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KARINA ZANINI MARQUES DA SILVA

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Academic year: 2021

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SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE

PROGRAMA DE APRIMORAMENTO PROFISSIONAL

KARINA ZANINI MARQUES DA SILVA

A IMPORTÂNCIA DA FUNÇÃO MATERNA PARA O

DESENVOLVIMENTO HUMANO,

À LUZ DA ABORDAGEM PSICANALÍTICA

Marília 2014

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SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE

PROGRAMA DE APRIMORAMENTO PROFISSIONAL

KARINA ZANINI MARQUES DA SILVA

A IMPORTÂNCIA DA FUNÇÃO MATERNA PARA O

DESENVOLVIMENTO HUMANO,

À LUZ DA ABORDAGEM PSICANALÍTICA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Programa de Aprimoramento Profissional (SES/Fundap), elaborado na Faculdade de Medicina de Marília em Psicologia Clínica em Saúde Mental, sob a orientação da Profª. Drª. Roseli Vernasque Bettini

Área: Saúde Mental.

Marília 2014

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Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da Famema.

Silva, Karina Zanini Marques da.

A importância da função materna para o desenvolvimento humano, à luz da abordagem psicanalítica / Karina Zanini Marques da Silva. - - Marília, 2014.

25 f.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Roseli Vernasque Bettini.

Trabalho de Conclusão de Curso (Programa de Aprimoramento Profissional) – Secretaria de Estado da Saúde-Fundap, elaborado na Faculdade de Medicina de Marília em Psicologia Clínica em Saúde Mental.

Área: Saúde Mental.

1. Psicanálise. 2. Relações mãe-filho. 3. Desenvolvimento humano. 4. Saúde mental.

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KARINA ZANINI MARQUES DA SILVA

A IMPORTÂNCIA DA FUNÇÃO MATERNA PARA O

DESENVOLVIMENTO HUMANO,

À LUZ DA ABORDAGEM PSICANALÍTICA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Programa de Aprimoramento Profissional/SES/Fundap, elaborado na Faculdade de Medicina de Marília em Psicologia Clínica em Saúde Mental.

Área: Saúde Mental.

Comissão de Aprovação:

_______________________________ Profª. Drª. Roseli Vernasque Bettini Orientadora

_______________________________ Profª. Camila Mugnai Vieira

Coordenador PAP (SES/Fundap) – Famema Área Saúde Mental

_______________________________ Profª. Drª. Roseli Vernasque Bettini

Coordenador PAP (SES/Fundap) – Famema

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer, primeiramente, ao meu marido por ter me incentivado e torcido comigo para que minha entrada no aprimoramento fosse possível e por ter “segurado a barra” sempre que a situação exigia.

Agradeço aos meus pais pelo incentivo e apoio emocional e financeiro e por sempre acreditarem em mim. Sou grata à minha mãe por tantas vezes ter me dito que eu era capaz.

Muito obrigada, meu filho, João Victor pelo amor e compreensão em todos os momentos que quis estar comigo, mas não pude em virtude de minha dedicação ao aprimoramento.

Agradeço às amigas aprimorandas Juliana, Roberta e Amanda que estiveram sempre disponíveis a ouvir minhas angústias, dividindo experiências e me acolhendo nos momentos difíceis. Obrigada pelo companheirismo, pelas risadas e pelas visitas durante a licença maternidade.

Agradeço a todos os aprimorandos e as aprimorandas que caminharam comigo nestes quase três anos de aprimoramento profissional, pelas lutas, angústias compartilhadas, risadas e amizade.

Agradeço também à Roseli, minha supervisora, orientadora e coordenadora por ter colaborado com o meu desenvolvimento profissional e por ter se mostrado tão disponível e compreensiva, ajudando-me a pensar e a me adaptar aos imprevistos. Foi muito mais que supervisora, orientadora e coordenadora, foi um pouco minha mãe se disponibilizando inclusive para me acompanhar no trabalho de parto de minha segunda filha.

Minha gratidão à Vivian, supervisora e amiga, que me ajudou a ser mais tolerante e menos exigente comigo mesma, me mostrando qualidades que desconhecia em mim.

Agradeço às preceptoras Vânia, Lilian, Camila e Magali. À Vânia, por ter sido exigente e ao mesmo tempo tão carinhosa e afetiva nas supervisões, à Lilian por ter sido tão compreensiva e acolhedora com minhas limitações e ainda ter conseguido pontuar meus pontos positivos mesmo quando falhava, à Camila pelas descobertas e trocas e à Magali pela ajuda e dedicação.

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Agradeço à psicóloga Luciana por ter-me permitido fazer o estudo de caso com a paciente que eu escolhi e por ter me acompanhado e auxiliado com sua experiência quando me angustiei nos atendimentos a esta paciente.

Minha gratidão à Teresa pela receptividade, preocupação e carinho demonstrado. Senti-me acolhida e querida.

Sinto-me privilegiada por ter podido aprender tanto com os exemplos dados pela psicóloga Olga, de sua vivência prática, para ilustrar a teoria vista nos textos discutidos nos cursos. Seus relatos me ajudaram muito e foram a melhor parte das discussões dos textos.

Também agradeço à Dra. Valéria pelo acolhimento e compreensão, principalmente no início do aprimoramento, quando eu estava tão “crua” no primeiro cenário em que atuei.

Minha gratidão a Roseane, terapeuta ocupacional; Vera, psicóloga; Elza e Rosa, assistentes sociais; Marcinha, técnica de enfermagem e Évelin, enfermeira, pelas risadas, amizade e coleguismo.

Sinto-me profundamente grata aos pacientes, pela confiança e por terem me possibilitado tantos aprendizados.

Por fim, manifesto gratidão a todos os profissionais do Ambulatório de Saúde Mental do HCIII-Famema, que direta ou indiretamente contribuíram para minha transformação, pois sei que saio do aprimoramento muito diferente do que quando entrei.

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“A melhor maneira de tornar as crianças boas, é torná-las felizes”

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RESUMO

Através de uma revisão bibliográfica e tendo como referência uma leitura psicanalítica, o presente trabalho tem por finalidade conhecer o significado de função materna e identificar sua importância ao desenvolvimento humano. Baseando-se nas ideias de Winnicott, procurou-se analisar a lógica de que se uma mãe “suficientemente boa” atende as necessidades da criança e a auxilia em seu desenvolvimento, as falhas nesta função materna trariam consequências negativas para o desenvolvimento humano. Os resultados encontrados demonstram que a função materna exercida pela mãe ou por substituto, é de extrema relevância ao desenvolvimento humano e que as falhas existentes, em não se atingir o que Winnicott preconiza como “suficientemente bom”, podem contribuir com o surgimento de patologias.

Palavras-chave: Psicanálise. Relações mãe-filho. Desenvolvimento humano. Saúde mental.

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ABSTRACT

Through a literature review and with reference to a psychoanalytic reading, this study aims to know the meaning of maternal function and identify its importance to human development. Based on the ideas of Winnicott, tried to analyze the logic that if a "good-enough" mother meets the child's needs and assists in their development, the flaws in this maternal function would bring negative consequences for human development. The results show that the maternal function exercised by the mother or surrogate, is extremely relevant to human development and that existing fault in not achieving what Winnicott calls as "good enough", can contribute to the development of pathologies.

Keywords: Psychoanalysis. Mother-child relations. Human development. Mental health.

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SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS RESUMO

ABSTRACT

1 INTRODUÇÃO ...8

1.1 Olhares clássicos da literatura psicanalítica a respeito de “função materna”...8

2 OBJETIVOS ...11

3 METODOLOGIA...11

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.. ...12

4.1 Função materna... 14

4.2 Relevância da função materna ao desenvolvimento humano... 18

4.3 Falhas na função materna... 20

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...22

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1 INTRODUÇÃO

Durante toda formação acadêmica sempre me chamou a atenção os aspectos vivenciados na tenra infância e que podem influenciar o desenvolvimento da personalidade do indivíduo. Uma das considerações à luz da psicanálise que me intriga é a relação estabelecida da criança com a mãe e seu ambiente e as repercussões a vida do individuo.

No Programa de Aprimoramento Profissional, ao passar pelo Ambulatório de Saúde Mental, acompanhei alguns casos que me instigaram a aprofundar estudos. Num primeiro momento gostaria de pesquisar as consequências da privação materna, mas ao me reportar a literatura, este tema estava associado à delinquência. Assim, percebi a necessidade de anteriormente a isto rever o que significa “mãe suficientemente boa” e o que é descrito como função materna. Neste sentido, optei por aprofundar os significados da função materna no desenvolvimento do indivíduo.

1.1 Olhares clássicos da literatura psicanalítica a respeito de “função materna” Na abordagem psicanalítica a primeira infância é fundamental à constituição do sujeito e as relações estabelecidas neste período corroboram ao processo de construção subjetiva da criança.

Tradicionalmente a função materna é exercida pela mãe biológica, mas não necessariamente é ela quem a exerce. Outras pessoas podem assumir esta função, mas é fundamental que exista uma pessoa que seja a principal cuidadora do bebê, que represente uma referência constante e segura. Neste sentido, Gorayeb (1985) afirma que não são os aspectos visíveis da relação que adquirem importância para a criança, mas o que se passa na intimidade dos dois e que se traduz em vivências afetivas significativas.

Freud (1926-1925) revela a importância dos pais na organização psíquica da criança. Considera o trauma como estrutural, sendo o desamparo, representado à criança

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através de um fenômeno somático da angustia, próximo ao perigo da morte. Assim, o Outro materno é quem deve auxiliar em seu desenvolvimento, exercendo a função de contenção.

Para Winnicott (1979), o trauma de nascimento não é estrutural, mas uma experiência normal do nascimento, onde há uma falha, uma descontinuidade relacionada ao meio ambiente, como uma ruptura na continuidade dos cuidados parentais.

Denomina “mãe suficientemente boa”, aquela capaz de atender às necessidades de seu bebê e o cuidado materno não se restringe a suprir as necessidades básicas, mas também a uma disponibilidade psíquica da mãe. No desenvolvimento emocional do indivíduo, a passagem de uma etapa a outra propicia novas capacidades para que ele suporte as possíveis falhas ambientais. Se forem sentidas como invasões do ambiente ao seu Self, podem resultar em paralisações em seu desenvolvimento emocional ou em surgimento de uma psicotatologia, sendo que, quanto mais precoces essas falhas, mais danosas podem ser.

No entanto, revela também que a “mãe suficientemente boa” terá de falhar para que o amadurecimento do sujeito possa ocorrer. É a falta da mãe que, na medida certa, levará a criança a tolerar suas angústias e contar consigo. Assim, a função materna não é o da mãe supostamente “perfeita”, mas da mãe flexível o suficiente para acompanhar o bebê em suas necessidades, favorecendo também o desenvolvimento e a autonomia.

A separação da figura materna em tenra idade pode desencadear prejuízos ao desenvolvimento do bebê. Tanto Spitz (1965) como Bowlby (1979) apresentam a importância do processo de vinculação. Ressaltam que os processos ocorrem nas relações estabelecidas, que pode haver problemas de mães que não foram suficientemente boas, mas consideram também a capacidade regenerativa das crianças na procura de vínculos alternativos que possam lhes fornecer experiências de acolhimento, intimidade e relacionamento contínuo.

Nazir (2002) relata que nem sempre o abandono é equivalente a rejeição ou ao não-desejo da mãe, mas as suas dificuldades internas ou frente a suas impossibilidades na relação estabelecida com o bebê.

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Klein (1997) ressalta que a vida mental da criança é influenciada por emoções primitivas e fantasias inconscientes.

No início da vida tem terrores, medos e ansiedades, pois está diante de sensações corporais e estímulos que, inicialmente não têm nenhum sentido para ele. Se a mãe (ou pessoa que exerce a função materna) puder ser receptiva e compreensiva, terá condições de ajudá-lo a “digerir” esses sentimentos desconhecidos, conferindo-lhes sentidos e contendo sua ansiedade.

Para Lacan (1966), a função materna também se dá desde os primórdios da vida do bebê que vai se constituindo a semelhança do Outro (mãe ou quem faz esta função), que lhe devolve a imagem através do espelho. A mãe sustenta para o seu bebê o lugar de Outro primordial.

Kupfer (2000) ressalta que a mãe impelida pelo desejo, antecipará em seu bebê uma existência que ainda não há, mas que se instalará através do olhar, gestos e palavras, onde a mãe desenha o “mapa libidinal que recobre o corpo do bebê”.

Para Coriat (1997) o Outro escreve as primeiras marcas no corpo do bebê, as quais serão os alicerces do seu aparelho psíquico. O Outro, ou seja, o cuidador da criança irá manipulá-lo de acordo com o que determinam os significantes de sua história e do lugar que esses significantes têm ao objeto.

É o olhar deste cuidador que vai devolver à criança sua imagem fazendo-a perceber que ela é um ser e que existe. É por volta dos seis meses de vida que o bebê humano através da função do estádio do espelho terá noção da relação do organismo com a realidade.

Com estes conceitos mais clássicos da literatura psicanalítica a respeito da função materna tem-se o alicerce para a busca de como autores mais recentes abordam esta temática e sua relevância ao desenvolvimento humano.

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2 OBJETIVOS

2.1 Conhecer o significado de função materna

2.2 Identificar a importância da função materna ao desenvolvimento humano

3 METODOLOGIA

Foi realizada uma pesquisa qualitativa do tipo bibliográfica.

Para Trivinõs (1987), a coleta e a análise de dados são fundamentais a uma pesquisa qualitativa, pois caracteriza critérios únicos de uma busca, se relacionados ao fenômeno o que deseja efetivar no estudo.

Segundo Marconi e Lakatos (2001), a pesquisa bibliográfica trata-se de levantamento de toda a bibliografia já publicada, que têm por finalidade colocar o pesquisador em contato com o que foi escrito sobre determinado assunto.

Este estudo foi realizado através de levantamento de artigos que estão mencionados no item “resultados e discussões” e a análise seguiu os conceitos de Turato (2003) em que divide em três momentos. Inicialmente, foi realizada: a) leitura flutuante dos textos escolhidos, que é uma maneira de escutar, não privilegiando qualquer elemento do discurso a priori, estabelecendo contato e deixando-se invadir por impressões até que o alvo da leitura vá ganhando clareza no decorrer do processo. Em seguida, foi efetivada: b) categorização de tópicos emergentes de relevância e repetição dos assuntos, e por último, foi efetuada a interpretação e discussão teórica de acordo com os conceitos psicanalíticos.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A coleta de dados foi realizada a partir da base de dados da Revista Psique, acessada através do site da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (http://www.sbpsp.org.br). A busca foi efetuada a partir do cruzamento dos seguintes descritores: Função and materna and psicanálise.

Foram encontrados 40 artigos. Os critérios de inclusão adotados foram: artigos científicos, no idioma português, correspondentes ao período de 2009 a 2013. Desses, foram excluídos 34, tomando como critérios: trabalhos repetidos, monografias e não se referir ao tema estudado.

A tabela a seguir apresenta os seis artigos selecionados:

Tabela 1 – Artigos selecionados na pesquisa bibliográfica

Título Autores / Categoria

profissional e/ou titulação Periódico

Adolescentes em conflito com a lei: função materna e a transmissão do nome do pai

Rejane Botelho Teodoro XavierI; Cláudio Vital de Lima FerreiraII; João Luiz Leitão ParavidiniIII; I Psicanalista; Especialista em Psicologia Jurídica e Mestranda em Psicologia no Instituto de Psicologia da Universidade Federal de Uberlândia; IIPsicanalista; Professor Associado do Instituto de Psicologia da Universidade Federal de Uberlândia. Doutor em Saúde

Mental (UNICAMP);

III

Psicanalista; Professor Adjunto do Instituto de Psicologia da Universidade Federal de Uberlândia; Doutor

em Saúde Mental (UNICAMP). Revista Mal Estar e Subjetividad e, v. 11, n. 1. Fortaleza, 2011. Intersubjetividade e especificidade em psicanálise Adalberto A. Goulart Sociedade Psicanalítica do Recife - Núcleo Psicanalítico

Revista Brasileira de Psicanálise, v. 43, n. 3.

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de Aracaju - Aracaju São Paulo, 2009. A importância das primeiras interações mãe-bebê para o desenvolvimento e psicopatologia ulteriores: uma contribuição

Ester Malque Litvin

Membro da Sociedade Brasileira de Psicanálise de Porto Alegre Psicanálise, v. 15, n. 1, p. 61-82. Porto Alegre, 2013. Sobre o pai e o tornar-se pai: contributos da psicanálise: novas perspectivas Henriqueta Martins Membro Associado da Sociedade Portuguesa de Psicanálise. Doutoranda do Instituto Superior de Psicologia Aplicada. Rev. Port. de Psicanálise, v. 33, n. 2, p. 59-76. São Paulo, 2013. Elaborações metapsicológicas sobre trauma e as patologias de déficit: repensando a clínica

Ronis Magdaleno Júnior

Membro associado da

Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo – SBPSP e do Núcleo de Psicanálise de Campinas e região. Revista Brasileira de Psicanálise, v. 45, n. 2, p. 139-150. São Paulo, 2011. Vicissitudes na construção da identidade por falhas na função materna: correlacionando teorias: Freud, Klein, Aulagnier Augusta Gerchmann Sociedade Brasileira de Psicanálise de Porto Alegre

Psicanálise, v.11, n.1, p. 29-48. Porto Alegre, 2009.

Através da análise qualitativa realizada segundo Turato (2003), foram encontradas as seguintes categorias:

a) Função materna

b) Relevância da função materna ao desenvolvimento humano c) Falhas na função materna

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Assim se constituem as categorias: 4.1) Função materna

Tradicionalmente a função materna é exercida pela mãe biológica, mas não necessariamente é ela quem a exerce. Outras pessoas podem assumir esta função, mas é fundamental que exista uma pessoa que seja a principal cuidadora do bebê, ou o “Outro primordial” que represente uma referência constante e segura.

Martins (2013) ao falar da função materna, na contemporaneidade discute as mudanças sociais, na vida conjugal e familiar, o aumento no número de divórcios e separações e a maior participação feminina no mercado de trabalho. Segundo esta autora, se antes os cuidados prestados às crianças e às responsabilidades educativas eram de exclusividade da mulher, hoje essas responsabilidades estão sendo divididas entre o casal.

A família atual não é mais como a tradicional, de modo que uma família hoje pode ser composta das mais variadas formas e quando se fala em função materna ou função paterna não se está falando especificamente dos cuidados dispensados exclusivamente pela mãe ou pelo pai respectivamente, ou seja, como diz Ciccone (2011 apud Martins, 2013, p.62)1, “no interior de cada progenitor as duas funções (maternas e paternas) estão articuladas.”

Martins (2013) faz uma diferenciação entre funções materna e paterna e papéis paternal e maternal exaltando a importância de se dar contenção às emoções e angústias maternas além de apoio e proteção para que a mãe consiga exercer sua função materna. Quando o pai dá este suporte à companheira, está exercendo uma função materna para com a mãe de seu bebê. Esta autora afirma que esta articulação de funções dá-se no seio da bissexualidade psíquica de cada um.

Apesar das mudanças sociais e da articulação das funções parentais,

a assimetria das relações pais-filhos é necessária à construção psíquica da criança, quer na sua vertente geracional, quer ainda nos dois modos de alteridade masculino e feminino. O amor, os limites, as regras e os

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Ciccone, A. (2011) La psychanalyse à l’épreuve Du bébé: Fondements de la position clinique, Paris: Dunod.

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interditos só poderão interiorizar-se numa relação assimétrica (MARTINS, 2013, p.70)

Com relação a essas mudanças na composição familiar, Xavier, Ferreira e Paravidini (2011) afirmam que houve uma destituição do chefe de família, e que com esta destituição, a lei deixou de possuir a radicalidade existente na época das teorizações de Freud sobre o Complexo de Édipo, de forma que as regras passaram a ser algo negociável e de caráter temporário. Birman (2006) diz que o “mal estar na atualidade reside no desdobramento da soberania do pai para soberanias, no descentramento da metáfora paterna” (BIRMAN, 2006 apud XAVIER, FERREIRA e PARAVIDINI, 2011, p. 7) 2

Segundo Xavier, Ferreira e Paravidini (2011), a maternidade dá à mulher a ilusão de se ter o falo e, a criança, passa a ser um objeto que completa e atende a necessidade narcísica da mãe. Estes autores afirmam que a mãe precisará deixar de ser o falo, para ir em busca dele, para que a criança tenha acesso a realidade. Para que isso ocorra, a mãe deverá reconhecer e integrar ao seu discurso, a palavra do pai, permitindo a entrada de um terceiro e, a forma como a mulher se relaciona com a lei, interferirá na forma como ela integra a palavra do pai ao seu discurso, ou seja, a mãe precisa aceitar estar sujeita a lei do interdito.

Em reflexões sobre a função materna, Xavier, Ferreira e Paravidini (2011) afirmam que entre as funções da mãe está promover a constituição do Ser: através do modo como a mãe vê e veste seu filho de significantes e, através de seu discurso, ao atribuir um lugar para que o pai exerça seu papel.

Winnicott (1956/1975b apud Magdaleno Junior, 2011, p. 143)3 fala sobre a função de espelho, onde a criança pode se reconhecer no olhar da mãe e a partir daí formar a sua identidade. A função materna adequada implicaria nesse olhar poder refletir o bebê como um todo. O olhar da mãe, idealmente, deve espelhar para o bebê o que ele é ao invés de impor o desejo da mãe.

2 Birman, J. (2006). Arquivos do mal estar e da resistência. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.

3 Winnicott, D.W. (1975b) O papel de espelho da mãe e a família no desenvolvimento do bebê. In D.W. Winnicott. O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago. (Trabalho original publicado em 1956).

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Com relação a isto, Goulart (2009) fala sobre a total dependência do bebê humano e reafirma a importância dos cuidados maternos e da estreita ligação entre mãe e filho construída a partir de respostas pulsionais que visam à preservação da vida. Este autor cita as ansiedades presentes desde o nascimento e reflete sobre a importância de se internalizar o objeto de amor para que se possa tornar mais independente. A internalização do objeto de amor se faz necessária para que haja um amadurecimento egóico, de modo que diante de uma situação ansiógena, o ego não precise lançar mão de mecanismos primitivos.

Godard (1979) relata que a instauração da relação mãe-bebê não é simples, pois a mulher precisa elaborar a diferença entre o filho imaginário e o filho real, integrar o bebê real em sua vida fantasmática e promover mudanças “em seu estatuto social (de irresponsável a responsável por outro ser humano), em sua identidade (de filho a genitor), nas gerações (aproximação da morte)” (GODARD, 1979 apud LITVIN, 2013, p. 65) 4 .

Apesar da complexidade na instauração da relação mãe-filho, Soulé (1987 apud Litvin, 2013, p. 65) 5 diz que a mãe desde muito cedo faz uma “aposta” em seu bebê, o que é de grande importância para o desenvolvimento deste. Este investimento que a mãe fará em seu bebê dependerá da relação dela com o pai da criança e também de fatores fantasmáticos da mãe. Assim, o desempenho da função materna é influenciado pela experiência que a mãe teve ao ser cuidada quando bebê, já que se trata da reedição de uma situação antiga e, também, pelo comportamento individual do filho, já que se trata de uma relação a dois.

Winnicott (1969 apud Litvin, 2013, p. 69)6 e Lebovici (1987 apud Litvin, 2013, p. 69)7, ao mencionarem a relação pais-bebê, compartilham da mesma opinião, de que os cuidados maternos se caracterizam pelo holding, pela preocupação materna primária,

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Godard, A. B. Um étranger à demeure. Nouvelle Revue de Psychanalyse: L’Enfant, v. 19, 1979. 5

Soulé, M. O filho da cabeça – o filho imaginário. In: _____ A dinâmica do bebê. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987.

6 Winnicott, D.W. La théorie de La relation parent-nourrisson. In: Winnicott, D. W. De La Pédiatrie à La Psychanalyse. Paris: Payot, 1969. (Petite Bibliothèque Payot).

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pela antecipação a partir do prazer que as competências de seu filho desencadeiam nela, pela interpretação do gesto do bebê em consonância com sua vida psíquica e com sua vida interpessoal.

Chiland (1989 apud Litvin, 2013, p. 70)8 afirma que o que leva um casal a querer um filho são questões de ordem narcísicas, porém com o nascimento da criança há um equilíbrio entre os investimentos narcísicos e os investimentos objetais e isso é o que faz com que os pais consigam reconhecer as necessidades da criança e então satisfazê-las.

Winnicott (1969 apud Litvin, 2013, p. 71)9 descreve a função materna de paraexcitação, que serve para proteger o self do bebê das intrusões do ambiente e que o holding deve acontecer na medida certa. Outra função que menciona, é a de apoiar o processo de ilusão e de desilusão, sendo que é importante colocar o mundo ao alcance do bebê, de maneira “suficientemente boa” e adequada à necessidade do bebê, mas também deve desiludir o bebê progressivamente quando este já esteja diferenciado da mãe e tolerando as falhas na adaptação e as consequências da frustração, ou seja, é fundamental como primeiro vínculo do bebê com o mundo externo, criar o seio na hora e local em que a criança esteja pronta para recebê-lo, mas uma adaptação completa e prolongada não o coloca em contato com a realidade. O sucesso no processo de ilusão-desilusão ajudará a criança a atingir inclusive a fase de desmame.

Para McDougall (1987 apud Litvin, 2013, p. 73)10 é função da mãe seduzir o bebê para a vida, inclusive pela falta, pela ausência, pela voz e pela manipulação do corpo do bebê, ajudando-o a diferenciar seu próprio corpo, do mundo externo, e construindo assim sua vida psíquica.

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Chiland, C. Mon enfant n’est pás fou. Paris: Ed. Du Centurion,1989.

9 Winnicott, D.W. La théorie de La relation parent-nourrisson. In: Winnicott, D. W. De La Pédiatrie à La Psychanalyse. Paris: Payot, 1969. (Petite Bibliothèque Payot).

10 McDougall, J. Conferências Brasileiras: corpo físico, corpo psíquico, corpo sexuado. Rio de Janeiro: Xenon, 1987.

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4.2) Relevância da função materna ao desenvolvimento humano

Goulart (2009) e Magdaleno Junior (2011) concordam de que entre as funções maternas estejam a função de Ego auxiliar, de continência, de espelho e, de capacidade de rêverie. Neste sentido, Lisondo (2004 apud Magdaleno Junior, 2011, p. 144)11 afirma que na falha da rêverie materna, pode existir o “vazio mental”, sendo que Lutemberg (1999 apud Magdaleno Junior, 2011, p. 144)12 relata que assim, há uma ausência humana na mente e consequente impossibilidade de pensar.

Segundo McDougall (1987 apud Litvin, 2013, p. 73)13, o corpo libidinal da mãe desperta o corpo biológico do bebê e, a separação deste corpo a corpo, instaura o aparecimento dos primeiros fragmentos da vida psíquica da criança. Se a mãe permite esse processo de libidinização e de separação, o bebê irá introjetar a imagem de uma mãe nutridora que cuida e contém suas angústias, de forma que ele possa então assumir as funções maternas introjetadas e, na ausência da mãe, pode conter ele mesmo suas angústias.

Tustin (1975 apud Magdaleno Junior, 2011, p. 143)14 comenta que é a mãe que auxilia o bebê a perceber seus limites e seus contornos a partir da contenção que propicia ao bebê.

Winnicott (1949/2000a apud Magdaleno Junior, 2011, p. 143)15 declara que a mãe, exercendo a função de Ego auxiliar, proporciona uma progressiva diferenciação do soma da criança em direção à formação de uma psique e complementa dizendo que deficiências nessa função impedem que partes desse soma se tornem psique,

11 Lisondo, A.B.D. (2004). Na cultura do vazio, patologias do vazio. Revista Brasileira de Psicanálise, 38 (2), 335-358.

12 Lutemberg, J.M. (1999). La ilusión vaciada: reflexiones acerca de lãs experiências reales y virtuales. Buenos Aires: Grupo Editorial Lassús. Colección Infinito.

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McDougall, J. Conferências Brasileiras: corpo físico, corpo psíquico, corpo sexuado. Rio de Janeiro: Xenon, 1987.

14 Tustin, F. (1975). Autismo e psicose infantil. Rio de Janeiro: Imago.

15 Winnicott, D.W. (2000a) A mente e sua relação com o psicossoma. In D.W.Winnicott, Da pediatria à psicanálise. Obras escolhidas. Rio de Janeiro: Imago. (trabalho original publicado em 1949).

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continuando a funcionar de forma primitiva, sem intermediação organizadora, tendo como único recurso a descarga imediata da tensão.

Litvin (2013) falando das expectativas, projeções, fantasias parentais, afirma que as crianças podem se “nutrir” ou se “envenenar” com as fantasias de seus pais, mas jamais seriam indiferentes ou, usando suas palavras, “impermeáveis” a essas fantasias. Para este autor, as fantasias parentais serão mais impositivas quanto mais inconscientes forem.

Cramer (1987 apud Litvin, 2013, p. 68)16 fala das projeções maciças da mãe sobre seu filho levando a patologias funcionais.

Winnicott (1956/1975b apud Magdaleno Junior, 2011, p. 143)17 descreve a fase do espelho, que é o momento do desenvolvimento no qual a criança reconhece-se a si mesma no olhar da mãe e inicia o processo de formação de sua identidade.

“O cuidado materno é ao mesmo tempo estruturante e traumático. O bebê deve poder captar o olhar materno no interior do rosto, sentir-se desejado e atendido, mas por não poder compreendê-lo completamente, já que não está habilitado para traduzir a mensagem veiculada pelo outro, fica sob efeito do trauma” (Magdaleno Junior, 2006 e Magdaleno Junior, 2010 apud Magdaleno Junior, 2011, p. 142)18

Para complementar, Martins (2013) afirma que a mãe tem função essencial na facilitação ou no boicote do vínculo entre pai e bebê e, Malpique (1990) destaca que “quanto mais cedo se estabelecer uma interação pai-filho forte e positiva, mais o desenvolvimento cognitivo e a capacidade expressiva e criativa do bebê se diferenciam” (MALPIQUE, 1990 apud MARTINS, 2013, p. 63)19.

16 Cramer, B.A. Psiquiatria do bebê: uma introdução. In: Brazelton, T.B.: Cramer, B.; Kreisler, L.; Schappi, R.; Soule, M. A dinâmica do bebê. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987.

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Winnicott, D.W. (1975b) O papel do espelho da mãe e a família no desenvolvimento do bebê. In D.W.Winnicott, O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago. (trabalho original publicado em 1956). 18

Magdaleno Junior, R. (2006). A função materna como fundante do psiquismo. Boletim do Núcleo de Psicanálise de Campinas e Região, 14, 201-211 e Magdaleno Junior, R. (2010). A metapsicologia do traumático: um ensaio sobre o sobressalto. Ide. 33 (50), 64-75.

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4.3) Falhas na função materna

Godard (1979 apud Litvin, 2013, p. 66)20 ressalta a importância de que a mãe realize um “trabalho psicológico”, um “trabalho de luto da valorização narcísica de sua própria imagem” após a experiência do parto, para que não se instale patologias como depressões, psicoses e manifestações psicossomáticas, que incorreriam em falhas no investimento objetal e no desempenho das funções maternas.

Winnicott (1969 apud Litvin, 2013, p. 71)21 ao falar em equilíbrio, relata que até mesmo a satisfação instintual e as relações objetais podem constituir uma ameaça ao self do bebê. Assim, o holding deve ser “suficientemente bom”, de modo a não constituir uma intrusão dos cuidados maternos.

McDougall (1982) afirma que se os pais exigirem que seus filhos preencham suas falhas narcísicas, não os estarão ajudando a

enfrentar a impensável alteridade e a inaceitável diferença dos sexos e das gerações indispensáveis para se constituir enquanto indivíduo separado. São filhos vivenciados como prolongamentos do corpo da mãe, que não conseguem introjetar a imagem dela e, consequentemente, necessitam da presença constante da mãe real como “objeto transicional patológico” ou “objeto transitório”, que necessita ser substituído continuamente, por não terem tido uma figura materna “suficientemente boa”. (McDOUGALL, 1982 apud LITVIN, 2013, p. 71)22

Para este mesmo autor, quando a dificuldade da mãe em separar-se do filho, assume uma atitude intrusiva, e o pai apresenta atitude passiva de exclusão desta relação, a consequência é um conflito entre amor fusional e ódio profundo, que levam a “incapacidade de expressar os afetos por meio de palavras e do pensamento operatório que bloqueiam o entendimento e a elaboração da experiência afetiva própria” (McDOUGALL, 1982 apud LITVIN, 2013, p. 74)23. Esta dificuldade de elaboração de

20 Godard, A. B. Um étranger à demeure. Nouvelle Revue de Psychanalyse: L’Enfant, v. 19, 1979.

21 Winnicott, D.W. La théorie de La relation parent-nourrisson. In: Winnicott, D. W. De La Pédiatrie à La Psychanalyse. Paris: Payot, 1969. (Petite Bibliothèque Payot).

22 McDougall, J. Théatres Du Ju. Paris: Gallimard, 1982.

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experiência psíquica ou simbolização pode ser revivida nas relações em geral e de aprendizagem, como aumentar o risco de psicose.

Para construir representações psíquicas e símbolos, os seres humanos precisam passar por um processo de identificação que se dá pela identificação consigo mesmos no olhar da mãe. Inevitavelmente, nesse processo a criança se confronta com o rosto do outro que é traumático. É com esse dilema que todo ser humano tem de se deparar para tornar-se humano: ao buscar satisfação de suas necessidade básicas, depara-se com o dedepara-sejo do outro traumático (Magdaleno Junior, 2011, pg. 146)

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na abordagem psicanalítica a primeira infância é fundamental à constituição do sujeito e as relações estabelecidas neste período são de grande importância para o processo de construção subjetiva da criança.

Freud (1926-1925) revela a importância dos pais na organização psíquica da criança. Considera o trauma como estrutural, sendo o desamparo, representado à criança através de um fenômeno somático da angustia, próximo ao perigo da morte. Assim, o Outro materno é quem deve auxiliar em seu desenvolvimento, exercendo a função de contenção.

Para Lacan (1966), a função materna também se dá desde os primórdios da vida do bebê que vai se constituindo a semelhança do Outro (mãe ou quem faz esta função), que lhe devolve a imagem através do espelho. A mãe sustenta para o seu bebê o lugar de Outro primordial.

No entanto, com as mudanças familiares, muito se tem discutido, sobre quais seriam as funções e os papéis maternos e paternos.

Nos textos estudados, é unânime que a função materna pode ser exercida pela mãe ou por um substituto, mas que sua importância revela-se ao se considerar a maneira pela qual esta função pode ser exercida e que represente uma referência constante e segura. Ciccone (2011 apud Martins, 2013, p.62)24 afirma que “no interior de cada progenitor as duas funções (maternas e paternas) estão articuladas.”

Winnicott (1979) ao falar das funções maternas e criar o conceito de “mãe suficientemente boa” torna indiscutível a importância dos cuidados maternos e dos afetos envolvidos nestes cuidados para a constituição do Ser. Assim, se uma mãe “suficientemente boa” atende as necessidades da criança e a auxilia em seu desenvolvimento, as falhas nesta função materna trariam consequências negativas para o desenvolvimento humano.

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Ciccone, A. (2011) La psychanalyse à l’épreuve Du bébé: Fondements de la position clinique, Paris: Dunod.

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Litvin (2013) afirma que as crianças podem se “nutrir” ou se “envenenar” com as fantasias de seus pais, que serão mais perniciosas quanto mais inconscientes forem. Cramer (1987 apud Litvin, 2013, p. 68)25 relata que as projeções maciças da mãe sobre o seu filho, pode ter patologias funcionais como consequencias.

Godard (1979 apud Litvin, 2013, p. 66)26 ressalta a importância de que a mãe realize um “trabalho psicológico”, um “trabalho de luto da valorização narcísica de sua própria imagem” após a experiência do parto, para que não se instale patologias como depressões, psicoses e manifestações psicossomáticas, que incorreriam em falhas no investimento objetal e no desempenho das funções maternas.

Ao realizarmos este estudo, optou-se por alguns critérios comentados no início da explanação dos resultados e discussão. Assim, para aprofundá-lo seria fundamental ampliar a busca em outras línguas, o que viria a enriquecer o tema abordado.

No entanto, finaliza-se afirmando que a função materna exercida pela mãe ou por substituto, é de extrema relevância ao desenvolvimento humano e que as falhas existentes, em não se atingir o que Winnicott preconiza como “suficientemente bom”, podem contribuir com o surgimento de patologias.

25 Cramer, B.A. Psiquiatria do bebê: uma introdução. In: Brazelton, T.B.: Cramer, B.; Kreisler, L.; Schappi, R.; Soule, M. A dinâmica do bebê. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987.

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REFERÊNCIAS

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Marconi, M. A; Lakatos, E. M. Metodologia do trabalho científico: procedimentos básicos, pesquisa bibliográfica, publicações e trabalhos científicos. São Paulo: Atlas, 2001.

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Martins, H. Sobre o pai e o tornar-se pai: Contributos da psicanálise – Novas perspectivas. Rev. Port. de Psicanálise, v. 33, n. 2, p. 59-76. São Paulo, 2013.

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Winnicott, D. (1979). O ambiente e os processos de maturação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1982.

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