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ANÁLISE DOS CUSTOS DE PRODUÇÃO DE ALGODÃO DE FIBRAS COLORIDAS SOB REGIME DE IRRIGAÇÃO, NO ESTADO DA PARAÍBA.

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ANÁLISE DOS CUSTOS DE PRODUÇÃO DE ALGODÃO DE FIBRAS COLORIDAS SOB REGIME DE IRRIGAÇÃO, NO ESTADO DA PARAÍBA.

Joffre Kouri (Embrapa Algodão / joffre@cnpa.embrapa.br), Luiz Paulo de Carvalho (Embrapa Algodão), Demóstenes Marcos Pedrosa de Azevedo (Embrapa Algodão), Sebastião Lemos de Sousa (Embrapa Algodão)

RESUMO - O Nordeste desponta como nicho propício para o cultivo do algodoeiro de fibras coloridas.

A região poderá se tornar um grande centro produtor deste tipo de algodão, pois aí predomina a agricultura familiar, com abundância de mão-de-obra, detendo um dos mais baixos custos de produção do país, solos e clima propícios. Devido o aumento da demanda por esse produto, pesquisadores da Embrapa Algodão têm trabalhado na obtenção de cultivares de algodão herbáceo (Gossypium hirsutum L. r. latifolium Hutch.) de fibras coloridas. Os materiais desenvolvidos podem ser cultivados sob regime de sequeiro ou irrigado. Adaptadas às condições do semi-árido, as cultivares lançadas pela Embrapa Algodão têm baixo custo de produção e podem ser processadas em fiação de alta velocidade, gerando produtos de elevada qualidade têxtil e preço competitivo. No presente documento, são analisados os custos de produção do sistema indicado com base em pesquisas, para o algodão colorido BRS Verde sob regime de irrigação suplementar, no Estado da Paraíba. As análises do sistema demonstraram que os benefícios ou as receitas foram maiores do que os custos, ou seja, que o sistema de produção é viável financeiramente.

Palavras-chave: algodão colorido, sistema de produção.

CROP COST ANALYSIS OF COLOR FIBER COTTON UNDER IRRIGATION REGIME IN STATE OF PARAÍBA, BRAZIL

ABSTRACT - Brazilian Northeast points out as an exclusive region suitable for color fiber cotton crop.

This region can become a great production center of such as product because there is a predominance of familiar farming with abundant labor, and one of the lower crop costs, as well as suitable soil and climate. Due to demand increase of this product, researchers from Embrapa Cotton Research Center have been studying aim at obtaining cultivars of colored fiber herbaceous cotton (Gossypium hirsutum L. r. latifolium Hutch.). Developed materials can be cropped under both dry and irrigation regime. Cultivars released by Embrapa are adapted to the Brazilian semi-arid conditions and are cropped under low cost. Their cotton can be manufactured under high speed spinning, bringing high quality textile products at competitive prices. In this paper the crop costs are analyzed in relation to color fiber cotton Cultivar BRS Verde cultivated under supplementary irrigation regime in State of Paraíba. The analysis showed that the economic benefits were higher than the crop costs, that is to say, the system is economically feasible.

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INTRODUÇÃO

O cultivo do algodoeiro no Nordeste sempre teve papel de grande relevância, tanto como cultura de reconhecida adaptabilidade às condições edafoclimáticas da região, como fator fixador de mão-de-obra, gerador de emprego e de matéria prima indispensável ao desenvolvimento regional.

Apesar da importância, nas duas últimas décadas, observou-se um declínio drástico na atividade algodoeira nordestina. Muitas cooperativas fecharam, muitas pequenas indústrias faliram. Vários foram os fatores associados ao desmantelamento da cadeia produtiva do algodão no Nordeste como o estabelecimento da praga do bicudo (Anthonomus grandis Boheman), preços subsidiados no mercado internacional, a abertura do mercado brasileiro e as atrativas condições de financiamento externo do produto.

O Nordeste, no entanto, desponta como nicho propício para o cultivo do algodoeiro de fibras coloridas. A região poderá se tornar um grande centro produtor deste tipo de algodão, pois aí predomina a agricultura familiar, com abundância de mão-de-obra, detendo um dos mais baixos custos de produção do país (FREIRE e BELTRÃO, 1997), solos e clima propícios. O interesse pelo plantio do algodão colorido vem aumentando expressivamente no Nordeste brasileiro, principalmente no estado da Paraíba.

Devido o aumento da demanda por esse produto, pesquisadores da Embrapa Algodão têm trabalhado na obtenção de cultivares de algodão herbáceo de fibras coloridas. Já foram lançadas pela Embrapa Algodão três cultivares: a BRS Verde (fibra verde), a BRS Rubi (fibra marrom avermelhado ou marrom telha) e a BRS Safira (fibra marrom avermelhado ou marrom telha, um pouco mais claro que o Rubi). Esses materiais podem ser cultivados sob regime de sequeiro ou irrigado. Adaptadas às condições do semi-árido, essas cultivares têm baixo custo de produção e podem ser processadas em fiação de alta velocidade, gerando produtos de elevada qualidade têxtil e preço competitivo. A inclusão destas novas cultivares de fibras coloridas no mercado poderá trazer vantagens aos produtores da região afeitos apenas aos algodões de fibra branca. Estima-se que o algodão colorido, mais valorizado pela cor natural, possa ser beneficiado na própria fazenda ou em pequenas associações através do uso de tecnologia da Embrapa Algodão como a minidescaroçadora e a prensa dimensionadas para este fim, além da comercialização da pluma e da semente in loco, agregando, desta maneira, mais valor ao produto e evitando o desvio de divisas para atravessadores, como de praxe acontece (EMBRAPA ALGODÃO, 2004).

Preconiza-se que o algodão de fibras coloridas poderá se tornar numa real alternativa de renda para o semi-árido nordestino e outras áreas onde predomina a agricultura familiar. Com a introdução do algodão de fibras coloridas no sistema de produção das regiões semi-áridas, um bom número de famílias tem conseguido recuperar a auto-estima, a esperança na região e a competitividade no mercado. Competir com o Centro Oeste, altamente tecnificado, na produção de algodão de fibras brancas não é viável.

O cotejo dos custos de produção com os preços de produtos cujos sistemas de produção estejam recebendo inovações tecnológicas pode evitar surpresas causadas pelos impactos da adoção de novas técnicas.

No presente documento, são analisados os custos de produção do sistema indicado com base em pesquisas, para o algodão herbáceo colorido BRS Verde sob regime de irrigação suplementar, no Estado da Paraíba.

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MATERIAL E MÉTODOS

Os custos de produção do sistema indicado com base em pesquisas, para o algodão colorido BRS Verde sob regime de irrigação suplementar foram determinados a partir dos coeficientes técnicos levantados em uma área demonstrativa de 18 ha, semeada pela Embrapa Algodão em 24/03/2004, no município de Itaporanga, localizado no Baixo Sertão do Piranhas, no Estado da Paraíba. O solo foi preparado com escarificador e grade niveladora em duas operações e recebeu uma adubação baseada na análise do solo. O espaçamento usado foi de 1,20m entre fileiras, deixando-se 10 plantas/metro linear. O campo foi irrigado por aspersão, via pivô central, tendo sido usado 500mm de água como irrigação suplementar, uma vez que no município de Itaporanga a precipitação ocorrida durante o ciclo da cultura foi insuficiente para o seu bom desenvolvimento.

Para o desenvolvimento das planilhas de custo utilizou-se o conceito de custo operacional desenvolvido pelo Instituto de Economia Agrícola (MATSUNAGA et al., 1976). Foram considerados apenas os custos variáveis.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A estrutura de custos e a análise de rentabilidade para 1 ha de algodão colorido BRS Verde sob regime de irrigação suplementar é mostrada nas Tabelas 1 e 2.

O rendimento obtido foi de 1.800kg por hectare, considerado abaixo do esperada pelos pesquisadores (estimado em 2.500kg/ha, para cultivo irrigado). Entretanto, ao considerarmos o valor de comercialização na safra 2003/2004, o cultivo desse algodão teve boa rentabilidade (Tabela 2).

Associando-se o custo de produção com o rendimento por hectare, observou-se que ao preço de R$ 1,40 (preço de comercialização praticado no Estado da Paraíba no ano de 2004) o resultado dos cálculos do Índice de Lucratividade (IL), que mostra a taxa disponível de receita da atividade após o pagamento de todos os custos operacionais, foi de 29,69%; a Relação Benefício Custo (RBC), que nos dá a relação proporcional entre benefícios e custos ou vice-versa, foi de 1,42, indicando que os benefícios ou as receitas foram maiores do que os custos, ou seja, que o sistema de produção é viável financeiramente.

O ponto de nivelamento é outro indicador de resultados apresentado neste trabalho. É uma forma de análise muito utilizada pelos produtores rurais. Esse indicador permite visualizar, dado o preço de venda e o rendimento do sistema de produção, quanto está custando a produção em unidades do produto e, se comparado ao rendimento, quantas unidades de produto estão sobrando para remunerar os demais custos. Assim, no caso do algodão colorido BRS Verde, o desembolso (COT) do produto foi de 1.266kg e o rendimento obtido foi de 1.800kg por hectare, gerando um excedente (fluxo de caixa) de 534kg (margem bruta de 42%).

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Tabela 1. Custo de produção de um hectare de algodão colorido BRS Verde sob regime de irrigação

suplementar, em Itaporanga, PB, safra 2003/2004. (R$ 1,00)

E S P E C I F I C A Ç Ã O UNIDADE QUANTIDADE PREÇO POR UNIDADE VALOR 1 . INSUMOS Semente deslintada kg 12 4,00 48,00 Sulfato de Amônio kg 122 0,74 90,28 Superfosfato Triplo kg 180 1,58 284,40 Cloreto de Potássio kg 16 1,32 21,12 Nitrogênio (Uréia) kg 68 1,29 87,72

Herbicida 1 (Diuron) litro 1,5 24,50 36,75

Herbicida 2 (Pendimenthalin) litro 2,5 37,00 92,50

Regulador de crescimento (Cloreto de Mepiquat) litro 0,2 60,00 12,00

Inceticida 1 (Endosufan 350 CE) litro 0,233 28,00 6,52

Inceticidas 2 (Betacyfuthrin) litro 0,1 190,00 19,00

Óleo de algodão bruto litro 0,233 2,50 0,58

Energia consumo (irrigação suplementar) kw 1.143 0,17 194,31

Subtotal 893,19

Participação percentual 50,41

2 . PREPARO DO SOLO

Escarificação h/tr 3 30,00 90,00

Gradagem niveladora (2 passagens) h/tr 2 30,00 60,00

Subtotal 150,00

Participação percentual 8,47

3 . PLANTIO E ADUBAÇÃO

Semeadura + Aplicação de fertilizantes h/tr 1,5 30,00 45,00

Replantio d/h 5 12,00 60,00

Subtotal 105,00

Participação percentual 5,93

4 . TRATOS CULTURAIS E FITOSSANITÁRIOS

Cultivo mecânico + Adubação em cobertura h/tr 3 30,00 90,00

Aplicação de herbicida (1 aplicação) h/tr 0,5 30,00 15,00

Aplicação de regulador de crescimento (2

aplicações) h/tr 1 30,00 30,00

Aplicação de inceticida (9 aplicações com

Eletrodyn) d/h 4,5 12,00 54,00

Aplicação de inceticida (1 aplicação tratorizada ) h/tr 0,5 30,00 15,00

Repasse de capina d/h 2 8,00 16,00 Desbaste d/h 1,7 8,00 13,60 Subtotal 233,60 Participação percentual 13,18 5 . COLHEITA MANUAL Colheita manual kg 1.800 0,20 360,00 Destruição de soqueira h/tr 1 30,00 30,00 Subtotal 390,00 Participação parcentual 22,01

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CUSTO OPERACIONAL EFETIVO 1.771,79

PERCENTUAL TOTAL 100,00

CUSTO OPERACIONAL TOTAL (COT) 1.771,79

CUSTO OPERACIONAL TOTAL (por kg de algodão em caroço) 0,71

Tabela 2. Análise de rentabilidade de um hectare de algodão colorido BRS Verde sob regime de

irrigação suplementar, em Itaporanga, PB, safra 2003/2004. (R$ 1,00) PRODUTO REND. (kg) PREÇO (PY) RECEITA BRUTA

(B) CUSTO OP. TOTAL (C) RECEITA LÍQUIDA (B - C) ÍNDICE DE LUCRATIV. (%) RELAÇÃO B/C PONTO DE NIVELAMENTO (KG) MARGEM BRUTA (%) Algodão em caroço 1.800 1,40 2.520,00 1.771,79 748,21 29,69 1,42 1.266 42,23

Na Tabela 1 é apresentada, também, a distribuição dos custos de produção, por categoria de despesa. Verifica-se que 50,41% do custo operacional total é despendido com insumos. Isso se justifica devido o alto preço cobrado pela energia elétrica no Estado da Paraíba, além do alto preço dos agroquímicos (fertilizantes, principalmente). Observa-se também que 35,19% do custo é despendido com mão-de-obra nas operações de tratos culturais e fitossanitários e colheita. No âmbito da agricultura familiar, esses gastos são retidos pelo produtor, pois representam a auto-remuneração da mão-de-obra. Logo, na eventualidade de inexistência de lucro na produção (Receita Bruta – Custo de Produção), a simples remuneração da mão-de-obra (ou da família) justifica a manutenção da atividade de produção.

Neste caso, é interessante levar em consideração o valor monetário retido pelo produtor referente ao somatório do lucro da atividade e da remuneração de sua mão-de-obra familiar (coeficientes dia/homem) (Tabs. 1 e 2).

CONCLUSÕES

As análises do sistema de produção indicado com base em pesquisas, para o algodão colorido BRS Verde sob regime de irrigação suplementar demonstraram que os benefícios ou as receitas foram maiores do que os custos, ou seja, que o sistema de produção é viável financeiramente. O resultado dos cálculos do Índice de Lucratividade (IL) foi de 29,69%; a Relação Benefício Custo (RBC), que nos dá a relação proporcional entre benefícios e custos ou vice-versa, foi de 1,42 (para cada R$ 1,00 gasto o retorno econômico foi equivalente a R$ 1,42).

Devido o alto preço cobrado pela energia elétrica no estado da Paraíba, além do alto preço dos agroqímicos (fertilizantes, principalmente), o componente do sistema que mais pressionou o custo de produção foi gasto com insumos (50,41% do total). No entanto, 35,19% do custo foi despendido com mão-de-obra nas operações de tratos culturais e fitossanitários e colheita. No âmbito da agricultura familiar, esses gastos são retidos pelo produtor, pois representam a auto-remuneração da mão-de-obra. Logo, na eventualidade de inexistência de lucro na produção (Receita Bruta - Custo de Produção), a simples remuneração da mão-de-obra (ou da família) justifica a manutenção da atividade de produção.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

EMBRAPA ALGODÃO. BRS Verde. Campina Grande: Embrapa Algodão, 2004. (Folder).

FREIRE, E. C.; BELTRÃO, N. E. de M. Custos de produção e rentabilidade do algodão no Brasil: safra 1996/97. Campina Grande: Embrapa Algodão, 1997. 6p. (Comunicado Técnico, 69).

MATSUNAGA, M.; BEMELMANS, P. F.; TOLEDO, P. E. N. de; DULLEY, R. D.; OKAWA, H.; PEDROSO, I. A. Metodologia de custo de produção utilizada pelo IEA. Agricultura em São Paulo, v. 23, n. t., p.123-139, 1976.

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