UNIVERSIDADE TIRADENTES DIREÇÃO DA ÁREA DA SAÚDE COORDENAÇÃO DE ENFERMAGEM
ANDRÉIA FERNANDES CHAVES CLÉCIA KELLY DE LIMA
A IMPORTÂNCIA DO ACOMPANHANTE NO TRABALHO DE PARTO PARA PARTURIENTE
Aracaju 2015
ANDRÉIA FERNANDES CHAVES CLÉCIA KELLY DE LIMA
A IMPORTÂNCIA DO ACOMPANHANTE NO TRABALHO DE PARTO PARA PARTURIENTE
Artigo científico apresentado a disciplina Trabalho de Conclusão de Curso- TCC, do curso de Enfermagem da Universidade Tiradentes– UNIT, como um dos pré-requisitos para a obtenção do grau de Bacharel em enfermagem. Orientadora: Profª Esp. Lourivânia Oliveira Melo Prado.
Aracaju 2015
ANDRÉIA FERNANDES CHAVES CLEÉCIA KELLY DE LIMA
A IMPORTÂNCIA DO ACOMPANHANTE NO TRABALHO DE PARTO PARA PARTURIENTE
Artigo científico apresentado a disciplina Trabalho de Conclusão de Curso- TCC, do curso de Enfermagem da Universidade Tiradentes– UNIT, como um dos pré-requisitos para a obtenção do grau de Bacharel em enfermagem. Orientadora: Profª. Esp. Lourivânia Oliveira Melo Prado.
BANCA EXAMINADORA
Profª. Esp. Lourivânia Oliveira Melo Prado
Examinador 1: Profª. Esp. Juliana Fonseca
Examinador 2: Profº. Esp. Max Oliver
Aracaju 2015
A IMPORTÂNCIA DO ACOMPANHANTE NO TARBALAHO DE PARTO PARA A PARTURIENTE
Andréia Fernandes Chaves1 Clécia Kelly de Lima2 Orientadora: Profª. Esp. Lourivânia Oliveira Melo Prado3
RESUMO
A assistência a mulher durante o parto vem sofrendo alterações ao longo dos tempos foram várias as influências sofridas neste processo de mudanças, entre elas está a Conferência sobre Tecnologia Apropriada para o Nascimento e Parto, onde uma das recomendações da OMS era de um acompanhante durante o trabalho de parto. O presente artigo objetivou descrever a importância do acompanhante no trabalho de parto para as parturientes, com enfoque na Política Nacional de Humanização do Parto e Nascimento, associando o acompanhante no parto humanizado. Foi realizada uma busca de artigos científicos nas bases de dados LILACS, SCIELO, BVS, ANVISA E MINISTÉRIO DA SAÚDE, nos anos de 2005 a 2015, onde foram encontrados 40 artigos, sendo que somente 19 atenderam aos critérios de inclusão do estudo. Pode-se evidenciar que o acompanhante traz vários benefícios, dentre estes os mais citados foram: segurança, alívio da dor e redução da ansiedade, também foi possível evidenciar a falta de conhecimento da lei 11.108/2005 por parte das parturientes e acompanhantes.
DESCRITORES: Humanização do Parto, Acompanhante no trabalho de parto, Direito da paciente.
1Graduanda do curso de Enfermagem do 10º período da Universidade Tiradentes. 2Graduanda do curso de Enfermagem do 10º período da Universidade Tiradentes. 3
Enfermeira Especialista em Obstetrícia pela Universidade Federal de Sergipe/UFS, docente do curso Enfermagem da Universidade Tiradentes/UNIT, orientadora e coautora deste trabalho.
A IMPORTÂNCIA DO ACOMPANHANTE NO TARBALAHO DE PARTO PARA A PARTURIENTE
Andréia Fernandes Chaves4 Clécia Kelly de Lima5 Orientadora: Profª. Esp. Lourivânia Oliveira Melo Prado6
ABSTRACT
The assistance to women during childbirth has undergone changes over the years have been several influences suffered in this process of change, among them is the Conference on Appropriate Technology for Birth and Childbirth, where one of the WHO recommendations was a companion during labor. This article aimed to describe the importance of companion in labor for pregnant women, focusing on the National Humanization Policy of Childbirth, involving the escort in humanized birth. A search of scientific literature was conducted in the databases LILACS, SciELO, BVS, ANVISA AND MINISTRY OF HEALTH, in the years 2005 to 2015, where they found 40 articles, of which only 19 met the inclusion criteria of the study. One can show that the companion has several benefits, among them the most cited were: safety, pain relief and anxiety reduction, it was also possible to demonstrate the lack of knowledge of the law 11,108 / 2005 by the mothers and companions.
KEYWORDS: Humanization of Birth, Escort in labor, Law patient.
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Graduanda do curso de Enfermagem do 10º período da Universidade Tiradentes. 5Graduanda do curso de Enfermagem do 10º período da Universidade Tiradentes. 6
Enfermeira Especialista em Obstetrícia pela Universidade Federal de Sergipe/UFS, docente do curso de Enfermagem da Universidade Tiradentes/UNIT, orientadora e coautora deste trabalho.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Quadro 1- Apresentação dos materiais utilizados para construção do artigo ... 11 Quadro 2- Síntese dos estudos apresentando os principais benefícios da presença do acompanhante durante o processo de parto. ... 13 Quadro 3- Síntese dos estudos apresentando as principais dificuldades da presença do acompanhante durante o processo de parto ... 16
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
REHUNA – Rede de Humanização do Nascimento OMS – Organização Mundial da Saúde
RDC – Resolução da Diretoria Colegiada
LILACS – Literatura Latino-Americano e do Caribe em Ciências da Saúde SCIELO – Scientific Electronic Library Online
BVS - Biblioteca Virtual em Saúde RN – Recém- Nascido
MS – Ministério da Saúde UNIT – Universidade Tiradentes SE –Sergipe
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ... 8 2. MATERIAIS E METÓDOS ... 10 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES ... 13 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 19 REFERÊNCIAS8
1 INTRODUÇÃO
A gestação traz várias modificações, não só física como também emocionais, o que causa inúmeras sensações nas mulheres, entre elas: insegurança, ansiedade, medos (da dor, da realidade que está por vir), isso a torna mais frágil emocionalmente. Para vencer essa etapa a mulher necessita não só de assistência dos profissionais da saúde bem como de uma pessoa de seu convívio para lhe transmitir conforto e segurança durante esse processo (SANTOS et al., 2012 A).
Até o final do século XIX o parto ocorria no ambiente familiar, realizado por mulheres leigas, denominadas de parteiras, sendo que estas contavam com a ajuda das mulheres da família. Por se tratar de um ambiente familiar, a parturiente nesse momento podia expressar seus sentimentos de ansiedade, dor, angústia em relação ao momento do parto (SANTOS, MELO e CRUZ, 2015).
Com o passar do tempo este modelo de parto sofreu diversas mudanças deixando de ser um evento fisiológico, necessitando cada vez mais de intervenções hospitalares e medicalizações, que são justificadas em prol da segurança da mãe e do recém-nascido, porém essa mudança levou a uma desumanização no processo de nascimento (MATOS et al., 2013).
Os primeiros leitos obstétricos, no Brasil, iniciaram na Santa Casa no Rio de Janeiro em 1884. Logo após em São Paulo, foi fundada a maternidade São Paulo, esta atendia mulheres pobres e indigentes que por algum motivo não tinham onde dar à luz. A parteira era a protagonista neste cenário, o médico participaria somente se houvesse alguma complicação (LEISTER, 2011).
No Brasil são inúmeras as críticas ao modelo de assistência à mulher durante o parto, que vem se modificando ao longo do tempo e tiveram várias influências no seu processo de mudança, entre elas, a Conferência sobre Tecnologia Apropriada para o Nascimento e Parto, esta conferência aconteceu em Fortaleza em 1985, e entre as recomendações dadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) na ocasião, estava a de um acompanhante durante o trabalho de parto (ROCHA e NOVAES, 2010).
A partir da Conferência realizada em Fortaleza em 1985, surgiu outro movimento importante que defendia os benefícios do acompanhante como um indicador da melhoria de saúde para a mãe e o recém-nascido, a REHUNA (Rede de Humanização do Nascimento. Estes movimentos levaram ao surgimento da Lei Federal nº 11.108, de 07 de abril de 2005, que garante a gestante ter um acompanhante durante todo o trabalho de parto (pré-parto, parto e pós-parto imediato) (CARVALHO et al., 2013).
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Visando um novo modelo de atenção ao parto, nascimento e à saúde da criança, o Governo Federal lançou a Rede Cegonha, este programa tem como objetivo garantir atendimento de qualidade a todas as mulheres, desde a confirmação da gestação até os dois primeiros anos de vida do recém-nascido (BRASIL, 2011).
Apesar do direito a um acompanhante pela parturiente ser protegido por lei, muitas instituições de saúde ainda descumpre tal lei, alegando problemas como o despreparo do acompanhante que não conhece a fisiologia do parto e falta de estrutura física adequada, mesmo sabendo da existência da RDC nº 36 (Resolução da Diretoria Colegiada) que assegura uma infraestrutura física dos Serviços de Atenção Obstétrica e Neonatal adequada para a parturiente, seu acompanhante e os trabalhadores, além de reafirmar o direito da mulher ao acompanhante, dificultando dessa forma o processo de humanização durante o parto (BRUGGEMANN et al., 2014 e BRASIL, 2008).
A decisão de ter ou não um acompanhante é da mulher assim como quem será este acompanhante, isto tornará o parto o mais humanizado possível, porém esta humanização não descarta as tecnologias que hoje existem para ajudar a mulher durante o trabalho de parto (NEUMANN e GARCIA, 2011).
O estudo justificou-se pelo interesse das pesquisadoras em aprofundar seus conhecimentos sobre a temática, bem como proporcionar reflexões para a sociedade e profissionais da saúde, sobre a necessidade da incorporação da presença do acompanhante durante o processo de parturição na prática clínica assistencial.
O objetivo geral do estudo foi descrever a importância do acompanhante no trabalho de parto para as parturientes, com enfoque na Política Nacional de Humanização do Parto e Nascimento, associando o acompanhante no parto humanizado.
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2 MATERIAIS E MÉTODOS
Trata-se de uma revisão bibliográfica, de caráter exploratório-descritivo, com abordagem quantitativa, elaborada a partir de materiais já publicados, constituído de artigos, periódicos e materiais disponibilizados nas bases de dados da Internet, Manuais e Portarias do Ministério da Saúde. Para alcançar o objetivo proposto, foram utilizadas revisões literárias de artigos que descrevam sobre a importância do acompanhante durante o processo de parto para a parturiente, bem como seus benefícios, a humanização no parto e o conhecimento das parturientes e instituições de saúde sobre a lei 11.108/2005, permitindo realizar o levantamento de produções científicas.
A coleta de dados foi realizada em um período compreendido entre março a maio de 2015. Foram incluídos no estudo todos os artigos publicados no período de 2005 a 2015; com apresentação integral e gratuita. Foram consultados os Bancos de Dados: Scielo – Scientific Electronic Library Online; Medline - Medical Literature Analysisand Retrieval System Online; Lilacs - Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde, através da Biblioteca Virtual em Saúde - BVS, utilizando descritores de maneira única e combinados. Parto Humanizado; Acompanhante de paciente; Benefícios do Acompanhante e Assistência ao parto. E como critério de exclusão: artigos que não apresentassem estruturação de texto que proporcionasse uma boa compreensão.
Por se tratar de uma revisão bibliográfica, apresentou riscos mínimos, porém uma avaliação criteriosa se fez necessário por se tratar de dados coletados na internet, para que não fossem utilizadas referências com conhecimentos duvidosos.
O referido estudo não foi submetido ao Comitê de Ética e Pesquisa (CEP), por se tratar de um estudo bibliográfico, entretanto, os direitos autorais dos dados pesquisados foram preservados.
Os dados foram analisados e apresentados em forma de Quadros. Dos 40 artigos coletados, 19 publicações foram selecionadas, como mostra o quadro 1 a seguir:
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Quadro 1: Apresentação dos materiais utilizados para construção do artigo.
TÍTULO REVISTA ANO DE
PUBLICAÇÃO Lei Nº 11.108/2005 de 07 de abril de 2005. Ministério da Saúde 2005 Apoio no Nascimento: percepções de profissionais e acompanhantes escolhidos pela
mulher.
Revista Saúde Pública
2007
RDC Nº 36 de 3 de junho de 2008.
Ministério da Saúde – ANVISA
2008 Uma reflexão após 23 anos das
recomendações da Organização Mundial da Saúde para parto normal.
Revista Femina
2010 A Percepção da mulher
acerca do acompanhante no processo de parturição.
Revista Contexto & Saúde
2011 O acompanhante no momento do
trabalho de parto e parto: percepção de puérperas.
Cogitare Enfermagem
2011 Transformações no Modelo
Assistencial ao Parto: História Oral de Mulheres que deram a Luz nas
Décadas de 1940 à 1980.
Biblioteca Virtual da USP
2011
Rede Cegonha Ministério da Saúde
2011 Percepção da equipe de saúde
sobre a presença do acompanhante no processo parturitivo. REVRENE 2012 A Importância do Enfermeiro no Atendimento Humanizado no Pré-parto
Revista Diálogo & Ciências
2012 A inserção do acompanhante de
parto nos serviços públicos de saúde em Santa Catarina, Brasil.
Escola Anna Nery Revista de
Enfermagem 2013
Acompanhantes no processo de nascimento: benefícios reconhecidos pelos enfermeiros.
Revista do Instituto de Ciências da Saúde
2013
Conhecimento sobre a Lei 11.108/2005 e a experiência dos acompanhantes junto à mulher no
centro obstétrico.
Texto Contexto Enfermagem
12
A trajetória histórica das políticas de atenção ao parto no Brasil: uma
revisão integrativa.
Revista de Enfermagem REVOL
2013
Motivos que levam os serviços de saúde a não permitirem acompanhante de parto: discursos de
enfermeiros.
Texto Contexto de Enfermagem
2014
Implementação da presença de acompanhantes durante a internação
para o parto: dados da pesquisa nacional Nascer no Brasil.
Caderno Saúde Pública
2014
A contribuição do acompanhante para a humanização do parto e nascimento: percepções da puérpera.
Escola Anna Nery Revista de
Enfermagem 2014
Os direitos da parturiente na ótica dos acompanhantes.
Revista de Enfermagem - REVOL
2015 Trajetória de Humanização do Parto
no Brasil a partir de uma Revisão Integrativa de Literatura
Caderno de Cultura e Ciência
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3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
O acompanhante trás inúmeros benefícios, entre eles, aumenta o número de partos naturais e diminui qualquer tipo de analgesia, ainda muda a percepção da parturiente sobre o parto que antes era de medo e dor para um momento de satisfação e espera do filho. De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde) alguns estabelecimentos de saúde, baseados em estudos científicos, revisaram suas condutas e passaram a permitir a presença do acompanhante (BRUGGEMANN et al., 2013).
Além dos benefícios citados acima outros também foram identificados ao longo do estudo: dentre vários destacam os mais citados pelos autores descritos no quadro abaixo.
Quadro 2 - Síntese dos estudos apresentando os principais benefícios da presença do companhante durante o processo de parto.
Autor Tipo do Estudo Benefícios
BRUGGEMANN et al., 2013 Descritivo Quantitativo
Tecnologia não invasiva; Segurança; Apoio Emocional; Massagens; Auxilio na deambulação; Auxilio na mudança de posição;
CARVALHO et al., 2013 Descritivo Exploratório
Qualitativo
Alívio da dor; Tranquilidade; Segurança;
Controle no trabalho de parto; Tranquilidade a equipe
DINIZ et al., 2014 Descritivo
Tranquilidade;
DODOU et al., 2014 Qualitativo
Ameniza a solidão; Ameniza o sofrimento; Alívio das dores; Massagens;
Tratamento carinhoso; Motiva a deambulação;
Motiva a mudança de posição; Segurança;
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Descritivo Redução da ansiedade; Redução de analgesia; Redução de cesariana;
Redução da depressão de recém nascido no 5º minuto de vida;
SANTOS, MELO e CRUZ 2008 Descritivo Quantitativo Apoio emocional; Segurança; Coragem; Tranquilidade; Conforto; Redução do medo; Redução da ansiedade; Redução da solidão; Alívio das dores;
NEUMANN e GARCIA, 2011 Qualitativo Descritivo Segurança; Tranquilidade; Apoio emocional; Proteção; Coragem;
Diminuição das complicações do parto e puerpério; Diminuição da analgesia; Diminuição de cesariana; Diminuição do tempo de internação; Redução da ansiedade;
OLIVEIRA et al,, 2011 Qualitativo Descritivo
Ameniza a solidão;
Comunicação entre a equipe; Segurança;
Ameniza o medo
SANTOS et al., 2012A Qualitativo Exploratório
Descritivo
Tranquilidade; Alívio das dores; Segurança;
Apoio emocional e social; Proteção; Conforto; Coragem; Redução do medo; Redução da ansiedade; Redução da medicalização; Redução de cesarianas;
Redução do tempo do trabalho de parto;
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GONÇALVES et al., 2015 Qualitativo Descritivo
Apoio emocional; Segurança; Tranquilidade
BRUGGEMANN et al., 2007 Qualitativa Exploratória
Satisfação;
Apoio emocional; Segurança
A partir da leitura dos artigos, pôde-se observar que todos eles apontam a importância do acompanhante durante o processo de parto trazendo inúmeros benefícios à parturiente. O quadro acima mostra que dos 21 artigos selecionados os benefícios mais citados foram: a segurança com 35,7%, em seguida vem o apoio emocional com 28,5%, Tranquilidade 21,4%, redução da ansiedade e o alivio da dor com 17,8%.
A dor do parto é intensificada pela insegurança e o medo de ficar sozinha durante o trabalho de parto, tornando o que seria um momento marcante e de felicidade, em um sentimento de desamparo e solidão, daí a importância de um acompanhante como paliativo para amenizar estes sentimentos (OLIVEIRA et al., 2011).
Segundo BRUGGEMANN et al. (2013) o acompanhante traz reflexos positivos para as parturientes mostrando-se como uma tecnologia não invasiva, contribuindo para a melhoria de indicadores de saúde materno e neonatal, bem como uma satisfação em relação ao trabalho de parto por parte da mulher e sua família, o que levou a algumas instituições de saúde, com base nas evidências científicas a rever sua conduta e permitir a presença do acompanhante da internação a alta.
Da mesma forma CARVALHO et al. (2013) relatam que a participação ativa do acompanhante contribui para que as mulheres tenham mais controle no trabalho de parto influenciando diretamente no desfecho do nascimento, contribuindo para o bem estar materno, afirma ainda que a participação ativa do acompanhante contribui para melhorias da assistência obstétrica.
De acordo com DODOU et al. (2014) o acompanhante se apresenta como um amenizador dos sentimentos de solidão e sofrimento, uma vez que ele oferece apoio emocional e ajuda na realização de massagens para alívio das dores. Tal assistência contribui ainda para o um índice satisfatório do Apgar do recém-nascido (RN) e diminuição do tempo de trabalho de parto, reduzindo assim complicações do parto, analgesias e número de cesarianas.
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Nas instituições de saúde brasileira, o acompanhante durante o processo de parto, deve ser de livre escolha da parturiente de acordo com a Lei 11.108/2005. Esta lei surgiu após vários movimentos como REHUNA e a Carta de Fortaleza de 1985, no entanto após vários anos de conquista da humanização do parto, ainda é notório a falta de conhecimento das parturientes e acompanhantes sobre a lei (FRUTUOSO e BRUGGEMANN, 2013).
Para GONÇALVES et al. (2015) o acompanhante é o provedor da humanização do parto, fazendo com que a parturiente sinta-se segura e confiante, proporcionando a mulher vivenciar o processo de parto de forma tranquila e participativa, para isso é importante que a parturiente e seu acompanhante tenham conhecimento de seus direitos.
Nos estudos também foram observadas outras dificuldades para cumprimento da Lei 11.108/2005 que dá direito a parturiente a ter um acompanhante durante o processo de parto, algumas destas dificuldades estão listadas no quadro abaixo.
Quadro 3 - Síntese dos estudos apresentando as principais dificuldades para a presença do acompanhante durante o processo de parto.
AUTOR TIPO DE
ESTUDO
DIFICULDADES
BRUGGEMANN et al., 2014 Qualitativa Exploratória
Descritiva
Resistência dos profissionais; Falta de estrutura física;
Resistência da instituição em implementar a lei;
BRUGGEMANN et al., 2013 Quantitativa Descritiva
Resistência dos profissionais; Falta estrutura Física;
CARVALHO et al., 2013 Qualitativo Quantitativo Exploratório Participação passiva do acompanhante;
DINIZ et al., 2014 Quantitativa Descritiva
Descumprimento da lei;
Restrição da escolha do acompanhante;
Falta de informação as mulheres dos seus direitos; Falta de estrutura física;
Falta de preparo do acompanhante sobre o trabalho
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SANTOS, MELO e CRUZ, 2015 Descritivo Quantitativo de parto; Vergonha da parturiente em relação ao acompanhante; Restrição na escolha do acompanhante NEUMANN e GARCIA, 2011 Qualitativa Descritiva Falta de preparação do acompanhante sobre o trabalho de parto
SANTOS et al., 2012 Qualitativo Descritivo Exploratório
Mudança inadequada de comportamento das parturientes como: dengosas, mimadas e desestabilizadas; Exclusão do acompanhante
pela equipe;
Descumprimento da lei;
Falta de preparo dos acompanhantes sobre o trabalho de parto;
Ansiedade da equipe em situação de emergência;
Participação passiva
GONÇALVES et al., 2015 Qualitativo Descritivo
Falta de conhecimento das parturientes sobre a lei
BRUGGEMANN et al., 2007 Qualitativa Exploratória
Rejeição do acompanhante por parte da equipe
Entre as dificuldades encontradas nos artigos selecionados as que se destacam são: estrutura física inadequada, falta de preparação da parturiente e acompanhante, resistência da instituição de saúde em cumprir a lei, falta de conhecimento das gestantes e dos acompanhantes e exclusão do acompanhante pela equipe de saúde.
Para BRUGGEMANN et al. (2014) as Instituições de saúde ainda apresentam resistência em implementar a lei que dar direito a parturiente a ter um acompanhante durante o trabalho de parto, alegando rejeições dos profissionais de saúde em aceitar o acompanhante e falta de estrutura física, apesar da RDC nº 36 determinar que as instituições forneçam estrutura física adequada para acolher a parturiente, RN e seu acompanhante.
Além das instituições, os profissionais de saúde também desrespeitam esse direito da mulher, por acharem ter um domínio do parto e do corpo da parturiente, além do medo de possíveis questionamentos da conduta profissional, o que leva a rejeição do acompanhante,
18
por outro lado a falta de conhecimento das parturientes e seus acompanhantes sobre a lei 11.108/2005 deixam de reivindicar seus direitos assegurados por lei (GONÇALVES et al., 2015; BRUGEMANN, OSIS e PARPINELLI, 2007).
Já para DINIZ et al. (2014) a falta de informação das mulheres sobre seu direito de ter um acompanhante durante o processo de parto, a restrição por parte da instituição na escolha do acompanhante, ausência de estrutura física adequada são dificuldades encontradas para cumprimento da lei, bem como, a falta de preparação dos acompanhantes sobre o processo de parto.
Segundo SANTOS et al. (2012 B) o acompanhante produz um comportamento inadequado nas parturientes como: “dengosas, mimadas e desestabilizadas”, ainda afirma que a falta de preparação do acompanhante sobre o processo de parto faz com que o mesmo tenha uma participação passiva, sendo assim apenas um expectador. Outra dificuldade encontrada é que o acompanhante gera ansiedade na equipe em casos de situação de urgência durante o trabalho de parto.
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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo evidenciou momentos da evolução da história do parto desde a fase domiciliar até a sua institucionalização, deixando de ser um evento fisiológico passando a necessitar cada vez de intervenções e medicalizações. Diante das mudanças surgiram com o passar do tempo vários movimentos em prol da humanização do parto.
Como resultado a pesquisa consolidou dados sobre a importância do acompanhante, que traz inúmeros benefícios para a parturiente como: transmite segurança, tranqüilidade, conforto, proporcionando assim um sentimento de satisfação para a mulher, melhorando a evolução do parto. Nesse contexto o acompanhante exerce um papel de elo entre a equipe de saúde e a parturiente, aumentando a confiança tanto da equipe quanto da parturiente.
Apesar da vigência da lei e dos benefícios descritos, ainda são inúmeras as dificuldade impostas pelas instituições de saúde em aceitar o acompanhante, é relevante a preparação não só da equipe como também da estrutura física para que possa receber esse acompanhante adequadamente.
As dificuldades descritas na revisão literária, podem ser amenizadas através da preparação das parturientes e acompanhantes sobre a evolução do processo de parto, desde o pré-natal pela equipe de saúde, para que o acompanhante tenha uma participação ativa ajudando tanto a parturiente quanto a equipe.
As autoras esperam sensibilizar gestores, profissionais e a sociedade quanto ao cumprimento da Lei 11.108/2005 por parte das Instituições de Saúde e que as parturientes e seus acompanhantes possam desfrutar de um momento importante que é o nascimento. Deve-se lembrar que para a lei Deve-ser cumprida é preciso ter o conhecimento da mesma, que deve Deve-ser passado para a parturiente e seu acompanhante pelos profissionais de saúde durante o pré-natal ou internação da mesma.
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SOBRE AS AUTORAS
Andréia Fernandes Chaves é graduanda do curso de Enfermagem da Universidade Tiradentes. E-mail: deia.afc@hotmail.com; Clécia Kelly de Lima é graduanda do curso de Enfermagem da Universidade Tiradentes. Email: clecia.kelly@bol.com.br; Lourivânia Oliveira Melo Prado é Enfermeira Especialista em Obstetrícia pela Universidade Federal de Sergipe/UFS, docente do curso de Enfermagem da Universidade Tiradentes/UNIT, orientadora e coautora deste trabalho. E-mail: loriprado@bol.com.br.
21
REFERÊNCIAS
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Disponível em: http://dab.saude.gov.br/portaldab/ape_redecegonha.php. Acessado em: 30 de março de 2015.
BRASIL. Lei 11.108, de 7 de abril de 2005. Brasília, DF, 2005. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11108.htm. Acessado em 05
de fevereiro de 2015.
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE- ANVISA. RDC Nº 36 (Resolução da Diretoria Colegiada). Disponível em: www.anvisa.gov.br. Acessado em 20 de abril de 2015.
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GORAYEB, Marina Kuchiniski; EBELE, Romana Raquel, Motivos que levam os Serviços de Saúde a não Permitirem Acompanhantes de Parto: Discursos de Enfermeiros. Revista Texto Contexto de Enfermagem. Florianópolis. 23(2): 270-7, abril/junho, 2014.
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DINIZ, Carmen Simone Grilo; D’ORSI, Eleonora; DOMINGUES, Rosa Maria Soares Madeira; TORRES, Jacqueline Alves; DIAS, Marcos Augusto Bastos; SCHNECK, Camila A.; LANSKY, Sônia, TEIXIERA, Nelma Zamariano Fanaia; RANCE, Suzanna; SANDALL, Jane. Implementação da Presença do Acompanhante Durante a Internação para o Parto: Dados da Pesquisa Nacional Nascer no Brasil, Caderno Saúde Pública, Rio de Janeiro, s140-s153, 2014.
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22
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