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EVENTO TORNÁDICO NA ILHA DO MOSQUEIRO

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Academic year: 2021

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EVENTO TORNÁDICO NA ILHA DO MOSQUEIRO

BERNARDINO SIMÕES NETO, CARLOS SIMÕES PEREIRA, JORGE L.M. LOPES,

FRANK B. BAIMA SOUSA

Sistema de Proteção da Amazônia, Avenida Júlio César, 7060, Val-de-cans, CEP 66617 420, Belém-PA - Brasil

E-mail: bernardino.simoes@sipam.gov.br, carlos.pereira@sipam.gov.br, jorge.lopes@sipam.gov.br, frank.sousa@sipam.gov.br

Abstract

Abstract: Analysis of a water spout occurred in Mosqueiro’s island in Belem, Brazil,

30dez2010; the analysis of radar reflectivity gathered by SBBE, the Belem’s meteorological radar show a bow echo indicating a tornado not associated with a super cell. Using the VIL_overhag parameter, the event are located in the Marajo bay, near the Marajo island at 48°33110”W and 01°05’20”S. Based in data as VIL, VIL_overhang and SSS as calculated by TITAN (Thunderstorm Identification tracking Analysis and Nowcast) the event was labeled severe. The distance traveled by the water spout was about 13 km ending in a beach in the Mosqueiro’s island causing minor damage, and for this fact classified with a F1 index in the Fujita scale.

Key-words: Tornado, water spout, meteorological radar, VIL_overhang, thunder storm

severity, Fujita’s scale, misociclones, TITAN. 1. INTRODUÇÃO

Na tarde do dia 30/12/2009 na Ilha de Mosqueiro, no município de Belém estado do Pará, ocorreu um tornado, que por ter se iniciado nas águas, toma o nome de tromba d’água, tendo posteriormente se deslocado até a praia da Ariramba, onde possivelmente deslocou em terra causando derrubada de arvores, destelhamento e danos a rede elétrica.

Na Figura 1 são mostrados quadros selecionados de vídeos feitos através de celulares, mostrando vários instantes de seu nascimento e deslocamento. No quadro 1, uma visão à esquerda da ponta do Farol, local provável do inicio, em 2 vista da praia do Farol e mais perto da orla, e em 3 e 4 visões a partir da praia do Ariramba.

2. DADOS E METODOLOGIA

2.1 DESENVOLVIMENTO DA TEMPESTADE

O desenvolvimento das células de tempestade que levaram a existência do tornado, foi acompanhado pelo radar SBBE, em Belém, que adquire dados de refletividade de precipitação atmosférica e dados de velocidade radial das nuvens em

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(1) (2)

(3) (4)

Figura 1 – Quadros fotográficos de 1 a 4, da ocorrência da tromba d’agua, no dia 30/12/2010, no seu inicio, deslocamento e

possível chegada à terra

dBz, e m/s com resolução de 500m, e o TITAN é o software de aquisição e análise do radar, possuindo rotinas de identificação, acompanhamento e qualificação de tempestades.

2.2 FORMAÇÃO DO TORNADO

A imagem da Figura 2 está mostrando volume de radar de 16:09 horas local (HL), considerada a seqüência inicial, onde pode-se observar uma linha de tormentas com desenvolvimento no rumo sudeste. Esse tipo de célula reúne condições para ocorrência de misociclones FUJITA (1981), que geralmente geram tornados não associados a uma super-célula SMITH (1996), e exibe características conhecidas como “bow”, “coma” e “hook”, dependendo de seu estado de desenvolvimento, como o apresentado pelas células de tempestades mais próximas à Ilha de Marajó. Essa área da baía de Marajó é caracterizada pela ocorrência de redemoinhos d’água e ondas, principalmente na baixa mar, quando ocorre o encontro das águas do rio Tocantins com as águas do mar. Podemos observar na Figura 2, um bow-eco, assinalado pela seta, indicativo de assinatura de tornados, conforme indicado por WANG et al (2007) e PIETRYCHA et al (2006).

Com o deslocamento das células de tempestade, observam-se campos de ventos oriundos de sudeste, leste e da brisa marítima da baia de Marajó, no horário; concluímos

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Figura 2 – Tela do radar SBBE mostrando o ponto de inicio do tornado.

a existência de condições para o nascimento do tornado: área de intenso updraft, indicada pelo parâmetro Vil_overhang com valor máximo de 23 kg/m2 e ventos com possibilidades de cisalhamento (shear) CHURCH et al (1993), características de um tornado não oriundo de super-célula WAKIMOTO et al (1989), situação esquematizada na Figura 3.

Figura 3 - Iniciação de tornados não associado à super-célula, adaptado de FUJITA (1981).

A partir das imagens de VIL_overhang e os pontos de tomada dos vídeos ao longo da orla de Mosqueiro como base de triangulação, como mostrado na Figura 4, localizamos o

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provável ponto inicial, no horário em torno de 16:00 HL, com inicio nas coordenadas 48º33’44”W e 01º03’40”S, na baia de Marajó.

Figura 4 - Uso do VIL_overhang para localizar o ponto inicial.

2.3 QUALIFICAÇÃO DA SEVERIDADE DOS EVENTOS

Para a qualificação da tempestade, o TITAN usa os parâmetros VIL (Vertical Integrated Liquid) BOUDEVILLAN et al (2003) e Vil_overhang. A quantidade de líquido determina a severidade da tempestade, pois esse valor é um proxy para a quantidade de calor latente de condensação adicionado ao sistema, sendo calculado com o uso da relação:

VIL

(

kg

/

m

2

)

=

3

.

44

x

10

−6

Z

4/7

Δ

H

onde ΔH é o intervalo entre camadas adjacentes no somatório vertical e VIL-overhang procura definir as áreas com intensos valores de up-draft.

O índice SSS (Storm Severity Structure) é outro mecanismo existente nas rotinas TITAN para qualificação da severidade de tempestades, gerando um índice em função dos valores de refletividade na base, no meio e no topo da célula.

Considerando os dados disponíveis e resumidos na Tabela 1, atribuímos um índice de severo à tempestade e um índice F0 para o tornado. Para uma avaliação da intensidade da velocidade no tornado podemos inferir pelos estragos causados que a velocidade do vento ficou em torno de 80 km/h

Velocidade de deslocamento 22 km/h Velocidade dos ventos no tornado ~90 km/h

DBZ Maximo 54 dBz

VIL médio 50 kg/m2

VIL_overhang 25 kg/m2

SSS 8.1

Escala Fujita F0

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2.4 LEVANTAMENTO DOS DANOS

Os danos causados foram de pouca monta e exclusivamente material uma vez que se deslocou principalmente no mar. No ponto da praia em que tocou o litoral também não havia atividade na praia. No local onde o tornado atingiu a terra houve quebra de arvores e galhos, destelhamento de residências e danos a rede elétrica, além de danos adicionais que ocorrem em função das arvores que foram derrubadas, como cercas e muros, De acordo com o que mostra a seqüência de fotos na Figura 8.

Figura 8 – Imagens dos estragos materiais causados pelo tornado na Ilha do Masqueiro. 3. CONCLUSÕES

A ocorrência de uma tromba d’água ao largo do litoral da ilha de Mosqueiro, em Belém, foi analisada com dados de radar meteorológico, evidenciando a ocorrência de uma tempestade severa e um tornado com força F0 na escala Fujita. Os danos materiais ocorreram na fase de dissipação quando o tornado atingiu a praia. A localização usando o parâmetro

VIL_overhang associado ao cisalhamento horizontal dos campos de vento, pode-se tornar em

uma metodologia efetiva, para pós-análise desse tipo de evento.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FUJITA T.T. Tornadoes and Downbursts in the Context of Generalized Planetary Scale.

Journal of Atmospheric Sciences, V38 N8. 1981.

SMITH R. Non-Supercell Tornadoes: A Review for Forecasters. 1996. Disponível em:

<http://www.srh.noaa.gov/topics>.

WANG H., ROBERT MERCER R.E., BARRON J.L. Skeleton-Based Tornado Hook Echo Detection. IEEE International Conference on Image Processing, San Antonio, USA. 2007. CHURCH C., BURGESS D., DOSWELL C. The Tornado: Its Structure, Dynamics, Prediction and Hazards. American Geophysical Union, 1st edition. 1993.

RASMUSSEN E.N. Refined Supercell and Tornado Forecast Parameters. Weather and Forecasting Notes and Correspondence. 2003.

BOUDEVILLAN B. AND ANDRIEW H. Assessment of Vertically Integrated Liquid (VIL) Water content Radar measurement. Journal of Atmospheric and Oceanic. Technology.

2003.

WAKIMOTO R.M. WILSON J.W. Non-Supercell Tornadoes. Monthly Weather Review

V117, P1113. 1989.

PIETRYCHA A.E., MANROSS K.L., NELSON E. Misocyclone Detection and Observations Using the WSR.88D: Operational Implications for the Warning Meteorologist. 23rd

Conference on Severe Storms, American Meteorological Society, St. Louis, MO, USA. 2006.

Referências

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