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TCE-RJ PROCESSO Nº /2020 RUBRICA FLS.

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GAASM129/112 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

PLENÁRIO

GABINETE DA CONSELHEIRA SUBSTITUTA ANDREA SIQUEIRA MARTINS

PROCESSO: TCE-RJ No 102.035-8/2020

ORIGEM: SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE

ASSUNTO: REPRESENTAÇÃO

REPRESENTAÇÃO FORMULADA PELA SECRETARIA GERAL DE CONTROLE EXTERNO DESTE TRIBUNAL. PROCEDIMENTOS DE SELEÇÃO DE ORGANIZAÇÃO SOCIAL DE SAÚDE PARA A GESTÃO DE UNIDADES HOSPITALARES. PRAZO EXÍGUO ENTRE A PUBLICAÇÃO DO EDITAL E A ENTREGA DE DOCUMENTAÇAO. ART. 5º DO DECRETO ESTADUAL Nº 46.991/2020. AUSENCIA DE JUSTIFICATIVA. VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE, COMPETITIVIDADE E

IMPESSOALIDADE. POSSÍVEL CONVERSÃO EM

CONTRATAÇÃO DIRETA. ART.17 DA LEI ESTADUAL Nº 6.043/2011. EFICIENCIA, IMPARCIALIDADE E ECONOMICIDADE NÃO COMPROVADAS. INFORMAÇOES INSUFICIENTES PARA AFASTAR AS IRREGULARIDADES APURADAS. SOLUÇÃO DE CONTINUIDADE DO SERVIÇO. NECESSIDADE DE CONCLUSÃO

DO NOVO PROCEDIMENTO DE CONTRATAÇÃO.

PROCEDÊNCIA. NOTIFICAÇÃO. COMUNICAÇÃO. EXPEDIÇÃO DE OFÍCIO. DETERMINAÇAO.

Trata o presente processo de Representação, com pedido de tutela provisória, formulada pela Secretaria Geral de Controle Externo – SGE, em face da Secretaria de Estado de Saúde do Estado do Rio de Janeiro, em razão de fundado receio de grave lesão ao erário decorrente da presença de possíveis irregularidades nos Editais de Seleção nº 001/2020 (SEI 0800010067972020 e 0800010070052020) e nº 004/2020 (SEI 0800010068062020 e 0800010070072020), em violação a diversos dispositivos constitucionais, legais e regulamentares aplicáveis à hipótese.

Os instrumentos convocatórios mencionados têm como objeto a contratação de entidade de direito privado sem fins lucrativos, qualificada como Organização Social de Saúde - OSS, no âmbito do Estado do Rio de Janeiro, para a gestão, operacionalização e execução dos serviços de saúde, respectivamente, no Hospital Estadual Anchieta, no valor de R$ 27.821.329,02, e no Hospital Regional do Médio Paraíba Dra. Zilda Arns Neumann (HRMPZA), no valor de R$ 58.531.171,02, através da celebração de contrato de gestão.

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GAASM129/112 Em síntese, apontam as Coordenadorias de Análise de Consultas e Recursos (CAR) e de Exames de Editais (CEE) que, no exercício da fiscalização operacional dos atos da Administração Pública, constataram a divulgação dos Editais em comento, os quais, com fulcro no art. 5º Decreto Estadual nº 46.991/20201, estabeleceram o prazo de 48 (quarenta e oito) horas para que os interessados apresentassem a documentação pertinente e a proposta de trabalho, a despeito da ausência de qualquer justificativa técnica específica, em confronto com os princípios da ampla competitividade, da impessoalidade, da moralidade, da isonomia, da finalidade, da eficiência e da seleção da proposta mais vantajosa.

Trata-se da terceira submissão da presente representação à apreciação deste Tribunal. Na primeira oportunidade (16.04.2020), vislumbrando a presença dos requisitos necessários à concessão de tutela de urgência, foi determinado, cautelarmente, que não fossem celebrados os contratos decorrentes dos editais em questão. Os ajustes, no entanto, a despeito de não constarem nos respectivos processos administrativos, já haviam sido celebrados. Assim, o Plenário desta Corte, em sessão de 01.06.2020, decidiu:

VOTO:

I. Pelo CONHECIMENTO desta representação por estarem presentes os requisitos legais necessários;

II. Pela PERDA DE OBJETO da tutela provisória concedida em decisão monocrática de 16.04.2020;

III. Pelo SOBRESTAMENTO da análise de mérito da presente Representação;

IV - Pela COMUNICAÇÃO à Secretaria de Estado de Saúde, na figura do Secretário de Estado de Saúde e do Subsecretário Executivo da Secretaria de Estado de Saúde, na forma prevista no art. 84-A, §§ 3º e 4º, do RITCEJ, para que, no prazo de 15 (quinze) dias, adote as medidas enumeradas a seguir, alertando-o para o que dispõe o artigo 63, inciso IV, da Lei Complementar nº 63/90:

a) Ratificar que o SEI 0800010068062020 contempla o disposto no art.14, da Lei Estadual 6.043/2011;

b) Justificar a eficiência e a impessoalidade (razão da escolha da Associação de Proteção à

1 Dispõe sobre regras de dispensa de licitação para a contratação de bens e serviços, inclusive de engenharia,

destinados ao enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus.

Art. 5º - Fica autorizada a celebração de contrato de gestão com entidade qualificada como organização social de forma simplificada, cujos prazos poderão ser reduzidos, mediante justificativa detalhada de sua necessidade, observados os princípios contidos no caput do art. 37 da CRFB/88.

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GAASM129/112

Maternidade e à Infância de Mutuípe – IMAPS) da contratação (art.11, §1º, da Lei Estadual 6.043/2011);

c) Justificar a economicidade da contratação, obtida mediante três fontes de referência, nos termos do art.1º, §1º, do Decreto Estadual 46.991/2020 (art.11, §1º, da Lei Estadual 6.043/2011); V. Pela EXPEDIÇÃO DE OFÍCIO ao Instituto Divas Alves do Brasil – IDAB, CNPJ n.º12.955.134/0001-45, e à Associação de Proteção à Maternidade e à Infância de Mutuípe, CNPJ n.º14.812.333/0001-20, para que tomem ciência da decisão deste Tribunal.

Em atendimento, a Secretaria de Estado de Saúde submeteu a esta Corte o documento TCE-RJ nº 12.972-9/20, o qual foi apreciado pelo Corpo Instrutivo, que emitiu parecer, datado de 14.07.2020, cuja conclusão transcrevo a seguir:

3.1. Por todo o exposto, sugere-se:

3.1.1. A PERDA DO OBJETO da representação quanto ao Edital de Seleção n.º001/2020 (SEI 0800010067972020 – Hospital Estadual Anchieta) e ao Contrato de Gestão Emergencial SUBEXEC n.º001/2020, firmado com a OSS Instituto Divas Alves do Brasil – IDAB, estando prejudicada a análise do Doc. TCE-RJ n.º8.777- 7/20;

3.1.2. A PROCEDÊNCIA desta representação, pelas razões alhures expostas;

3.1.3. A COMUNICAÇÃO à Secretaria de Estado de Saúde, na figura do Secretário de Estado de Saúde, a ser efetivada nos termos do art.26, §1º, do RITCERJ, para que tome ciência da decisão e para que cumpra a DETERMINAÇÃO abaixo:

a) Elaborar e publicar Edital de Seleção que contemple o objeto do Contrato de Gestão Emergencial SUBEXEC n.º002/2020, que deve observar o prazo mínimo de 7 (sete) dias entre a divulgação do Edital de Seleção de OSS e o recebimento dos documentos e do plano de trabalho pelas interessadas, sendo que, tão logo o certame seja concluído, deve proceder à extinção da avença, conforme cláusula resolutiva a ser objeto de aditivo ao contrato.

O Ministério Público Especial, representado por seu Procurador-Geral, Dr. Sergio Paulo de Abreu Martins Teixeira, acompanhou a Instrução.

É o Relatório.

Registro que atuo neste feito por forca dos Atos Executivos nº 20.789 e nº 20.796 publicados no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro, respectivamente, nas datas de 04 e 11 de abril de 2017.

Rememoro que na instrução anterior destes autos restou consignado que a questão tratada na peça inaugural, após os elementos e esclarecimentos trazidos pelo Jurisdicionado - diante da ausência de informação nos autos dos SEI

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GAASM129/112 0800010067972020 e 0800010068062020 -, mereceu novos contornos quanto a sua análise, uma vez que, apenas após a propositura da presente representação, o Corpo Instrutivo tomou conhecimento de que os contratos de gestão derivados dos Editais de Seleção contestados já haviam sido firmados, bem como teve ciência das medidas promovidas pela Administração para saneamento dos feitos.

Com efeito, posteriormente à decisão de 16.04.2020, e depois de ser alertada pela Douta Procuradoria-Geral do Estado do Rio de Janeiro (PGE-RJ) acerca de diversas máculas que eivavam as avenças, a Secretaria de Estado de Saúde promoveu a anulação do Contrato de Gestão Emergencial SUBEXEC n.º001/2020, bem como manifestou sua intenção em promover a convalidação do Contrato de Gestão Emergencial SUBEXEC nº 002/2020, celebrado com a Associação de Proteção à Maternidade e à Infância de Mutuípe – Instituto Marie Pierre de Saúde (IMAPS), de modo a atribuir-lhe a natureza jurídica de contratação direta, em consonância com as orientações delineadas no parecer jurídico da PGE2.

Conforme informado naquela oportunidade, a Secretaria de Estado de Saúde também estaria providenciando novo procedimento para contratação regular, o qual já teria se iniciado por meio do SEI 0800010093602020.

Diante destes fatos, a CAR, na manifestação de 21.05.2020, considerando eventuais consequências práticas da decisão a ser prolatada por esta Corte, e atendendo, assim, ao comando insculpido no art. 20 da Lei Introdução às Normas do Direito Brasileiro3, além de levar em conta que a avença vem sendo executada pelo IMAPS, entendeu que a conversão alvitrada, ao invés da invalidação imediata do Contrato de Gestão Emergencial SUBEXEC nº 002/2020, se afiguraria como a medida mais consentânea com o interesse público, vez que a nulidade da avença poderia

2Parecer 77/2020/SES/SUBJUR, cuja conclusão foi no sentido da viabilidade jurídica de aproveitamento dos atos

administrativos já praticados no bojo do processo SEI-080001/006806/2020, e consequente conversão do “contrato de gestão decorrente do art. 5º, do Decreto Estadual”, em “contrato de gestão emergencial”, com fundamento no art. 17, da lei nº 6.043/2011. Exarado no SEI 0800010093972020. Autos disponíveis em:

https://sei.fazenda.rj.gov.br/sei/modulos/pesquisa/md_pesq_processo_exibir.php?iI3OtHvPArITY997V09rhsSkbDKb

aYSycOHqqF2xsM0IaDkkEyJpus7kCPb435VNEAb16AAxmJKUdrsNWVIqQ0mlx4AiIx2myl-HTgdS_m1utOH6WHT4GcQ_LfgOfior

3 Art. 20. Nas esferas administrativa, controladora e judicial, não se decidirá com base em valores jurídicos

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GAASM129/112 ocasionar o desatendimento da unidade hospitalar, e causar graves danos à saúde pública e à coletividade como um todo. Todavia, em razão da excepcionalidade da convalidação, destacou o Corpo Técnico que deveriam ser cumpridos, pela SES, os requisitos legais necessários, bem como efetuadas as correlatas adequações, por força das exigências previstas nos arts.11, 14 e 41, da Lei Estadual 6.043/20114.

Neste contexto, na última decisão Plenária, ao analisar os questionamentos da unidade técnica em cotejamento com os esclarecimentos apresentados pela SES, e tendo em mente a necessidade da continuidade da prestação dos serviços objeto do Contrato de Gestão Emergencial SUBEXEC nº 002/2020, derivado do Edital de Seleção nº 004/2020, declarei prejudicada a tutela provisória concedida na decisão de 16.04.2020, bem como realizei o chamamento do Jurisdicionado para que prestasse justificativas e apresentasse a demonstração do saneamento do feito.

Por sua vez, no que tange às irregularidades relacionadas ao Contrato de Gestão Emergencial SUBEXEC n.º001/2020, decorrente do Edital de Seleção n.º 001/2020, destaquei na decisão anterior que esta representação perdeu o objeto, porquanto evidenciado que a avença foi declarada nula pela Secretaria de Estado de Saúde, em razão da ausência de qualificação da OSS Instituto Divas Alves do Brasil – IDAB, sendo a gestão do hospital transferida para a Fundação Saúde.

Feita essa introdução, passo ao exame dos documentos apresentados pelo Jurisdicionado e da manifestação técnica da Coordenadoria de Análise de Consultas e Recursos – CAR que buscou avaliar se estes supriram as determinações constantes da decisão anterior.

Por meio do Doc. TCE-RJ 12.972-9/20, o Sr. Alex da Silva Bousquet alega que foi nomeado em 22.06.2020, em data posterior às contratações, de modo que sua resposta (Of.SES/GABSEC SEI Nº626) contempla apenas informações fornecidas pelas áreas técnicas. Ressalta que a Subsecretaria de Controladoria Geral da SES providenciou a instauração do procedimento administrativo SEI-080017/002521/2020

4 Dispõe sobre a qualificação de entidades sem fins lucrativos como organizações sociais, no âmbito da

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GAASM129/112 para reunir as informações solicitadas pelo Tribunal e comunicou a Subsecretaria Executiva da SES quanto à necessidade de atendimento das decisões exaradas por esta Corte, que, em continuidade, consolidou as informações prestadas por seus setores técnicos subordinados.

O Corpo Instrutivo, em atenção à resposta apresentada pela SES, examinou os documentos constantes no SEI relacionado ao Contrato de Gestão 002/2020 e destacou que, muito embora as medidas informadas evidenciem a busca pelo atendimento ao preconizado na decisão Plenária de 01.06.2020, no sentido de regularizar a contratação, não foram demonstrados os requisitos necessários para tanto, à exceção do questionamento constante do item IV.a da decisão, não havendo, portanto, como afastar os vícios apurados no processo.

Conforme assinalado pela CAR, no que tange às justificativas relacionadas à eficiência, à impessoalidade e à economicidade da contratação, foram encaminhados pelo gestor esclarecimentos prestados pela Subsecretaria de Gestão da Atenção Integral à Saúde (Documento SES/SUBGAIS 5938808).

No mencionado documento, a Administração informa que, anteriormente ao Contrato de Gestão 002/2020, a SES já possuía contrato administrativo firmado com a IMAPS (Contrato nº 015/2018), para a gestão do mesmo hospital objeto do contrato em exame, cujo vencimento se daria em 01/03/2020, e aponta dificuldades operacionais na substituição da Organização na gestão do hospital, somado ao panorama fático da Pandemia, o que importaria em prejuízos ao cuidado assistencial às pessoas.

A sobredita Subsecretaria esclarece, ainda, que o Contrato de Gestão 002/2020, cujo objeto é a operacionalização da gestão e a execução de ações e serviços de saúde no Hospital Regional do Médio Paraíba Dra. Zilda Arns Neumann (HRMPZA), ampliou o número de leitos, e que, diante o contexto da Pandemia, todos os leitos foram direcionados ao atendimento a pacientes Covid-19. Aduz, por fim, que os valores praticados no contrato em questão guardam coerência com os valores já praticados no Contrato nº 015/2018, segundo o quadro reproduzido abaixo, o qual aponta a capacidade de leitos nos dois contratos e os valores contratados no âmbito de

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GAASM129/112 cada um:

Contrato 015/2018 Contrato 004/2020 Variação

Valor mensal R$ 3.429.249,18 R$ 9.755.195,17

Leitos totais 80 leitos 229 leitos 149

Leitos de UTI Ad 30 80 50

Leitos de UTI Ped 10 -

Enfermaria Ad e Ped 40 149 109

Custo médio por leito R$ 1.428,85 R$ 1.419,97 -8,88

A justificativa da escolha de instituição para celebrar contrato de gestão, segundo diligente manifestação do Corpo Técnico, se encontra expressa no art.11, §1º, da Lei Estadual 6.043/20115, e no art.41, do Decreto Estadual 43.261/20116, que preconizam que a celebração de contrato de gestão mediante dispensa de processo seletivo exige especial justificativa quanto à eficiência, economicidade e impessoalidade da escolha.

No caso, depreende-se que os requisitos de eficiência e impessoalidade foram reputados presentes, em verdade, por ser conveniente a manutenção da Organização Social que já vinha gerindo o nosocômio. Não obstante, como

5 Dispõe sobre a qualificação de entidades sem fins lucrativos como organizações sociais, no âmbito da saúde,

mediante contrato de gestão, e dá outras providências.

Art. 11. A Secretaria de Estado de Saúde deverá realizar processo seletivo para escolha da proposta de trabalho que melhor atenda aos interesses públicos perseguidos, bem como da observância dos princípios da legalidade, finalidade, moralidade administrativa, proporcionalidade, impessoalidade, economicidade, eficiência, transparência e publicidade.

§ 1º Para a celebração de contrato de gestão com entidade qualificada como organização social, poderá ser dispensado o processo seletivo de que trata o caput deste artigo, devendo ser justificado nos autos do processo administrativo, especialmente quanto à eficiência, economicidade e impessoalidade da escolha.

6 Art. 41. Para a celebração de contrato de gestão com entidade qualificada como organização social, poderá ser

dispensado o processo seletivo de que trata o Capítulo II deste Decreto, devendo ser justificado nos autos do processo administrativo, especialmente quanto à eficiência, economicidade e impessoalidade da escolha.

Parágrafo único - Em caso de dispensa do processo seletivo para celebração do contrato de gestão, deverão ser observados, dentre outros, os dispositivos de que trata o art. 14 da Lei nº 6.043/2011.

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GAASM129/112 acertadamente assinalado pela Instância Técnica, ainda que o administrador possua permissão legal7 para, na hipótese, dispensar a realização do respectivo certame licitatório, tal situação, por si só, não exime o administrador de atender aos princípios constitucionais da impessoalidade, da moralidade e da eficiência8, de modo que, mesmo nas contratações diretas, deve o gestor apresentar justificativas plausíveis para a escolha da instituição responsável por prestar os serviços, o que não se vislumbra no presente feito, ante a ausência de elementos objetivos e amparados em dados técnicos e fidedignos capazes de justificar a escolha.

Não se pode olvidar, ainda, o fato de que, conforme informado no aludido despacho da Subsecretaria de Gestão, a SES tinha ciência de que o vencimento do Contrato nº 015/2018 se daria em 01/03/2020, razão pela qual tinha ampla margem de tempo para realizar o procedimento relativo à contratação. Ora, se os serviços objeto do contrato possuem natureza essencial, podendo sua interrupção ensejar o desatendimento da unidade hospitalar, deveria a SES ter tomado as providencias pertinentes à seleção de OSS desde antes do contexto da Pandemia.

Quanto aos argumentos afetos à economicidade, observo que, segundo a resposta encaminhada, o preço estaria justificado apenas pelo comparativo dos preços dispostos no atual Contrato de Gestão com aquele anteriormente firmado para a gestão do hospital em questão.

Todavia, equivoca-se o Jurisdicionado ao afirmar que o mero comparativo com os preços do Contrato nº 015/2018 seria capaz de sanar o questionamento, na medida em que permanece sem atendimento a disposição legal aplicável, visto que a pesquisa de preços foi lastreada, apenas, em consulta à avença anteriormente firmada, com a própria contratada, não sendo consultados, portanto, outras fontes de referência, razão pela qual a CAR afirma que o argumento não é apto a cumprir o disposto no

7Art. 17, da Lei Estadual 6.043/2011:

Em caso de dispensa do processo seletivo para celebração do contrato de gestão, também deverão ser observados, dentre outros, os dispositivos de que trata o art. 14 desta Lei.

8Neste sentido, o corpo técnico cita julgado do Supremo Tribunal Federal sobre o tema (ADI 1923/DF, RELATOR:

Min. Ayres Britto), no qual foi examinada a Lei Federal nº 9.637/98 - que dispõe no âmbito federal, entre outros tópicos, sobre a qualificação de entidades como organizações sociais -, fixando entendimento no sentido de que a escolha de entidade do terceiro setor para celebrar contrato de gestão deve se pautar nos princípios insculpidos no art.37, caput, da CRFB/88.

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GAASM129/112 art.11, §1º, da Lei Estadual 6.043/2011, bem como os termos do art.1º, §2º, do Decreto Estadual n.º 46.991/20209.

O artigo 1º, §2º, do Decreto Estadual n.º 46.991/2020 foi claro ao exigir que a estimativa de preços deve ser realizada, sempre que possível, mediante três fontes de referência, nos seguintes termos:

Art. 1º - Este Decreto dispõe sobre regras de dispensa de licitação para contratação de bens, serviços, inclusive de engenharia, e obras, destinados ao enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus de que trata a Lei Federal nº 13.979, de 6 de fevereiro de 2020. (...)

§2º - A estimativa de preços de que trata o art. 4º-E, §1º, inciso VI, da Lei Federal nº 13.979, de 6 de fevereiro de 2020, deverá ser obtida, sempre que possível, mediante 3 (três) fontes de referência.

Ressalta-se que, em que pese o normativo supra se distinguir da previsão contida na Lei n.º 13.979/2020, não se verifica qualquer ilegalidade no rigor dado ao Decreto n.º 46.991/2020, vez que se trata de norma específica de contratação, editada pelo Chefe do Executivo Estadual, e que de forma alguma entra em confronto com a norma geral daquele diploma legal.

Destarte, da redação do artigo retromencionado, conclui-se que somente em situações excepcionais, as quais demandam as devidas justificativas, é que poderá o gestor não realizar estimativa de preços com base em consulta com pelo menos 3 (três) fontes de referência, as quais são efetivamente capazes de representar o mercado.

Entretanto, não se verifica nos autos qualquer fundamento apto a demonstrar a impossibilidade de a Secretaria de Saúde atender ao regramento aplicável em relação à pesquisa de preços. Rememora a Instância Técnica, acertadamente, que semelhante procedimento não foi acolhido por esta Corte de Contas em diversas outras Representações, a exemplo do Processo TCE-RJ nº

9 Dispõe sobre regras de dispensa de licitação para a contratação de bens e serviços, inclusive de engenharia,

destinados ao enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus.

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GAASM129/112 102.696-8/2010, que trata sobre situação similar à versada nestes autos.

Do exame dos elementos constantes do Termo de Referência pertinente à contratação, extraio, ainda, a constatação da ausência de indicação, mediante metodologia clara e inequívoca, de como a Administração chegou à estimativa de leitos reputados como necessários, sobretudo, considerando a significativa ampliação do número de leitos em relação à contratação anterior.

Também em função de constatações pertinentes à fragilidade da justificativa de preços no ajuste em tela, a Procuradoria Geral do Estado, no Parecer 77/2020/SES/SUBJUR11, recomendou ao gestor a adoção de medidas visando à demonstração da adequação dos valores estimados, nos seguintes termos:

“No item 9 do Edital, em consonância com o que dispõe o art. 25, III do Decreto Estadual 43.261/2011 e art. 13, III da Lei 6.043/2011, consta o limite máximo de orçamento para: (i) custeio mensal de R$ 9.755.195,17 (nove milhões e setecentos e cinquenta e cinco mil e cento e noventa e cinco reais e dezessete centavos), totalizando, em seis meses, a quantia de R$ 58.531.171,02 (cinquenta e oito milhões e quinhentos e trinta e um mil e cento e setenta e um reais e dois centavos; e (ii) investimento, “a ser proposto pela vencedora”.

Quanto ao valor do custeio mensal, não foi informado como foram estimados tais valores, sendo recomendável que sejam anexados os dados utilizados para composição dessas quantias.

Assim, deve constar justificativa, pela Subsecretaria Executiva, sobre como foi estimado o valor máximo estipulado, de modo a que seja comprovada a economicidade da contratação.

É necessário que haja justificativa de preço devidamente formalizada no respectivo procedimento, comprovando a adequação dos custos e conformidade dos valores praticados ao de mercado, evitando contratações desastrosas, não vantajosas ou inadequadas. A Administração tem o dever de buscar, sempre, a maior vantagem para o interesse público. (…)

Alerta-se, que a definição de um limite de valor para o custeio dos serviços nas unidades de saúde não exime a Comissão Especial de Seleção de avaliar as propostas apresentadas pelos os participantes, observando a economicidade, o custo-benefício e a eficiência de cada programa de trabalho, a fim de escolher o que melhor atenda aos interesses públicos.

Quanto ao valor de investimento previsto no item 9.2., referida cláusula não estipulou valor máximo de investimento durante a vigência do contrato de gestão, deixando à Organização Social vencedora a sua proposição.”

(grifos nossos)

10Decisão plenária de 08/07/2020.

11 Exarado no SEI 08000100939720206 e adunado, através do documento 47240245, ao SEI 0800010068062020,

que se destinou, entre outras questões, a colher o pronunciamento da Douta PGE-RJ acerca dos questionamentos aventados por esta Corte de Contas neste feito.

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GAASM129/112 Cabe mencionar que a verificação de que a deficiência das pesquisas de mercado se fazia presente em inúmeras outras contratações deflagradas pela SES levou a Procuradoria-Geral do Estado a recomendar, na Promoção Conjunta BBS/CCF/MFC/PE nº 01/2020, a adoção de providências com vistas à revisão dos procedimentos de estimativa de preços12.

Nesse contexto, ganha relevância o disposto no art. 4º-E, §3º da Lei 13.979/20, que dispõe acerca da necessidade de justificativa nos autos caso haja a prática de valores superiores decorrentes de oscilações ocasionadas pela variação de preços, bem como na Nota Técnica Nº 01 editada por esta Corte de Contas, que destaca que, diante do cenário excepcional de prática de preços por valor superior ao mercado, tem o Contratado o ônus de comprovar a compatibilidade dos preços e, em caso de dano, deve o gestor adotar as medidas administrativas pertinentes à sua elisão13.

12 c) Em relação às estimativas de preços, recomenda-se:

c.1) primeiramente, a revisão de todos os processos de contratação direta da Covid-19, com o fim de realizar, naqueles em que ela não tiver se verificado, efetiva estimativa de preços com base no art. 4º-E, §1º, inciso VI, da Lei Federal nº 13.979/2020 e no art. 1º, § 2º, do Decreto n. 49.991/2020, ou, em caso de impossibilidade, a apresentação justificativa circunstanciada de sua dispensa;

c.2) realizada a estimativa de preços e constatada a celebração de contrato por valores superiores ao estimado, deve o gestor verificar se a diferença decorre de oscilações ocasionadas pela variação de preços, hipótese em que, mediante circunstanciada justificativa da vantajosidade da manutenção, poderá ser convalidada a contratação, nos termos do art. 4º-E, §3º, da Lei Federal nº 13.979/2020 e do art. 52 da Lei estadual 5.427/09;

c.3) na hipótese de constatação de sobrepreço, ressalvada a hipótese de manutenção da contratação referida no item 'c.2' acima, deve o gestor adotar todas as providências para o ressarcimento dos valores em excesso já despendidos, inclusive mediante glosa/retenção cautelar de pagamentos vincendos ou pendentes, ou, em caso de prévio exaurimento do contrato, suscitar o ajuizamento de medida judicial à Procuradoria Geral do Estado para o ressarcimento. Nos contratos de execução diferida, deve o gestor avaliar a vantajosidade de se manter a contratação, sobretudo à luz do princípio da continuidade dos serviços públicos. Caso pretenda manter a avença, deverá questionar ao particular contratado se ele concorda com a readequação do equilíbrio econômico-financeiro do contrato ao preço obtido na estimativa de preços, devendo abarcar, inclusive, o ressarcimento de valores em excesso já recebidos. Em caso positivo, poderá ser celebrado termo aditivo para convalidação do contrato, consoante art. 52 da Lei estadual 5.427/09. Caso o gestor não considere vantajosa a manutenção do contrato ou o particular não concorde com a readequação do preço, deve o gestor instaurar processo administrativo em contraditório para fins de decretação de nulidade da contratação.

13 Item 6.6. Assim sendo, após a execução das avenças em questão, a Administração deve:

a) exigir que o contratado comprove que os preços ofertados são compatíveis com os praticados no mercado; b) não sendo aceitas as justificativas apresentadas pelo contratado, a autoridade competente deverá adotar as medidas administrativas necessárias para caracterização ou elisão do dano (art. 4º, caput, da Deliberação TCE-RJ n.º 279/2017);

c) esgotadas as medidas administrativas acima referidas sem a elisão do dano, a autoridade competente providenciará, no prazo de 30 dias, a instauração da Tomada de Contas, mediante autuação de processo administrativo específico (art. 5º, da Deliberação TCE-RJ n.º 279/2017);

d) caso o valor do débito, atualizado monetariamente, for superior a 20.000 UFIR-RJ, a Tomada de Contas, devidamente instruída e concluída com todos os elementos previstos na Deliberação TCE-RJ n.º 279/2017, deverá ser encaminhada ao Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro para julgamento (art.13, I, da Deliberação TCE-RJ n.º279/2017);

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GAASM129/112 Neste diapasão,acerca dos elementos e esclarecimentos apresentados pelo Jurisdicionado, e considerando que não houve a comprovação de conclusão do processo administrativo SEI/RJ nº 080001009360202014 – que trata do novo procedimento inaugurado pela SES para contratação regular dos serviços objeto da avença em exame -, conclui a Coordenadoria postulante que não foram trazidos elementos suficientes para afastar as irregularidades apuradas ou, ainda, comprovado o saneamento do feito, em consonância com o disposto na Lei Estadual 6.043/2011.

Quanto ao ponto, vale dizer que a invocação das regras contidas no Decreto n.º 46.991/2020 não poderia afastar a necessidade de cumprimento dos requisitos previstos na Lei Estadual 6.043/2011, eis que se trata de ato normativo secundário.

Concordo, portanto, com as conclusões da CAR no sentido de que as questões suscitadas por esta Corte não foram devidamente atendidas pelo Jurisdicionado. Apesar disso, entendo que se impõe, nesta fase processual, a Notificação do responsável, para que apresente razões de defesa pelo não atendimento integral à Decisão Plenária de 01.06.2020, alertando-se o gestor para a possibilidade, no caso de inércia, de responsabilização com fulcro na Lei Complementar estadual nº 63/90, mormente considerando a ausência de demonstração da economicidade do Contrato de Gestão nº 002/2020, o qual ainda está em execução, afigurando-se imperiosa a adoção das providências necessárias ao inteiro saneamento do feito.

Importante ressaltar que a decisão Plenária impôs o prazo de 15 (quinze) dias para o cumprimento das medidas supramencionadas, as quais, apesar do lapso temporal transcorrido, ainda não foram adotadas e comprovadas pelo responsável.

e) concomitantemente às medidas acima, a Administração deverá iniciar procedimento visando à apuração de infração administrativa pelo contratado, com fulcro no art. 88, II e III, da Lei 8.666/93. [...]

14Também em consulta ao mencionado SEI, embora conste movimentação nos autos eletrônicos, não logrei êxito

em identificar a fase em que o procedimento se encontra, bem como em acessar os documentos relacionados, não havendo notícia nos autos quanto a sua conclusão.

(13)

GAASM129/112 Dissinto da unidade técnica, também, quando conclui que o item IV.a da última decisão encontra-se saneado, uma vez que, em consulta aos documentos referidos nos despachos da Subsecretaria de Regulação e Unidades Próprias15, não foi possível verificar que, de fato, foi ratificado pela SES que a contratação contempla o disposto no art.14, da Lei Estadual 6.043/2011, porquanto os despachos citados apenas sinalizam para os documentos insertos no processo SEI-080001/006806/2020, sem, no entanto, realizar qualquer análise do inteiro teor da documentação apresentada pela contratada.

Avançando no exame do mérito da representação, observo que o processo seletivo contestado, que precedeu o Contrato de Gestão 002/2020, foi realizado com fulcro no procedimento simplificado previsto no art. 5º do Decreto Estadual nº 46.991/2020, o qual dispõe sobre regras de dispensa de licitação para a contratação de bens e serviços destinados ao enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus, assunto disciplinado em âmbito nacional pela Lei Federal nº 13.979/202016. O dispositivo prevê:

Art. 5º - Fica autorizada a celebração de contrato de gestão com entidade qualificada como organização social de forma simplificada, cujos prazos poderão ser reduzidos, mediante

justificativa detalhada de sua necessidade, observados os princípios contidos no caput do art. 37 da CRFB/88.

O prazo concedido para que os interessados apresentassem a documentação pertinente e a proposta de trabalho, com fundamento em tal previsão, foi de apenas 48 (quarenta e oito) horas, a despeito da ausência de qualquer justificativa técnica específica.

Tendo em mente os fatos evidenciadas nos autos, bem como considerando a complexidade do objeto e seu custo expressivo, nesta fase processual o Corpo Instrutivo reafirma seu entendimento no sentido de que a aplicação do art. 5º do Decreto Estadual nº 46.991/2020, nos moldes estabelecidos no edital em comento, viola o disposto no art. 37, caput, da CF/88, no art. 11, caput, da Lei Estadual nº

15Disponível no SEI 0800010068062020.

16 Dispõe sobre as medidas para enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional

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GAASM129/112 6.043/2011 e no art. 18, do Decreto Estadual nº 43.261/2011, pois atenta contra os princípios da legalidade, finalidade, moralidade administrativa, proporcionalidade, impessoalidade, economicidade, eficiência, transparência e publicidade.

Deveras, conforme entendimento da CAR constante de sua peça vestibular, a concessão de prazo demasiadamente exíguo para apresentação da documentação pelas entidades interessadas, acabou por travestir verdadeira contratação direta, na medida em que prejudicou a competitividade do certame, especialmente levando em consideração que a IMAPS foi a única OSS a apresentar proposta.

Dessa feita, e sem embargo das razões inclusas na exordial, não há motivação que alicerce a fixação do exíguo prazo de 48 horas para o recebimento da documentação e das propostas de trabalho, sendo as justificativas claramente insuficientes e sem qualquer liame causal com as caraterísticas do objeto pretendido ou do mercado em que ele se insere.

Por relevância, destaco que a insuficiência da justificativa quanto à redução do prazo sobredito foi inicialmente apontada pela D. Procuradoria do Estado no Parecer SSJ/SES nº 054/202017, e reiterada no Parecer PGE 77/2020/SES/SUBJUR, ao afirmar:

A justificativa detalhada exigida pelo decreto estadual, entretanto, não pode consistir na sua própria premissa de incidência. Como se nota, a normativa foi publicada justamente para atender à situação de emergência em saúde pública ocasionada pelo COVID-19. Justificar a exigência de seu art. 5º na sua própria premissa de aplicação revela-se insuficiente. Somente a partir da motivação circunstanciada no caso concreto será possível avaliar a razoabilidade na redução do prazo.”

(grifos nossos)

Demais disso, a análise empreendida acerca da alvitrada convalidação do instrumento contratual apenas confirma o cenário de irregularidade que permeia a avença firmada, eis que não foram observados os requisitos legais aplicáveis, o que demonstra, portanto, a procedência da representação nesse ponto.

17Exarado no bojo do SEI-080001/007007/2020, no qual se pronunciou em razão da impugnação apresentada pelo

(15)

GAASM129/112 Em virtude dessa irregularidade, a unidade técnica propõe, com vistas a orientar pedagogicamente o Jurisdicionado, que seja observado, no novo processo seletivo instaurado para escolha de entidade para a celebração do contrato de gestão, um período mínimo (sete dias) entre a divulgação do edital e o recebimento da documentação e dos planos de trabalho, considerando as diretrizes legislativas federais e estaduais que regem a matéria.

Por relevância, transcrevo a seguir os excertos da instrução da CAR, em sua análise de 14/04/2020:

3.1.Nesse diapasão, alicerçada na escorreita compreensão dos princípios acima aludidos – todos mencionados, direta ou indiretamente, no art.37, caput, da CRFB/88, no art.11, caput, da Lei Estadual 6.043/2011, e no art.18, do Decreto Estadual 43.261/2011 – é dado a esta Corte de Contas, no exercício do Controle Externo dos atos da Administração Pública e com intuito pedagógico e profilático, dirigir a discricionariedade do administrador ao encontro da adequada compreensão da legislação afeta ao tema.(…)

3.3.Isso em vista, muito embora não caiba a este Tribunal determinar o prazo a ser adotado em determinado caso concreto, pode, com forte nos desideratos referidos no item que antecede ao anterior, estabelecer um período mínimo, a ser obedecido pelos órgãos do Estado do Rio de Janeiro e demais entes jurisdicionados, entre a

divulgação dos Editais de Seleção de OSS e o recebimento da documentação e dos planos de trabalho. O que se objetiva, frise-se, é o devido cumprimento aos

preceitos constitucionais, legais e regulamentares que regem a matéria.

3.4.Destarte, muito embora os contratos de gestão não tenham sido tratados na Lei 13.979/2020, como o desiderato do Decreto Estadual 46.991/2020 foi regulamentá-la no âmbito do Estado do Rio de Janeiro, somos que a Lei Nacional em tela deve, necessariamente, servir de vetor interpretativo à escorreita compreensão dos preceitos do normativo regional.

3.5. Logo, à luz do art.4º, da LINDB, parece ter decisiva influência ao caso em apreço, por analogia, a forma como a Lei 13.979/2020 tratou da licitação na modalidade pregão, especificamente o disposto no seu art.4º-G, caput e §1º, in verbis (destacamos):

Art. 4º-G Nos casos de licitação na modalidade pregão, eletrônico ou presencial, cujo objeto seja a aquisição de bens, serviços e insumos necessários ao enfrentamento da emergência de que trata esta Lei, os prazos

dos procedimentos licitatórios serão reduzidos pela metade. (Incluído pela

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GAASM129/112

§ 1º Quando o prazo original de que trata o caput for número ímpar, este será arredondado para o número inteiro antecedente. (Incluído pela Medida Provisória nº 926, de 2020)

3.6. Aplicando tais preceitos ao caso em apreço e considerando o disposto no art.24, do Decreto Estadual 43.261/2011, tem-se o art.5º, do Decreto Estadual 46.991/2020 deve ser interpretado no sentido de assegurar que entre a divulgação do Edital de

Seleção de OSS e o recebimento dos documentos e do plano de trabalho pelas interessadas deve ser observado o prazo mínimo de 7 (sete) dias.

De início, cabe esclarecer que o emprego da prerrogativa de reduzir prazos administrativos encontra-se vinculado ao enfrentamento da urgência, de modo que, na eventualidade de publicação de novo edital, poderá a Administração se valer da hipótese prevista no art.5º, do Decreto Estadual 46.991/2020 apenas se demonstrada que a contratação visa atender à emergência de saúde pública decorrente do coronavírus de que trata a Lei Federal nº 13.979/2020.

No que tange ao quantum do prazo, observo que esta questão não foi abordada expressamente no Decreto Estadual nº 46.991/20, o qual regulamenta no âmbito estadual a Lei Federal nº 13.979/2020, e que serviu de fundamento para edição do processo seletivo em tela. A fundamentação expendida na exordial, conforme acima reproduzido, se alicerçou nas disposições da Lei 13.979/2020, em especial no seu art. art.4º-G, caput e §1º, o qual prevê a possibilidade de redução, pela metade, dos prazos nos procedimentos de licitação para enfrentamento da emergência de que trata essa Lei, bem como no Decreto Estadual nº 43.261/2011, que definiu como prazo mínimo para a entrega da documentação e das propostas de trabalho o período de 15 (quinze) dias.

Não obstante, embora o art. 5º do Decreto Estadual nº 46.991/20 não tenha definido o quantum da redução, conferindo ao gestor uma margem de apreciação diante do caso concreto, destaca a CAR que a discricionariedade, porém, não pode significar arbitrariedade, de modo que o exame da conveniência e da oportunidade na definição do prazo não deve desconsiderar as circunstâncias do caso e a razoabilidade.

(17)

GAASM129/112 estabelecimento de um prazo que não guarda compatibilidade com o conteúdo do edital e com a razoabilidade, significaria, em verdade, uma dispensa de licitação por via transversa, na medida em que não viabilizaria a participação de uma quantidade razoável de licitantes em condições de atender a demanda a ser contratada, em prejuízo da eficiência e economicidade possivelmente alcançadas com uma nova licitação. Colaciono a seguir trecho das conclusões técnicas:

Logo, se, no caso concreto (como o ora analisado), a Administração não encontrou motivo excepcional capaz de afastar o preceito ordinário, não pode

fazê-lo por via transversa, mediante o estabelecimento de um prazo que não condiz com o razoavelmente esperado, em especial quando

considerados a complexidade do objeto e o montante pecuniário envolvido, que são normalmente expressivos na órbita dos Contratos de Gestão na área da Saúde Pública.

Desta forma, tal como sinalizado pelo Corpo Instrutivo, mesmo nos casos em que há competência discricionária deve o administrador público decidir observando a principiologia constitucional, em especial os princípios da impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (CF, art. 37, caput)18. Nesta linha, destaco que, conforme posicionamento da doutrina contemporânea, o conteúdo dos princípios constitucionais serve de instrumento para o controle da Administração Pública, que, como componente da estrutura do Estado, não pode se furtar à observância do texto constitucional19.

Insta salientar que, no caso em análise, a concessão de prazo insuficiente para a elaboração das propostas de trabalho tem o condão de gerar prejuízos à prestação do serviço, considerando que os ajustes celebrados com OSS, os quais

18STF. ADI 1923/DF RELATOR: Min. Ayres Britto.

19 Luís Roberto Barroso, ao tratar do rol de princípios instrumentais da nova hermenêutica constitucional, inclui ainda

a razoabilidade ou a proporcionalidade, afirmando que, dada a importância assumida por esse princípio na dogmática jurídica contemporânea, não se deve deixar de registrar sua relevância como princípio específico de interpretação constitucional. Assim, considera-o valioso instrumento de proteção dos direitos fundamentais e do interesse público, já que permite o controle da discricionariedade dos atos do Poder Público, além de “funcionar como medida com que uma norma deve ser interpretada no caso concreto para a melhor realização do fim constitucional nela embutido. (BARROSO, Luís Roberto. Curso de direito constitucional contemporâneo: os conceitos fundamentais e a construção do novo modelo. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p.305-306).

(18)

GAASM129/112 envolvem o direito constitucional à saúde, diretamente relacionado à preservação da vida, exigem que a proposta de trabalho atenda a diversos quesitos, previstos no art. 14 da Lei Estadual 6.043/2011, cuja elaboração irregular pode prejudicar a execução contratual.

Feitas tais considerações, observa-se que resta evidenciada a pertinência do parâmetro proposto pela Instância Técnica (mínimo sete dias), à luz dos princípios da razoabilidade, imparcialidade e competitividade do certame, no sentido de que a Administração observe prazo razoável entre a divulgação do novo edital em comento e o recebimento da documentação e dos planos de trabalho, a fim de que se dê condições efetivas que possibilitem a participação dos interessados, viabilizando a seleção da proposta mais vantajosa. Tal medida, a meu ver, cumpre o viés pedagógico afeito às orientações emanadas por esta Corte de Contas à Administração Pública, de modo a evitar, no caso, a repetição das ocorrências examinadas.

Assim, o exame dos autos confirmou as irregularidades suscitadas na peça inicial da presente representação, bem como que o Jurisdicionado não efetuou, tal qual determinado na decisão anterior, a derradeira análise quanto à eficiência, impessoalidade e economicidade, no escopo de justificar os valores contratados no SEI 0800010068062020.

Outrossim, observo que, em consulta aos 080017/002521/2020 e SEI-0800010068062020, relacionados ao presente processo, verifiquei que, até o presente momento, não consta informação que demonstre que a Administração está levando a efeito as medidas destinadas ao saneamento das irregularidades, conforme determinado na decisão aludida, não se tendo notícia tampouco sobre o aditamento do Contrato de Gestão nº 002/2020.

Pondero, todavia, ante os bens jurídicos envolvidos na contratação, que sua interrupção poderá gerar prejuízo irreparável para a sociedade, como já afirmado por ocasião da última decisão plenária.

(19)

GAASM129/112 Assim, com fulcro no disposto nos art. 20 e 21 da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, considerando as dificuldades técnicas envolvidas na prestação do serviço, bem como a ausência de avaliação quanto à capacidade operacional da SES para assumir, de imediato, a operação da unidade de saúde, julgo prudente, neste momento, determinar ao Jurisdicionado que conclua o novo procedimento de contratação já iniciado, se adequando à legislação concernente aos serviços de saúde. Tal medida assegura a continuidade da prestação dos serviços na referida unidade de saúde, indispensáveis à população, enquanto são realizados os procedimentos necessários à sua regularização, mediante nova licitação, desta feita em concordância com a legislação de regência, ou sua prestação direta pelo Estado.

Nesses termos, promovo pequeno ajuste à determinação proposta pelo Corpo Instrutivo, a fim de que o Jurisdicionado avalie o modelo de gestão a ser adotado na unidade, seja diretamente pela Secretaria de Saúde ou por meio de parceria com o setor privado com assinatura de contrato de gestão, desde que motivado tecnicamente de forma que reste demonstrada ser a opção mais vantajosa para a administração, sendo observadas todas as exigências legais de cada condição.

Importante destacar que, embora os atos questionados por esta Corte de Contas tenham sido perpetrados em gestão anterior, é dever da Secretaria de Estado de Saúde, em razão do princípio da continuidade administrativa, apresentar as elucidações pertinentes ou então, reconhecendo a invalidade do agir pretérito da Administração, adotar as medidas pertinentes ao saneamento ou à descontinuidade do contrato.

Neste aspecto, imperativo o endereçamento de determinação ao gestor público para, caso se constate a ocorrência de dano, a adoção das medidas corretivas que considerar cabíveis para resguardar o erário estadual, comprovando a eventual adoção dessas providências a este Tribunal, com fundamento no art. 71, inciso IX, da Constituição Federal, sem prejuízo do posterior chamamento aos autos dos responsáveis envolvidos, após o cumprimento da diligencia externa, a fim de que apresentem suas razões de defesa pelas irregularidades veiculadas na presente representação.

(20)

GAASM129/112 Por derradeiro, consigno que, no retorno do presente feito, após a diligência externa, o Corpo Técnico deverá manifestar-se objetivamente acerca do teor das documentações constantes dos autos, à luz de todos os pontos suscitados na última decisão, notadamente quanto à análise de economicidade.

Destarte, considerando que estão em trâmite neste Tribunal outros processos, relativos à ação fiscalizatória com escopo mais abrangente do que o exame empreendido em sede desta Representação, que analisam as contratações realizadas pela Secretaria de Estado de Saúde durante o período da pandemia decorrente do coronavírus, entendo imprescindível promover a ciência à SGE, à SUE e à 3ªCAE quanto aos fatos apurados nos autos.

Incluo, ainda, a expedição de ofício ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro – MPRJ e ao Ministério Público Federal – MPF, em consideração ao Convênio de Cooperação20 firmado por este Tribunal com o MPRJ e em decorrência das apurações que estão sendo realizadas pelo MPF, junto à Polícia Federal, acerca das fraudes na área de saúde do Estado do Rio de Janeiro.

Por todo o exposto, posiciono-me parcialmente de acordo com a proposta de encaminhamento formulada pelo Corpo Instrutivo e com o parecer do douto Ministério Público Especial. Minha parcial divergência reside: i) na inclusão de Notificação ao Jurisdicionado a fim de que apresente razoes de defesa pelo não atendimento à decisão anterior, sem prejuízo do seu cumprimento, remetendo a análise de economicidade referente à contratação, em que reste ou não evidenciada a existência de dano ao erário, bem como instrua o processo com os elementos previstos na legislação; ii) na Determinação a fim de que a SES ultime as medidas destinadas à realização de novo procedimento de contratação, ou, se for o caso, implemente a execução direta dos serviços, comprovando as medidas a este Tribunal; iii) determinar à SES a adoção de providências com fito de evitar a perpetuação de possível dano, bem como acrescentar indagação acerca da situação atual da contratação; (iv)

20 Convênio de Cooperação Técnica para a atuação conjunta na fiscalização de atos e contratos

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GAASM129/112 determinar à SGE que, quando do retorno do presente feito, manifeste-se, conclusivamente, acerca da documentação apresentada concernente aos itens da Comunicação anterior; v) na expedição de ofícios.

VOTO:

I. Pela CIÊNCIA ao Plenário acerca da resposta apresentada pela Secretaria Estadual de Saúde, cadastrada como Documento TCE-RJ nº 12.972-9/20;

II. Pela PROCEDÊNCIA da presente Representação quanto ao mérito, pelos motivos expostos no voto;

III. Pela NOTIFICAÇÃO ao Secretário de Estado de Saúde, nos termos do art. 26 do Regimento Interno, alertando-o para o disposto no art. 63, inciso IV da Lei Complementar nº 63/90, para que, no prazo de 15 (quinze) dias, apresente razões de defesa pelo não atendimento às determinações do item “IV” da decisão de 01.06.2020, sem prejuízo ao seu cumprimento, e providencie o atendimento dos seguintes itens ainda pendentes de saneamento:

III.I. Ratificar que o SEI 0800010068062020 contempla o disposto no art.14, da Lei Estadual 6.043/2011;

III.II. Justificar a eficiência e a impessoalidade (razão da escolha da Associação de Proteção à Maternidade e à Infância de Mutuípe – IMAPS) da contratação (art.11, §1º, da Lei Estadual 6.043/2011);

III.III. Comprovar a economicidade do Contrato de Gestão nº 002/2020, mediante estimativa de preços baseada em 3 (três) fontes de referência, nos termos do art. 1º, § 2º, do Decreto Estadual nº 46.991/2020 e do art.11, §1º, da Lei Estadual nº 6.043/2011, sendo insuficiente a comparação com a contratação anterior para o fim de justificar os preços contratados;

(22)

GAASM129/112 aos da pesquisa de preços, a Secretaria de Estado de Saúde deve avaliar a conveniência e oportunidade da continuidade do contrato, e, em prosseguindo a avença, justificar, conjuntamente com o contratado, que semelhante situação decorreu de oscilações ocasionadas pela variação de preços, em consonância com as orientações constantes da Nota Técnica TCE-RJ 01/2020;

III.V. Informe se o Contrato de Gestão nº 002/2020 ainda está sendo executado e, em caso positivo, se ocorreu a celebração de termo aditivo, transformando-o, por convalidação, em Contrato de Gestão celebrado por dispensa de seleção;

IV. Pela COMUNICAÇÃO à Secretaria de Estado de Saúde, na figura do atual Secretário de Estado de Saúde e do atual Subsecretário Executivo da SES, na forma prevista no art. 26, § 1º do Regimento Interno, para que tome ciência da presente decisão e para que cumpra a DETERMINAÇÃO abaixo:

IV.I. Concluir o procedimento visando à contratação dos serviços objeto do Contrato de Gestão Emergencial SUBEXEC nº 002/2020, atentando para os ditames legais e, em especial, para os preceitos e diretrizes definidos no presente processo, ou, se for o caso, implementar a execução direta dos serviços. Na hipótese de nova seleção fundamentada no art. 5º, do Decreto Estadual 46.991/2020, demonstrada de forma inequivocamente motivada, observe o prazo mínimo de 7 (sete) dias entre a divulgação do Edital de Seleção e o recebimento da documentação pelas interessadas, em observância aos princípios da razoabilidade, finalidade, moralidade, impessoalidade, economicidade, eficiência e publicidade, ou justifique a impossibilidade, sendo que, tão logo o procedimento seja concluído, deverá proceder à extinção da avença em exame, conforme cláusula resolutiva a ser objeto de aditivo ao contrato;

IV.II. Caso seja constatada a ocorrência de dano na contratação como resultado dos preços contratados serem superiores aos averiguados na nova pesquisa de preços, tome as medidas que considerar cabíveis para resguardar o erário estadual,

(23)

GAASM129/112 a exemplo de encerramento ou aditamento do contrato, glosa ou retenção cautelar de pagamentos, comprovando a eventual adoção dessas providências a este Tribunal;

V. Pela EXPEDIÇÃO DE OFÍCIO à Associação de Proteção à Maternidade e à Infância de Mutuípe – Instituto Marie Pierre de Saúde (IMAPS), CNPJ n.º14.812.333/0001-20, para que tome ciência da decisão deste Tribunal;

VI. Por DETERMINAÇÃO à Secretaria-Geral de Controle Externo – SGE deste Tribunal, para que, quando do retorno do presente feito, manifeste-se, por meio de sua coordenadoria competente, sobre a documentação apresentada, e realize o exame de economicidade da contratação em tela, consoante o exposto na fundamentação de meu Voto;

VII. Pela CIÊNCIA à Secretaria-Geral de Controle Externo – SGE, à Subsecretaria de Controle Estadual – SUE e à 3ª Coordenadoria de Auditoria Estadual – 3ªCAE quanto aos fatos apurados nos autos;

VIII. Pela EXPEDIÇÃO DE OFÍCIO ao Ministério Público Federal, dando-lhe ciência da presente decisão;

IX. Pela EXPEDIÇÃO DE OFÍCIO ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, dando-lhe ciência da presente decisão;

ANDREA SIQUEIRA MARTINS

CONSELHEIRA SUBSTITUTA

Assinado Digitalmente por: ANDREA SIQUEIRA MARTINS:02222133700

Data: 2020.09.17 15:01:34 -03:00

Razão: Processo 102035-8/2020. Para verificar a autenticidade acesse http://www.tcerj.tc.br/valida/. Código: 5A08-1914-B853-4A2E-926F-FC73-3457-26D5

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