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PARTE AUTORA : INSTITUTO DE ARQUITETOS DO BRASIL DEPARTAMENTO DA BAHIA PARTE RÉ: PORTO LADEIRA DA BARRA EMPREENDIMENTO SPE LTDA.

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Academic year: 2021

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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO

SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DA BAHIA Processo N° 0027740-34.2015.4.01.3300 - 4ª VARA FEDERAL

Nº de registro e-CVD 00060.2015.00043300.1.00207/00136

PARTE AUTORA : INSTITUTO DE ARQUITETOS DO BRASIL – DEPARTAMENTO DA BAHIA

PARTE RÉ: PORTO LADEIRA DA BARRA EMPREENDIMENTO SPE LTDA. E OUTROS D E C I S Ã O

Trata-se de Ação Civil Pública movida pelo INSTITUTO DE ARQUITETOS DO BRASIL – DEPARTAMENTO DA BAHIA em face das empresas PORTO LADEIRA DA BARRA EMPREENDIMENTO SPE LTDA. e COSBAT CONSTRUÇÃO E ENGENHARIA LTDA. e do IPAC, IPHAN e MUNICÍPIO DE SALVADOR, requerendo a concessão de liminar para que seja imediatamente suspensa a execução das obras de construção do Empreendimento LA VUE LADEIRA DA BARRA, até o julgamento definitivo da presente demanda ou readequação do projeto de arquitetura às exigências de preservação do patrimônio histórico. Pediu, ainda, que fique também suspensa a comercialização das unidades durante este período, devendo ser os valores recebidos relativos àquelas já vendidas, depositado em juízo, visando a preservação do interesse dos compradores.

Alega, em síntese, que o empreendimento comercial em questão, composto de uma torre com 24 unidades habitacionais e garagens, que perfazem um total de 30 pavimentos, está sendo erguido no entorno da Ladeira da Barra, onde estão situados vários monumentos tombados pelo Governo Federal e Estadual, a exemplo da Igreja de Santo Antônio da Barra, Cemitério dos Ingleses e Outeiro de Santo Antônio da Barra, infringindo o art. 18 do Decreto nº 25/1937 (Lei do Tombamento), segundo o qual não se realizará na vizinhança da coisa tombada, construção que lhe impeça ou reduza a visibilidade, nem nela se colocará anúncios ou cartazes, sob pena de ser ordenada a destruição da obra ou a retirada do objeto.

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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO

SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DA BAHIA Processo N° 0027740-34.2015.4.01.3300 - 4ª VARA FEDERAL

Nº de registro e-CVD 00060.2015.00043300.1.00207/00136

Diz que, além de afetar a visibilidade dos monumentos tombados, o prédio residencial não se encontra em harmonia com a ambiência que os envolve.

Sustenta que as autorizações e licenças concedidas pelo IPHAN, IPAC e SUCOM foram irregulares e contrárias ao parecer inicial dado pela ETELF (Escritório Técnico de Licenças e Fiscalização), composto por membros destas instituições com a finalidade de subsidiar as decisões das mesmas. Aduz que o parecer do IPHAN contem vícios formais, inclusive porque a coordenação técnica deste órgão não poderia autorizar o inicio da construção sem antes exigir o fornecimento de elementos capazes de embasar a conclusão do órgão.

Juntou procuração e documentos.

Foi determinada a intimação dos representantes judiciais do IPAC, IPHAN e Município de Salvador para se pronunciarem sobre o pedido de liminar, no prazo de 72 (setenta e duas) horas.

O IPAC se pronunciou às fls. 226/237, alegando que sua apreciação foi direcionada aos bens que compõem o patrimônio cultural da Bahia e são objeto de proteção, não tendo o alvo de avaliar todas as conseqüências da construção sub oculis. Afirmou que em relação a estes monumentos, utilizando-se subsidiariamente o conceito de poligonal preconizado no Decreto Estadual nº 10.039/2006, não há prejuízos, e que o empreendimento não obstrui a visibilidade dos mesmos.

O Município de Salvador, por sua vez, afirmou que “agiu corretamente e que a licença é valida porque outorgada segundo o processo previsto e com previa manifestação (favorável) de todos os entes federativos competentes”.

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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO

SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DA BAHIA Processo N° 0027740-34.2015.4.01.3300 - 4ª VARA FEDERAL

Nº de registro e-CVD 00060.2015.00043300.1.00207/00136

O IPHAN afirmou que desconhece a existência de mudança do projeto após o seu parecer e antes de ser submetido à SUCOM. Defendeu a legitimidade dos seus atos e apresentou precedentes favoráveis à sua tese em casos semelhantes.

Vieram-me os autos conclusos. É o breve relatório. Decido.

II

Na análise do pleito de liminar, deve-se averiguar a existência da verossimilhança das alegações da parte autora e o perigo na demora da prestação jurisdicional.

E, no caso sub judice, entendo que nenhum dos requisitos está presente neste momento processual.

Sustenta a autora que as autorizações e licenças concedidas pelo IPHAN, IPAC e SUCOM foram irregulares e contrárias ao parecer inicial dado pela ETELF (Escritório Técnico de Licenças e Fiscalização), composto por membros destas instituições com a finalidade de subsidiar as decisões das mesmas.

Entretanto, da leitura do parecer da ETELF (fls. 108/111) infere-se que este se baseou apenas em vistoria local e “análise das legislações vigentes” para concluir que o empreendimento se encontra “a curta distância” do Outeiro de Santo Antônio da Barra e Cemitério dos Ingleses, razão pela qual agredirá a visibilidade dos mesmos. E, além da fragilidade dessa argumentação, observa-se que as subscritoras do parecer opinaram pela necessidade de ouvir o IPAC, que não possuía representante naquela instituição.

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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO

SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DA BAHIA Processo N° 0027740-34.2015.4.01.3300 - 4ª VARA FEDERAL

Nº de registro e-CVD 00060.2015.00043300.1.00207/00136

Por outro lado, ao contrário do parecer da ETELF, o parecer do IPHAN (fls. 110/121), prolatado com base no Decreto-Lei nº 25/1937 e pareceres técnicos ali citados, analisou o entorno de cada um dos monumentos tombados (sob sua responsabilidade), chegando a conclusão de que: “o morro da Mansão Mariani foi considerado no

estabelecimento da poligonal de entorno, constituindo-se como importante moldura para a paisagem do outeiro, ainda preservando sua cobertura vegetal, visível de diversos pontos da área em estudo, fazendo contraponto entre o skyline das edificações, o outeiro e a encosta, com sua confluência com o mar; trata-se de intervenção em área fora da poligonal do entorno dos bens tombados da Barra, além de estar em área com ocupação bastante heterogênea e com a presença de grandes edifícios no mesmo lado da Ladeira da Barra e na Avenida Princesa Isabel; a proximidade do empreendimento em relação aos bens tombados não é determinante para sua reprovação, dada a posição do lote, conforme demonstrado”.

Ressalte-se que as diversas fotos constantes do relatório, nas quais inclusive foi destacada a poligonal considerada, corroboram as alegações constantes do parecer do IPHAN.

Destaque-se, ainda, que a construção, pelo menos com base nas provas até então produzidas, não impede nem reduz a visibilidade dos monumentos tombados e, portanto, não fere o disposto nos arts. 17 e 18 do Decreto-lei nº 25/37.

Saliente-se, também, que o simples fato de o prédio possuir 30 pavimentos não é suficiente para afirmar que agride visualmente os monumentos tombados.

Faz-se mister destacar que o parecer do IPAC (fls. 314/315) foi também categórico ao afirmar que a construção do empreendimento é viável, devendo obedecer

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TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO

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Nº de registro e-CVD 00060.2015.00043300.1.00207/00136

aos parâmetros estabelecidos pela legislação em questão a exemplo da Legislação do Municipal de Uso e Ocupação do Solo, PDDU e outros.

Pelo exame dos documentos de fls. 272/321, juntados pelo Município de Salvador, vê-se ainda que a SUCOM analisou criteriosamente o projeto e fez exigências para sua aprovação, visando a observância àquela legislação, tendo sido as diligências – pelo menos ao que parece num exame perfunctório - cumpridas pelas construtoras.

Destaque-se, por oportuno, que além de não ter sido demonstrado que o empreendimento prejudica a visibilidade dos monumentos tombados, nem que teve seu projeto modificado após aprovação do IPHAN, a análise das fotos e plantas acostadas demonstra que a borda marítima não perderá suas características originais com supressão da sua visibilidade e beleza natural, até porque o prédio está fora da área definida como tal (Lei nº 3.525/85).

Por fim, destaque-se que em caso muito semelhante (ACP nº 2004.3188-2), julgado pela MM. Juíza da 14ª Vara desta Seção Judiciária, foi reconhecida a legalidade da construção do empreendimento denominada Yatch Privilege Residence, que se encontra mais próximo dos bens tombados, em local mais alto, e possui 18 pavimentos, composto por 90 unidades habitacionais, um restaurante e duas lojas.

Quanto ao periculum in mora, tendo em vista o estado inicial da obra e a possibilidade de sua paralisação e/ou demolição, caso venham a ser constatadas irregularidades insanáveis, entendo também ausente.

III

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TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO

SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DA BAHIA Processo N° 0027740-34.2015.4.01.3300 - 4ª VARA FEDERAL

Nº de registro e-CVD 00060.2015.00043300.1.00207/00136

Citem-se os réus.

Intime-se o Ministério Público Federal. Int.

Salvador,15 de setembro de 2015

Cláudia da Costa Tourinho Scarpa Juíza Federal da 4ª Vara

Referências

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