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Análise do risco à saúde de uma população exposta a radioatividade natural no semiárido do Nordeste brasileiro

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Academic year: 2021

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ANÁLISE DO RISCO À SAÚDE DE UMA POPULAÇÃO EXPOSTA A RADIOATIVIDADE NATURAL NO SEMIÁRIDO DO NORDESTE BRASILEIRO

MYCARLA NELY RODRIGUES DOS SANTOS

2018 Natal-RN

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Mycarla Nely Rodrigues dos Santos

ANÁLISE DO RISCO À SAÚDE DE UMA POPULAÇÃO EXPOSTA A RADIOATIVIDADE NATURAL NO SEMIÁRIDO DO NORDESTE BRASILEIRO.

Orientador: Profª Drª Viviane Souza do Amaral.

2018 Natal-RN

Tese apresentada ao Curso de Doutorado em Desenvolvimento e Meio Ambiente, associação ampla em Rede, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte dos requisitos necessários à obtenção de título de Doutor.

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Leopoldo Nelson - -Centro de Biociências - CB

Santos, Mycarla Nely Rodrigues Dos.

Análise do risco à saúde de uma população exposta a

radioatividade natural no semiárido do Nordeste brasileiro / Mycarla Nely Rodrigues Dos Santos. - Natal, 2018.

104 f.: il.

Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Biociências. Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente.

Orientadora: Profa. Dra. Viviane Souza do Amaral.

1. Radiação natural - Tese. 2. Avaliação do risco - Tese. 3. Saúde ambiental - Tese. 4. Toxicidade genética - Tese. I.

Amaral, Viviane Souza do. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/UF/BSE-CB CDU 551.521

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MYCARLA NELY RODRIGUES DOS SANTOS

Tese apresentada ao Curso de Doutorado em Desenvolvimento e Meio Ambiente, associação ampla em Rede, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte dos requisitos necessários à obtenção de título de Doutor.

Aprovado em:

_______________________________________________ Prof(a). Dr(a). Viviane Souza do Amaral

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (DDMA/UFRN)

______________________________________________ Prof(a). Dr(a). Guillermina Bongiovani

Universidade Nacional de Comahue – UNCo

________________________________________ Prof(a). Dr(a). Jean Leite Tavares

Instituto Federal do Rio Grande do Norte – IFRN

_______________________________________________ Prof(a). Dr(a). Cibele Soares Pontes

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PRODEMA/UFRN)

_______________________________________________ Prof(a). Dr(a). Maria das Graças Almeida Thornton Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

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APRESENTAÇÃO

A Tese tem como título “ANÁLISE DO RISCO À SAÚDE DE UMA

POPULAÇÃO EXPOSTA A RADIOATIVIDADE NATURAL NO SEMIÁRIDO DO NORDESTE BRASILEIRO” e, conforme padronização aprovada pelo colegiado do DDMA local se encontra composta por uma Introdução geral (embasamento teórico e revisão bibliográfica do conjunto da temática abordada, incluindo a identificação do problema da Tese), uma Caracterização geral da Área de estudo, Metodologia geral empregada para o conjunto da obra e por três capítulos que correspondem a artigos científicos; o primeiro capítulo/artigo tem como título: “Avaliação da percepção do risco em uma população do semiárido exposta a tóxicos ambientais”, e está publicado na Revista Educação Ambiental em Ação; o segundo capítulo, “Toxicidade genética associada à baixos níveis de chumbo geogênico em uma população do semiárido brasileiro”, será submetido à revista Human and

Ecological Risk Assessment: An International Journal; e o terceiro e último capítulo intitulado: “Mini review: evidência de que a radiação natural no semiárido brasileiro é uma problemática de saúde ambiental”, será submetido à revista Ciências e Saúde Coletiva. Todos

os capítulos/artigos estão no formato do periódico ao qual está aceito/publicado/submetido; os endereços dos sites onde constam as normas dos periódicos estão destacados em cada capítulo/artigo.

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar quero agradecer a Deus por ter me guiado nesses anos de tantos obstáculos e decisões.

Esta pesquisa foi realizada com o apoio e financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES e do Conselho Nacional de Desenvolviemnto Científico e Tecnológico - CNPQ/Brasil;

Em especial a minha Orientadora Profª Drª Viviane Amaral que me acompanha desde o mestrado, e ao Prof° Dr° Júlio Navoni, que atuou como um coorientador. Ambos foram mais que especiais e estiveram a todo momento guiando o desenrolar desta pesquisa. Muito carinho e admiração por vocês.

À minha amada família. Aos meus pais por sempre me apoiarem e me incentivaram a chegar até aqui. As minhas irmãs, pelo amor e pela paciência nos dias mais difíceis. Meus presentes enviados por Deus.

A toda equipe que participou dos momentos de coleta e do laboratório, em especial a Luíza, Stefanie, Anne, Rayane e Heloísa que contribuiram muito na construção desse estudo. À

vocês o meu muitíssimo obrigado.

Ao Sr Gilvan que me levou e me acompanhou por tantas viagens e coletas. Meu muito obrigado.

A David e a Érika, os melhores secretários do mundo, que durante todos esses anos me ajudaram em tudo. Carinho grande por vocês.

A toda população de Lajes Pintadas, gestores, diretores de escola, professores, funcionários, participantes da pesquisa, muitos que se tornaram amigos, e que sempre nos receberam de

braços abertos. A vocês todo meu carinho e gratidão.

Por fim, a todos aqueles que de alguma forma contribuíram e torceram por mim, mesmo que de forma anônima ou discreta.

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RESUMO

O urânio presente na formação geológica de cidades no interior norte-rio-grandense favorece a contaminação ambiental por radionuclídeos, dentre eles o gás radônio e o chumbo, oriundos do processo de decaimento espontâneo deste metal. Essa radioatividade natural é capaz de gerar diversos efeitos negativos à saúde humana. Diante disto, o presente estudo objetivou avaliar os danos à saúde da população do município de Lajes Pintadas/RN, frente aos contaminantes ambientais presentes na região. Para a realização deste objetivo foram realizadas as seguintes metodologias: avaliação da percepção do risco pela população exposta; a quantificação de gás radônio nas residências; quantificação de chumbo em amostras ambientais e biológicas; avaliação de efeitos a níveis genéticos por meio de teste de genotoxicidade; e uma revisão bibliográfica sobre esta temática no Estado. Os dados gerados a partir da avaliação da percepção do risco demonstraram que a população apresenta condições socioeconômicas que a torna vulnerável as problemáticas ambientais ali estabelecidas. Mesmo a maioria da população não apresentando conhecimento sobre a radiação natural, existe uma percepção clara da presença de um problema que está causando danos à saúde dos moradores. Considerando os resultados oriundos a partir da avaliação de risco, foi possível detectar que há baixos níveis de chumbo nos compartimentos ambientais e que a população encontra-se efetivamente exposta ao chumbo geogênico. Além disso, foi constatada uma exposição a níveis elevados de radônio na Região que pode comprometer a saúde da população residente. A presença deste gás pode estar associada à alta frequência de morte celular observada nos indivíduos estudados. No entanto, a evidência do dano genético observado sustenta a ideia de que a radioatividade presente na região é um dos agentes causadores das alterações celulares. Desta forma, estes resultados apontam para a importância do estudo do impacto dos subprodutos da radiação natural nesta região, uma vez que ainda existem poucas pesquisas realizadas nesta área, conforme foi identificado pela revisão bibliográfica. A partir da análise do conjunto desses dados, é possível realizar o gerenciamento dessa área de risco, adotando-se medidas que minimizem os impactos adversos gerados a saúde da população. No entanto, tal preocupação não é realidade nos países subdesenvolvidos como o Brasil. Apesar de ser uma problemática de saúde humana cientificamente comprovada, as políticas públicas não investem em recursos e consequentemente, o governo tem que investir cada vez mais no tratamento de saúde daqueles que podem ser vítimas dos efeitos da exposição à radioatividade natural.

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ABSTRACT

The uranium present in the geological formation of some cities in Rio Grande do Norte State contribute with an environmental contamination by radionuclides, among them radon gas and lead from the spontaneous decay process of this element. Natural radioactivity is capable of generating several negative effects on human health. In view of this, the present study aimed to assess the damages to the health of the population from the municipality of Lajes Pintadas/RN, facing the environmental contaminants present in the region. In order to achieve this objective, the following methodologies were carried out: assessment of the risk perception by the exposed population; the quantification of radon gas in residences; quantification of lead in environmental and biological samples; evaluation of effects at genetic level by genotoxicity test; and a bibliographical review on this topic in the State. The data generated from the risk perception assessment showed that the population presents socioeconomic conditions that make it vulnerable to the environmental concerns established there. Even the majority of the population does not present knowledge about natural radiation, there is a clear perception about the presence of a problem that is causing damage to the health of the residents. Considering the results from the risk assessment, it was possible to detect that there are low levels of lead in the environmental compartments and the population is effectively exposed to geogenic lead. In addition, exposure to high levels of radon in the Region were found fact that could compromise the health of the resident population. The presence of this gas may be associated with the high frequency of cell death observed in the individuals studied. However, evidence of the observed genetic damage supports the idea that the radioactivity present in the region is one of the causative agents of cell changes. Thus, these results point to the importance of studying the impact of by-products of natural radiation in this region, since there is still little research in this area, as identified by the literature review. Based on the analysis of these data, it is possible to manage this risk area, adopting actions that could minimize the adverse impacts generated on the health of the population. However, such concern is not a reality in underdeveloped countries such as Brazil. Despite being a scientifically proven human health concern, public policies do not invest in resources and as a result, government has to invest more and more in the health care of those who may be victims of the effects of exposure to natural radioactivity.

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Sumário

1. INTRODUÇÃO ... 14 1.1 Radioatividade Natural ... 15 1.2 Percepção do risco ... 19 2. HIPÓTESES E OBJETIVOS ... 20 2.1 Hipóteses ... 20 2.2 Objetivo ... 20 2.2.1 Objetivo Geral ... 20 2.2.2 Objetivos Específicos ... 20

3. CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO ... 21

4. METODOLOGIA GERAL ... 25

4.1 Procedimentos metodológicos de coleta e análises das amostras biológicas ... 26

4.1.1 Análises bioquímicas ... 26

4.1.2 Quantificação de chumbo em amostras de solo e água ... 27

4.1.3 Quantificação de chumbo em sangue... 27

4.1.4 Coleta e teste de micronúcleo em mucosa oral - MN ... 27

4.1.5 Quantificação do gás radônio e radiação gama nas residências ... 28

5. AÇÕES DE INTERVÊNÇÃO NO MUNICÍPIO ... 29

6. REFERÊNCIAS ... 33

CAPÍTULO 1: ... 36

AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO DO RISCO EM UMA POPULAÇÃO DO SEMIÁRIDO EXPOSTA A TÓXICOS AMBIENTAIS ... 36

1. INTRODUÇÃO ... 39

2. METODOLOGIA ... 41

2.1 Caracterização da área de estudo ... 41

2.2 Avaliação da percepção do risco ... 42

2.3 Análises estatísticas ... 43

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO... 43

4. CONCLUSÃO ... 52

5. REFERÊNCIAS ... 53

CAPÍTULO 2: ... 57

TOXICIDADE GENÉTICA ASSOCIADA A BAIXOS NÍVEIS DE CHUMBO GEOGÊNICO EM UMA POPULAÇÃO DO SEMIÁRIDO BRASILEIRO ... 57

(10)

2. Metodologia ... 64

2.1 Estudo da população ... 64

2.2. Caracterização da população e fatores de risco à exposição ... 65

2.3. Caracterização dos níveis de chumbo em amostras ambientais... 65

2.3.1 Determinação de chumbo em água ... 65

2.3.2 Determinação de chumbo em solo... 66

2.4. Avaliação da exposição ao chumbo ... 66

2.4.1. Determinação do chumbo no sangue (PbS) ... 66

2.5. Estudo de mutagenicidade utilizando o teste de micronúcleo (MN) em células da mucosa oral 67 2.6. Análise estatística ... 67

3. Resultados e Discussão ... 68

4. Conclusões ... 77

5. Referências Bibliográficas ... 77

CAPÍTULO 3: ... 82

MINI REVIEW: EVIDÊNCIA DE QUE A RADIAÇÃO NATURAL NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO É UMA PROBLEMÁTICA DE SAÚDE AMBIENTAL ... 82

1. Introdução ... 86 2. Metodologia ... 90 3. Resultados e discussões ... 90 4. Conclusão ... 98 5. Referências Bibliográficas ... 99 APÊNDICE A: ... 102 APÊNDICE B: ... 105

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Localização da Província Pegmatítica do Borborema (Fonte: Miranda, 2012). ...14 Figura 2: Série de decaimento do Urânio (Fonte: adaptado de International Commission on Radiological

Protection, 2011). ...16 Figura 3: Ação dos subprodutos do decaimento do gás radônio após serem inalados (Fonte: adaptado de Swearingen, 2014). ...17 Figura 4: Localização do município de Lajes Pintadas/RN/Brasil (Fonte: elaborado pelo autor)...22 Figura 5: Imagem aérea do Açude Riacho da Cachoeira – Lajes Pintas/RN (Fonte: elaborado pelo autor). ...24 Figura 6: Megacristais de águas marinhas produzidas em Lajes Pintadas/RN. (Fonte: Geologia dos pegmatitos, disponível em:

http://www.geoturismobrasil.com/Material%20didatico/08%20%20geologia%20pegmatitos.pdf). ...24 Figura 7: À direita coleta de mucosa oral, à esquerda preparação das lâminas em laboratório (Fonte: acervo do autor). ...28 Figura 8 - Equipamentos para medições em ar: a) à esquerda o Rad Elec Inc (leitor de tensão d electret), e à direita o electret (S Chamber); b) espectrômetro de radiação gama (Fonte: Google). ...29 Figura 9: a, b – atividades desenvolvidas com os inscritos no curso de férias; c, d – célula 3D e atividades na feira de ciências aberta ao público (Fonte: acervo do autor). ...30 Figura 10: Coleta de amostras biológicas para realização de exames e ensaios laboratoriais (Fonte: acervo do autor). ...32 Figura 11 - Localização da Província Pegmatítica do Borborema, Nordeste-Brasil (MIRANDA, 2012). ...41 Figura 12 - Mapa de Localização de Lajes Pintadas, Rio Grande do Norte-Brasil (Fonte: elaborado pelo autor). 42 Figura 13 - Série de decaimento do Urânio (Fonte: adaptado de International Commission on Radiological Protection, 2011). ...62 Figura 14 - Geolocalização da área de estudo. A) Brasil e Rio Grande do Norte (RN), B) RN e Lajes Pintadas e C) Pontos de amostragem ambiental. WS: amostras de água, SS: amostras de solo (Fonte: elaborado pelo autor). ...64 Figura 15 - Série de decaimento do Urânio (Fonte: Google). ...86 Figura 16 - Caminho e ação do gás Radônio após inalação (Fonte: Google). ...88

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Dados sociodemográficos da população estudada. ...44 Tabela 2 - Dados sociodemográficos e das necessidades básicas insatisfeitas da população estudada de Lajes Pintadas, RN, Brasil. ...69 Tabela 3 - Níveis de Chumbo em sangue da população de Lajes Pintadas, RN/Brasil...70 Tabela 4- Frequência na taxa de biomarcadores citogenéticos (‰) em células esfoliadas da mucosa oral da população adulta de Lajes Pintas, RN/Brasil. ...72 Tabela 5 - Frequência na taxa de biomarcadores citogenéticos (‰) em células esfoliadas da mucosa oral da população infantil de Lajes Pintadas, RN/Brasil. ...72 Tabela 6 - Valores das medições de gás Radônio e gamaespectrometria nas residências da população estudada de Lajes Pintadas/RN. ...75

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Total de referências bibliográficas encontradas durante busca na PubMed (Fonte: elaborado pelo autor). ...91 Gráfico 2 - Proporção das publicações a nível Brasil (Fonte: elaborado pelo autor). ...92 Gráfico 3 - Frequência na taxa de MN em testes genotóxicos utilizando águas, de açudes no RN/Brasil, com alta concentração de Radônio, e Trandescantia sp como bioindicador (Fonte: Dantas et al., 2017; Garcia et al., 2011). ...95 Gráfico 4 - Frequência na taxa de MN em testes genotóxicos utilizando eritrócitos de O. niloticus obtidos em açudes do RN/Brasil com alta concentração de Radônio (Fonte: Dantas et al., 2017; Chaves et al., 2016; Garcia et al., 2011). ...95 Gráfico 5 -Frequência na taxa de MN em testes genotóxicos utilizando linfócitos submetidos a água dos

reservatórios do interior das regiões estudadas (Fonte: Chaves et al., 2016; Garcia et al., 2011). ...96 Gráfico 6 - Frequência na taxa de MN e alterações celulares em testes genotóxicos utilizando células da mucosa oral de indivíduos expostos à alta concentração de Radônio no RN/Brasil (Fonte: adaptado de Marcon et al., 2017). ...97

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1. INTRODUÇÃO

Segundo a Agência Internacional de Energia Atómica-AIEA (2007), o Brasil possui uma das maiores reservas mundial de urânio, sendo a 7ª maior com aproximadamente 310mil toneladas, estando atrás dos Estados Unidos, Canadá, África do Sul, Rússia, Cazaquistão e Austrália, os quais juntos possuem uma reserva com cerca de 1.462.000 toneladas.

Geralmente este metal encontra-se disponível no interior da crosta terrestre, no entanto, processos naturais e antrópicos contribuem para a sua redistribuição em vários compartimentos ambientais (solo, ar, águas superficiais e subterrâneas, animais, plantas) (BLEISE et al., 2003). O urânio é encontrado na forma de elemento traço na constituição de algumas formações rochosas, como por exemplos os pegmatitos. Tais rochas podem apresentar na sua composição além do urânio, elementos como: potássio (K), sódio (Na), cálcio (Ca), silício (Si), alumínio (Al), Thório (Th), dentre outros. Além disso, pode-se ter a formação de gemas de pedras preciosas como, por exemplo: turmalina e água marinha (RAO et al., 2004). Por se tratar de um metal radioativo, o urânio possui uma estrutura atômica instável que o faz decair em outros produtos como radiação e elementos de toxicidade variada como o gás radônio e o chumbo (TAYLOR et al., 2001). Rochas do tipo pegmatitos podem ser encontradas no interior do nordeste brasileiro, mais precisamente nos estados do Rio Grande do Norte e Paraíba, em uma região denominada Província Pegmatítica da Borborema (CAMPOS et al., 2013) (Fig. 01).

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Um ponto de fundamental importância em relação à toxicidade destes subprodutos da radiação natural é o fato do Radônio ser classificado como um agente carcinogênico humano (grupo 1), e o chumbo ser descrito como um provável agente carcinogênico (grupo 2A) (IARC, 2013). Juntamente a isso, a exposição ao chumbo pode ter outras implicações na saúde da população, destacando os efeitos observados em crianças tais como, alterações no sistema nervoso, alterações nas funções cognitivas, distúrbios de comportamento, entre outros (ROY et al., 2009; MIGG et al., 2009; MAZUMBAR et al., 2011).

1.1 Radioatividade Natural

De acordo com Eisenbud & Pachoa (1989), os radionuclídeos existentes na crosta terrestre são produtos oriundos das cadeias de decaimento de três elementos: U-238, U-235 e Th-232, sendo o isótopo de urânio, U-238, o mais abundante. Ainda segundo os autores, existem na Terra cerca de 70 radionuclídeos, os quais apresentam uma pequena variação na radioatividade dos solos e das rochas ao redor do mundo, no entanto, o Brasil e a Índia apresentam minerais que contêm Tório o que resulta numa radioatividade natural cerca de 10 ou mais vezes maiores que o normal.

O principal elemento de exposição humana a radiação natural da série do U-238 é o Rádio 226 (Ra-226). Este elemento por ser altamente solúvel tem facilmente como destino os recursos hídricos e os alimentos. No processo de seu decaimento o Ra-226 se transmuta em Radônio-222 (Rn-222), o qual possui uma meia-vida de 3,8 dias (Fig. 02). Ao se difundir facilmente na atmosfera o Rn torna-se um gás e se liga a partículas em suspensão no ar podendo ser inalado e consequentemente depositado no pulmão, sendo este o órgão que recebe a maior dose deste elemento (USEPA, 2015).

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Por ser um gás e ser derivado de elementos encontrados na crosta terrestre, como descrito anteriormente, o radônio desloca-se facilmente pelos poros dos solos e fragmentos de rochas. Quando esses poros estão saturados com água, o gás é dissolvido e acaba sendo transportado e incorporado nos corpos d’água superficiais e subterrâneos, apresentando-se em diferentes concentrações. De acordo com Jobbágy et al. (2010), na água podem ser encontrados, em diferentes concentrações, diversos elementos emissores de radiação alfa como U238, U234, Th232, Ra226, Po210 e emissores de radiação beta, K40, Ra228 e Pb 210. Segundo a European Commission (2001), as concentrações de radônio em água irão depender da formação geológica da região, sendo estimados os seguintes valores: 1 a 50 Bq/L, em aquíferos rochosos em rochas sedimentares; 10 a 300 Bq/L para poços perfurados no solo e de 100 a 500 Bq/L em rochas cristalinas. Por se tratar de um gás extremamente volátil e sua

Figura 2: Série de decaimento do Urânio (Fonte: adaptado de International Commission on Radiological Protection, 2011).

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concentração na água ser diretamente influenciada pela pressão e temperatura, o Radônio facilmente é liberado para atmosfera (BONOTO et al., 2014). Desta forma, a presença de radônio na água de abastecimento humano favorece tanto a exposição por ingestão quanto por inalação.

A exposição natural ao radônio é um fato de preocupação mundial visto que, segundo a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), e o Programa Nacional de Toxicologia dos Estados Unidos (USNTP) esse gás é um agente carcinogênico humano. Estudos mostram a relação entre o desenvolvimento de câncer em crianças (leucemia) com a exposição ao gás radônio (RAASCHOU-NIELSEN et al., 2008; BRÄUNER et al., 2012; KENDALL et al., 2013). Segundo a USEPA (2012) o radônio é responsável por milhares de óbitos por câncer de pulmão nos Estados Unidos.

Como ilustrado na figura 02, o átomo de Radônio decai até formar o metal polônio-218. Esse decaimento ocorre ao nível dos pulmões quando se inala o gás radônio. O átomo de polônio-218 se deposita nos pulmões emitindo várias partículas alfa, beta e raios gama (Fig. 03). Posteriormente, ele se transforma em chumbo-210, que tem uma meia-vida de 22 anos, conduzindo a emissões de partículas alfa, beta e gama, que podem levar a mutações no tecido do pulmão, sendo responsáveis por aumentar a probabilidade do desenvolvimento de câncer neste órgão (WHO, 2009).

Figura 3: Ação dos subprodutos do decaimento do gás radônio após serem inalados (Fonte: adaptado de Swearingen, 2014).

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O chumbo inorgânico tem sido recentemente recategorizado pela IARC a grupo 2A como provável carcinogênico humano, portanto sua presença poderia influenciar na ocorrência de câncer pela exposição a radônio ao longo da vida (IARC, 2006). Vários estudos mostram que a presença de níveis elevados de chumbo no sangue podem desencadear inúmeros efeitos relacionados à disfunção cognitiva, distúrbios neurocomportamentais, danos neurológicos, hipertensão, insuficiência renal e desenvolvimento de câncer (GILLIS et al., 2012).

Os efeitos, relacionados à exposição ao chumbo, são distintos quando comparados em adultos e crianças. Tal fato pode ser explicado devido à suscetibilidade que o organismo apresenta no período da infância, principalmente no que diz respeito ao sistema nervoso, o qual se encontra ainda em formação (MAZUMBAR et al., 2011). Inúmeros estudos revelam que a presença de chumbo no sangue de crianças acima de 5 ug% causam alterações no sistema nervoso infantil, originando problemas nas funções cognitivas, distúrbios de comportamento, baixo rendimento escolar, diminuição da capacidade visual, dentre outros (MARTÍNEZ et al., 2013; DASCANIO et al., 2010; LEAL-ESCALANTE et al., 2007; VEGA et al., 2005).

Segundo Chaudhry (2008), a radiação ionizante liberada na cadeia de decaimento do U pode gerar alterações nas funções celulares, inclusive mutações no DNA. Genotoxicidade, neurotoxicidade, estresse oxidativo e dano celular são vários outros efeitos associados à exposição à radiação ionizante (Barrilet et al., 2011). Ainda segundo a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC) e o Programa Nacional de Toxicologia dos Estados Unidos (USNTP) o radônio é um agente carcinogênico humano, podendo levar ao câncer de pulmão dependendo do grau de exposição que um indivíduo apresente, onde deve ser considerado o tempo de exposição bem como a concentração do gás no ambiente.

A avaliação do risco pela exposição a produtos químicos é a atividade científica que analisa as propriedades tóxicas de uma substância especial e as condições de exposição humana a essa substância, para estudar a possibilidade que indivíduos expostos possam desenvolver efeitos adversos e assim caracterizar a natureza dos efeitos que podem surgir (IPCS-INCHEM, 2001a; CEPIS / OPAS / OMS, 2005).

A análise de risco humano é baseada na aplicação de critérios e procedimentos às populações em condições particulares de exposição que permite avaliar indicadores de dano sobre variações dos fatores do risco e as concentrações de contaminantes, a partir de dados

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experimentais e estudos epidemiológicos se houver (DIAZ-BARRIGA, 1999; UNEP / IPCS, 1999).

Diante desta problemática, destacamos o município de Lajes Pintadas/RN, no nordeste brasileiro, o qual apresenta afloramentos rochosos com a presença de ionizantes naturais que liberam o gás radônio, o que expõe a população local a possíveis riscos promovidos por tal contaminante (Ministério de Minas e Energia, 2005). No entanto, não existem dados que relatem sobre o risco que esta população está exposta, tendo em vista os efeitos e patologias mencionadas.

1.2 Percepção do risco

O conceito de risco é muito diverso, vários autores o definem de acordo com uma dada situação, fato que pode gerar um erro de comunicação. Independente da definição, normalmente, os riscos ou as probabilidades e consequências de eventos adversos acontecerem, são assumidos quando podem ser quantificados pela percepção do risco (SLOVIC, 2002).

Segundo Slovic (1987), os estudos de percepção do risco avaliam as decisões que os indivíduos tomam ao serem questionados sobre alguma situação, substâncias, atividades e/ou processos perigosos à saúde humana e ao meio ambiente. Para Bejarano et al. (2011), a percepção do risco é um processo de caráter cognitivo onde os indivíduos irão atribuir propriedades positivas ou negativas a aquilo a que estão expostos, isto irá definir os comportamentos dos indivíduos deixando-os mais ou menos vulneráveis aos efeitos de determinado risco.

Na maioria dos casos os indivíduos expostos (leigos) vêm o risco diferente daqueles que estudam o risco (especialistas). Isto ocorre pelo fato que os especialistas justificam o risco diante de provas científicas (ensaios laboratoriais, dados estatísticos), já os leigos relacionam ao que pode vim a acontecer no futuro. Vários países utilizam dados de estudos sobre percepção de risco para a reformulação de políticas públicas em relação aos riscos ambientais e a saúde. Se as decisões políticas e as pesquisas científicas não considerarem o entendimento da população frente aos riscos, ambas assumiram um papel ineficaz (SLOVIC, 1987). Sendo assim, a avaliação do risco possibilita um diálogo com diferentes pontos de vista (leigos x especialistas x gestores) o qual favorece a definição da escolha mais adequada, pelos especialistas e pelos tomadores de decisão (gestores), das medidas a serem tomadas a fim de

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minimizar os efeitos gerados por determinado risco, aperfeiçoando a comunicação entre os envolvidos.

2. HIPÓTESES E OBJETIVOS 2.1 Hipóteses

Frente à problemática exposta, na qual o processo de decaimento do urânio, presente naturalmente em rochas, vem se tornando uma preocupação no âmbito toxicológico devido aos diferentes efeitos em consequência da contaminação por radônio e chumbo, esta pesquisa considera as seguintes hipóteses:

✓ O município de Lajes Pintadas/RN apresenta altos níveis de radiação natural que gera danos à saúde da população.

✓ A população de Lajes Pintadas/RN, tanto adulto quanto crianças, encontra-se contaminada por radônio e chumbo.

✓ Os moradores do município não têm conhecimento da radioatividade natural presente na região, nem tão pouco dos possíveis danos à saúde desta população.

✓ A região do Rio Grande do Norte, potencialmente exposta a radioatividade natural, é carente de estudos que investiguem os efeitos desta radiação na saúde da população local.

2.2 Objetivos

2.2.1 Objetivo Geral

Diante da perspectiva discutida, este estudo propõe realizar uma avaliação do risco carcinogênico e não carcinogênico na população exposta naturalmente ao radônio e ao chumbo no município de Lajes Pintadas/RN/Brasil.

2.2.2 Objetivos Específicos

Para atingir esse objetivo fez-se necessário:

(i) Conhecer a percepção do risco pela população frente à problemática da contaminação por radiação natural;

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(iii) Quantificar a emissão de subprodutos da radiação natural, como o gás radônio e o chumbo, o primeiro nas residências da população estudada e o segundo em amostras ambientais e em amostras de materiais biológicos coletados (mucosa oral e sangue);

(iv) Avaliar a prevalência de efeitos carcinogênicos e não carcinogênicos considerados e sua relação causal com a exposição aos contaminantes considerados (teste de micronúcleo);

(v) Fazer uma breve revisão sobre os estudos, desenvolvidos no estado do RN, que investigam a problemática da radioatividade natural, a fim de se compreender melhor o cenário atual da região estudada, e evidenciar a relevância e pertinência desta pesquisa.

(vi) Contribuir mediante a avaliação do risco o nível de prioridade que a potencial contaminação tem como problemática de saúde pública.

3. CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO

O presente estudo se desenvolveu no município de Lajes Pintadas, situado na mesorregião Agreste do Rio Grande do Norte/Brasil (Fig. 04). Trata-se de um município pequeno, com extensão com cerca de 130Km², e que se encontra a 138Km de Natal, capital potiguar, sendo o acesso pela BR 226. Faz limite com 3 municípios: Campo Redondo, Santa Cruz e São Tomé.

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Figura 4: Localização do município de Lajes Pintadas/RN/Brasil (Fonte: elaborado pelo autor).

O povoado Riacho de Lajes Pintadas foi desmembrado do município de Santa Cruz, sendo definido como município do Rio Grande do Norte pela Lei Estadual nº 2.332 de 31 de Dezembro de 1958, e só então denominado Lajes Pintadas. Tal nome se deu pelo fato de ter sido encontrado pinturas rupestres, com figuras humanas e inscrições gráficas não definidas, em rochas próximas ao riacho que deu margem a formação do povoado, hoje localizado no distrito de Barros Preto, zona rural do município. Segundo o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2016) a região apresenta em torno de 4.612 habitantes distribuídos da seguinte forma: 2.390 na zona urbana e 2.222 na zona rural.

Assim como diversas cidades do interior, Lajes Pintadas possui uma pequena infraestrutura, como: a sede a Prefeitura e as Secretarias Municipais de Assistência Social, Educação e Saúde, 1 posto de saúde, 10 escolas municipais (distribuídas nas zonas urbana e rural), 1 escola estadual, 2 igrejas, 1 agência dos correios, 1 agência de um banco particular, 1 caixa lotérica e pequenos estabelecimentos de comércio e serviços. Por não ofertar tantos recursos a população utiliza bastante dos serviços oferecidos pelo município vizinho, Santa Cruz, localizado a uma distância de cerca de 15Km.

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De acordo com o “Perfil do Rio Grande do Norte”, elaborado pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte – IDEMA, o município de Lajes Pintadas apresenta clima semiárido, com precipitação variando de 400 a 600mm de chuvas por ano. Sua vegetação é do tipo Caatinga Hipoxerófila, ou seja, formada por árvores e arbusto que em período de estiagem perdem suas folhas, o que diminuem o metabolismo, sendo uma das adaptações de resistência aos períodos de escassez de água, fenômeno denominado de estivação. A fauna é composta por animais de pequeno porte, adaptados as condições locais como: peba (Euphractus sexcenctus), preá (Cavia aperea), mocó (Kerodon rupestres), dentre outros.

Atualmente Lajes Pintadas tem o abastecimento de água através da adutora Monsenhor Expedito, a qual capta água da Lagoa do Bonfim em Nísia Floresta/RN. Antes de ser comtemplado com a adutora, o que só veio a ocorrer a partir do ano de 2003, os habitantes utilizava a água proveniente do açude local, denominado Riacho da Cachoeira (Fig. 05). Mas segundo Dantas (2012), muitos ainda utilizam da água do açude para tarefas domésticas como lavar roupas, tomar banho..., pois algumas casas próximas ao Riacho da Cachoeira ainda não são contempladas pela adutora. Ainda no município temos o abastecimento por meio de poços encontrados em alguns distritos da zona rural. Estes captam água do lençol freático (a diferentes profundidades), alguns passam por processo de dessalinização, uma vez que a água apresenta uma alta quantidade de sais devido à formação geológica local. Além disso, em busca por outras fontes de água foi identificada a existência de corpos d’águas superficiais no forma de “cacimbas” e até mesmo antigas minas desativadas que afloraram água. Alguns moradores relataram o uso destas águas para o consumo animal e também o uso em atividades domésticas, nos períodos de estiagem.

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Figura 5: Imagem aérea do Açude Riacho da Cachoeira – Lajes Pintas/RN (Fonte: elaborado pelo autor).

Referindo-se as características geológicas, Lajes Pintadas está localizada numa área denominada Província Pegmatítica da Borborema que abrange uma porção do RN e da PB. De acordo com Campos et al. (2013), trata-se de uma região rica em corpos pegmatíticos, os quais abrigam vários minerais de uso industrial e gemas, o que favorece a atividade mineradora. Tais afloramentos pegmatíticos são naturalmente ricos em Urânio e Tório. Como exemplo de minérios explorados no município encontram-se as gemas de Águas Marinhas (Fig. 06).

Figura 6: Megacristais de águas marinhas produzidas em Lajes Pintadas/RN. (Fonte: Geologia dos pegmatitos, disponível em:

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4. METODOLOGIA GERAL

O estudo foi realizado por meio de amostra probabilística com a população urbana do município de Lajes Pintadas/RN/Brasil. O grupo da população estudada foi formado por adultos e crianças com idade entre 5 a 9 anos. A amostra foi selecionada por um plano de amostra aleatória estratificada, do tipo convencional. O tamanho da amostra foi calculado de acordo com o cálculo para população finita, conforme fórmula abaixo:

Onde:

N = tamanho da população total p = 0,5

q = 0,5 Zα/2 = 1,96

E = 5% (erro amostral)

Como estratégia utilizada para a coleta do material biológico bem como a realização das entrevistas, utilizamos a oferta de exames laboratoriais gratuitos para os participantes. Tais exames consistiram em hemograma e perfil bioquímico, os quais estão foram realizados pelo Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Universitário Ana Bezerra – HUAB/UFRN – em Santa Cruz/RN.

Os dados desta pesquisa foram adquiridos através de: consultas a bancos de dados da Secretaria Municipal de Saúde - SMS de Lajes Pintadas; coleta de amostras biológicas (mucosa oral e sangue); realização de entrevistas e quantificação de gás Radônio nas residências dos participantes.

Foi obtido junto a SMS local dados sobre a causa dos óbitos ocorridos no município assim como patologias associadas, através do SIM – Sistema de Informações de Mortalidade. Também tivemos acesso aos dados de natalidade a fim de conhecermos a prevalência de más formações, através do SINASC – Sistemas de Informações de Nascidos Vivos. No entanto só tivemos acesso aos dados de 2010 até o decorrente ano, isto porque foi a partir deste período que os sistemas começaram a ser alimentados. Na consulta ao DATASUS, foi possível

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identificar as causas de óbitos fetais e não fetais ocorridos no município entre os anos de 2006 a 2013.

Para coleta de material biológico e a realização de entrevistas tivemos 3 períodos de coletas de dados: o primeiro realizado no dia 17 de julho de 2014 (durante um evento educacional oferecido no município), o segundo ocorrendo durante os dias 9, 10 e 11 de abril de 2015, e o terceiro entre os dias 7 a 9 de Abril de 2016. As duas primeiras ações ocorreram no Centro de Convivência e de Bem-estar Social, o qual é administrado pela Secretaria Municipal de Assistência Social de Lajes Pintadas/RN. Já a terceira ação aconteceu numa Escola Municipal. O primeiro momento de coleta ocorreu paralelamente ao curso de férias que foi oferecido a população. Já os segundo e terceiro compreenderam de momentos destinados apenas à coleta de amostras biológicas e realização de entrevistas. Foi escolhida a realização de entrevistas uma vez que o público-alvo diverge entre alfabetizados e não alfabetizados. Tais entrevistas foram realizadas individualmente, e os questionários preenchidos integralmente pelo aplicador. Contamos com uma equipe multidisciplinar, formada por alunos dos cursos de graduação em Ciências Biológicas, Biomedicina e Medicina, além de mestrandos e doutorandos dos programas de pós-graduação em: Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA), Bioquímica e, em Biotecnologia (RENORBIO).

4.1 Procedimentos metodológicos de coleta e análises das amostras biológicas

A coleta de sangue foi feita utilizando seringas de 15 mL e realizada pelos técnicos de enfermagem acompanhados pelo bioquímico, sendo todos funcionários da Secretaria Municipal de Saúde local. Após a coleta, o sangue foi distribuído em tubos coletores específicos para as diferentes análises: hemograma e perfil bioquímico, e quantificação de chumbo, e então destinadas aos respectivos laboratórios para processamento e análise.

4.1.1 Análises bioquímicas

As amostras de sangue destinadas às análises bioquímicas foram coletadas e armazenadas em tubo coletores contendo EDTA e destinadas ao Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Universitário Ana Bezerra – HUAB/UFRN – em Santa Cruz/RN. Foram avaliados os seguintes parâmetros: hemograma e perfil bioquímico (glicose, colesterol e triglicerídeos). A contagem das células sanguíneas para o hemograma foi realizada no equipamento SDH-20 através do princípio da impedância. Já o perfil bioquímico foi utilizado métodos enzimáticos colorimétricos.

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Os resultados dos exames clínicos foram devolvidos para os participantes, sendo uma forma de suprir a carência do município em atender a demanda da população. A entrega dos resultados foi realizada pela equipe multidisciplinar, podendo ser esclarecido (na medida do possível) os valores expressos nos laudos.

4.1.2 Quantificação de chumbo em amostras de solo e água

Amostras de água e solo do município de Lajes Pintadas/RN foram coletadas, acondicionadas e destinadas para análise no Núcleo de Processamento Primário e Reuso de Água Produzida e Resídua da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (NUPPRAR/UFRN). O método utilizado foi o ICP-OES seguindo o protocolo descrito pela USEPA, 2007a e USEPA, 2007b. As amostras de água foram coletadas em garrafas de vidro âmbar esterilizadas, e as amostras do solo foram coletadas em frascos de vidro, ambas refrigeradas e transportadas. O processamento das amostras seguiram as recomendações da APHA (APHA, 2005).

4.1.3 Quantificação de chumbo em sangue

Cerca de 4mL de amostras de sangue foram armazenadas em tubo de coleta contendo heparina, acondicionadas e destinadas ao Laboratório de Toxicologia da Universidade Federal da Bahia - UFBA para a quantificação dos níveis de chumbo. A medição foi realizada através de espectrometria de absorção atômica com atomização eletrotérmica.

4.1.4 Coleta e teste de micronúcleo em mucosa oral - MN

As amostras de mucosa oral foram obtidas com espátulas de madeiras individuais e estéreis. Utilizando uma escova cervical individual e estéreo, foram realizados leves movimentos circulares na mucosa jugal (parte interna das bochechas) a fim de se obter o material celular para análise de frequência de micronúcleos (Fig. 07). Depois de colhido, o muco foi colocado em tubos falcon de 15ml contendo aproximadamente 5ml de soro fisiológico gelado. Foram acondicionadas em gelo e levadas ao Laboratório Multidisciplinar da FACISA em Santa Cruz/RN, dentro do limite de 4h após coleta.

Em laboratório as amostras em suspensão foram lavadas 3 (três) vezes com soro fisiológico e centrifugadas, a cada lavagem, por 8 min a 1.500 rpm. Em seguida foi retirado o soro fisiológico, com auxílio de uma pipeta de Pasteur, e adicionado cerca de 2ml de metanol gelado, para fixação da amostra. Posteriormente foram pingados cerca de 50µl da amostra em lâminas limpas e úmidas (Fig. 07). Após secar a temperatura ambiente por cerca de 24h, as lâminas foram emersas em ácido clorídrico (HCL) a 1N por 10 min em banho-maria a 60ºC e,

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em seguida coradas com reativo de Schiff por 1h (Thomas et al., 2009). As lâminas foram lidas a objetiva de 40x, sendo observadas 1000 células por indivíduo.

4.1.5 Quantificação do gás radônio e radiação gama nas residências

As medições de gás Radônio foram feitas utilizando detectores do tipo electret de curto (4 dias) e longo (3 meses) período (L E-PERM®) da RADELEC INC (Fig. 08a). Em relação a gamametria foi utilizado o espectrômetro de radiação gama modelo RS-126 da TerraPlus INC (Fig. 08b). As análises foram feitas a partir da metodologia The E-PERM System Radon, 1999.

Para a medição do gás Radônio foi colocado na quarto o electret, preferencialmente em baixo da cama, da residência dos indivíduos que participaram da coleta das amostras biológicas. A escolha do cômodo se deu pelo fato de ser o local da casa em que o indivíduo passa a maior parte do dia (enquanto dorme) com o ambiente fechado, ou seja, a pessoa fica em média oito horas por dia respirando o ar ali confinado. Já as medições de radiação gama foram realizadas no interior da residência (indoor) e do lado de fora da residência (outdoor).

Figura 7: À direita coleta de mucosa oral, à esquerda preparação das lâminas em laboratório (Fonte: acervo do autor).

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5. AÇÕES DE INTERVÊNÇÃO NO MUNICÍPIO

Dentre as ações de intervenção no município, podemos destacar a realização do curso de férias, a coleta de material biológico e a avaliação da percepção do risco a exposição à radiação natural pelos moradores de Lajes Pintadas.

O curso de férias intitulado “Genotoxicidade Ambiental: O que é isso?”, o qual foi oferecido aos alunos do ensino médio e aos professores da rede de ensino municipal e estadual de Lajes Pintadas. Tal curso foi coordenado pela Profª. Drª. Sílvia Batistuzzo do Departamento de Biologia Celular e Genética da UFRN, campus Natal, e faz parte de um projeto denominado “Jovens Talentos” da CAPES. O curso teve como objetivo aproximar alunos e professores aos conteúdos de genética, fazendo uma abordagem prática, o que buscou favorecer aos participantes a compreensão dos efeitos causados por algum agente físico e/ou químico ao nosso organismo, mais precisamente as células e ao material genético.

Tal evento ocorreu no período de 16 a 18 de julho de 2014 e teve como foco desenvolver o pensamento crítico dos participantes frente aos problemas ambientais que ocorrem na região. Ao longo dos cursos foram abordadas questões como a radioatividade natural (a qual está fortemente presente na região e é alvo desta pesquisa). Foram desenvolvidos ensaios simples de genotoxicidade, a exemplo do teste de micronúcleo em mucosa oral, o qual está sendo utilizado em uma das etapas de análises das amostras biológicas desta pesquisa. Com isso, foi possível promover uma aproximação, por parte da população, ao que está sendo desenvolvido por esta pesquisa no município, fato que vem

Figura 8 - Equipamentos para medições em ar: a) à esquerda o Rad Elec Inc (leitor de tensão d electret), e à direita o electret (S Chamber); b) espectrômetro de radiação gama (Fonte: Google).

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contribuindo na aceitação pela população em participar e, até mesmo, em despertar interesse pelo presente estudo.

A abertura do curso contou com a participação dos inscritos e dos gestores locais que contribuíram para execução do evento: a Srª Isabel Gomes - secretária de Assistência Social, Srª Rozélia Moreira - secretária de Saúde, Representante da secretaria de Educação e de um vereador que representou o Prefeito Nivaldo Silva. Neste momento foram realizadas breves palestras que contemplaram o tema do curso: a 1ª palestra foi proferida pela Profª Drª Sílvia Bastituzzo (coordenadora do evento), na qual explicou em que consistia o projeto, seu desenvolvimento ao longo dos dias e alguns conceitos a serem vistos ao longo do curso; a 2ª foi apresentada por mim, tendo como título “Saúde ambiental: Impactos ao meio ambiente e suas consequências para saúde humana”; a 3ª palestra foi ministrada pelo Profª Dr. Julio Nanovi, colaborador desta pesquisa, o qual apresentou e descreveu o desenvolvimento e importância da presente pesquisa no município; e por fim um geólogo que palestrou sobre a formação rochosa da região.

Figura 9: a, b – atividades desenvolvidas com os inscritos no curso de férias; c, d – célula 3D e atividades na feira de ciências aberta ao público (Fonte: acervo do autor).

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O curso foi executado da seguinte forma: discussões sobre a temática e atividades laboratoriais com os participantes ocorrendo no Centro de Convivência e de Bem-estar Social (Fig. 09 a - b), e uma feira de ciências aberta ao público que foi instalada na praça, onde o público pôde ter contado com conceitos sobre biologia celular e genética ambiental através de uma célula 3D, na qual os participantes podiam conhecer o funcionamento de nossas células; jogos interativos; oficinas de brinquedos recicláveis e apresentações lúdicas (Fig. 09 c - d)

Paralelo ao curso de férias foi realizado o primeiro momento de coleta de material biológico e realização das entrevistas. Isto aconteceu na manhã do dia 17, no mesmo espaço destinado à realização das atividades laboratoriais do curso – o Centro de Convivência e de Bem-estar Social – tendo em vista que o curso só tinha início às 14h. Neste e nos dois outros momentos de coleta contamos com técnicos de enfermagem do posto de saúde local, do bioquímico da SMS local e de alunos de pós-graduação da UFRN, uns que fazem parte do grupo deste grupo de pesquisa e outros alunos que colaboraram com a mesma.

Já o segundo e o terceiro momento de encontros com a população foram destinados apenas para a coleta de amostras biológicas e realização das entrevistas. Ao fim de todas as intervenções foi possível a participação de 223 indivíduos, sendo 101 crianças e 122 adultos, (Fig. 10). Os participantes receberam os resultados dos exames clínicos (hemograma e perfil bioquímico) no momento em que o grupo de pesquisa foi instalar os electretes para medição de gás radônio nas respectivas residências.

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Todos os participantes foram convocados pela Secretaria Municipal de Saúde – SMS. Eles tiveram a disposição o material informativo sobre os alcances da pesquisa que está sendo realizada e as análises que se realizaram sobre as amostras doadas.

A pesquisa foi realizada com a aprovação do Comitê de Ética da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (CAEE: 20368713.8.0000.5537 de 2014). Todos os entrevistados foram informados das circunstâncias da entrevista bem como sobre a coleta e análise do material biológico colhido, e os responsáveis pelas crianças, que participaram da coleta, preencheram um termo de assentimento para menores de idade, o qual descreve que aceitam a participação dos menores e que estes cedam as amostras para realizar a pesquisa.

Nos momentos de coleta das amostras biológicas foram realizadas entrevistas com todos os participantes a fim de conhecer os seguintes critérios: perfil da população, hábitos, alimentação e histórico de doenças na família, percepção ambiental e do risco a exposição a contaminantes, e aspectos gerais das residências. Um total de 223 questionários foi preenchido.

Figura 10: Coleta de amostras biológicas para realização de exames e ensaios laboratoriais (Fonte: acervo do autor).

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CAPÍTULO 1:

AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO DO RISCO EM UMA POPULAÇÃO DO SEMIÁRIDO EXPOSTA A TÓXICOS AMBIENTAIS

Artigo publicado na Revista Educação Ambiental em Ação Link: http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=3003

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AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO DO RISCO EM UMA POPULAÇÃO DO SEMIÁRIDO EXPOSTA A TÓXICOS AMBIENTAIS

Mycarla Nely Rodrigues dos Santos¹, Júlio Alejandro Navoni², Viviane Souza do Amaral³

¹ Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Campus Universitário, Lagoa Nova – Natal/RN. CEP: 59.072-970, (84) 3214-5993, mycarla_nely@yahoo.com.br

² Doutor em Toxicologia – Campus Universitário, Lagoa Nova – Natal/RN. CEP: 59.072-970, (84) 3215-9209, navoni.julio@gmail.com

³ Doutora em Genética, Professora Adjunta do Departamento de Biologia Celular e Genética da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – Campus Universitário, Lagoa Nova – Natal/RN. CEP: 59.072-970, (84) 3215-9209, vi.mariga@gmail.com

RESUMO

Ao longo da vida o homem consome direta e/ou indiretamente inúmeras substâncias tóxicas, naturais e sintéticas, as quais podem gerar efeitos deletérios tanto nos ecossistemas quanto à saúde das populações expostas. Neste contexto o município de Lajes Pintadas/RN/Brasil possui características geológicas, tais como reservatórios de metais e radionuclídeos, que podem influenciar negativamente na qualidade ambiental e, consequentemente, na saúde da população. A análise de percepção de risco além de ser o primeiro passo para entender as problemáticas de interesse ambiental e sanitário, torna-se um instrumento fundamental uma vez que subsidia informação de interação mútuo homem/ambiente no cenário a ser estudado. Sendo assim, este trabalho teve como objetivo avaliar a percepção da população em relação a exposição a contaminantes ambientais, tanto de origem natural quanto antrópica, através da realização de um questionário com 70 itens, que envolveram características sociodemográficas, fatores de risco e determinantes de exposição. Foram realizadas um total de 223 entrevistas, representando uma população de 933 indivíduos, pertencentes aos núcleos familiares atingidos. Mesmo que tenham sido descritas falências na formação educacional e muitos núcleos familiares possuírem ao menos uma necessidade básica insatisfeita, a população de Lajes Pintadas pode ser caracterizada como saudável. Em termos de qualidade de vida, hábitos saudáveis desde o ponto de vista social, nutricional e cuidados da saúde foram as características mais representativas, contextualizado num ambiente não poluído nem relacionados diretamente a atividades que envolvam exposição a substancias tóxicas. No entanto, uma alta prevalência de aborto espontâneo e câncer foram reportados. A percepção de problemáticas ambientais estiveram associadas com o grau de formação educacional e com o tempo de moradia no município, além da ocorrência de casos de câncer. Dentre as problemáticas a queima de lixo e a radioatividade natural foram as mais citadas. Diante da informação obtida neste estudo e a relação causal descrita na bibliografia entre a prevalência de neoplasias com a ocorrência natural de radioatividade, fato já constatado no município de Lajes Pintadas, estudos de avaliação de risco dirigidos a ratificar esta hipótese serão necessários.

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Palavras chave: comunicação do risco, radiação natural, poluição ambiental, saúde pública.

RISK PERCEPTION ASSESSMENT OF A POPULATION FROM THE SEMIARID NORTHEAST EXPOSED TO ENVIRONMENTAL TOXICS

ABSTRAT

Human being throughout its lifespan consumes directly and / or indirectly countless of toxic substances, both natural and synthetic ones, which can generate deleterious effects both on ecosystems and the health of exposed populations. In this context, in the Lajes Pintadas city / RN / Brazil there are geological characteristics, such as metals and radionuclides reservoirs, that can negatively influence the environmental quality and, consequently, the health of the population. The analysis of risk perception, besides being the first step to understand issues of environmental and sanitary interest, becomes a fundamental instrument since it subsidizes information about the mutual interaction man / environment of the studied scenario. Therefore, the objective of this study was to assess the perception of the population in relation to the exposure to environmental contaminants, both from natural and anthropic origin, through a questionnaire with 70 items, which involved sociodemographic characteristics, risk factors along with exposure determinants. A total of 223 interviews were performed, representing a population of 933 individuals, belonging to every family nucleus.

Eventhough educational failures have been described and many family groups described at least one unsatisfied basic need, the population of Lajes Pintadas could be characterized as healthy. In terms of quality of life, healthy habits from the social, nutritional and health care point of view were the most representative characteristics, contextualized in an environment neither polluted nor directly related to activities involving exposure to toxic substances. However, a high prevalence of miscarriage and cancer were reported. The perception of environmental concerns was associated with the degree of educational training and length of time in the locality, besides the occurrence of cancer cases reported. Among the concerns described, waste burning and natural radioactivity were the most cited. Considering the obtained information in this study and the causal relationship described in the literature between the prevalence of neoplasias and the natural occurrence of radioactivity, a fact already verified in the locality of Lajes Pintadas, risk assessment studies aimed at ratifying this hypothesis will be necessary.

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1. INTRODUÇÃO

A busca por novas tecnologias, iniciada no século XVIII com a Revolução Industrial, tem tido como objetivo proporcionar ao homem uma melhor qualidade de vida. No entanto, as mudanças acarretadas no novo estilo de vida trouxeram como consequência a exposição indiscriminada a uma infinidade de compostos capazes de gerar danos no ambiente e nas populações afetadas (POSE-JUAN; FERNANDEZ-CRUZ; SIMAL-GÁNDARA, 2016). Efluentes industriais, resíduos sólidos não biodegradáveis, gases poluentes, tóxicos incorporados nos bens de consumo, alimentos com agrotóxicos, são algumas das inúmeras fontes antrópicas de contaminação ambiental e que faz do homem vítima de seus próprios atos (DORNELES et al., 2013; IVAR DO SUL; COSTA, 2014; PEREIRA et al., 2016; SŁOWIK-BOROWIEC et al., 2016; TAYEB et al., 2015), as quais geram desde impactos pontuais a efeitos em nível global, como por exemplo, o efeito estufa (IPCC, 2014).

Frente a essa situação, atualmente, as principais potências mundiais têm estimulado a minimização, por meio de políticas públicas, da emissão de resíduos e

da recuperação de ambientes impactados. Contudo, em países em

desenvolvimento, como o Brasil, essas práticas não têm sido incorporadas em função de que grande parcela do seu crescimento econômico está associado ao desenvolvimento industrial (SUZIGAN; FURTADO, 2006). Tal atividade proporciona aos polos comerciais do Brasil, como São Paulo, Rio de Janeiro e Recife, aumento na arrecadação financeira gerando emprego e renda. Em contrapartida, a falta de legislação que regulamente a disposição final de resíduos bem como a falta de fiscalização, favorecem cada vez mais a geração de impactos que vão desde o detrimento da qualidade dos recursos naturais à saúde das populações, tornando essas regiões líderes em contaminação ambiental (MIRAGLIA; GOUVEIA, 2014).

No Nordeste brasileiro a poluição é ainda mais preocupante devido às condições ambientais particulares da região. Cabe salientar que a disponibilidade de recursos hídricos vem se tornando cada vez mais escassa, devido à seca extrema que atinge a região desde o ano de 2012 (MARTINS et al., 2015). Soma-se a isso, diversos municípios nordestinos, compartilham a mesma formação geológica, rica em jazidas de pedras preciosas e diversos metais de grande interesse econômico, além de urânio nos afloramentos pegmatíticos encontrados na área (CPRM, 2013). A presença desses metais em solo de áreas habitadas gera uma potencial exposição da população à contaminantes naturais, como por exemplo, a exposição à radionuclídeos contidos na formação rochosa. Dentre eles, pode-se destacar o gás Radônio (Rn) que é um subproduto oriundo do decaimento do Urânio-238 e apresenta um forte potencial carcinogênico, sendo considerado a segunda causa de câncer de pulmão no mundo (IARC, 2001). Adicionalmente à contaminação natural, a exposição ocupacional a altos níveis de metais tem efeitos deletérios comprovados sobre a saúde (JOMOVA; VALKO, 2011). Desta forma, a exposição natural a esses elementos (geralmente a baixas concentrações) podem acarretar danos na saúde

Referências

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