Etiologia
da
Cárie Latim destruição, “coisa podre”
‘A cárie dental é reconhecida como uma doença, resultante de uma perda mineral localizada, cuja causa são os ácidos orgânicos provenientes da fermentação microbiana dos carboidratos da dieta’
Cárie Dental
Antigos babilônios: “beliscada dos vermes nos dentes”
Séc. XVIII-XIX: origem nas porções internas do dente (Teoria Vital)
1683 - Leeuwenhoek: presença de “animalículos” sobre os dentes
A partir de 1820:origem de fora para dentro alimentos em putrefação (teoria Química). Por volta 1845: teoria “séptica”
Cárie Dental
1890 - Miller: “teoria quimioparasitária”
Black: denominou o acúmulo de material sobre os dentes de placa microbiana
1920 - Bunting: lactobacilo causava a cárie
1924 - Clarke: isolou um tipo de microrganismo da cárie -
Cárie Dental
1946 - McClure e Hewitt:
inibição de cárie com antibiótico
1954 - Orland e cols: ratos livres
de germes não desenvolviam
doença
1970 – Löe et al.: cárie
experimental no homem
Processo
dinâmico
Multifatorial
Pode ser
interrompida
Deixa seqüelas
Cárie Dental
Cárie Dental
Doença bacteriana
Relacionamento estreito com biofilme Dependente da presença e freqüência de
açúcares simples na dieta
Modificada pela presença de fluoretos e pela qualidade da composição salivar.
(Hume,W.R,1997)
Doença resultante do desequilíbrio entre os processos dinâmicos de desmineralização e
remineralização, com predominância do primeiro.
Cárie Dental
• Doença multifatorial
• Coleção de fatores que contribuem para
instalação e progressão
• Interagem modificando o equilíbrio existente entre elementos do esmalte
dentário e o meio ambiente bucal,
modulado pela saliva.
• Conseqüências macroscópicas iniciam-se
com a mancha branca não cavitada e podem terminar com a perda do elemento
CONCEITOS
SOBRE A
ETIOLOGIA DA
DOENÇA
Âmbito social
Âmbito biológico
A cárie como uma doença multifatorial
• Paul H. Keyes (1962)
Para o início e desenvolvimento de um processo carioso é necessário a interação simultânea de 3 fatores:
a) Presença de hospedeiro apresentando dentes
b) Existência de dieta cariogênica (rica em carboidratos)
c) Ação de microrganismos fermentadores
Esquema de Keyes HOSPEDEIRO: DENTES e SALIVA SUBSTRATO: DIETA MICRORGANISMOS COM CÁRIE SEM CÁRIE SEM CÁRIE SEM CÁRIE “Tríade de Keyes”
Esquema de Newbrun TEMPO • Newbrun (1978) DIETA MICROBIOTA HOSPEDEIRO: DENTES e SALIVA CÁRIE Sem cárie Sem cárie Sem cárie
Adaptado de Fejerskov & Manji, 1990
Fatores que influenciam a doença cárie
classe social renda atitude educação etnia comportamento dieta saliva microrganismos dente Fatores biológicos Fatores sociais
Âmbito social:
Exemplos: - Renda
- Educação, escolaridade
- Comportamento, atitude (WHO, 2003)
Associações da condição socio econômica e aspectos comportamentais com a saúde bucal têm sido
???
DESENVOLVIMENTO DE
CÁRIE DENTAL
•Bactérias- metabolizam carboidratos fermentáveis •Ácidos - queda de pH
•Difusão pelo fluido da placa até a superfície do esmalte •Dissolução de minerais (Ca, P e F) - DES
•Revertido - RE
DESENVOLVIMENTO DE
CÁRIE DENTAL
Composição química do esmalte/dentina
Físico-química do esmalte/dentina/placa/saliva
COMPOSIÇÃO
QUÍMICA DO
Composição química do esmalte/dentina
• Esmalte - poroso, composto por minerais a base
de apatita (sais contendo cálcio e fosfato) • Os elementos da apatita formam cristais-HA
• Espaços intercristalinos-água e material orgânico
- permite a difusão dos ácidos, minerais e flúor durante a DES e RE
Esmalte
Dentina
Prismas Cristais
Proteínas
Composição química do esmalte/dentina
• Carbonato – Apatitacarbonatada mais reativo ao ácido do que a hidroxiapatita
• Dentina: composta por minerais a base de apatita – > concentração de carbonato do que o esmalte – cárie desenvolve mais rapidamente na dentina
(Ögaard & cols, 1988)
• Flúor e carbonato
– são incorporados à estrutura mineral do esmalte durante a mineralização do dente
FÍSICO-QUÍMICA DO
ESMALTE/DENTINA/
Alterações de pH
Limite da capacidade da saliva de proteger as estruturas
dentais
pH crítico
pH crítico
Repor mineral do esmalte-dentina
Dissolução do esmalte-dentina
A saliva não é mais capaz de proteger a estrutura mineral dos dentes
pH crítico
• pH crítico para esmalte é 5,5 e para dentina 6,5
• Flúor na saliva altera as propriedades fisico-químicas com relação ao pH crítico (esmalte, pH=4,5)
DINÂMICA DO
DESENVOLVIMENTO
DA LESÃO DE CÁRIE
Dinâmica e desenvolvimento da lesão de cárie
Cárie Dentária: processo dinâmico que
ocorre nos depósitos bacterianos (placa bacteriana) sobre a superfície dos dentes, resultando em alterações do equilíbrio entre o a superfície dentária e o fluido da placa, que com o passar do tempo, leva à perda de minerais.
Dinâmica do desenvolvimento da lesão cariosa
Integridade do
esmalte
Composição e do comportamento químico dos fluidos adjacentes
•pH
•concentração de cálcio, fosfato e flúor
EQUILÍBRIO DINÂMICO
Condições fisiológicas normais
• Saliva: supersaturada em relação à apatita do esmalte
• Sem deposição
mineralmacromoléculas salivares
Equilíbrio dinâmico
pH 5,5 HA Ca++ OH -PO4 Ca++ PO4 OH -Ca++ PO4 OH -Ca++ PO4 OH -SALIVA Placa Ca10(PO4)6(OH) 2 CURY, 1992 pH
• Dieta ou açúcar - ácido (fermentação bacteriana)
• Neutralização das macromoléculas pelos tampões salivares e da placa
pH
pH crítico
• da solubilidade da apatita do esmalte •perda de Ca e P DES
Tampões salivares
A saliva – manutenção do pH da
cavidade bucal, contribuindo para a regulação do pH da placa
Corrige mudanças de pH
Biofilme – produção de ácidos -tampões Sistema carbonato e fosfato
Desmineralização
pH 5,5 HA Ca++ OH -PO4 Ca++ PO4 OH -Ca++ PO4 OH -SALIVA Placa ácido sacarose H+ Ca10(PO4)6(OH) 2 CURY, 1992Retorno a valores acima do pH
crítico
• Saliva- tentativa de repor os minerais perdidos- RE
• Reposição não é TOTAL
• Perda mineral na superfície do dente • Estágio clínico visível
Remineralização
pH 5,5 HA Ca++ OH -PO4 Ca++ PO4 OH Ca++ PO4 OH -SALIVA Placa sacarose Ca10(PO4)6(OH) 2
ácido sal ácido CURY, 1992
Portanto: Desmineralização Remineralização Perdas Minerais Cárie Dentária Remineralização Desmineralização Ganhos Minerais Remineralização
Desenvolvimento da doença
cárie
Visível Subclínica Microscopia Eletrônica Microscopia ÓpticaLesão de Mancha Branca Cavitação Destruição Total
Thylstrup & Fejerskov 1990
Perdas minerais
Placa bacteriana ou Biofilme dentário
Formação de
película adquirida
Aderência dos
Película adquirida
Camada acelular, fina (2 a 10m), constituída principalmente por proteínas salivares adsorvidas, que separa a saliva das superfícies dentárias.
Película adquirida
Formação
hidroxiapatita + glicoproteínas
Funções
proteção do esmalte
Biofilme dental
Massa bacteriana mole e aderente que
se deposita continuamente sobre a
superfície
dentária,
não
sendo
eliminada através de bochecho com
água, jatos fortes de ar ou mastigação
de alimentos duros ou fibrosos.
Placa dental (Biofilme dentário)
Início: minutos após limpeza 4 h: 103 a 104 bactérias/mm2 24 h: 100 a 1000 x mais bactérias 3 a 7 dias: biofilme estabelecido
Cálculo dental ou Tártaro
Placa mineralizada.
Depósito mineralizado com conteúdo
inorgânico similar ao osso, dentina
ou cemento, e um componente
orgânico constituído de uma mistura
de complexos
proteico-polissacarídios, células epiteliais
descamadas, leucócitos e diversos
microrganismos.
Mudança do ambiente Carboidratos fermentáveis Mudanças na microbiota produção de ácido ( pH) produção de PEC doença
espécies mais tolerantes
Grupo mutans Lactobacillus porosidade Sacarose Ácidos + PEC pH neutro Alterações ambientais e na matriz da placa pH baixo S. oralis S. sanguis porosidade Alterações ecológicas e da estrutura da placa RE DES
Biofilme Dental – Cárie
S. mutans na
ausência de sacarose
S. mutans em meio
rico em sacarose (PEC)
“ Todos os alimentos que
contêm carboidratos fermentáveis, podem ser utilizados pelas
bactérias para produzir ÁCIDOS.
Carboidratos e cárie
Dieta
Influência vai depender
composição química
consistência física
Polissacarídeos: Amido
Dissacarídeos: Sacarose Maltose Lactose Monossacarídeos: Frutose Glicose Galactose
Composição dos carboidratos
Cariogenicidade dos açúcares
Sacarose é o mais cariogênico.
Açúcar mascavo e mel têm mesma
cariogenicidade do açúcar branco.
Glicose, frutose e maltose mesma
cariogenicidade da sacarose.
Lactose é o açúcar menos cariogênico.
Por que a
sacarose é
considerada
tão
SACAROSE
Rölla, 1983
Lembrete: Sacarose e cárie
S. mutans
Gtf
Película adquirida
PEC
Sacarose e cárie
• Consumo de sacarose X prevalência de cárie:
Importante:
Adesividade e freqüência
Prov
Prov
á
á
veis razões para o decl
veis razões para o decl
í
í
nio
nio
De uma forma geral, o uso massificado de fluoretos. Além da água fluoretada, as principais razões mencionadas são:O uso disseminado de dentifr
O uso disseminado de dentifríício cio fluoretado
fluoretado
fl
flúúor em gelor em gel
Programas de bochechos
Programas de bochechos fluoretadosfluoretados
Conseqüências do declínio
da cárie
1. Muitas pessoas ainda apresentam cáries
2. Maior parte das lesões cariosas cavitadas se
concentra numa minoria de crianças e jovens –
“grupos de polarização”
3. Número menor de cavidades cariosas e aumento do número de lesões não cavitadas
4. A maioria das lesões agora se concentram nas superfícies oclusais
5. Progressão mais lenta das lesões cariosas
Conseqüências do declínio
da cárie
7. Muitas lesões iniciais não progridem
8. Maior número de pessoas necessitando de apenas tratamentos de pouca complexidade
9. Desigualdades sociais significativas na
ocorrência da cárie dentária ainda permanecem
Conclusões
• Carie é uma doença não passível de ser erradicada porque ela é provocada por bacterias naturais da boca de todos quando da exposição à açucares da dieta.
• Lesões de cárie se formam e progridem na boca de todos durante toda a vida, porém essas podem ser paralizadasa ou parcialmente revertidas
• Cárie é uma doença biofilme açúcar dependente, assim escovando os dentes com dentifrícios
fluoretados o controle da doença e da progressão das lesões podem ser simultaneamente feitos
Conclusões
• Para um efeito máximo do controle de cárie é imprescindível que haja um
controle dietético do consumo de produtos açucarados
• Escovação como medida isolada tem limitações no controle da cárie
• Açúcares especialmente a sacarose é o fator etiológico mais importante da
Referência bibliográfica
• Pereira, A.C. Odontologia em Saúde Coletiva. cap.11