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PROCEDIMENTO COMUM Nº 5001571-93.2016.4.04.7118/RS AUTOR: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

RÉU: NADIR MONTANHA

ADVOGADO: FRANCESCA DOS SANTOS

AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL : APS ATENDIMENTO DEMANDAS JUDICIAIS PASSO FUNDO -PROCESSOS ADMINISTRATIVOS

SENTENÇA

I - RELATÓRIO

Trata-se de ação ressarcitória regressiva de indenização proposta pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS em face de NADIR MONTANHA, pretendendo a condenação do réu ao pagamento de todos os gastos relativos à concessão do benefício previdenciário nº 154.760.113-0 (pensão por morte).

Narrou, em breve síntese, que no dia 02/03/2007, Dilva Zanchett Montanha foi brutalmente assassinada pelo réu, vindo este a ser processado na Comarca de São Miguel do Oeste, SC, processo nº 2007.053103-2 e condenado pelo Plenário do Tribunal do Júri a pena de 13 anos e 02 meses de reclusão, decisão mantida pelo Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina. Disse que, anos depois, no dia 30/12/2010, Nadir solicitou o benefício de pensão por morte junto ao INSS, Agência de Carazinho, e obteve o deferimento, causando danos à Autarquia. Refere que, após regular processo administrativo, a defesa apresentada foi insuficiente para a demonstração da regularidade do benefício, o que motivou o cancelamento da pensão. Requer o ressarcimento pelos pagamentos realizados. Juntou documentos (E1).

A inicial foi recebida e determinada a citação do réu (E3). Foi anexado ao feito o processo administrativo (E6). Citado, o réu apresentou contestação (E11)

O INSS apresentou réplica à contestação no E18.

Nada mais sendo requerido, vieram os autos conclusos para sentença. É o relatório. Decido.

II - FUNDAMENTAÇÃO

O INSS ingressou com a presente demanda, objetivando o ressarcimento dos gastos com pagamento de pensão por morte, decorrente homicídio praticado pelo beneficiário contra sua ex-mulher, Sra. Diva Zanchett Montanha, em 02/03/2007, que resultou na

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5001571-93.2016.4.04.7118 710003590306 .V27 FJZ© FJZ condenação do réu à pena de 13 (treze) anos e 02 (dois) meses de reclusão, pelo Plenário do Tribunal do Júri, nos autos do processo nº 2007.053103-2, na Comarca de São Miguel do Oeste/SC.

Esclareceu que o requerido, anos depois do homicídio, no dia 30/12/2010, solicitou benefício de pensão por morte junto ao INSS e obteve deferimento e que somente no ano de 2014 o INSS, ao obter conhecimento do crime, instaurou o devido processo administrativo para apuração da irregularidade, que motivou o cancelamento da pensão.

A parte ré, por sua vez, sustentou ausência de intenção de causar lesão ao erário. Afirma não ter ocultado nenhuma informação e nem agido de má-fé. Disse que à época da instituição do benefício não havia previsão legal na esfera previdenciária quanto à possibilidade de exclusão do autor como benefício da pensão por morte, uma vez que o instituto da indignidade não existia perante a Legislação Previdenciária e não caberia a aplicação da analogia em prejuízo do segurado. Por fim, refere que a base legal utilizada pela Autarquia Previdenciária é o art. 120 da Lei 8.213/91, todavia, o dispositivo legal é taxativo quanto à possibilidade de ingresso de tal ação em ações que versem sobre a segurança do trabalho, onde há culpa do empregador, inaplicável, assim, a presente situação.

Primeiramente, é preciso salientar que os casos de ações regressivas a serem propostas pelo INSS não se restringem ao disposto no art. 120 da Lei 8.213/91, abaixo transcrita:

Art. 120. Nos casos de negligência quanto às normas padrão de segurança e higiene do trabalho indicados para a proteção individual e coletiva, a Previdência Social proporá ação regressiva contra os responsáveis.

Afinal, a norma apenas determinou à Autarquia especial atenção à matéria "negligência quantos às normas padrão de segurança e higiene do trabalho indicados para a

proteção individual e coletiva", não tendo, em nenhum momento, fechado as portas do Judiciário aos demais casos que impliquem em dano ao patrimônio do Instituto.

Por sinal, não faria sentido algum em criar óbices à indenização baseado em dolo, permitindo-a apenas em casos culposos, o que faz concluir que o caso em tela se resolve pela regra geral da responsabilidade civil, ou seja, na forma dos artigos 186 e 927 do Código Civil, in verbis:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

Portanto, para que seja reconhecido o dever do réu indenizar o INSS, devem estar presentes os seguintes pressupostos:

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a) ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência; b) violação de direito ou dano;

c) nexo de causalidade (entre a ação ou omissão e o dano)

No caso em tela, a ação voluntária do réu Nadir Montanha consistiu na prática de homicídio de sua ex-companheira, Sra. Diva Zanchett Montanha.

In casu, tenho que a existência de ato ilícito voluntário, restou exaustivamente demonstrada pelos documentos apresentados nos autos referentes à condenação do réu, à pena de 13 (treze) anos e 02 (dois) meses de reclusão pelo Plenário do Tribunal do Júri, nos autos do processo nº 2007.053103-2, na Comarca de São Miguel do Oeste/SC, pela prática do delito de homicídio qualificado em face de sua ex-esposa, instituidora do benefício de pensão, conforme documentos juntados ao E1, PROCADM2, OUT5 e OUT6.

O dano do INSS, por seu turno, está configurado, na medida em que o homicídio deu origem à pensão por morte em favor do próprio réu, NB 154.760.113-0, ônus suportado pelo INSS no período de 30/12/2010 a 31/08/2014.

O nexo de causalidade, por sua vez, está presente, pois resta claro que o homicídio praticado pelo réu deu origem à pensão por morte por ele próprio requerida, causando prejuízo ao autor.

Assim, presentes seus fundamentos, está configurado o ato ilícito (artigo 186 do Código civil), razão pela qual entendo legítima a pretensão do INSS de obter o ressarcimento pelos valores pagos a título de pensão por morte ao réu (artigo 927 do Código Civil).

A propósito, cumpre esclarecer que o pagamento do benefício efetivamente deriva da condição de segurada da falecida. Contudo, a finalidade institucional do INSS não impede a busca do ressarcimento quando o evento gerador do seu dever de pagar benefício decorrer da prática de ato ilícito, ainda que a regulamentação somente tenha se dado no que toca ao acidente de trabalho.

Neste caso, embora o direito de regresso do INSS esteja assegurado nos artigos 120 e 121 da Lei de Benefícios da Previdência Social (Lei 8.213/91), que autoriza o ajuizamento de ação regressiva contra a empresa empregadora que causa dano ao instituto previdenciário em razão de condutas negligentes, há necessidade de uma interpretação sistemática/integrativa, com base nos artigos 186 e 927 do Código Civil, que obrigam qualquer pessoa a reparar o dano causado a outrem.

Portanto, apesar de o regramento fazer menção específica aos acidentes de trabalho, é a origem do ato ilícito, neste caso, que viabiliza o direito de ressarcimento da autarquia previdenciária.

Nesse diapasão, a jurisprudência, consoante julgado trazido à colação:

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5001571-93.2016.4.04.7118 710003590306 .V27 FJZ© FJZ EX-MARIDO. VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER. RESPONSABILIDADE CIVIL DO AGENTE, QUE DEVERÁ RESSARCIR O INSS PELOS VALORES PAGOS A TÍTULO DE PENSÃO POR MORTE. CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. 1. Cabe ao agente que praticou o ato ilícito que ocasionou a morte do segurado efetuar o ressarcimento das despesas com o pagamento do benefício previdenciário, ainda que não se trate de acidente de trabalho. Hipótese em que se responsabiliza o autor do homicídio pelo pagamento da pensão por morte devida aos filhos, nos termos dos arts. 120 e 121 da Lei nº 8.213/91 c/c arts. 186 e 927 do Código Civil. 2. O ressarcimento deve ser integral por não estar comprovada a co-responsabilidade do Estado em adotar medidas protetivas à mulher sujeita à violência doméstica.3. Incidência de correção monetária desde o pagamento de cada parcela da pensão. 4. Apelação do INSS e remessa oficial providas e apelação do réu desprovida. (APELREEX 5006374-73.2012.404.7114,Terceira Turma, Relator p/ Acórdão CARLOS EDUARDO THOMPSON FLORES LENZ, D.E. 09/05/2013).

Destarte, merece acolhida a pretensão veiculada na presente demanda, devendo o requerido ressarcir o INSS pela integralidade dos valores pagos a título da pensão por morte NB nº 154.760.113-0.

Na atualização dos valores da condenação deve-se observar a incidência de: a) correção monetária pelo IPCA-E desde o desembolso de cada parcela do benefício (STJ, Súmula nº 43) até o efetivo pagamento; b) juros de mora de 1% ao mês (CC, artigo 406; CTN, artigo 161, § 1º) desde a citação (Código Civil, artigo 405).

Do prequestionamento

No intento de evitar eventual oposição de embargos de declaração com a finalidade de interposição de recurso às Cortes Superiores, dou por prequestionados os dispositivos legais e constitucionais mencionados pelas partes e nesta decisão.

III - DISPOSITIVO

Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido formulado pelo INSS, com fundamento no art. 487, inciso I, do Código de Processo Civil, para condenar o requerido Nadir Montanha a ressarcir ao INSS os valores pagos em razão da concessão do benefício de pensão por morte NB nº 154.760.113-0, em decorrência do óbito da segurada Sra. Dilva Zanchett Montanha.

Tais valores devem ser atualizados monetariamente pelo IPCA-E desde cada desembolso até o efetivo pagamento e acrescidos de juros de mora de 1% ao mês, a contar da citação, nos termos da fundamentação.

Conforme estabelece o artigo 85 do CPC, condeno o requerido ao pagamento de custas processuais e honorários advocatícios a serem fixados observados os critérios dos incisos I a IV do seu §2º, em percentual que será definido quando liquidado o julgado dentro das respectiva faixas previstas nos incisos do seu §3º, conforme determina o §4, inciso II, do referido artigo. A exigibilidade, contudo, fica suspensa, ante o benefício da AJG, que concedo ao réu.

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5001571-93.2016.4.04.7118 710003590306 .V27 FJZ© FJZ Havendo interposição de recurso, intime-se a parte contrária para apresentação de contrarrazões, nos termos do artigo 1.010, § 1º, do CPC.

Juntadas as respectivas contrarrazões e não havendo sido suscitadas as questões referidas no §1º do artigo 1.009 do CPC, remetam-se os autos ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região.

Caso suscitada alguma das questões referidas no §1º do artigo 1.009 do CPC, intime-se o recorrente para manifestar-se, no prazo previsto no §2º do mesmo dispositivo.

Publicação e registro autuados eletronicamente. Intimem-se. Cumpra-se.

Documento eletrônico assinado por CESAR AUGUSTO VIEIRA, Juiz Federal, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador 710003590306v27 e do código CRC b1a53f92.

Informações adicionais da assinatura: Signatário (a): CESAR AUGUSTO VIEIRA Data e Hora: 26/01/2017 13:28:12

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