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Dissipação dos Inseticidas Bifentrina e Deltametrina em Arroz Armazenado

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Academic year: 2021

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1Departamento de Entomologia, Campus Universitário, Universidade Federal de Viçosa, CEP:

36570-900 Viçosa, MG. E-mail: mariane.avila@ufv.br

2 Departamento de Engenharia Agrícola, Campus Universitário, Universidade Federal de Viçosa, CEP: 36570-900

Viçosa, MG. E-mail: lfaroni@ufv.br, fernanda.heleno@ufv.br

3 Departamento de Química, Campus Universitário, Universidade Federal de Viçosa, CEP: 36570-900 Viçosa, MG.

E-mail: meliana@ufv.br

Dissipação dos Inseticidas Bifentrina e

Deltametrina em Arroz Armazenado

Mariane Borges Rodrigues de Ávila

1

; Lêda Rita D’Antonino

Faroni

2

; Fernanda Fernandes Heleno

2

; Rodrigo Iglesias

Almeida

2

; Maria Eliana Lopes Ribeiro de Queiroz

3

; Lucas

Henrique Figueiredo Prates

2

RESUMO

Agrotóxicos são usados globalmente para a proteção de alimentos ou como fitossanitários. Dentre os compostos mais utilizados como inseticidas protetores, tem-se o grupo químico dos piretróides. Desta forma, sua utilização teve uma crescente expansão e a presença residual desses inseticidas nos alimentos pode ser um risco à população devido aos efeitos adversos que podem causar em longo prazo. Os inseticidas piretróides quando ingeridos podem ser absorvidos pelo trato gastrointestinal, sendo metabolizados no fígado por meio de reações de oxidação e hidrólise de ésteres desencadeando atividades repetitivas. Assim, a utilização destes compostos químicos, por um lado gera benefícios, e por outro, é responsável pela contaminação do solo, água e alimentos. Em decorrência disto, este trabalho tem o objetivo de avaliar a dissipação dos inseticidas bifentrina e deltametrina em grãos de arroz durante o armazenamento a 25 °C. De acordo com os resultados obtidos, houve dissipação de 40% dos resíduos de deltametrina após duas semanas de armazenamento. No entanto, não houve dissipação significativa do inseticida bifentrina no arroz durante os 35 dias de armazenamento.

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INTRODUÇÃO

A população mundial cresceu de 2,5 bilhões em 1950 para 61 bilhões no ano de 2000. Até o ano de 2050 estima-se que a população mundial atinja 9,1 bilhões. O alimento é uma necessidade básica da vida e para garantir a maior eficiência na produção destes faz-se o uso de agrotóxicos. No entanto, alimentos contaminados com agrotóxicos estão associados a efeitos graves sobre a saúde do ser humano. Por isso, é pertinente explorar estratégias que tratam dessa questão de segurança alimentar (CARVALHO, 2006).

Agrotóxicos (inseticidas, fungicidas, etc.) são usados globalmente para a proteção de alimentos ou como fitossanitários (KAUSHIK et al., 2009). Dentre os compostos mais utilizados como inseticidas protetores, tem-se o grupo químico dos piretróides, que apresentam alta eficácia no controle de pragas. Desta forma, sua utilização teve uma crescente expansão e a presença residual desses inseticidas nos alimentos pode ser um risco à população devido aos efeitos adversos que podem causar em longo prazo. Assim, a determinação de resíduos de piretróides em alimentos e no ambiente tem sido exigida por consumidores, produtores e autoridades de vigilância sanitária a fim de garantir a segurança alimentar (SANTOS et al., 2007; FREITAS et al., 2014).

Os inseticidas piretróides quando ingeridos podem ser absorvidos pelo trato gastrointestinal, sendo metabolizados no fígado por meio de reações de oxidação e hidrólise de ésteres. A primeira ação destes inseticidas no sistema nervoso é a indução de atividades repetitivas e duradouras como tremores, salivação excessiva, lacrimejamento, hipersecreção nasal, cãibras musculares e convulsões, pois são venenos axônicos que atuam nos canais de sódio impedindo a transmissão do impulso nervoso (MIYAMOTO et al., 1995).

Assim, utilização destes compostos químicos, por um lado gera benefícios, e por outro, é responsável pela contaminação do solo, água e alimentos. A determinação de resíduos de pesticidas em alimentos e em amostras ambientais é importante devido ao risco que estes compostos oferecem à saúde humana, além da sua persistência no meio ambiente e tendência de bioacumulação (PRESTES, 2009). Em decorrência disto, este trabalho tem o objetivo de avaliar a dissipação dos inseticidas bifentrina e deltametrina em grãos de arroz durante o armazenamento.

MATERIAL E MÉTODOS

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com uma solução contendo bifentrina na concentração de 0,4 mg kg-1 e com

solução contendo deltametrina na concentração de 0,5 mg kg-1. Estas soluções

de pulverização foram preparada diluindo os produtos comerciais, ProStore 25 CE® (bifentrina, 16 mL t-1) e K-25 Obiol CE® (deltametrina, 20 mL t-1) nas doses

recomendadas pelo fabricante, em 2,0 L de água. A solução de pulverização foi aplicada nos grãos sobre uma lona de plástico usando um pulverizador manual. Em seguida, os grãos foram homogeneizadas usando um rodo e deixou-se repousar durante 24 h. Depois, os grãos foram armazenados em câmaras B.O.D. (Marconi MA 415, Piracicaba, Brasil) na temperatura de 25 °C durante 50 dias.

De acordo com o intervalo de segurança estabelecido pela ANVISA, periodicamente, (0, 7, 14, 21, 28 e 35 dias) porções de 100 g do arroz contaminado com bifentrina e, periodicamente (0, 7, 14 e 21 dias) porções de 100 g do arroz contaminado com deltametrina foram trituradas e submetidas à extração sólido-líquido com partição em baixa temperatura (ESL/PBT). A extração foi realizada em triplicata com amostras de 2,0000 g do arroz triturado. À esta amostra foram adicionados 2,0 mL de água e 4,0 mL do solvente extrator (acetonitrila). Em seguida, agitou-se por 1 min em vortex e deixou-se resfriar por 6 h em freezer a -20 °C para separação das fases aquosa e orgânica. Os extratos orgânicos (1 mL) foram transferidos para um vial de 1,8 mL de capacidade para análise cromatográfica.

Foi utilizado um cromatógrafo a gás, Shimadzu (Kyoto, Japão), modelo GC-2014 equipado com um detector de captura de elétrons (CG/DCE). A separação cromatográfica dos analitos foi realizada usando uma coluna capilar HP-5 (Agilent Technologies, Palo Alto, CA, EUA) com uma fase estacionária composta de 5% de difenil e 95% de dimetilpolissiloxano (30 m x 0,25 mm, 0,1 mm de espessura de filme) e Nitrogênio foi usado como gás de arraste (1,2 cm3 min -1).

Os resíduos dos inseticidas nos grãos foram quantificados pelo método de superposição de matriz utilizando curvas analíticas com concentrações que variaram do limite de quantificação do método (LQ bifentrina = 0,08 mg kg-1 e LQ

deltametrina = 0,021 mg kg-1) até o dobro do limite máximo de resíduos estabelecido

pela ANVISA (LMR bifentrina = 0,7 mg kg-1 e LMR deltametrina = 1,0 mg kg-1).

Os resultados foram avaliados estatisticamente pela comparação entre grupos, por meio de análise de variância (ANOVA) com post hoc teste de Tukey, com 5% de significância.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram encontrados resíduos dos inseticidas piretróides no arroz em concentrações próximas aos LMRs que são 0,7 mg kg-1 e 1 mg kg-1, para bifentrina

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e deltametrina, respectivamente. Esta concentração não variou significativamente durante o armazenamento de 35 dias para a bifentrina. Para a deltametrina houve diferença significativa a partir da segunda semana do armazenamento a 25 °C (Tabela 1).

Tabela 1. Dissipação dos inseticidas bifentrina e deltametrina no arroz armazenado

a 25 °C. Tempo de armazenamento (Semanas) Concentração de Bifentrina (mg kg-1) Concentração de Deltametrina (mg kg-1) 0 0,57 a 0,59 a 1 0,72 a 0,57 a 2 0,70 a 0,36 b 3 0,75 a 0,37 b 4 0,53 a - 5 0,55 a - 

Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5 % de significância.

Na Figura 1, pode-se observar que mesmo após os intervalos de segurança estabelecidos pela ANVISA (4 semanas para bifentrina e 2 semanas para a deltametrina), os resíduos dos inseticidas foram encontrados nos grãos de arroz armazenados (ANVISA, 2014). Porém, em concentrações inferiores a limite máximo de resíduos estabelecido pela ANVISA.

Afridi et al., 2001 também mostraram a dissipação de agrotóxicos em arroz. Estes autores estudaram a estabilidade de organofosforados e piretróides em trigo armazenado. Eles observaram que durante o período de armazenamento de 13 semanas os resíduos persistiram em 68,4 e 73,6% nos grãos armazenados a 25 °C com teores de umidade de 13 a 10% b.u., respectivamente. Porém, no armazenamento à temperatura de 40 °C, nos mesmos teores de umidade, os níveis dos resíduos caíram para 3,03 e 1,36%, respectivamente.

No entanto, Zhao et al., 2011 avaliaram a dissipação de resíduos de fenpropidin no trigo e no solo sob condições de campo e observaram que a meia-vida do inseticida variou de 3,1 a 3,3 dias em plantas de trigo e 13,4 a 16,5 dias nos solos. Durante a época da colheita, os resíduos de fenpropidin no trigo estavam abaixo do limite máximo de resíduos estabelecido pela legislação europeia (LMR, 0,5 mg kg-1), quando avaliados 20 dias após a aplicação final, o

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Figura 1. Variação das concentrações dos inseticidas bifentrina e deltametrina no

arroz armazenado a 25 °C

De acordo com os resultados obtidos, houve dissipação de 40% dos resíduos de deltametrina após duas semanas de armazenamento. No entanto, não houve dissipação significativa do inseticida bifentrina no arroz durante os 35 dias de armazenamento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AFRIDI I. A.K., PARVEEN Z., MASUD S. Z., Stability of organophosphate and pyre-throid pesticides on wheat in storage. Journal of Stored Products Research, v.37,

p.199-204, 2001.

CARVALHO F. P., Agriculture, pesticides, food security and food safety. Environ-mental science & policy v.9, p.685–692, 2006.

FREITAS R. S.; QUEIROZ M. E. L. R.; FARONI L. R. D.; HELENO F. F.; MOURA V. V. Desenvolvimento do método de extração sólido-líquido com partição em baixa temperatura para determinação de inseticidas em grãos de milho ozonizados. Quim. Nova, v.37, n.2, p.238-243, 2014.

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KAUSHIK G., SATYA S., NAIK S.N., Food processing a tool to pesticide residue dis-sipation – A review. Food Research International, v.42, p.26–40, 2009.

MIYAMOTO, J.; KANEKO, H.; TSUJI, R.; OKUMO, Y. Pyrethroids, nerve poisons: how their risks should be assessed to human health. Toxicology letters, v.82/83,

n.1, p.933-940, 1995.

PRESTES, O. D.; FRIGGI, C. A.; ADAIME, M. B.; ZANELLA, R. QuEChERS - Um método moderno de preparo de amostra para a determinação multirresíduo de pes-ticidas em alimentos por métodos cromatográficos acoplados à espectrometria de massas. Química Nova, v.32, n.6, p.1620-1634, 2009.

SANTOS M. A. T.; AREAS M. A.; REYES F. G. R., Piretróides – uma visão geral.

Alim. Nutr., Araraquara v.18, n.3, p.339-349, 2007.

ZHAO H., XUE J., JIANG N., PENG W., LIU F., Dissipation and residue of fenpropidin in wheat and soil under field conditions. Ecotoxicology and Environmental Safety,

Referências

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