• Nenhum resultado encontrado

Revista Visão Acadêmica. Universidade Estadual de Goiás. UnU - Goiás. Revista Eletrônica. Ano1 nº 1. Página1

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Revista Visão Acadêmica. Universidade Estadual de Goiás. UnU - Goiás. Revista Eletrônica. Ano1 nº 1. Página1"

Copied!
126
0
0

Texto

(1)

Pági

na

1

Universidade Estadual de Goiás

UnU - Goiás

Revista Visão Acadêmica

Revista Eletrônica

Ano

1

– nº

1

(2)

Pági

na

2

Revista Visão Acadêmica

UnU - Goiás

A Revista Visão Acadêmica é especializada em publicação de artigos científicos escritos por graduandos. Sendo restrito a esse tipo de pesquisadores o direito à publicação nesse periódico.

(3)

Pági

na

3

Universidade Estadual de Goiás

Dados da Publicação Revista Visão Acadêmica Ano 1 - nº1 – Outubro de 2010 Revista Eletrônica Periodicidade Semestral ISSN 21777276 Cidade de Goiás- GO UnU - Goiás

Estado de Goiás, Brasil

Av. Deusdete F. Moura S/N Centro

Contato Principal:

email - visaoacademica@yahoo.com.br Alternativo:

Itelvides José de Morais e-mail: itelvides@ig.com.br Alair Di Silva Peres

e-mail: alair_peres@yahoo.com.br

Acesso Via sítio

(4)

Pági

na

4

Expediente

Universidade Estadual de Goiás ( UEG) Reitor

Luiz Antônio Arantes

Unidade Universitária de Goiás Diretor da Unidade

Flávio Antônio dos Santos

Av. Deusdete Ferreira de Moura S/N Centro Cidade de Goiás- GO - CEP 76.600

Conselho Editorial

Auristela Afonso da Costa – UEG Gabriela Azeredo Santos - UEG/PUC-GO Ieda Maria do Carmo - UEG

Itelvides José de Morais - UEG Luciano Feliciano de Lima - UEG Raquel Miranda Barbosa – UEG.

Conselho Consultivo

Ademar Azevedo Soares Júnior (UEG – Goiânia/ESEFFEGO) Carla Rosane Mendanha da Cunha (FMB-GO)

Célia Sebastiana Silva (UFG - Goiânia)

Deis Elucy Siqueira (Universidade de Brasília – UNB) Ebe Maria de Lima Siqueira (UFG – Goiânia /UEG) Eduardo Gonçalves Rocha (UFG – Goiás)

Eduardo José Reinato (PUC-GO)

Francisco Alberto Severo de Almeida (UEG - Ensino a Distância) Geisa Mozzer Nunes de Souza (UFG - Goiânia)

(5)

Pági

na

5

Hamilton Barbosa Napolitano (UEG - Anápolis/UNUCET) Ricardo Trevisan (UEG - Anápolis/UNUCET)

Rogéria Luzia Wolpp Gonçalves (UEG - Itaberaí). Valdeniza Maria Lopes da Barra (UFG - Goiânia)

Membros do Conselho Consultivo Convidados Para Esta Edição

Alexander Meireles da Silva (UFG - Catalão)

Carlos Roberto dos Anjos Candeiro (UFU - Ituiutaba) Jamesson Buarque de Souza (UFG - Goiânia).

Liliane Ferreira Neves Inglez de Souza (FAAL-Limeira) Marcelo Pericoli (UEG Anápolis/ UNUCSEH)

Margareth Pereira Arbués (UFG - cidade de Goiás) Maria Célia de Oliveira Papa (FAAL - Limeira) Maria Suelí de Aguiar (UFG - Goiânia)

Warley Carlos Souza (UEG - ESEFFEGO) Adriana de Bortoli (FATEC- LINS).

Administração

Alair Di Silva Peres (UEG - cidade de Goiás).

Correção Gramatical e Ortográfica Pelos Graduandos

Lívia Rodrigues Barbosa

Wanderson Ferreira De Souza Lima Ivani Peixoto dos Santos

Juliana de Fátima Ananias de Jesus

Formatação e Diagramação Heloísio Mendes (UEG – Goiás). Itelvides José de Morais (UEG – Goiás)

(6)

Pági

na

6

Foco e Escopo

A Revista Visão Acadêmica publica artigos científicos de graduandos de diferentes áreas.

Política de Acesso Livre

A Visão Acadêmica proporciona acesso público e gratuito a todo seu conteúdo, com o intuito de auxiliar na divulgação do conhecimento científico.

Acesso via sítio:

http//:www.coracoralina.ueg.br

Editorial

O intento de ser meio de divulgação de artigos científicos escritos por graduandos de diferentes áreas é o principal motivo da organização e do lançamento da Revista Visão Acadêmica. De fato não faltam revistas científicas dispostas a abrir algum espaço para que graduandos possam publicar. Porém, frente à grande quantidade de produções, e espaços para publicação aquém do necessário, nem sempre trabalhos de boa qualidade escritos por graduandos conseguem ser divulgados com rapidez. Por isso é intenção da Visão Acadêmica se voltar apenas para este segmento de pesquisadores. Com isto contribuindo para que as universidades continuem a ser local de formação e divulgação de idéias de pensadores com senso crítico. Crítico em relação às suas próprias crenças e as dos demais membros das sociedades, quando estes procuram compreender os fenômenos que os cercam.

Cidade de Goiás, outubro de 2010, Conselho Editorial.

(7)

Pági

na

7

Sumário Artigos

Diagnóstico Ambiental Preliminar de Duas Porções do Córrego São José, Ituiutaba, Minas Gerais. 8-22

Emerson Ferreira de Oliveira Karine Nayara Mussulin José Leandro Reis da Silveira

Dialetos do Brasil: a palatalização dos fonemas  e  (T e D). 22-31

Flávia Leonel Falchi

Prosa e Poesia em Prosas Seguidas de Odes Mínimas, José Paulo Paes. 31-47

Renata Magalhães Vaz

Presença do Estilo Épico na Poesia Brasileira Moderna e Contemporânea. 48-55

Denise Freire Ventura Rafael Barrozo de Carvalho João Antônio Marra Signoreli

Mandingas, Mistérios, Feitiços e Traquinagens: Saci-Pererê, um Mito Brasileiro em Análise. 56-66

Fabianna Simão Bellizzi Carneiro

Estudo Comparativo Sobre a Figura do Vampiro nas Obras Drácula e Crepúsculo. 66-74

Danielle Moreira Lopes

Os Conceitos e Aplicações Sobre Mínimo Múltiplo Comum (MMC) são Realmente Questões Elementares Para os Alunos do Ensino Fundamental? 75-81

Fabiane Olivieri

Problemas Sobre Área de Figuras Planas Retangulares: os alunos do ensino fundamental sabem como resolvê-los? 82-89

Bruna Yuri Otsuka Gusicuma

Ansiedade e Auto-eficácia Matemática. 89-95

Bruno Rafael Meneguetti

Tecnologia, Informação e Informatização: a Implicação Desses Fatores no Desenvolvimento Sócio-cultural da Criança. 96/102

Adriana Cristina Ramos Alisson Sales Prates

O Turismo na “Melhor Idade” na cidade de Goiás. 102-107

Lana Lopes de Castro

A Paradiplomacia e sua Repercussão no Brasil. 108-118

Lívio Ferreira da Silva Filho Rogério de Freitas Amorim

A Música Definida Pela Matemática. 118-126

(8)

Pági

na

8

Diagnóstico Ambiental Preliminar de Duas Porções do Córrego São José, Ituiutaba, Minas Gerais

Emerson Ferreira de Oliveira1

Karine Nayara Mussulin2

José Leandro Reis da Silveira3

Resumo: O presente trabalho tem como principal objetivo, compreender duas áreas distintas, do Córrego São José, localizado no município de Ituiutaba, Minas Gerais. Sendo essas a nascente e uma região no perímetro urbano. No intuito de averiguar as condições ambientais das devidas áreas do córrego, quatro trabalhos de campo foram realizados, sendo esses de cunho geológico, geográfico, biológico e químico. Os resultados indicaram que, nas distintas áreas de estudo têm-se a presença de condições ambientais adversas, variando em aspectos positivos e negativos. Os trabalhos de campo junto às análises em laboratório sugerem que, embora sejam encontrados vestígios de áreas afetadas por fatores antrópicos, como a impermeabilização do solo, a falta de controle das erosões e a supressão da vegetação ciliar, ainda assim, a qualidade da água do Córrego São José se enquadra nos padrões estabelecidos por órgãos responsáveis.

Palavras-chave: Córrego São José. Ituiutaba-MG. Condições ambientais.

Introdução

É notável a percepção de que, os recursos naturais não são inesgotáveis e o meio ambiente sempre foi e continuará sendo fator determinante para todos os seres vivos.

1

Emerson Ferreira de Oliveira é graduando do segundo período do curso de Geografia da Universidade Federal de Uberlândia Campus Pontal na cidade de Ituiutaba-MG.

2

Karine Nayara Mussulin é graduanda do sexto período do curso de Química da Universidade Federal de Uberlândia Campus Pontal na cidade de Ituiutaba-MG.

3

José Leandro Reis da Silveira é graduando do sexto período do curso de Química da Universidade Federal de Uberlândia Campus Pontal, na cidade de Ituiutaba.

Professor Indicador do artigo: Doutor Carlos Roberto dos Anjos Candeiro, Curso de Geografia da Universidade Federal de Uberlândia Campus Pontal, na cidade de Ituiutaba-MG.

(9)

Pági

na

9

Com o crescimento desenfreado das cidades e o aumento de setores industriais, é preciso manter a harmonia entre o meio natural e o desenvolvimento econômico.

Neste trabalho, é destacada a importância dos recursos hídricos, este tem como intuito duas razões fundamentais. Uma de cunho ambiental e outra social, ambos os itens se correlacionam e o homem é o principal agente influenciador nas suas mudanças e dinâmicas.

Os leitos fluviais sofrem algumas modificações que, infelizmente preocupam a qualidade das águas, tanto a vida quanto o corpo físico. Esses ambientes são considerados pontos estratégicos para o conhecimento e entendimento da realidade.

A contaminação da água é definida como a adição de substâncias indesejáveis que deterioram sua qualidade, a qual se refere a sua capacidade para usos benéficos, como o abastecimento, a irrigação, entre outros. Um contaminador pode ser de origem inorgânica, como metais pesados ou mercúrio, ou orgânico, como coliformes provenientes de esgotos domésticos.

Nesses casos, a qualidade da água depende fundamentalmente dos aportes naturais dados pela chuva e pelas condições naturais de geologia e solos da bacia de drenagem.

As principais fontes de contaminação aquática são as indústrias, a agricultura e os despejos domésticos. A decomposição natural da matéria orgânica, acumulada em excesso, causa mudanças drásticas na concentração de oxigênio e nos valores de pH, que podem ser, às vezes, mortais para alguns seres aquáticos.

Ituiutaba, município localizado no extremo oeste do estado de Minas Gerais, na região denominada Pontal do Triângulo Mineiro, com aproximadamente cem mil habitantes, é banhada por uma considerável bacia hidrográfica, através de córregos, de lagos e de rios que se localizam tanto na área urbana, quanto na área rural.

A pesquisa centra-se no Córrego São José, que abrange uma boa porção da área da cidade e divide a principal entrada do centro e os demais bairros. A cidade, como tantas outras no Brasil, está em ascensão; grandes obras são realizadas e nesse sentido, o São José, vem sofrendo constantes mudanças em seu corpo físico.

As condições atuais do clima e a realidade da humanidade, em relação aos recursos hídricos não são nada animadoras, sendo isso, um fato evidente em todas as esferas da sociedade. Um bem essencial como a água não tem o seu devido reconhecimento e a percepção humana, de como é importante para sua sobrevivência.

(10)

Pági

na

10

Nos dias atuais é interessante falar de desenvolvimento sustentável. A mídia, os governos, as grandes empresas e a elite da sociedade, enfatizam muito esse termo, “desenvolver sem afetar o clima, sem impactar o meio natural”, resta saber se essa preocupação é sincera, se realmente estão interessados em mudar suas atitudes, ou se não passa apenas de uma jogada política e comercial e estão aproveitando o momento para lucrarem e se darem bem financeiramente.

No país existem leis que protegem as águas, como a Lei das Águas- n° 9433/97 que defende uma total reestruturação do setor. A implementação do Plano Nacional de Recursos Hídricos, pela Agência Nacional das Águas - ANA estabelece que a gestão, por sua vez, deve ser descentralizada e contar com a participação do poder público e da sociedade civil e fazer com que essas leis sejam cumpridas é o maior desafio das instituições que as monitoram (ROMITTELI; PATERNIANI, 2007, p. 3).

Nesse sentido, o objetivo desse trabalho é compreender a importância do Córrego São José para o município de Ituiutaba, abordando inicialmente apenas a área física, a biota e como as relações humanas, sem planejamento de uma gestão municipal, podem afetá-lo. Com a finalidade de melhorá-lo, será feito um diagnóstico preliminar em conjunto com biólogos, químicos e geógrafos, destacando a condição ambiental.

Localização da Área de Estudo

A área de estudo está localizada em duas porções do Córrego São José, sendo a nascente aproximadamente a 5 km, do centro de Ituiutaba, no sentido sul, e outro em um local estratégico na área urbana (FIG. 1). O acesso a nascente do Córrego São José se dá pela estrada vicinal da unidade conservada denominada Parque Goiabal e a região trabalhada na área urbana localiza-se no Bairro Setor Norte.

(11)

Pági

na

11

Figura 1 - Localização da área de estudo

FIGURA 1 – Localização da área de estudo, com destaque nos pontos trabalhados na nascente (A); e na área urbana (B). (Mapa elaborado por SOUSA, R.; OLIVEIRA, E.). Fonte: SOUSA, R; OLIVEIRA, E. 2009.

Metodologia Experimental

O trabalho foi realizado no Córrego São José, afluente do Rio Tijuco, que também drena a área urbana de Ituiutaba, sendo este conduzido no período de junho a novembro de 2009. Inicialmente foi realizado um levantamento bibliográfico para busca de referências, metodologias e outros trabalhos na área do referido estudo, no intuito de estabelecer um cronograma para o objeto de pesquisa. Em uma segunda etapa, seguiram-se os trabalhos de campo, os quais foram organizados de maneira a observar in locus os aspectos geomorfológicos, geológicos, pedológicos, químicos e bióticos da

(12)

Pági

na

12

área de estudo. Para isso, foram coletadas amostras de rochas, solos e água, as quais foram identificadas e caracterizadas no Laboratório de Geologia (Curso de Geografia, Campus do Pontal/UFU) e Laboratório de Química Analítica/Físico-Química. No que concerne à flora, as análises foram realizadas por identificação direta e registros fotográficos.

É importante ressaltar que, a metodologia utilizada neste estudo foi realizada segundo três grandes áreas da ciência ambiental: a Geografia, abordando os aspectos sociais e físicos em relação ao córrego, tais como; a urbanização, geologia, e geomorfologia; Ciências Biológicas, estudando a biota do local de trabalho e a Química, voltada para análise química da água e a correlação com os resultados obtidos na Geografia e Biologia.

Geografia

A metodologia utilizada é baseada em Aziz Ab‟Sáber para a classificação do clima e do relevo. Por meio de pesquisas bibliográficas e trabalho de campo, a classificação geológica foi realizada segundo Fernandes e Coimbra, foram coletados materiais como solos e rochas e encaminhados para o Núcleo de Análises Ambientais em Geociências, da Universidade Federal de Uberlândia Campus Pontal, onde se encontram os Laboratórios de Climatologia, Geologia, Geomorfologia e Pedologia, possibilitando assim a classificação dos respectivos materiais.

Química

Os reagentes e os equipamentos utilizados para os testes químicos da água foram disponibilizados pelo Laboratório de Química Analítica/Físico-Química. O estudo da água do Córrego São José, se deu por análises físico-químicas de pH (potencial hidrogeniônico), temperatura e condutividade elétrica para amostras de água de dois pontos de coleta, sendo estes, a nascente e o outro um ponto situado no perímetro urbano, em local estratégico, no fim da canalização do córrego. O trabalho no laboratório foi realizado no mês de agosto de 2009.

Logo após serem coletadas, as amostras de efluentes foram acondicionadas em recipientes plásticos, e então enviadas ao laboratório para realização das análises, seguindo parâmetros analíticos.

As medidas de temperatura foram realizadas in locus, evitando medidas diretas no leito do córrego, inibindo assim, o derramamento de mercúrio nas águas caso houvesse a quebra do termômetro.

(13)

Pági

na

13

Antes de dar início às medidas de pH e à condutividade elétrica, as amostras de água passaram por um processo de filtração a vácuo (Bomba de vácuo EXIPUMP), a fim de evitar possíveis danos aos equipamentos. A calibração do pH metro (LOGEN) foi realizada com soluções tampão pH 7 e pH 4. A condutividade da solução padrão utilizada nas medidas de condutividade elétrica foi de 146,9 S/cm e a temperatura de referência foi de 20 °C.

Biologia

O levantamento florístico, foi realizado a partir de coletas nos trabalhos de campo, assim como a realização de fotografias. Os moradores das áreas visitadas foram consultados sobre os nomes populares das espécies da região vegetais e posterior consulta a especialistas de botânica.

Resultados e Discussão; Geologia e Geomorfologia

A área de estudo encontra-se sobre rochas vulcânicas da Formação Serra Geral (Bacia do Paraná) e sedimentos da Formação Marília (Bacia Bauru, Cretáceo Superior) (sensu FERNANDES e COIMBRA, 1996). O Córrego São José drena em grande parte sedimentos desta bacia sedimentar que é dividida nos grupos Caiuá e Bauru.

Segundo Fernandes e Coimbra (1996), o Grupo Caiuá é subdividido em três formações: Santo Anastácio, Rio Paraná e Goio Erê e o Grupo Bauru nas formações: Adamantina, Marília e Uberaba, onde na região do Pontal Triângulo Mineiro é representado por sedimentos das formações Adamantina e Marília. Essas camadas assentam-se sobre basaltos da Formação Serra Geral (Bacia do Paraná). Os sedimentos da Formação Marília (Maastrichtiano) afloram de forma desigual no município de Ituiutaba. Sendo a única unidade litoestratigráfica do Grupo Bauru, que aflora na área de estudo, visto que alguns afloramentos da Formação Adamantina são conhecidos da região limítrofe com o município de Prata. Os sedimentos da Formação Marília aparecem na vertente da nascente do Córrego São José. Eles são constituídos por arenitos de origem flúvio-lacustre, de granulação fina a média e de coloração vermelho-claro. Esses, também, são observados em morros testemunhos nas proximidades da nascente com uma abundante porção de cascalho e seixos rolados. Em alguns pontos, as águas do Córrego São José correm diretamente sobre os basaltos da Formação Serra Geral, principalmente, na região da nascente desse curso, assim como na região urbana de Ituiutaba.

(14)

Pági

na

14

Estudos indicam que a área do município de Ituiutaba está sobre o relevo denominado como Domínio dos Chapadões Tropicais do Brasil Central (AB´SABER, 2000). Segundo esse autor, as feições do relevo são caracterizadas por serem mediamente dissecado com a presença de vales encaixados e vertentes com acentuado declive. Observações diretas na área de estudo indicam que a morfologia do relevo apresenta áreas com superfícies aplainadas, mas com um encaixe mais proeminente no vale do Córrego São José, sendo que as vertentes apresentam alguns processos erosivos. A área de estudo apresenta uma porção mais elevada com topos aplainados, na nascente, pertencentes a uma área de fundo de vale. Entre 585 e 600 m de altimetria, encontra-se uma superfície separada do nível de cima, por rupturas de declive mantidas por distintos derrames basálticos.

Os locais pesquisados são relativamente diferentes. Pode-se notar que na nascente por ter uma constante umidade, dificilmente são encontradas rochas, e quando encontradas, já estão em processo de intemperismo, de difícil identificação.

São encontrados afloramentos de arenitos da Formação Marília com cerca de 83 milhões de anos do Grupo Bauru (que estão sobre rochas basálticas da Formação Serra Geral). Esses arenitos de cor avermelhada, assim como as rochas vulcânicas da área de estudo, na parte superior dos afloramentos estão intemperizados, tornando, assim, o manto de rocha alterada mais representativo sobre os basaltos. Parte desses está rolada no Vale do Córrego São José. Os solos apresentam colaboração de sedimentos e fragmentos rochosos das formações Marília e Serra Geral.

Em locais com grande umidade, devido às reações químicas e físicas do ambiente, as rochas se decompõem com mais facilidade, contribuindo assim, para um solo mais fértil, sendo possível desta forma, perceber porque as nascentes são ricas em vegetação (FIG. 2). Ainda assim, o fato de ser encontrada uma abundante vegetação em uma determinada área, não é suficiente para confirmar a fertilidade do solo, visto que por lixiviação e por lessivagem, por meio de processos químicos e físicos, promovem a disjunção nas ligações ferro-argila instabilizando os horizontes superficiais e preparando-os para o processo erosivo nas encostas, o que consequentemente leva à perda de seus principais componentes minerais. Já no perímetro urbano, verifica-se que a drenagem do Córrego São José corre sobre os basaltos da Formação Serra Geral. Partes dessas rochas estão intemperizadas dando origem a um solo de coloração avermelhada.

(15)

Pági

na

15

Figura 2 – Imagem da Área de Estudo

FIGURA 2 - Imagem da área de estudo. A – área de vegetação próxima à nascente do Córrego São José; B – corredeiras no Córrego São José sobre basaltos da Formação Serra Geral em área urbanizada. Fonte: OLIVEIRA, E. 2009.

De fato, como apontado pelos estudos geológicos, que seguiram nessa área de pesquisa, durante as obras de retificação do curso d‟água promovidos pela Prefeitura de Ituiutaba, em agosto de 2008, os solos da área são classificados como Latossolos Vermelho-Amarelos e Latossolos Vermelho-Férricos (Latossolos Distróficos e Eutróficos), solos bem estruturados que apresentam horizontes bem definidos, originados das rochas sedimentares da Formação Marília do Grupo Bauru e das rochas basálticas da Formação Serra Geral do Grupo São Bento, sendo essa formação a mais comum no leito dos cursos d‟água mais próximos – Rio Tijuco, Ribeirão São Lourenço e Córrego da Lagoa (PROTOCOLO Nº 608775/2008).

Fig. 1. Ponto próximo a coleta na nascente Autor: Oliveira, E.F.

(16)

Pági

na

16

Biota

A vegetação da região foi inventariada de forma preliminar (FIG. 3). De modo geral, a região da nascente do Córrego São José está inserida no Bioma Cerrado. No entanto, algumas espécies vegetais foram introduzidas na área de estudo. A cobertura vegetal predominante nas vertentes é o Campo Cerrado (Savana arbórea aberta), com a presença de espécies característica deste tipo de compartimento vegetacional, com predomínio de gramíneas, pequenas árvores e arbustos bastante esparsos entre si. Ressalva-se que as árvores geralmente ficam isoladas. Esse compartimento fitofisionômico encontra-se bem preservado, mesmo com evidências de queimadas.

Quadro 1 - Descrição das Espécies Vegetais na Nascente do Corrego São José

Descrição das espécies vegetais encontradas na nascente do Córrego São José. Levantamento realizado por Emerson Ferreira, Karine Mussulin e Dr. Carlos Candeiro em julho de 2009.

NOME POPULAR NOME CIENTÍFICO

Angico Anadenanthera sp

Acerola Malpighia glaba

Balsamo Mycrocarpus frondosus

Braquiária Brachiaria decumbens

Cajueiro Anacardium occidentale

Embaúba Cecropia pachystachya

Fruto do conde Annona squamosa

Goiabeira Psidium guajava

Jenipapo Genipa americana

Ipê rosa Chorisia speciosa

Jasmim Plumeria rubra

Jatobá Hymenaea courbaril

Munguba Pseudobombax munguba

Mangueira Mangifera indica

Pata de vaca Bauhinia sp

Samambaia Pteridium aquilinum

Tamarindo Tamarindus indica

(17)

Pági

na

17

Parâmetros Químicos

As análises em laboratório evidenciaram uma maior variabilidade longitudinal para o parâmetro condutividade elétrica. Os valores encontrados para os pontos de coleta, na nascente e no perímetro urbano, foram respectivamente, 17,84 μS/cm e 116,9 μS/cm. Tal parâmetro relaciona-se com a presença de espécies iônicas que se encontram dissolvidas na água, capacitando-a a conduzir corrente elétrica. Quanto maior for a quantidade de espécies iônicas dissolvidas, maior será, portanto, a condutividade elétrica.

Os valores geralmente encontrados para a condutividade elétrica das águas superficiais diferem muito entre si, podendo ser baixos como 50 μS/cm ou altos como 50.000 μS/cm. Os valores baixos são encontrados em locais onde a precipitação possui baixo teor de espécies iônicas dissolvidas, sendo o local formado por rochas resistentes ao intemperismo. Quanto ao valor de 50.000 μS/cm, este se refere à condutividade elétrica do mar (BARRETO apud PORTO et al, 2009, p. 9).

No que se refere às águas naturais, o valor obtido para a amostra coletada ao longo do percurso do canal urbano está fora do nível superior permitido, que é de 100 μS/cm, tornando-se um indício de ambientes impactados (CETESB, 2009).

A magnitude de modificação da variável em questão pode ser atribuída à interferência de origem antrópica, visto que nas proximidades do ponto de coleta na área urbanizada, há ocupação desordenada do solo sem planejamento integrado entre os serviços de saneamento e de infraestrutura, o que consequentemente, acarreta a movimentação de terra e impermeabilização do solo, permitindo assim, o agravamento dos processos erosivos e transporte de materiais orgânicos e inorgânicos (MOTA, 1995).

É observado que a vistoria realizada pela Prefeitura de Ituiutaba, durante as obras de canalização que sucederam em 2008, foram apontadas áreas marginais do córrego no perímetro urbano, as quais se encontram extremamente degradadas, sendo possível observar a instalação de intensos processos erosivos, com destaque para a evolução de barrancas fluviais rumo às moradias ali localizadas e o assoreamento das margens do córrego. Provavelmente, a própria composição química dos solos latossólicos, que caracterizam a região estudada (predomínio de óxidos hidratados de ferro e/ou alumínio), são responsáveis pelo alto índice de cargas observadas na amostra de água coletada na área urbana, uma vez que os processos de intemperismo propiciam

(18)

Pági

na

18

o carregamento desses íons para os leitos d‟água. Não obstante, há o problema associado às residências que foram construídas entre o emissário da rede de esgoto e o córrego, e que por tal motivo, não são atendidas. Como constatado, essas residências utilizam as margens do córrego para o lançamento direto dos seus efluentes domésticos.

Para o parâmetro pH, obteve-se o valor mínimo de 6.75 para a amostra coletada na nascente e o valor máximo de 7.83 para a amostra coletada no perímetro urbano. Essa variável representa a intensidade da condição ácida ou básica de um determinado meio, a qual está sujeita às suas características naturais e origem, podendo ainda ser influenciada por processos químicos, físicos e biológicos, principalmente, no que se refere ao consumo e/ou produção de dióxido de carbono. Sabe-se que as comunidades aquáticas liberam ou assimilam CO2 do meio, alterando, consequentemente, o balanço entre as formas de carbono inorgânico dissolvido (dióxido de carbono, carbonatos e bicarbonatos) da água, o que ocasiona alterações nos valores de pH (Sawyer et al, 1994 apud PEIXOTO, 2001).

Neste caso, os valores obtidos em ambas as medições se apresentaram próximos à neutralidade e estão compreendidos na faixa de 6.0 a 9.0 conforme estabelecido pela Resolução CONAMA nº 357/2005 para águas doces. Mais uma vez, em comparação à nascente, a qual de certa forma mantém suas características naturais preservadas, pode-se dizer que o fato do pH para a área urbanizada estar acima da neutralidade (caráter ligeiramente básico) deve-se aos processos erosivos e, consequentemente, aos afloramentos rochosos carbonatados que fazem parte da formação geológica da região.

Quanto ao parâmetro temperatura, este apresentou pequena variação ao se comparar ambos os pontos de coleta, sendo que para a nascente obteve-se o valor de T = 21,5 ± 0,5°C e, para o outro ponto da área urbana, o valor de T = 24,0 ± 0,5°C. Isso de fato era esperado, tendo em vista que, há menor incidência de raios solares na nascente se comparado à outra área estudada, como consequência da vegetação que circunda a margem do córrego (FIG. 3). De fato, não são reportados na literatura valores precisos para este parâmetro, que poderiam ser tomados como referência, uma vez que as variações de temperatura são parte do regime climático normal, e corpos d‟água naturais apresentam variações sazonais e diurnas, bem como estratificação vertical. No caso de uma comparação minuciosa, vários fatores tais como: altitude, latitude, estação do ano, período do dia e nível de profundidade, devem ser levados em pauta.

(19)

Pági

na

19

Considerações finais

Poucos são os estudos sobre os aspectos físicos, químicos e biológicos da região das nascentes, dos mananciais próximos à cidade de Ituiutaba. O estudo preliminar do Córrego São José, situado na região central, da referida cidade, demonstra que esta área é de grande importância local, quando considerados os seus aspectos físicos e químicos (geologia, pedologia, geomorfologia, vegetação e hidrografia). Isto se deve, porque este curso d‟água percorre a área urbana do município de Ituiutaba. A importância desta área é relevante, uma vez que, a nascente apresenta uma quantidade considerável de espécies vegetais, demonstrando assim, a ausência de grandes impactos ambientais relacionados ao desmatamento e degradação das margens de leitos fluviais.

Os solos da região são produtos do intemperismo dos sedimentos da Formação Adamantina e Marília e sobre eles se assentam vegetações típicas do cerrado brasileiro. Um total de 18 espécies exóticas e típicas de cerrado foram registradas na nascente do Córrego São José, as quais estão degradadas. É importante ressaltar que, esse número de espécies pode vir a aumentar, uma vez que o levantamento, em algumas áreas da porção média do curso do córrego, não foi amostrado. De modo geral, considera-se que a maior quantidade de espécies encontradas deve ser resposta a um conjunto de fatores explicados pelas peculiaridades (mosaico) da área aqui estudada, assim como a fertilidade do solo, topografia, entre outros.

Embora existam ainda indícios de degradação, pode-se dizer que, a situação concernente à qualidade da água do Córrego São José é promissora, visto que, as variáveis investigadas corroboram, de certa forma, com os padrões estabelecidos pelos órgãos responsáveis. É importante ressaltar o fato de que, o único parâmetro alterado refere-se à condutividade elétrica e que tal medida, é algo bem relativo diante os aspectos negativos apontados.

Diante disso, pode-se dizer que, as medidas adotadas pela Prefeitura Municipal de Ituiutaba, com relação à construção do emissário para coleta de esgoto sanitário que era lançado diretamente no córrego, trouxeram avanços no que diz respeito ao saneamento básico e melhoria da qualidade ambiental da área. Tais intervenções refletiram também nos recursos hídricos, tendo em vista que, a coleta do efluente e a melhoria da drenagem pluvial impactaram positivamente, minimizando os problemas relacionados ao assoreamento do córrego e aos processos erosivos que persistiam até então. A preocupação maior é como o córrego vem sendo tratado pela gestão municipal,

(20)

Pági

na

20

com planejamentos de canalização com concreto, devido ao crescimento da cidade. Pois enquanto em países europeus esse tipo de canalização esta sendo destruído, por danos como enchentes e seca de leitos fluviais, em nosso País esse modelo está sendo utilizado, demonstrando assim, um atraso e copiando modelos antigos, ao invés de, pensar novas maneiras para melhorar o fluxo da cidade e preservação dos córregos.

Alguns projetos como esses já são aplicados no Brasil, com a inserção de vegetação, que consequentemente, podem contribuir para a fauna e a vida humana, ainda mais em uma cidade como Ituiutaba, carente de áreas verdes para sua população. Nas proximidades de leitos seria possível realizar espaços para lazer, mas diante do momento histórico, com o modo de produção capitalista, com interesses econômicos sem se preocupar com a condição de vida do povo, ou atuando apenas para uma determinada classe da população, infelizmente é possível entender porque gestores públicos não estão interessados em adotar essas medidas e ampliar cada vez mais o que é denominado “desenvolvimento”.

Diante do panorama exposto, entende-se que tanto a análise preliminar dessa complexa paisagem, quanto o monitoramento da qualidade da água dessa sub-bacia são de extrema importância, não somente no sentido de compreender a evolução paisagística da região em torno e dentro do sítio urbano de Ituiutaba, mas de investigar o que está sendo alterado devido às atividades antrópicas e o porquê de tais alterações estarem ocorrendo.

Agradecimentos

Aos Profs. MSc. Leonardo Cristian Rocha, Romário Rosa de Sousa, Hélio Carlos Miranda de Oliveira (Curso de Geografia, FACIP/UFU) pelas inúmeras sugestões realizadas durante a confecção deste trabalho; aos Profs. Drs. Anízio Marcio de Faria (Curso de Química, FACIP/UFU) e Roberto Candeiro (Curso de Geografia/FACIP/UFU) pelos apoios concedidos nas análises realizadas no Laboratório de Química (FACIP/UFU) e Laboratório de Geologia (FACIP/UFU). Estendemos estes agradecimentos ao Sr. Joelson (morador da fazenda na área da nascente do córrego) que nos permitiu a entrada e coleta de dados no referido local e ao revisor anônimo da Revista Visão Acadêmica.

(21)

Pági

na

21

Referências:

AB‟ SÁBER, A. Os Domínios de Natureza no Brasil: Potencialidades Paisagísticas, São Paulo: Ateliê Editorial, 2000. p.153.

BARRETO, L; ROCHA, F; OLIVEIRA, M. Monitoramento da Qualidade da Água na Microbacia Hidrográfica do Rio Catolé, em Itapetinga-BA. Enciclopédia Biosfera, Goiânia, v.5, n. 8, 2009. Disponível em: http://www.conhecer.org.br/enciclopedia, Acessado em 15-05-09.

BOTELHO, R.; SILVA, A. Bacia hidrográfica e qualidade ambiental. In: VITTE, A.; CARVALHO, R. Vida e Morte de um Córrego: a história da expansão urbana de Uberaba, MG e do córrego das Lajes. 2008. 304 F. Dissertação, Mestrado em Geografia – Instituto de Geografia, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2008.

CETESB. Variáveis de Qualidade das Águas. Disponível em:

http://www.cetesb.org.br>. Acessado em 18-05-09.

CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Resolução CONAMA 357 de 17 de março de 2005. Brasília, DF. Disponível em: http://www.mma.gov.br, acessado em: 15-08-09.

FERNANDES, L; COIMBRA, A. A Bacia Bauru (Cretáceo Superior, Brasil). Anais da Academia Brasileira de Ciências, Rio de Janeiro, v. 68, n. 2, p. 195-205, jul. 1996. GUERRA, A. Reflexões sobre a Geografia física no Brasil. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004. p. 153-192.

GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS. Protocolo Nº 68775/2008. Uberlândia, 2008, 17p. Disponível em: http://www.google.com.br, acessado em 09-08-10. LIMA, S, ROSSELVELT, J (Org.). Gestão Ambiental da Bacia do Rio Araguari: rumo ao desenvolvimento sustentável. Uberlândia: EDUFU, 2004. p. 125-161.

MAGALHÃES, A, Indicadores Ambientais e Recursos Hídricos: realidade e perspectivas para o Brasil a partir da experiência francesa. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007. p. 171 - 218.

MOTA, S. Preservação e Conservação dos Recursos Hídricos. Rio de Janeiro: ABES, 1995. p.183.

PEREIRA, I, Canalizar Córregos e Rios, Solução ou Mais Problemas. Disponível em:

www.google.com.br/serch, acesso em: 18-05-09.

RESENDE, M; CURI, N; REZENDE, S; COREA, G. Pedologia: bases para distinção de ambientes. Viçosa: NEPUR, 1997. p. 334.

ROCHA, R; MARTIN, E. Análise Preliminar do Estado Ambiental do Córrego Água da Lavadeira, Rancharia-SP: análise física e química da água. AGB/TL, Mato Grosso do Sul, n.2, 2005. Disponível em: www.cptl.ufms.br/revista-geo, acessado em: 12-08-09. ROMITELLI, L; PATERNIANI, J. Diagnóstico Ambiental de Um Trecho do Córrego Bonifácio, APA Jundiaí, São Paulo, v.4, n.1, p. 1-7, 2007. Disponível em: http://www.unipinhal.edu.br, acessado em 08-08-09.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS. Projeto Manuelzão. Disponível em: http://www.manuelzao.ufmg.br/subprojetos/cartilha, acessado em 20-05-09.

(22)

Pági

na

22

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SÃO PAULO. Projeto de Recuperação da Bacia do Córrego Cedro. Disponível em: http://prudente.uniesp.edu.br/projetoambiental/histórico, acessado em 08-06-09.

Dialetos do Brasil: a palatalização dos fonemas  e *

Flávia Leonel Falchi4

Resumo: Este artigo aborda a palatalização dos fonemas  e  junto à vogal 

em alguns dialetos brasileiros, buscando formular uma hipótese que explique tal ocorrência. Desse modo, realiza-se um estudo histórico da língua portuguesa desde sua origem latina, atendo-se às concepções de mudança e variação lingüística. Trabalha-se com os conceitos de consoantes dentais e palatalizadas, bem como com a noção de que a palatalização seria um processo habitual de mudança fonética das línguas, desencadeado, no Brasil, pelo contato da língua portuguesa trazida pelo colonizador com outras línguas. Assim, após analisar, ao longo da história brasileira, a relação do português e demais línguas, formula-se a hipótese de que a palatalização das consoantes  e  em alguns dialetos do Brasil tenha se originado nas línguas indígenas, especialmente na língua geral paulista, e a partir daí, se expandido pelo território brasileiro, principalmente por meio dos bandeirantes. Observa-se ainda uma tendência de crescimento das regiões que realizam fonemas  e  alveopalatais neste país, visto influência exercida por megalópoles palatalizadoras.

Palavras-chave: Língua portuguesa. Variação linguística. Dialetos brasileiros.

Fonética. Palatalização de  e .

Introdução

Toda língua sofre variações. A língua portuguesa, idioma oficial de diferentes países, não é falada da mesma forma em todas as regiões. Prova disso é a existência de

4

Flávia Leonel Falchi é graduanda do terceiro período do curso de Letras da Universidade Federal de Goiás da cidade de Goiânia.

Professora Indicadora do artigo: Doutora Maria Suelí de Aguiar, da Universidade Federal de Goiás;

Campus Samambaia; Faculdade de Letras; Curso de Letras.

Artigo baseado em comunicação realizada pela autora no XI Colóquio de Pesquisa e Extensão da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Goiás.

(23)

Pági

na

23

dialetos dentro do próprio território brasileiro.

Um exemplo de variação fonética que marca os dialetos do Brasil é a que ocorre com os fonemas  e , que, de acordo com a região onde são pronunciados, podem ser produzidos como palatalizados ( e ), quando antecedem a vogal , e/ou dentais ( e ).

Dada à abrangência dessa variação, questiona-se como essa diferença fonética surge.

Tendo-se isso em vista, este artigo, fruto de pesquisa em andamento, tem como objetivo levantar hipótese em busca de uma explicação para o que ocorre com os fonemas  e .

Para isso, foram efetuadas pesquisas sobre a história da língua portuguesa, enfatizando-se as mudanças fônicas que são próprias das línguas.

Assim, o presente artigo realiza inicialmente uma abordagem sobre a origem latina da língua portuguesa, atendo-se à ideia de mudança e variação linguística, para somente depois apresentar um estudo sobre o processo de palatalização em dialetos brasileiros.

Dialetos do Brasil: a palatalização dos fonemas  e 

A língua portuguesa tem suas origens em mudanças linguísticas no latim vulgar, ocasionadas pelo contato deste, em território ibérico, com outras línguas.

Segundo Guimarães (2005),

na Península Ibérica o latim entrou em contato com línguas já ali existentes. Depois houve o contato do latim já transformado com as línguas germânicas, no período de presença desses povos na península (de 406 a 711 d. C.). Em seguida, com a invasão mulçumana (árabe e berberes), esse latim modificado e já em processo de divisão entra em contato com o árabe. Na primeira fase do processo de reconquista da Península Ibérica pelos cristãos, que tinham resistido no norte, os romances (latim modificado por anos de contato com outros povos e línguas) tomaram uma feição específica no oeste da península, formando o galego-português e em seguida o português.

Claro que o português formado a essa época não é o mesmo português falado hoje no Brasil, Portugal, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné Bissau, Timor Leste, São Tomé e Príncipe. Isso porque, as línguas variam: uma única língua possui diferentes falares. Assim, é perfeitamente comum a fala de um paulista se diferenciar da

(24)

Pági

na

24

de um pernambucano, já que a língua, de acordo com Saussure (2003, p. 17), é “um produto social da faculdade da linguagem e um conjunto de convenções necessárias, adotadas pelo corpo social para permitir o exercício dessa faculdade nos indivíduos.” Diferentemente da fala, que é “um ato individual de vontade e inteligência”. (SAUSSURE, 2003, p. 22)

Considerando-se isso, é possível que a fala varie de indivíduo para indivíduo, no vocabulário, na fonética, na morfologia e na sintaxe, conforme fatores como escolaridade, nível econômico, fronteira geográfica, grau de formalidade da situação, entre outros.

Um exemplo de variação fonética é a que ocorre no Brasil com os fonemas  e .

Segundo Callou e Leite (2000, p. 73), esses fonemas “apresentam uma variação sistemática a depender do contexto fônico e da região do país.”

Dessa forma, no Brasil, os fonemas  e , quando antecedem a vogal , podem aparecer como dentais ( e ) ou/e palatalizados ( e ).

Crystal (2000, p. 75, grifo do autor) define como dentais os “sons produzidos com as BORDAS e o ÁPICE da língua contra os dentes” e palatalizados, “qualquer articulação que envolva um movimento da língua em direção ao palato duro.” (CRYSTAL, 2000, p. 193)

Assim, de acordo com Dubois (2004, apud DIAS, 2009, p. 55), a palatalização seria então, “um fenômeno particular de assimilação que algumas vogais e consoantes sofrem em contato com um fonema palatal.”

No português brasileiro, um fonema palatalizador é a vogal alta .

As consoantes  e  de alguns dialetos do Brasil são palatalizadas devido a um processo de assimilação em que o traço [+alto] do fonema  se estende aos fonemas  e . (RIOS, 1996)

Assim, dentro dos diferentes falares do português brasileiro, é possível encontrar variantes condicionadas dos fonemas  e :

(25)

Pági

na

25

Transcrição fonográfica Transcrição fonética Transcrição ortográfica Titulu : ~ : Título

Leiti : ~ : leite

Dica : ~ : dica

Desdi : ~ : desde

Contudo, por que tal palatalização ocorre?

Segundo pesquisas linguísticas, a palatalização é um processo habitual de mudança fonética: “em línguas e épocas muito diferentes, podemos encontrar mudanças fonéticas semelhantes.” (ILARI, 2008, p. 137)

Callou e Leite (2000) chamam atenção para o fato de a variação e a mudança fonológica do ponto de articulação de anterior para posterior parecer representar uma tendência universal.

Poder-se-ia dizer então, que há sons que tendem a se palatalizarem.

Dias (2009, p. 58) observa que “no decorrer da evolução do latim ao português, as consoantes que sofreram o processo de palatalização tiveram como princípio a assimilação do ponto de articulação da vogal alta anterior  que as precediam ou seguiam.”

Desse modo, a palatalização que acontece hoje com os fonemas  e  no português brasileiro seria similar a que o latim passou durante a formação das línguas românicas.

Todavia, se a palatalização das consoantes  e  provém de um sistema habitual de mudança nas línguas, por que esse processo não ocorre, segundo Pagotto (2005), em algumas regiões brasileiras, em Portugal e nos demais países de língua portuguesa? O que teria desencadeado a palatalização dos fonemas  e  em determinados dialetos do Brasil?

De acordo com a pesquisa até então realizada, o português trazido pelos lusitanos durante a colonização não palatalizava esses fonemas. Prova disso é: a fala do povo do litoral nordestino brasileiro, que preserva o maior número de características do português falado na época da colonização, realizar os fonemas  e  como

(26)

Pági

na

26

dentais; e Portugal produzir atualmente os fonemas  e  como  e , o que confirma a hipótese do português trazido pelos portugueses não ser palatal, visto que, como já se expôs, as línguas tendem à palatalização, não o contrário.

Desse modo, consoantes  e  alveopalatais em algumas regiões brasileiras não teriam resultado da conservação do português do colonizador, mas sim, do contato da língua portuguesa com outras línguas ao longo de sua história em território brasileiro.

Segundo Guimarães (2005), o idioma lusitano começa a ser transportado para o Brasil em 1532, com o início efetivo da colonização.

“No primeiro momento da colonização do Brasil, a língua portuguesa teve que dividir o espaço com inúmeras línguas indígenas, com as línguas gerais e também com outras línguas de origens europeias como a holandesa, francesa e espanhola.” (DIAS, 2009, p. 36) Posteriormente, entrou em contato com as línguas africanas dos negros escravizados e ainda com as línguas dos imigrantes italianos, alemães, japoneses, sírio-libaneses, russos, lituanos e austríacos.

Todavia, em meio a tantas línguas, como saber qual/quais desencadeou/ desencadearam o processo de palatalização das consoantes  e  em alguns dialetos brasileiros?

Analisando-se a relação de cada uma dessas línguas com a língua portuguesa e a época em que o contato entre elas se deu, pôde-se perceber que:

a) a língua holandesa certamente não foi a responsável pela palatalização dos fonemas  e  no português brasileiro, já que, segundo Cotrim (2002), os holandeses invadiram o nordeste brasileiro durante o século XVII e permaneceram basicamente em Salvador e Recife, onde hoje se produz  e ;

b) a língua francesa também não palatalizou os fonemas  e  brasileiros, considerando-se que os franceses não chegaram em grande número no Brasil e ainda que, o que se tem mais próximos dos palatalizados  e  na língua francesa são fones falados apenas no leste do Canadá;

c) as línguas africanas dificilmente foram as responsáveis pela palatalização, apesar do número de africanos trazidos para o Brasil entre os séculos XVI e XIX. Isso porque, o litoral nordestino, região brasileira que mais recebeu africanos, realiza hoje, predominantemente,  e ;

(27)

Pági

na

27

depois fracamente durante a União Ibérica (século XVI-XVII) e por último, com a imigração espanhola entre 1890 e 1930, também não foi a língua palatalizadora dos fonemas  e , uma vez que, no espanhol, tais fonemas são dentais ( e ) e até onde se sabe, não existe “despalatalização” nas línguas;

e) a língua italiana, que chegou ao Brasil através das imigrações entre 1890-1930, da mesma forma que a língua espanhola, realiza as consoantes  e  como dentais.

Entretanto, há no italiano dois sons que se assemelham bastante com o som dos palatalizados  e :  e . Contudo, o que se observa na maioria de falantes de italiano e de espanhol (em cujo idioma há o som ) que aprende português, é a tendência em realizar as consoantes  e  como  e  e não,  e , o que anula a hipótese da palatalização dos fonemas  e  no português brasileiro ser uma herança da imigração italiana;

f) as demais línguas presentes no Brasil foram trazidas no final do século XIX e início do século XX, de acordo com Petrone (1985, p. 93 apud COTRIM, 2002, p. 465), por grupos percentualmente menores como “os de alemães, japoneses, sírio-libaneses, russos, lituanos e austríacos”, o que dificulta a hipótese de tais línguas serem as responsáveis pela palatalização do  e .

Assim, com base no exposto, a hipótese alcançada por esta pesquisa, mais aceita até então, é a de que a palatalização dos fonemas  e  teria sido desencadeada por línguas indígenas. Isso porque, segundo Coutinho (2005, p. 322, grifo do autor),

a língua portuguesa, para aqui trazida pelos descobridores e colonos lusos, apesar do prestígio que lhe dava uma civilização notável e o poder das armas, [...] não conseguiu, como falsamente se poderia supor, pronta vantagem sobre a língua geral dos índios – o tupi.

[...] Os cruzamentos, que aqui se verificavam, eram quase todos de mulheres índias com homens do reino.

Ocupados estes nos misteres agrícolas ou comerciais, que lhes absorviam o tempo, não lhes sobrava lazer para ministrarem aos seus descendentes os conhecimentos do idioma pátrio, deixando às mulheres ou companheiras a oportunidade para os iniciarem no manejo da língua nativa.

[...] Além disso, [os missionários jesuítas] nos colégios que criavam, mantinham sempre o ensino do idioma tupi, cujas lições eram ministradas aos filhos dos colonos de par com o português.

(28)

Pági

na

28

De acordo com Teyssier (2007, p. 94-95),

durante muito tempo o português e o tupi viveram lado a lado como línguas de comunicação. [...] Em 1694, dizia o Pe. António Vieira que “as famílias dos portugueses e índios em São Paulo estão tão ligadas hoje umas com as outras, que as mulheres e os filhos se criam mística e domesticamente, e a língua que nas ditas famílias se fala é a dos índios, e a portuguesa a vão os meninos aprender à escola.”

Somente no início do século XIX é que o português consegue eliminar a língua geral como língua comum, mais de meio século depois do Édito dos Índios, que proíbe o uso da língua geral na colônia.

Assim, não se pode negar que o tupi, ao lado das demais línguas indígenas brasileiras, tenha influenciado a atual língua portuguesa brasileira. Desse modo, considerando-se que é “no decorrer do século XVIII que se documentam as primeiras alusões aos traços específicos que caracterizam o português falado no Brasil” (TEYSSIER, 2007, p. 95), é possível que a palatalização das consoantes  e  em alguns dialetos tenha se originado nas línguas indígenas, mais precisamente nas línguas do tronco Tupí, uma vez que, segundo pesquisas de Leite (1995), a palatalizada  pode ser encontrada no Tapirapé, língua indígena da família Tupí-Guaraní.

A palatalização dos fonemas  e  em dialetos brasileiros pode até mesmo ter sido ocasionada pela própria língua geral paulista, originada, segundo Rodrigues (1994, p. 102), “na língua dos índios Tupí de São Vicente e do alto rio Tietê”. Conforme Dias (2009), o tupi (língua geral paulista) era falado em São Paulo, região em que Coutinho (2005) chega a dizer que houve certa predileção por essa língua.

Contudo, se for certa tal hipótese, como se explicaria a palatalização dos fonemas  e  para além do território paulista?

De acordo com Teyssier (2007, p. 94), “era o tupi que utilizavam os bandeirantes nas suas expedições.”

Assim, “nas suas entradas pelo sertão brasileiro, estabelecendo a ligação entre o litoral e o interior, os bandeirantes, entre os quais havia ordinariamente condutores índios, faziam do abanheém o instrumento das suas comunicações diárias.” (COUTINHO, 2005, p. 323. grifo do autor)

Dessa forma, teriam sido os bandeirantes que saíam de São Paulo os principais responsáveis por expandir a palatalização do  e  pelo Brasil.

(29)

Pági

na

29

Mapa 1 – Principais bandeiras (séculos XVII e XVIII) – Disponível em: http://www.juserve.de/rodrigo/atlas% 20historico/Entradas%20e%20Bandeiras.jpg. Acessado em: 16-11-09.

Infelizmente, até hoje não se tem um mapeamento dialetológico de todo o território brasileiro. Porém, mesmo assim é possível perceber que há grande semelhança entre o trajeto dos bandeirantes mostrado no mapa “Principais bandeiras (séculos XVII e XVIII)” e as regiões onde hoje se realiza fonemas  e  palatalizados: “no Sudeste brasileiro, descendo até a região Sul, com exceção do litoral catarinense e outras ilhas, subindo até a capital baiana, entrando pelo Centro-Oeste e tomando o Norte do país” (PAGOTTO, 2005).

A presença conjunta de  e  palatalizados e dentais em certas regiões do Brasil pode ser explicada historicamente pelas imigrações recebidas por essas localidades. O Amazonas, por exemplo, na época do auge da exploração da borracha (século XIX e XX), recebeu inúmeros nordestinos nativos de áreas onde os fonemas  e  são pronunciados como dentais, o que certamente colaborou para a co-existência de , ,  e  nesse estado.

Quanto às regiões palatalizadoras, poder-se-ia dizer que tendem a se expandir. Isso se considerarmos a grande influência que as megalópoles São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte (produtoras de consoantes  e  palatalizadas) exercem sobre o português de

(30)

Pági

na

30

todo o Brasil. Essa tendência se confirma na tese de mudança fonética habitual das línguas aqui apresentada, e ainda, no fato de que “dentro de uma perspectiva variacionista se tem como certo que toda mudança pressupõe variação, ou seja, para que a mudança ocorra a língua tem necessariamente de passar por um período em que há variação, em que coexistem duas ou mais variantes.” (CHAGAS, 2002, p. 152) Assim, tomando como base

o caso em que há apenas duas variantes, uma mais antiga [ e , visto ser herança lusitana] e outra mais nova [ e ], poderemos constatar que gradativamente a distribuição das variantes passa de um predomínio da variante mais antiga para um predomínio da variante mais nova, até que haja a substituição completa. (CHAGAS, 2002, p. 152)

Conclusão

Segundo os estudos aqui realizados sobre a palatalização dos fonemas  e  no Brasil, a hipótese mais aceita até então para explicar a presença de tal processo fonético em alguns dialetos brasileiros, é a de que a palatalização tenha sido desencadeada pelo contato da língua portuguesa com línguas indígenas brasileiras, já que estas línguas conviveram por um longo tempo durante a colonização.

Assim, supõe-se que o processo de palatalização das consoantes  e  tenha se originado especialmente na língua geral falada na região a que hoje corresponde ao estado de São Paulo, e a partir daí, tenha se espalhado pelo Brasil: inicialmente, através das bandeiras e posteriormente, pela influência de megalópoles palatalizadoras, como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte; o que teria sido facilitado pela tendência de palatalização das línguas.

Todavia, se for mesmo verdadeira tal hipótese para a palatalização dos fonemas  e , resta saber com certeza se foi realmente a língua geral paulista que a desencadeou.

Justamente isso é que se pretende responder com o avanço desta pesquisa.

“No final das contas, a rigor, ainda temos muito que descobrir a respeito das línguas.” (BELINE, 2002, p.139)

Referências:

BELINE, R. A Variação Linguística. In: FIORIN, J. Introdução à Linguística. São Paulo: Contexto, 2002. p. 121-140.

CALLOU, D.; LEITE, Y. Iniciação à Fonética e à Fonologia. 7. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000.

CHAGAS, P. A Mudança Linguística. In: FIORIN, J. L. Introdução à Linguística. São Paulo: Contexto, 2002. p. 141-163.

(31)

Pági

na

31

COUTINHO, I. História da Língua Portuguesa. In: _____. Pontos de Gramática Histórica. 7. ed. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 2005. p. 46-57.

_____. O Português do Brasil. In: _____. Pontos de Gramática Histórica. 7. ed. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 2005. p. 322-341.

CRYSTAL, D. Dicionário de Linguística e Fonética. Trad. Maria Carmelita Pádua Dias. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000.

DIAS, A. Processo de Palatalização no Português: Lagoa da Pedra e Canabrava – TO. 2009, 176f. Dissertação (Mestrado em Letras e Linguística) – Faculdade de Letras. Universidade Federal de Goiás. Goiânia, 2009.

GUIMARÃES, E. A Língua Portuguesa no Brasil. Ciência e Cultura, São Paulo, v. 57,

n. 2, jun. 2005. Disponível em:

http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext& pid=S0009-67252005000200015&lng=pt&nrm=iso. Acessado em 04-11-09.

ILARI, R. Característica Fonológicas do Latim Vulgar. In: _____. Linguística Românica. 3. ed. São Paulo: Ática, 2008. p. 72-87.

_____. Fatores de Dialetação do Latim Vulgar. In: _____. Linguística Românica. 3. ed. São Paulo: Ática, 2008. p. 135-139.

LEITE, I. Estrutura Silábica e Articulação Secundária em Tapirapé. In: WETZELS, W. L. Estudos Fonológicos das Línguas Indígenas Brasileiras. Rio de Janeiro: UFRJ, 1995. p. 151-194.

PAGOTTO, E. Variedades do Português no Mundo e no Brasil. Ciência e Cultura, São Paulo, v. 57, n. 2, jun. 2005. Disponível em: http://cienciaecultura. bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009-67252005000200017&lng=pt&nrm= iso. Acessado em: 04-11-09.

RIOS, L. Fonologia. Cadernos de Pesquisa do ICHL: cadernos de Letras, Goiânia, n. 7, p. 35-46, 1996.

RODRIGUES, A. Línguas Brasileiras: para o conhecimento das línguas indígenas. 2. ed. São Paulo: Loyola, 1994.

SAUSSURE, F. Curso de Linguística Geral. Trad. Antônio Chelini, José Paulo Paes, Izidoro Blikstein. 25. ed. São Paulo: Cultrix, 2003.

TEYSSIER, P. História da Língua Portuguesa. Trad. Celso Cunha. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

Prosa e Poesia em Prosas Seguidas de Odes Mínimas, José Paulo Paes

Renata Magalhães Vaz5

Resumo: O presente trabalho propõe-se fazer uma leitura da obra Prosas seguidas de Odes Mínimas , considerando a ligação que o poeta estabelece com a tradição e

5

Graduanda em Letras pela Universidade Estadual de Goiás (UEG); Unidade Universitária Goiás. Professora indicadora do artigo: Doutora Célia Sebastiana Silva UFG/CEPAE Goiânia.

(32)

Pági

na

32

focalizando, de maneira especial, o modo como ele desenvolve sua poesia na referida obra estreitando os limites entre prosa e poesia. Quanto à tradição, mostra-se a forte ligação de Paes com seus precursores, notadamente percebida com Drummond e Bandeira, não deixando que passe despercebido o trabalho memorialístico realizado pelo poeta e sua posição na contemporaneidade. Assim, analisa-se também a ode sob a ótica irônica e humorística, pontos marcantes de Paes, que conduzem sua produção à crítica pessoal e à auto-ironia. Serão usados como fundamentação os teóricos da modernidade como Octavio Paz, Eliot, Guinsburg, teóricos de gêneros literários como Emil Staiger e alguns estudos críticos.

Palavras-Chave: José Paulo Paes. Prosa e poesia. Modernidade. Tradição. Ode.

Introdução

José Paulo Paes foi poeta, ensaísta e tradutor. Ele se diferencia dos demais escritores pelas características inovadoras e conciliadoras, pois não se prendeu às dicotomias, mesmo quando foram exigências da época. O poeta relê a tradição observando-a sob outra perspectiva, a historiográfica.

Paes ainda trabalha com linguagem breve e pessoal, que é tida como irônica e humorística. Ele foge às regras estéticas impostas pela sociedade e pelos escritores da época e busca em seus trabalhos valorizar ao máximo a arte em si e não cair no caos da modernidade, no qual houve hipervalorização da tecnologia, da informática e revolução da comunicação.

Como conseqüência, surgiu a desvalorização das obras e da literatura, a qual, segundo Candido (2004), passou a ser vista não como direito de todos, mas assegurada a uma minoria. No entanto, a literatura deve ser concebida em seu sentido amplo, é ela que garante o equilíbrio social, que gera o sonho das grandes civilizações e cria a possibilidade da denúncia, do combate, das manifestações, das negações e da luta em si. Ainda consoante a Candido (2004), a literatura é a construtora da estrutura e do significado, ela é forma de expressão e conhecimento. Ela tira as palavras do nada e as organiza em um todo articulado comunicando e humanizando. Por seu intermédio o poeta transforma o informal ou aquilo que aparentemente não se pode expressar em estrutura, e dá forma aos sentimentos e à visão de mundo, que é trabalhada por Paes, o qual se revela escritor atento aos problemas sociais e às condições do ser humano moderno e urbano.

O poeta publicou inúmeras obras, dentre elas dezessete livros de poesias, onze obras ensaísticas, estudos, traduções e dedicou-se ainda à literatura infanto-juvenil. A

(33)

Pági

na

33

obra Prosas seguidas de Odes Mínimas foi publicada em 1992, pela Companhia das Letras e é considerada uma das melhores obras da literatura contemporânea brasileira.

Em Prosas seguidas de Odes Mínimas há as odes, as quais, de acordo com D‟Onofrio (2007), caracteriza-se pelo tom elevado e sublime que trata dos assuntos, aproximando o eu do poeta ao dos leitores, e não deixa que o sentimentalismo se sobreponha ao conteúdo. Na prosa e na poesia, segundo Paz (1996), há semelhança quanto à presença do ritmo na linguagem, pois a linguagem nasce do ritmo e este precede a fala. No entanto, o ritmo é condição primordial para que haja a obra poética, mas é dispensável para a prosa. Prosa e poesia se diferem quanto à forma, conteúdo, posicionamento social e imagem.

Dessa maneira, o presente artigo tem como foco abordar o conteúdo acima mencionado e realizar, com base em fundamentações teóricas, um estudo acerca das aproximações e diferenças entre prosa e poesia, com o intuito de investigar o conceito de ode e a desconstrução desse conceito em Prosas seguidas de Odes Mínimas. Para tal, foram abordadas as características da produção literária de José Paulo Paes, os aspectos importantes de Prosas seguidas de Odes Mínimas, a diferença entre prosa e poesia na obra de Paes, o sentido em que a ode se configura na obra em análise de José Paulo Paes e suas características, ressaltando a desconstrução feita por Paes dentro da forte ironia, mostrando essa desconstrução como característica típica da contemporaneidade.

Rosa e Poesia em Prosas Seguidas de Odes Mínimas, José Paulo Paes

José Paulo Paes publicou inúmeras obras, dentre elas dezessete livros de poesias, onze obras ensaísticas, estudos, traduções e dedicou-se ainda à literatura infanto-juvenil. A obra Prosas seguidas de Odes Mínimas foi publicada em 1992, pela Companhia das Letras, e está entre as melhores obras de literatura contemporânea brasileira.

Prosas seguidas de Odes Mínimas é um dos livros mais completos do autor. A obra faz abordagem que vai do lirismo à crítica política, com um trabalho de temas muito próximos, o que incentiva a reflexão de nossa própria existência. O nome do livro, Prosas seguidas de Odes Mínimas, é instigador, pois é como se o autor quisesse „camuflar‟ o quanto de poesia há em cada parte do livro, já que anula a possibilidade, a priori, de se existir poesia em suas prosas, fato que cai por terra ao se ler e analisar os textos, que nada mais são que prosas poéticas.

Paes organizou sua obra de maneira a percorrer todos os ciclos da vida. De seu primeiro poema – Escolha de túmulo – até o último – A um recém-nascido – o poeta

Referências

Documentos relacionados

Para produção total, comercial e massa média das raízes comercializáveis, assim como altura da planta, teor de ácido ascórbico e acidez titulável, melhores resultados foram

Adicionalmente à avaliação de conforto térmico pelos métodos analítico e adaptativo, procedeu-se a interpretação dos questionários para pesquisas instantâneas,

Objetivando desenvolver um maior contato dos alunos com os insetos, foram elaboradas e aplicadas atividades em três turmas do ensino médio da Escola de Referência em Ensino

Com base no trabalho desenvolvido, o Laboratório Antidoping do Jockey Club Brasileiro (LAD/JCB) passou a ter acesso a um método validado para detecção da substância cafeína, à

• Quando o navegador não tem suporte ao Javascript, para que conteúdo não seja exibido na forma textual, o script deve vir entre as tags de comentário do HTML. <script Language

A titulo de contribuição ao Fundo de Assistência ao Empregado às empresas abrangidas pelo presente Convenção Coletiva de Trabalho da categoria, filiadas ou não

Objetivo: Este trabalho analisou o grau de força muscular concêntrica e excêntrica de quadríceps e isquiotibiais quando comparado com o membro não operado, após os

O projeto foi desenvolvido com oito alunos da graduação da Faculdade Pio Décimo com o objetivo de ensinar o processo de fermentação alcoólica sofrido pela glicose, como