Conteúdo
1. Título: Tuberculinismo. 2. Listagem dos tópicos,
3. Conceito de Tuberculose e Tuberculinismo em Medicina. 4. Robert Koch.
5. Tuberculose definida em “Larousse XX me siècle”.
6. Tuberculinismo posicionado no esquema fisiopatológico dos miasmas.
7. Tuberculinismo e miasmas fundamentais. 8. Tuberculinismo como miasma independente.
(Hahnemann, Allen). (1)
9. Tuberculinismo como miasma independente. (L. Vannier, R. Zissu, H.Bernard) . (2)
10. Caracterização do tuberculinismo. 11. Universalidade do Tuberculinismo..
12. A instalação da toxina tuberculínica seg. H.Bernard. 13. Etiologia do tuberculinismo.
14. Patologia geral do tuberculinismo. 15. Correlações miasmáticas.
16. As eliminações do tuberculínico. 17. Sinopse clínica do tuberculinismo. 18. Nosódios tuberculínicos. Origem.
19. Nosódios tuberculínicos bem estudados e não suficientemente estudados.
20. Nosódios tuberculínicos. Diferenciação dos nosódios tuberculínicos conhecidos. Quadro comparativo. 21. Evolução conceitual do Tuberculinismo. I
22. Evolução conceitual do Tuberculinismo. II
23. Importância do Tuberculinismo no contexto dos estados miasmáticos crônicos.
24. Estudos de Calmette sobre toxina tuberculosa. 25. FIM
Os conceitos de TUBERCULOSE e
TUBERCULINISMO em Medicina
Tuberculose doença
- conceito reconhecido pela
escola clássica ou alopática
Tuberculoses atípicas,
sob a égide de alergia
tuberculosa, conceito discutido pela escola
clássica.
Robert Koch
Médico bacteriologista
alemão
(1843-1910)
TUBERCULINISME
-
Larousse de la Medecine, XXème Siècle, t.III, p.451, 1972Em medicina homeopática, representa um grupo de sinais análogos à impregnação
tuberculosa, porém sem o bacilo de Koch.
O TUBERCULINISMO é esquematicamente representado:
Por um processo patológico geral que traduz a destruição dos tecidos, com
desmineralização.
Por importantes sinais ou síndrome de insuficiência hepática e algias diversas.
Pela instalação precoce das afecções: sarampo, coqueluche, corisa, primo-infecção.
Estes sinais se encontram com freqüência na constituição fosfórica e correspondem a
um grupo de remédios caracterizados como tuberculínicos.”
Posicionamento do
TUBERCULINISMO
no esquema evolutivo dos miasmas crônicos.
PSORA
CONSTITUIÇÃO FOSFÓRICA
DESMINERALIZAÇÃO EXACERBAÇÃO ou
INIBIÇÃO EMUNCTORIAL Mecanismo de compensação
Mecanismo de compensação TUBERCULINISMO ARTRITISMO Mecanismo de compensação SICOSE HIPERSECREÇÃO MUCOSA Mecanismo de compensação ▼▼ Mecanismo de compensação TUBERCULINISMO ▼▼ LUETISMO ULCERAÇÕES E CAVERNAS PULMONARES Mecanismo de homeostase
▼
DESAGREGAÇÃO DE FUNÇÕES TUBERCULINISMO CANCERINISMOF
O R M A R E A T I V A P R Ó P R I A 6TUBERCULINISMO e os “miasmas” fundamentais
Depreende-se das definições existentes que MIASMA decorre sempre de um fator EXTERNO de agressão ao organismo humano, sendo este comportamento responsável pelos quadros descritos como doença.
PORTANTO, os conjuntos crônicos de Hahnemann representam linguagem de reação às agressões de origem externa, excepcionalmente de origem interna (micróbios, tóxicos ingeridos, toxina e ultra-virus por via transplacentária). Do modo de ser de cada indivíduo (genoma, caracteres adquiridos seg. Lamarck), dependerá a maneira de responder de cada indivíduo. Daí a grande importância do terreno como predisposição mórbida, não decisiva, porém caracterizadora dos pacientes continuamente instigados.
O TUBERCULINISMO possui todos requisitos de cronicidade dos outros “miasmas” ditos fundamentais. Sobretudo, traduz um estágio ou modo reacional evolutivo que lhe é exclusivo, ou próprio.
Tuberculinismo como miasma independente.
Hahnemann, Allen.
(1)HAHNEMANN não distinguiu o Tuberculinismo, tendo incluído aqueles quadros que mais tarde seriam qualificados de tuberculínicos, na própria Psora. Entretanto, distinguiu medicamentos situados dentro do grupo psórico dotados de características comuns especiais que posteriormente se adaptariam ao Tuberculinismo.
ALLEN interpretou o Tuberculinismo na qualidade de miasma diferenciado, independente, dando-lhe o nome de Pseudopsora .
Antoine NEBEL, contemporâneo de KOCH, considerou o tuberculinismo um estado miasmático definido e independente. Interpretou-o como conseqüência de uma tuberculose adquirida, pós lesional, congênita ou hereditária atribuída à intervenção de vírus filtráveis invisíveis, os quais modelariam o terreno em sua morfologia e em seu comportamento, devido às “toxinas tuberculínicas”. Repete a experimentação patogenética da tuberculina de Koch e agrega observações.
Tuberculinismo como miasma independente.
Vannier, Zissu, Bernard).
(2)Léon VANNIER
manteve as idéias de NEBEL e acrescentou-lhe
numerosos conceitos próprios
.
Roland ZISSU define este miasma como impregnação hereditária ou adquirida
pela toxina tuberculosa, independente de lesão tuberculosa atuante.
Para Henri BERNARD o Tuberculinismo depende da presença mais ou menos
discreta nos humores de toxina extremamente difusível,
transmitida por
hereditariedade
e suscetível
de permanecer,
inofensiva,
no
seio
da
economia. O Tuberculinismo seria uma intoxinação progressiva de origem
endógena que normalmente se elimina para o exterior constituindo a Psora e
que, obstada, pode acarretar a tuberculose, com suas formas bacilares
autônomas de eliminação. Todo indivíduo seria um tuberculoso em potencia
l.
Caracterização do Tuberculinismo
A caracterização miasmática independente do Tuberculinismo, dispõe dos seguintes argumentos:
Etiologia própria - a toxina tuberculínica.
Constituição predisponente - o biótipo longilíneo dito fosfórico e suas
variantes
.
Sintomatologia precisa.
Grupo de medicamentos chamados antituberculínicos, cujos quadros
patogenéticos têm aspectos marcantes comuns, porém, distintos dentro do
conjunto sintomático total da Psora.
A universalidade do Tuberculinismo
Para Henri BERNARD a intoxinação progressiva de origem endógena que
normalmente se elimina para o exterior caracterizando a Psora, ao ser obstada,
evolui no sentido da tuberculose, mediante formas bacilares autônomas de
eliminação.
Este autor defende a universalidade da toxina tuberculínica que, desde o
grau imperceptível, até o grau máximo de lesão, afetaria indistintamente os
seres humanos.
A instalação da toxina tuberculínica
seg. H.Bernard
Segundo BERNARD, a toxina tuberculínica afeta o indivíduo desde a fase intra-uterina quando se instala no sistema retículo-endotelial, mais especificamente na célula de Kupfer, caracterizando a fase hepática ou humoral, daí se propagando e se exteriorizando clinicamente sob forma de congestão venosa periférica, variabilidade de sintomas,
hipertermia, eliminações características e hipersensibilidade nervosa.
Indivíduo estênico ao ser dominado pela toxina, desenvolve fase
linfoganglionar aguda sob forma de adenites, amigdalites, apendicites e adenopatias,
ou uma fase linfoganglionar crônica.
Na fase astênica sobrevêm polimicroadenopatias generalizadas, apirexia e
emagrecimento, marcada desmineralização, bloqueio de funções excretoras, comprometimento respiratório e alterações nutritivas.
Finalmente, assumindo a toxina uma reação localizada, definem-se processos circunscritos de acometimento celular ainda reversível, esclerose -quando na constituição carbônica, ou ainda processos não específicos de tumefação, tubérculos,
esclerose imperfeita ou supuração - quando na constituição fosfórica.
Etiologia do Tuberculinismo
O Tuberculinismo nem sempre depende da toxina tuberculosa propriamente dita, ou da toxina tuberculínica, mas igualmente de outros agentes ou condições mórbidas capazes de provocar ou favorecer reações similares:
-
fatores higieno-dietéticos provocadores de desequilíbrio mineral;
- infecções rebeldes e recidivantes;
- doenças anergizantes;
- suporte hereditário tuberculoso ou tuberculínico;
- predisposição do terreno.
O biotipo predisponente ao Tuberculinismo é o longilíneo ou fosfórico, e o sulfúrico-magro, que apresentam conformação especial do tórax, de expansão diminuída e dilatação irregular dos pulmões, acrescida pelos sinais de desmineralização e de oxigenação
Patologia geral do Tuberculinismo
No início do estado tuberculínico predominam distúrbios de nutrição e defeitos de assimilação ou de desassimilação. Na assimilação defectiva relacionada a substâncias hidrogenóides, a evolução mórbida prossegue lenta e subfebril, enquanto naquela relacionada a substâncias oxigenóides o curso torna-se rápido e febril.
Da intoxinação progressiva resultam fenômenos de eliminação ao nível mucoso e cutâneo, ou localizado em diferentes órgãos, sob forma de supuração, necrose, ulceração e esclerose. Os ossos, articulações, pulmões, rins e cérebro costumam estar acometidos. Quando as perturbações se restringem ao metabolismo, o paciente ainda é qualificado de tuberculínico, entretanto quando o bacilo de Koch se faz presente, o seu hospedeiro é considerado um tuberculoso.
As reações congestivas acompanham-se de catarros respiratórios e as toxinas tuberculínicas se exteriorizam por infecções respiratórias de ciclo sazonal. Evidencia-se tropismo pelas glândulas, principalmente tireóide, pelos gânglios, pelo sistema nervoso vago-simpático e o sistema nervoso central.
Correlações miasmáticas
Diferentes
mecanismos
imunopatológicos
estão
entrosados
no
Tuberculinismo, destacando-se os processos inflamatórios próprios da Psora e
a simultânea tendência destrutiva característica do Luetismo.
Existem no Tuberculinismo sintomas e sinais simultâneos da Psora, da
Sicose e do Luetismo, sem alterações que lhe sejam realmente próprias. Para
alguns estudiosos do assunto, ele representaria estado do terreno onde a
influência sifilínica assumiu aspectos especiais.
As eliminações do Tuberculinismo
No Tuberculinismo domina o sentido centrípeto do processo
mórbido, direcionado às células e aos órgãos internos, onde ocorre
reação
metabólica ou bloqueio imune.
As eliminações, quando ocorrem, são essencialmente mucosas e
serosas, acessoriamente cutâneas, não aliviam e têm aspecto variável; a sua
parada acentua a congestão venosa periférica e agrava o doente, podendo
levá-lo a processo lesional levá-localizado - tuberculínico ou tuberculevá-loso.
Sinopse clínica do Tuberculinismo
Conjunto de manifestações clínicas, decisivo na anamnese e exame do doente, caracteriza o estágio reacional tuberculínico:
antecedentes de rubéola, coqueluche, rinofaringites, pleurite, primo-infecção, adenopatias da infância, surtos febris inexplicáveis, anemia, crescimento rápido, amenorréia primária e eritema pérnio;
hipersensibilidade nervosa
variabilidade extrema dos sintomas congestão venosa periférica
tendência febril
eliminações mucosas e serosas desmineralização
emagrecimento, desidratação e descalcificação hipersensibilidade ao frio
Nosódios tuberculínicos - origem
Os nosódios tuberculínicos provêm de preparações de natureza patológica
relacionadas ao bacilo de Koch, oriundas de toxinas e de lesões por ele
produzidas; ao modo de verdadeiras vacinas em estado biodinâmico, preparadas
segundo farmacotécnica homeopática, constituem recursos específicos capazes
de interferir na resposta imune e formam o grupo de nosódios melhor estudados.
Dispõem de patogenesias. Psorinum, Luesinum e Medorrhinum, costumam ser
prescritos segundo
a correlação de semelhança, independente do critério
miasmático.
Nosódios tuberculínicos bem estudados
e não suficientemente estudados
Constituem nosódios tuberculínicos bem estudados:
Tuberculinum, Tuberculina total de Koch, ou T.K., contendo exo e endotoxina,
inicialmente preparada por NEBEL, com base nos trabalhos próprios de Robert Koch sobre a tuberculina.
T.R. ou Tuberculina de Koch, contendo exclusivamente endotoxina microbiana.
São nosódios tuberculínicos ainda não suficientemente estudados:
Bacillinum de Burnett, oriundo diretamente da excreção bacilífera de abscesso tuberculoso ou escarro positivo;
Tuberculinum bovinum, oriundo da polpa dos gânglios bovinos tuberculosos;
Marmoreck, preparado do soro de cavalo vacinado com filtrado de culturas jovens;
DESIGNAÇÃO ESTUDOS NATUREZA. PREPARAÇÃO.
Tuberculina TOTAL de KOCH ou T.K. endo e exotoxina
Robert KOCH, Al. 1882 BURNETT, Ingl 1885-90 KEGHE, Bélg. 1892 NEBEL, Fr. 1901
BURNET apresenta a primeira patogenesia a partir do caldo filtrado de cultura de Koch (Micobacterium tuberculosi. Em 1901 NEBEL publica resultado de estudo sobre 50 patogenesias experimentais e faz levantamento dos sintomas toxicológicos alopáticos, verificando grande semelhança entre os quadros tóxicos e os experimentais.
Tuberculina
RESIDUAL ou T.R. endotoxina
Sem estudo patogenético.
Preparado a partir da Tuberculina de Koch, obtida de cultivo de cepas humanas e bovinas de bacilos tuberculosos, que são submetidos a congelamentos e descongelamentos sucessivos para lisar os corpos bacilares, que então são centrifugados, agitados e filtrados ... resultando em resíduo final.
I.K.SPENGLER Sangue de coelho imunisado
Carl SPENGLER
Immun Körper de Carl SPENGLER. Preparo dos imunocorpos ou corpos
imunizantes com sangue total de coelhos imunizados. Estes animais são inoculados com cultura de bacilos de origem humana; após algumas semanas são injetadas na região axilar uma ou mais doses de bacilos virulentos, ou humanos, ou bovinos.
B.F.DENYS exotoxina
DENYS, de Louvain, 1896
Caldo filtrado de bacilos da tuberculose.
MARMORECK A .MARMORECK
1903
Soro de cavalo vacinado com filtrado de culturas jovens de bacilos primitivos, destituídos de carapaça, que ainda não se coram pelo Ziehl.
BACILLINUM COMPTON, BURNETT Fragmento de parede de cavidade de pulmão tuberculoso.
Tuberculinum BOVIS BOERICKE e TAFEL Extrato de gânglios tuberculosos de boi.
Tuberculina AVIÁRIA
GOUSSET Cultura virulenta de bacilos da tuberculose aviária, precipitada pelo álcool.
N o s ó d io s t u b e r c u l í n i c o s
Evolução conceitual de TUBERCULINISMO I
A tuberculose é conhecida desde a antiguidade.
1819 - A história começa realmente com LAENNAEC que afirma a unidade da doença tuberculosa. 1828 - HAHNEMANN incluiu portadores de tuberculose na Psora.
ALLEN descreve a Pseudopsora como equivalente ao “posterior” tuberculinismo. 1865 - VILLEMIN (França) demonstra a natureza contagiosa da tuberculose.
1874 - SWAN introduz nosódio a partir de secreção brônquica tuberculosa.
1882 - KOCH confirma a natureza infecciosa, descrevendo o Mycobacterium tuberculosis. 1883 - BECHAMP defende a etiologia endógena do bacilo de Koch. Teoria dos microzimas. 1885-90 - BURNET usa nosódios a partir de fragmento de pulmão doente.
KOCH isola a tuberculina.
1892 - KEGUEL . Patogenesia tóxica de Tuberculinum. BURNET. Patogenesia clínica de Tuberculinum.
MERSCH. Patogenesia experimental de Tuberculinum.
1897 - BOUCHARD e BECLÈRE, graças aos raios x e sua aplicação ao diagnóstico da tuberculose, conseguem reconhecer a doença antes que ela se manifeste clinicamente.
1901 - NEBEL repete experimentações patogenéticas de Tuberculinum. Assinala tipo mineral sensível. Apresenta tuberculinismo como miasma. Estabelece relação com a Psora.
1910 - FONTÈS. Ultra-virus.
DELORE valoriza relação bacilo versus terreno (1934). LUMIÈRE reestuda a teoria de BECHAMP.
CARTON faz enfoque holístico do tuberculínico.
1934 - FORTIER-BERNOVILLE relaciona tuberculinismo-psora-artritismo.
SEDILLOT admite via intraplacentária do ultra-virus de Fontès e acometimento das células de Kupfer; o vírus alcançaria o fígado por via uterina.
1948-57 - VANNIER. Contagiosidade. Constituição fosfórica. Toxina-bacilo-tuberculose. Ultra-virus de Fontès. Tratamento. Descrição clínica.
1966 - BERNARD H, - Pantuberculinismo. Morfologia. Adota idéias de HUGEL (bactérias não
patogênicas → patogênicas). Origem endógena do bacilo de Koch (BECHAMP). Idéias de SEDILLOT. Estudos de FONTES, VAUDREMER. Tuberculose é pouco contagiosa.
TILITSCHEEF. Relação entre tuberculose e tuberculinismo. DEMARQUE. Etiologia multifatorial. Relação com Psora. CONAN-MERIADEC. Tuberculinismo é modo reacional.
EVOLUÇÃO CONCEITUAL DE TUBERCULINISMO II
IMPORTÂNCIA DO TUBERCULINISMO NO CONTEXTO DOS
ESTADOS MIASMÁTICOS CRÔNICOS
As pesquisas sobre Tuberculinismo, vem revelando características exclusivas que
lhe conferem autonomia, sem prejuízo da conceituação dos
miasmas considerados
fundamentais.
Tal
como
o artritismo, representa diátese bem conhecida pela Medicina geral,
onde
Farmacologia e Imunologia lamentam o fato de nada dispor para um tratamento
nas fases de acalmia ou de intercrise, no intuito de evitar recorrências e modificar as
predisposições mórbidas.
Além de facilitar a interpretação de estados crônicos a Homeopatia, como método
terapêutico mediante estímulo condicionado à correlação da semelhança consegue, se
não curar,
pelo menos atenuar a marcha mórbida crônica
até agora considerada
inexorável de muitas doenças, cuja esperança se resume em medidas paliativas.
Participação de toxinas nos estágios miasmáticos
.
A.L. CALMETTE (l863-1933), autor da vacina anti-tuberculose (B.C.G.) faz referência a
“abscesso toxínico”, como sendo aquele cuja coleção purulenta não abriga nenhum micróbio, devendo-se ela ao acúmulo de toxinas necrosantes em um ou vários pontos dos tecidos. Na literatura médica geral constam citações de tubercúlides, ou lesões cutâneas evoluindo sobre terreno tuberculoso, atribuídas a
toxinas tuberculosas ou, simplesmente, a “ultra-vírus tuberculosos”.
Referências semelhantes são feitas a manifestações que “parecem” estar relacionadas à sífilis,
não obstante o Treponema pallidum ausente. O mesmo fato vem sendo observado em portadores de gonorréia que, livres da Neisseria gonorrhoea graças aos quimioterápicos específicos, continuam a
apresentar, no decurso de muitos anos ou décadas, surtos de manifestações “como se” continuassem
portando gonococos, apesar da respectiva bacterioscopia negativa.
A pesquisa aprofundada destes pacientes seguramente proporcionaria esclarecimentos à teoria dos miasmas de HAHNEMANN, ou seja, da impregnação mórbida que leva aos estados crônicos renitentes. Importante e curioso será assinalar que, nos antigos portadores de gonococo, devidamente
“curados” mediante antibióticos e quimioterápicos, após a prescrição do simillimum acontece,
freqüentemente, a reinstalação transitória de secreção uretral “como se” fosse recidiva ou reinfecção pelo
gonococo, mas cujas respectivas provas laboratoriais se mostram negativas.