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FREQUÊNCIA CARDÍACA E PRODUÇÃO DE LACTATO NO MOUNTAIN BIKE CROSS COUNTRY OLÍMPICO

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Academic year: 2021

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FREQUÊNCIA CARDÍACA E PRODUÇÃO DE LACTATO NO

MOUNTAIN BIKE CROSS COUNTRY OLÍMPICO

Fredy Costa Guerra1; Cesar Augusto Franca Abrahao2; Lelles Gabriel Damasceno Queiroz2;

Karolinne de Lourdes Zinato1; Rodrigo de Siqueira1; Rodrigo Otávio dos Santos2;

Chineyder Corrêa Tolentino1.

RESUMO

Este estudo é uma pesquisa de campo, com coleta de dados realizada em uma competição de nível E1 da (UCI), na modalidade MTB XCO, sendo esta seletiva olímpica no Brasil, onde os 16 participantes voluntários, atletas de alto nível, do gênero masculino (idade 29,78 ± 6,58 anos, peso 66,94 ± 8,88 kg, estatura 173,55 ± 8,02 cm, IMC 21,77 ± 1,78). Foram realizadas coletas pré e pós de lactato (pré 4,13 ± 1,48 mmol/L e pós 9,38 ± 2,96 mmol/L) e de frequência cardíaca (pré 71,94 ± 17,96 bpm e pós 114,31 ± 15,33 bpm). Com base nos resultados e comparando com diversos estudos similares, relacionados à FC e à [La], o LL provavelmente pode ser determinado por dois tipos distintos de classificação: os que utilizam valores fixos de [La] e os que utilizam de valores variáveis ou individuais de [La], para determinação dos limiares metabólicos, apresentando ainda, uma possível correlação entre outras variáveis metabólicas, como a FC, que é um método não-invasivo, de baixo custo, fácil aplicabilidade e ainda possui uma relação estreita com o VO²máx.

Palavras-chave: Lactato. Frequência cardíaca. Mountainbike.

HEART RATE AND LACTATE PRODUCTION IN MOUNTAIN

BIKE CROSS COUNTRY OLIMPIC

ABSTRACT

This study is a field study with data collection performed at a competition level E1 ( UCI ) , the sport MTB XCO , with this Olympic qualifying tournament in Brazil , where 16 volunteer participants , top athletes , male (age 29.78 ± 6.58 years , weight 66.94 ± 8.88 kg , height 173.55 ± 8.02 cm , BMI 21.77 ± 1.78) . Samples pre and post lactate were made (pre 4.13 ± 1.48 mmol / L and 9.38 ± 2.96 after mmol / L) and heart rate (bpm 17.96 ± 71.94 pre and post 114, 31 ± 15.33 bpm). Based on the results and comparison with several similar studies related to HR and [La], the LL can probably be determined by two different types of classification: those using fixed values of [La] and those using variable values or individual [La], for determining the metabolic thresholds, yet, presenting a possible correlation between other metabolic variables such as FC, which is a non - invasive, low cost, easy to apply and also has a close relationship with VO ² max.

Keywords: Lactate. Heart rate. Mountain biking.

QUEIROZ, L.G.D.; ZINATO,

K.

de L.; SIQUEIRA, R.

de; SANT

OS, R.O. dos; TOLENTINO, C.C. Frequência cardíaca

Coleção Pesquisa em Educação Física

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INTRODUÇÃO

O ciclismo é uma modalidade esportiva com existência superior a um século em esfera mundial, é dirigido e regulamentado pela União Ciclística Internacional (UCI). No Brasil, as primeiras competições foram organizadas por clubes em São Paulo, na década de 1890 (DA COSTA, 2005, apud GIUSTINA; KISS, 2008). Segundo Satoshi (2008), o mountain bike (MTB) surgiu como uma modalidade do ciclismo na década de 70 nos Estados Unidos da América e, durante a década de 80, o MTB chegou ao Brasil com campeonatos baseados nos moldes internacionais.

O Mountain Bike Cross Country Olímpico (MTB XCO), por se tratar de um esporte praticado ao ar livre, pode sofrer influências externas como condição climática, altimetria e terreno. Neste caso há a necessidade de se realizar uma pesquisa de campo, pois acredita-se que o desempenho do sujeito de pesquisa pode variar muito nessas condições e, possivelmente, isto pode limitar protocolos de avaliação atualmente utilizados, que não são específicos à modalidade.

Os estudos de limiares metabólicos são crescentes e diversas investigações acontecem o tempo todo dentro da fisiologia do exercício. Segundo Okano et al., (2006) a análise desses parâmetros metabólicos para predição de treinamento é extremamente importante. O consumo máximo de oxigênio (VO²máx) é um dos parâmetros para a prescrição da intensidade, volume de treinos e seus consequentes efeitos no desempenho físico do atleta em treinamento. O VO²máx é geralmente considerado o “gold standard” para a avaliação da performance aeróbia (BARROS et al., 2004).

Inúmeras pesquisas científicas, desde a década de 50, analisam o limiar de lactato (LL), constando na literatura, que as primeiras descobertas, foram feitas por Hollmann e Hettinger (apud WELTMAN, 1995). Neste sentido, De-Oliveira; Gagliardi; Kiss (1994), assim como Weltman (1995), têm estudado o LL e a economia de movimento como variáveis discriminadoras dos efeitos do treinamento. Barros et al., (2004), também relatam que profissionais de Educação Física, preparadores físicos, fisiologistas do exercício, médicos e técnicos de atletas de alta performance, tem usado o LL para acompanhamento de treinamento e prescrição de exercícios, para melhorar a performance desportiva.

Assim, a maior parte das avaliações físicas e os estudos com atletas de MTB XCO são realizadas em laboratório, mas a busca pela avaliação mais próxima da realidade da modalidade é crescente em estudos recentes (GIUSTINA; KISS, 2008).

Já se sabe que a frequência cardíaca fornece informações importantes como parâmetros para prescrição de treinamento. De Lucas et al., (2010), baseado em estudos existentes, concorda que, nas competições oficiais de MTB XCO, os valores médios relativamente estáveis da frequência cardíaca máxima (FC máx), giram em torno de 90%, por um período de esforço próximo à 120min.

Outra variável que vem sendo estudada, que parece ser eficaz como referencial para prescrição de treinamento, é a lactacidemia, pois atualmente, a necessidade de utilização de outros indicadores de desempenho, em provas de mountain bikecross country olímpico, tornou-se uma crescente.

O lactato sanguíneo (La), como identificador de parâmetros de aptidão aeróbia durante o exercício, tem sido muito usado, considerando o LL. Se tomarmos como parâmetros as situações de elevação da concentração dos níveis de La, teremos uma excelente ferramenta para a prescrição e monitoramento do treinamento esportivo (PYNE; LEE; SWANWICK, 2001). Dessa forma, teremos mais variáveis metabólicas para predição da performance em atividades de endurance (HARNISH; SWENSEN; PATE, 2001).

METODOLOGIA

Esta é uma pesquisa de campo exploratória, de corte transversal (GIL, 2010), com abordagem quantitativa. A população foi composta por atletas, do MTB XCO, do gênero masculino, com idade entre 18 e 42 anos, sem histórico de qualquer doença e aptos a participar de competições de MTB de alto nível. Selecionados de forma intencional, em uma competição de mountain bike, com 1.125 atletas inscritos, dentre amadores e profissionais, atletas brasileiros e estrangeiros. Composta por um subconjunto da população formado por elementos selecionados intencionalmente, que assegurando a presença de um determinado sujeito-tipo, não probabilístico. A escolha dos elementos da amostra foi feita de forma não aleatória, existindo um procedimento de seleção dos elementos segundo critérios estabelecidos, e homogêneos, pois todos os voluntários eram adultos do gênero masculino e aptos a participar de competições alto nível. Dentre eles, 4 atletas eram da categoria Profissional Elite, 3 atletas eram da Elite Sub-23, 1 atleta da Sub-45, 3 atletas da Sub-40, 4 atletas da Sub-35 e 1 atleta da categoria Sub-30.

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Araxá/MG e segue os moldes da prova disputada nos Jogos Pan-americanos, na modalidade Cross-country Olímpico (XCO). A realização dos testes aconteceu em um laboratório móvel, montado ao lado do pórtico de largada/chegada, durante a primeira etapa.

Para a análise do lactato plasmático foi feito uma assepsia local e foi coletada uma gota de sangue arterializado, da parte distal, da poupa digital do dedo indicador direito, utilizando lancetas esterilizadas. O sangue coletado antes e até 3 minutos após a competição foi utilizado para mensurar o lactato sanguíneo, o qual foi analisado por método eletro-enzimático, no lactímetroAccuntrend® Lactato (Roche Diagnóstica Brasil Ltda).

Para obter a frequência cardíaca dos atletas utilizamos um aparelho com sensor de batimentos cardíacos elétrico, não invasivo, da marca Onrom HEM – 741 INT. Este aparelho foi utilizado pela praticidade, agilidade no processo de captação dos dados e por ser aceito e validado para pesquisas científicas.

Na caracterização da amostra obtivemos uma média de 29,78 anos (±6,58) com idade mínima 18 e máxima de 42anos, peso com média de 66,94 kg (±8,88), com mínimo de 54 e máximo de 86. Estatura 173,55cm com (±8,02), com mínimo de 164cm e máximo de 191cm. IMC médio de 21,77 (±1,78), com mínimo de 18 e máximo de 25. O peso do equipamento com media 1,5 kg (capacete, sapatilha, luva, bermuda, camiseta, óculos e meias) com intervalo de 0. Peso da bicicleta 9,53 kg com intervalo de 7,8 a 11,4. A distância média percorrida foi de 28,03 km, com tempo de 89,57 minutos (1hora e 41 minutos) com velocidade media de 18,79km/h.

Todos os dados foram tabulados e analisados utilizando-se as ferramentas dos programas estatísticos SPSS for Windows® versão 17.0 e GraphPad® Prism 5.0. A normalidade dos dados foi analisada pelo

Kolomogorov-Smirnovtest e foi utilizada uma estatística descritiva, composta por média () e desvio padrão

(σ). Para verificar se existiam diferenças significativas entre os momentos iniciais e finais foi utilizado o Teste t pareado (PairedSamples Test). A significância estabelecida foi de p<0,05.

Tabela 1. Teste de Normalidade.

Kolmogorov-Smirnova Estatística DF Significância FC inicial 0,160 16 0,200 FC final 0,118 16 0,200 Lactato pré 0,177 16 0,196 Lactato pós 0,155 16 0,200 a – Lillieforssignificancecorrection. RESULTADOS

Todos os 16 atletas realizaram ambos os testes em semelhantes condições de equipamentos, com bicicletas próprias nacionais ou importadas, fazendo uso de capacete, sapatilha com clip/taco e vestimentas adequadas, em uma altitude de 960m, com temperatura de 30ºC, e U.R.A. de 48%.

A tabela 2 apresenta a média dos valores de lactato (La) e frequência cardíaca (FC) obtidos no momento pré e pós-competição. Os itens sinalizados são referentes aos maiores e menores valores encontrados.

Tabela 2. FC (bpm) e La (mmol/L), antes e após a competição. * Média.

FC pré FC pós La pré La pós

53 83 4,20 7,20

79 101 3,70 8,20

58 111 3,10 9,70

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60 104 2,60 11,80 51 108 5,10 14,80 62 125 2,90 15,00 77 109 4,00 4,60 100 120 4,40 10,00 66 109 2,40 11,00 106 149 3,20 11,50 59 117 7,70 7,80 79 117 4,90 6,00 68 115 4,40 6,60 57 100 4,10 7,30 105 136 6,80 10,50 71,94* 114,31* 4,13* 9,38*

Foi observado um aumento significativo nas duas variáveis metabólicas (FC e La) após a competição, como mostra o gráfico 1 (A. Frequência Cardíaca (FC), em batimentos por minuto (bpm) e B. Lactato [La], em milimol por litro (mmol/L), pré e pós competição.

=O coeficiente de variação apresenta variação pré-competição, maior que a variação pós-competição em ambas as variáveis, porém a variável LL tem um coeficiente de variação maior, evidenciando a significância desta variável metabólica para mensuração da performance em atletas.

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Através da análise dos dados deste estudo de campo obtivemos evidências de que a lactacidemia pode ser um parâmetro para identificar os limiares de transição metabólica nestes atletas, também servindo como estudo comparativo complementar para futuras pesquisas realizadas com a mesma finalidade. Na literatura encontramos inúmeras publicações sobre Ciência de Exercício, entretanto, segundo Stone; Sands; Stone, (2004), não se encontram muitas publicações relacionadas ao mountain bike, muito menos aquelas relacionadas à Ciência do Esporte, que se volta ao objetivo de melhorar a performance esportiva através da aplicação de métodos e princípios científicos para avaliação, controle e prescrição do treinamento.

Notamos que a média do lactato sanguíneo coletado após a competição apresentou um aumento acima de 100% em relação aos valores de lactato coletados antes da competição. Dal Monte; Faina (1999), em estudo similar, coletaram amostras de FC e (La) de mountain bikers treinados, durante uma simulação de competição de MTB XCO. Os resultados indicaram que a FC se eleva no início e permanece constante durante a prova, sendo que nas primeiras voltas e até aproximadamente 40 min de competição, os atletas atingem elevados valores de concentração de lactato [La] de 10-11 mmol/L. Durante esta competição simulada, o [La] regride gradativamente, e ao final da prova, os valores atingem 5-4 mmol/L. No presente estudo, encontramos valores médios de 9,38 mmol/L, após a competição, indicando alta exigência fisiológica do atleta. Assim como no estudo de Dal Monte; Faina (1999), percebe-se que as competições de XCO são predominantemente aeróbias, com grande participação do metabolismo anaeróbio lático.

Em nossa pesquisa, estudamos atletas treinados em condições semelhantes de performance, que parecem se manter em uma alta intensidade de esforço por mais tempo que atletas não treinados. Fox; Bowlers; Foss (1991); Maglischo (1999), concordam que uma adaptação ao treinamento é um deslocamento da curva do La para a direita, em relação a FC. Dessa forma, atletas treinados deveriam ter maiores valores relativos de limiar de lactato, pois entende-se que o corpo consiga “remover” o lactato de forma mais eficiente em relação ao atleta menos condicionado.

Heck et al., (1985) entendem que ritmo mais forte que um atleta consegue se manter antes que haja um acúmulo adicional de [La] pode ser chamado de “Máximo Estado de Equilíbrio de Lactato” (MEEL ou EMEL), pois segundo Okano et al., (2006) o limiar anaeróbio individual (IAT ou LAI) é definido como a mais alta taxa metabólica em que a concentração do lactato sanguíneo é mantida em estado de equilíbrio durante exercício prolongado. Vários cientistasesportivos tentaram enfatizar que o Limiar Anaeróbio Individual ocorre em diferentes níveis de acumulação, entre 2mmol/L e 6 mmol/L, considerando assim, que o LAI é capaz de determinar a intensidade correspondente ao MEEL (OKANO et al., 2006).

No presente estudo, a concentração do lactato sanguíneo em coleta de campo, pré-competição, variou entre 2,4 a 7,7mmol/L, comparado com o lactato sanguíneo coletado pós-competição, que variou de 4,6 a 15,0mmol/L. Acredita-se que o MEEL, para a maioria dos sujeitos em nossa pesquisa, seja um valor intermédio entre os valores de [La] pré e pós-competição. Se for assim, esses resultados confirmam os achados de Stegmann; Kindermann; Schnabel (1981) e de Stegmann; Kindermann (1982), que encontraram valores médios de [La], em teste incremental de cargas progressivas em cicloergômetro, com variação de 1,4 a 7,5 mmol/L e de 1,8 a 6,1 mmol/L de lactato sanguíneo, para atletas treinados, respectivamente.

A maior parte dos resultados e dos estudos encontrados para atletas de MTB XCO foram realizados em laboratório, com cicloergômetros, mas a busca pela avaliação mais próxima da realidade da modalidade é crescente em estudos recentes (GIUSTINA; KISS, 2008). Por isso realizou-se, no presente estudo, uma pesquisa de campo, acredita-se que o desempenho do sujeito de pesquisa pode variar muito nessas condições e, possivelmente, isto pode limitar protocolos de avaliação atualmente utilizados, que não são específicos à modalidade. É provável ainda, que exista uma grande diferença na mensuração do esforço para testes realizados no cicloergômetro e em testes de campo, pois no primeiro o esforço parece ser constante e no segundo, principalmente em provas de MTB XCO, parecem possuir características de esforço intermitente.

Nota-se que para resultados semelhantes encontram-se valores individuais de [La] diferentes na identificação do MEEL, em teste incremental de cargas progressivas em cicloergômetro. Tendo em vista essa grande variabilidade interindividual nos resultados encontrados, pode-se entender melhor porque foi usado o LAI. Acredita-se que por não respeitar o critério de [La] fixo de 4,0mmol/L, ele constitui um método mais eficaz na identificação do MEEL.

Inúmeros resultados são encontrados em diversas pesquisas, porém, nota-se que eles provavelmente podem ser determinados como os que utilizam valores fixos de [La] e outros que utilização de valores variáveis ou individuais de [La], para determinação dos limiares metabólicos.

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Machado et al., (2002), em estudo de campo sobre fatores fisiológicos associados à performance, em atletas de MTB, concluiu que o nível de esforço máximo realizado pelos atletas, em subidas, seja inferior ao VO²max. Com esta informação, podemos entender essa importante correlação do limiar anaeróbico (LAn) com a resposta do La para predizer a performance em intensidades submáximas. Neste mesmo estudo, Machado, entende que é fundamental o papel do sistema anaeróbio para a produção de energia e um dos indicadores utilizados para descrever a demanda metabólica é a concentração sanguínea de lactato.

A mensuração da FC é de fácil aplicabilidade na pesquisa de campo e possui uma relação estreita com o VO²máx (ROBERGS; LANDWEHR, 2002), que é mais difícil de ser coletado em uma competição. Diversos estudos têm demonstrado que, em atletas de alto nível aeróbio de diversas modalidades, o VO²máx praticamente não sofre alterações no decorrer da temporada de treinamento (DE-OLIVEIRA; GAGLIARDI; KISS, 1994), sendo esta uma evidência da importância da lactacidemia como parâmetro de performance em atletas de alto nível.

Segundo Karvonen; Kentala; Mustala, (1957), uma das fórmulas utilizadas para predição da FCmáx é a “220 – idade”, entretanto, na literatura encontram-se diversas opiniões conflitantes sobre a aplicação das fórmulas para predição da FCmáx (GOMIDES; GONTIJO; DA SILVA, 2009). Dantas (1995), sugere que as fórmulas estimativas da FCmáx são uma metodologia de baixo custo e de fácil aplicabilidade, enquanto Naughton; Patterson; Fox (1971), diz que existe uma certa dificuldade prática, em testes de esforço, para determinar quando um indivíduo alcançou realmente o seu máximo.

De acordo com Wilmore; Costill (1999), a FCmáx é o maior valor da FC em um esforço máximo, até a exaustão. Impellizzeri et al., (2002), apresentaram a FC dos atletas durante as provas de XCO como sendo aproximadamente 90% da frequência cardíaca máxima (FCmáx). Segundo Costa; Oliveira (2010), as zonas de intensidade de esforço aeróbio baseados na FC correspondente aos limiares metabólicos, verificaram que os atletas permanecem 31% do tempo total de competição acima do “on set blood lactate accumulation” (OBLA).

No presente estudo a média de idade foi de 30 anos, aplicando se a formula de Karvonen tem se a predição da FCmax sendo desta forma aproximadamente 190 bpm. Neste estudo os atletas apresentaram FC media de 114,31 bpm até 3 minutos após o término da competição. Impellizzeri et al., (2002), avaliou atletas italianos em competições de MTB XCO e a resposta da FC indicou valores médios de 90% da FCmáx. Stapelfeldt et al., (2004), também avaliou atletas alemães de MTB XCO e também encontrou uma intensidade média do esforço correspondente a 91% da FCmáx. A média percentual da FC avaliada durante o Campeonato Brasileiro e na Copa do Mundo de MTB XCO em atletas amadores e profissionais corroboram com a literatura internacional, apresentando uma intensidade média em torno de 90% da FCmáx. (COSTA; OLIVEIRA, 2010).

O reduzido número de estudos desenvolvidos em torno da comparação entre o LL e FC torna os resultados bastante conflitantes. Portanto, torna-se complexo comparar os valores das amostras coletadas com estudos previamente publicados. Vários estudos representam a intensidade do exercício que sofre grande variabilidade entre as condições de testes (categorias diferentes, níveis de performance, testes de laboratório ou de campo, pesquisa de campo verticais ou horizontais, e as diversas resistências que o meio ambiente exerce sobre os esportes praticados ao ar livre), além de uma discrepância nos achados, pois variam os critérios adotados para determinação dos resultados, como as características dos sujeitos estudados e a utilização de diferentes tipos de esportes.

Esses achados indicam a necessidade de uma análise criteriosa do significado de cada limiar, sobretudo quando o propósito for prescrição do treinamento. Foram encontrados em diversos estudos similares, relacionados à FC e à [La], que o LL provavelmente pode ser determinado por dois tipos distintos de classificação: os que utilizam valores fixos de [La] e os que utilizam de valores variáveis ou individuais de [La], para determinação dos limiares metabólicos, apresentando ainda, uma possível correlação entre outras variáveis metabólicas, como a FC, que possui uma relação estreita com o VO²máx.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base nos resultados encontrados neste estudo de campo com mountain bikers treinados, e comparando com inúmeros outros resultados que avaliaram a aplicabilidade e confiabilidade da análise do lactato sanguíneo no âmbito esportivo, observou-se que o coeficiente de variação para os limiares de lactato apresenta-se em maior variação pré e pós-competição, relacionado a frequência cardíaca. Esta diferença mostra a significância desta variável metabólica para mensuração da performance em atletas.

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sanguíneos de lactato durante intervalos de tempo pós competição. Assim há a possibilidade de se observar a capacidade de remoção individual dos atletas, fornecendo mais informações sobre a relação da lactacidemia e o esporte de alto nível.

REFERÊNCIAS

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1 Centro Universitário do Planalto de Araxá - UNIARAXÁ, Araxá/MG. 2 Universidade Federal do Triângulo Mineiro - UFTM, Uberaba/MG.

Rua Souza Costa 240 apto 101A Tabajaras Uberlândia/MG 38400232

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