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FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES DEPARTAMENTO EM SAÚDE COLETIVA RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE COLETIVA

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Academic year: 2021

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DEPARTAMENTO EM SAÚDE COLETIVA

RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE COLETIVA

ISIS CATHARINE DE MELO SOUZA

POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA: UMA APRECIAÇÃO DOS

DETERMINANTES SOCIAIS NO MUNICÍPIO DE OLINDA NO PERÍODO DE 2011 À 2018

RECIFE 2019

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POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA: UMA APRECIAÇÃO DOS DETERMINANTES SOCIAIS NO MUNICÍPIO DE OLINDA NO PERÍODO DE 2011 À 2018

Monografia apresentada ao curso de Residência Multiprofissional em Saúde Coletiva do Departamento em Saúde Coletiva, Instituto Aggeu Magalhães, da Fundação Oswaldo Cruz, para obtenção do título de especialista em saúde coletiva.

Orientadora: Drª Louisiana Regadas de Macedo Quinino

RECIFE 2019

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Catalogação na fonte: Biblioteca do Instituto Aggeu Magalhães

S729p Souza, Isis Catharine de Melo.

População em situação de rua: uma apreciação dos determinantes sociais no município de Olinda, no período de 2011 à 2018/Isis Catharine de Melo Souza. — Recife: [s. n.], 2018.

30 p.: il.

Monografia (Residência Multiprofissional em Saúde Coletiva) - Departamento de Saúde Coletiva, Instituto Aggeu Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz.

Orientadora: Louisiana Regadas de Macedo Quinino.

1. Pessoas em Situação de Rua. 2. Determinantes Sociais da Saúde. 3. Indicadores Sociais. I. Quinino, Louisiana Regadas de Macedo. II. Título.

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POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA: UMA APRECIAÇÃO DOS DETERMINANTES SOCIAIS NO MUNICÍPIO DE OLINDA NO PERÍODO DE 2011 À 2018

Monografia apresentada ao curso de Residência Multiprofissional em Saúde Coletiva do Departamento em Saúde Coletiva, Instituto Aggeu Magalhães, da Fundação Oswaldo Cruz, para obtenção do título de especialista em saúde coletiva.

Aprovado em: 22/02/2019

BANCA EXAMINADORA

_________________________________ Drª Louisiana Regadas de Macedo Quinino

Instituto Aggeu Magalhães/Fiocruz

_________________________________ Drº Sidney Feitoza Farias

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À 2018

POPULATION IN STREET SITUATION: AN EVALUATION OF SOCIAL DETERMINANTS IN A MUNICIPALITY OF OLINDA IN THE PERIOD FROM 2011

TO 2018

Isis Catharine de Melo Souza 1

Louisiana Regadas de Macedo Quinino 1

Instituição que pertencem:

(1) Instituto Aggeu Magalhães - IAM / Fundação Oswaldo Cruz

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Estar em situação de rua implica de uma forma mais abrangente, numa articulação de fenômenos que resulta em exclusão social e vulnerabilidade extrema. É inquestionável que os determinantes influenciam o estado de saúde, porém, a maior complexidade é conseguir determinar a influência que cada um deles tem no estado de saúde. Desta forma, o trabalho possui como objetivo analisar descritivamente a influência de determinantes sociais na condição de estar em situação de rua no município de Olinda, no período de 2011 a 2018, a partir do modelo de Dahlgren e Whitehead. É um estudo transversal, tendo os dados coletados de maneira secundária, e provenientes da Ficha Cadastral, instrumento criado pelo Consultório na Rua de Olinda. Os dados foram analisados a partir do julgamento sobre a influência teórica da variável com o estar em situação de rua, utilizando-se o conceito de quartis. Caracterizou-se o perfil epidemiológico da população do estudo como masculina, jovem, parda, natural de Olinda, estado civil solteiro e com poucos anos de estudos, observando o quanto o nível intermediário do modelo, possui um maior impacto na condição. Circunstâncias sociais e econômicas determinam condições de vida e trabalho desiguais, expondo os indivíduos a vulnerabilidades.

Palavras chaves: Pessoas em situação de rua. Determinantes Sociais da Saúde. Indicadores Sociais.

ABSTRACS

Being in a street situation implies in a more comprehensive way, in an articulation of phenomena that results in social exclusion and extreme vulnerability. It is unquestionable that the determinants influence the state of health, however, the greater complexity is to be able to determine the influence that each of them has in the state of health. In this way, the work aims to analyze descriptively the influence of social determinants in the condition of being in a street situation in the municipality of Olinda, in the period from 2011 to 2018, based on the Dahlgren and Whitehead model. It is a cross-sectional study, with data collected in a secondary way, and from the Cadastral File, an instrument created by the Olinda Street Office. The data were analyzed from the judgment on the theoretical influence of the variable with being in the street situation, using the concept of quartiles. The epidemiological profile of the study population was as masculine, young, brown, native of Olinda, single marital status and with few years of studies, observing how much the intermediate level of the model has a greater impact on the condition. Social and economic circumstances determine unequal living and working conditions, exposing individuals to vulnerabilities.

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Introdução

De acordo com a Política Nacional para a População em Situação de Rua, “considera-se população em situação de rua o grupo populacional heterogêneo que possui em comum a pobreza extrema, os vínculos familiares interrompidos ou fragilizados e a inexistência de moradia convencional regular, e que utiliza os logradouros públicos e as áreas degradadas como espaço de moradia e de sustento, de forma temporária ou permanente, bem como as unidades de acolhimento para pernoite temporário ou como moradia provisória” (BRASIL, 2014).

Para entender a População em Situação de Rua, precisa-se ter em mente que ela está presente na história há longos anos, e vem se constituindo e sendo “reconhecida”, ou quem dirá, esquecida, pela sociedade civil e pelo Estado. Relata-se a existência de pessoas itinerantes desde a Grécia Antiga, decorrentes das desapropriações de terras e do crescimento das cidades. As pessoas que habitavam as ruas foram e são “sempre um segmento à parte, à margem das ordenações sociais e urbanísticas” (RUI, 2012). Historicamente, o surgimento da População em Situação de Rua está associado ao processo de sedentarismo dos povos da Antiguidade, visto que este é o momento em que os mesmos passam a se fixar em territórios, e emerge em decorrência do contexto de desemprego em massa a partir do qual se instaurou o pauperismo, alastrado por toda a Europa Ocidental ao final do século XVIII (BRASIL, 2013). Para manter em funcionamento a lógica do capitalismo, o exército industrial de reserva que se criava era fundamental, pois estimulava a oferta e a procura por trabalho, de tal modo que atendia as necessidades de expansão do capital e não necessariamente às necessidades dos cidadãos (SILVA, 2006).

Ao longo da história, diversos fatores colaboraram para o agravamento do número de pessoas em situação de rua, como a rápida urbanização ocorrida no século 20, a migração para grandes cidades, a formação de grandes centros urbanos, a desigualdade social, a pobreza, o desemprego e, muitas vezes, a ausência de políticas públicas (BRASIL, 2014). A condição das pessoas em situação de rua é um dos exemplos mais extremos e devastadores da pobreza e exclusão social no mundo (BRASIL, 2013).

No Brasil, a última Pesquisa Nacional sobre População em Situação de Rua realizada em 2008, mostrou que cerca de 31.992 pessoas vivem em tais condições no país. O levantamento foi feito em 71 cidades brasileiras, sendo 23 capitais, exceto São Paulo, Recife, Belo Horizonte e Porto Alegre, que tinham realizado pesquisa semelhante em anos próximos, e 48 municípios com mais de 300 mil habitantes. Ao somar-se esse total aos números obtidos

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nas quatro capitais que realizaram os seus próprios estudos, alcança-se um valor aproximado de 50 mil adultos em situação de rua nas capitais e cidades com mais de 300 mil habitantes. Segundo esta mesma pesquisa, a população em situação de rua é majoritariamente masculina (82%) e mais da metade (53%) está na faixa entre 25 e 44 anos, ou seja, em idade produtiva. A porcentagem de negros é maior na população em situação de rua (67%) do que é observado no conjunto da população brasileira (50,6%), refletindo desigualdade racial. Um total de 52,6% dos entrevistados se declara como trabalhador do mercado informal, sendo que a maioria nunca teve carteira assinada (47,7%), uma pequena minoria (15%) declarou pedir esmolas em espaços públicos como principal forma de sobrevivência, e a grande maioria (58,6%) declarou ter alguma profissão. Tais dados preocupam quando revelam que a população em situação de rua não é majoritariamente composta por mendigos ou pedintes. (BRASIL, 2013).

Recife se destaca entre as capitais do país com número preocupante de pessoas em situação de rua. Em levantamento realizado em 2005, verificou-se a existência de 1.390 pessoas, sendo que em casas de acolhida e/ou abrigos foram 185 (85 em unidades do IASC e 100 de outras organizações) e nas ruas da cidade foram 1205 pessoas. Do total geral de 1390 pessoas nas ruas, 940 eram homens (67,4%) e 450 mulheres (32,6%) (RECIFE, 2005).

Diante destes números, é importante destacar a criminalização e repressão pelos agentes públicos com as pessoas em situação de rua. O uso da violência tem sido prática habitual para afastar essas pessoas dos centros urbanos e levá-las para áreas remotas ou para outros municípios, em nítidas políticas de higienização social. Olinda, por ser um município muito turístico, possui essa prática acontecendo, onde essas pessoas são retiradas dos locais considerados mais visíveis. Esse tipo de ação estatal reflete a cultura dominante em nossa sociedade de discriminação e culpabilização do indivíduo por estar e morar nas ruas, visão que é projetada e estimulada por diversos meios de comunicação. O segundo tipo de política consiste na omissão do Estado e, como consequência, na cobertura ínfima ou inexistente das políticas sociais para este segmento em todos os três níveis de governo (municipal, estadual e federal), ou seja, a invisibilidade do fenômeno para o poder público. Nesse sentido, a ausência de políticas sociais é também uma política (BRASIL, 2013).

Sendo assim, pode-se afirmar que a situação de rua só pode ser resolvida através de um esforço concertado das instituições e da sociedade civil para desenvolver estratégias integradas (BRASIL, 2013). É preciso zelar para que seus direitos sejam protegidos, assegurando assistência social, seguridade social, habitação, saúde, educação, trabalho, a fim de reverter a

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situação de rua. As ações precisam também ser transversais, envolvendo associações, ONGs, entidades públicas e todos os níveis do governo.

De tal forma, destaca-se a importância para o estudo das relações entre a forma como está organizada determinada sociedade e a condição de saúde de sua população. A pesquisa sobre as iniquidades em saúde tem sido particularmente desenvolvida de forma a compreender as desigualdades de saúde entre os diferentes grupos populacionais. As desigualdades em saúde, para além de geradoras de injustiça, são sistemáticas, podendo, no entanto, ser evitadas (BUSS; PELLEGRINI FILHO, 2007; SOLAR; IRWIN, 2010).

Considerando esse contexto, a partir da mobilização do governo federal, nasce o decreto nº 7.053, de 23 de Dezembro de 2009, publicado no Diário Oficial da União, que cria a Política Nacional para a População em Situação de Rua, visando garantir os processos de participação e controle social e possui entre seus princípios, além da igualdade e equidade, o respeito à dignidade da pessoa humana; o direito à convivência familiar e comunitária; a valorização e respeito à vida e à cidadania; o atendimento humanizado e universalizado; e o respeito às condições sociais e diferenças de origem, raça, idade, nacionalidade, gênero, orientação sexual e religiosa, com atenção especial às pessoas com deficiência.

Em 2011, com a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), a portaria nº 122, de 25 de janeiro de 2011, publicada no Diário Oficial da União, institui a Estratégia Consultório na Rua, que visa ampliar o acesso desta população aos serviços de saúde, ofertando, de maneira mais oportuna, atenção integral à saúde para esse grupo populacional, o qual se encontra em condições de vulnerabilidade e com os vínculos familiares interrompidos ou fragilizados. A nova PNAB, segundo portaria nº 2.436 de 21 de Setembro de 2017, ainda assegura a Equipe do Consultório na Rua como responsável por articular e prestar atenção integral à saúde da população em situação de rua.

Devido à complexa condição em que vivem estas pessoas, estudar os determinantes associados a reprodução desta condição é urgente. Na literatura, existem alguns modelos que pretendem descrever a complexa relação entre os diferentes fatores que influenciam a determinação da saúde. Um desses exemplos é o modelo de Dahlgren e Whitehead, um dos mais referidos na literatura (CARRAPATO et al., 2017). Assim como, esta população é um grupo que não existe para fins estatísticos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), uma vez que por não possuírem casas, não participam dos censos demográficos,

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tornando-se complexo precisar a quantidade das pessoas que estão cada vez mais presentes nas ruas (ROSA et al., 2005), e enfatizando a importância do estudo em questão.

É inquestionável que os determinantes influenciam o estado de saúde dos indivíduos, porém, a maior complexidade relacionada com os determinantes da saúde é conseguir determinar a influência que cada um deles tem no estado de saúde (CARRAPATO et al., 2017). Portanto, até que ponto ocorre a influência dos determinantes sociais e da saúde na condição de se estar em situação de rua? É possível relacionar o fato da pessoa encontrar-se em situação de rua com tais determinantes? Dessa forma, esta pesquisa vem com o objetivo de estudar os fatores associados à condição de estar em situação de rua e o seu grau de influência, baseado no modelo de Dahlgren e Whitehead.

Método

Estudo transversal que analisou, descritivamente, a partir de dados secundários, a relação de determinantes sociais com a condição de estar em situação de rua no município de Olinda - PE, considerando a hierarquia proposta no modelo de Dahlgren e Whitehead, no período entre 2011 e 2018. A escolha por esse período de tempo se deu devido ao fato de que o instrumento utilizado para coleta dos dados foi implantado no município no ano de 2011, possuindo dados preenchidos até o ano de 2018.

Teve como área o município de Olinda do estado de Pernambuco, situado na mesorregião Metropolitana do Recife e na Microrregião do Recife, Região Nordeste do país. Pertence à Região Metropolitana do Recife, distando sete quilômetros da capital pernambucana. Considerada a terceira cidade mais populosa de Pernambuco, abriga uma população de 377.779 habitantes, segundo dados do último censo do IBGE no ano de 2010, e uma população estimada para 2018 de 391.835 pessoas. A cidade detém uma taxa de densidade demográfica de 9.063,58 habitantes por quilômetros quadrados, a maior do estado e a quinta maior do Brasil. Segundo informações da Secretaria Municipal de Saúde de Olinda, o município possui uma média de 400 pessoas em situação de rua, e destas, 244 encontram-se em acompanhamento pelo Consultório na Rua de Olinda.

Acerca da população, foram levadas em consideração as informações contidas na Ficha Cadastral, instrumento criado e utilizado pelo Consultório na Rua de Olinda, no ano de 2011, para registro de informações em prontuário e acompanhamento das pessoas em situação de rua do município. O critério de inclusão foram usuários que possuem registro de informações através da Ficha Cadastral no período de 2011 à 2018, onde somou-se um total de 119

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indivíduos, e o de exclusão, usuários sem Ficha Cadastral preenchida. Desta forma, utilizamos amostra por conveniência, possuindo dentro desses 119 usuários com Ficha Cadastral preenchida, algumas variáveis com um alto percentual de respostas em branco, tendo assim a principal limitação do estudo.

A Ficha Cadastral possui as seguintes variáveis que foram utilizadas no estudo: Bairro, Sexo, Idade, Raça/Cor, Nacionalidade, Naturalidade, Estado civil, Escolaridade. Conta, também com um questionário, tendo as seguintes perguntas: Tem acesso a alguém da família? Possui documentos? Já trabalhou de carteira assinada? Possui algum benefício? Participa ou já participou de algum programa do governo? Recebe algum auxílio da comunidade? Onde costuma dormir frequentemente? Já residiu com algum familiar? Quantas noites da semana você dorme nas ruas? Há quanto tempo você está na rua? Tem algum familiar seu que está em situação de rua? Qual o motivo que o(a) levou a procurar a rua? Vive em grupo na rua? Como sobrevive? Ainda, a ficha possui uma tabela de detecção de risco para drogas, onde classifica as drogas usadas pelo usuário em depressoras (álcool, cola, loló, lança perfume, heroína, tranquilizantes), estimulantes (pó, merla/pasta, crack, oxi, arrebite, antidepressivos, ice (cristal), cigarro industrializado – tabaco, fumo de tabaco, fumo de corda), perturbadoras/alucinógenas (maconha, haxixe, cogumelo, lsd/ácido, êxtase) e outras (injetáveis – diversas).

Inicialmente, visando conhecer o perfil epidemiológico geral (socioeconômico, demográfico e sobre hábitos e estilo de vida), calcularam-se as proporções de existência das variáveis de caráter quantitativo com relação à população geral (número de pessoas que possuíam a variável em questão/total de pessoas x 100). Tais informações foram dispostas em uma tabela.

Em seguida, visando julgar teoricamente a relação entre o estar em situação de rua com as condições sociais, econômicas e demográficas gerais, e considerando o estar em situação de rua como variável dependente, uma matriz foi montada dispondo as variáveis independentes (contidas na ficha cadastral) de maneira hierarquizada de acordo com o modelo de Dahlgren e Whitehead. Nesta matriz, estão dispostas não somente as variáveis e as proporções de ocorrência das mesmas, mas os critérios que relacionam, teoricamente, cada uma com a condição de se estar em situação de rua, por exemplo: já é estabelecido que estar em situação de rua está relacionado com o aumento do consumo de drogas, então quanto mais presente (em termos proporcionais) ela for, maior sua associação teórica com a variável dependente. Posteriormente, reproduziu-se o modelo proposto por Dahlgren e Whitehead, com as variáveis encontradas no estudo distribuídas nas devidas camadas em que cada variável se enquadrou.

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Por fim, o julgamento sobre a influência teórica da variável com o estar em situação de rua foi feito utilizando-se o conceito de quartis: quanto mais próximo das extremidades, maior a influência da variável na situação de rua, de modo que se a proporção desta variável foi entre 0% a 25% (primeiro quartil),esta teve relação muito fraca com a condição de estar na rua; se foi de 25% a 50% (segundo quartil), a variável teve relação fraca com a condição de estar na rua; de 50 a 75% (terceiro quartil), a variável teve relação forte com a condição de estar na rua e 75 a 100% (quarto quartil), a variável teve relação muito forte com a condição de estar na rua.

Assim, os indicadores foram dispostos no modelo de Dahlgren e Whitehead, considerando diferentes camadas, desde uma camada mais próxima dos determinantes individuais até uma camada distal, onde se situam os macrodeterminantes, apresentando quais variáveis estão mais fortemente relacionadas à condição de estar em rua, na população em estudo.

Importa observar que algumas variáveis não foram levadas em conta na matriz de julgamento, visto que não são contempladas no modelo de Dahlgren e Whitehead, porém, optou-se por apresentar as mesmas no quadro inicial de resultados com o objetivo de proporcionar uma melhor visualização do contexto geral de onde vivem as pessoas em situação de rua. Sendo assim, prosseguiram para análise de relação as seguintes variáveis: no 1º nível do modelo (idade, sexo e fatores hereditários), ficaram Sexo, faixa etária e raça/cor; no 2º nível (estilo de vida dos indivíduos) permaneceram uso de drogas; no 3º nível (redes sociais e comunitárias) ficaram acesso a família, auxílio da comunidade, família em condição de rua, grupo na rua e estado civil; no 4º nível (condições de vida e de trabalho) ficaram escolaridade, carteira assinada, documentação, benefício, programa do governo, quantas noites dorme na rua, e tempo de rua; no 5º e último nível (condições socioeconômicas, culturais e ambientais gerais) ficaram naturalidade e modo de sobrevivência.

Este trabalho foi submetido à avaliação pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães – Fiocruz Pernambuco, tendo como parecer de aprovação de nº 3.035.002, e garantia de manutenção do sigilo e da privacidade das informações dos participantes da pesquisa.

Resultados

A partir das informações presentes na Ficha Cadastral, foi realizado um cálculo de porcentagem de cada subvariável para elaboração do indicador, incluindo as respostas não

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respondidas. Diante dos resultados alcançados, a partir dos indicadores, é possível caracterizar e traçar um perfil das pessoas em situação de rua entrevistadas, descritos no Apêndice A.

Observa-se uma população predominantemente masculina (78,9%), com uma faixa etária de 20 à 39 anos (44,5% das respostas), raça/cor parda (53,7%), natural de Olinda, com 33,6%, levando em consideração que 15,9% não responderam, estado civil solteiro (61,3%) e com nível fundamental incompleto (44,5%). Além da caracterização, é importante destacar a forte predominância do uso das drogas nesta população, possuindo 84% das respostas afirmativas perante o uso, apenas 1,6% negativas, e tendo como respostas em branco 14,2%. Dentre esta população, 74,7% citaram o álcool como droga utilizada, seguido de 47,8% do cigarro, e 26,8% do crack.

É uma população que em sua maioria se mantem em contato com a família (63,8%), que apesar das condições, possui documentação (63%), já residiu ou reside com algum familiar em algum momento da vida (72,2%). É uma população que majoritariamente vive em grupo na rua, levando em consideração que 35,2% não responderam, e 52,9% afirmaram viver em grupo.

Outras características importantes desta população, é que a maioria não trabalhou de carteira assinada (46,2%, com 24,3% em branco), não possui nenhum benefício (68%, com 24,3% em branco), não participa ou participou de nenhum programa do governo (67,2% com 27,7% em branco), não recebe auxilio da comunidade (41,1% com 28,5% em branco) e não possui nenhum familiar também em situação de rua (47,8% com 39,4% em branco).

Sobre estar em situação de rua, o local onde costuma dormir frequentemente mais citado foi “Calçada” (31% e 28,5% em branco), seguido de “dorme todas as noites na rua” (39,9% com 31,9% em branco). Ainda nesse contexto, 24,3% responderam estar apenas de 0 à 1 ano em situação de rua (com 46,2% das respostas em branco), com “conflitos familiares” como principal motivo de estar em rua (21% com 39,4% em branco), e “Pedindo” como resposta mais dita (29,4% com 30,2% em branco) para a variável de sobrevivência.

A partir da variável Bairro, presente na ficha cadastral, é possível descrever onde encontra-se uma maior concentração desta população. Os bairros citados foram o de Águas Compridas, Amaro Branco, Bairro Novo, Bonsucesso, Bultrins, Caixa D’água, Casa Caiada, Jardim Atlântico, Jardim Brasil, Jardim Fragoso, Peixinhos, Rio Doce, Salgadinho, Tabajara e Varadouro. Os bairros onde as pessoas em situação de rua mais estão presentes são no de Varadouro com 25,7%, Bultrins com 17,4% e Rio Doce com 16,5%.

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Sobre a completude das variáveis, o maior percentual de respostas em branco é de 46,2%, na variável “Tempo na rua”. A variável com a maior completude de respostas preenchidas é a de Naturalidade, com apenas 2,5% de respostas em branco, tendo 97,4% das respostas como “Brasileiro”, seguida da variável Sexo, também com 2,5%, e Faixa Etária com apenas 5,8% das respostas em branco ou não respondidas.

Para análise da relação destas variáveis com a condição de estar na rua, utilizou-se a tabela de julgamento, apresentada no Apêndice B, onde encontra-se presente as variáveis que se enquadram em cada um dos níveis sociais do modelo de Dahlgren e Whitehead, com os seus indicadores a partir do cálculo de percentual das respostas e do conceito de quartis, sem contar com as não respondidas. Estas variáveis também se encontram no Apêndice C, dispostas no modelo proposto por Dahlgren e Whitehead.

Discussão

Idade, sexo e fatores hereditários

No município de Olinda, a população de rua é predominantemente masculina, parda e adulto jovem.

Estudos mostram que, sob uma perspectiva de gênero, percebe-se que existem diferenças no modo como homens e mulheres enfrentam as dificuldades que se apresentam no cotidiano da rua. Em número, as mulheres sempre são minoria na rua e, aquelas que lá estão têm trajetórias e adotam estratégias diferenciadas de seus companheiros de rua: enquanto os homens tendem a ver a rua como uma fuga, as mulheres sempre tendem a buscar sair desta situação (COSTA, 2005). Com efeito, os homens visualizam a rua como um local de sobrevivência, um local para garantia de sustento, e principalmente, a garantia de sua liberdade, sendo que esta, muitas vezes, se torna motivo para permanecer na condição em que se encontra (SILVA, 2006).

Sabe-se que, histórica e culturalmente no país, a responsabilidade de garantir a renda para o sustento da família é atribuída aos homens, chefes de família. Desta forma, em um contexto de elevadas taxas de desemprego, essas pessoas, pressionadas a cumprirem essas responsabilidades, utilizam diversas estratégias para encontrarem uma colocação no mercado de trabalho, mas nem sempre encontram. Assim, alguns mudam de cidade ou mesmo saem de casa em decorrência das pressões que recebem, diante da impossibilidade de cumprirem as

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tarefas que lhe são atribuídas. Esse caminho, muitas vezes, conduz à situação de rua, traduzindo na predominância de homens nesta condição (SILVA, 2006).

Outro fator a se observar neste nível de análise, e que foi corroborado com os resultados da pesquisa, é que em termos percentuais, na atualidade, a população em situação de rua se encontra, sobretudo, na faixa etária entre 25 à 55 anos (SILVA, 2006).

Jovens do sexo masculino, a partir dos 18 anos, estão na idade produtiva. Os em situação de rua, por motivos estruturais ou sociais, encontram-se fora do mercado de trabalho formal (REGO; SILVA; SILVA, 2016), o que confirma, e reforça, a discussão feita anteriormente, onde os homens são historicamente responsáveis pelo sustento domiciliar, e que sofrem diretamente a crescente taxa de desemprego. Este aumento acarreta aos adultos jovens a busca por alternativas de sobrevivência, e terminam por fim considerando a rua como um local para tal.

Uma pesquisa realizada nacionalmente no ano de 2008 sobre a população em situação de rua no Brasil, que realizou um levantamento acerca da caracterização desta população, apontou que quase 70% são não brancos, ou seja, estão entre pardos, pretos, amarelos. Este fato mostra que se faz necessário abordar este problema para além da cor da pele, dado que não é este fato isolado que o leva a estar na rua, e sim as condições socioeconômicas em que a maioria destas pessoas vive (BRASIL, 2008). Desta forma, a presença deste caráter racial torna este tipo de pessoa muito mais vulnerável.

Complementando o dito acima, outro fator que não só contribui, mas serve de base para explicar a vulnerabilidade dos negros/pardos para estar em situação de rua são os séculos de escravização da população negra. Isto influenciou negativamente a inserção dessa população na sociedade produtiva brasileira, contribuindo para um desigual e desfavorável acesso a direitos e oportunidades, inclusive de saúde. Estas características se refletem no quadro epidemiológico dessa população, evidenciando iniquidades e vulnerabilidades no acesso às condições promotoras de saúde (BRASIL, 2016).

Estilo de vida dos indivíduos

No município do estudo, quase 100% dos indivíduos consumiam álcool e/ ou algum tipo de droga ilícita.

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Segundo as autoras Bulla, Mendes e Prates (2004), as pessoas em situação de rua possuem histórias de constantes rupturas e que, com muita frequência, estão associadas ao uso de álcool e drogas, não só pela pessoa que está na rua, como pelos outros membros da família. A pesquisa realizada no Recife, em 2004, revelou que das 653 pessoas em situação de rua, 237 (36,29%) responderam que entre as atividades que desenvolvem nas ruas está o consumo de drogas. (SILVA, 2006). Em Olinda, a realidade possui um forte destaque, com quase uma totalidade da população em envolvimento com o uso de drogas, obtendo a relação muito forte do uso como determinante na condição de estar em situação de rua.

Entendemos que as situações de vulnerabilidade social e pobreza não são determinantes absolutos de um envolvimento com o uso de drogas. Por outro lado, é importante salientar que as condições de vida na qual os sujeitos estão inseridos e a sua relação com a sociedade, se apresentam como importante determinante para uma aproximação com situações de risco, entre elas o uso abusivo e prejudicial de drogas. Dessa forma, na vida em uma sociedade cuja negação de direitos se faz bastante presente, a dependência de substâncias psicoativas aparece tanto como um escopo às situações de violência estrutural, como também traz um leque de consequências para os indivíduos dependentes químicos, suas famílias e a sociedade. Deste modo, as condições de vulnerabilidade social são agravadas (TEIXEIRA; FONSECA, 2015).

O uso de drogas, especificamente na população em situação de rua, vai se encontrar envolvido em vários aspectos da condição, seja na condição de manutenção do vício, na condição de escape da dura realidade em que vivem numa perspectiva de sobrevivência, ou como motivador de estar nesta realidade, favorecendo também sua continuidade nela. Apesar da forte presença do uso de drogas nesta população-alvo, hoje, já se trabalha numa perspectiva de olhar para além desse envolvimento do usuário, buscando lidar com seus diferentes problemas e necessidades, e minimizando os riscos decorrentes do uso de drogas lícitas ou ilícitas, envolvendo tanto aspectos biológicos quanto sociais e econômicos, sem que necessariamente o uso de entorpecentes esteja ausente, como busca a Redução de Danos, e ampliando o acesso das ações de saúde nos moldes de uma atenção integral (SILVA; FRAZAO; LINHARES, 2014).

Redes Sociais e Comunitárias

No município do estudo, se observa que predominantemente a população em situação de rua possui estado civil solteiro, acesso à família (onde a mesma não se encontra em situação de rua), não recebem auxílio da comunidade, e vivem na rua em grupos.

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Estar solteiro apresentou uma influência teórica forte na condição de estar em situação de rua, influenciando também no aumento da permanência na rua, visto que essas pessoas tendem a buscar alternativas e/ou a própria liberdade, tendo a fragilidade ou inexistência de laços afetivos fortificando e/ou facilitando essa condição. Essa perda do laço afetivo faz com que aos poucos se perca a perspectiva de projeto de vida, passando a utilizar o espaço da rua como sobrevivência e moradia, aumento a probabilidade de permanecer na rua (COSTA, 2005). Estudos apontam também que as condições adversas de sobrevivência dos moradores de rua podem ser responsáveis pelo agravamento de problemas mentais orgânicos, tendo uma maior prevalência em homens solteiros quando comparados a outros subgrupos. Este fator parece estar associado a um maior período de vivência nas ruas por parte desse subgrupo, aumentando o risco de comprometimento da doença física e mental (SILVA; FRAZAO; LINHARES, 2014). Outro ponto observado em estudos é de que o estado civil solteiro é encontrado em pesquisas com população com transtornos relacionados a substâncias, em decorrência a uma atribuição à dificuldade em manter-se em relacionamento familiar afetivo, acerca do seu intenso envolvimento com a droga (CAPISTRANO et al., 2018).

Os conflitos familiares estão quase sempre presentes quando o alvo de estudos são esta população, porém, observa-se na pesquisa sobre esse público-alvo no município de Olinda, que a sua maioria ainda possui referência familiar, mas ainda assim, os vínculos afetivos e de solidariedade que os unem são fragilizados. Apesar desta referência, predominantemente não se possui pessoas com familiares na mesma situação de rua, assim como é apontado em estudos, onde é muito reduzido o número de pessoas que vivem nas ruas com seus familiares, retratando a família apenas como motivador pessoal para encontra-se em tal condição. (SILVA, 2006)

A literatura sobre o tema e as experiências de atuação junto a este segmento populacional mostram que quanto maior for o tempo de permanência nas ruas, mais frágeis se tornam os laços familiares e afetivos com as pessoas desse universo familiar com as quais a população em situação de rua se relacionava antes dessa condição social (SILVA, 2006). Esta informação vai de acordo quando confrontamos com os dados obtidos no município de que a população-alvo do estudo possuem, segundo as respostas válidas, 45,3% com menos de um ano de tempo de rua, justificando a permanência de ainda possuir um tipo de acesso à família, seja ele fragilizado, mas não totalmente interrompido.

Com relação ao acesso às redes comunitárias, a situação de Olinda mostrou-se influenciando fortemente a condição de estar em situação de rua, podendo-se observar que este

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auxílio não necessariamente influencia diretamente na saída ou permanência daquela pessoa da condição de rua, mas torna-se muitas vezes um meio de sobrevivência, fazendo com que sua ausência influencie no agravamento da condição de vulnerabilidade em que ela se encontra, seja na alimentação, na falta de higiene ou até mesmo de um abrigo, intensificando a sua permanência naquela situação.

Outra estratégia de sobrevivência, que também apresentou como influenciador muito forte em estar na rua, foi a construção de novos vínculos, ou seja, estar nas ruas em grupos. Esta informação pode-se ser analisada, segundo a autora Costa (2005), sob a perspectiva de que algumas pessoas que estão na rua, além de buscar novas alternativas de sobrevivência, a partir do momento de que não consideram mais a rua tão ameaçadora, passam a estabelecer relações com outras pessoas que também vivem na mesma. Desta forma, pode-se explicar a relação tão forte de estar em condição de rua, estar vinculado a algum grupo e viver em convívio com outras pessoas na mesma condição, a partir da visão de que aquele local não é mais como algo ameaçador, e sim passível de construção de vínculos e sobrevivência, e apresentando o “viver em grupo” como intensificador da permanência naquele local.

Condições de vida e de trabalho

No município de Olinda, a população de rua é predominantemente de pessoas de baixa escolaridade, que nunca trabalhou de carteira assinada, que possui documentação, não possui nenhum tipo de benefício ou programa do governo, dormem todos os dias na rua e estão há pouco tempo na rua.

Todo um contexto social que desencadeia no processo de vulnerabilidade extrema, até chegar na condição de estar na rua, influência nas características observadas nas pessoas nesta condição do município de Olinda. Ter poucos anos de estudo possui relação forte como influência, retratando assim, a realidade dessas pessoas, que vivem um histórico de negligência social, com poucas oportunidades de vida. Essa forte relação explica o contexto de desemprego, que por sua vez está relacionado a fatores motivadores para se encontrar em tal condição, levando a um contexto de extrema pobreza e consequentemente podendo levar ao contexto da rua. A falta de um emprego formal leva essas pessoas a buscarem uma alternativa de sobrevivência, confirmando a visão já discutida anteriormente, de que algumas pessoas nessa condição olham a rua como um local de alternativas, muitas vezes envolvido em trabalhos informais como bicos, flanelinha, catador de material reciclável, entre outros.

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Essas profissões, como não são exercidas com regularidade, não garantem o sustento. Assim, a alternativa de sobrevivência, muitas vezes, é obtida através de benefícios sociais (COSTA, 2005). No município de Olinda, não possuir nenhum tipo de benefício social caracterizou-se numa relação muito forte como determinante na condição em estar na rua. Isto retrata a importância do Governo em realizar um trabalho intersetorial e multidisciplinar, que dê conta da complexidade inerente a este grupo populacional, historicamente negligenciado e invisibilizado (BRASIL, 2013).

No ano de 2018, o Consultório na Rua de Olinda em parceria com Secretaria de Desenvolvimento Social, Cidadania e Direitos Humanos de Olinda, concretizou a iniciativa da liberação do direito ao Bolsa Família para 14 moradores em situação de rua da cidade, através do mapeamento destas pessoas e análise dos perfis para inclusão no benefício do Governo Federal. Essa iniciativa retrata a importância da reinserção social, e representa um resgate da autoestima, amparando essas pessoas que se sentem às margens e sem alternativa de sobrevivência, tendo o benefício social para uma porta de entrada para oportunidades.

Desta forma, demonstra-se a importância do papel dos programas do governo, onde buscam atender as demandas da coletividade, na tentativa de solucionar, de forma ainda mais delimitada, determinadas problemáticas expressas por uma realidade. É perceptível o benefício desses recursos para garantia de direitos e oportunidades aos cidadãos brasileiros, especialmente, os de baixa renda (FREITAS et al., 2007). A forte relação da ausência de participação de programas do governo como influência na condição de estar na rua mostra o quanto é modificador a participação e a ação do governo perante a situação de vulnerabilidade em que se encontram. O Consultório na Rua de Olinda, em parceria com a assistência social, viabiliza a emissão de documentos pessoais como RG e CPF, permitindo inclusão e cidadania, e garantia dos seus direitos. De acordo com o presente estudo no município de Olinda, não ter documentos não tem uma influência direta em propiciar uma condição de vulnerabilidade que possibilite uma maior permanência nas ruas, porém, reconhece-se a importância de tal para reconhecimento como cidadão e inserção na sociedade, gerando melhoras de acesso a serviços, e dispondo de mais oportunidades.

Em relação à condição de vida em que se encontra diariamente a população do estudo, é importante frisar que estar em situação de rua não necessariamente é estar numa condição de inexistência de moradia convencional, ou seja, configura-se como situação de rua a partir de várias condições de vulnerabilidade, mesmo que ele permaneça na rua apenas por uma noite na semana. No município de Olinda, dormir todas as noites na rua apresentou-se com uma forte

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relação, podendo observar que este fato culmina em maior vulnerabilidade, influenciando no aumento das condições que favorecem a sua permanência na rua. Segundo Silva, Frazao e Linhares (2014) e Ferreira et al. (2016), essas pessoas tendem a estar mais susceptíveis à fatores de risco para a saúde como o uso de drogas, falta de alimentação adequada e de higiene, perda de apoio, de abrigo seguro, sexo sem proteção, entre outros, condições estas que expõem os indivíduos a situações de vulnerabilidade negativas para a saúde.

Além disso, afirma-se que um fator que possui grande significância é o tempo na rua, que acaba por determinar as chances de um indivíduo sair da rua: quanto menos tempo, maiores as probabilidades, e inversamente, estas possibilidades se tornarão menores (SILVA; FRAZAO; LINHARES, 2014). O município de Olinda possui um perfil diferente dos demais estudos, com 45,3% das respostas válidas retratando estar há menos de 1 ano nas ruas, tendo assim este fator como um fraco influenciador na condição, visto que essas pessoas recém-chegadas na situação de vulnerabilidade extrema estão mais propícias a saírem.

Condições socioeconômicas, culturais e ambientais gerais

No município do estudo, a população em situação de rua em sua maioria são oriundos do mesmo município, e tem como principal modo de sobrevivência ser pedinte.

Com relação às condições socioeconômicas, apesar de a ausência de um emprego formal ou subemprego possuir relação fraca na influência de estar na rua no município de Olinda, a relação dessa população com o trabalho é cada vez mais precária e sub-humana. Pode-se dizer que grande parte da população em situação de rua perdeu o emprego ou deixou a ocupação que antes exercia e com isso sofreu umaviltamento de suas condições de trabalho e de vida. Com isso, problemas de ordem econômica são fortes motivos que os levam a buscar a rua, pois estes problemas se materializam no desemprego e impossibilidade de custear alimentação e moradia. (SILVA, 2006) Assim, retrata-se as condições da população de estudo, onde o modo de sobrevivência mais citado foi “ser pedinte”, mostrando que a necessidade de viver nas ruas faz com que sejam criadas alternativas de sobrevivência e de transformação da realidade que se apresenta a cada dia, pois empregos formais praticamente não existem para este público e subempregos aparecem de forma esporádicas (COSTA, 2005).

No que se refere à origem das pessoas em situação de rua, é cada vez menor o número das que se originam de outros estados e também da área rural (SILVA, 2006), e que a maioria que está nas ruas é da própria cidade ou região de origem, apresentando histórias de desemprego e trabalhos instáveis e precários (MOVIMENTO NACIONAL DA POPULAÇÃO DE RUA,

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2010). No presente estudo, retrata-se esta realidade, onde a população é em sua maioria oriunda do município de Olinda, porém, possuindo relação fraca como determinante na condição de estar em situação de rua. Nos estudos, esses ambientes urbanos ou grandes metrópoles, parecem oferecer mais possibilidades de viabilizarem a sobrevivência na rua (SILVA; FRAZAO; LINHARES, 2014), e que historicamente os problemas inerentes às grandes cidades no capitalismo tem tido forte influência no fenômeno população em situação de rua, que vem crescendo em detrimento das condições macropolíticas presentes na sociedade, mas que ainda não são determinantes na permanência de tal condição.

Considerações Finais

No presente estudo, permitimos traçar e julgar o perfil epidemiológico das pessoas em situação de rua no município de Olinda, como uma população em sua maioria masculina, jovem, parda, natural de Olinda, estado civil solteiro e com poucos anos de estudos, perfil esse que não foge do que se é esperado e mostrado nos estudos acerca do tema, correlacionando com os determinantes sociais encontrados com a condição de estar em situação de rua a partir do modelo de Dahlgren e Whitehead.

No primeiro nível do modelo (idade, sexo e fatores hereditários), pode-se observar que as variáveis que possuíram relação forte e muito forte na influência da condição de estar na rua, foram o sexo masculino e raça/cor parda; no segundo nível (estilo de vida dos indivíduos), apresentou o uso de drogas com uma relação muito forte; no terceiro nível (redes sociais e comunitárias), o estado civil solteiro e o fator de não receber auxílio da comunidade como forte relação, e o fato de viver em grupo na rua com uma relação muito forte; e no quarto nível (condições de vida e de trabalho) a baixa escolaridade, ausência de trabalho de carteira assinada e dormir todas as noites na rua com forte relação e a ausência da participação de algum programa do governo ou benefício com uma relação muito forte.

Dessa forma, pode-se observar o quanto o nível intermediário, das condições de vida e de trabalho, possui um maior impacto na condição de estar em situação de rua. Neste âmbito, o modelo de Dahlgren e Whitehead representa os fatores relacionados a disponibilidade de alimentos e acesso a ambientes e serviços essenciais, como saúde e educação, indicando que as pessoas em desvantagem social correm um risco diferenciado. Circunstâncias sociais e econômicas determinam condições de vida e trabalho desiguais - com acesso diferenciado aos alimentos, à habitação, à educação, entre outros aspectos – influenciando na construção do capital social e dos comportamentos e estilos de vida, que expõem os indivíduos a diferentes

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exposições e vulnerabilidades (GEIB, 2012). Assim, é notável a necessidade de estudos envolvendo a temática de desigualdades sociais e o papel do governo como influenciadores das condições de vulnerabilidades social desencadeadas numa vulnerabilidade para a saúde da população. As pessoas em situação de rua precisam da intervenção do Estado para o combate da desagregação social, e geração de oportunidades para desenvolver estratégias de sobrevivência e crescimento. Reforça-se a importância do uso do modelo no estudo, pois a forma como os níveis se integram e a forma como a sociedade se encontra, desde o nível mais macro até as questões individuais do usuário, influenciam na condição de estar em situação de rua, obtendo assim, a rua como um produto da estrutura social.

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Referências

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APÊNDICE A – Quadro do Perfil Epidemiológico da população do estudo

NIVEL DE ANALISE VARIÁVEL SUBVARIÁVEL INDICADOR

IDADE, SEXO E FATORES HEREDITÁRIOS SEXO Masculino 78,9% Feminino 18,4% Em branco/não respondeu 2,5%

FAIXA ETÁRIA 1 à 9 anos 0

10 à 19 anos 5% 20 à 39 anos 44,5% 40 à 59 anos 42% 60 ou + 2,5% Em branco/não respondeu 5,8% RAÇA/COR Branca 12,6% Amarela 5% Parda 53,7% Negra 15,1% Outras 2,5% Em branco/não respondeu 10,9% ESTILO DE VIDA DOS INDIVÍDUOS

USO DE DROGAS Sim 84%

Não 1,6% Em branco/não respondeu 14,2% REDES SOCIAIS E COMUNITÁRIAS

ESTADO CIVIL Solteiro(a) 61,3%

Casado(a) 9,2% Separado(a) 5% Divorciado(a) 0,8% Viúvo(a) 6,7% Outro 0,8% Em branco/não respondeu 15,9% TEM ACESSO A ALGUÉM DA FAMÍLIA? Sim 63,8% Não 13,4% Em branco/não respondeu 22,6% RECEBE ALGUM AUXILIO DA COMUNIDADE? Sim 30,2% Não 41,1% Em branco/não respondeu 28,5% TEM ALGUM

FAMILIAR SEU QUE ESTÁ EM SITUAÇÃO DE RUA? Sim 12,6% Não 47,8% Em branco/não respondeu 39,4% VIVE EM GRUPO NA RUA? Sim 52,9% Não 11,7%

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Em branco/não respondeu 35,2% CONDIÇÕES DE VIDA E DE TRABALHO

ESCOLARIDADE Nivel fundamental incompleto 44,5% Nível médio incompleto 10,9% Nivel fundamental completo 4,2% Nivel médio completo 4,2% Superior incompleto 1,6% Superior completo 0 Analfabeto 4,2% Alfabetizado 4,2% Outros 3,3% Em branco/não respondeu 22,6% TRABALHOU DE CARTEIRA ASSINADA? Sim 29,4% Não 46,2% Em branco/não respondeu 24,3% POSSUI DOCUMENTOS? Sim 63% Não 21% Em branco/não respondeu 15,9% POSSUI ALGUM BENEFÍCIO? Sim 7,5% Não 68% Em branco/não respondeu 24,3% PARTICIPA OU JÁ PARTICIPOU DE ALGUM PROGRAMA DO GOVERNO? Sim 5% Não 67,2% Em branco/não respondeu 27,7% QUANTAS NOITES DA SEMANA VOCÊ DORME NA RUA? Nenhuma noite 19,3% Todas as noites 39,4% De 1 até 3 noites 4,2% Mais de 3 até 6 noites 5% Em branco/não respondeu 31,9% HÁ QUANTO TEMPO VOCÊ ESTÁ NA RUA? 0 a 1 ano 24,3%

Mais de 1 ano até 5 anos

8,4% Mais de 5 anos até

10 anos 7,5% Em branco/não respondeu 46,2% CONDIÇÕES SOCIOECONÔMICAS, NATURALIDADE Olinda 33,6% Recife 31,9%

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CULTURAIS E AMBIENTAIS GERAIS Paulista 2,5% Outros 15,9% Em branco/não respondeu 15,9%

COMO SOBREVIVE? Pedindo 29,4%

Bicos/biscates 28,5% Trabalhando 12,6% Doações do entorno 11,7% Catador/coleta de material reciclável 7,5% Flanelinha 6,7% Profissional do sexo 4,2% Outros 10,9% Em branco/não respondeu 30,2% CONTEXTO GERAL (VARIÁVEIS QUE NÃO ENTRARAM NO MODELO DE DALGREEN E WHITEHEAD) NACIONALIDADE Brasileiro 97,4% Em branco/não respondeu 2,5% JÁ RESISIU COM ALGUM FAMILIAR? Sim 72,2% Não 5% Em branco/não respondeu 22,6% DROGA MAIS UTILIZADA Álcool 74,7% Cigarro 47,8% Pó 9,2% Maconha 25,2% Crack 26,8% Cola 14,2% Loló 10% QUAL O MOTIVO QUE O LEVOU A PROCURAR A RUA? Conflitos familiares 21% Pelo consumo de

álcool e/ou outras drogas 16,8% Convite/influência dos amigos 9,2% Ter liberdade 8,4% Conflitos na relação de casal 5% Outros 21,8% Em branco/não respondeu 39,4% ONDE COSTUMA DORMIR FREQUENTEMENTE? Casa 27,7% Calçadas 31% Banco de praça 11,7% Viadutos e pontes 4,2%

Não tem lugar certo 8,4%

Albergue/pousada 2,5%

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Edificações em construções/ abandonada 5% Outros 4,2% Em branco/não respondeu 28,5% BAIRRO Varadouro 25,7% Bultrins 17,4% Rio Doce 16,5% Amaro Branco 12,8%

APÊNDICE B – Quadro da Matriz de Julgamento NÍVEL DE ANÁLISE VARIÁVEL ASSOCIAÇÃO TEÓRICA INDICA DOR JULGAMENTO IDADE, SEXO E FATORES HEREDITÁRIOS Sexo

Estudos mostram que ser homem, adulto jovem e pardo, atuam como fator

condicionante para estar em situação de rua, dado que histórica e culturalmente no país a responsabilidade de garantir a renda para o sustento é atribuído aos homens, estando mais propícios a sofrer o desemprego, vinculado há um caráter racial e motivos estruturais ou sociais. (SILVA, 2006) 81%

Ser homem teve relação muito forte com estar na rua.

Faixa Etária

47,3%

Ser jovem adulto (20 à 39) teve relação fraca na condição de se estar na rua. Raça/cor 60,3%

A cor parda teve forte relação com estar na rua.

ESTILO DE VIDA DOS

INDIVÍDUOS

Uso de drogas

Estudos mostram que o uso de drogas possui associação com a condição de estar em situação de rua, visto que as condições de vida na qual os sujeitos estão inseridos se apresentam como importante determinante para uma aproximação com situações de risco, entre elas o uso abusivo

e prejudicial de drogas. 98% O uso de drogas teve relação muito forte na condição de estar em rua.

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(TEIXEIRA; FONSECA, 2015) REDES SOCIAIS E COMUNITÁRIAS Estado Civil

Estudos mostram que fatores como ser

solteiro, não ter acesso a família, viver em grupo e não receber auxílio da comunidade, estão relacionados com a condição de estar na rua, dado que quase totalidade das pessoas em situação de rua possuem os vínculos familiares fragilizados ou completamente interrompidos, e possuem a construção de vínculos e solidariedade como garantia de sua sobrevivência. (COSTA, 2005); (SILVA, 2006) 73%

Ser solteiro teve forte relação com a condição. Acesso a família 17,4% Não possuir acesso a família teve relação muito fraca com a condição de estar na rua. Auxilio da comunidade 57,6% O fator de não receber auxílio da comunidade teve uma relação forte com a condição. Familia em condição de rua 18,9% Ter família em condição de rua teve relação muito fraca comestar em rua. Grupo na rua 81,8% Viver em grupo teve relação muito forte com a condição.

CONDIÇÕES DE VIDA E DE TRABALHO

Escolaridade

Estudos mostram que a baixa escolaridade, não ter trabalhado de carteira assinada, ausência de documentação, benefícios e programas do governo, dormir na rua todos os dias, e estar há pouco tempo na rua demonstram associação com a condição, visto que além da situação de extrema vulnerabilidade a que estão expostos, a estes são negados os direitos inerentes de cidadãos, como a falta de acesso à educação e proteção social, tendo o desemprego como determinante social 58,2% Ter nivel fundamental incompleto (poucos anos de estudo) teve relação forte com a condição. Carteira assinada 61,1% Não ter trabalhado de carteira assinada teve relação forte com estar na rua. Documentaçã

o

25,0%

Não ter

documentos teve relação fraca com a condição de estar na rua. Benefício 90,0% Não possuir nenhum benefício teve relação muito forte com estar na rua.

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Programa do governo

importante neste processo. Toda pessoa em situação de rua é um cidadão que detém de direitos, porém, possuem uma imagem deturpada perante à sociedade. Possuem alternativas de sobrevivência através de benefícios sociais, reforçando-se a importância das políticas públicas em favor das necessidades da coletividade. (COSTA, 2005) (MORAIS et al., 2010) (SILVA, 2013) 83,0% Não participar de algum programa do governo teve relação muito forte com a condição. Quantas noites dorme na rua 56,6% O fato de dormir todas as noites na rua teve forte relação com a condição. Tempo de rua 45,3% Estar há pouco tempo em situação de rua (0 a 1 ano) teve relação fraca com a condição. CONDIÇÕES SOCIOECONÔMI CAS, CULTURAIS E AMBIENTAIS GERAIS Naturalidade

Fatores como ser de área urbana e viver como pedinte, possuem associação com a condição de estar na rua, dado que a maior parte das pesquisas apontam que a maioria dessas pessoas são da própria cidade,

retratando os problemas das áreas urbanas como elevação dos índices de pobreza e desemprego, havendo a necessidade de criar alternativas de sobrevivência. (SILVA, 2006); (MOVIMENTO NACIONAL DA POPULAÇÃO DE RUA, 2010) 40,0% Ser de Olinda teve relação fraca com a condição de estar em rua.

Como sobrevive

42,1%

Ser pedinte como forma de

sobrevivência teve relação fraca com a condição.

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APÊNDICE C – Figura dos níveis do modelo de Dahlgren e Whitehead com as respectivas variáveis observadas no estudo

Referências

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