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Queixa de tontura, relações sociodemográficas, clínico-funcionais e psico-cognitivas em idosos com Diabetes Mellitus tipo 2

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Academic year: 2021

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F

ONOAUDIOLOGIA UFPB/UFRN

ELIZA MIKAELE TAVARES DA SILVA

QUEIXA DE TONTURA, RELAÇÕES SOCIODEMOGRÁFICAS,

CLÍNICO-FUNCIONAIS E PSICO-COGNITIVAS EM IDOSOS COM

DIABETES MELLITUS TIPO 2

NATAL/RN

2019

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PROGRAMA ASSOCIADO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA

ELIZA MIKAELE TAVARES DA SILVA

QUEIXA DE TONTURA, RELAÇÕES SOCIODEMOGRÁFICAS, CLÍNICO-FUNCIONAIS E PSICO-COGNITIVAS EM IDOSOS COM DIABETES

MELLITUS TIPO 2

Dissertação apresentada ao Programa Associado de Pós-Graduação em Fonoaudiologia da Universidade Federal da Paraíba – UFPB e Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, como requisito obrigatório para obtenção do título de Mestre em Fonoaudiologia, sob orientação do Profª. Drª. Juliana Maria Gazzola.

NATAL

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PROGRAMA ASSOCIADO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA

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PROGRAMA ASSOCIADO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA

ELIZA MIKAELE TAVARES DA SILVA

QUEIXA DE TONTURA, RELAÇÕES SOCIODEMOGRÁFICAS, CLÍNICO-FUNCIONAIS E PSICO-COGNITIVAS EM IDOSOS COM DIABETES

MELLITUS TIPO 2

BANCA EXAMINADORA

Profa. Dra. Juliana Maria Gazzola - Presidente - UFRN Prof. Dr. Leonardo Wanderley Lopes - Avaliador - UFPB

Profa. Dra. Fátima Cristina Alves Branco Barreiro - Avaliador - UNIFESP Profa. Dra Hannalice Gottschalck Cavalcanti - Suplente - UFPB

Profa. Dra. Aline do Nascimento Falcão Freire Monte - Suplente - Suplente - FATERN

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PROGRAMA ASSOCIADO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA

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PROGRAMA ASSOCIADO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA

AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a Deus por sua infinita bondade, misericórdia e

amor incalculável por mim! Saber que estais presente em minha vida me dá forças para caminhar! Que todos os méritos sejam a Ti, pois sem Ti eu nada seria.

Àquela que é amor por excelência, Nossa Senhora, por toda ternura, carinho e intercessão. Obrigada, minha mãe, por estar comigo sempre e me carregar no colo nos momentos de fragilidade.

Agradeço a minha mãe, Dalva Maria Tavares, pela compreensão e sacrifícios para realização de todos os meus sonhos. Nenhuma palavra, frase ou página pode descrever a minha gratidão por seu amor e seu carinho! A senhora é meu exemplo de força, amor e superação. Obrigado por todos os dias que levantou na madrugada pra me acompanhar, aconselhar e abençoar!

Agradeço ao meu pai, José Bernardino da Silva, que tanto se esforçou para a construção dos meus objetivos. E que a todo o momento, apesar dos problemas ou dores, me presenteou com seu sorriso e mostrou-me que as dificuldades não são nada para quem tem um Deus forte e poderoso.

Agradeço aos meus irmãos, Kelson e Alice, que sofreram, muitas vezes, com minhas ausências e agonias, porém ficaram firmes e me deram forças pra continuar em todas as circunstâncias da vida!

Agradeço aos meus amigos, Mara, Francker, Evenny, Luan, Vinicius, Wallisson que compreenderam minhas ausências e me fizeram sorrir durante as contrariedades da vida.

Agradeço aos meus companheiros de aventura, Helimara, Milena, Lucas, Luana Celly, Luana Caroline, Patrícia, Inara, Jéssika e Taline por toda força e palavras de amparo. Sou imensamente grata a cada um, pois mais que colegas de turma tornaram-se grandes amigos!

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PROGRAMA ASSOCIADO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA

Agradeço a minha orientadora, Juliana Maria Gazzola, que foi um presente de Deus e Nossa Senhora em minha vida, que com muito amor, carinho e zelo desempenhou seu papel com extrema excelência. Excelência não só como orientadora, mas como profissional e pessoa, pois me ensinou a, além dos conhecimentos acadêmicos, ser espelho de Deus para os outros e aturou com muita sabedoria minhas ansiedades e angústias. Não tenho palavras pra descrever minha gratidão, saiba que foi luz em minha vida e instrumento para realização de um sonho. Obrigada por tornar o caminho para a realização desse sonho lindo e leve.

Agradeço aos companheiros do LAIS/HUOL pelo auxilio, forca e incentivo, vocês foram parte essencial para construção desse sonho.

Agradeço a todos os professores do Programa Associado de Pós-graduação em Fonoaudiologia UFRN/UFPB pelo brilho no olhar, entusiasmo e ensinamentos.

Agradeço imensamente a Deus pela vida de cada um citado, pois vocês são presentes perfeitos em minha vida!

Por fim, agradeço a Universidade Federal do Rio Grande do Norte e ao Programa Associado de Pós-graduação em Fonoaudiologia UFRN/UFRPB pela oportunidade.

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PROGRAMA ASSOCIADO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA

Sumário

1. INTRODUÇÃO ... 12 2. OBJETIVOS ... 14 2.1 Objetivo Geral ... 14 2.2 Objetivos específicos ... 14 3. MÉTODO ... 15 3.1 Desenho do estudo ... 15

3.2 Local da pesquisa e período de referência... 15

3.3 População e amostra ... 15

3.4 Procedimentos de obtenção dos dados ... 17

3.5 Definição das Variáveis ... 17

3.6 Instrumentos de Coleta de Dados ... 18

3.8 Análise dos Dados ... 21

3.9 Considerações Éticas ... 22 4. RESULTADOS ... 23 4.1 Artigo 1 ... 23 4.2 Artigo 2 ... 38 5. DISCUSSÃO ... 51 6. CONCLUSÃO ... 54 7. REFERÊNCIAS ... 55 ANEXO I ... 62 ANEXO II ... 64 APÊNDICE I ... 65 APÊNDICE II ... 67 APÊNDICE III ... 69

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PROGRAMA ASSOCIADO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA

APÊNDICE IV ... 71 APÊNDICE V ... 73

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PROGRAMA ASSOCIADO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA

LISTA DE FIGURAS E QUADROS

TABELA 1. Valores descritivos da amostra piloto ... 16

FIGURA 1. Fluxograma referente à amostra do estudo desde o contato no

ambulatório até o momento da avaliação

... 27

TABELA 1. Caracterização sociodemográfica, clinico-funcional e psicocognitiva

da amostra geral por variáveis dicotômicas (N=157) ... 28

TABELA 2. Caracterização sociodemográfica da amostra de idosos com e sem

queixa de tontura (N=157)... 29

TABELA 3. Caracterização clinico-funcional da amostra de idosos com e sem

queixa de tontura (N=157) ... 29

TABELA 4. Caracterização sociodemográfica, clinico-funcional e psicocognitiva

da amostra (N=157) por variáveis quantitativas ... 31

TABELA 5. Análise de regressão logística entre as variáveis sociodemográficas,

clínicas e psicocognitivas com a ocorrência de tontura ... 32

FIGURA 1. Fluxograma da seleção dos artigos ... 41

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PROGRAMA ASSOCIADO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA

LISTA DE ABREVIATURAS

ADA American Diabetes Association

CRM Manobra de Reposicionamento Otolítico

DCNT Doenças Crônicas Não Transmissíveis

DM Diabetes Mellitus

DM2 Diabetes Mellitus tipo 2

EP Equilíbrio Postural

EVA Escala Visual Analógica

GDS Escala de Depressão Geriátrica Abreviada

HUOL Hospital Universitário Onofre Lopes

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

KG Quilograma

LAIS Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde

m metro

MMII Membros Inferiores

MMSE Mini-Mental State Exam

SAME Serviço de Arquivo Médico e Estatístico

SBD Sociedade Brasileira de Diabetes

SNC Sistema Nervoso Central

TCLE Termo de Consentimento Livre Esclarecido

TUGT Timed Up and Go Test

VPPB Vertigem Posicional Paroxística Benigna

UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte

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PROGRAMA ASSOCIADO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA

RESUMO

Introdução: o Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) é responsável por perturbações

no equilíbrio postural, como a tontura, uma vez que esse distúrbio pode alterar os sistemas sensoriais envolvidos na manutenção do equilíbrio postural.

Objetivo: verificar associação da queixa de tontura com os dados

sociodemográficos, clínico-funcionais e psicocognitivos em idosos com

Diabetes Mellitus tipo 2. Método: Trata-se de estudo do tipo transversal,

descritivo de caráter analítico realizado no Hospital Universitário Onofre Lopes, em Natal/ RN. Participaram idosos com idade igual ou maior a 60 anos diagnosticados com DM2. Os idosos foram avaliados a partir de um inquérito multidimensional, contendo dados sociodemográficos, clínico-funcionais e psicocognitivos, além disso, utilizou-se os instrumentos: Mini-Mental State

Exam (MMSE), Escala de Depressão Geriátrica Abreviada (GDS) e Timed Up and Go Test (TUGT) para rastreio de déficit cognitivo e sintomas depressivos e

análise da mobilidade, respectivamente. Resultados: A amostra consistiu em 157 idosos, destes 45,22% apresentaram queixa de tontura. A queixa de tontura apresentou associação com as variáveis sexo, estado civil, escolaridade, autopercepção de saúde geral e visão, queixa de dor em membros inferiores, medo de quedas, tendência a quedas e sintomas psicocognitivos. Conclusão: Ressalta-se a associação da queixa de tontura com a autopercepção negativa de saúde geral e visão e com o estado civil sem vida conjugal.

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1. INTRODUÇÃO

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a expectativa de vida no Brasil vem aumentando, consideravelmente, ao decorrer dos anos. Em 1950, a expectativa de vida era de menos de 50 anos, em 2013 passou para 74,9 anos e estima-se que em 2041 será de 80,0 anos (CAMARGOS, GONZAGA 2015; IBGE, 2013).

O aumento da expectativa de vida junto com o incremento de cerca de 650 mil novos idosos na população brasileira por ano causa preocupação nas autoridades de saúde pública, uma vez que as alterações anatomo-fisiológicas ocasionadas pelo processo de envelhecimento humano torna o organismo mais vulnerável as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). E isto, consequentemente, gera maior utilização dos serviços de saúde e redução da produtividade do indivíduo no mercado de trabalho (PELEGRINI et al., 2018; SBD, 2017; CARNEIRO et al., 2016; GARCIA et al., 2016; LEITE et al., 2015).

Dentre as DCNT, o Diabetes Mellitus (DM) merece destaque visto que o Brasil é o quarto país do mundo com maior número de pessoas diabéticas. Dentre os tipos de DM, o Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) é o mais prevalente, abarcando cerca de 90% de todos os casos de DM (SBD, 2017).

O DM2 é uma doença endócrino-metabólica caracterizada, principalmente, pela produção insuficiente de insulina pelo pâncreas e/ou pela resistência do organismo a esse hormônio. Em longo prazo, essa doença pode ocasionar vários danos a sistemas e órgãos, especialmente aos rins, nervos, coração, vasos sanguíneos e sistemas visual, somatossensorial e vestibular (SBD, 2017; ADA, 2017; BITTAR, SANTOS, MEZZALIRA, 2016).

Desse modo, o DM2 é admitido como responsável por perturbações no equilíbrio postural (EP), como tontura (BITTAR, SANTOS, MEZZALIRA, 2016; JÁUREGUI-RENAUD et al., 2009). Uma vez que os indivíduos com DM2, frequentemente, desenvolvem alterações nos sistemas sensoriais responsáveis

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pela manutenção da estabilidade corporal (sistema visual, somatossenrorial e vestibular), tais como retinopatia, neuropatia periférica e alterações no sistema vestibular (KANADANI et al., 2018; MOZETIC et al., 2017; BITTAR, SANTOS, MEZZALIRA, 2016; MARONESI et al., 2016; JÁUREGUI-RENAUD et al, 2009). Indivíduos com DM2 possuem menor competência em resolver conflito visuo-vestibular (RAZZAK et al, 2015) e apresentam maior frequência de queixas relacionadas ao equilíbrio quando comparado a indivíduos sem a doença (JÁUREGUI-RENAUD et al 2009).

Contudo, apesar de a população diabética se encontrar em ascensão (LIMA et al., 2018; COSTA et al, 2017) e a tontura ser capaz de acarretar grandes impactos na dimensão funcional, social e emocional da vida dos idosos (CIORBA et al., 2017; PELUSO, QUINTANA, GANANÇA, 2016; GANANÇA, 2015; ROCHA JÚNIOR, KOZAN, MORAES, 2014), poucos são os estudos que trazem informações quanto a relação dos fatores associados a tontura nesta população (D’SILVA et al., 2017; JÁUREGUI-RENAUD et al., 2009, ARANDA et al., 2009).

Diante disso, faz-se necessário identificar os fatores biopsicossociais que apresentam associação com a tontura em portadores de DM2, pois isto representará uma importante contribuição na perspectiva de desenvolver diretrizes clínicas e políticas públicas que possiblitem a sistematização de estratégias de promoção, prevenção e de reabilitação efetivas a estes indivíduos.

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2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Verificar se existe associação entre a queixa de tontura e os dados sociodemográficos, clínico-funcionais e psico-cognitivos em idosos com

Diabetes Mellitus tipo 2.

2.2 Objetivos específicos

 Verificar se existe associação entre queixa de tontura e dados sociodemográficos;

 Verificar se existe associação entre queixa de tontura e os dados clínico-funcionais;

 Verificar se existe associação entre queixa de tontura e os dados psico-cognitivos.

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3. MÉTODO

3.1 Desenho do estudo

Trata-se de estudo observacional, transversal, descritivo.

3.2 Local da pesquisa e período de referência

A pesquisa ocorreu no Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL), no Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS), vinculado a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), no período de novembro de 2016 a novembro de 2017.

3.3 População e amostra

A amostra foi constituída por idosos com 60 anos ou mais, residentes na cidade de Natal/RN ou em região metropolitana, de ambos os sexos e com diagnóstico clínico de DM2 segundo os critérios da American Diabetes

Association (ADA), encaminhados pelos ambulatórios de Endocrinologia,

Otoneurologia e de Geriatria do HUOL/UFRN.

A amostra foi composta por 157 idosos (n=157), mediante a realização do calculo amostral.

Foram excluídos do estudo idosos (a) em crise vertiginosa no momento da avaliação, (b) com queixa de tontura há menos de 30 dias (VAN VUGT, 2017), (c) com limitações físicas e cognitivas que impedissem a realização do no protocolo de avaliação, como incapacidade de compreender e atender a comando verbal simples e/ou imitar movimentos, (d) com acuidades visuais e auditivas gravemente diminuídas e absolutamente incapacitantes às atividades de vida diária, mesmo com uso de lentes corretivas e/ou aparelhos de amplificação sonora, (e) com amputação de membros inferiores, independente do nível, (f) com impossibilidade de deambular independentemente, (e) com locomoção exclusivamente por cadeira de rodas ou (f) que apresentaram

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algum desconforto importante que inviabilizou a realização dos testes.

A partir da inclusão na pesquisa, o idoso foi alocado no grupo com queixa de tontura ou sem queixa de tontura segundo a pergunta “O sr. (a) sente tontura?”.

3.3.2 Cálculo Amostral

O cálculo do tamanho da amostra foi baseado em uma amostra piloto retirada da população de estudo.

Na tabela abaixo apresentamos os valores descritivos de algumas variáveis com base nas quais foram calculados os tamanhos de amostra necessários para a obtenção de testes com 5% de significância e poder de 80%.

Tabela 1. Valores descritivos da amostra piloto

Tontura n

Variável Com (n=23) Sem (n=27)

Necessário em cada grupo Mini Mental 22 + 5,0 24 + 4,0 61 GDS 5,9 + 4,0 4,1 + 2,5 55 TUGT 15,6 + 8,2 12,7 + 2,5 69 Analfabeto/Fund. Inc. 65,2% 40,7% 66 Saúde Excelente/Boa 34,8% 66,7% 37

Legenda: GDS: Escala de Depressão Geriátrica Abreviada TUGT: Timed Up and Go Test

Fund. Inc : Ensino Fundamental I Incompleto

Pela tabela acima observamos que o tamanho da amostra necessário para o desenvolvimento do estudo era de no mínimo 138 pacientes (69 em cada grupo).

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Os cálculos foram realizados através do software SPSS SamplePower 3.0.1 com base nas comparações de duas médias e de duas proporções em amostras independentes.

3.4 Procedimentos de obtenção dos dados

Durante a consulta de rotina nos ambulatórios de Geriatria, Otoneurologia e de Endocrinologia do HUOL os idosos que atendiam os critérios de elegibilidade da pesquisa foram orientados, pelo médico, a procurar o Serviço de Arquivo Médico e Estatístico (SAME) para realização de uma avaliação funcional.

No SAME foi agendado o horário e local da avaliação. No dia anterior a esta o pesquisador entrou em contato com o paciente para confirmar presença, verificar o interesse e instruir quanto à necessidade de levar os exames laboratoriais e receitas médicas no dia seguinte.

Antes do início da avaliação o sujeito o tomou conhecimento das propostas da pesquisa, objetivos, limitações e possíveis riscos. Caso o paciente estivesse em conformidade com a proposta, assinava o termo de consentimento esclarecido (TCLE – Apêndice I), comprovando, e permitindo, a sua participação no estudo e, assim iniciava-se o processo avaliativo.

O protocolo de avaliação durou cerca de uma hora. Vale salientar que para diminuir os riscos de quedas no teste físico, a avaliação contou com a presença de, no mínimo, dois pesquisadores, para proporcionar o máximo amparo.

3.5 Definição das Variáveis

3.5.1 Variável Dependente Queixa de tontura crônica

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3.5.2 variáveis independentes

(Apêndice II)

3.6 Instrumentos de Coleta de Dados

3.6.1 Questionário

Para a avaliação dos idosos atendidos foi aplicado um protocolo de avaliação contendo questões relacionadas a dados sociodemográficos, clínico-funcionais e psico-cognitivos (Apêndice III).

3.6.2 Dados Sociodemográficos

Os dados sociodemográficos foram compostos pelas variáveis: sexo (feminino/masculino), idade (anos completos), faixa etária (60- 69 anos/70 ou mais), estado civil (com vida conjugal/sem vida conjugal), anos de escolaridade (anos completos de estudo) e escolaridade (analfabeto ou ensino fundamental I incompleto/fundamental I completo ou pós-fundamental).

3.6.3 Dados Clínico-Funcionais

Foram constituídos por questões relacionadas à autopercepção da saúde geral, visão e audição, Índice de Massa Corporal (IMC), número de medicamentos em uso, número de doenças, tempo de diagnóstico da DM2, exames laboratoriais dos últimos seis meses para o controle do DM2 - glicemia de jejum e hemoglobina glicada, presença de dor em membros inferiores

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(MMII), Escala Analógica Visual da Dor (EVA), quedas no último ano, tendência a quedas, medo de quedas e mobilidade por meio do Timed Up and Go Test (TUGT).

A autopercepção da saúde geral, visão e audição foram classificadas em “excelente”, “muito boa”, “boa”, “ruim” ou “muito ruim” e posteriormente dicotomizadas em “excelente, muito boa ou boa” e “ruim ou muito ruim”. Já o Índice de Massa Corporal (IMC) foi realizado a partir da divisão da massa corporal em quilogramas (Kg), pela altura em metro (m), elevada ao quadrado (IMC=Kg/m²) (BARROSO et al., 2017), os sujeitos foram pesados por balança do tipo plataforma da marca Balmak Actlife e a altura foi mensurada por fita métrica fixada à parede.

Os idosos também foram questionados quanto aos medicamentos em uso, doenças portadas, tempo de diagnóstico da DM2, e níveis de glicemia de jejum e hemoglobina glicada, todos esses dados foram confirmados a partir das receitas médicas, laudos e exames laboratoriais. Em caso de dúvida foi consultado o prontuário médico do paciente. Posteriormente os dados foram agrupados em “de 1 a 4 medicamentos” ou “5 ou mais medicamentos”, “1 a 4 doenças” ou “5 ou mais doenças”, “0 a 5 anos” ou “6 anos ou mais”, “até 130mg/dL” ou “131 mg/dL ou mais”, “até 8,0%” ou “8,1% ou mais”, respectivamente.

A presença e a intensidade de dor em MMII (sim/não) foram perguntadas, uma vez que este tipo de dor pode ocasionar anormalidades na movimentação dificultando o equilíbrio (CENCI et al., 2013). A intensidade foi avaliada através da EVA, na qual o indivíduo quantificava sua dor entre 1 a 10, sendo “1” dor leve e “10” dor extremamente forte.

Levando em consideração que as quedas em idosos podem ocasionar consequências devastadoras, os participantes foram questionados sobre episódios de quedas último ano (sim/não), tendência a quedas (sim/não) e medo de quedas (sim/não) através das perguntas “O(a) senhor(a) caiu alguma vez no último ano?”, “O(a) senhor(a), às vezes, tem a sensação que vai cair, mas não cai?”, “O(a) senhor (a) tem medo de cair?”, respectivamente.

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Para avaliação de mobilidade foi realizado TUGT (PODSIADLO, RICHARDSON, 1991) que consiste em um teste prático e rápido. O teste analisa o tempo gasto em segundos que o idoso necessita para executar a tarefa proposta. A tarefa consiste em levantar de uma cadeira com apoio para braços (46 cm de altura), percorrer 3 metros, girar em torno de um demarcador no solo (cone), retornar à cadeira e assentar-se. O paciente antes de iniciar o teste, deve estar sentado e encostado na cadeira com seus braços apoiados e usando o seu calçado habitual. Quando o instrutor dá a ordem “vai”, o sujeito inicia a tarefa. O paciente é instruído a não conversar durante a execução do teste e realizá-lo em velocidade habitual. Caso necessário, pode-se utilizar dispositivo de auxílio à marcha, porém, nenhuma assistência física é dada. O teste finaliza somente quando o paciente colocar-se novamente na posição inicial sentado com as costas apoiadas na cadeira (FILIPPIN et al., 2017,

MARTINEZ et al., 2016).

3.6.5 Dados Psicocognitivos

Os dados psicocognitivos são referentes à aplicação do teste cognitivo

Mini-Mental State Exam – MMSE (FOLSTEIN, FOLSTEIN, MCHUGH, 1975) -

Anexo I -e a Escala de Depressão Geriátrica Abreviada - GDS (YESAVAGE et al, 1983) - Anexo II.

O MMSE é um “screening” composto por 30 questões, validado transculturalmente para o idioma Português, amplamente utilizado para rastrear casos com suspeita de déficit cognitivo. O instrumento avalia questões e problemas simples relacionados a orientação temporal/espacial, memória imediata, cálculo, evocação de palavras, nomeação, repetição, comando, leitura, redigir frase e cópia de desenho. Os pontos medianos por escolaridade são: analfabetos 20 pontos; escolaridade 1-4 anos 25 pontos; 5-8 anos 26,5 pontos; 9-11 anos 28 pontos e superior a 11 anos 29 pontos (COELHO et al., 2012).

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A GDS é um questionário de 15 perguntas com respostas dicotômicas (sim ou não) a respeito de como a pessoa idosa tem se sentido durante a última semana. Trata-se de uma ferramenta útil de rastreio para facilitar a avaliação de sinais de depressão em idosos. Em relação à pontuação, de 0 a 4 pontos é considerado não deprimidos, de 5 a 10 com indícios de depressão leve ou moderada e de 11 a 15 com indícios de depressão grave ou severa (LAMPERT, SCORTEGAGNA, 2017; PARADELA, LOURENÇO, VERAS, 2005).

3.8 Análise dos Dados

Inicialmente, a análise de normalidade da distribuição dos dados foi verificada pelo teste de Kolmogorov-Smirnov, apresentando característica não paramétrica.

Para a análise descritiva, foram utilizados valores mínimo e máximo, média, desvio-padrão e mediana como medidas de tendência central. Para análise inferencial, foram realizadas associações entre a variável qualitativa dependente (queixa de tontura) e variáveis independentes dicotômicas por meio do teste de qui-quadrado. Para analisar a associação da queixa de tontura com idade, anos de escolaridade, IMC, número de medicamentos, tempo de diagnóstico da DM2, hemoglobina glicada, EVA da dor em MMI, TUGT, MMSE e GDS-15 utilizou-se o teste Mann-Whitney.

Para identificação dos fatores associados independentes com a presença de tontura, foi realizada a análise múltipla de regressão logística. Para isso, utilizou-se o método Stepwise Forward Selection Procedure, em que as variáveis que compõem o modelo foram agrupadas em blocos, ordenando-os de acordo com sua significância estatística. A modelagem foi iniciada pelas variáveis mais significativas do método Qui-quadrado e T-student, e a seguir, as demais variáveis foram acrescentadas uma a uma, aceitando um valor de p crítico de <0,25 para compor o modelo. A permanência da variável na análise múltipla deu-se através do teste da razão de verossimilhança (Likelihood Ratio

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Test), ausência de multicolinearidade, bem como sua capacidade de melhorar

o modelo através do teste de Hosmer and Lemeshow e não interferindo nos intervalos de confiança. Por fim, fez-se a análise dos resíduos para isolar casos que exercem uma influência indevida ao modelo, provocando pouca aderência. Em todas as análises foi considerado o nível de significância de 5%.

3.9 Considerações Éticas

A pesquisa recebeu aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos sob CAAE: 45183715.0.0000.5537.

Todos os idosos assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) após o esclarecimento dos objetivos, protocolos e possíveis riscos da pesquisa.

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4. RESULTADOS

4.1 Artigo 1

Associação entre queixa de tontura e os dados sociodemográficos, clínico-funcionais e psicocognitivos em idosos com diabetes mellitus

tipo 2

Association between complaint of dizziness and sociodemographic, clinical-functional and psycho-cognitive data in elderly with type 2 diabetes mellitus

RESUMO

Introdução: Idosos com Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) desenvolvem

comumente, ao longo do tempo, alterações nos sistemas sensoriais, responsáveis pelo equilíbrio postural, que pode tornar as queixas de tontura mais comuns nessa população. Objetivo: Verificar se existe associação da queixa de tontura com os dados sociodemográficos, clínico-funcionais e psico-cognitivos em idosos com DM2. Método: Trata-se de estudo do tipo transversal, descritivo realizado em um XXXXXXX. Participaram idosos com idade igual ou maior a 60 anos diagnosticados com DM2. Os idosos foram avaliados a partir de um inquérito multidimensional, contendo dados sociodemográficos, clínico-funcionais e psicocognitivos, além disso, utilizou-se os instrumentos: Mini-Mental State Exam (MMSE), Escala de Depressão Geriátrica Abreviada (GDS) e Timed Up and Go Test (TUGT) para rastreio de déficit cognitivo e de sintomas depressivos e análise da mobilidade, respectivamente. Resultados: A amostra consistiu em 157 idosos, destes 45,22% apresentaram queixa de tontura. A queixa de tontura apresentou associação com as variáveis sexo, estado civil, escolaridade, autopercepção de saúde geral e visão, queixa de dor em membros inferiores, medo de quedas, tendência a quedas e sintomas psicocognitivos. Conclusão: Ressalta-se a associação da queixa de tontura com a autopercepção negativa de saúde geral e visão e com o estado civil sem vida conjugal.

Palavras-chave: idoso; saúde do idoso; vertigem; tontura.

ABSTRACT

Introduction: Over time, elderly people with type 2 diabetes mellitus (T2DM)

commonly develop changes in sensory systems responsible for postural balance, which may make complaints of dizziness more common in this population. Objective: To determine whether the complaint of dizziness is associated with sociodemographic, clinical and functional, and psychological and cognitive data in elderly people with T2DM. Methods: This was a

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cross-sectional, descriptive conducted at a XXXXXXXX. Elderly people aged 60 or older diagnosed with T2DM participated in the study. The elderly were assessed using a multidimensional survey, containing sociodemographic, clinical and functional, and psychological and cognitive data. We used the Mini-Mental State Exam (MMSE) and Short Geriatric Depression Scale (GDS), to screen for cognitive deficits and depressive symptoms, respectively, and the Timed Up and Go Test (TUGT) to assess mobility. Results: The sample consisted of 157 elderly people, of whom 45.22% complained of dizziness. The complaint of dizziness was associated with the following variables: sex, marital status, education, self-reported general health and vision, complaint of lower limb pain, fear of falls, tendency to fall, and psychological and cognitive symptoms. Conclusion: The association between dizziness complaints and negative self-perception of general health and vision, and not being married should be highlighted.

Keywords: aged; health of the elderly; vertigo; dizziness.

INTRODUÇÃO

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), estima-se que, em 2060, o Brasil terá cerca de 73,5 milhões de idosos, em decorrência do aumento de 650 mil novos idosos por ano, e a expectativa de vida será de 81,2 anos1,2.

Essas projeções provocam preocupação nas autoridades de saúde pública, uma vez que o processo de envelhecimento humano acarreta redução das funções orgânicas, declínio funcional, aumento da dependência e dos fatores de riscos para doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), que ocasionam altos gastos para o governo devido a maior utilização dos serviços de saúde e menor produtividade do indivíduo no mercado de trabalho. Dentre as DCNT, destacam-se as doenças circulatórias (hipertensão arterial, insuficiência cardíaca), respiratórias, câncer e disfunção no metabolismo da glicose (Diabetes Mellitus)2-4.

O Diabetes Mellitus (DM) é uma doença endócrino-metabólica caracterizada por falhas na secreção e ação da insulina, bem como na regulação da produção hepática de glicose, o que, consequentemente, gera hiperglicemia sanguínea. A cronicidade da hiperglicemia sanguínea pode ocasionar vários danos a sistemas e órgãos, especialmente aos rins, nervos, coração, vasos sanguíneos e sistemas visual, somatossensorial e vestibular5-7.

Cerca de nove milhões de brasileiros autorreferem-se portadores de DM, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde, o que corresponde a 6,2% da população adulta, todavia metade dos portadores de DM não sabem que a possuem8. Dentre as subclassificações do DM, destaca-se o Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2), que é a disfunção do metabolismo da glicose mais encontrada na população, chegando a alcançar cerca de 90% do total dos casos5.

Nesse contexto, o DM2 é responsável por perturbações no equilíbrio postural (EP), como a tontura. Indivíduos com DM2 podem desenvolver, ao longo do tempo, doenças como a retinopatia9 e/ou neuropatia periférica10 e alterações no sistema vestibular11,12 uma vez que a orelha interna possui atividade metabólica intensa e não dispõe de reserva energética, o que a torna

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sensível a desordens agudas ou crônicas nos níveis de glicose no sangue. Dessa forma, os sistemas sensoriais envolvidos no envio de informações ao Sistema Nervoso Central (SNC) para manutenção do equilíbrio corporal podem estar alterados9-12.

Estudos como o de Razzak et al (2015)13 e Jáuregui-Renaud et al (2009)12 mostram que pacientes com DM2 possuem menor habilidade em resolver conflito visuo-vestibular, bem como apresentam maior frequência de queixas relacionadas ao EP em relação a indivíduos saudáveis, respectivamente.

Atualmente, são descritos alguns estudos relacionados à queixa de tontura em idosos14. Entretanto, são escassas as pesquisas que incluem idosos portadores DM2 em suas amostras, apesar de a tontura ser considerada uma das complicações desse distúrbio12.

A tontura ocasiona grandes impactos na vida dos idosos, pois tende a provocar várias condições como: insegurança física e psíquica, irritabilidade, ansiedade, fobias, pânico, depressão e quedas15,16. Diante disso, é de extrema necessidade identificar os fatores biopsicossociais que apresentam associação com a tontura em portadores de DM2, pois isto representará uma importante contribuição na perspectiva de desenvolver estratégias preventivas e reabilitativas eficazes e, assim, sistematizar um modelo ideal de cuidados para essa população.

Logo, esse estudo tem por objetivo verificar se existe associação entre queixa de tontura e dados sociodemográficos, clínico-funcionais e psicocognitivos em idosos com Diabetes Mellitus tipo 2.

METODOLOGIA

Trata-se de estudo observacional, transversal, descritivo, realizado em um XXXXXX. A geração de dados ocorreu no período de novembro de 2016 a novembro de 2017.

A pesquisa recebeu aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos sob parecer número XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX. A amostra foi constituída por 157 idosos com idade igual ou superior a 60 anos, de ambos os sexos, com diagnóstico clínico de DM2, segundo os critérios da ADA (American Diabetes Association), encaminhados pelos ambulatórios de Endocrinologia, Otoneurologia e de Geriatria.

Foram excluídos do estudo idosos (a) em crise vertiginosa no momento da avaliação, (b) com queixa de tontura há menos de 30 dias17, (c) com limitações físicas e cognitivas que impedissem a realização do no protocolo de avaliação, como incapacidade de compreender e atender a comando verbal simples e/ou imitar movimentos, (d) com acuidades visuais e auditivas gravemente diminuídas e absolutamente incapacitantes às atividades de vida diária, mesmo com uso de lentes corretivas e/ou aparelhos de amplificação sonora, (e) com amputação de membros inferiores, independente do nível, (f) com impossibilidade de deambular independentemente, (e) com locomoção exclusivamente por cadeira de rodas ou (f) que apresentaram algum desconforto importante que inviabilizou a realização dos testes.

A partir da inclusão na pesquisa, o idoso foi alocado no grupo com queixa de tontura ou sem queixa de tontura segundo a pergunta “O sr. (a) sente tontura?”.

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Todos os idosos assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) após o esclarecimento dos objetivos, protocolos e possíveis riscos da pesquisa.

Para a avaliação dos idosos atendidos foi aplicado um protocolo de avaliação contendo questões relacionadas a dados sociodemográficos, clínico-funcionais e psico-cognitivos.

Os dados sociodemográficos foram compostos pelas variáveis sexo, idade, faixa etária, estado civil e escolaridade.

Os dados clínicos-funcionais constituíram-se de questões relacionadas à autopercepção da saúde geral, visão e audição, Índice de Massa Corporal (IMC), número de medicamentos em uso, número de doenças concomitantes, tempo de diagnóstico da DM2, exames laboratoriais realizados nos últimos seis meses para o controle do DM2 - glicemia de jejum e hemoglobina glicada, presença de dor em membros inferiores (MMII), quedas último ano, tendência a quedas, medo de quedas e, por fim, utilizou-se o Timed Up and Go Test (TUGT) para avaliar a mobilidade.

A aferição do peso foi realizada por uma balança do tipo plataforma da marca BalmakActlife e a altura mensurada por fita métrica fixada na parede. Para análise da intensidade da dor em MMII, foi utilizada a Escala Analógica Visual (EVA) e para investigação de quedas no último ano, tendência a quedas e medo de quedas foram utilizadas as seguintes perguntas “O(a) senhor(a) caiu alguma vez no último ano?”, “O(a) senhor(a), às vezes, tem a sensação que vai cair, mas não cai?”, “O(a) senhor (a) tem medo de cair?”, respectivamente.

Os dados psicocognitivos foram pesquisados a partir da aplicação dos testes cognitivos: Mini-Mental State Exam (MMSE) e Escala de Depressão Geriátrica Abreviada (GDS-15) para rastreio de déficit cognitivo e sintomas depressivos, respectivamente.

Análise de dados

Inicialmente, foi realizada a análise de normalidade da distribuição dos dados pelo teste de Kolmogorov-Smirnov que mostrou característica não paramétrica da amostra.

Para a análise descritiva, foram utilizados valores mínimo e máximo, média, desvio-padrão e mediana como medidas de tendência central. Para análise inferencial, foram realizadas associações entre a variável qualitativa dependente (queixa de tontura) e variáveis independentes dicotômicas por meio do teste de qui-quadrado. Para analisar a associação da queixa de tontura com idade, anos de escolaridade, IMC, número de medicamentos, tempo de diagnóstico da DM2, hemoglobina glicada, EVA da dor em MMI, TUGT, MMSE e GDS-15 utilizou-se o teste Mann-Whitney.

Para identificação dos fatores associados independentes com a presença de tontura, foi realizada a análise múltipla de regressão logística. Para isso, utilizou-se o método Stepwise Forward Selection Procedure, em que as variáveis que compõem o modelo foram agrupadas em blocos, ordenando-os de acordo com sua significância estatística. A modelagem foi iniciada pelas variáveis mais significativas do método Qui-quadrado e T-student, e a seguir, as demais variáveis foram acrescentadas uma a uma, aceitando um valor de p

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crítico de <0,25 para compor o modelo. A permanência da variável na análise múltipla deu-se através do teste da razão de verossimilhança(Likelihood Ratio

Test), ausência de multicolinearidade, bem como sua capacidade de melhorar

o modelo através do teste de Hosmer and Lemeshow e não interferindo nos intervalos de confiança. Por fim, fez-se a análise dos resíduos para isolar casos que exercem uma influência indevida ao modelo, provocando pouca aderência. Em todas as análises foi considerado o nível de significância de 5%.

RESULTADOS

Foram contatados 212 idosos para compor a pesquisa. Contudo, 20 não mostram interesse na participação da pesquisa, três faleceram entre o período de atendimento nos ambulatórios e, na avaliação, cinco adoeceram, 25 não compareceram a avaliação e dois receberam alta do ambulatório e mudaram o telefone celular. Dessa forma, a amostra foi composta por 157 idosos (n=157) (Figura 01).

Figura 1. Fluxograma referente à amostra do estudo desde o contato no ambulatório

até o momento da avaliação.

O número de idosos inseridos nesta pesquisa baseou-se no cálculo amostral realizado a partir de uma amostra piloto retirada da população do estudo. Utilizou-se o poder de 80% e nível de significância de 5% para os testes de hipóteses bicaudais. Dentre as variáveis, encontrou-se o maior tamanho da amostral para a “TUGT”. Com isso, verificou-se que o tamanho da

212 idosos contactados

157 idosos 20 não mostraram

interesse 3 morreram

5 adoeceram 25 não compareceram a avaliação

2 receberam alta do ambulatório

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amostra necessário para o desenvolvimento do estudo era de no mínimo 138 pacientes (69 em cada grupo).

A média etária dos entrevistados foi de 69,1 (Dp=6,54) anos, sendo a idade máxima de 86 anos e média de escolaridade de 6,83 (Dp=5,47) anos. Os demais dados sociodemográficos, clinico-funcionais e psicocognitivos estão descritos na tabela 1.

Tabela 1. Caracterização sociodemográfica, clínico-funcional e psico-cognitiva da amostra geral por variáveis dicotômicas (N = 157).

MMI: membros inferiores

A queixa de tontura foi apresentada por 45,22 % da população total. Da população queixosa, 71,23% apresentaram tontura rotatória, 13,69% não rotatória, 6,84% ambos os tipos (rotatória e não rotatória) e 8,21% não souberam relatar. Além disso, 60,64% dessa população referiu conviver com a

Variáveis Categorias N (%)

Sexo Feminino 103 (65,6%)

Masculino 54 (34,4%)

Faixa etária 60-69 anos 95 (60,5%)

70 anos ou mais 62 (39,5%)

Estado civil Sem vida Conjugal 57 (36,3%)

Com vida conjugal 100 (63,7%)

Escolaridade Analfabeto ou ensino fundamental I incompleto 86 (54,8%) Fundamental I completo ou pós-fundamental 71 (45,2%)

Autopercepção da saúde geral Excelente, muito boa, boa 86 (54,8%) Ruim ou muito ruim 71 (45,2%)

Autopercepção da visão Excelente, muito boa, boa 84 (53,5%) Ruim ou muito ruim 73 (46,5%)

Autopercepção da audição Excelente, muito boa, boa 113 (72,0%) Ruim ou muito ruim 44 (28,0%)

Número de doenças 1 a 4 doençsa 99 (63,1%)

5 ou mais doenças 58 (36,9%)

Medicamentos (n = 155) 1 a 4 medicamentos 56 (36,1%)

5 ou mais medicamentos 99 (63,9%)

Dor em MMI Sim 83 (52,9%)

Quedas no ano passado Sim 94 (59,9%)

Medo de quedas (n = 156) Sim 122 (78,2%)

Tendência a quedas (n = 156) Sim 83 (53,2%)

Déficit cognitivo (n = 156) Sim 68 (43,6%)

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queixa de tontura entre 3 a 5 anos. Vale salientar que 51,5% dessa população eram mulheres e 46,8% possuíam 70 anos ou mais. Os dados sociodemográficos dos grupos com e sem queixa de tontura estão descritos na Tabela 2.

Tabela 2. Caracterização sociodemográfica da amostra de idosos com e sem queixa de tontura (N = 157).

*Qui-quadrado

Ao analisar as variáveis clínico-funcionais em relação aos grupos estudados, verifica-se maior frequência dos idosos com tontura nas categorias “ruim ou muito ruim” da autopercepção de saúde geral (60,6%) e visão (58,9%), dor em membros inferiores (55,4%), medo de quedas (49,2%), tendência a quedas (56,6%) em relação aos idosos sem queixa de tontura (Tabela 3).

Tabela 3. Caracterização clinico-funcional da amostra de idosos com e sem queixa de tontura (N=157).

Variáveis Tontura Sim (N=71) (%) Tontura Não (N=86) (%) Razão de Prevalência Intervalo de Confiança (95%) p-valor (Qui-quadrado) Autopercepção de saúde geral

Ruim ou muito ruim 43 (60,6%) 28 (39,4%)

1,860 1301 – 2659 <0,0001*

Excelente, muito boa, boa 28 (32,6%) 58 (67,4%)

Autopercepção da visão

Ruim ou muito ruim 43 (58,9%) 30 (41,1%)

Variáveis Tontura Sim (N=71) (%) Tontura Não (N=86) (%) Razão de Prevalência Intervalo de Confiança (95%) p-valor (Qui-quadrado) Sexo Feminino 53 (51,5%) 50 (48,5%) 1,544 1,013 – 2,352 0,030* Masculino 18 (33,3%) 36 (66,7%) Faixa etária 70 anos ou mais 29 (46,8%) 33 (53,2%) 1,058 0,747 – 1,499 0,752 60-69 anos 42 (44,2%) 53 (55,8%) Estado civil

Sem vida conjugal 35 (61,4%) 22 (38,6%)

1,706 1223 - 2,379 0,002*

Com vida conjugal 36 (36,0%) 64 (64,0%)

Escolaridade

Analfabeto ou ensino fundamental I incompleto 45 (52,3%) 41 (47,7%) 1,429 0,990 – 2,061 0,049*

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Excelente, muito boa, boa 28 (33,3%) 56 (66,7%) 1,767 1,235 - 2528 0,001* Autopercepção da audição

Ruim ou muito ruim 23 (52,3%) 21 (47,7%)

1,231 0,863 – 1,754 0,268 Excelente, muito boa, boa 48 (42,5%) 65 (57,5%)

Número de doenças 5 ou mais doenças 31 (53,4%) 27 (46,6%) 1,323 0,943 – 1,857 0,113 1 a 4 doenças 40 (40,4%) 59 (59,6%) Medicamentos 5 ou mais medicamentos 48 (48,5%) 51 (51,5%) 1,234 0,841 – 1,811 0,269 1 a 4 medicamentos 22 (39,3%) 34 (60,7%) IMC Desnutrido ou eutrófico 28 (45,9%) 33 (54,1%) 1,038 0,729 -1479 0,836 Sobrepeso 42 (44,2%) 53 (55,8%) Hemoglobina Glicada Normal (até 8%) 24 (44,4%) 30 (55,6%) 1,019 0,667 – 1,555 0,932 Alterado (8.1% ou mais) 24 (43,6%) 31 (56,4%) Glicemia de Jejum Alterado (131mg / dL ou mais) 31 (44,9%) 38 (55,1%) 1,108 0,758 – 1,620 0,596 Normal (até 130mg / dL) 30 (40,5%) 44 (59,5%)

Queixa de dor em MMI

Sim 46 (55,4%) 37 (44,6%)

1,640 1,130 - 2,382 0,007*

Não 25 (33,8%) 49 (66,2%)

Quedas no último ano

Sim 33 (52,4%) 30 (47,6%) 1,296 0,922 – 1,821 Não 38 (40,4%) 56 (59,6%) 0,140 Medo de Quedas Sim 60 (49,2%) 62 (50,8%) 1,672 0,964 – 2,901 0,040* Não 10 (29,4%) 24 (70,6%) Tendência a quedas Sim 47 (56,6%) 36 (43,4%) 1,797 1220 - 2647 0,002* Não 23 (31,5%) 50 (68,5%)

IMC: índice de massa corporal MMI: membros inferiores

DM2: Diabetes mellitus tipo 2 * Qui-quadrado

A tabela 4 apresenta as análises inferenciais entre os grupos (com tontura vs sem tontura) e as variáveis quantitativas. Dentre as variáveis sociodemográficas e clínico-funcionais, destaca-se a diferença das medianas de anos de escolaridade (5,00 vs 8,00) e da EVA (5,00 vs 0,00) entre os

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grupos, tendo o grupo com queixa de tontura um menor número de anos de escolaridade e maior autopercepção da dor.

Em relação às variáveis psicocognitivas, observa-se que MMSE (23,00 vs 26,50) e o GDS (5,00 vs 3,00) exibem diferenças significativas entre as medianas. Os indivíduos com tontura apresentaram menor score no MMSE e maiores pontuações no GDS, o que aponta maior risco de déficit cognitivo e maior número de sintomas depressivos.

Não foram encontradas associações significantes entre os indivíduos com queixa e sem queixa de tontura com as variáveis idade, IMC, número de medicamentos, tempo de diagnóstico da DM, hemoglobina glicada, glicemia de jejum, EVA e TUGT.

Tabela 4. Caracterização sociodemográfica, clinico-funcional, e psicocognitiva da amostra (N=157) por variáveis quantitativas. Variáveis Tontura Sim (n=71) Tontura Não (n=86) p-valor (Mann Whitney)

Média (SD) Mediana IC (95%) Média (SD) Mediana IC (95%)

Idade (anos) 68,52 (1,39) 67,00 65,67 -71,37 68,66 (0,86) 67,00 66,92 -70,40 0,960 Escolaridade (anos) 5,17 (0,80) 5,00 3,53-6,82 8,14 (0,82) 8,00 6,47 - 9,80 0,040** Número de medicamentos 6,38 (0,53) 6,00 5,29-7,47 5,70 (0,438) 5,00 4,82-6,59 0,929 Tempo de diagnóstico de DM2 (meses) 8,59 6,00 6,01-11,17 13,02 (1,679) 10,00 9,63-16,40 0,677 EVA (dor em membros inferiores) 4,79 (0,745) 5,00 3,27-6,32 2,57 (0,517) 0,00 1,53-3,61 0,028** TUGT (segundos) 14,48 (3,13) 10,40 8,06-20,89 10,63 (0,46) 10,00 9,70-11,56 0,214 MMSE (escore total) 22,62 (0,802) 23,00 20,98-24,26 25,34 (0,60) 26,50 24,13- 26,55 0,002** GDS-15 (escore total) 6,00 (0,566) 5,00 4,84-7,16 4,11 (0,393) 3,00 3,32-4,91 0,030** BMI: VAS: EVA: Escala Visual Analógica

m: Lower TUGT: Timed Up an Go Test MMSE: Mini-Mental State Exam

GDS-15: Short Geriatric Depression Scale

* * Teste Mann-Whitney

A partir da análise de regressão logística, as variáveis autopercepção da saúde geral (p=0,033), autopercepção da visão (p=0,007) e estado civil (p=0,041) se mostraram como fatores independentes associados à queixa de tontura, com razão de prevalência de 61%, 66% e 62%, respectivamente (Tabela 5).

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Tabela 5. Análise de regressão logística entre as variáveis sociodemográficas, clínicas e psicocognitivas com a ocorrência de tontura.

* Teste de Hosmer and Lemeshow = 0,910; no Resid; R2 Nagelkerke = 0,194; Modelo ajustado pelas variáveis

“Audição” e “Quedas no último ano”.

DISCUSSÃO

Idosos com DM2 desenvolvem comumente, ao longo do tempo, alterações nos sistemas, visual9, somatossensorial10 e vestibular11,12 que são responsáveis pelo EP, o que pode tornar as queixas de tontura mais comuns nessa população.

A ocorrência da queixa de tontura, neste estudo, foi de 45,22% e, destes 71,23% apresentaram tontura rotatória, proporção semelhante encontrada no estudo de base populacional de Moraes et al12 que estudou 391 idosos, sendo 176 com queixa de tontura dos quais 70,4% possuíam tontura rotatória e 43,9% DM.

Em meio as variáveis estudadas, a queixa de tontura em idosos diabéticos mostrou associação com sexo, escolaridade, estado civil, autopercepção da saúde geral e da visão, queixa e intensidade de dor em membros inferiores, medo de quedas, tendência a quedas e sintomas psicocognitivos.

Dentre os indivíduos que apresentaram queixa de tontura, 51,5% eram do sexo feminino e 52,3% com baixo grau de escolaridade. A predominância feminina pode ser atribuída às variações hormonais, pertinentes ao sexo, e à maior busca de assistência médica por esta população18,19. Já o baixo grau de escolaridade é bastante controverso na literatura. Alguns estudos20,21 mostram baixos níveis educacionais em idosos com queixa e/ou diagnóstico de tontura e

Variáveis Tontura Sim Não (N=71) (%) (N=86) (%) RP RP Ajustada IC 95% p-valor Autopercepção de saúde geral

Ruim ou muito ruim 43 (60,6%) 28 (39,4%) 1,86 1,61 1,04-2,48 0,033

Excelente, muito boa, boa 28 (32,6%) 58 (67,4%)

Estado civil

Sem vida conjugal 35 (61,4%) 22 (38,6%) 1,71 1,66 1,14-2,40 0,007

Com vida conjugal 36 (36,0%) 64 (64,0%)

Autopercepção de visão

Ruim ou muito ruim 43 (58,9%) 30 (41,1%) 1,77 1,62 1,02-2,58 0,041

Excelente, muito boa, boa

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outros14,22 não fazem esta associação. Contudo, sabe-se que o baixo grau de escolaridade compromete o acesso à educação em saúde e entendimento das orientações médicas. Sendo assim estes idosos são mais propensos a apresentarem dificuldades no adequado seguimento do tratamento orientado pela equipe médica e a possuírem percepções errôneas quanto ao autocuidado, ocasionando assim a potencialização das doenças portadas e, consequentemente, a diminuição da qualidade de vida23.

A maioria dos idosos com queixa de tontura não possuía vida conjugal (61,4%), dado que corrobora com alguns estudos encontrados na literatura20,22. Nessa perspectiva, merece destaque o estudo de Gonçalves et al (2011)24 que mostrou que mais de 50,0% dos idosos com vida conjugal eram cuidados pelo cônjuge. Dessa forma, destaca-se a importância dos vínculos afetivos na terceira idade bem como do papel do cuidador o qual promove saúde, previne incapacidades e auxilia na manutenção da capacidade funcional da pessoa cuidada, o que acaba por evitar hospitalizações, uso inadequado de medicações, isolamento25. Fatores estes que podem estar associados à presença de queixas de tontura20,26. Vale salientar que não foram encontrados estudos que trouxessem associação do estado civil com a queixa de tontura na população diabética.

A população diabética com a queixa estudada descreveu a autopercepção da saúde geral (60,6%) e visão (58,9%) majoritariamente como “ruim ou muito ruim”. Alguns estudos com metodologias semelhantes à utilizada neste trabalho mostraram autopercepção negativa da visão em 48,8%14, 35,4%22 e de 53,3%14 em relação à saúde geral na população idosa geral. Esse aumento na autopercepção negativa da visão pode ser decorrente do processo de envelhecimento que traz uma maior incidência de alterações oculares, como a catarata e o glaucoma, e, consequentemente, ocasiona a diminuição da acuidade visual, o que colabora, negativamente, com a manutenção do EP22. Já a autopercepção negativa de saúde geral pode ter sido ocasionada pelo o aumento do número de doenças juntamente com a tontura que acarreta diminuição na qualidade de vida de seus portadores4,5,15.

Os idosos com queixa de tontura também apresentaram queixa de dor em membros inferiores (55,4%) que é um sintoma comum da neuropatia periférica, comorbidade comumente desenvolvida, ao longo do tempo, por pacientes com DM2. A NP pode interromper as aferências e eferências dos membros inferiores, o que altera a propriocepção e, consequentemente, o equilíbrio10,27.

Alterações do EP estão comumente associadas a episódios de quedas e, por conseguinte, idosos portadores de tontura referem maior medo de cair e tendência a quedas em relação à população idosa em geral, como visto neste estudo e na literatura28,29. Duarte e Soldera (2013)29 buscaram investigar a associação da queixa de tontura, medo de cair e ocorrência de quedas em idosos, e seus resultados mostraram que 97,4% da amostra total estudada exibiram medo de cair e, consequentemente, restrições de atividades cotidianas pelo medo apresentado. Vale salientar que, além das limitações em atividades diárias, o medo de cair também pode acarretar déficits na autoconfiança, e estes fatores somados ocasionam maior dependência e perda de autonomia28,29.

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Além disso, têm-se uma elevada prevalência de transtorno de ansieda-de, fobias e depressão em idosos com tontura crônica16. Entretanto, este estudo se ateve a investigar somente os sintomas depressivos, tendo em vista que o rastreio dessa doença pode ser realizado por qualquer profissional de saúde. Os resultados deste estudo são semelhantes ao de Peluso, Quintana, Ganança (2016)16, que mostrou associação da tontura com sintomas depressivos. Desse modo, ressalta-se a importância de identificar os pacientes com esse tipo de acometimento e encaminhá-los para atendimento especializado, melhorando, assim, o processo de interventivo da tontura e a qualidade de vida do idoso.

O SNC é um dos sistemas mais afetados pelas modificações anatomo-fisiológicas decorrentes do processo de envelhecimento. Dessa forma são comuns alterações em regiões responsáveis pelas funções cognitivas30. Com isso, habilidades como pensar, lembrar, raciocinar e produzir respostas às solicitações e estímulos externos podem se encontrar deficitárias e dificultar o processo de reabilitação30,31. É importante destacar que os pacientes com DM2 e queixa de tontura apresentaram medianas menores no MMEM, apresentando, assim, maiores probabilidades de déficit cognitivo nesta população, fato este que pode vir a dificultar o processo de reabilitação do equilíbrio, tendo em vista a necessidade de modificações de hábitos, realização de exercícios e mudanças na rotina.

Dentre as variáveis que mostraram associação com a queixa de tontura, deve-se dar destaque, de forma especial, à autopercepção da saúde geral “ruim ou muito ruim”, à autopercepção da visão “ruim ou muito ruim” e ao estado civil “sem vida conjugal”, uma vez que a análise de regressão logística as mostrou como preditoras da queixa de tontura. Desse modo, idosos nestas categorias apresentam 61%, 62% e 66% de chance a mais de desenvolver tontura independente das outras variáveis.

Algumas variáveis estudadas chamaram atenção por não mostrarem associação com a queixa de tontura na população em estudo. São elas: autopercepção da audição, idade, tempo de diagnóstico e exames laboratoriais (hemoglobina em glicada e glicemia de jejum). Acreditamos que a queixa de tontura não apresentou associação com autopercepção da audição devido esta ser influenciada por vários fatores, dentre eles o contexto e a experiência de vida, a cultura, a escolaridade, a cognição e, além disso, a presbiacusia, perda auditiva comum em idosos, possui caráter lento, gradual e progressivo o que permite o idoso desenvolver estratégias adaptativas e, consequentemente, diminuir a autopercepção negativa relacionada a perda auditiva32.

Supomos que a idade e o tempo de diagnóstico do DM2 não mostraram associação devido ao fato de todos os idosos avaliados se encontrarem em acompanhamento pela equipe médica multidisciplinar, constantemente, o que propicia a diminuição de alterações ocasionadas pelo DM2.

Salienta-se que as queixas de tontura são comuns em idosos, porém nem sempre são adequadamente valorizadas pelos familiares e/ou equipe médica, por serem vagas, inespecíficas ou simplesmente consideradas inatas ao processo do envelhecimento humano. Contudo, a descrição da queixa traz importantes informações para elucidação da etiologia e/ou alerta para outras demandas como alterações auditivas, vestibulares, de memória ou risco de quedas11-13.

Portanto, proporcionar aos idosos diabéticos com queixa de tontura uma avaliação abrangente capaz de identificar os fatores sociodemográficos,

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clínico-funcionais e psicocognitivos associados é de extrema importância na perspectiva de desenvolver estratégias preventivas e reabilitativas eficazes, assim como para sistematizar e aplicar um modelo ideal de cuidados a esta população.

Dentre as limitações deste estudo, destacam-se a dificuldade de se obter os valores dos últimos exames laboratoriais (hemoglobina glicada e glicemia de jejum) dos participantes que, mesmo sendo solicitados anteriormente e tendo acesso aos prontuários médicos, ainda assim tiveram perdas no número de casos; a ausência de dados quanto os fatores desencadeantes da queixa de tontura; e o estabelecimento do nexo causal, visto que este estudo teve delineamento transversal.

Espera-se que mais estudos nessa área sejam realizados, uma vez que a literatura ainda traz poucas informações quanto às alterações do EP em idosos com DM2. Com isso, possibilitaremos a construção de diretrizes clínicas e políticas públicas que respaldem essa população.

CONCLUSÃO

Verificou-se que a queixa de tontura é comum em idosos portadores de DM2 e se encontra associada ao sexo, escolaridade, estado civil, autopercepção da saúde geral e da visão, queixa e intensidade de dor em membros inferiores, medo de quedas, tendência a quedas e sintomas psicocognitivos.

Dentre as variáveis que se encontram associadas de forma significativa à queixa de tontura merece destaque o estado civil sem vida conjugal e a autopercepção negativa de saúde geral e visão.

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4.2 Artigo 2

DOENÇAS E SINTOMAS ASSOCIADOS A ALTERAÇÕES DO EQUILÍBRIO POSTURAL EM DIABÉTICOS: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

Diseases and symptoms associated with changes in postural balance in diabetics: an integrating review

RESUMO

Objetivo: verificar doenças e sintomas associados às alterações do equilíbrio

postural em indivíduos de meia-idade e idosos com Diabetes Mellitus tipo 2.

Métodos: trata-se de uma revisão integrativa. A busca foi realizada a partir dos

descritores: “Dizziness”, “Vertigo”, “Vestibular Diseases”, “Labyrinth Diseases”, “Diabetes Mellitus, Type 2” e seus correspondentes no português nas bases de dados: PubMed, Scielo, LILACS, Web of Science e Scopus. Foram inseridos artigos observacionais que trouxessem indivíduos a partir de 40 anos com alteração no equilíbrio postural e Diabetes Mellitus tipo 2 e que apresentassem pelo menos uma doença ou sintoma associado a esta alteração. Resultados: a busca resultou em 1209 artigos, porém somente cinco atenderam os critérios de elegibilidade. Os indivíduos participantes dos estudos selecionados apresentaram hipertensão arterial sistêmica, índice de massa corporal elevado, neuropatia periférica, instabilidade postural ao andar em superfícies irregulares e no escuro, ao olhar para objetos em movimento, ao movimentar a cabeça rapidamente e ao mudar de postura, tropeços ao andar e quedas. Os artigos foram classificados como IIb e III, segundo os níveis de evidências da

American Speech-Language Hearing Association. Conclusão: o público dos

artigos estudados apresentou alterações cardiovasculares, neuropatia periférica, sintomas vestibulares, dificuldades em tarefas/movimentos em contextos desafiadores e quedas.

Descritores: Tontura; Vertigem; Diabetes Mellitus Tipo 2

ABSTRACT

Purpose: to verify the diseases and symptoms associated with changes in

postural balance in middle-aged and elderly individuals with type 2 diabetes mellitus. Methods: it is an integrative review. The search was performed from the descriptors: "Dizziness", "Vertigo", "Vestibular Diseases", "Labyrinth Diseases" and "Diabetes Mellitus, Type 2" and their correspondents in Portuguese in the databases: PubMed, Scielo, LILACS, Web of Science and Scopus. Observational articles were inserted which brought individuals aged 40 years or more with alterationin the postural balance and Diabetes Mellitus type 2 and who presented at least one disease or symptom associated with that alteration. Results: the research resulted in 1209 articles, but only five met the eligibility criteria. Individuals participating in the selected studies had systemic arterial hypertension, high body mass index, peripheral neuropathy and postural

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