• Nenhum resultado encontrado

É a Primavera de 1945 e a resistência alemã começa a desmoronar-se. À medida que os Aliados avançam Pátria adentro, cinco crianças iniciam uma viagem

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "É a Primavera de 1945 e a resistência alemã começa a desmoronar-se. À medida que os Aliados avançam Pátria adentro, cinco crianças iniciam uma viagem"

Copied!
14
0
0

Texto

(1)
(2)

É a Primavera de 1945 e a resistência alemã

começa a desmoronar-se. À medida que os

Aliados avançam Pátria adentro, cinco crianças

iniciam uma viagem que irá pôr à prova a noção

que temos de família, amor e amizade.

(3)

SINOPSE

Sozinha com os irmãos, após os seus pais nazis (Ursina Lardi, Hans-Jochen Wagner) serem presos, LORE (Saskia Rosendahl) guia o que resta da

família através de uma Alemanha destruída pela guerra em 1945.

Para conseguirem sobreviver, as crianças precisam de chegar a casa da avó, situada no Norte, mas, no meio do caos de uma nação derrotada, Lore conhece o misterioso e intrigante Thomas (Kai Malina), um jovem refugiado judeu.

Desprezado e indesejado, Thomas segue-os, e Lore sente a sua frágil realidade abalada por sentimentos de ódio e desejo.

Para sobreviver, tem de aprender a confiar numa pessoa que a ensinaram a odiar. E à medida que as consequências das acções e crenças dos seus pais se tornam visíveis, Lore tem

também de enfrentar a escuridão que se encerra dentro dela.

(4)

NOTA DE INTENÇÕES

DA REALIZADORA

Quando li ‘The Dark Room’, de Rachel Seiffert, pela primeira vez, o livro fez sentido para mim a vários níveis. As três diferentes histórias do romance fazem da narrativa uma experiência íntima, já que cada uma delas é contada a partir da perspectiva de uma criança que tenta entender a Alemanha fascista. As dificuldades das personagens são perturbantes mas também extremamente comoventes. A paisagem interior de Lore pareceu-me fascinante; um lugar assustador preenchido por uma estranha combinação de certeza e ambiguidade. O livro foi-me oferecido por Paul Welsh, o meu produtor escocês, após a projecção do meu primeiro filme, SOMERSAULT, em Edimburgo. Uns meses antes, Liz Watts, a minha produtora australiana, já tinha oferecido o livro ao meu marido como presente de aniversário. Pressentia-se algum acaso.

Rachel escreve em fragmentos, observações

cruéis desprovidas de comentário. Era assustador pensar em adaptar o romance dela ao cinema, já que ela não apresenta quaisquer conclusões. A

(5)

até, uma complicada nostalgia, ajudaram-me a compreender Lore.

A pesquisa que fiz, sobretudo sobre os Einsatzgruppen (grupos de intervenção) na Bielorrússia, teve momentos avassaladores. As vítimas estavam sempre fora de campo para mim. Não havia outra maneira de fazer o filme. Isto foi também uma realidade durante a rodagem: algumas das lindíssimas casas que usámos para filmar na ex-República

Democrática da Alemanha foram construídas por comerciantes judeus antes da guerra. Agora estão vazias e abandonadas. Muitos dos locais de rodagem, nomeadamente as fábricas de armamento, usavam trabalho escravo. Estes lugares estão agora desertos e cobertos por vegetação.

Lore e os irmãos são os filhos privilegiados de um oficial de alta patente das SS, envolvido num homicídio em massa na Bielorrússia. Enquanto jogam à macaca, há crianças pela Europa a serem sistematicamente assassinadas. A família de Lore fica intacta até o pai regressar do Leste em 1945. Em 1939, o pai de Lore era um herói de guerra, história era relevante para mim, em termos do

que significa ser filho de carrascos. A relação da Austrália com o seu passado colonial foi suprimida, e tendo passado bastante tempo na África do Sul pós-Apartheid e na Alemanha, estas questões surgem-me frequentemente. O que teria eu feito em pleno genocídio e terror? Teria defendido os fracos e oprimidos ou sido antes, como a maioria, uma testemunha silenciosa ou, pior, uma cúmplice?

A história também me é próxima visto que a família judia alemã do meu marido teve de abandonar Berlim em 1936. São fotos dos familiares dele que estão na carteira de Thomas. E são as histórias da avó dele que me ligam a Lore, querer perceber este período obscuro e doloroso. Apesar de não falar alemão, eu sabia que o filme tinha de ser rodado neste idioma para obter um

determinado nível de verdade. Trabalhei com Franz Rodenkirchen, um editor de argumento alemão, e entrevistei berlinenses idosas que tinham pertencido à Hitler Jugend and Bund Deutscher Mädel [Liga das Jovens Alemãs - equivalente feminino da Juventude Hitleriana]. As suas histórias, personalidades e, por vezes

(6)

mas em 1945, quando o filme começa, é um criminoso. Quis perceber o que é que isto pode fazer à cabeça de uma criança. Como é que uma pessoa cresce sabendo que os seus entes queridos cometeram crimes inimagináveis e que o genocídio aconteceu durante o seu “dia-a-dia”.

O que me atraiu em Lore e, por vezes, me repugnou e enfureceu, foi a oportunidade de explorar as zonas cinzentas. Lore acredita numa das mais odiosas a destrutivas

ideologias políticas do nosso tempo. Queria entender a ausência de empatia nela, a sua determinação romântica em continuar a acreditar mesmo quando a Alemanha tinha já sido derrotada. Ela considerava Hitler não apenas o seu Fuhrer, mas também uma figura paterna. Palavras dele: “Os fracos têm de ser eliminados. Quero jovens rapazes e raparigas capazes de suportar a dor”. Lore sente que é se dever carregar esta dor sem se queixar. Quis perceber a luta dela, com a sua própria humanidade e sentimento de pertença. O mundo exterior é indiferente ao sofrimento de Lore e dos seus irmãos, e Lore afasta-se

cada vez mais da sociedade. Mas no seu afastamento há uma certeza crescente - ela anda perdida e à deriva, mas conhece parte da terrível verdade. Foi ensinada a nunca questionar e a obedecer sempre. No fim da história, ela está cheia de perguntas que sabe que nunca terão resposta.

Os filhos de Albert Speer contam que

nunca puderam perguntar ao pai acerca do Holocausto e do papel que ele desempenhou no programa alemão de trabalho escravo. Albert Speer Jr. afirmou recentemente: “A verdade é que, quando ele vinha para casa, eu não podia fazer-lhe nenhuma dessas perguntas. Pensava nisso, mas depois não o fazia”. A filha Hilde declarou: “Eu fiz-lhe a vida fácil, porque só fazia perguntas até certo ponto e aceitava as respostas que me dava”. O terceiro filho, Arnold, disse simplesmente: “Nunca lhe fiz perguntas relacionadas

directamente com o Terceiro Reich”. Não faziam perguntas porque não suportariam as respostas. As falsas ou as verdadeiras. Cate Shortland

(7)
(8)

BIOGRAFIAS

DO ELENCO

SASKIA ROSENDAHL (Lore)

Uma das jovens actrizes alemãs mais prometedoras, Saskia desenvolveu o gosto pelo teatro na escola, em Berlim, a sua cidade natal. Continuou a aperfeiçoar a sua técnica no reconhecido estabelecimento Marcel Sparman Performance Art Workshop. Mais tarde, Saskia participou em várias produções teatrais na Improvisations theater Kaltstart and the Theater Halle, e em 2010 obteve o seu primeiro papel no cinema, no filme “Für Elise”.

A espantosa presença no ecrã de Saskia levou-a ao papel principal em LORE, uma interpretação que pode valer prémios à jovem actriz alemã.

KAI MALINA (Thomas)

Kai Malina é considerado um talento em ascensão no cinema alemão, após o seu aparecimento em O LAÇO BRANCO, o filme de Michael Haneke

nomeado para o Óscar e vencedor da Palma D’Ouro em 2009. Antes deste papel, Kai tinha já aparecido na televisão alemã com desempenhos notáveis em

DER ALTE, PATCHWORK, TATORT e STROMBERG. Kai está a tornar-se rapidamente um dos actores alemães mais requisitados. LORE é a segunda longa-metragem de Kai.

(9)

BIOGRAFIA

DA REALIZADORA

CATE SHORTLAND (Argumento / Realização) Cate Shortland estudou na Universidade de Sydney e licenciou-se em Belas Artes em 1991.

Em 2000, terminou o curso de Realização na Australian Film Television and Radio School. Cate escreveu e realizou quatro

curtas-metragens multi-premiadas – STRAP ON OLYMPIA (Gold Plaque,

Chicago International Film Festival 1995), PENTUPHOUSE (Dendy Award, Sydney Film Festival 1999), FLOWERGIRL (Dendy Award, Sydney Film Festival 2000, Oberhausen

16mm Best Film) e JOY (Melhor Filme, Melbourne International Film Festival 2000). Cate escreveu e realizou a sua primeira

longa-metragem, SOMERSAULT, que estreou em 2004 no Festival de Cannes, na secção ‘Un Certain Regard’.

Em 2004, Cate venceu os prémios de Melhor Realização e Argumento do Australian Film Institute e SOMERSAULT estreou em mais de 15 países.

Cate criou e realizou alguns episódios da série THE SECRET LIFE OF US. Realizou também dois episódios de uma hora cada da mini-série THE SILENCE, produzida por Jan Chapman, e, mais recentemente, adaptou uma das histórias do romance THE SLAP, de Christos Tsiolkas, que venceu vários prémios ACCTA, incluindo Melhor Série Dramática Televisiva.

(10)

CRÍTICA

LORE: o último filme de Cate Shortland não é a visão habitual da segunda guerra mundial

A vasta gama de contribuições e influências fazem de LORE algo mais do que outro conto sobre

a Alemanha pós-Nazi.

Dada a sua origem transnacional – romance anglo-alemão adaptado por um escritor

britânico-bengali, realizadora australiana e com a sombria era Nazi como tema – hesito em dizer que LORE é um filme alemão. Dada a história, isto pode parecer contraditório: uma rapariga alemã de 14 anos, filha de um importante nazi, vagueia em direcção ao norte, através de uma Alemanha arruinada, nas semanas que se seguem à queda do Nazismo, com os pequenos irmãos a seu

cargo e um rapazinho judeu desterrado, e as suas convicções nazis lentamente a desmoronar-se.

Este resumo árido pode levar-nos a colocar

LORE na longa e honrada lista de filmes passados durante o regime mortal de Hitler. Essa linha

(11)

rodado contemporaneamente em 1947 nas ruínas ainda fumegantes, até ANONYMA de 2008, onde a servidão sexual é encarada como a única resposta sã de uma mulher à possibilidade de violação contínua numa Berlim ocupada pelos russos. O contexto de LORE é tudo aquilo que não se vê em A QUEDA, o relato épico dos últimos dias de Hitler, e mais alusivo aos primeiros contos de Heinrich Böll, com uma pitada do documentário

HITLER’S CHILDREN. Contudo, o imaginário dessas obras é sobretudo de recriminação, escombros e violação, enquanto que em LORE é sobretudo rural e rústico – embora as violações e os assassínios não estejam ausentes – e, por isso, mais poéticos do que os seus antecessores algo documentais. A coisa mais alemã que se pode dizer de LORE – cujo tema central é a destruição da lavagem cerebral nazi e a sua substituição por uma crescente raiva adolescente - é que é um anti-bildungsroman. Isto para dizer que, ao contrário de Os Anos de Aprendizagem de Wilhelm Meister e A Paixão do Jovem

Werther de Goethe, e mais como Huckleberry Finn (mais um road movie rural), aquilo que

se aprende à força na adolescência não nos prepara para nos juntarmos à sociedade em termos iguais; instiga-nos, antes, a rejeitá-la totalmente. Tudo isto é-nos mostrado no fim do filme, através de um pequeno, mas

poderoso, acto de rebeldia infantil.

Para mim, não é um filme alemão. A sua beleza lírica, a atenção às crianças e o

trabalho de câmara à mão de Adam Arkapaw parecem muito mais franceses ou polacos (ver Cinzas e Diamantes de Wajda, passado nas mesmas poucas semanas).Isto liga-o a um filme sobre um colapso semelhante, quando a força militar estava do outro lado, a catastrófica derrota francesa de 1940. Em Brincadeiras Proibidas, a obra-prima de René Clément de 1952, as estradas dos arredores de Paris enchiam-se de refugiados, uma menina de cinco anos, subitamente órfã, carregando o seu cão morto (e julgo que era mesmo um cão morto) vagueia através de um universo de camponeses maldosos e mortes excessivas. LORE não tem nem o orçamento nem o desejo deste retrato épico (Clément tinha bombardeiros, explosões e milhares de figurantes), preferindo explorar momentos

(12)
(13)

semelhantes em miniatura, num sector paralelo da escuridão do vale da infância. E fá-lo de maneira impressionante.

Guardian – John Patterson

Contado através dos olhos de uma

adolescente nazi que guia os irmãos em direcção à prometida segurança no rescaldo imediato da Segunda Guerra Mundial, LORE oferece uma perspectiva original, íntima e quase sempre bem-sucedida da traumática transição alemã de nação conquistadora para estado ocupado.

Variety - Richard Kuipers

Emoção estética primeiro, e depois moral, LORE (...) apanha totalmente o espírito desde os primeiros segundos através de imagens de uma luz e vivacidade espantosas (...). Le Monde - Noémie Luciani

LORE ilumina o mais belo dos espectáculos: o despertar de uma consciência pessoal. Positif - Fabien Baumann

Shortland realiza com uma honestidade

rigorosa, e é bem-sucedida em, pelo menos, três decisões fundamentais: primeira, filmar o argumento na Alemanha; segunda, contratar o genial director de fotografia Adam Arkapaw (SNOWTOWN) cujas imagens de natureza e decomposição são assombrosas; terceira, escolher a notável Saskia Rosendahl como protagonista, uma personagem antipática mas furiosamente humana e falível dos pés

à cabeça. Um filme excepcional. The Independent

LORE, de Cate Shortland, não é um conto de fadas, embora pareça: uma fábula sombria e misteriosa com crianças esfomeadas e

assustadas que têm de percorrer uma floresta encantada cheia de perigos e habitada por demónios. O filme está carregado de mistério e o espectador, tal como a personagem

principal, está na posição da criança protegida que é atirada para um ambiente estranho e que é obrigada a desenvencilhar-se sem mapa e bússola.

(14)

SASKIA ROSENDAHL KAI MALINA

NELE TREBS URSINA LARDI

HANS- JOCHEN WAGNER MIKA SEIDEL

ANDRÉ FRID

EVA-MARIA HAGEN

REALIZAÇÃO CATE SHORTLAND

PRODUTORES KARSTEN STÖTER, LIZ WATTS,

PAUL WELSH, BENNY DRESCHEL

ARGUMENTO CATE SHORTLAND,

ROBIN MUKHERJEE

BASEADO NO ROMANCE “The Dark Room”

DE RACHEL SEIFFERT

PRODUTORES EXECUTIVOS MARGARET MATHESON,

VINCENT SHEEHAN, ANITA SHEEHAN

PRODUTORA ASSOCIADA LINDA MICSKO

ELENCO

FICHA TÉCNICA

FOTOGRAFIA ADAM ARKAPAW

MONTAGEM VERONIKA JENET ASE DESIGN DE PRODUÇÃO SILKE FISCHER COMPOSITOR MAX RICHTER

SOM SAM PETTY

GUARDA-ROUPA STEFANIE BIEKER

MAQUILHAGEM & CABELOS KATRIN WESTERHAUSEN CASTING JACQUELINE RIETZ, ANJA DIHRBERG GRAVAÇÃO DE SOM MICHAEL BUSCH

EDITOR DE ARGUMENTO FRANZ RODENKIRCHEN DRAMATURGIA HANNE WOLHARN

TRADUÇÕES ELISABETH MEISTER DIRECTOR DE PRODUÇÃO (Alemanha) KURT OTTERBACHER

CHEFE DE PRODUÇÃO AXEL UNBESCHEID COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO MATHIAS KRÄME

Alemanha, Austrália, Reino Unido | 2012 | Super 16mm | Cor | 108 min. Distribuído por Alambique

Referências

Documentos relacionados

Consiste numa introdução, dois capítulos de índole teórica geral, e depois divide-se em sete áreas temáticas, cada uma com um capítulo teórico e um estudo de caso:

A raiva é uma doença viral que acomete os animais domésticos, silvestres e destes para o homem, causando uma doença com sintomatologia?. nervosa, aguda e fatal, levando ao óbito

A contratação pública socialmente responsável.. A alteração ao CCP de 2017 já previa alguns aspetos de execução do contrato, relacionados com condições de natureza social

Consoante à citação acima, destaca-se mais uma vez a contraposição de Pascal em relação ao racionalismo hegemônico no século XVII, pois, enquanto os filósofos implicados

Sem desconsiderar as dificuldades próprias do nosso alunado – muitas vezes geradas sim por um sistema de ensino ainda deficitário – e a necessidade de trabalho com aspectos textuais

ponto de acesso sem fios, você pode se conectar ao projetor sem fios através do ponto de acesso usando o software de rede da Epson.. Instalação do módulo de LAN

1º - Aprovar “ad referendum” o Projeto Pedagógico do Curso de Formação Inicial e Continuada de Língua Brasileira de Sinais Intermediário I e II do

´e aquele pelo qual a filosofia alem˜a traduziu, depois de Kant, o latim existentia, mas Heidegger deu-lhe um sentido muito particu- lar, j´a que designa na sua filosofia