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ESTUDO DE CONSOLIDAÇÃO DA AVALIAÇÃO DA PROBLEMÁTICA DAS

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STUDO DE CONSOLIDAÇÃO DA AVALIAÇÃO DA PROBLEMÁTICA DAS

LINHAS ELÉCTRICAS NA CONSERVAÇÃO DA

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ISÃO

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ETRAX TETRAX

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NA

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RELATÓRIO FINAL

NOVEMBRO DE 2008

INSTITUTO PARA A CONSERVAÇÃO DA NATUREZA E DA BIODIVERSIDADE

(2)

Equipa técnica: Ana Teresa Marques

Pedro Rocha

João Paulo Silva

Citação recomendada: Marques, A.T. Rocha, P. Silva, J.P. (2008) Estudo de consolidação da avaliação da problemática das linhas eléctricas na conservação da Abetarda (Otis tarda) e Sisão (Tetrax tetrax) na ZPE de Castro Verde. Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade. Lisboa. Relatório não publicado.

(3)

ÍNDICE 1. Introdução...1 Enquadramento...1 Objectivos...1 2. Metodologia...3 2.1. Área de estudo...3

2.2. Monitorização da mortalidade em linhas eléctricas...3

2.2.1. Selecção dos troços...3

2.2.2. Prospecção de cadáveres...4

2.3. Análise dos dados...5

2.3.1. Análise dos dados de mortalidade...5

2.3.2. Análise do efeito das medidas correctivas...6

2.3.3. Modelação dos factores indutores de mortalidade na ZPE de Castro Verde...6

3. Apresentação dos resultados...9

3.1. Caracterização da mortalidade de aves...9

3.1.1. Variação anual da mortalidade...12

3.1.2. Mortalidade por colisão...13

3.1.3. Mortalidade por electrocussão...13

3.1.4. Análise por tipologia...13

3.1.5. Mortalidade de abetarda...15

3.1.6. Mortalidade de sisão...16

3.2. Efeito das medidas correctivas...17

3.2.1. Sinalização dos cabos com BFD...17

3.2.2. Dispositivos contra a electrocussão...18

3.3. Modelação dos factores indutores de mortalidade...18

3.4. Mapa de sensibilidade à colisão e electrocussão na ZPE de Castro Verde...19

4. Discussão dos resultados...20

5. Conclusões...25

6. Referências bibliográficas...27 Anexo I - Estatutos de conservação, Legislação e Fenologia das espécies referidas...I Anexo II - Caracterização dos troços estudados e da mortalidade detectada...IV

(4)

1 1. INTRODUÇÃO

1.1. Enquadramento

Este documento constitui o relatório final do “Estudo de consolidação da avaliação da problemática das linhas eléctricas na conservação da Abetarda (Otis tarda) e Sisão (Tetrax tetrax) na ZPE de Castro Verde”, executado pelo ICNB e enquadrado do projecto “2º Protocolo relativo à minimização dos impactes resultantes da interacção entre linhas eléctricas de alta e média tensão e a avifauna”, estabelecido entre o ICNB, EDP-Distribuição S.A., SPEA e Quercus ANCN.

A mortalidade de aves por colisão e electrocussão em linhas de transporte e distribuição de energia tem sido alvo de estudos internacionais (e.g. Janss & Ferrer 1998, Bevanger & Brøseth 2004, BirdLife 2003) e nacionais (e.g. Infante et al. 2005, Neves et al. 2005). Estes trabalhos têm demonstrado que este factor de mortalidade pode atingir valores elevados, fazer-se sentir sobre diferentes grupos de espécies e ocorrer em diferentes habitats. Chega mesmo a ser apontado como o principal factor de mortalidade adulta de espécies com estatuto de ameaça, como a abetarda (Alonso et al. 1995; Alonso & Alonso 1999) ou a águia de Bonelli (Real et al. 2001).

Os Gruiformes, grupo onde se encontram espécies como a abetarda e o sisão, encontram-se entre as aves mais susceptíveis a colidirem com linhas eléctricas (BirdLife 2003, Bevanger 1994) e estudos realizados em Portugal vêm corroborar que estas espécies se encontram entre as mais afectadas. Neves et al. (2005), num estudo realizado no território continental português, apontam a Zona de Protecção Especial de Castro Verde como a região do país com maior número de casos de mortalidade envolvendo espécies com elevado estatuto de conservação.

Recentemente foi realizado na ZPE de Castro Verde um estudo sobre o impacto da linha eléctrica de muito alta tensão Ferreira do Alentejo – Ourique (Marques et al. 2007). Este trabalho reportou elevados valores de mortalidade de aves e os maiores valores conhecidos de mortalidade de abetarda e sisão neste tipo de infra-estrutura.

Face aos dados recolhidos anteriormente e tendo em conta que a ZPE de Castro Verde é uma área fulcral para a conservação da abetarda e do sisão no país, o presente trabalho surge da necessidade de aprofundar a problemática da mortalidade de aves em linhas eléctricas na área, nomeadamente pela aplicação de medidas de seguimento intensivas.

1.2. Objectivos

De modo a consolidar o conhecimento sobre a problemática das linhas eléctricas na conservação da abetarda e sisão na ZPE de Castro Verde este estudo tem como principais objectivos:

(5)

2 a) Estimar a mortalidade de aves por colisão e electrocussão em linhas de alta e média tensão na

ZPE de Castro Verde;

b) Determinar o efeito das medidas de correcção aplicadas nas linhas;

c) Construir um modelo de susceptibilidade de mortalidade de aves por colisão e electrocussão em linhas de alta e média tensão;

d) Traçar um mapa de sensibilidade de colisão e electrocussão por parte de espécies prioritárias na ZPE de Castro Verde.

(6)

3 2. METODOLOGIA

2.1. Área de estudo

Este trabalho realizou-se na Zona de Protecção Especial de Castro Verde,no Baixo-Alentejo, área que abrange os concelhos de Aljustrel, Almodôvar, Beja, Castro Verde, Mértola e Ourique. Pertence à região bioclimática Mesomediterrânea, caracterizada por Invernos frios e húmidos e Verões quentes e secos (Rivas-Martinez 1981).

Trata-se de uma extensa área de relevo aplanado e de baixa altitude, onde se pratica uma agricultura dirigida principalmente para a produção extensiva de cereais de sequeiro e para o pastoreio de gado ovino. É a principal área pseudo-estepária de Portugal (Moreira 1999), tem elevada importância para a conservação de aves estepárias como a abetarda e o sisão (Costa et al. 2003) e é mesmo a zona do país mais importante para a conservação da abetarda (Pinto et al. 2005) e do sisão (Silva & Pinto 2006).

2.2. Monitorização da mortalidade em linhas eléctricas 2.2.1. Selecção dos troços

Para estimar a mortalidade de aves por colisão e electrocussão realizaram-se prospecções em diferentes troços de linhas da ZPE. A selecção das tipologias a estudar teve como base a problemática da colisão de aves, pois este é o factor de mortalidade relevante para as espécies alvo do projecto: abetarda e sisão. Assim, foram comparadas as principais tipologias existentes na área de estudo – Pórtico (alta tensão), Galhardete e Triângulo (ambos média tensão) e nos dois últimos casos, também foram amostradas linhas sinalizadas com BFD (Bird Flight Diverters). Algumas das linhas presentes na ZPE, quer da tipologia galhardete como triângulo, foram sinalizadas com BFD de modo a minimizar a mortalidade de aves por colisão. Tratam-se de espirais com 8 cm de diâmetro, que são colocados com um espaçamento de três metros, alternadamente nos cabos condutores. Refere-se que em alguns dos apoios das linhas com a tipologia triângulo foram corrigidos com dispositivos anti-electrocussão, de modo a impedir a electrocussão de aves quando estas pousam nos apoios.

Para cada uma das cinco tipologias (Pórtico, Galhardete, Galhardete sinalizado, Triangulo e Triangulo sinalizado) foram seleccionados 10 km (Tabela I e Figura 1), o que representa uma amostragem de 50km de linhas na área de estudo.

De forma a diversificar a amostragem seleccionaram-se troços de linhas e de áreas distintas da ZPE, no entanto, este pressuposto esteve condicionado pela representatividade e distribuição de cada uma das tipologias estudadas. No caso do Pórtico apenas existe uma linha na área, pelo que a sua amostragem teve que ser repartida por duas zonas de amostragem da mesma linha. Por sua vez, no caso da tipologia Triangulo sinalizado apenas existem dois troços na ZPE, um deles com 600m e outro com uma extensão maior, pelo que a amostragem apenas pôde ser repartida por estes dois troços.

(7)

4 No caso das restantes tipologias foi possível repartir a amostra de forma a recolher dados de diferentes realidades. Assim, para cada uma foram seleccionados de 4 a 5 troços, entre os 1500m e 3000m.

Tabela I – Tipologia, respectivos apoios e extensão das linhas de alta e média tensão monitorizadas na ZPE de Castro Verde.

Tipologia Designação dos

troços Nomenclatura da linha

Código da linha Apoios Extensão (m) Pórtico a) Desgastes 0201 L5008700 41-69 7 000 b) Filipeja 0201 L5008700 110-122 3 000

Galhardete c) Mouras R Sta. Bárbara (Entradas) 0206 L2001665 28-43 3 000

d) Mestras Interligação SE AJT – SE Port / Aivados 0206 L2001660 10-28 3 000

e) Serrão Variante Namorados Prox Azinhal 0209 L20018B4 80-86 1 500

f) Albernôa 0201 L2008500 69-80 2 500

Galhardete sinalizado g) Achada 0206 L2001682 6-15 1 500

h) Barrigoa Monte Barrigoa / Montinhos 0206 L2001663 0-12 2 000

i) Mealheira Monte da Mealheira Nova 0201 L2001690 1-9 1 500

j) Peso Variante Namorados Prox Azinhal 0209 L20018B4 98-110 2 000

l) Viseus SE Cerro do Calvário – Castro Verde 0209 L2001800 162-177 3 000 Triângulo rígido

m) Guerreiro Monte do Guerreiro 0206 L2001865 3-17 2 000

n) Benviúda Monte Navarro 0209 L20018C2 0-12 2 000

o) Brunheiras SE Aljustrel - Odemira 0211 L3008300 22-40 3 000

p) São Marcos Salto 0206 L2001858 24-32 1 500

q) Laranjo Monte Laranjo 0206 L2001859 1-10 1 500

Triângulo rígido

sinalizado r) Lagoa da Mó SE Aljustrel – SE Porteirinhos 0201 L2001600 54-112 9 500

s) Salto Salto 0206 L2001858 38-42 500

2.2.2. Prospecção de cadáveres

O período de amostragem teve a duração de um ano e decorreu entre Maio de 2007 e Abril de 2008. Para detectar aves mortas ou feridas os diferentes troços foram percorridos a pé com periodicidade quinzenal. Em cada apoio, verificou-se a existência de cadáveres num raio de 5 metros. Entre os apoios,

(8)

5 o observador deslocou-se por baixo dos cabos mais exteriores, tendo como banda de busca 5 metros para o exterior da projecção vertical dos cabos. De modo a cobrir toda a área a prospectar, o observador deslocou-se nos dois sentidos.

De modo a aumentar a eficácia de detecção de aves mortas no terreno, a partir do mês de Agosto o observador foi acompanhado por uma cadela da raça Labrador Retriever, que estava treinada para detectar cadáveres no terreno.

Cada ave detectada foi identificada, georeferenciada com o auxilio de um GPS, tendo-se anotado o tipo de uso do solo, a distância e a orientação em relação à linha e, quando possível, o local de embate. Foi também assinalado se o cadáver foi detectado pelo observador ou pelo cão. Todos os cadáveres e/ou restos encontrados foram removidos do local, de modo a evitar duplicações de contagens, em saídas distintas.

Figura 1 – Mapeamento das linhas de alta e média tensão das linhas monitorizadas na ZPE de Castro Verde.

2.3. Análise dos dados

2.3.1. Análise dos dados de mortalidade

Os dados de mortalidade de aves são apresentados segundo a espécie, tipologia de linha e tipo de mortalidade. São também analisados os grupos taxonómicos afectados e o estatuto de conservação das espécies envolvidas segundo o Novo Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal (Cabral et al. 2005).

(9)

6 Para cada uma das variáveis consideradas é calculado o valor de mortalidade de aves por quilómetro num ano (aves/km/ano).

2.3.2. Análise do efeito das medidas correctivas

No caso da mortalidade por colisão foi comparado o valor de mortalidade obtido nos diferentes troços em linhas sinalizadas com BFDs e não sinalizadas, entre galhardete sinalizado e não sinalizado e entre triangulo sinalizado e não sinalizado. Para isso foram realizados testes não paramétricos Mann-Whitney (Zar 1996).

Dos apoios amostrados em que se verificou mortalidade por electrocussão (triângulo e seccionadores), apenas no caso do triângulo a dimensão da amostra permitiu a realização de testes estatísticos para análise do efeito das medidas anti-electrocussão que têm vindo a ser adoptadas. Por outro lado, é apenas neste tipo de apoios que são colocados dispositivos que impedem a electrocussão de aves.

2.3.3. Modelação dos factores indutores de mortalidade na ZPE de Castro Verde

Para modelar a mortalidade de aves em linhas eléctricas na ZPE de Castro Verde dividiram-se as linhas estudadas em troços de 500m, num total de 100. Testaram-se modelos para as seguintes variáveis dependentes:

• mortalidade anual;

• mortalidade anual por colisão; • mortalidade anual por electrocussão; • presença / ausência de mortalidade;

• presença / ausência de mortalidade de abetarda; • presença / ausência de mortalidade de sisão.

As variáveis foram modeladas de acordo com vários factores (variáveis independentes), que estavam relacionadas com as características da linha, com factores geográficos ou com factores biológicos (Tabela II). As variáveis independentes foram recolhidas na bibliografia disponível para a área e junto a investigadores e foram incorporadas num SIG.

(10)

7 Tabela II – Variáveis independentes utilizadas para modelar a mortalidade, respectivo código, unidade e fonte da

informação.

Variáveis independentes / explicativas Código Unidade Fonte da informação

nome da linha estudada Cod_linha

Nº de apoios presentes no troço de 500m n_apoios 1-5 Tipologia da linha (pórtico; galhardete; galhardete

sinalizado; triangulo ou triangulo sinalizado

tipologia

Presença / ausência de seccionadores secc 0-1

Características da linha

Cumprimento total de linhas eléctricas numa quadrícula 1x1Km

d_linhas m

Presença do habitat pseudo-estepe cerealífera habitat 0-1

Distância a estradas D_est m Rocha 2008

Distância a localidades D_loc m Rocha 2008

Distância a pontos de água D_agua m Rocha 2008

Factores do meio

Índice de complexidade de relevo relevo Rocha 2008

Distância a áreas de lek de abetarda D_lekOtis m Rocha 2008 Distância a áreas utilizadas por abetardas. Estas

áreas foram obtidas a partir de dados de oito contagens, realizadas trimestralmente durante

dois anos

D_bOtis m Rocha 2008

Distância a áreas utilizadas pelo sisão fora da época de reprodução

D_tetrax m Rocha et al. 2004

Distância a colónias de peneireiro-das-torres D_naum m Henriques et al. 2006 Distância a ninhos / colónias de cegonha-branca.

Dados do censo nacional de cegonha-branca de 2004

D_cic m Rosa 2004

Factores biológicos

Distância a dormitórios de grous D_grous m dados do ICNB

As variáveis de distância foram determinadas em função do ponto médio de cada troço de 500m e os cálculos foram realizados no software ArcGis 9.1.

Para modelar a mortalidade efectuaram-se Generalized Linear Models (GLM), tendo-se utilizado a distribuição Poisson para as variáveis com o valor de mortalidade e a distribuição Binomial para as variáveis que descrevem a presença / ausência de mortalidade (Zur et al. 2007). Começou-se por efectuar uma análise exploratória aos dados, em que se verificou a ocorrência de outliers, a normalidade

(11)

8 dos dados e a presença de variáveis correlacionadas. Às variáveis que não apresentavam uma distribuição normal aplicou-se uma transformação logarítmica (Lnx+1) (Zar 1996). Posteriormente,

efectuaram-se análises univariadas para determinar quais as variáveis a incorporar no modelo, tendo-se excluído aquelas com probabilidade superior a 0.1 (P>0.1). O melhor modelo foi escolhido com base no valor de AIC Akaike Information Criterion (Burnham & Anderson 2002). As análises foram efectuadas no software estatístico R 2.6.0. (R Project 2007).

(12)

9 3. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

No decorrer deste trabalho não foram calculados factores de correcção para obter uma aproximação ao valor da mortalidade real. Assim, os dados apresentados dizem respeito aos dados recolhidos nas prospecções no terreno e consistem na mortalidade observada.

3.1. Caracterização da mortalidade de aves

No total dos troços estudados detectaram-se 208 indícios de mortalidade de aves, de 34 espécies diferentes (Tabela III). Tendo em conta que foram amostrados 50km de linhas obteve-se um valor de mortalidade de 4.16 aves/km/ano em linhas eléctricas de alta e média tensão na ZPE de Castro Verde, sendo este o valor de mortalidade observado.

A espécie mais afectada foi o trigueirão (n=31), seguida pela garça-boieira (n=21), o sisão (n=15), o abibe (n=12) e a codorniz (n=11). É de destacar também a ocorrência de mortalidade de abetarda (n=5), de peneireiro-das-torres (n=4), de cortiçol-de-barriga-preta (n=1) e de calhandra-real (n=1), aves estepárias com estatuto de Ameaça ou de Quase Ameaça, segundo o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal (Cabral e tal, 2005).

Detectaram-se aves de diferentes dimensões e de diversos grupos taxonómicos. A grande maioria das espécies afectadas são Passeriformes (45%), seguidos pelos Ciconiformes (16%) e pelos Gruiformes (10%). A maioria das aves afectadas não estão ameaçadas, no entanto, 20% apresentam estatuto de conservação de Ameaça ou de Quase Ameaça, segundo o Novo Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal (Cabral et al. 2005), sendo estas maioritariamente aves estepárias ou aves de presa (Figura 2).

Figura 2 – Grupos taxonómicos e estatutos de conservação (segundo o Novo Livro Vermelho) das aves que morreram por colisão e electrocussão nos 50 km de linhas eléctricas estudados na ZPE de Castro Verde.

Ciconiformes 15% Gruiformes 10% Galliformes 7% Charadriiformes 7% Passeriformes 45% Outros 16% Quase Ameaçado 6% Vulnerável 11% Em perigo 3% Pouco Preocupante 80%

(13)

10 Tabela III – Mortalidade anual de aves em linhas eléctricas na ZPE de Castro Verde. Valores de mortalidade total, por colisão, por electrocussão e por tipologia de linha.

Espécie Nº

mortalidade Colisão Electrocussão Pórtico Galhardete

Galhardete

sinalizado Triângulo

Triângulo sinalizado

Garça-boieira Bubulcus ibis 21 16 5 18 3

Cegonha-branca Ciconia ciconia 9 5 4 5 4

Marrequinho Anas crecca 1 1 1

Pato-real Anas plathyrynchos 3 3 1 1 1

Milhafre-real Milvus milvus 1 1 1

Grifo Gyps fulvus 2 2 2

Águia-cobreira Circaetus gallicus 3 3 1 2

Águia-de-asa-redonda Buteo buteo 4 4 3 1

Águia-calçada Hieratus pennatus 1 1 1

Peneireiro Falco tinnunculus 5 2 3 1 2 1 1

Peneireiro-das-torres Falco naumanni 4 1 3 1 3

Codorniz Coturnix coturnix 11 11 2 6 2 1

Perdiz Alectoris rufa 4 4 1 2 1

Sisão Tetrax tetrax 15 15 1 4 4 5 1

Abetarda Otis tarda 5 5 1 2 2

Tarambola-dourada Pluvialis apricaria 2 2 1 1

Abibe Vanellus vanellus 12 12 2 3 1 3 3

Cortiçol-de-barriga-preta Pterocles orientalis 1 1 1

Pombo-domestico Columba livia 6 6 2 1 2 1

Coruja-das-torres Tyto alba 3 3 1

Poupa Upupa epops 2 2 1 2 1

Calhandra-real Melanocorypha calandra 1 1 1

Cotovia-do-monte Galerida theklae 2 2 1 1

Laverca Alauda arvensis 7 7 3 2 1 1

Petinha-dos-prados Anthus pratensis 1 1 1

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11

Espécie Nº

mortalidade Colisão Electrocussão Pórtico Galhardete

Galhardete

sinalizado Triângulo

Triângulo sinalizado

Toutinegra Sylvia sp. 1 1 1

Felosa-musical Phylloscopus trochilus 3 3 1 1 1

Picanço-real Lanius meridionalis 2 2 1 1

Picanço-barreteiro Lanius senator 1 1 1

Gralha Corvus corone 2 2 2

Corvo Corvus corax 4 4 1 2 1

Estorninho-preto Sturnus unicolor 8 4 4 1 1 1 5

Trigueirão Miliaria calandra 31 31 3 9 9 8 2

Passeriforme não identificado 26 26 4 11 6 4 1

Ave não identificada 3 3 1 1 1

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12 3.1.1. Variação anual da mortalidade

Verificou-se mortalidade de aves durante todo o ano, todavia o valor mensal variou entre as 6 e as 42 aves (Figura 3). Durante o mês de Novembro registou-se um pico de mortalidade, valor que está em parte relacionado com os elevados números de indivíduos das espécies codorniz, trigueirão e garça-boieira. De Fevereiro a Abril verificou-se uma ligeira quebra nos valores de mortalidade.

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 M ai o Ju nh o Ju lh o A go st o S et em br o O ut ub ro N ov em br o D ez em br o Ja ne iro F ev er ei ro M ar ço A br il cão observador

Figura 3 – Mortalidade mensal de aves em linhas de alta e média tensão na ZPE de Castro Verde. Aves detectadas pelo observador e pelo cão.

Na Figura 3 estão representados as aves detectadas pelo observador e as que foram registadas graças à presença do cão nos percursos. A utilização de um cão nas prospecções a partir do mês de Agosto revelou-se bastante proveitosa e complementar ao observador, uma vez que permitiu um aumento de detecção na ordem dos 29%. É de referir que as aves atribuídas ao cão não estavam visíveis para o observador, pelo que essa proporção dos indícios de mortalidade (29%) não teria sido detectada se o observador tivesse realizado as prospecções sozinho. Por outro lado, salienta-se que grande parte dos cadáveres registados pelo observador também foi assinalada pelo cão.

A actuação do cão teve particular expressividade em situações de difícil visibilidade, especialmente na detecção de cadáveres de aves mais pequenas ou de cadáveres presentes em áreas de vegetação alta e/ou densa. No entanto, a sua eficácia parece estar condicionada pelas condições do vento, em particular pela direcção, e também pelo tempo de permanência do cadáver no terreno. Aves que morreram apenas há poucas horas parecem ser menos detectáveis.

(16)

13 3.1.2. Mortalidade por colisão

A maior parte dos indícios de mortalidade registados neste trabalho dizem respeito a acidentes por colisão com os cabos aéreos das linhas (n=171; 82.2%) (Tabela IV). Obteve-se um valor de mortalidade de aves por colisão de 3.42 aves/km/ano.

As espécies mais afectadas por este tipo de mortalidade foram o trigueirão (n=31), a garça-boieira (n=16), o sisão (n=15), o abibe (n=12) e a codorniz (n=11). A maior parte dos casos de mortalidade de aves estepárias, como a abetarda (n=5), o peneireiro-das-torres (n=1), o cortiçol-de-barriga-preta (n=1) e a calhandra-real (n=1), também ocorreram por colisão com estas infra-estruturas.

3.1.3. Mortalidade por electrocussão

O valor de mortalidade por electrocussão foi bastante inferior ao determinado para a colisão (n=37; 17.8%) (Tabela IV). Obteve-se um valor de mortalidade por electrocussão de 0.13 aves/apoio/ano e de 0.74 aves/km/ano.

Neste caso, as espécies mais afectadas pertencem ao grupo das aves de presa (Accipitriformes n=11 e Falconiformes n=6), que utilizam frequentemente os apoios das linhas eléctricas como local de poiso, aos Ciconiformes (n=9) e aos Passeriformes (n=8). A garça-boieira, com 5 cadáveres, juntamente com a cegonha, a águia-de-asa-redonda, o corvo e o estorninho, cada uma com 4, foram as espécies mais detectadas.

É de referir que também foi registada mortalidade por electrocussão de espécies com estatuto de conservação de Ameaça ou de Quase Ameaça como o peneireiro-das-torres (n=3), a águia-cobreira (n=3), a águia-calçada (n=1), o milhafre-real (n=1) e o corvo (n=1).

3.1.4. Análise por tipologia

A tipologia com maior mortalidade foi o galhardete, com 68 acidentes, seguido do triângulo (n=50) e do galhardete sinalizado (n=44) (Tabela IV). Considerando apenas os casos de colisão estes valores são de 58, 31 e 43 aves, respectivamente. Num dos troços da tipologia galhardete (Mouras) verificou-se uma elevada mortalidade de aves devido à presença de uma colónia de cegonha-branca e de garça-boieira, a menos de 50 metros da linha. Se ao número total de aves acidentadas na tipologia galhardete retirarmos o número de aves dessas espécies que morreu no sector próximo à referida colónia, verifica-se que o valor para a colisão na tipologia galhardete desce para as 43 aves, que é o mesmo valor da tipologia galhardete sinalizado.

No caso da electrocussão foram as linhas com a tipologia triangulo que apresentaram um valor superior de mortalidade (18 aves), seguido pelo galhardete (n=10) e pelo triângulo sinalizado (n=6). Analisando o

(17)

14 tipo de apoios envolvidos verifica-se que 19 dos casos de mortalidade ocorreram em apoios do tipo triangulo e 16 em seccionadores. Tal como referido na tabela IV a mortalidade em linhas de galhardete ocorreu em seccionadores, pelo que o problema não está nos apoios em galhardete, mas sim nos apoios onde se encontram seccionadores horizontais.

Apenas foi detectado uma situação de electrocussão em pórtico, uma coruja-das-torres, que foi encontrada debaixo de um apoio. À partida, este tipo de mortalidade não é previsto num apoio deste tipo, dadas as suas características. Trata-se de uma situação isolada que pode ter ocorrido devido à conjugação de factores pouco comuns ou aquando do momento em que a ave se aproximava, em voo, do apoio.

Tabela IV – Mortalidade por colisão e electrocussão em cada tipologia estudada.

Quando se analisam os diferentes troços em separado verifica-se uma grande variabilidade entre eles (Tabela V). O valor de mortalidade anual para a ZPE foi de 4.16 aves/km, no entanto, esse valor variou entre 1.6 e 12.7 consoante o troço. Os troços de São Marcos e das Mouras destacam-se nitidamente dos restantes, apresentando valores bastante elevados, 12.7 e 11.3 aves/km, respectivamente.

Dentro da mesma tipologia os valores chegam a ser também bastante variáveis, como é o caso do triangulo com valores anuais que oscilam entre os 2.5 e 12.7 aves/km, ou do galhardete que apresenta valores desde as 3.2 até às 11.3 aves/km.

As grandes variações entre os troços da mesma tipologia sugerem que existem outros factores para além da tipologia a condicionar a mortalidade de aves.

No Anexo II encontra-se toda a informação referente aos troços estudados.

Electrocussão Nº

mortalidade Colisão

total apoios seccionadores poste de transformação Pórtico 27 26 1 1 Galhardete 68 58 10 10 Galhardete sinalizado 44 43 1 1 Triangulo 50 31 19 18 1 Triangulo sinalizado 19 13 6 1 4 1

(18)

15 Tabela V – Mortalidade de aves em cada troço estudado.

3.1.5. Mortalidade de abetarda

No total detectaram-se 5 indícios de mortalidade de abetarda por colisão com linhas de alta e média tensão, o que corresponde a um valor de 0.1 abetardas/km/ano (Tabela VI). Estes indícios foram registados na tipologia pórtico (n=1), galhardete (n=2) e galhardete sinalizado (n=2). Verificou-se uma concentração de acidentes durante os meses de Outubro e Novembro.

É de referir que duas das aves morreram no mesmo troço (Serrão) e no mesmo sector (área compreendida entre dois apoios), em alturas do ano distintas. Nas proximidades deste troço existe uma pequena barragem que é utilizada regularmente pela espécie, o que explica uma elevada utilização da área pelas abetardas. Por outro lado, no terreno verifica-se que este sector está perto a um ponto alto, numa cota mais baixa, e que os cabos, por estarem mais baixos que a referida elevação, podem não ser visíveis para as aves quando em voo. A conjugação destes dois factores pode ser responsável pelo elevado valor de acidentes no sector.

Impacte das linhas de alta e média tensão na população de abetarda

Considerando apenas o número de quilómetros de linhas de alta e de média tensão presentes obtém-se um valor de mortalidade de 23.4 abetardas por ano na ZPE. É necessário ter presente que este valor foi obtido sem ter em conta factores relacionados com a biologia e a distribuição da espécie na área de estudo. A dimensão dos dados recolhidos durante um ano de trabalho não permite uma análise de modelação específica para a abetarda, pelo que a extrapolação que os dados permitem pode estar tanto sub como sobrestimada.

Tipologia Troço Código da linha nº aves/km/ano

Pórtico a) Desgastes 0201 L5008700 3.1 b) Filipeja 0201 L5008700 1.6 Galhardete c) Mouras 0206 L2001665 11.3 d) Mestras 0206 L2001660 6.7 e) Serrão 0209 L20018B4 4 f) Albernôa 0201 L2008500 3.2 Galhardete g) Achada 0206 L2001682 5.3 sinalizado h) Barrigoa 0206 L2001663 3.5 i) Mealheira 0201 L2001690 3.3 j) Peso 0209 L20018B4 5.5 l) Viseus 0209 L2001800 4.3 Triangulo m) Guerreiro 0206 L2001865 2.5 n) Benviúda 0209 L20018C2 3.5 o) Brunheiras 0211 L3008300 2.6 p) São Marcos 0206 L2001858 12.7 q) Laranjo 0206 L2001859 7.3 Triangulo r) Lagoa da Mó 0201 L2001600 1.8 sinalizado s) Salto 0206 L2001858 3.3

(19)

16 Apesar do valor ser reduzido para a análise estatística o valor de mortalidade observado representa 1,93% da população estimada para a área (população estimada em 1212 aves, na contagem de 2008, Rocha com. pess). Se tivermos em consideração que a população de abetardas sofre várias variações ao longo do ano e que durante os meses em que se verificou mortalidade (Outubro a Novembro) o número de aves na zona está estimado em 70% das aves observadas durante a Primavera, a percentagem de população afectada sobe para 2,76 %.

Tabela VI – Mortalidade de abetarda em linhas eléctricas de alta e média tensão na ZPE de Castro Verde.

3.1.6. Mortalidade de sisão

Registaram-se 15 indícios de mortalidade de sisão por colisão e um valor de 0.3 sisões/km/ano (Tabela VII). Observou-se mortalidade em todas as tipologias consideradas no estudo, sendo de realçar o triangulo (n=5), o galhardete (n=4) e o galhardete sinalizado (n=4). Dos troços amostrados o de Viseus, com 4 cadáveres de sisão, destaca-se pelo elevado e discrepante valor de mortalidade. Os troços Mouras e Mestras também se distinguem com 2 aves desta espécie. No que diz respeito à distribuição da mortalidade ao longo do ano verifica-se que grande parte dos registos se concentra durante o período de reprodução e início da pós-reprodução entre Abril e Julho. (Figura 4).

Impacte das linhas de alta e média tensão na população de sisão

Se se extrapolar o valor obtido neste estudo para o nº total de quilómetros de linhas de alta e média presentes na ZPE, obtém-se uma valor de mortalidade de 70 sisões por ano, o que corresponde a 1.03% da população estimada para a espécie na área (população estimada em 3390 machos reprodutores (Silva & Pinto 2006) e extrapolada para 6780 aves, considerando um sex ratio de 1:1). Tal como no caso da abetarda é de realçar que esta extrapolação pode estar sub ou super-estimada.

Troço Tipologia Mês

Desgastes P Outubro

Serrão GAL Novembro

Serrão GAL Abril

Peso GAL sin Julho

(20)

17 Tabela VII – Mortalidade de sisão em linhas eléctricas de alta e média tensão na ZPE de Castro Verde.

0 1 2 3 4 5 6 M a io Ju n h o Ju lh o A go st o S e te m b ro O u tu b ro N o ve m b ro D e ze m b ro Ja ne iro F ev e re iro M ar ço A b ril

Figura 4 – Variação sazonal da mortalidade de sisão em linhas de alta e média tensão na ZPE de Castro Verde.

3.2. Efeito das medidas correctivas 3.2.1. Sinalização dos cabos com BFD

Nos troços sinalizados com BFD encontraram-se 56 cadáveres de aves, enquanto que nos não sinalizados o valor foi de 74 (Tabela VIII). Apesar de se terem detectado menos acidentes nos troços sinalizados com BFD essas diferenças não são significativas (P=0.470 Z=-0.742).

No caso da tipologia triângulo detectaram-se 31 aves nos troços não sinalizados e 13 nos sinalizados, diferença que não foi comprovada estatisticamente (P=0.245 Z=-1.162). Por sua vez, no galhardete foi

Troço Tipologia Mês

Desgastes P Junho

Mestras GAL Maio

Mestras GAL Junho

Mouras GAL Maio

Mouras GAL Novembro

Viseus GAL sin Maio

Viseus GAL sin Maio

Viseus GAL sin Junho

Viseus GAL sin Novembro

Guerreiro TR Maio

São Marcos TR Julho

Benviuda TR Julho

Laranjo TR Junho

Brunheiras TR Abril

(21)

18 encontrado o mesmo número de aves e também não se detectaram diferenças estatísticas significativas (P=0.624 Z=-0.490).

No caso das espécies abetarda e sisão verificou-se o mesmo valor das duas tipologias de galhardete (n=2 e n=4 respectivamente). No caso da tipologia triangulo observaram-se mais acidentes com sisão nos troços sinalizados (n=5) do que nos não sinalizados (n=1).

Tabela VIII – Mortalidade de aves por colisão em linhas da tipologia galhardete, galhardete sinalizado, triangulo e triangulo sinalizado. Nº total, nº de abetardas e nº de sisões.

* não foram incluídos os dados do sector 29-30 do troço das Mouras para as espécies cegonha-branca e garça-boieira, devido à proximidade de uma colónia destas espécies.

3.2.2. Dispositivos contra a electrocussão

Nos 70 apoios da tipologia triângulo sem medidas correctivas amostrados foram detectados 18 cadáveres de aves electrocutadas, enquanto que nos 59 apoios com dispositivos anti-electrocussão apenas foi encontrado 1. É de referir que o apoio corrigido em que foi encontrado esta ave possuía também uma derivação para outra linha e nessa amarração não estavam presentes esses dispositivos. Assim, os dispositivos que têm sido utilizados nestes apoios para prevenir episódios de electrocussão de aves estão a ser eficazes.

3.3. Modelação dos factores indutores de mortalidade

Não se observaram correlações entre as variáveis consideradas, pelo que todas foram consideradas na construção do modelo. Devido à dimensão da amostra não foi possível modelar as variáveis “presença / ausência de mortalidade de abetarda” e “presença / ausência de mortalidade de sisão”. Na tabela IX são apresentados os resultados da análise univariada para cada uma das variáveis.

Mortalidade total

Das variáveis definidas apenas a distância a áreas de lek de abetarda foi seleccionada para explicar o valor de mortalidade anual. No entanto, o modelo que incorpora esta variável apenas explica 4,9% da variância dos dados.

Não sinalizado Sinalizado

total abetarda sisão total abetarda sisão

Galhardete 43* 2 4 43 2 4

(22)

19 Mortalidade por colisão

No caso da mortalidade por colisão, a análise univariada seleccionou duas variáveis, a distância a leks de abetarda e a distância a bandos de abetarda. Na escolha do melhor modelo, verificou-se que o valor de AIC é menor para D_lekOtis do que quando se juntam as duas variáveis significativas. Assim, segundo os testes estatísticos o modelo que inclui a variável D_lekOtis é o que explica melhor o valor de mortalidade por colisão obtido neste trabalho, explicando 6% da variância dos dados.

Mortalidade por electrocussão

Por sua vez, quando se considera o valor de mortalidade de aves por electrocussão, em cada troço de 500m, foram seleccionadas três variáveis: número de apoios, tipologia de apoios e distância a colónias de peneireiro-das-torres. O melhor modelo para esta variável dependente é o que incorpora estes três factores, que juntos explicam 34% da variância.

Presença / ausência de mortalidade

A presença / ausência de mortalidade de aves nos troços de 500m é explicada pelo modelo que incorpora as variáveis habitat e distância a leks de abetarda, que explica 4,5% da variância dos dados.

3.4. Mapa de sensibilidade à colisão e electrocussão na ZPE de Castro Verde

Uma vez que não foram obtidos bons modelos explicativos a partir dos dados recolhidos no âmbito deste trabalho não foi possível desenhar um mapa de sensibilidade à colisão e electrocussão na ZPE de Castro Verde.

(23)

20 Tabela IX – Resultados da análise univariada, coeficiente β (β é + se as duas variáveis variam no mesmo sentido e,

β é – na situação inversa) e significância (* - 0.1<P<0.5) para cada uma das variáveis definidas. mortalidade mortalidade por

colisão mortalidade por electrocussão presença / ausência de mortalidade Código β P β P β P β P Cod_linha ns ns ns ns n_apoios ns ns + * ns tipologia ns ns + * ns secc ns ns ns ns Características da linha d_linhas ns ns ns ns habitat ns ns ns + * D_est ns ns ns ns D_loc ns ns ns ns D_agua ns ns ns ns Factores do meio relevo ns ns ns ns D_lekOtis - * - * ns - * D_bOtis ns - * ns ns D_tetrax ns ns ns ns D_naum ns ns + * ns D_cic ns ns ns ns Factores biológicos D_grous ns ns ns ns

(24)

21 4. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Mortalidade de aves na ZPE de Castro Verde

Os dados obtidos num ano de trabalho revelaram elevados valores de mortalidade em linhas de distribuição de energia da ZPE, sendo que 20% dos casos envolvem espécies com estatuto de Ameaça ou de Quase Ameaça, segundo o Livro Vermelho dos Vertebrados (Cabral et al. 2005). A colisão foi responsável por mais de 80% dos valores de mortalidade. As espécies ou grupos de espécies mais afectados estão de acordo com as classes de sensibilidade descritas noutros trabalhos (e.g. Janss 2000, BirdLife 2003, Infante et al. 2005).

Realça-se, no entanto, que o valor de mortalidade real é superior ao apresentado neste relatório, uma vez que nem todos os acidentes são detectados pelos observadores, quer por erro de detecção, como pela acção de espécies necrófagas que removem as carcaças do terreno, muitas vezes sem deixar vestígios. Por outro lado, também é relevante o facto de nem todas as aves morrerem na área prospectada (Bevanger 1999).

A comparação dos dados apresentados no presente relatório com os obtidos noutros estudos deve ser feita com algumas precauções, uma vez que cada trabalho utiliza metodologias de recolha de dados própria, nomeadamente o intervalo entre as prospecções, e aplica diferentes factores de correcção. Neste contexto, assinala-se que no presente estudo, o valor de mortalidade observado apresenta um enviesamento relativamente aos estudos que têm sido realizados em Portugal, uma vez que se utilizou um cão durante as prospecções, o que aumentou a capacidade de detecção dos indícios de mortalidade presentes no terreno em cerca de 29%.

De modo a tornar dos resultados obtidos neste trabalho mais comparáveis e, uma vez que a grande parte dos estudos realizados ao nível nacional apenas apresenta dados de mortalidade reais (obtidos através da aplicação de factores de correcção), calculou-se o valor de mortalidade real aplicando os factores de correcção utilizados por Marques et al. (2007), para uma linha de muito alta tensão na ZPE de Castro Verde 1. Assinala-se que para o cálculo da mortalidade real apenas se utilizou o número de aves

detectadas pelo observador, como valor de mortalidade observado, tendo-se excluído as detectadas exclusivamente pelo cão.

1 Utilizou-se a fórmula: ME = MO x 1/(TD x TR x PAP) em que:

• ME é a Mortalidade Estimada;

• MO é a Mortalidade Observada. Este é o valor detectado no decorrer do trabalho de campo. Foram apenas incluídas as aves detectadas pelo observador, tendo-se excluído as detectadas pelo cão;

• TD é a Taxa de Detecção por parte do observador, valor determinado para a área de estudo por Marques et al. 2007; • TR é a Taxa de Remoção, valor determinado para a área de estudo por Marques et al. 2007;

• PAP é a Proporção de aves que morre na área prospectada. Considerou-se que 75% das aves que morrem por colisão permanecem na área prospectada (Bevanger 1999).

(25)

22 O valor de mortalidade real calculado para os 50km de linhas amostradas neste trabalho é de 11 809 aves, das quais 43 são sisões e 18 são abetardas, o que corresponde a um valor de mortalidade de 236.2 aves/km/ano

Infante et al. (2005) identificam a ZPE de Castro Verde como a área do país com mais casos de mortalidade em linhas eléctricas de espécies sensíveis, e com 10 e 13% da mortalidade verificada ao nível nacional, para a colisão e electrocussão, respectivamente. Este trabalho apresenta um valor de mortalidade real de 4,79 aves/km/ano, valor ligeiramente superior ao de mortalidade observado no presente trabalho (4,16) e bastante inferior ao da mortalidade real (236.2 aves/km/ano). Por outro lado, os mesmos autores apontam valores de mortalidade real de abetarda e sisão na área da ZPE (20 e 70 aves, respectivamente) bastante inferiores aos extrapolados por este estudo (84,2 e 201,2 aves, respectivamente, tendo em conta os valores de mortalidade real).

Efeito das medidas correctivas

No caso da mortalidade por colisão têm sido colocados BFD em espiral de fixação simples na ZPE de Castro Verde como medidas de minimização. Estes dispositivos têm vindo a ser utilizados em diferentes locais e segundo diferentes estudos podem ser responsáveis por uma redução de mortalidade na ordem dos 50% (Alonso et a.l 1994, Brown & Drewien in Janss & Ferrer 1998) ou mesmo dos 75% (Janss & Ferrer 1998). No entanto, um estudo realizado em Portugal indicia que os sinalizadores que têm sido utilizados no nosso país apresentam uma eficácia bastante mais reduzida, tendo-se determinado uma redução no valor de mortalidade entre os 4 e os 27% (Neves & Infante, 2008).

No presente trabalho apenas se verificou uma diminuição no valor de mortalidade de aves em linhas sinalizadas da tipologia triângulo, sendo essa diferença na ordem dos 58% (quando comparado com a tipologia triangulo não sinalizado), no entanto, a análise estatística não considerou esta diferença significativa. Uma vez que a amostragem na tipologia triangulo sinalizado se restringiu, por motivos de representatividade na área de estudo, a duas linhas (uma com 9,5km e outra apenas com 600m), é possível que estes dados se encontrem enviesados. Assim, devido à baixa representatividade da amostragem em triângulo sinalizado e, consequentes enviesamentos da amostra, os resultados obtidos não são consideram conclusivos sobre a eficácia da sinalização desta tipologia.

No caso da tipologia galhardete o valor de mortalidade foi igual nos troços sinalizados e não sinalizados. Segundo os dados recolhidos neste estudo, os BFD colocados nas linhas com a tipologia galhardete não foram eficazes na redução dos valores de mortalidade de aves por colisão. Por sua vez, para a tipologia triângulo, os dados não são suficientes para tirar conclusões.

No caso particular da electrocussão, os dispositivos que têm vindo a ser colocados na ZPE para evitar este tipo de mortalidade estão a ser muito eficientes. Ao longo do ano de trabalho apenas foi detectado

(26)

23 um cadáver de ave num apoio com dispositivos anti-electrocussão, todavia este apoio também possuía uma derivação que não estava protegida.

Modelação da mortalidade

Os modelos obtidos no âmbito deste trabalho revelaram-se insuficientes para explicar a mortalidade de aves na ZPE de Castro Verde. Tal verificou-se para todas as variáveis dependentes consideradas: mortalidade anual; mortalidade anual por colisão; mortalidade anual por electrocussão e presença ou ausência de mortalidade.

Apesar de não se ter obtido bons modelos multivariados, a análise univariada permite tecer algumas considerações sobre a importância das variáveis utilizadas para a mortalidade de aves em linhas eléctricas na área de estudo.

No caso particular das variáveis independentes incluídas nas características da linha, a linha (Cod_linha), a presença de seccionadores no troço (secc) e o cumprimento total de linhas na quadrícula 1x1 km (d_linhas) não se revelaram significativas para qualquer uma das variáveis dependentes consideradas na análise. Por outro lado, as variáveis número de apoios no troço (n_apoios) e tipologia de apoios (tipologia) estão relacionadas com a mortalidade anual de aves por electrocussão. Este resultado está dentro do esperado, uma vez que reflecte que os episódios de electrocussão ocorrem em tipos específicos de apoios (triângulo e seccionadores) e que quanto maior é o número de apoios num troço, maior a probabilidade de ocorrerem electrocussões de aves.

Das variáveis que caracterizam o meio, a distância a elementos da paisagem, como estradas, localidades e planos de água (D_est, D_loc e D_agua) e o índice de relevo (relevo) não tiveram um resultado significativo. Estas variáveis são frequentemente seleccionadas em modelos de distribuição de espécies estepárias e em estudos de selecção de habitat, pelo que era esperado que tivessem influência na mortalidade de aves. O facto de nenhuma delas ter sido considerada significativa pode dever-se a terem sido utilizados dados de várias espécies em simultâneo como variáveis dependentes. Deste grupo de variáveis apenas o habitat foi considerado significativo para a presença/ausência de mortalidade, o que reflecte que a mortalidade foi superior nos troços de 500m localizados em habitat aberto, quando comparados com os do montado.

Por outro lado, dos factores biológicos, a distância a áreas utilizadas pelo sisão fora da época de reprodução, a distância a colónias ninhos e/ou colónias de cegonha-branca e a distância a dormitórios de grous não apresentaram resultados significativos para qualquer uma das variáveis dependentes analisadas.

Acrescenta-se que as variáveis utilizadas para o grupo factores ecológicos dizem respeito, na sua grande maioria, a espécies com estatutos de ameaça, que são aquelas para as quais existe mais informação

(27)

24 para a área de estudo. Assim, as variáveis independentes do grupo “factores biológicos” apenas representam uma pequena porção dos indivíduos detectados na área de estudo e não são as mais adequadas para a maioria das espécies envolvidas. O que pode justificar os resultados obtidos e a baixa significância dos modelos construídos com estas variáveis.

O facto de se ter utilizado os dados de todas as espécies em simultâneo pode ter condicionado os resultados da modelação, uma vez que cada espécie tem características próprias, tais como a distribuição na área de estudo, aspectos comportamentais e diferente susceptibilidade à colisão e/ou electrocussão com linhas eléctricas. Face ao exposto é espectável que os factores que induzem a mortalidade possam variar de espécie para espécie.

Apesar de se ter verificado um valor elevado de mortalidade neste ano de trabalho, a dimensão dos dados não permitiu a realização de modelos explicativos por espécie. Tal apenas será possível com um maior esforço de amostragem. Adicionalmente é de equacionar a construção de modelos para a área de estudo juntando os dados deste trabalho com os obtidos noutros estudos, nomeadamente nos recolhidos por Infante et al. (2005) 2. No entanto, ressalva-se que a construção de um modelo através da junção de

dados de diferentes estudos revela alguns problemas, nomeadamente quando o esforço de amostragem e os troços amostrados são distintos, o que acontece no caso destes dois trabalhos.

2 Tal pode ser realizado no âmbito deste projecto, num relatório adicional. Para tal, a informação sobre mortalidade de aves na

ZPE (mortalidade observada) deve ser disponibilizada de um modo georeferenciado ou, alternativamente, a informação deve ser fornecida por sector de linha eléctrica.

(28)

25 5. CONCLUSÕES

• Obteve-se um valor geral de mortalidade observado de 4.16 aves/km/ano;

• 20% dos acidentes registados envolvem espécies com estatuto de ameaça: abetarda (Otis tarda) e cortiçol-de-barriga-preta (Pterocles orientalis) com estatuto Em Perigo, sisão (Tetrax tetrax) e peneireiro-das-torres (Falco naumanni) classificados como Vulnerável, e águia-cobreira (Circaetus gallicus), corvo (Corvus corax), águia-calçada (Hieraaetus pennatus), picanço-barreteiro (Lanius meridionalis) e calhandra-real (Melanocorypha calandra) designados como Quase Ameaçados;

• A maior parte dos acidentes registados correspondem a mortalidade por colisão – 3.42 aves/km/ano e as espécies mais afectadas foram o trigueirão (Miliaria calandra), a garça-boieira (Bubulcus ibis), o sisão (Tetrax tetrax), o abibe (Vanelus vanelus) e a codorniz (Coturnix coturnix);

• Para a electrocussão determinou-se um valor de 0.74 aves/km/ano e de 0.13 aves/apoio/ano. As espécies mais afectadas pertencem ao grupo das aves de presa;

• A mortalidade na tipologia pórtico foi inferior às outras duas tipologias, triangulo e galhardete, que apresentaram valores semelhantes entre si;

• Os dados revelam que os BFDs não estão a reduzir o valor de mortalidade de aves por colisão na tipologia galhardete;

• Os dados sobre a eficácia das medidas de correcção para o triângulo não são conclusivos. De modo a aferir a eficácia da sinalização utilizada nas linhas de média e alta tensão sugere-se que se crie um novo desenho experimental, em que se monitorize diferentes traçados, durante um período alargado, antes e depois da sua sinalização. Por outro lado, recomenda-se que sejam utilizados troços controlo (que não sejam sinalizados) de modo a comparar a eficácia da medida de minimização e a consolidar os resultados obtidos;

• Sugere-se igualmente que se testem outros dispositivos de sinalização em alternativa aos BFD em espiral, de modo a testar quais os mais eficientes;

• Os dispositivos que têm sido utilizados para evitar acidentes por electrocussão estão a ter bons resultados e devem ser colocados nos apoios da tipologia triângulo presentes na ZPE;

• Recomenda-se a utilização de cães treinados de modo a aumentar a eficácia da detecção de cadáveres durante as prospecções (na ordem dos 29% no presente estudo);

• Verificaram-se valores de mortalidade bastante variáveis consoante a linha, destacando-se os troços de São Marcos (Salto, 0206 L2001858) e das Mouras (R Sta. Bárbara – Entradas, 0206 L2001665) com valores superiores aos restantes. Recomenda-se a adopção de medidas de

(29)

26 minimização nestes troços, no entanto, dado que os BFD em espiral de cor cinza não têm diminuído os valores de mortalidade de uma forma favorável, recomenda-se a utilização de outros tipos de BFD e o respectivo teste no terreno. Como exemplo indicam-se os BFD em espiral coloridos.

• Realça-se também o troço Viseus (SE Cerro do Calvário – Castro Verde, 0209 L2001800) que apresentouum elevado número de acidentes envolvendo espécies prioritárias. Uma vez que esta linha está sinalizada e que se continua a registar mortalidade de espécies como o sisão, a abetarda e o cortiçol-de-barriga-preta é de equacionar alterar o traçado desta linha ou o seu enterramento;

• As grandes variações entre os troços da mesma tipologia sugerem que existem outros factores para além da tipologia a condicionar a mortalidade de aves. Pelo que se recomenda o aprofundar desta temática. Para modelar os dados de mortalidade de aves na ZPE de Castro Verde e construir um mapa de susceptibilidade à mortalidade em linhas eléctricas é necessário dispor de um maior volume de dados e, se possível, modelar os dados consoante cada espécie ou grupos de espécies. Para isso recomenda-se que se prossiga com a amostragem pelo período mínimo de um ano, mantendo o mesmo desenho experimental utilizado neste trabalho.

(30)

27 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Rosa, G., V. Encarnação & M. Candelária 2005. V Censo Nacional de Cegonha-branca Ciconia ciconia (2004). Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves e Instituto da Conservação da Natureza, Lisboa (relatório não publicado).

Silva, J.P. & Pinto, M. (2006). Relatório Final da Acção 2 do Projecto Life Natureza Conservação do Sisão no Alentejo (LIFE02NAT/P/8476): inventariação dos núcleos do Alentejo. Instituto da Conservação da Natureza. Relatório não publicado.

Zar, J.H. (1996). Biostatistical Analysis. 3rd Ed. Prentice-Hall International, New Jersey.

(33)

I Anexo I – Estatutos de conservação, Legislação e Fenologia das espécies referidas.

ESTATUTO DE CONSERVAÇÃO EM PORTUGAL (segundo o Novo Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal (Cabral et al. 2005)):

EX – Extinto EW – Extinto na Natureza CR – Criticamente em Perigo EN – Em Perigo V – Vulnerável NT – Quase Ameaçado LC – Pouco Preocupante DD – Informação Insuficiente NE – Não Avaliado

CONVENÇÃO DE BERNA (82/71/CEE; Decreto-Lei nº 316/89, de 22 de Setembro): Anexo II: espécies de fauna que devem ser estritamente protegidas.

Anexo III: espécies protegidas de uma forma menos estrita, sendo possível a sua captura ou abate, se bem que com restrições.

CONVENÇÃO DE BONA (Decreto-Lei nº 103/80, de 11 de Outubro):

Anexo I: espécies migradoras que deve ser imediatamente protegidas e cujo habitat deve ser reconstruído.

Anexo II: espécies cujo estado de conservação é desfavorável e para as quais se devem programar acordos internacionais de conservação.

DIRECTIVA AVES (79/409/CEE; Decreto-Lei nº 140/99 de 24 de Abril):

Anexo AI: espécies de aves de interesse comunitário cuja conservação requer a designação de zonas de protecção especial.

(34)

II Anexo AIII: espécies de aves cujo comércio pode ser objecto de limitações.

FENOLOGIA R: Residente I: Invernante E: Estival MP: Migrador de passagem Espécie LVVP Convenção Bona Convenção Berna Directiva Aves Fenologia Ciconiformes

Garça-boieira (Bubulcus ibis) LC II R

Cegonha-branca (Ciconia ciconia) LC II II R/E

Anseriformes

Marrequinho (Anas crecca) LC II III D I

Pato-real (Anas plathyrynchos) LC II III AII; AIII R

Accipitriformes

Milhafre-real (Milvus milvus) NT II II AI I

Grifo (Gyps fulvus) LC II II AI R

Águia-cobreira (Circaetus gallicus) NT II II AI E

Águia-de-asa-redonda (Buteo buteo) LC II II R

Águia-calçada (Hieratus pennatus) NT II II AI E

Falconiformes

Peneireiro (Falco tinnunculus) LC II II R

Peneireiro-das-torres (Falco naumanni) VU II II AI E

Galliformes

Codorniz (Coturnix coturnix) LC II III AII E/R

Perdiz (Alectoris rufa) LC III D R

Gruiformes

Sisão (Tetrax tetrax) VU II AI R

Abetarda (Otis tarda) EN II II AI R

Charadriiformes

Tarambola-dourada (Pluvialis apricaria) LC II III AI I

Abibe (Vanellus vanellus) LC II III I

Pteroclidiformes

(35)

III

Strigiformes

Coruja-das-torres (Tyto alba) LC II R

Coraciformes

Poupa (Upupa epops) LC II R/E

Passeriformes

Calhandra-real (Melanocorypha calandra) NT II AI R

Cotovia-do-monte (Galerida theklae) LC II AI R

Laverca (Alauda arvensis) LC III I/R

Petinha-dos-prados (Anthus pratensis) LC II I

Picanço-real (Lanius meridionalis) LC II R

Picanço-barreteiro (Lanius senator) NT I E

Gralha (Corvus corone) LC R

Corvo (Corvus corax) NT III R

Estorninho-preto (Sturnus unicolor) LC I R

(36)

IV

Anexo II – Caracterização dos troços estudados e da mortalidade detectada

TROÇO – DESGASTES Cired: 0201 L5008700 Tipologia: Pórtico Extensão: 7000 m Apoios: 41-69 Nº aves / km / ano: 3.1

Caracterização do troço: este troço corre paralelamente à estrada que liga Castro Verde e Aljustrel (a Este da estrada), seguindo uma orientação Norte-Sul, aproximadamente. Atravessa um mosaico composto por culturas de cereal, pastagens (de gado bovino e ovino) e pousios.

Caracterização da mortalidade: Foram detectados 22 cadáveres de aves, entre as quais um sisão e uma abetarda. O grupo mais afectado foi o dos passeriformes. A mortalidade foi maioritariamente por colisão, tendo-se registado apenas um episódio por electrocussão, num apoio da tipologia pórtico.

Espécie Mês Visita Tipo mortalidade Apoios

Anas plathyrynchos Novembro II colisão 60-61

Falco naumanni Agosto I colisão 42-43

Tetrax tetrax Junho I colisão 50-51

Otis tarda Outubro I colisão 58-59

Pluvialis apricaria Janeiro II colisão 50-51 Vanellus vanellus Janeiro II colisão 67-68

Vanellus vanellus Março I colisão 65-66

Columba livia Novembro II colisão 67-68

Columba livia Março II colisão 51-52

Tyto alba Dezembro I electrocussão 59

Upupa epops Agosto II colisão 68-69

Alauda arvensis Dezembro I colisão 43-44 Alauda arvensis Dezembro II colisão 48-49

Alauda arvensis Janeiro I colisão 55-56

Anthus pratensis Novembro I colisão 49-50 Lanius meridionalis Julho II colisão 63-64 Miliaria calandra Novembro I colisão 63-64 Miliaria calandra Janeiro I colisão 48-49 Passeriforme ni Novembro I colisão 51-52 Passeriforme ni Novembro I colisão 51-52 Passeriforme ni Fevereiro II colisão 50-51

(37)

V TROÇO – FILIPEJA Cired: 0201 L5008700 Tipologia: Pórtico Extensão: 3000 m Apoios: 110-122 Nº aves / km / ano: 1.6

Caracterização do troço: este troço pertence à mesma linha que o troço dos Desgastes. A linha corre paralelamente à estrada que liga Castro Verde e Almodôvar (a Este da estrada), seguindo a orientação Norte-Sul. O habitat é composto por montado de azinho disperso e por pastagens.

Caracterização da mortalidade: Apenas foi detectada mortalidade por colisão, num total de 5 indícios.

Espécie Mês Visita Tipo mortalidade Apoios

Falco tinnunculus Dezembro II colisão 120-121 Galerida theklae Janeiro II colisão 115-116 Sturnus unicolor Agosto II colisão 120-121 Miliaria calandra Novembro I colisão 115-116

(38)

V TROÇO – MOURAS

Cired: 0206 L2001665 Tipologia: Galhardete Extensão: 3000m

Apoios: 28-43 (inclui 2 seccionadores que não foram alvo de medidas anti-electrocussão)

Nº aves / km / ano: 11.3

Caracterização do troço: este troço acompanha a estrada secundária entre o Carregueiro e Entradas, a sul. Atravessa áreas de seara, pousio e pastagem. Possui um seccionador horizontal no meio do traçado, bem como um seccionador horizontal na derivação do apoio 43 para a linha que passa no Monte Pestanas.

Caracterização da mortalidade: dos troços estudados foi o que apresentou maiores valores de mortalidade. No total foram detectados 34 cadáveres de aves, 24 de mortalidade por colisão e 10 por electrocussão. Parte da elevada mortalidade registada neste troço está relacionado com a presença de uma colónia de cegonha-branca e de garça-boieira a menos de 50 metros do sector 29-30. Realça-se também a mortalidade de 2 sisões.

Nove dos casos de electrocussão ocorreram em seccionadores (S30 e S43). Apenas num dos casos se observou electrocussão no meio do sector, devido ao contacto entre a ave e dois dos cabos condutores da linha.

*os apoios com seccionadores são assinalados com um S.

Espécie Mês Visita Tipo mortalidade Apoios*

Bubulcus ibis Maio II colisão 29-30

Bubulcus ibis Maio II colisão 29-30

Bubulcus ibis Junho I colisão 29-30

Bubulcus ibis Junho II colisão 29-30

Bubulcus ibis Junho II colisão 29-30

Bubulcus ibis Julho I colisão 29-30

Bubulcus ibis Julho II electrocussão 29-30 Bubulcus ibis Agosto I electrocussão S30 Bubulcus ibis Agosto I electrocussão S30 Bubulcus ibis Agosto II electrocussão S30 Bubulcus ibis Agosto II electrocussão S30

Bubulcus ibis Agosto II colisão 28-29

Ciconia ciconia Maio I colisão 29-30

Ciconia ciconia Maio I colisão 29-30

Ciconia ciconia Maio II colisão 29-30

Ciconia ciconia Julho I colisão 29-30

Falco tinnunculus Maio II electrocussão S43 Falco tinnunculus Maio II electrocussão S43 Coturnix coturnix Novembro I colisão 35-36 Coturnix coturnix Novembro I colisão 35-36 Alectoris rufa Novembro I colisão 32-33

Tetrax tetrax Novembro I colisão 34-35

Tetrax tetrax Maio I colisão 28-29

Columba livia Dezembro II colisão 35-36

Tyto alba Maio I electrocussão S43

Tyto alba Maio II electrocussão S43

Alauda arvensis Novembro II colisão 31-32 Corvus corax Setembro I electrocussão S30 Miliaria calandra Outubro II colisão 34-35 Passeriforme ni Novembro I colisão 35-36 Passeriforme ni Novembro I colisão 31-32 Passeriforme ni Novembro I colisão 30-31 Passeriforme ni Dezembro I colisão 32-33

(39)

V TROÇO – MESTRAS Cired: 0206 L2001660 Tipologia: Galhardete Extensão: 3000m Apoios: 10-28 Nº aves / km / ano: 6.7

Caracterização do troço: este troço atravessa área com características pseudo-estepárias, onde estão presentes parcelas agrícolas utilizadas para cultivo de cereal e para pastagem de gado bovino. Esta linha não acompanha outras estruturas lineares da paisagem.

Caracterização da mortalidade: foi um dos troços em que se detectaram mais acidentes, tendo-se registado apenas mortalidade por colisão. Destaca-se a ocorrência da mortalidade de dois sisões. Por outro lado, salienta-se que cinco das garças-boieira morreram na mesma noite e no mesmo sector. Esta é uma espécie gregária, que efectua frequentemente voos nocturnos, o que pode explicar este episódio.

Espécie Mês Visita Tipo mortalidade Apoios

Bubulcus ibis Agosto I colisão 24-25

Bubulcus ibis Novembro I colisão 10-11 Bubulcus ibis Novembro I colisão 10-11 Bubulcus ibis Novembro I colisão 10-11 Bubulcus ibis Novembro I colisão 10-11 Bubulcus ibis Novembro I colisão 10-11

Anas plathyrynchos Maio I colisão 14-15

Tetrax tetrax Maio II colisão 14-15

Tetrax tetrax Junho II colisão 17-18

Vanellus vanellus Novembro I colisão 15-16 Vanellus vanellus Novembro II colisão 13-14

Melanocorypha

calandra Outubro I colisão 20-21

Lanius meridionalis Junho II colisão 20-21 Miliaria calandra Setembro I colisão 21-22 Miliaria calandra Setembro II colisão 19-20 Miliaria calandra Novembro I colisão 19-20 Miliaria calandra Novembro I colisão 10-11 Passeriforme ni Outubro II colisão 13-14 Passeriforme ni Novembro I colisão 10-11 Passeriforme ni Janeiro I colisão 18-19

Referências

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