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RELATÓRIO DA CAMPANHA DE COMERCIALIZAÇÃO E EXPORTAÇÃO DA CASTNAH DE CAJU IN NATURA 2020

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Agência Nacional de Caju da Guiné-Bissau ANCA-GB

RELATÓRIO DA CAMPANHA DE COMERCIALIZAÇÃO E EXPORTAÇÃO DA

CASTNAH DE CAJU IN NATURA – 2020

1. ACTIVIDADES DA PRÉ-CAMPANHA - 2020

O presente relatório enquadra-se no conjunto de atividades que vem sendo desenvolvida nos períodos antes e durante a Campanha de Comercialização e Exportação da Castanha de Caju pela Agência Nacional de Caju da Guiné-Bissau (ANCA-GB), com ênfase não só nos três segmentos da fileira, mas também na melhoria da relação com os principais agentes econômicos que operam no setor de caju.

Durante o ano 2020, a ANCA-GB, na qualidade de Autoridade de Regulação do Setor de Caju, a semelhança de anos anteriores, desenvolveu um conjunto de atividades conducentes a promoção de um ambiente favorável à realização de negócios em todos os segmentos da fileira de caju, designadamente:

 Levantamento munícioso da situação da comercialização da castanha e amêndoa de caju no mercado internacional, nomeadamente mercado Regional, sub-regional, indiana e vietnamita;

 Apoio institucional;

 Participação na reunião de concertação entre o Governo e os principais atores da fileira de caju;

 Recolha e compilação de informações da campanha transata e nos mercados cuja comercialização e exportação havia iniciado mais cedo com vista a elaboração da “Estrutura de Custos” exequível e a sua consequente apresentação a tutela;

 Realização da reunião do Conselho Geral (Orgão deliberativo da ANCA-GB), para análise da situação da campanha transata e situação da campanha vigente;

 Visitas as regiões do país para constatar in locco o “ambiente” que prevalecia no terreno para que possa ter subsidio na formulação de medidas que visam corrigir algumas anomalias ao desenvolvimento normal da campanha;

 Formação/reciclagem dos técnicos da ANCA-GB afetos ao Laboratório de análise e certificação das Castanhas de Caju destinadas à exportação;

 Reforço e distribuição de técnicos da ANCA-GB nas principais Balanças comerciais de Bissau, no Guichet Único e na Báscula da APGB;

 Seguimento diário do preço ao produtor (interior do país) e do preço no intermediário (Bissau) através do Sistema de Informação do Mercado (SIM);

 Assinatura do Memorando de Entendimento (MuO) com o Instituto Caju Brasil (ICB), contemplando vários programas de cooperação entre as duas partes;

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 Realização do Atelier Nacional da Fileira de Caju, intitulado “Fileira de Caju: Estrangulamentos, Desafios e Perspectivas” com o intuito de todos em conjunto proceder uma reflexão profunda sobre a dinamização e alavancagem do setor, contando com a participação atores da fileira, técnicos e especialistas em matéria de Caju.

Não obstante a não abertura oficial da campanha, constatou-se que a castanha estava a ser comercializado a preços muito baixos, e com a permuta de 1kg de arroz por 1,5 kg de castanha de caju.

Dada a urgência da situação, foram efetuados encontros de trabalho com individualidades ligadas ao sector, e subsequentemente a reunião do Conselho Geral (Orgão deliberativo da ANCA-GB), nos dias 6 e 7 de Abril de 2020, cujo os objetivos era pôr em cima da mesa os fatores de estrangulamento da campanha de caju do ano transato, informações recolhidas no terreno e as medidas a tomar para soluciona-las, criando assim um clima saudável entre os intervenientes de todos os segmentos da cadeia de valor do caju.

A ANCA-GB de acordo com as suas atribuições e competências, Compilou as informações necessárias que foram entregues ao Governo, consubstanciadas na estrutura de custos e no preço de referência fundamentalmente, que oscilava entre os 350 à 500 Fcfa, deixando a decisão final ao tutela. Contudo, o Governo veio a atribuir a responsabilidade da Coordenação da Campanha de Comercialização e Exportação da Castanha de Caju ao Ministério do Comércio Indústria (MCA).

Teve lugar entre os dias 19 a 22 de Abril de 2020 a reunião de concertação entre o governo e os principais atores da fileira de caju que foi presidida pelo Ministro do Comércio e Industria, Eng.º Artur Sanhá, na presença do Presidente do conselho de Administração da ANCA-GB, o encontro tinha como objetivo de analisar e discutir os seguintes pontos:

1º. Situação vigente no mercado de internacional da castanha e amêndoa de caju; 2º. Perspectivas para a comercialização da castanha de caju face a pandemia do

COVID-19;

3º. Medidas de salvaguarda para a campanha de comercialização e exportação de caju 2020;

4º. Medida higiénico-sanitária a vigorar durante a campanha de comercialização e exportação da castanha de caju;

5º. Estrutura do custo, determinação do preço de referência para a comercialização da castanha de caju junto ao produtor, o valor das diferentes

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taxas e impostos sobre todas as transações dominaram as secções de trabalhos.

Tendo em atenção a importância económica que o caju representa para a população camponesa e para economia nacional, conjugado com a conjuntura internacional dominada pela questão sanitária provocada pela COVID-19, que obrigou todos os países a tomarem medidas restritivas em relação ao circulações de pessoas e bens, assim como a obrigatoriedade em manter o distanciamento social, o Governo, depois de ter ouvido e recolhido todas as sugestões dos principais intervenientes da fileira, partindo da estrutura de custos que tinham sido apresentados pela ANCA-GB, fixou em Abril de 2020 as seguintes obrigações legais, constantes do Quadro abaixo:

Quadro 1 - OBRIGAÇÕES LEGAIS PARA A COMERCIALIZAÇÃO E EXPORTAÇÃO DA CASTANHA DA CASTANHA DE CAJU IN NATURA - 2020

OBRIGAÇÕES LEGAIS PARA A COMERCIALIZAÇÃO E EXPORTAÇÃO DA CASTANHA DE CAJU “IN NATURA” – 2020

N/O OBRIGAÇÕES LEGAIS TAXA VALOR ENTIDADE BENEFICIÁRIA

1 PREÇO DE REFERENCIA 375 Fcfa/Kg PRODUTOR

2 BASE TRIBUTÁRIA 700 USD/TM DGA

3 CPR 28 Fcfa/Kg DGCI

4 IEEC 6% DGA

5 ACI 3% DGCI

6 EMULIMENTOS&DESLOCAÇÃO 1% DGA

7 TAXA DE SOBREVALORIZAÇÃO 5 Fcfa/Kg ANCA-GB

8 COORDENAÇÃO / FISCALIZAÇÃO 2 Fcfa/Kg MCI

9 CNC 0,5 Fcfa/Kg CNC

Fonte/Elaboração: ANCA-GB

2. PRODUÇÃO DA CASTANHA DE CAJU IN NATURA

Para a campanha de comercialização e exportação de caju de 2020, de acordo com as nossas previsões, entre finais Dezembro de 2019 e Janeiro de 2020, suportadas pelas condições climáticas favoráveis, havia sido previsto uma boa produção, seguindo a mesma linha da estimativa feita pelo Instituto de Caju Brasil no seu Boletim informativo nº 01 de Novembro de 2019, com suporte nas estimativas da produção mundial de castanha de caju para 2019/2020 feita pelo Global Cashew Council e International Nut & Dried Fruit, que apontava a nossa produção nos 200.000 TM, situando assim, no 7º lugar do ranking mundial dos Países produtores da Castanha de Caju, representando um pouco mais de 5% da produção mundial. Conforme se pode constatar no Quadro nº 02, esta estimativa do ICB apontava que em termos globais, a produção mundial da castanha de caju in natura, devia situar-se acima dos 3,6 milhões de toneladas métricas.

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Quadro 2 - ESTIMATIVA DA PRODUÇÃO MUNDIAL DA CASTANHA DE CAJU IN NATURA (2019/2020

Estimativa da produção mundial da Castanha de Caju - 2019/2020

Nº/O País Produção – TM %

1 Índia 750 000 20,54 2 Costa do Marfim 620 000 16,98 3 Vietname 310 000 8,49 4 Tanzânia 300 000 8,21 5 Gana 276 000 7,56 6 Nigéria 205 000 5,61 7 Guiné Bissau 200 000 5,48 8 Brasil 170 000 4,65 9 Benin 150 000 4,11 10 Camboja 130 000 3,56 11 Burkina Faso 130 000 3,56 12 Indonésia 100 000 2,74 13 Moçambique 90 000 2,46 14 Senegal 60 000 1,64 15 Gâmbia 20 000 0,55 16 Quénia 11 000 0,30 17 Outros 130 000 3,56 Produção mundial 3 652 000 100

Fonte: ICB - Boletim Informativo nº1 (18 de Novembro de 2019).

Elaboração: ANCA-GB

Este otimismo em termos da produção, veio a ser contrariada devido a floração muito reduzida nos cajueiros, conjugada com as previsões meteorológicas que apontavam para uma elevada temperatura, ventos fortes e elevada humidade do ar. A estas, acrescem ainda, prováveis ataque de pragas e doenças, idade avançada de alguns pomares, o desrespeito as normas de produção (Boas Patrícias Agrícolas). Estes fatores concorreram, não só, para a redução substancial da quantidade produzida, mas também na redução da qualidade da castanha de caju desta safra.

Perspectiva-se que, devido a situação sanitária mundial provocada pela Covid-19 e as medidas higiênico-sanitárias impostas pelas autoridades, adicionada as situações atrás mencionadas, haveria um redução na colheita da castanha de caju desta safra, como realmente veio a acontecer, contrariando assim tanto as nossas previsões iniciais, assim como as que constam no Boletim informativo nº 01 do ICB.

De acordo com os documentos apresentados no Atelier Nacional da Fileira de Caju (12/11/2020) promovido pela ANCA-GB, apresentados pelos oradores, o Engº Agrônomo José Da Silva (INPA) e Dr André Nanque (Consultor), o Caju continua a ocupar grande parte da superfície cultivável a nível nacional. A zona com maior extensão de plantações de cajueiros é a província leste, com mais de 50% do total das plantações no pais (Mapa nº 01), no entanto devido a sua geologia, clima e o incipiente

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respeito as normas de produção, a produtividade e a qualidade das castanhas são relativamente inferiores em relação ao resto do país.

Mapa 1 - DISTRIBUIÇÃO DOS CAJUEIROS POR ZONA GEOGRÁFICA

No que concerne a produção, a província Norte (Oio e Canchungo) perfazem 44%, quase metade da castanha produzida no País, sendo as regiões de Bolama, Quinara e Tombali (zona sul) aquelas que menos produzem (ver o Gráfico nº 01), devido a elevada idade dos seus pomares, maior incidência de pragas e doenças, indisponibilidade de áreas cultiváveis, a “fuga” dos jovens para Bissau e estrangeiro a procura de melhores condições de vida (falta de mão-de-obra para o tratamento dos pomares e colheita das Castanhas).

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Gráfico 1 - ESTIMATIVA DA PRODUÇÃO DA CASTANHA DE CAJU POR REGIÕES

3. CAMPANHA DE COMERCIALIZAÇÃO E EXPORTAÇÃO DA CASTANHA DE CAJU 3.1. Comercialização da Castanha de Caju ao Produtor

Para a presente campanha de caju, perspectivava-se um ambiente tranquilo, no tocante a comercialização do principal produto de exportação do país, as principais razões deviam-se aos seguintes factos

:

 Toda a castanha de caju da safra 2019 tinha sido vendida (não havia stock de castanha de caju de 2019 nos armazéns nacionais e da sub região);

 Havia uma grande dinâmica no mercado internacional de amêndoa de caju, devido ao preço muito atrativo que estimulava os consumidores;

 Os stocks de castanha para as fábricas e da amêndoa do caju nos supermercados estavam a esgotar-se, o que poderia provocar uma corrida desenfreada a matéria-prima, com consequências benéficas para o produtor. Entretanto, a campanha de comercialização de castanha de caju teve iniciou com alguns sobressaltos motivado não só pela Pandemia do Corona Vírus (COVID-19), mas também pela incerteza que se vivia no mercado internacional. A nível interno, ocorria início das funções do novo governo e pelo compasso de espera na fixação de tributos e regras à observar durante a campanha.

Após a análise da situação mundial do Covid-19 e o seu reflexo a curto prazo no mercado de caju e na economia nacional, o Governo, fixou o preço de referência para a comercialização do caju junto ao produtor em 375 Fcfa/Kg, determinando ainda, que a abertura da campanha só teria lugar depois do levantamento do Estado de Emergência em todo o território Nacional o que veio a acontecer no dia 22 de Maio de 2020.

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Não obstante a fixação preço de referência ao produtor em 375 Fcfa/kg, na prática o quilograma de castanha de caju estava a ser comprada em cerca de 33% abaixo deste preço, isto é, a uma média de 250 Fcfa/Kg.

Com o intuito de imprimir maior controlo no seguimento das atividades da fileira de caju, sobretudo no seguimento das oscilações dos preços a nível nacional e internacional durante a campanha, a ANCA-GB desenvolveu, através do seu Sistema de Informação do Mercado (SIM), contatos diário com os produtores (pontos focais) em todos as regiões e sectores administrativas do país, aproveitando as estruturas montadas pelo ANAG , forneceu e recebeu dados da parte da revistas especializadas no sector N’Kaló,Cashew Week , Boletim informativo do Instituto do Caju do Brasil (ICB) e outros fontes especializados no sector, que permitiram a tomada de decisões técnicas apuradas de forma mais célere.

Nas primeiras semanas do mês de Junho, havia procura reduzida pela castanha de caju e os preços mantiveram-se estáveis, nas semanas seguintes, o preço ao produtor aumentou significativamente em todas as regiões do País chegando a atingir 350 Fcfa/kg, com destaque para a Região de Cacheu e Quinara.

De igual modo, nas primeiras semanas do mês de Julho, a procura voltou a diminuir, apesar de haver grandes quantidades da Castanha armazenadas, o que acentuou a insegurança alimentar sobretudo nas Regiões de Bafatá e Gabu, zonas tradicionalmente mais áridas, com as chuvas intensas que se fizeram sentir tornaram-se ainda mais vulneráveis.

Apesar das incertezas no mercado de caju, no mês de Julho houve zonas do país em que os preços por cada quilograma de caju se situaram acima dos 400 Fcfa, é o caso das regiões de Cacheu (Sector de Canchungo) e Quinara. Nas regiões de Oio e Bafatá os últimos preços praticados foram de 300 Fcfa/Kg.

Gráfico 2 - PREÇO MÉDIO DA CASTANHA DE CAJU AO PRODUTOR (JUN-JUL2020)

Fonte/Elaboração: ANCA-GB

Biombo Cacheu Oio Bafata Gabu Quinara Tombali Bolama

303 300 308 297 293 295 291 268

300 318 300 300 300 329 300 300

PREÇO MÉDIO DA CASTANHA DE CAJU AO PRODUTOR POR REGIÕES (JUNHO-JULHO DE 2020 - Fcfa/Kg)

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De acordo com o Gráfico acima, durante os meses Junho e Julho, a nível nacional, o preço por cada quilograma da castanha de caju oscilou entre os 268 à 329 Fcfa/Kg. Neste mesmo período, constatou-se que a média dos preços nas regiões de Oio, Cacheu e Quinara foram mais altas, com 304 Fcfa/Kg, 309 Fcfa/Kg e 310 Fcfa/Kg respectivamente.

Comparativamente ao mesmo período de 2019, verificou-se que em 2020 apesar da situação da pandemia conjugada com as medidas restritivas a nível da circulação de pessoas e bens e da incerteza no mercado internacional da castanha e amêndoa de caju devido ao corte dos canais de aprovisionamento, os preços não foram tão baixo quanto se previa, pese embora tivesse uma queda média de 15% (51 Fcfa/kg), com se ilustra no Quadro 03.

Quadro 3 - PREÇO MÉDIO DA CASTANHA DE CAJU IN NATURA AO PRODUTOR (2019-2020)

Preço médio da castanha de caju ao produtor (Fcfa/Kg)

Regiões Biombo Cacheu Oio Bafata Gabu Quinara Tombali Bolama Média

Jun-Jun 2019 343 387 333 361 346 345 361 332 351

Jun-Jul 2020 302 309 304 296 292 312 296 284 300

Dif. % -12 -20 -9 -18 -16 -10 -18 -14 -15

Fonte/Elaboralção: ANCA-GB

Esta diferença percentual negativa traduz-se numa perda substancial nos rendimentos dos produtores num valor total de mais de 21 biliões de Fcfa (um pouco mais de 40 milhões de Dólares Americanos), motivados como já se viu, pela baixa da produção, queda dos preços e a desvalorização do dólar, ver o Quadro 04.

Quadro 4 - DIFERENÇA DE GANHOS/PERDAS PARA OS PRODUTORES ENTRE 2019 E 2020

Ano Preço ao Produtor (Fcfa/Kg) Quantidade Exportada (TM) Ganhos/Perdas (Fcfa) Ganhos/Perdas (USD) 2019 351 192 000 67 392 000 126 070,04 2020 300 152 335 45 548 165 85 206,83 Diferença -51 -39 665 -21 843 835 -40 863,21

Cambio: USD = 534,56 Fcfa Fonte/Elaboralção: ANCA-GB

Analisando o gráfico nº 03 abaixo descriminado, concluiremos que nos últimos quatro anos o preço ao produtor foi baixando progressivamente, tomando como referência 2017, devido aos preços altos então praticados em comparação a 2020, teremos uma perda absoluto de 521Fcfa/Kg, equivalente a 64%, contudo não se vislumbra uma subida drástica dos preços nos próximos anos e nos convida a traçar estratégias a curto e médio prazos para desbloquear os entraves ao desenvolvimento do

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processamento local, permitindo agregar valor a este produto essencial a economia e o bem estar das populações.

Gráfico 3 - EVOLUÇÃO DO PREÇO MÉDIO DA CASTANHA DE CAJU IN NATURA AO PRODUTOR (2017 - 2020)

Fonte/Elaboralção: ANCA-GB

Importa salientar que grande parte da comercialização da castanha de caju, a nível do produtor, foi realizada entre os meses de Junho e Julho, constatou-se posteriormente que uma quantidade não negligenciável da castanha de caju se encontrava nas mãos dos produtores, que recusaram vende-las alegando preços inferiores ao da referência anunciado pelo governo.

Esta situação preocupante fez com que a Autoridade de regulação do sector (ANCA-GB), Associação dos camponeses (ANAG) e a ROPPA, tivessem levado acabo a segunda visita às regiões para se inteirarem da situação junto aos produtores, a procura de soluções viáveis para a situação, com o relatório da situação vigente entregue a tutela, houve uma resposta imediata do governo que disponibilizou arroz para todas as províncias, minimizando desta forma o sofrimento das populações de estava a ser insuportável.

Uma das preocupações da ANCA-GB e parceiros nesta visita não estava ligada somente as questões de baixa dos preços, mas também aproveitar a ocasião para divulgar as medidas de proteção dos produtores face ao COVID-19 e a forma de conservar as castanhas pois, como se sabe, os produtores carecem de infraestruturas de

821

474

351

300

2017 2018 2019 2020

MÉDIA PREÇOS DA CASTANHA DE CAJU AO PRODUTOR ENTRE 2017-2020 (Valores em Fcfa)

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armazenamento e conservação adequadas e com a intensificação das chuvas pode ocorrer o aumento da humidade e provocar perda de grande quantidade da castanha de caju e a redução da sua qualidade.

3.2. Comercialização da Castanha de Caju ao Intermediários (Bissau) 3.2.1. Fiscalização das Balanças Comerciais, Guichet Único e Bascula

3.2.1.1. Afetação dos técnicos nos principais pontos de transação e escoamento da Castanha de Caju

Com a iminência do início da campanha de comercialização da castanha de caju, como é obvio, a ANCA GB, para o melhor seguimento de todo o processo e preocupado em garantir a fiabilidade dos dados relativamente à quantidade da castanha exportada e os preços praticados, foram reforçadas a presença de técnicos da ANCA-GB nas principais Balanças comerciais de Bissau e no Guichet Único como se pode constatar no Quadro 05. Devido as medidas de distanciamento social impostas pelas autoridades sanitárias do país motivado pelo COVID-19, o número do pessoal afetada a Báscula da APGB foi reduzida em 50%.

Contudo,em termos globais o reforço dos técnicos nos principais pontos de transação e escoamento da Castanha de Caju em Bissau (2020) aumentou na ordem dos 33,33% comparativamente ao ano de 2019.

Quadro 5 - DISTRIBUIÇÃO DOS TÉCNICOS NOS PRINCIPAIS PONTOS DE TRANSAÇÃO E CONTROLO DO ESCOAMENTO DA CASTANHA DE CAJU IN NATURA (2019 - 2020)

NÚMERO DOS TÉCNICOS DA ANCA-GB NAS BALANÇAS COMERCIAIS, BÁSCULA E GUICHET-ÚNICO (2019 – 2020)

PONTOS DE CONTROLO/ESCOAMENTO Nº Pessoal

(2019) V

Nº Pessoal (2020)

Aumento (%)

BALANÇA COMERCIAL CHINA BLOCO 0 4 100

BALANÇA COMERCIAL SOCOBIS 2 4 100

BALANÇA COMERCIAL CARAMELO 3 4 33,33

BALANÇA COMERCIAL BALDÉ & BALDÉ 3 4 33,33

GUICHET ÚNICO (Dir. G. ALFÂNDEGAS) 2 4 100

BÁSCULA APGB (PONTO CAÍS) 8 4 -50

TOTAL 18 24 33,33

Fonte/Elaboralção: ANCA-GB

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As transações da castanha de caju in natura nas principais Balanças comerciais entre os meses Junho e Julho, tive um aumento ligeiro de quase 3%, com uma dinâmica ligeiramente superior no mês de julho. Este situação deve-se as seguintes fatos:

1. Falta de contratos entre exportadores e compradores estrangeiros (Clientes); 2. Receio causado pela imprevisibilidade do mercado e as medidas restritivas em

termos de mobilidade de pessoas e bens impostas pelo governo e,

3. Receio associado a baixa do preço da castanha e de amêndoa de caju no mercado internacional.

O reflexo destes fatos podem ter contribuído na média de preço do mês de junho que se situava praticamente no mesmo valor do preço de referência anunciado pelo Governo, superando em apenas um (1) Franco cfa ao quilo (376 Fcfa/Kg). Neste período, algumas Balanças chegaram a ficar dois a três dias sem qualquer atividade de compra e venda da castanha.

Em Agosto, com o aligeirar das medidas de confinamento na Índia e Vietnam e a consequente abertura de algumas fabricas, associado a rotura de stoks de amêndoa nos países consumidores, aliados a uma ligeira subida do preço da amêndoa e da castanha os preços subiram em todas as Balanças comerciais, situando acima dos 7% relativamente ao mês de Junho, ou seja, um aumento médio de 403 Fcfa/Kg, em comparação ao preço de referência (375 Fcfa/Kg), mas abaixo dos 509 Fcfa/Kg registado no mesmo período do ano anterior, isto é, uma redução acima dos 26%. A média do preço nas básculas deste ano foi de 388 Fcfa/Kg, ligeiramente superior ao da referência proposto pelo governo e muito inferior à média do preço do mesmo período do ano transato de 464 Fcfa/Kg, uma perda relativa de quase 17% (76 Fcfa/Kg) o que pode indicar obviamente a baixa drástica do preço ao produtor e o preço final das castanhas exportadas deste ano.

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Gráfico 4 - VARIAÇÃO DO PREÇO DA CASTANHA DE CAJU IN NATURA NAS BALANÇAS COMERCIAIS

Fonte/Elaboralção: ANCA-GB

B. PROCESSO DE EXPORTAÇÃO DA CASTANHA DE CAJU a. GUICHET ÚNICO/BÁSCULA APGB

De acordo com os dados harmonizados entre ANACA-GB (Guichet Único) e o Ministério do Comércio e Indústria foram declarados, entre Junho 2020 á Janeiro de 2021, um total de 153.550 TM da castanha bruta destinada à exportação, tendo sido efetivamente exportado, até ao dia 21/01/2021, um total de 154.748 TM (cerca de 0.78%).Toda a castanha de caju in natura exportada em 2020 tive como principal destino a Índia (100%) e foram realizadas por 40 Empresas Exportadoras residentes no país.

Como se pode constatar no Quadro nº06, quase 64% do total das exportações (99.027 TM) foram realizadas por 10 Empresas exportadoras, com maior destaque para as Empresas CHETA GUINÉ (15%), SOCOBIS (11%) e LATEX FOAM BISSAU (9%).

Quadro 6 - PRINCIPAIS EXPORTADORES DA CASTANHA DE CAJU IN NATURA EM 2020

10 Empresas c/ maior volume de exportação da castanaha de Caju em 2020 N/O Empresas Exportadoras Qtd

Declarada (TM) Qtd Exportada (TM) % s/ Total Exportada 1 CHETA GUINE 23.379 23.390 15 2 SOCOBIS 16.341 16.365 11

3 LATEX FOAM BISSAU 12.420 13.134 9

4 CR TRADING 8.900 8.996 6 5 EMKAY STORY 7.500 7.496 5 378 378 368 380 376 387 386 385 386 386 405 383 423 400 403

China bloco Balde&Balde Socobis Caramelo Média Preço médio de 1Kg de Castanha de Caju nas Balanças de Bissau

(Valores em Fcfa)

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6 NOVA VISÃO 7.050 7.050 5

7 DJABI & DJABI 6.600 6.602 4

8 GOMES & GOMES 5.760 5.789 4

9 GENERAL TRADING 5.500 5.569 4

10 ISCON AGRO 4.550 4.635 3

Sub Total 99.027 64

Total exportado 154.748

Fonte/Elaboralção: ANCA-GB

Importa salientar que, as exportações desta campanha foram inferiores a do ano transato em cerca de 20,9%, representando uma redução na ordem de 40.799 TM. De acordo com a média do preço FOB declarado, os nossos exportadores deixaram de arrecadar, aproximadamente, USD 40 799 000, o equivalente a 22,4 mil milhões de Fcfa. Esta diminuição da quantidade exportada, deveu-se entre outros, as seguintes fatores:

 Situação mundial da pandemia de COVID-19;

 Restrições da circulação de pessoas e bens;

 Redução da produção/colheita da castanha de caju;

 Diminuição do preço de compra (Tm/FOB);

 Algumas falhas no cumprimento do calendário da entrega das mercadorias;

 Intensidade da chuva, dificultando operações de evacuação do produto do interior para Bissau;

 Ruptura de fornecimento de Contentores no pico das exportações;

 Baixo fluxo de atracagem de Navios Porta-Contentores;

 Maior controlo em relação ao cumprimento das medidas higiénico-sanitárias com consequência na redução de número de estivadores e,

 Dificuldades na obtenção de contratos por parte dos operadores economicos residentes no país / Descapitalização dos nossos exportadores.

4. Fiscalização dos armazéns e controlo de qualidade da castanha destinada à exportação.

4.1. Controlo dos Armazéns de estocagem

No quadro de cumprimento das medidas higiene-sanitárias com vista a garantir e manter a boa qualidade das castanhas destinadas nos diferentes armazéns do capital e das cidades adjacentes, foram realizadas inspeções a 94 armazéns. Em resultado

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dessas inspeções foram emitidas “Declarações de Conformidade” a 52 Empresas, correspondendo a 55% do total dos armazéns inspecionado.

Durante as inspeções foram detectados várias situações anómalas, sendo muito dos quais recorrentes. De entre elas, destacam-se os seguintes:

 Excesso de Humidade nas paredes;

 Falta/ou insuficiência de estrados;

 Disposição dos palhetes em desconformidade com as normas;

 Pouca ventilação;

 Presença de roedores;

 Não utilização de luvas e mascaras de parte dos trabalhadores.

Das cerca de 45% dos armazéns reprovados decorrentes das inspeções realizadas foram recomendados a implementarem os princípios de boas práticas relativo a higiene e saneamento.

4.2. Controlo de qualidade das castanhas

Preocupado com a qualidade da castanha de caju destinado a exportação, assim como a disponibilização das informações sobre as mesmas constitui a semelhança dos anos anteriores, uma das preocupações da ANCA-GB para a presente safra. Para o efeito, em resposta à 20 pedidos de 17 empresas exportadoras, realizou-se entre os meses de Junho e Julho do corrente ano análises das castanhas de caju in natura destinadas a exportação, dos quais foram emitidas 20 Certificados de Qualidade. Das analises efetuadas no periodo entre junho e julho do corrente ano, foi apurada uma média de Outturn na ordem dos 52 LB (ver o Quadro – 7), ligeiramente inferior à média registada em 2019.

Quadro 7 - PRINCIPAIS PARAMÊTRO DA CASTANHA DE CAJU IN NATURA EM 2020

PARÂMETROS (Média) MESES

JUNHO JULHO MÉDIA

HUMIDADE (%) 9,00 9,22 9,11

ACCOUNT NUMBER (Unidade) 217 219 218

DEFEITOS (%) 7,54 7,91 7,73 MATERIAIS ESTRANHOS (%) 1,19 0,88 1,04 AMÊNDOA BOA (%) 28,00 29,00 28,50 AMÊNDOA MANCHADA (%) 0,10 0,12 0,11 AMÊNDOA IMATURA (%) 0,62 0,64 0,63 RENDIMENTO DE AMÊNDOA (%) 33,00 29,39 31,20

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OUT TURN (LB) 51 52 52

A baixa de qualidade (53Lb em 2019 contra 52Lb em 2020) pode estar ligada à seguintes factores:

1. abertura tardia da campanha de caju,

2. tempo levado na colheita da castanha devido as medidas de confinamento (menos pessoal contratado para realizar as operações de coleta),

3. as chuvas abundantes que se fizeram sentir e

4. a falta de estruturas adequadas que permitissem a acomodação da castanha e o aumento de número de castanhas por Kg (214 Unidades/Kg em 2019 contra as 218 Unidades/Kg em 2020),

Estes factos refletem o desrespeito as normas de produção e a ausência de técnicas de melhoramento genético das plantas o que poderá beliscar a imagem do nosso pais no mercado global de castanha e amêndoa de caju nos próximos anos caso nada seja feito.

5. Processamento da Castanha de Caju em 2020

No levantamento estatístico feito em 2014, o parque industrial estava composto de 39 fabricas/Unidades de processamento da castanha de caju, estando na época 17 (dezessete) fabricas em condições reais de laborar com a capacidade instalada de 12.650 Tm/ano, caso tivessem beneficiado de apoios pontuais necessários para o efeito, não obstante as dificuldades estruturais que apresentavam, volvidos seis (6) anos, isto é, em 2020 temos três (3) fabricas a funcionar de forme intermitente, com a capacidade de produzir 5000 Tm/Ano (WAC,ARREY e LICAJU), todas as pequenas unidades de processamento e familiares se encontram paralisadas.

As dificuldades a nivel do processamento da Castanha de Caju no País, prendem-se com:

a) A situação da maioria das fabricas, estruturalmente não adequadas para competir num mercado global e aberto, inadequadamente financiadas, com muitas insuficiências técnicas, tecnológicas e de gestão;

b) Falta de aprovisionamento ao nível do seu ponto crítico em quantidade e qualidade necessária devido as dificuldades financeiras crônicas;

c) Problemas ligados a conjuntura económica desfavoráveis a agroindústria até problemas específicos (exógenos e endógenos) da indústria de caju. São de destacar:

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e) Incapacidades em competir com os exportadores da castanha bruta devido aos preço relativamente elevados;

f) Ausência de Mecanismos de financiamento adequadas a agroindústria do caju; g) Tecnologia e equipamentos inadequados a fase atual do processamento da

castanha de caju;

h) Deficiente gestão global e técnica do processo produtivo; i) Fraca visão do mercado internacional da amêndoa de caju;

j) Falta de cultura de industrialização e taxa de abstenção acentuada dos trabalhadores;

k) Desrespeito as normas de higiene e segurança

6. MERCADO INTERNACIONAL DA CASTANHA E AMÊNDOA DE CAJU

Gráfico nº 05 - Variação do preço de Amêndoa de Caju, Maio-Setembro 2020 (Índia/Vietnam)

Gráfico 5 - EVOLUÇÃO DO PREÇO MÉDIO DA AMÊNDOA DE CAJU (W320) NO MERCADO INTERNACIONAL

Fonte: N’Kalô /ANCA-GB

Como se pode ver no Gráfico acima, houve pouca flexibilidade a nível dos preços, não obstante o grande consumo da amêndoa de caju. O Vietnam, primeiro produtor mundial de amêndoa de caju, esteve obrigado a vender na média, um pouco acima do

2,70 2,80 2,90 3,00 3,10 3,20 3,30 3,40 3,50 2019 2020 2020 2020 2020 2020 2020 2020 2020 2020 2020 2020 2020 2020 2020 Mai Jun Jun Jun Jun Jul Jul Jul Jul Jul Agos Agos Agos Agos Set S22 S23 S24 S25 S26 S27 S28 S29 S30 S31 S32 S33 S34 S35 S36

Preço médio Amêndoa de caju W320

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ponto crítico (3,1USD/LB), para poder arcar com as dívidas contraídas nos bancos e os encargos sociais que tinham.

A maior quebra nos preços da Amêndoa teve lugar na segunda quinzena do mês de Julho quando os preços baixam até aos 2,6 USD/LB (4,8 USD/KG). A Índia, que consome mais de 70% da sua amêndoa, teve preços relativamente melhores 3,25 à 3,6 USD/Lb (7 à 8 USD/KG) durante este período.

Como se pode ver no Gráfico acima exposto, as causas destes baixos preço da Amêndoa no mercado internacional deveram-se entre outros, as seguintes situações:

 Aumento da produção da Amêndoa de Califórnia (concorrente principal da castanha de caju) e a consequente queda do preço;

 Retração da economia mundial devido ao Covid-19;

 Incerteza sobre a evolução da Covid-19 e a psicose que o acompanha e,

 Necessidade de contenção de despesas da parte dos consumidores.

Gráfico 6 - EVOLUÇÃO DAS IMPORTAÇÕES E EXPORTAÇÕES DA CASTANHA E AMÊNDOA DE CAJU NO MERCADO VIETNAMITA E ÍNDIANA (2019 - 2020)

Quadro nº 08 - Dados comparativos das importações/exportações da Castanha /Amêndoa de caju, entre 2019-2020 (Índia &Vietnam)

VIETNAME

MÊS AMÊNDOA

EXPORTADA VALOR (USD) USD/TON

CASTASNHA

IMPORTADA VALOR (USD) USD/TON

Janeiro/Outub. 2019 372 080 2 698 757 952 7 253 1 417 521 1 860 360 117 1 312 Janeiro/Outub. 2020 417 678 2 627 362 039 6 290 1 199 248 1 476 593 861 1 231 Dif.(%) 12 -3 -13 -15 -21 -6 INDIA Janeiro/Outub. 2019 48 313 399 393 800 8 207 725 901 939 775 982 1 295 Janeiro/Outub. 2020 37 128 295 575 890 7 961 689 229 865 910 000 1 256 Dif.(%) -23 -26 -3 -5 -8 -3

Fonte: N’Kalô /ANCA-GB

Não obstante as dificuldades encontradas no comercio internacional da Castanha e Amêndoa de Caju, devido á COVID-19 e a ruptura dos canais de aprovisionamento numa dada altura, o Vietnam exportou mais 12% de Amêndoa de Caju nos últimos dez meses de 2020.

Comparativamente ao mesmo período do ano de 2019, as importações da castanha de caju de 2020 baixou para 15%, no mesmo período, devido as medidas restritivas impostas pelo governo, sobretudo no primeiro semestre do ano, o que levou a uma ruptura considerável dos canais de aprovisionamento.

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Contrariamente a Índia, que teve uma baixa considerável na exportação de Amêndoa de Caju (-23%) relativamente aos primeiros 10 meses do ano anterior devido aos efeitos da Covid-19 e ao consumo interno que vem aumentando nos últimos anos. Em 2019 teve o aumento de consumo em mais de 30% do total da amêndoa produzida localmente e importou menos 5% de castanha no mesmo período, não obstante a queda na produção, pois as medidas restritivas afetaram a colheita tanto em termos de qualidade quanto de quantidade.

O mosquito do chá e outras pragas n aparte ocidental da Índia, danificaram algumas culturas. Como a floração foi adiada, muitos pomares tiveram apenas um ciclo de floração. Condições climáticas desfavoráveis também impactaram a safra. Os relatórios sugerem que a safra caiu 20% na costa ocidental o que implicava uma necessidade acrescida na exportação da castanha antes do fim do ano, devido ao período festivo que se avizinha.

7. APOIO INSTITUCIONAL

Tendo como uma das suas missões assegurar a promoção do desenvolvimento do sector de caju, assim como organizar e dar assistência técnica aos produtores, a ANCA-GB procedeu em Fevereiro de 2020, a entrega de 10 Motorizadas aos Pontos Focais da Associação Nacional dos Agricultores da Guiné (ANAG), sendo 2 dois para SAB e uma para as restantes regiões.

O evento contou com a presença de todos os membros do Conselho de Administração e dos funcionário e técnicos da ANCA-GB, do presidente da ANAG e respectivos Pontos focais e testemunhado por vários órgãos de comunicação social.

Esta ação é o resultado de um grande esforço financeiro e das boas relações mantidas entre a Autoridade reguladora do sector do caju e os principais atores da cadeia de valor do Caju e. A verba alocada na aquisição das motorizadas foi orçada em cerca de 7 milhões de Fcfa e são na sua totalidade meios disponibilizados pela da ANCA-GB, de referir também que no mês de Setembro do corrente ano, houve um apoio financeiro as organizações parceiras no quadro do apoio institucional para poderem fazer face as dificuldades com as quais se deparam.

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8. ACORDO DE PARCERIA COM ICB

No quadro do relançamento das ações de cooperação com entidades congéneres, a ANCA-GB, através do seu Gabinete de Estudos, Projetos e Cooperação realizou duas videoconferências e assinou, em 19 de Julho de 2020, um Memorando de Entendimento (MuO) com o Instituto de Caju Brasil (ICB) – Ceará, com duração de cinco anos.

As duas videoconferências contaram com a participação dos técnicos e dos Presidentes das duas entidades.

O MoU contempla 6 pontos, designadamente:

1. Intercâmbio de conhecimentos especializados nos diferentes elos que compõem a cadeia de valor da cajucultura;

2. Elaboração de programas de treinamento nos dois países; 3. Preparo de material bibliográfico

4. Troca de experiências e informações pedagógicas;

5. Presença do ICB ou da ANCA-GB em eventuais debates, conferências ou simpósios de mútuo interesse organizado por uma das partes.

6. Assistência técnica nos diferentes segmentos da cadeia de valor do caju.

9. ATELIER NACIONAL DA FILEIRA DE CAJU

9.1. FILEIRA DE CAJU: Estrangulamentos, Desafios e Perspectivas

Agência Nacional de Caju da Guiné-Bissau (ANCA-GB), autoridade de regulação do sector de caju, cujo os objetivos regular o setor, aconselhar o governo sobre as políticas e estratégias a definir para um subsetor de caju forte e dinâmico, permitindo criar um ambiente benéfico ao exercício de atividade dos principais atores da fileira e na

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importancia crucial que o setor de Caju tem na economia nacional e na redução da pobreza das populações do mundo rural, realizou-se no dia 12 de Novembro de 2020, num dos hotéis de Bissau, o Atelier Nacional de Caju, intitulado “Fileira de Caju: Estrangulamento, Desafios e Perspectivas”.

O evento tinha como objetivo, promover debates sobre os problemas e estrangulamentos que persistem no setor e formulação de recomendações precisas cuja implementações permitam alavancar de forma segura e eficaz todos os segmentos da fileira de Caju, com o intuito de torna-las consistentes e operacionais.

Para o efeito, foram convidados três oradores especialistas em produção, processamento e comercialização (incluindo Acordos Comerciais) e contou com a presença de cerca de 90 pessoas provenientes das organizações e instituições que intervém direta e indiretamente no sector, com destaque para os membros do Conselho de Administração da ANCA-GB, representantes do Gabinete do Primeiro-Ministro, Ministro do Comercio e Industria, Ministerio do Interior ( Guarda Nacional), Sector Privado (CCIAS e CC), Associação Nacional dos Processadores de Caju, ANAG e da Associação dos Exportadores. Também tiveram presentes na cerimónia de abertura e encerramento, sete órgão de comunicação social (Televisão e Rádio).

O Atelier contou ainda com a presença de uma equipa de consultores da União Europeia, ligado a fileira de caju que deram contributos sobre as Boas Práticas Agrícolas e Combate as Pragas e Doenças de Caju.

No final do Atelier do foram as seguintes recomendações: 1. Prospecção das variedades com melhor qualidade; 2. Criação de um banco de germoplasma;

3. Instalação de campos de demonstração nas regiões e formação dos agricultores; 4. Produção de mudas de qualidade e implementação de técnicas culturais

adequadas;

5. Manutenção regular dos pomares tendo em conta a idade das plantas; 6. Funcionamento do serviço de vulgarização junto dos agricultores e ONGs; 7. Mobilizar e criar fundo/Banco de crédito agrícola;

8. Definir linhas de orientações e a política dos intervenientes na fileira de caju; 9. Investir na pesquisa para garantir a conservação das variedades;

10. Criação de um laboratório de análises de solo;

11. Criação de um laboratório de análises de qualidade (Marketing e Certificação); 12. Aquisição de equipamentos e fitofármacos para o serviço de proteção vegetal; 13. Limitar a propagação da área de caju, usando boas práticas agrícolas;

14. Utilizar plantas enxertadas para a multiplicação vegetativa; 15. Diversificar os produtos de exportação;

16. Descentralização dos serviços da ANCA-GB às regiões; 17. Financiar e equipar os serviços do INPA;

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18. Considerando a prevalência do COVID-19, para a próxima campanha de caju, recomenda-se:

a. A abertura oficial da campanha no período definido pela lei (Decreto nº 03/2005).

b. Financiamento do processamento local do caju e derivados;

c. Criação de Incentivos fiscais para Empresas/Unidades de Processamento de caju;

d. Criação do regime especial (subsidio) para os processadores, que permite a aquisição da castanha em todo o território nacional.

19. Criação de um comité Inter – Profissional do sector caju (Espaço de concertação dos atores da fileira);

20. Criação da personalidade jurídica do Fundo de Investimento sobre o caju (criado em 2019);

21. Criara / aperfeiçoar as leis que regem o sector de caju (produção, comercialização, intermediação e processamento);

22. Despolitizar a campanha de caju 23.

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10. CONCLUSÃO

A pandemia provocada pelo COVID-19 e o compasso de espera que se verificou por algumas semanas nas transações deste produto, motivado pelas medidas restritivas tomadas pelos governos, que por sua vez, provocou não só a ruptura dos canais de comercialização mas também na paragem parcial ou total de muitas fabricas, isto teve as suas consequências na demora da abertura oficial da campanha de comercialização e exportação da Castanha de Caju 2020 no país, o que provocando assim, transtornos aos operadores econômicos e aos produtores nacionais.

Em consequência desta demora, os produtores nacionais começaram a ficar reticentes em relação ao nível do preço por cada quilo de Castanha de caju que havia sido prometido pelos políticos na última campanha eleitoral (1.000 Fcfa/Kg). Esta preocupação veio a confirmar-se, pois a média do preço ao produtor ficou muito longe da expectativa então criada, a média do preço praticado ao produtor situou-se abaixo do Preço de referência anunciado pelo Governo no ato da abertura oficial da campanha de comercialização e Exportação da Castanha de Caju de 2020 em aproximadamente 21%.

Para minimizar o clima de incerteza que se viviam em todos os segmentos da Cadeia de Valor de Caju e amenizar a situação de carência decorrentes da falta de liquidez da parte dos nossos exportadores, com incidência direta no rendimento e nível de vida dos produtores nacionais, o Governo, através de mecanismos próprios, disponibilizou um fundo junto dos Bancos com taxas bonificadas para o apoio ao sector privado, tendo por outro lado concedido apoios em gêneros alimentício, para a camada da população mais carenciada em todas as regiões do paìs.

Ficou mais evidente a necessidade de diversificação da produção e de promoção do processamento local, pois essa crise decorrente da pandemia atingiu fortemente a economia nacional, por causa da sua elevada dependência em relação a exportação da castanha de caju.

Em termos globais, o COVID-19 e as medidas restritivas decorrentes, provocaram grandes transtornos a campanha de caju, designadamente:

 Diminuição consideravel da Base Tributaria, ou seja, o Estado deixou de arrecadar cerca de 68.985.900 Dolar Americano;

 Diminuição da quantidade da Castanha de Caju in-natura exportada (-41.898 TM  Aumento da exportação clandestina para os países vizinhos. Estima-se que

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 Queda do preço ao produtor e consequente redução do rendimento dos produtores;

 Indústria fortemente penalizada pela suspensão das suas atividades enquanto vigorava o Estado de Emergência e também pela insuficiência de financiamento para a aquisição da matéria-prima. Apenas 4 unidades conseguiram aprovisionar cerca de 5.000 toneladas de castanha bruta;

 Cautela / medo na concessão de credito para o pré-financiamento da campanha;  Endurecimento dos critérios dos bancos para o financiamento da campanha de caju

com o fundo disponibilizado pelo governo;

 Dificuldades aos investidores estrangeiros de participarem nas negociações, avaliações das qualidades da castanha e assinaturas de contratos;

 A ruptura da cadeia de comercialização, paralisando num determinado período a procura da castanha a nível mundial o que provocou a queda dos preços de amêndoa e castanha de caju.

11. RECOMENDAÇÃO

A pandemia de COVID-19 trouxe consigo um dado novo nas relações comerciais internacionais, que precisam doravante de ser acauteladas nas próximas campanhas de comercialização da castanha de caju, devido às incertezas sobre o fim desta pandemia nos anos subsequentes.

Todavia, doravante urge criar condições básicas necessárias para fazer face aos fenômenos decorrentes desta situação, as medidas drásticas emanadas pelos governos para eventualmente estancar o avanço do vírus, quebrou o habitual ritimo de comercialização da castanha e amêndoa de caju, provocando não somente, a redução dos rendimentos em toda a cadeia de valor do caju, mais também a perda de quantidades não negligenciáveis de castanhas nas plantações e na diminuição da sua qualidade. Recomendamos que doravante de acordo com as dificuldades encontradas nesta safra, que sejam tomadas as seguintes medidas corretivas:

 Obrigatoriedade de esperar pela abertura oficial da campanha, para o arranque da comercialização da castanha de caju, evitando assim a coleta prematura da castanha e a permuta castanha arroz desfavorável aos produtores;

 Adoção de um mecanismo de financiamento interno do processamento (taxa de juros bonificados);

 Criação de incentivos fiscais para encorajar a implantação de fabricas;

 A atribuição do regime especial para os processadores na aquisição da castanha de caju;

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 O governo deve aumentar o fundo / credito disponibilizado a favor dos atores da fileira e prestar os bons ofícios junto aos bancos para amenizar os critérios adoptados;

 Criação de fundos de garantias para as atividades de comercialização e exportação de castanha e amêndoa de caju;

 Fixação de uma báscula de pesagem de tara no portão de saída da APGB;

 Criar condições para que as Empresas fornecedoras de Contentores possam colocar os mesmos a disposições dos exportadores atempadamente, para evitar rupturas;

Feito em Bissau, aos 24 dias do mês de Fevereiro de 2021.

O Conselho de Administração ___________________________

Dr. Caustar Dafá

Referências

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