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Bem de família. Fonte: Jurisprudência do STJ, Lei e Flávio Tartuce

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Academic year: 2021

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Bem de família

Fonte: Jurisprudência do STJ, Lei e Flávio Tartuce

Conceito de bem de família​: O bem de família pode ser conceituado como o imóvel utilizado como residência da entidade familiar, decorrente de casamento, união estável, entidade monoparental, ou entidade de outra origem, protegido por previsão legal específica.

Na realidade jurídica nacional, conforme se expôs, faz-se interpretação extensiva de proteção da moradia para atingir o imóvel onde reside pessoa solteira, separada ou viúva (Súmula 364 do STJ).

Existem duas formas de bem de família no direito, quais sejam voluntário e legal: -Bem de família voluntário ou convencional – com tratamento no Código Civil de 2002 entre os seus arts. 1.711 a 1.722. – Bem de família legal – regulado pela Lei 8.009/1990.

De acordo com tartuce: cumpre relevar que o Superior Tribunal de Justiça entendeu recentemente que o rol das exceções à proteção do bem de família é meramente ​exemplificativo​ (​numerus apertus​).

É importante salientar que esta legislação em comento é uma norma de ordem pública, que visa garantir o princípio da dignidade da pessoa humana e sua família. Vejamos o que dispõe o Artigo 1º:

Art. 1º O imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é ​impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra

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natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses previstas nesta lei.

Parágrafo único. A impenhorabilidade compreende o imóvel sobre o qual se assentam a construção, as plantações, as benfeitorias de qualquer natureza e todos os equipamentos, inclusive os de uso profissional, ou móveis que guarnecem a casa, desde que quitados.

É importante mencionar também que são excluídos da impenhorabilidade os veículos de transporte, obras de arte e adornos suntuosos, conforme previsão legal do Artigo 2º da presente Lei.

Em julgado do ano de 2012, acabou por deduzir a Corte que a proteção da citada impenhorabilidade não pode prevalecer nos casos em que o devedor atua de má-fé, alienando todos os seus bens e fazendo restar apenas o imóvel de residência.

De acordo com o STJ (Súmula 205 do STJ): a Lei 8.009/1990 tem eficácia

retroativa​, atingindo as penhoras constituídas antes da sua entrada em vigor.

Trata-se do que denominamos retroatividade motivada ou justificada, em prol das normas de ordem pública. Sendo norma de ordem pública no campo processual, a impenhorabilidade do bem de família legal ​pode ser conhecida de ofício pelo juiz​!

Caso ocorra a sua penhora, antes da arrematação, o proprietário do bem de família pode opor a sua impenhorabilidade por meio de simples petição (STJ, AgRg

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no REsp 292.907/PR). Bem como o bem de família é considerado como irrenunciável (STJ, REsp 511.023/PA).

De acordo com a legislação, para ser considerado como bem de família, é necessário que seja efetivamente a sua moradia. Vejamos: “Art. 5º Para os efeitos de impenhorabilidade, de que trata esta lei, considera-se residência um único imóvel utilizado pelo casal ou pela entidade familiar para moradia permanente”.

Caso tenha vários imóveis utilizados como residência, a impenhorabilidade do bem de família recairá sobre o bem de MENOR VALOR (Artigo 5º, parágrafo único da Lei).

Atenção​! Súmula 486 do STJ: “é impenhorável o único imóvel residencial do devedor que esteja locado a terceiros, desde que a renda obtida com a locação seja revertida para a subsistência ou a moradia da sua família”.

Atenção​! Súmula 499, STJ: “A vaga de garagem que possui matrícula

própria no registro de imóveis não constitui bem de família para efeito de penhora”. Um ponto digno de atenção, são as hipóteses de impenhorabilidade, que foram alteradas recentemente. Vejamos:

Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido:

II - pelo titular do crédito decorrente do financiamento destinado à construção ou à aquisição do imóvel, no limite dos créditos e acréscimos constituídos em função do respectivo contrato;

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III – pelo credor da pensão alimentícia, resguardados os direitos, sobre o bem, do seu coproprietário que, com o devedor, integre união estável ou conjugal, observadas as hipóteses em que ambos responderão pela dívida; (Redação dada pela Lei nº 13.144 de 2015)

IV - para cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições devidas em função do imóvel familiar;

V - para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo casal ou pela entidade familiar;

VI - por ter sido adquirido com produto de crime ou para execução de sentença penal condenatória a ressarcimento, indenização ou perdimento de bens.

VII - por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação. (Incluído pela Lei nº 8.245, de 1991)

Sobre o ponto, temos alguns julgados do Tribunais superiores para destacar: 1) Súmula 549, STJ: “é ​válida a penhora de bem de família pertencente a fiador

de contrato de locação”;

2) “Impenhorabilidade do bem de família e contratos de locação comercial. Não é penhorável o bem de família do fiador, no caso de contratos de locação comercial. Com base neste entendimento, a Primeira Turma, por maioria e em conclusão de julgamento, deu provimento a recurso extraordinário em que se discutia a possibilidade de penhora de bem de família do fiador em contexto de locação comercial. Vencidos os Ministros Dias Toffoli (relator) e

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Roberto Barroso que negaram provimento ao recurso. Ressaltaram que o Supremo Tribunal Federal pacificou o entendimento sobre a constitucionalidade da penhora do bem de família do fiador por débitos decorrentes do contrato de locação. A lógica do precedente é válida também para os contratos de locação comercial, na medida em que – embora não envolva o direito à moradia dos locatários – compreende o seu direito à livre-iniciativa. A possibilidade de penhora do bem de família do fiador – que voluntariamente oferece seu patrimônio como garantia do débito – impulsiona o empreendedorismo, ao viabilizar a celebração de contratos de locação empresarial em termos mais favoráveis. Por outro lado, não há desproporcionalidade na exceção à impenhorabilidade do bem de família (Lei n.º 8009/1990, art. 3.º, VII). O dispositivo legal é razoável ao abrir a exceção à fiança prestada voluntariamente para viabilizar a livre-iniciativa” (STF, RE 605.709/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, Red. p/ ac. Min. Rosa Weber, j. 12.06.2018, Informativo n. 906 do STF).

3) A caução imobiliária oferecida em contrato de locação não consta como uma situação na qual o art. 3º da Lei autorize a penhora do bem de família.

Assim, não é possível a penhora do bem de família mesmo que o proprietário tenha oferecido o imóvel como caução em contrato de locação.

STJ. 3ª Turma. REsp 1873203-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 24/11/2020 (Info 683).

4) O inciso VI do art. 3º da Lei nº 8.009/90 afirma que é possível a penhora do bem de família caso ele tenha “sido adquirido com produto de crime ou para execução de sentença penal condenatória a ressarcimento, indenização ou perdimento de bens”. Para a incidência da exceção prevista no art. 3º, VI, da Lei nº 8.009/90, ​é indispensável que a sentença penal condenatória já

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tenha transitada em julgado, por não ser possível a interpretação extensiva​. STJ. 3ª Turma. REsp 1823159-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi,

julgado em 13/10/2020 (Info 681);

5) Não se pode penhorar o bem de família com base no inciso IV do art. 3º da Lei 8.009/90 se o débito de natureza tributária está relacionado com outro imóvel que pertencia ao devedor (Informativo 665, STJ);

6) A proteção legal conferida ao bem de família pela Lei nº 8.009/90 não pode ser afastada por renúncia do devedor ao privilégio, pois é princípio de ordem pública, prevalente sobre a vontade manifestada. A despeito disso, o bem de família legal não gera inalienabilidade. Logo, é possível que o proprietário pratique atos de disposição dele, podendo, por exemplo, oferecê-lo como objeto de alienação fiduciária em garantia. A utilização abusiva do direito à proteção do bem de família viola o princípio da boa-fé objetiva e, portanto, não deve ser tolerada. Assim, deve ser afastado o benefício conferido ao titular do bem de família que exerce o direito em desconformidade com o ordenamento jurídico. STJ. 4ª Turma. REsp 1595832-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 29/10/2019 (Info 664);

7) O simples fato de o imóvel ser de luxo ou de elevado valor, por si só, não afasta a proteção prevista na Lei nº 8.009/90 ​. Assim, prevalece a proteção legal ao bem de família, independentemente de seu padrão. O intérprete não pode fazer uma releitura da lei a fim de excluir o imóvel da proteção do bem de família pelo simples fato de ela ser de elevado valor. STJ. 3ª Turma. AgInt no AREsp 1199556/PR, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 05/06/2018;

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Bons Estudos!

Referências

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