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A PESQUISA DE OPINIÃO COMO RECURSO PEDAGÓGICO Pricila Rocha dos Santos

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Academic year: 2021

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A PESQUISA DE OPINIÃO COMO RECURSO PEDAGÓGICO

Pricila Rocha dos Santos

No decorrer da História da Educação em todo o mundo, é desafio primordial para os educadores encontrar alternativas diferenciadas que prendam a atenção de seus alunos, valorize suas competências e, acima de tudo contribua para formar um adulto cidadão comprometido com sua realidade social. Porém, isso não é tarefa fácil e pouco se evoluiu para que isso ocorresse. Ainda hoje nos deparamos com aulas totalmente expositivas, ministradas por professores desmotivados e alunos entediados com a mesmice que precisam enfrentar todos os dias. Além disso, o professor ainda precisa conviver, senão competir com todo um aparato tecnológico que vem conquistando com cada vez mais força todas as crianças que a eles tem acesso.

Hoje nossos alunos, portanto, chegam nas salas de aula com inúmeras, informações, questionamentos e teorias que vem formando diante aos meios extra-escolar que lhes são fornecidos querendo utilizar seu pré-conhecimento e buscar mais e mais esclarecer as dúvidas que lhes afligem. Diante disso, o professor deixou de ser o dono do saber, o mestre da informação que precisa repassar seus conteúdos a um grupo de alunos moldados para ouvir e atender ordens. O professor precisa, acima de tudo adaptar-se a essa nova realidade que a escola precisa. Realidade essa, que está sendo silenciosamente gritada pelas crianças e que muitas vezes são ignoradas pelo corpo docente.

Essa mudança não só é possível como urgente. É necessário em nossas escolas alternativas pedagógicas capazes de suprir os problemas que afligem a educação atual para assim realizarmos o verdadeiro processo educativo que o mundo atual exige.

O compositor Gabriel o Pensador em sua composição Estudo Errado trata o assunto de maneira cômica porém não irreal...

“Sei que o estudo é uma coisa boa, o problema é que sem motivação a gente enjoa. O sistema coloca um monte de abobrinhas no programa...

Mas para aprender a ser um ignorante... Por mim eu nem saía da minha cama!”

Precisamos, portanto, criar esses meios para que a escola torne-se um local atrativo e interessante. E é com esse objetivo que nasceu a idéia pelo Instituo Paulo Montenegro as

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escolas de todo o Brasil. A implantação do projeto NEPSO - Nossa Escola Pesquisa Sua Opinião traz a pesquisa de opinião em nossas escolas surge como alternativa pedagógica na luta pela escola que nós e nossos alunos estão procurando.

A pesquisa de opinião não se limita a uma série de perguntas, faz parte de todo um processo que conta com a participação primordial do corpo discente. São os alunos quem participam da elaboração do questionário, escolhem o tema a ser abordado, colocam o trabalho em prática e colhem seus resultados. É um processo longo, mas que proporciona ao aluno a liberdade para seguir o caminho que acha mais conveniente contribuindo no seu processo ensino-aprendizagem sem tornar-se maçante. Como PERRENOUD expõe Não é

necessário que o trabalho pareça uma via crucis; pode-se aprender rindo, brincando, tendo prazer.”

A parte inicial e de suma importância para o desenvolvimento do projeto em questão trata do assunto a ser abordado. A questão inovadora neste tipo de trabalho é dar liberdade a criança para que exponha suas dúvidas, suas curiosidades e anseios afim de que possa escolher um tema de acordo com a sua realidade e que, acima de tudo venha de encontro com seu próprio interesse. É fundamental para qualquer tipo de proposta pedagógica trabalhada pelo professor que o tema abordado seja de curiosidade dos alunos para que o resultado final seja alcançado, pois sem interesse não existe pesquisa. Segundo FREIRE “...Não haveria criatividade sem a curiosidade que nos move e que nos põe pacientemente impacientes diante do mundo que não fizemos, acrescentando a ele algo que fazemos”.

Nesse caso o papel do professor entra como motivador. Cabe ao professor trazer para a aula materiais que envolvam o aluno no tema escolhido. O maior número de informações possíveis são trazidas pelo professor e pelos próprios alunos para as aulas e repassadas aos demais colegas. É dessa forma que a criança passa a fazer parte do tema trabalhado para que assim, em parceria, professor e aluno possam problematizar o tema para transformá-lo em pesquisa de opinião.

A turma de 5ª série da Escola Santa Catarina no município de Imbé/RS demonstrou forte interesse em abordar o tema “animais” que após a motivação a problematização foi feita, valorizando a questão dos animais de ruas existentes nas ruas do município.

Já com o tema problematizado cremos ser de extrema importância que este seja de forte conhecimento das crianças. Para isso, pode-se colocar a criança em contato com o problema que foi abordado. Dessa forma, crianças de qualquer idade passam a perceber os

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problemas que os cercam exercendo já a sua cidadania e percebendo que já podem fazer alguma coisa para que o problema seja solucionado.

A elaboração do questionário também é realizada pelos alunos que tem a possibilidade de colocar em prática todo o conhecimento que buscou durante o período de motivação. É nessa etapa que aluno expõe sua aprendizagem e a sua sensibilidade diante dos problemas condizentes com a sua realidade. O questionário torna-se extremamente rico por ser dotado de dúvidas adquiridas pelos alunos e que serão compartilhadas com um número maior de pessoas. Torna-se ainda mais importante o tema que vem sendo abordado ao perceber posteriormente se a opinião da população condiz com a opinião dos alunos.

Com certeza a parte que torna o projeto ainda mais prazeroso diz respeito ao trabalho de campo realizado no momento da aplicação do questionário. É quando o trabalho realizado atinge seu clímax. É interessante perceber a empolgação das crianças com o fato de abandonar o ambiente de sala de aula e confraternizar de uma forma totalmente inusitada com a população do bairro onde moram. É daí que sai os dados para que o projeto tenha o fechamento necessário.

Por fim é chegada a hora de tabular a pesquisa e analisar seus resultados. É nesse momento que o aluno percebe a importância que seu trabalho teve e ainda pode ter para a comunidade em geral. Como todas as pessoas as crianças também sentem a necessidade de participar, de contribuir, de dar sentido para aquilo que realiza. E é o objetivo principal deste processo, mostrar aos nossos alunos o quanto seu trabalho é válido e importante e o alcance que ele pode vir ter.

A escola citada anteriormente realizou ao término do trabalho uma campanha voltada para a adoção de animais de rua, demonstrando a importância que o tema escolhido assumiu no dia a dia das crianças.

Nunca é demais salientarmos a empolgação com que as crianças realizaram as etapas do projeto e a importância que este assumiu nas suas vivências escolares. Porém é inevitável avaliarmos a contribuição pedagógica que este teve e as competências que cada aluno pôde desenvolver. A partir do desenvolvimento do processo pudemos perceber um crescente no que diz respeito da construção do senso crítico. É de suma importância o papel da criticidade quando os alunos elegem uma problemática para o tema; essa ação exige uma sensibilização diante dos problemas e um olhar especial em perceber porque eles ocorrem e o que pode ser feito para resolve-lo. Esse é, sem dúvida um primeiro passo para que posteriormente essa competência se solidifique.

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Um outro ponto que não pode deixar de ser comentado trata da valorização das habilidades individuais. Diante da inclusão, assunto tão atual e um tanto polêmico, ainda não paramos para pensar no fato de, muitas vezes, excluirmos os alunos que estão em nossa sala de aula, considerados “normais” pela sociedade, com valiosas habilidades prontas para serem descobertas e os criticamos por não realizarem uma determinada tarefa que possuem uma dificuldade maior. Esses alunos passam, portanto, a serem rotulados por possuírem dificuldade de aprendizagem. Segundo HOFFMANN “...não se pode considerar como competente uma escola que não dá conta sequer do alunado que recebe, promovendo muitos alunos à categoria de repetentes e evadidos”.

O projeto realizado então, vem arrebentar as correntes que nos prendem a esse pensamento retrógrado e exclusivo que permeiam nossas práticas pedagógicas. Abrimos um leque de possibilidades para que cada aluno sinta-se parte do projeto, contribuindo das mais diferentes formas para o andamento dos trabalhos. Podemos assim, dar importância para quem tem habilidades com expressão escrita, oral, através de desenhos, matemática e quantas mais a criatividade de nossos alunos alcançarem. A diversidade proposta valoriza não só a habilidade como também a auto-estima das crianças que percebem que possuem talentos e que merecem respeito.

Conseguimos também, através deste alguns quesitos básicos muito comentados nas escolas e repetidos inúmeras vezes nas mais variadas instituições de ensino em todo o Brasil a interdisciplinaridade. Assim, a pesquisa realizada ou a ser realizada possibilita a implantação da interdisciplinaridade na escola, pois qualquer assunto que venha a ser escolhido pode ser abordado de diferentes formas pelas disciplinas da grade curricular. Além disso, possibilita um trabalho conjunto entre professor-aluno tirando o professor do falso pedestal que mantinha sua superioridade primando pela participação mútua sem o professor perder sua importância frente ao grupo.

Podemos também contar com a intensa participação dos pais na construção desse processo. Eles são, em inúmeros momentos responsáveis pelo auxílio aos filhos em suas pesquisas extraclasse, e em momentos especiais onde os pais podem comparecer na escola para a culminância dos projetos.

Enfim, como toda tentativa de uma educação de qualidade, a pesquisa de opinião vem permeada de esperanças e confiança por um resultado positivo. E tivemos no decorrer dos estudos, das experiências e das aprendizagens uma resposta significativa em relação ao processo pedagógico que esperamos para a educação atual. A pesquisa de opinião é, sem

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dúvida, um maravilhoso recurso para atingirmos nossos objetivos enquanto professores. Basta estarmos engajados para tornar a escola além de um centro de aprendizagem um espaço instigante, interessante, divertido e atraente para nossos alunos. Segundo a aluna Vitória* “O

Projeto NEPSO é muito importante para os alunos porque nós aprendemos e ensinamos”, o

que comprova o que a educação precisa: ensinar e aprender para que professores e alunos, unidos possam transformar os momentos na escola um espaço de crescimento mútuo e contínuo.

REFERÊNCIA

PERRENOUD, Philippe. Dez Novas Competências para Ensinar. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.

HOFFMANN, Jussara. Avaliação Mediadora – uma prática em construção da pré-escola à

universidade. 20 ed. Porto Alegre: Editora Mediação, 2003

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. 25 ed. São Paulo: Paz e Terra, 2002

Gabriel, O Pensador. Gabriel o Pensador – as melhores. Estudo errado. São Paulo: Sony, 1999

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