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PERFIL DAS LESÕES PÉLVICAS EM ATLETAS

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PERFIL DAS LESÕES PÉLVICAS EM ATLETAS

PELVIC INJURY PROFILE IN ATHLETES

Roberto Dantas de Queiroz1, Rogerio Teixeira de Carvalho2, André Orlandi Bento3, Rafael Mohriak de Azevedo4, Moisés Cohen5

RESUMO

Objetivo: Estudar o perfil das lesões pélvicas em atletas e rela-cionar com o esporte praticado, a faixa etária, o sexo e o nível competitivo. Métodos: Por meio de análise observacional, foram avaliados atletas entre janeiro de 2005 e dezembro de 2007. O diagnóstico das lesões foi realizado por um único examinador especialista em quadril, através da história, manobras clínicas e exames subsidiários. A análise estatística foi realizada através do software SPSS 17.0 (Statistical Package for the Social Sciences), que permitiu estabelecer relações entre as variáveis. Resultados: Foram avaliados 192 atletas que somaram 211 lesões. Destes 134 eram do sexo masculino e 58 do feminino. A idade variou de 13 a 40 anos, com média de 30 anos. Na população feminina as lesões mais encontradas foram as tendinopatias, as bursites e as lesões do lábio acetabular, enquanto que os homens foram mais acometidos por estiramentos musculares e pubalgias. As moda-lidades esportivas mais comuns foram: o atletismo, o futebol, o futebol de salão e as artes marciais. A análise do nível esportivo dos atletas identificou 95 atletas amadores, 68 profissionais, 20 recreacionais e nove universitários. Não achamos diferenças significativas quanto ao nível competitivo. Conclusão: Os es-tiramentos musculares foram mais comuns abaixo de 18 anos. Acima dos 40 anos predominaram as tendinopatias, as bursites e a osteartrose. As modalidades com maior incidência de lesões foram o atletismo e o futebol. A pubalgia apresentou maior in-cidência no futebol.

Descritores – Pelve/lesão; Quadril; Atletas

ABSTRACT

Objective: To study the profile of pelvic lesions in athletes and relate to the sport, age, gender and competitive level. Methods: Through observational analysis, athletes were evaluated between January 2005 and December 2007. The diagnosis of lesions was performed by a single examiner specialist in hip, throughout history, clinical maneuvers and tests. Statistical analysis was performed using SPSS 17.0 (Statistical Package for the Social Sciences), which established relations between the variables. Results: There were 192 athletes who totaled 211 injuries. Of these 134 were male and 58 female. The age ranged from 13 to 40 years, mean 30 years. In the female population over the injuries found were tendinopathy, bursitis, and injuries of the acetabular labrum, while men were more affected by muscular strains and osteits pubic. The most common sports were athletics, football, indoor soccer and martial arts. The analysis of the level of sports athletes identified 95 amateur, 68 professional and 20 recreational nine uni-versity. We find no significant differences regarding the competitive level. Conclusion: The most common muscular strains were below 18 years. Above 40 years predominated tendinopathy, bursitis and osteartrose. Modalities with a higher incidence of injuries were the athletics and football. Groin pain was the higher incidence in football.

Keywords – Pelvis/injury; Hip; Athletes

1 – Doutor em Ortopedia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Médico Assistente do Centro de Traumatologia do Esporte (CETE) da UNIFESP. Diretor do Serviço de Ortopedia e Traumatologia do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE) do Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual (IAMSPE) – São Paulo, SP, Brasil.

2 – Médico Assistente do Centro de Traumatologia do Esporte (CETE) da UNIFESP. Médico Assistente do Serviço de Ortopedia e Traumatologia do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE) – São Paulo, SP, Brasil.

3 – Fisioterapeuta do Centro de Traumatologia do Esporte (CETE) da UNIFESP

4 – Residente em Ortopedia do Centro de Traumatologia do Esporte (CETE) da UNIFESP– São Paulo, SP, Brasil.

5 – Professor Livre-Docente e Chefe do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) – São Paulo, SP, Brasil. Trabalho realizado no Centro de Traumatologia do Esporte (CETE) da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).

Correspondência: Rua Estado de Israel, 638, Vila Clementino – 04022-000 – São Paulo, SP. Tel.: (11) 5082-3010 / (11) 5081-3746. E-mail:robdanqueiroz@globo.com Trabalho recebido para publicação: 10/01/2011, aceito para publicação: 14/03/2011.

Os autores declaram inexistência de conflito de interesses na realização deste trabalho / The authors declare that there was no conflict of interest in conducting this work

Este artigo está disponível online nas versões Português e Inglês nos sites: www.rbo.org.br e www.scielo.br/rbort This article is available online in Portuguese and English at the websites: www.rbo.org.br and www.scielo.br/rbort

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INTRODUÇÃO

A pelve e o quadril assumem um papel biomecânico fundamental na maioria das atividades esportivas(1). A

anatomia desta região é adaptada para absorver e trans-ferir forças como a de reação do solo e a transmissão da energia cinética gerada no esqueleto axial para os membros inferiores e superiores(2).

Estudos demonstram que as cargas aplicadas no qua-dril durante a atividade esportiva são de até oito vezes maiores em comparação à posição ortostática(3).

As lesões na pelve dos adultos correspondem por 2 a 5% de todas as lesões esportivas(4). No entanto, em

crianças a incidência das lesões é proporcionalmente mais alta, e pode acometer ao redor de 20% de todas as lesões decorrentes da prática esportiva(5,6). Essas lesões

podem acarretar um período de afastamento prolongado da atividade esportiva, sendo que, em alguns casos, pode levar até o encerramento precoce da carreira(2,5,7).

Os esportes que apresentam como gestos esportivos movimentos com deslocamentos laterais e rotacionais, e aqueles com movimentos repetitivos envolvendo chutes são os que mostram maior risco para o desenvolvimento do quadril doloroso no atleta(2,8).

As lesões pélvicas podem ser diferenciadas em intra-articulares e articulares. As lesões extra-articulares são decorrentes de atividades repetitivas que causam inflamações, tendinopatias e bursites. As lesões intra-articulares mais comuns são: a lesão do lábio acetabular(labrum), lesões condrais, impacto fêmoro-acetabular, sinovites e lesões do ligamento redondo. Em alguns casos, essas lesões podem coexistir, uma vez que desordens extra-articulares podem aparecer em conseqüência de afecções intra-articulares(5,9).

As considerações anatômicas e biomecânicas das lesões nesta área, estão entre as alterações mais com-plexas do sistema músculo-esquelético, o que dificulta o diagnóstico e tratamento(10).

Existem afecções de outros sistemas próximos que não são de origem ortopédicas, como lesões no trato urinário, desordens intra-abdominais, problemas nos ór-gãos genitais, que podem causar sintomas semelhantes aos causados pelas lesões ortopédicas na cintura

pél-vica(4,11,12). Da mesma forma, lesões na região lombar

podem causar dores irradiadas para região inguinal(1,13).

Alguns estudos relacionaram o esporte à maior pro-pensão para o surgimento de determinadas lesões pélvi-cas através da análise do movimento e da biomecânica que o esporte exige, enquanto outros estudos de caráter

epidemiológico analisaram um esporte específico e as principais lesões decorrentes em determinada moda-lidade(6,14,15). Porém, há uma escassez na literatura de

estudos epidemiológicos referentes às lesões pélvicas em atletas e a relação com a modalidade praticada(2).

Os estudos que avaliam as lesões mais comuns em determinada articulação constituem uma importante ferramenta, para o entendimento e desenvolvimento de programas preventivos, cuja meta final consiste em pro-teger e aprimorar o desempenho dos atletas, conforme a faixa etária, o sexo e o esporte praticado. No entanto, não existem estudos nacionais concernentes as lesões pélvicas em atletas.

O objetivo deste estudo é realizar uma análise ob-servacional do perfil das lesões pélvicas em atletas e relacionar com o esporte praticado, a faixa etária, o sexo e o nível competitivo dos atletas.

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética Mé-dica em Pesquisa da instituição sob o número 0728/10. Nesse estudo observacional os dados foram coletados no ambulatório de quadril do Centro de Traumatologia do Esporte (CETE) da Universidade Federal de São Paulo(UNIFESP) entre janeiro de 2005 e dezembro de 2007. Neste período, foram avaliados 192 atletas com sintomas pélvicos e regiões ao redor.

Todos os atletas foram avaliados por um examinador experiente especialista em quadril (R.D.Q.). No proto-colo de avaliação inicial constava os dados da anamnese (nome, idade, sexo, esporte praticado, nível competiti-vo, queixas principais, tempo e mecanismo de lesão), o exame físico (inspeção, palpação, exame de força e flexibilidade e testes especiais). Exames complementa-res foram solicitados conforme a hipótese formulada. Os demais testes diagnósticos realizados seguiram o protocolo da Tabela 1 abaixo.

Nos casos em que houve suspeita de afecção não- referente a problemas ortopédicos, os atletas foram en-caminhados ao médico especialista em clínica geral. Os pacientes com suspeita de lesões lombares foram en-caminhados para o ambulatório de coluna para serem avaliados pelo médico especialista em coluna no esporte.

Outros diagnósticos foram encontrados durante a investigação através do protocolo de avaliação e foram listados nos resultados.

As lesões foram diferenciadas em intra-articulares, extra-articulares, lesões na articulação do púbis e lesões

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Tabela 1 – Critérios diagnósticos e exames complementares de imagem específicos de cada lesão.

Avaliação Clínica Exame de imagem complementar

Lesão muscular Nas lesões musculares, o diagnóstico foi realizado

através do mecanismo de lesão, inspeção do local, palpação, dor ao teste de força do músculo lesionado e do alongamento.

Foi realizado exame para avaliar a amplitude de movimento, testes de força e testes especiais como o FADURI e o FABERE.

Bursites Através da palpação dolorosa da área acometida

e sintomas do paciente. Foram utilizados outros testes para lesão intra-articular e para descartar lesões associadas.

Foi realizado exame para avaliar a amplitude de movimento, testes de força e testes especiais como o FADURI e o FABERE.

Lesões do lábio acetabular

Foi realizado exame para avaliar a amplitude de movimento, e testes de força e testes especiais como o FADURI e o FABERE.

Foram solicitadas radiografias para verificar alterações ósseas, ressonância magnética e artro-ressonância, em alguns casos, para a confirmação do diagnóstico.

Impacto fêmoro-acetabular

Foi realizado exame para avaliar a amplitude de movimento, testes de força e testes especiais como o FADURI e o FABERE.

Foram solicitadas radiografias para verificar alterações ósseas, ressonância magnética e artro-ressonância, em alguns casos, para a confirmação do diagnóstico.

Pubeítes e sinfisites

Foi realizado exame para avaliar a amplitude de movimento, testes de força e testes especiais como o FADURI e o FABERE.

Foram solicitadas radiografias para verificar alterações ósseas, ressonância magnética e artro-ressonância, em alguns casos, para a confirmação do diagnóstico.

Legenda: FADURI: flexão, adução e rotação interna ; FABERE: teste de Patrick-Fabere

ortopédicas não relacionadas à pelve ou quadril; e afec-ções não ortopédicas.

Na análise dos dados, os atletas foram separados quanto ao sexo em dois grupos (masculino e femini-no). Quanto à idade, os atletas foram separados em três grupos: até 18 anos, de 19 a 40 anos e acima de 41 anos.

Os atletas também foram agrupados de acordo com o esporte praticado. Os atletas de atletismo foram sepa-rados em três grupos: corredores, saltadores e arremes-sadores. Os atletas praticantes de esportes de luta com movimento de chute, como karatê, taekendô e kung-fu foram agrupados no grupo de artes marciais, pelo fato do gesto esportivo ser semelhante. Os atletas das demais lutas como boxe, judô, jiu-jitsu, luta olímpica, foram analisados separadamente, devido ao gesto esportivo ser peculiar para cada modalidade. Os atletas que pratica-vam balé ou dança de salão também foram agrupados no grupo denominado dança.

Em relação ao nível competitivo, os atletas foram agrupados em 4 grupos: amador, profissional, univer-sitário e recreacional. Os atletas foram considerados profissionais, quando filiados a alguma federação es-portiva e que recebiam apoio financeiro mensal para desenvolver a atividade. Os atletas amadores, foram considerados aqueles que apesar de filiados a alguma federação, não recebiam nenhum apoio financeiro. Os atletas universitários foram considerados os que

prati-cavam o esporte representando alguma universidade e os atletas recreacionais foram aqueles que não eram fi-liados a nenhuma instituição, porém praticavam alguma atividade física regular.

ANÁLISE ESTATÍSTICA

As informações obtidas a partir da amostra dos pa-cientes foram processadas através do software SPSS 17.0 (Statistical Package for the Social Sciences). Esse programa permitiu a construção de tabelas simples para a descrição da amostra e de tabelas cruzadas que permi-tiram estabelecer relações entre as variáveis analisadas no estudo. Algumas figuras foram construídos para ilus-trar o comportamento de algumas variáveis.

RESULTADOS

Foram avaliados 192 atletas que somaram 211 le-sões. Destes 134 eram do sexo masculino e 58 do sexo feminino com uma média de idade de 30 anos, sendo a maioria entre 19 e 40 anos (Figuras 1 e 2).

Os principais esportes que culminaram com a procu-ra do atleta pelo serviço de saúde foprocu-ram atletismo, fute-bol, futebol de salão e artes marciais. A análise do nível esportivo dos atletas identificou 95 atletas amadores, 68 profissionais, 20 recreacionais e nove universitários (Figura 3).

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Figura 1 – Distribuição da

amostra por sexo.

Figura 3 – Distribuição do nível esportivo por sexo e idade (em

anos).

Figura 4 – Lesões diagnosticadas.

Figura 5 – Lesão encontrada de acordo com o sexo do atleta. Figura 2 – Distribuição da

amostra por idade em anos.

Os pacientes procuraram o atendimento ambulatorial específico do quadril e região pélvica devido a queixas classificadas como extra-articulares, intra-articulares, pubalgias, lesões ortopédicas não relacionadas ao qua-dril ou pelve e lesões não ortopédicas.

Dentre as lesões extra-articulares destacaram-se os estiramentos musculares e as tendinopatias. As lesões intra-articulares mais encontradas foram lesões do lábio acetabular e impacto fêmoro-acetabular. As pubalgias englobam uma variedade de enfermidades acometendo a sínfise púbica e adjacências. Na categoria “lesões orto-pédicas não relacionadas ao quadril” podemos destacar as lombalgias e lombociatalgias e as hérnias inguinais encontradas foram designadas como lesões não ortopé-dicas e foram encaminhadas para avaliação especiali-zada (Figura 4).

Na população feminina as lesões encontradas mais freqüentemente foram as tendinopatias, as bursites e as lesões lábio acetabular(labrum), enquanto que os ho-mens foram mais acometidos por estiramentos muscu-lares e pubalgias (Figura 5).

Com relação a faixa etária, a população mais jovem, até 18 anos, apresentou mais comumente os estiramen-tos musculares. Na população adulta entre 19 e 40 anos a distribuição de lesão foi mais uniforme, enquanto que a faixa etária acima dos 40 anos foi mais acometida pelas tendinopatias e bursites (Figura 6).

Figura 6 – Influência da idade no diagnóstico.

O treinamento de determinada modalidade esporti-va foi crucial no desenvolvimento de lesões específi-cas. Praticantes de artes marciais, jogadores de futebol

30% 70% 17% 21% ATÉ 18 19-40 41-62% AMADORES (n = 95) M ATÉ 18 19-40 41-71 24 20 8 6 20 45 53 13 30 4 6 0 8 1 11 1 48 12 3 PROFISSIONAIS (n = 68) 7% 1% 24% 15% 53% SEXO SEXO 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% IMP ACTO

LESÃO DE LABRUMOSTEOAR TROSEOUTROS ESTIRAMENTO MUSCULAR BURSITE TENDINOP ATIA CONTUSÃO MUSCULAR COXA SAL TANS PUBALGIA

ORTOP NÃO QUADRILNÃO OR TOPÉDICAS

IDADE ATÉ 18 IDADE 19-40

100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% IMP ACTO

LESÃO DE LABRUMOSTEOAR TROSE OUTROS ESTIRAMENTO MUSCULAR BURSITE TENDINOP ATIA CONTUSÃO MUSCULAR COXA SAL TANS PUBALGIA

ORTOP NÃO QUADRILNÃO OR TOPÉDICAS

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41-de campo e 41-de salão apresentaram mais estiramentos musculares e pubalgias. Dentre os atletas praticantes de atletismo, os corredores foram mais afetados pelos estiramentos musculares e tendinopatias enquanto os arremessadores, saltadores e barreiristas foram mais propensos a desenvolver lesões do lábio acetabular. Nenhum padrão de ocorrência de lesão foi identificado quando os atletas foram separados de acordo com o nível competitivo.

A diferença entre o número de atletas (192) e o nú-mero de lesões (211) identificadas ocorreu devido a pos-sibilidade de um quadril ser acometido simultaneamente por mais de uma afecção ou da possível incidência bi-lateral no momento do exame.

Não houve significância estatística que pudesse dife-renciar o nível competitivo com o padrão de incidência e tipo das lesões apresentadas pelos esportistas (Figura 7).

Figura 7 – Lesões por nível competitivo.

Os esportes com maior incidência de lesões foram o atletismo e o futebol, sendo que cada modalidade apre-sentou características específicas de exigências físicas e problemas extrínsecos relacionados ao treino. Futebolis-tas apresentaram proporcionalmente maior incidência de pubalgia que qualquer outra modalidade esportiva. No atletismo a diferença foi mais significante: entre os cor-redores houve maior incidência de lesões extra-articula-res do quadril, principalmente estiramentos musculaextra-articula-res e tendinopatias. Entre os saltadores, arremessadores e barreiristas, representados por três saltadores e dois atle-tas do arremesso e corrida com barreiras, a incidência foi exclusivamente de alterações intra-articulares, mais especificamente lesões no labio acetabular como repre-sentado na Figura 8.

Figura 8 – Esportes praticados pelos atletas com as lesões

analisadas. A letra n indica o número de praticantes do deter-minado esporte, enquanto as categorias de lesões indicadas e sua proporcionalidade dentro do esporte. Importante verificar que pode haver mais casos de lesão do que número de atletas em cada modalidade.

O padrão de incapacidade física gerado pela prática do esporte denota que o gesto esportivo é responsável pela sobrecarga da região afetada. Quando associamos com o fato que o nível competitivo não altera a inci-dência das lesões vemos que o gesto esportivo é pro-porcionalmente constante dentro dos diferentes níveis de rendimento. Não necessariamente por um atleta ser profissional ele terá um gesto esportivo mais correto que um atleta amador da mesma modalidade. Estas caracte-rísticas são determinadas pela ênfase na correção técnica do gesto esportivo e pela sobrecarga de treinos ao qual o

60 50 40 30 20 10 0 EXTRA-AR TICULARES INTRA-AR TICULARESPUBALGIA ORTOP NÃO QUADRILNÃO OR

TOPÉDICASAMADOR PROFISSIONAL RECREATIVO UNIVERSITÁRIO ATLETISMO (n = 65) FUTEBOL (n = 35) FUTSAL (n = 18) ARTES MARCIAIS (n = 9) NATAÇÃO (n = 8) MUSCULAÇÃO (n = 6) JUDÔ (n = 5) VÔLEI (n = 5) CICLISMO (n = 5) TRIATHLON (n = 4) DANÇA (n = 4) HANDEBOL (n = 3) TÊNIS (n = 3) ATL SALTO (n = 3) BASQUETE (n = 3) LUTA OLÍMPICA (n = 2) SKATE (n = 2) ARREMESSO (n = 2) SURFE (n = 2) TÊNIS DE MESA (n = 1) JIU JITSU (n = 1) BOXE (n = 1) ESCALADA (n = 1) SQUASH (n = 1) RUGBY (n = 1) GINÁSTICA OLÍMPICA (n = 1) BEISEBOL (n = 1)

INFLUÊNCIA DA MODALIDADE ESPORTIVA NA INCIDÊNCIA DAS LESÕES

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

INTRA-ARTICULARES PUBALGIAS LESÕES NÃO ORTOPÉDICAS

EXTRA-ARTICULARES LESÕES ORTOPÉDICAS NÃO PÉLVICAS

9 53 19 10 2 2 2 2 2 9 5 5 3 3 3 3 6 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 4 5 1 6 4 4 3 4 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 3 1 3 2 2 1

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atleta é submetido. Não houve diferenças significativas quanto ao nível competitivo.

As afecções relacionadas a coluna vertebral que motivaram a procura pelo ambulatório foram em sua maioria lombalgias mecânicas com pequena incidên-cia de herniações ou protusões discais. Os pacientes identificados com essas lesões foram encaminhados para o ambulatório de coluna para o atendimento especializado.

DISCUSSÃO

As lesões no quadril e pelve em atletas tem rece-bido pouca atenção na literatura. A anatomia com-plexa, a proximidade com outros sistemas e a difi-culdade diagnóstica das lesões contribuem para a demora na identificação do problema e tratamento adequado nessa região músculo-esquelética(9,10,12,13).

As forças atuantes na cintura pélvica podem chegar a 8 x o peso corporal do praticante de corrida em trotes leves e nas corridas vigorosas e movimentos envolvendo salto esse valor tende a aumentar progres-sivamente e sobrecarregar os estabilizadores estáticos e dinâmicos(2,3,14-16).

Em nosso estudo, o diagnóstico das lesões intra--articulares foi tardio devido a vários fatores como: a demora do atleta para a procura de centro especializa-do, dificuldade e demora (média:três meses) no acesso para a obtenção de exames subsidiários de alto custo como ressonância magnética e artro-ressonância, além da complexidade para a interpretação dos achados obtidos, o que por vezes, inviabilizava a compreensão e a associação entre vários diagnósticos. Esses obs-táculos foram relatados em outros centros(4,10,12,17,18).

As lesões intra-articulares foram mais comuns nos atletas masculinos na faixa etária entre 19 e 40 anos que consiste no período de maior rendimento e exposição a treinamentos e competições. Nas lesões do lábio acetabular é necessário a realização de exames complementares como a ressonância magnética(19-22).

Quanto às atletas femininas as lesões mais comuns às contusões musculares, as lesões não ortopédicas e as bursites. As contusões predominaram em esportes com contato. Dentre as lesões não ortopédicas predominaram as afecções genito-urinárias como cistites e do sistema gastro-intestinal. Tais achados reiteram a necessidade de investigação nas áreas próximas ao quadril como recomendam outros autores(9,10,12,20,23,24).

Os estiramentos musculares foram às lesões mais comuns na faixa etária abaixo de 18 anos e em atletas masculinos praticantes de atletismo. O grupo muscular mais afetado foram os isquiotibiais na porção proximal, devido a solicitação constante dessa musculatura durante a corrida, salto e acele-rações que necessitam de grandes velocidades e força na contração. A variação na tensão na unida-de músculo-tendínea contribui para o aparecimento das lesões em diferentes graus, conforme descrito em outro estudo(25,26). Os flexores do quadril e

adu-tores também foram acometidos por estiramentos principalmente em modalidades com movimentos de arranque e mudanças repentinas de direção como o futebol de salão.

Na faixa etária acima dos 40 anos houve predomi-nância de atletas do sexo masculino com osteoartose precoce denotando possível sobrecarga ocorrida ao longo dos anos em modalidades que apresentam for-ças axiais sobre a articulação, como o atletismo de longa distância e que impactaram negativamente no rendimento ocasionando a suspensão ou mudança de modalidade pelo atleta como em outros estudos(27,28).

As tendinites e as bursites também foram predominan-tes nessa faixa etária.

Nos atletas praticantes de futebol que apresentaram pubalgia notamos a predominância do sexo masculi-no, excesso de treinamento e presença de desequilí-brio entre a musculatura adutora e reto do abdômen que foram achados comuns em outro estudo(29).

Esse estudo apresenta limitações como: uma amostra pequena, tempo de seguimento curto, tem-po de lesão do atleta até a procura do atendimento especializado, graduação da intensidade da dor nos diferentes estágios, tratamentos prévios realizados, falha na avaliação do nível de retorno ao esporte, tempo de afastamento após a lesão, reincidência de certas lesões, principalmente as lesões musculares e tendinopatias.

CONCLUSÃO

Os estiramentos musculares foram mais comuns na faixa etária abaixo de 18 anos..Acima dos 40 anos predominaram as tendinopatias, as bursites e a ostear-trose. As modalidades com maior incidência de lesões foram o atletismo e o futebol. A pubalgia apresentou maior incidência no futebol.

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