou a deprime pelo mal que causa com a parte que assume no jogo da delinquência. (...)

Observadas as tendências homossexuais dos companheiros reencarnados nessa faixa de prova ou de experiência, é forçoso se lhes dê o amparo educativo adequado, tanto quanto se administra instrução à maioria heterossexual. E para que isso se verifique em linhas de justiça e compreensão, caminha o mundo de hoje para mais alto entendimento dos problemas do amor e do sexo, porquanto, à frente da vida eterna, os erros e acertos dos irmãos de qualquer procedência, nos domínios do sexo e do amor, são analisados pelo mesmo elevado gabarito de Justiça e Misericórdia. Isso porque todos os assuntos nessa área da evolução e da vida se especificam na intimidade da consciência de cada um.

De tudo que se tem observado, resta uma realidade incontestável: a vivência da homossexualidade ainda é prova de difícil superação para muitas pessoas, eis que a sociedade atual é extremamente preconceituosa, embora tente programar decisões para as quais a humanidade ainda não está preparada. É assim que alguns pregam a liberdade total como pressuposto para a igualdade de gênero, fundamentando-se no preceito do livre-arbítrio e na igualdade social entre os seres. Resta saber se a humanidade já está evoluída o suficiente para adquirir esta prerrogativa de liberdade total e se teríamos o equilíbrio necessário para fazermos essa escolha sem afetar as instituições que nos dão sustentação emocional e psicológica, bem como o nosso processo individual de evolução espiritual.

O atual cenário que se mostra à frente dos nossos olhos demonstra que os habitantes deste planeta já evoluíram muito, superaram alguns preconceitos, suavizaram seus sentimentos primitivos, romperam preconceitos decorrentes da identidade de gênero, mas encontram-se, ainda, na infância espiritual. Sabemos que na infância poucos são os que possuem condições de escolher diretrizes para a própria existência. Assim, é necessário ter cautela.

O respeito a todos os seres, heterossexuais ou homossexuais, é necessário, pois somos todos iguais perante as Leis de Deus. A igualdade entre homens e mulheres é indiscutível. Temos o direito a uma existência digna e ao exercício das escolhas individuais, todavia, nenhuma forma de vida pode ser imposta aos demais, a educação

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moral não pode ser extinta e devemos nortear nosso comportamento por linhas de respeito e seriedade. É indiscutível a igualdade, mas cuidemos para não pregar, em nome da liberdade, a desorientação emocional e a exacerbação sexual às nossas crianças e aos nossos jovens.

Cuidemos para não abalar as instituições familiares, além das dificuldades já existentes e ainda não superadas. Os espíritos crianças que habitam este planeta podem ainda não estar preparados para algumas realidades. A família necessita manter-se firme no seu papel de educadora e mantenedora emocional.

As escolhas são livres, mas cada um responderá por elas na medida em que abalou a própria existência e a vida em sociedade.

Não se derrube a igualdade adquirida entre os sexos, mas não se imponha a total liberdade inconsequente, pois a desorientação poderá causar danos milenares aos espíritos.

É tempo, com certeza, de aprendermos a respeitar aqueles que vivenciam a sexualidade com seres do mesmo sexo, haja vista que a intimidade alheia não nos diz respeito e a liberdade de cada um deve ser respeitada.

Chega o momento de aprendermos a amar indistintamente, independente de raça, classe social, opção sexual, crença ou filosofia de vida. Não há mais espaço para espíritos que violam consciências e se impõem pela violência física ou psicológica. Todavia, aqueles que estão na dura prova de vivenciar a homossexualidade, num mundo em que ainda existe preconceito e julgamento de uns aos outros, devem respeitar as Leis Divinas, vivenciando sua sexualidade com moral elevada e com respeito às regras mínimas de convivência social. Todo aquele que se perder no caminho da vaidade, da exaltação do corpo e do sexo, se afastando dos valores da caridade e do amor ao próximo, fracassará. E todos os que fracassarem no caminho da humanização necessitarão retornar ao palco terrestre, ora encarnados em corpos masculinos, ora em corpos femininos, mas talvez a identidade psicológica não se coordene com o corpo recebido, por razões que ainda não compreendemos inteiramente. Tampouco o equilíbrio emocional poderá ser preservado, acaso vacilemos na busca da exuberância física e sexual.

É preciso, então, que todos se respeitem independentemente das escolhas pessoais, desde que estas não prejudiquem aos demais. E no caso da homossexualidade, não há prejuízos, exceto quando há desrespeito à individualidade

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alheia e exacerbação da vaidade. Registre-se que a vaidade é inimiga não apenas dos homossexuais, mas de todos os seres.

Façamos uns aos outros, heterossexuais ou homossexuais, homens ou mulheres, o que gostaríamos que nos fizessem e talvez as respostas ainda não encontradas surjam naturalmente, no exercício do amor, do respeito e na vivência da simplicidade.

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