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Academic year: 2021

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Apostilas do Cipes

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TEORIA DO SOCIALISMO

Texto 9

A ACUMULAÇÃO CAPITALISTA

CIPES

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Esta apostila foi elaborada pela Equipe de Estudos Teóricos do CIPES, responsável pelo Curso “Teoria do Socialismo”.

A edição é do Grupo de Publicações do CIPES.

Os interessados em adquirir as apostilas e demais publicações devem escrever para:

CIPES - Grupo de Publicações

Rua Mário Amaral, 320- CEP: 04002 São Paulo- São Paulo

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ÍNDICE

I. CAPITAL CONSTANTE E CAPITAL VARIÁVEL ... 4 II. CAPITAL CONSTANTE, CAPITAL VARIÁVEL E VALOR DO

PRODUTO ... 6 III. PROCESSO DE CONCENTRAÇÃO E CENTRALIZAÇÃO DO

CAPITAL ... 9 IV. CRESCIMENTO DO CAPITAL CONSTANTE – DIMINUIÇÃO DO

CAPITAL VARIÁVEL ... 11 V. CRESCIMENTO DO EXÉRCITO INDUSTRIAL DE RESERVA ... 13 VI. SOCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO x APROPRIAÇÃO PRIVADA ... 15

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A ACUMULAÇÃO CAPITALISTA

I

CAPITAL CONSTANTE E CAPITAL VARIÁVEL

Já nos encontramos em aulas anteriores com o conceito de “capital”. Aprofundando nossa análise, despindo o capital da forma “dinheiro” é possível enxergar claramente outras formas de sua existência: parte do capital se converte em meios de produção, isto é, em matéria prima, materiais acessórios e meios de trabalho. Outra parte se converte em força de trabalho, ou seja, a soma total dos salários. Meios de produção por um lado, e força de trabalho, do outro, são apenas diferentes formas de existência, assumidas pelo valor de capital original. Quando nosso concorrente inescrupuloso saiu em busca de força de trabalho, já possuía um dos elementos do processo produtivo; os meios de produção. Tinha anteriormente gasto, investido, uma certa quantidade de dinheiro comprando uma serra, um martelo, lixas e demais instrumentos de trabalho, e comprado uma certa quantidade de madeira, a matéria prima/objeto de trabalho do processo produtivo que pretendia desenvolver.

Não nos importa aqui determinar como nosso capitalista incipiente conseguiu esse dinheiro; esse capital original (e não nos importa por dois motivos; primeiro, porque é um problema do Leão do imposto de renda; segundo, porque a origem desse capital pode ser, digamos, pouco romântica e esta pretende ser uma apostila séria e não um caderno especial de Notícias Populares). O que importa é que à parte desse capital original que se materializou nos meios de produção é que chamamos capital constante.

Já sabemos que os meios de trabalho, por mais desenvolvidos que sejam, ainda que não aprenderam a produzir por iniciativa própria, e portanto, para pôr em marcha o processo produtivo, nosso capitalista vai investir a parte restante desse capital original em força de trabalho. Está será a parte do capital a que chamamos capital variável.

Mas qual o significado de “constante” e “variável”? Vamos tentar compreender melhor o que está por detrás destes dois adjetivos: Meios de produção e força de trabalho, vistos como elementos do processo de

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trabalho, desempenham papéis diferentes na formação do valor do produto: quanto se produz alguma coisa, os meios de produção através dos quais está “coisa” é obtida são consumidos; valor do produto- por exemplo, o valor da madeira utilizada por aquele marceneiro, nosso velho conhecido, assim como o valor de sua serra, do verniz ou da lixa, todos, em conjunto, fazem parte do valor da mesa que ele produz. Seus valores se conservam através de sua transferência ao produto pelo processo de trabalho. Porém, aquele marceneiro, produzindo a sua mesa não apenas incorpora ao seu valor, a valor dos meios de produção que utiliza; ao mesmo tempo ele acrescenta ao material, ao objeto de trabalho novo valor por meio do acréscimo de determinada quantidade de trabalho.

“O acréscimo de valor novo ao material de trabalho e a conservação dos valores antigos no produto são dois resultados totalmente diversos produzidos pelo trabalhador ao mesmo tempo, embora execute apenas um trabalho. Só se pode evidentemente explicar a dupla natureza deste resultado por meio da dupla natureza do seu próprio trabalho. No mesmo tempo, em virtude de uma propriedade, seu trabalho tem de criar valor, e, em virtude de outra, conservá-lo, ou seja, transferi-lo”. (O Capital, vol. I Livro I, pg. 225)

“Constante” utilizado para a parte do capital que se converte em meios de produção, isto é, em matéria prima, materiais acessórios e meios de trabalho significa que este capital não muda a magnitude do seu valor no processo de trabalho, enquanto que a parte do capital convertida em força de trabalho, muda de valor no processo de produção, ela se reproduz e, além disso, proporciona um excedente que pode variar, sem maior ou menor.

Suponhamos que os meios de produção tenham custado ao capitalista Cr$ 500 000,00 e que a soma dos salários dos trabalhadores empregados seja Cr$ 250 000,00 mensais. Neste caso, o capital constante (c) será igual a Cr$ 250 000,00 mensais. O capital original é, naturalmente, igual à soma de suas partes constitutivas, (v+c) ou seja, Cr$ 750 000,00.

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A ACUMULAÇÃO CAPITALISTA

II

CAPITAL CONSTANTE, CAPITAL VARIÁVEL E VALOR DO PRODUTO

O processo de produção de mesas na fábrica de nosso capitalista foi dividido em cinco operações:

1. Cortar a madeira e fazer o tampo da mesa 2. Cortar a madeira e fazer os pés da mesa 3. Encaixar o tampo sobre os pés

4. Lixar

5. Envernizar

De início, era usado apenas um marceneiro para realizar todas estas operações. Este marceneiro tão hábil quanto qualquer outro produzia uma mesa a cada quatro horas de trabalho. Logo, porém, nosso sagaz capitalista se deu conta de que os instrumentos de trabalham passam por longos períodos de ociosidade. Quando estávamos serrando a madeira para fazer o tampo da mesa, o martelo, a lixa, o verniz, os pincéis etc., não estavam sendo usados, e o mesmo ocorria em cada operação sucessiva, com os instrumentos adequados às operações que não estavam sendo realizadas.

Nosso capitalista, convencido de que a ociosidade é uma prerrogativa sua, toma providências imediatas. E assim, na nossa segunda semana de trabalho, já tínhamos ao nosso lado outro marceneiro que também realizava as todas as operações do processo de trabalho. Como resultado, ao cabo de uma jornada de trabalho de 8 horas para cada marceneiro, conseguiu-se o pouco surpreendente resultado de 4 mesas por dia.

O segundo aumento de produtividade se deu quando osso sagaz capitalista descobriu que se, ao invés de cada marceneiro realizar todas as operações do processo de trabalho, cada um se especializasse em determinadas operações, o trabalho de um potenciaria o trabalho dos outros. E assim foi feito. Foram contratados mais três marceneiros e a cada um foi designada uma operação do processo produtivo. Enquanto um marceneiro cortava os tampos, o segundo cortava os pés da mesa, o terceiro encaixava o tampo sobre os pés, o quarto lixava o quinto

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envernizava. E pasmem senhores! Ao final da jornada de 8 horas dos 5 marceneiros, estavam prontas para venda 40 mesas.

A divisão do trabalho operou, portanto, um aumento de produtividade de 400%, uma vez que 5 marceneiros trabalhando isoladamente produziam em 8 horas apenas 10 mesas, 2 mesas cada um, e trabalhando juntos passaram a produzir 4 vezes mais.

Os concorrentes de nosso capitalista, marceneiros que tinham suas marceneiras seguradas contra incêndios, que continuavam com sua produtividade normal de duas mesas por cada 8 horas de trabalho começaram a encontrar sérias dificuldades para vender seus produtos. Vejamos porque:

Os marceneiros, assim como nosso capitalista, investiram casa um deles Cr4 220.000,00 em ferramentas e acessórios e Cr$ 280.000,00 em matéria prima. Cada mesa que é produzida, consome uma parte destes meios de produção e portanto, transfere-se para a mesa a parcela de valor correspondente a este consumo. A mesa, por ser produto do consumo do valor de uso dos meios de produção se alimenta dos valores de troca dos elementos necessários para produzi-la. Assim, se os instrumentos de trabalho sofrem um desgaste que os torna imprestáveis após a produção, digamos, de 1000 mesa, cada mesa produzida absorverá a milésima parte dos valores dos instrumentos de trabalho que a produziram. No nosso exemplo, portanto, transfere-se dos instrumentos de trabalho para cada mesa produzida o valor de Cr$ 220,00.

Já os Cr$ 280.000,00 de matéria prima inicialmente comprada representa uma quantidade de madeira suficiente apenas para a produção de 28 mesas e, portanto, transfere-se da matéria prima para cada mesa produzida o valor de Cr$ 10.000,00.

Dessa forma, para os prudentes marceneiros segurados contra incêndios é imprescindível que o preço de venda de suas mesas esteja contidos Cr$ 220.000 (valor dos instrumentos de trabalho transferido para a mesa) mais Cr$ 10.000,00 (valor da matéria prima transferia para a mesa) = Cr$ 10

.220,00 (valor do capital constante transferido para a mesa). Não temos ainda, no entanto, o valor da mesa, pois nos falta computar a

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quantidade de trabalho socialmente necessário para a produção da mesa.

Como já vimos, nas condições de produção socialmente predominantes casa mesa consome 4 horas de trabalho para a sua produção. Para poder trabalhar obtendo um rendimento normal os marceneiros precisam, como todo trabalhador, consumir diariamente uma certa quantidade de meios de vida, ou seja, roupas, alimentos moradias etc. Suponhamos que estes meios de vida, no seu conjunto, exijam para serem produzidos, 4 horas do trabalho social médio por dia. E trabalhando 4 horas por dia, nas condições de produção socialmente predominantes os marceneiros produzem uma mesa por dia. Assim, cada mesa produzida incorpora o valor total da força de trabalho de cada marceneiro.

Uma vez que, não podendo produzir independentemente nossas mesas, resolvemos vender nossa força de trabalho para o capitalista, e sendo o dispêndio de nossa força de trabalho idêntico ao dos marceneiros independentes, o salário que aceitamos receber representa o valor de nossa força de trabalho, ou seja, 4 horas de trabalho social médio diárias. Se nosso salário é Cr$ 50.000,00 por mês, e nosso mês trabalhando é de 28 dias, nosso salário dia será 50.000/28= Cr$ 1.785,00. O trabalho necessário para a produção de cada mesa é representado pelo quantia se Cr$ 1.785,00.

Assim chegamos ao valor da mesa nas condições de produção socialmente predominantes: o valor transferido dos meios de produção: Cr$ 10.220,00 mais tempo de trabalho socialmente necessário para a produção da mesa: Cr$ 1.785,00 = Cr$ 12.005,00.

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A ACUMULAÇÃO CAPITALISTA

III

PROCESSO DE CONCENTRAÇÃO E CENTRALIZAÇÃO DO CAPITAL

Vejamos como fica a situação do nosso sagaz capitalista. O desgaste dos seus instrumentos de trabalho é o mesmo que para seus concorrentes (Cr$ 220,00 por mesa); o consumo de matéria prima também é o mesmo que de seus concorrentes (Cr$ 10 000,00 por mesa). No que diz respeito à parte do valor dos meios de produção que é transferida para o produto, nosso capitalista não leva nenhuma vantagem sobre seus concorrentes. Sua vantagem portanto, só pode estar na parte do valor da mesa que é criada pelo capital variável:

Vejamos:

Os marceneiros independentes, ao trabalhar 8 horas por dia, produzem duas mesas, ou seja, o dobro do valor necessário para comprar os meios de que necessitam; produzem diariamente um excedente que utilizam em proveito próprio.

Quando vendemos nossa força de trabalho ao capitalista, ao sermos obrigados a trabalhar 8 horas por dia por um salário que vale 4 horas de trabalho social médio, o trabalho excedente que realizamos não mais nos pertence. Passa a pertencer ao capitalista sob a forma de mais valia. Se antes de ser implantada a divisão de trabalho na fábrica o capitalista se apropriava de uma mesa por dia, ou seja Cr$ 1785,00 por dia de trabalho de cada trabalhador, a taxa de mais valia era de 100%. De cada duas mesas produzidas, uma repunha o valor pago pela força de trabalho comprada e a outra era apropriada pelo capitalista.

Depois da implantação da divisão de trabalho, o tempo de trabalho necessário à produção de cada mesa caiu de 4 para 1 hora e portanto, a cada 8 horas trabalhadas, o capitalista se apropria do produto de 7 horas e repõe o valor dos salários com 1 hora de trabalho. A taxa de mais valia passa assim a ser de 7/1= 100% (ver apostila 8). Cada mesa incorpora o valor de 4 horas de trabalho social médio mas nosso sagaz capitalista conseguiu a proeza de fazer o trabalho de 4 horas ser realizado em apenas 1 hora.

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Enquanto sua revolucionária linha de montagem não for adotada como condição de produção socialmente predominante, ele estará se beneficiando de uma mais valia adicional de 600%! O que significa em dinheiro Cr$ 12 495,00 por cada trabalhador ou um mais valia diária de Cr$ 62 475,00. É esta mais valia que possibilita ao capitalista reduzir o preço de sua mercadoria em relação à de seus concorrentes.

Desta forma, nosso capitalista antes inescrupuloso pôde apresentar a querosene e os fósforos e se dedicar a arruinar seus concorrentes simplesmente rebaixando os preços de seu produto através do aumento da produtividade.

É claro que esta mais valia suplementar elevadíssima é extraída apenas durante o período em que a organização de produção mais eficiente não se torna socialmente predominante. Com a generalização da divisão do trabalho nas fábricas de mesa, o tempo socialmente necessário para a produção da massa passa de 4 horas para 1 hora, reduzindo assim, o valor do produto. Se antes, em uma mesa se cristalizava o valor de 4 horas de trabalho, agora as mesmas 4 horas de trabalham se cristalizam em 4 horas e assim a taxa de mais valia retoma aos 100% anteriores, até que uma nova alteração da produtividade do trabalho ocorra.

Assim, os marceneiros concorrentes que não conseguem vender seus produtos por um preço que viabiliza sua produção são obrigados a mudar. Os que possuem algum capital podem modernizar sua forma de produzir contratando e conseguindo com isso os mesmos resultados que nosso capitalista já havia conseguido, tornando-se assim capazes de concorrer no mercado com produtos de custo equivalente ao do capitalista. Alguns marceneiro transformaram-se assim em capitalistas e outros por não poderem comprar a força de trabalho, são obrigados a vender a sua própria, se transformando em trabalhadores assalariados.

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A ACUMULAÇÃO CAPITALISTA

IV

CRESCIMENTO DO CAPITAL CONSTANTE – DIMINUIÇÃO DO CAPITAL VARIÁVEL

Todos os marceneiros já engajados na nova forma de produzir mesas descoberta pelo capitalista, já chegaram, entretanto, ao limite de sua capacidade produtiva. Por mais rápido que realizem as operações a que estão designados, não conseguem produzir ais do que 40 mesas em um período de 8 horas. Uma vez que a demanda de mesas no mercado continua aumentando, nosso capitalista, homem sagaz, como já dissemos, começa a procurar novas maneiras de aumentar a produtividade do trabalho.

A primeira e mais barata opção que lhe ocorre é aumentar a jornada de trabalho, solução considerada por seus marceneiros de pouca imaginação e de muito mau gosto. Se realizada, o aumento de produtividade seria de 1 mesa para cada hora suplementar trabalhada. Mas os marceneiros realmente não estão dispostos a trabalhar mais do que já trabalham. Além disso, surgem cada dia mais fábricas de mesas e não falta trabalho em outras empresas. Sendo assim, nosso capitalista resolve, ao invés de tentar aumentar a duração da jornada, duplicar suas instalações colocar em funcionamento mais uma linha de produção. Para isso ele precisa duplicar seu capital.

Compra novas serras, martelos etc., outra partida de madeira e contrata mais 5 marceneiros. Assim duplica o capital constante e duplica também o capital variável, conseguindo deste forma duplicar sua produção.

Um concorrente seu confrontado com o mesmo problema, descobre uma outra solução. Se os marceneiros não conseguem produzir mais rápido do que já produzem com os instrumentos que dispõe, pode-se aumentar a produtividade usando instrumentos mais eficientes. E é a imaginar como tornar mais eficiente os instrumentos de trabalho a atividade a que se dedica este segundo capitalista. Após algum tempo ele instala em sua marcenaria um novo e poderoso instrumento de trabalho: uma serra capaz de em um movimento apenas

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cortar o tampo e os pés da mesa. Assim, as duas operações do processo de trabalho são transformadas em uma. É claro que a instalação desta máquina significa aumento de capital constante deste capitalista, mas não significa apenas isto. Ao transformar duas operações do processo de trabalho em um a máquina torna desnecessário o trabalho de um marceneiro. Aonde trabalhavam 5 trabalhadores, trabalharão apenas 4. É desta forma que o desenvolvimento tecnológico constante atua sobre a composição do capital. Desenvolvendo instrumentos de produção cada vez mais eficientes e sofisticados, força a uma racionalização constante do processo de trabalho, de tal forma que cada vez menos trabalhadores são necessários para produzir uma quantidade crescente de produtos. Ocorre portanto uma diminuição absoluta do número de trabalhadores necessários para realizar o processo produtivo, paralela a um acréscimo absoluto do valor dos meios de produção. Cresce assim o capital constante causando a diminuição do capital variável.

Nosso segundo capitalista poderia ainda combinar o aumento do capital constante com um aumento em termos absolutos do capital variável. E o que aconteceria se além de tornar mais eficiente os instrumentos de trabalho dentro da fábrica, ele duplicasse suas instalações como fez o nosso primeiro capitalista. Teríamos então duas linhas de montagem, cada uma delas ocupando 4 trabalhadores ou seja, um aumento absoluto no número de trabalhadores que representa simultaneamente uma diminuição relativamente ao acréscimo dos meios de produção. O capital variável aumenta, mas em proporção menor que o capital constante.

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A ACUMULAÇÃO CAPITALISTA

V

CRESCIMENTO DO EXÉRCITO INDUSTRIAL DE RESERVA

Desta forma, o contínuo progresso das ciências e sua aplicação tecnológica nos instrumentos de produção, vai ampliando o número de trabalhadores substituídos pela máquina, ao mesmo tempo em que aumenta a produtividade diminuindo o tempo necessário para que os trabalhadores ainda em atividade reponham ao patrão o capital que recebem em forma de salário. O capitalista leva múltiplas vantagens: sua produção aumenta, o capital variável diminui, a taxa de mais valia engorda, o trabalho a ser realizado por cada operário se torna cada vez mais simples e repetitivo, o que permite que os trabalhadores mais qualificados e portanto mais caros sejam substituídos por trabalhadores menos qualificados, inclusive crianças dando origem a um exército de desempregados, um “exército industrial de reserva” que se transforma em uma poderosa arma contra os trabalhadores.

Uma vez criado o “exército industrial de reserva”, pode ainda o capitalista combinar com mais facilidade o aumento da produtividade com o prolongamento da jornada de trabalho, uma vez que a massa de trabalhadores torna sempre presente o fantasma do desemprego, enfraquecendo a posição do trabalhador na negociação da duração da jornada de trabalho. Neste caso, ocorre um aumento do capital variável sem aumentar o número de trabalhadores empregados.

O exército industrial de reserva é fundamental para a acumulação capitalista não apenas por manter a procura de trabalho sempre abaixo da oferta, mas também por manter trabalhadores disponíveis para qualquer novo empreendimento, a qualquer momento.

É esta portanto a lei geral da acumulação capitalista: quanto maior o capital, maior sua concentração em mãos de menos capitalistas e maior número de trabalhadores ociosos. Quanto mais riqueza se acumula nas mãos de uma pequena parcela da sociedade, maior miséria se acumula para a sempre crescente massa de trabalhadores.

E tenhamos claro, mais uma vez, que esta situação não é decorrência de fatores subjetivos como a ambição e a desumanidade dos

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capitalistas. É a forma necessário de desenvolvimento do capital. A dinâmica de um modo de produção que tem como objetivo primeiro a produção de mercadorias estabelece suas próprias leis, independentemente da vontade dos homens.

Mas são estas mesas leis que regem o desenvolvimento e a acumulação do capitalista que apontam inexoravelmente para a superação deste modo de produção.

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A ACUMULAÇÃO CAPITALISTA

VI

SOCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO x APROPRIAÇÃO PRIVADA

Voltemos agora para o interior da nossa didática marcenaria. Antes, quando a fabricação de uma mesa dependia de um processo artesanal de trabalho, um único marceneiro era responsável por obter madeira abatendo pinheiros (formidáveis) na floresta, por preparar a madeira, tornando-a utilizável para a construção específica de mesas, por montar a mesa, pregando e colando tábuas, lixá-la e envernizá-la e, finalmente, leva-la a um mercado onde seria trocada por um equivalente.

A partir da verdadeira revolução operada pelo capitalista que, sendo proprietário de todos os meios de produção necessários à fabricação de mesas e que organizou dinamicamente o trabalho dos marceneiros em uma verdadeira linha de montagem, ocorre uma transformação de grandes proporções históricas: a socialização da produção.

A socialização do trabalho pela produção capitalista não quer dizer apenas que muitos trabalhadores trabalhem em um mesmo lugar (isto é apenas uma parte reduzida de todo o processo); quer dizer, fundamentalmente, que a concentração de capitais é acompanhada pela especialização do trabalho social, de uma diminuição do número de capitalistas em cada ramo de indústria: múltiplos processos de produção dispersos se fundem em um só processo social de produção.

As operações de trabalho anteriormente realizadas por um púnico marceneiro são realizadas separadamente: alguém cola os pés da mesa, outra lixa, outro enverniza etc. Esta especialização interna origina outros ramos especializados na indústria: há agora uma fábrica que fornece madeira aparelhada para a fabricação de mesas, outra que fabrica serras elétricas e uma outra ainda que fabrica lixas e vernizes. Agora, tendo atingido este grau de especialização crescente, o sistema estimula um vínculo social cada vez mais forte que faz com que um produtor torne-se dependente do outro. A esta altura nenhum capitalista pode prescindir dos demais. Se o capitalista que produz

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serras elétricas ou o que produz verniz paralisar o trabalho de sua indústria, deixará aquele outrora sagaz capitalista em grandes apuros.

Todas as empresas se fundem, desta maneira, num único processo produtivo social, porém, ao mesmo tempo, cada empresa é dirigida por um capitalista- depende do seu arbítrio- passando os produtos sociais a ser um propriedade privada. Não parece evidente que a forma de produção entre em contradição irredutível com forma de apropriação? “(...) O que tem de ser apropriado não é mais aquele trabalhador independente e sim o capitalista que o capitalista que explora muitos trabalhadores.

Essa apropriação se opera pela ação das leis imanentes à própria produção capitalista, pela centralização dos capitais. Cada capitalista elimina muitos outros capitalistas. Ao lado dessa centralização ou da expropriação de muitos capitalistas por poucos, desenvolve-se cada vez mais, a forma cooperativa do processo de trabalho, a aplicação consciente de ciência do processo de trabalho, a aplicação consciente da ciência ao progresso tecnológico, a exploração planejada do solo, a transformação dos meios de trabalho em meios que só podem ser utilizados em comum, o emprego econômico de todos os meios de produção manejados pelo trabalho combinando, social, o envolvimento de todos os povos na rede do mercado mundial e, com isso, o caráter internacional do regime capitalista. À medida que diminui o número dos magnatas capitalistas que usurpam e monopolizam todas as vantagens desse processo de transformação, aumenta a miséria, a opressão, a escravização, a degradação, a exploração; mas cresce também a revolta da classe trabalhadora, cada vez mais numerosa, disciplinada, unida e organizada pelo mecanismo do próprio processo capitalista de produção. O monopólio do capital passa a entravar o modo de produção que floresceu com ele e sob ele. A centralização dos meios de produção e a socialização do trabalho alcançam um ponto em que se tornam incompatíveis com o envoltório capitalista. O invólucro rompe-se. Soa a hora final da propriedade particular capitalista. Os expropriadores são expropriados”. (O Capital, vol.1, Livro 2, p. 881)

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