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Satisfação de Idosos Institucionalizados em Lar Lucrativo e Idosos a Usufruírem da Prestação de Apoio Domiciliário - Uma Abordagem Comparativa.

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Academic year: 2021

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FACULDADE DE ECONOMIA DA UNIVERSIDADE

DO PORTO

Henrique Gil Carneiro Pinto

Satisfação de Idosos Institucionalizados em Lar

Lucrativo e Idosos a usufruirem da Prestação Informal

de Apoio Domiciliário – Uma abordagem comparativa

Apresentada à Faculdade de Economia da Universidade do Porto

Sob a Orientação da

Professora Doutora Maria da Conceição Pereira Ramos

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Nota Biográfica

Henrique Gil, licenciado em Serviço Social pelo Instituto de Serviço Social do Porto no ano de 1999, exerce actualmente as funções de Técnico de Segurança Social no Instituto de Segurança Social – Centro Distrital do Porto – Serviço Local da Maia, na Unidade de Desenvolvimento Social, Núcleo de Qualificação Famílias e Território. O seu percurso profissional foi desenvolvido essencialmente na área do atendimento e acompanhamento a famílias carenciadas residentes no concelho da Maia. Em 2002 leccionou a disciplina de intervenção social, no curso de Animadores Sócio-Culturais, na associação Morna. Nos anos lectivos de 2005/06 e 2006/07 leccionou a disciplina de Projectos Sociais, na Licenciatura de Serviço Social na Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Católica, pólo de Braga. Em 2008 assumiu as funções de representante da Segurança Social na Rede Social do concelho da Maia e a coordenação do Gabinete de Atendimento Integrado Local da Vila do Castelo da Maia.

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Agradecimentos

Gostaria de agradecer a todos que me ensinaram a percorrer o caminho que continuo a calcorrear, em especial à minha família (que escolheu a primeira etapa desta minha viagem), amigos e colegas, que juntam todos os dias novas peças ao puzzle da minha vida.

Não podia deixar de agradecer àqueles que me despertaram para pormenores do caminho que antes me passariam despercebidos, um muito obrigado a todos os professores em especial à Prof. Conceição Ramos que mais de perto me acompanhou.

No caminho que percorri e continuo a percorrer aprendi que com cada pessoa que converso ou conheço armazeno novos conhecimentos, provavelmente este é o mistério da vida, a partilha e o conhecimento, assim sendo um muito obrigado a todos os que diariamente contribuem para o meu crescimento.

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Resumo

A dissertação que se apresenta enquadra-se na problemática do envelhecimento. Pretende ser um estudo comparativo entre duas respostas disponibilizadas pela Segurança Social, mais precisamente na Equipa de Acção Social da Maia.

O estudo pretende avaliar o nível de satisfação dos idosos que são apoiados pelo Serviço Local da Maia, na área dos Lares Lucrativos e prestadores de Apoio Domiciliário, procurando realizar um balanço “custo-beneficio”.

Relativamente à metodologia utilizada recorreu-se ao método comparativo e ao método de Medida ou Análise extensiva. A técnica privilegiada foi o inquérito por questionário, aplicado a 10 beneficiários a usufruírem de apoio económico para a prestação de cuidados de Apoio Domiciliário e 9 beneficiários a usufruírem de apoio económico para integração em Lar Lucrativo.

Este inquérito serviu de instrumento para a corroboração ou não das três hipóteses levantadas. As questões colocadas no inquérito pretenderam recolher dados demográficos relativos à amostra em estudo, assim como recolher dados que permitissem avaliar, junto dos idosos, a satisfação com o serviço prestado. As questões pretenderam também aferir da existência ou não de anemia nas redes de suporte familiar e de solidariedade. Nesse sentido foram formuladas questões que abordassem o relacionamento do idoso com a família e com os vizinhos e amigos. Foram, igualmente, formuladas questões que abordassem a situação emocional do idoso. Por ultimo foram inscritas questões que permitissem percepcionar os custos dispendidos por parte da Segurança Social com as rubricas de Apoio Domiciliário e Lar Lucrativo, assim como o custo dos serviços prestados.

Concluiu-se que os idosos a usufruírem de apoio económico para contratação de prestadores de Apoio Domiciliário, apresentam maiores níveis de satisfação. Concluiu-se também que a colocação dos idosos em Lar conduz a uma anemia nos laços familiares e de solidariedade. A situação de anemia é mais notória nos laços de solidariedade, com um afastamento significativo da rede de amigos e de vizinhança quando o idoso é colocado em Lar Lucrativo. Por último, efectuado este balanço “custo-beneficio”, conclui-se que é preferível privilegiar o apoio económico para a contratação de prestadores de Apoio Domiciliário.

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Abstract

The following dissertation refers to the problem of aging. It was created as a comparative study between two possible solutions provided by Social Security, precisely by Social Action Team of Maia.

The study intends to evaluate the satisfaction level of aged people supported by Local Service of Maia in the area of Commercial Retirement Homes and Home Support providers, seeking to perform a cost/benefit analysis.

In terms of methodology applied, the comparative method and Extensive Measure or Analysis are to be mentioned. The preferential technique was the questionnaire survey applied to ten users of economic support for Home Support care provision and nine users of economic support for Commercial Retirement Home integration.

This survey served as a tool for confirmation or refutation of the three issues in question. The questions put up in the survey intended to gather the demographic data related to the studied sample, as well as to gather data that would permit to evaluate the satisfaction of provided service among aged people. The questions also had as an objective the inspection of family support and solidarity networks anemia. In this sense the questions involving the relationships between aged people and their families, neighbors and friends were formulated. The questions related to the emotional state of the aged were formed as well. Last but not least we should mention the questions allowing to have the notion of the Social Security expenses for Home Support and Commercial Retirement Homes, as well as the cost of provided services. It was concluded that the aged users of economic support for Home Support providers’ employment present the highest levels of satisfaction. It was as well inferred that aged people accommodating in the Retirement Homes leads to family connection and solidarity anemia. This anemia situation is more notorious in the sphere of solidarity connections and is accompanied by significant alienation from friendship and neighboring relations when an aged person is accommodated in the Commercial Retirement Home. Lastly, after the cost/benefit analysis performed, it was concluded that economic support for Home Support providers’ employment is preferable.

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Índice

ÍNDICE DE GRÁFICOS ... 7

ÍNDICE DE TABELAS ... 8

INTRODUÇÃO ... 9

1. PROBLEMÁTICA TEÓRICA ... 12

1.1. Diferentes perspectivas sobre o conceito de Idoso ... 13

2. CARACTERIZAÇÃO DOS IDOSOS ... 22

2.1. Os Idosos na Europa ... 22

2.2. Os Idosos em Portugal ... 35

3. AREALIDADE DO CONCELHO DA MAIA ... 57

4. POLITICAS SOCIAIS DIRIGIDAS AOS IDOSOS ... 60

4.1. Na União Europeia ... 60

4.2. Em Portugal... 67

5. OS IDOSOS E A FAMÍLIA ... 74

6. AECONOMIA SOCIAL NA RESPOSTA AOS IDOSOS ... 80

7. SEGURANÇA SOCIAL E A PRESTAÇÃO DE CUIDADOS ... 90

7.1 LAR DE IDOSOS ... 97

7.2 PRESTADORA DE APOIO DOMICILIÁRIO ... 100

10. OPÇÕES METODOLÓGICAS ... 103

11. APLICAÇÃO DOS INQUÉRITOS . ... 108

11.1. Análise dos Resultados dos Inquéritos ... 144

11.2. Avaliação da Satisfação com o serviço prestado ... 145

11.3. Família ... 147

11.4. Vizinhos e Amigos ... 149

11.5. Situação emocional do Idoso ... 150

CONCLUSÃO ... 156

BIBLIOGRAFIA ... 161

(7)

Índice de Gráficos

Gráfico 1 – Mortalidade Infantil. ... 23

Gráfico 2 – Taxa de Fertilidade. ... 24

Gráfico 3 – Current and Project old age dependency ratio . ... 31

Gráfico 4 – Gastos Totais com a Protecção Social... 32

Gráfico 5 – Em risco de pobreza após as transferências sociais. ... 34

Gráfico 6 – Indicadores Demográficos. ... 36

Gráfico 7 – Nados-vivos fora do Casamento. ... 37

Gráfico 8 – Indice de Envelhecimento segundo o sexo, Portugal 1960-2001 . ... 38

Gráfico 9 – Evolução das famílias clássicas segundo a seua composição, Portugal 1991 e 2001... 40

Gráfico 10 – Estrutura da População idosa inactiva, segundo o sexo, Portugal 2001. ... 41

Gráfico 11 – Taxas de Pobreza entre os idosos a viver sós, segundo o sexo e por tipo de pobreza, Portugal 1994/1995l. ... 42

Gráfico 12 – Despesa com Pensões. ... 46

Gráfico 13 – Número de Pensionistas por tipo de Pensão . ... 47

Gráfico 14 – Distribuição percentual das despesas correntes de Segurança Social em 2004l. ... 48

Gráfico 15 – Distribuição das respostas sociais segundo as áreas de intervenção Continente 2005 . ... 49

Gráfico 16 – Terceira Idade número de equipamentos. ... 51

Gráfico 17 – Utentes em equipamentos para a terceira idade. ... 52

Gráfico 18 – Equipamentos para idosos na Maia. ... 59

Gráfico 19 – Idade vs Tipologia do Apoio . ... 109

Gráfico 20– Idade vs Dependencia face a Terceiros. ... 109

Gráfico 21– Género vs Tipologia do Apoio . ... 110

Gráfico 22 – Tipologia de Pensão ... 111

Gráfico 23 – Tipologia da Pensão vs Tipologia do Apoio ... 112

Gráfico 24 – Valores Reforma. ... 112

Gráfico 25 – Estado Civil . ... 113

Gráfico 26 – Estado Civil vs Tipologia do Apoio. ... 114

Gráfico 27– Capitação . ... 114

Gráfico 28– Capitação vs Tipologia do Apoio. ... 115

Gráfico 29– Tem filhos. ... 116

Gráfico 30 – Tipologia do Apoio vs Filhos . ... 116

Gráfico 31 – Há quanto tempo usufrui do Apoio . ... 117

Gráfico 32 – Valores do Apoio . ... 118

Gráfico 33 – Valores do Apoio vs Tipologia do Apoio. ... 119

Gráfico 34 – Tipologia do Apoio vs Tempo do Apoio ... 119

Gráfico 35– Tipologia do Apoio Domiciliário . ... 121

Gráfico 36– Recebe visitas . ... 123

Gráfico 37– Tipologia do Apoio vs Visitas. ... 123

Gráfico 38 – Frequencia das visitas ... 124

Gráfico 39 – Frequencia das visitas vs Tipologia do Apoio . ... 124

Gráfico 40 – Visita dos familiares. ... 125

Gráfico 41 – Frequencia das vistas dos familiares vs Tipologia do Apoio. ... 126

Gráfico 42 – Satisfação com as visitas dos familiares vs Tipologia do Apoio. ... 127

Gráfico 43– Visitas dos vizinhos . ... 128

Gráfico 44– Frequêcia das visitas dos vizinhos vs Tipologia do Apoio. ... 128

Gráfico 45– Sente-se muitas vezes só . ... 129

Gráfico 46 – Sente-se muitas vezes só vs Tipologia do Apoio. ... 130

Gráfico 47 – Acha que as pessoas não gostam de si . ... 130

Gráfico 48– Acha que as pessoas não gostam de si vs Tipologia do Apoio . ... 131

Gráfico 49– Morte vs Tipologia do Apoio... 132

Gráfico 50– O que gostaria de receber das pessoas … . ... 132

Gráfico 51 – Gostaria que as pessoas … vs Tipologia do Apoio ... 133

Gráfico 52 – Telefonemas vs Tipologia do Apoio. ... 134

Gráfico 53 – Quem mais lhe telefona vs Tipologia do Apoio . ... 134

Gráfico 54 – Satisfação com os telefonemas dos familiares vs Tipologia do Apoio. ... 135

Gráfico 55 – Atenção do cuidador vs Tipologia do Apoio ... 136

Gráfico 56– Disponibilidade dos cuidadores vs Tipologia do Apoio . ... 136

Gráfico 57– Acompanhamento a consultas médicas vs Tipologia do Apoio. ... 137

Gráfico 58– Satisfação habitabilidade vs Tipologia do Apoio. ... 138

Gráfico 59 – O que melhoraria vs Tipologia do Apoio. ... 138

Gráfico 60 – Gostaria de estar a residir com os seus familiares vs Tipologia do Apoio ... 139

Gráfico 61– Tempo do Apoio vs Idade. ... 140

Gráfico 62– Satisfação com a Prestação de cuidados vs Tipologia de Apoio Domiciliário ... 140

Gráfico 63– Integração em Lar vs Tipologia Apoio Domiciliário. ... 141

Gráfico 64 – Trocava de Instituição vs Satisfação com o apoio ... 142

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Índice de tabelas

Tabela 1 – Idade 0-14 na União Europeia ... 26

Tabela 2 – Idade 65-79 na União Europeia. ... 27

Tabela 3 – Idade >80 na União Europeia ... 28

Tabela 4 – População Total com 65 e mais anos (%). ... 30

Tabela 5 – Indicadores da adequação das transferências sociais para a redução da pobreza em alguns países da União Europeia. ... 33

Tabela 6 – Indicadores de pobreza relevantes para a população idosa ... 44

Tabela 7 – Grupos sociais mais atingidos pela pobreza de acordo com a percepção dos actores sócio-institucionais (distritos de Vila Real, Aveiro, Lisboa, Beja e Faro) . ... 45

Tabela 8 – Cenário Demográfico Base: Projecções e Hipóteses ... 53

Tabela 9 – Taxa média anual de crescimento da população por grandes grupos etários, NUTSII e III, 2010/2050 ... 54

Tabela 10 – Estrutura da População ... 57

Tabela 11 – Tipos de Família (Maia e Grande Porto) ... 58

Tabela 12 – Perfil dos Idosos - Tipologia ... 94

Tabela 13 – Idade ... 108

Tabela 14 – Quem presta o Apoio DOmiciliário ... 120

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Introdução

Este trabalho pretende ser para além de um estudo inicial e ainda incipiente, um estudo que forneça informações relevantes ao nível do grau de satisfação dos idosos integrados em Lares Lucrativos, ou a receber cuidados de Prestadores Informais de Apoio Domiciliário, ser uma reflexão que permita, ao leitor, despertar as consciências para as diversas etapas da vida de cada um de nós, com maior enfoque para a última fase da vida.

A necessidade da realização deste estudo surgiu na sequência da minha actividade, como Assistente Social, desenvolvida na Equipa Local de Acção Social da Maia, onde diariamente era confrontado com pedidos de integração de idosos em Lar ou pedidos de apoio económico para a contratação de prestadores de Apoio Domiciliário para a população mais dependente do concelho da Maia.

No decorrer da minha intervenção profissional, sentia que os dados que obtinha relativamente ao grau de satisfação de cada idoso apoiado por uma das duas rubricas, ficavam aquém das minhas reais expectativas, tendo a contínua percepção de navegar constantemente sobre dados genéricos enraizados em construções de senso comum. Estando a trabalhar com e para as pessoas, recorrendo a fundos estatais, amealhados por todos nós, considerei fundamental efectuar um estudo comparativo ao nível do grau de satisfação dos idosos a usufruírem do Apoio Económico da Equipa da Acção Social da Maia e que os dados obtidos pudessem à posteriori serem extrapolados para a realização de uma análise custo-beneficio da aplicabilidade destas duas rubricas – “Lares Lucrativos/ Apoio Domiciliário”.

Numa primeira fase deste trabalho procurei entender os diferentes conceitos de idoso, recorrendo a diversas teorias que se debruçam sobre o tema em questão.

Após a apropriação do conceito procurei percepcionar a realidade demográfica da Europa e de Portugal, com maior enfoque na problemática do envelhecimento, procurando obter dados que demonstrassem a realidade presente. Ao mesmo tempo, procurei obter projecções e hipóteses futuras relativamente à construção demográfica, de forma a entender que tipo de realidade podemos esperar para desenvolver a nossa intervenção a curto e médio prazo.

(10)

Sendo a minha área geográfica de intervenção o concelho da Maia, seria necessário obter dados que me permitissem entender a realidade presente do concelho, incidindo principalmente sobre a questão do envelhecimento.

Tendo compreendido que o envelhecimento apresenta-se em Portugal, assim como nos restantes países da Europa, como uma problemática emergente, procurei após a caracterização demográfica, entender que tipo de respostas político-sociais estão a ser aplicadas, na Europa e em Portugal, ao nível macro e micro para a população mais idosa.

A instituição família é um dos maiores responsáveis nos cuidados protagonizados aos mais idosos, sendo um dos pilares fundamentais de apoio e auxílio. Procurei desta forma interpretar os diversos modelos familiares coexistentes, assim como as dificuldades que demonstram nas suas dinâmicas com idosos a cargo.

Além da família, a economia social assume crescente notoriedade no apoio preconizado junto dos idosos. A economia social com a constituição das diversas instituições procura dar resposta às áreas a descoberto pela família e pelo Estado. Por esse motivo, neste trabalho tornou-se importante a análise da evolução e o papel da economia social na prestação de cuidados aos cidadãos mais idosos.

Estando a exercer actividade profissional na Segurança Social, e sendo esta o elemento Estado que faltava na tríade de apoio aos mais idosos, não podia deixar de reflectir sobre a instituição e a prestação de cuidados, que tipos de repostas existem nesta área.

Entre as diversas respostas, da Segurança Social, destacam-se duas em particular, os Lares de Idosos e as Prestadoras de Apoio Domiciliário. Entre as diversas respostas existentes, optei por analisar estas duas, uma vez que no decorrer da minha prática profissional, são aquelas que com maior frequência recorro para dar resposta às necessidades da população idosa que apresenta parcos recursos económicos.

Antes de explicar e analisar os resultados obtidos, optei por reflectir sobre as opções metodológicas. Os constrangimentos temporais e de recursos (humanos e económicos) detiveram um papel crucial na opção metodológica, quer ao nível do método quer ao nível das técnicas, assim como da amostragem. É nesta etapa do trabalho que enuncio três possíveis hipóteses que poderão ou não ser corroboradas no final do estudo. O facto é que este trabalho não tem a pretensão de ser um estudo exaustivo sobre a realidade do concelho da Maia, mas antes um estudo reflexivo que

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possa traçar linhas orientadoras de intervenção, com vista a possíveis aprofundamentos futuros ao nível da investigação/intervenção.

Tendo optado pela aplicação de inquéritos, efectuei o tratamento dos mesmos em SPSS apresentando os dados recolhidos. Após a apresentação dos dados é imprescindível reflectir sobre os mesmos, retirando as principais conclusões. Apresentadas estas conclusões iniciais, senti a necessidade de elaborar uma reflexão mais aprofundada sobre os dados existentes a fim de corroborar as hipóteses levantadas inicialmente. Optei por dividir a análise em quatro níveis de reflexão, um primeiro nível que permitisse extrapolar conclusões no que concerne à avaliação efectuada pelos idosos a usufruir de Apoio Domiciliário e idosos institucionalizados em Lar Lucrativo, da satisfação com o serviço prestado; numa segunda fase optei por analisar o papel da Família na prestação de cuidados; a terceira etapa versou sobre a análise de dados que permitissem verificar o papel dos vizinhos e amigos na prestação de cuidados, corroborando ou não a existência de redes informais de cuidados aos mais idosos; por último, procurei obter dados que permitissem inferir sobre a situação emocional dos idosos a usufruírem de apoio económico da Acção Social da Maia, para a contratação de Prestadora de Apoio Domiciliário ou integração em Lar Lucrativo.

A última etapa deste trabalho, conclusão, será um espaço de reflexão que conduzirá a uma análise geral de todo o trabalho elaborado, ao mesmo tempo que conduzirá a pistas reflexivas acerca de possíveis intervenções em prol dos idosos portugueses, com especial enfoque para a realidade do concelho da Maia.

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1. Problemática Teórica

A opção pela elaboração de um estudo, na área do envelhecimento, deve-se ao facto de este tema apresentar actualmente uma relevância crescente. É frequente a discussão quanto à problemática do aumento do envelhecimento da população portuguesa. São variados os estudiosos que reflectem e estudam o problema. Desse estudo resultam diversas teorias.

Quando nos propomos a realizar um estudo sobre determinada problemática, é imperioso conhecer algumas perspectivas teóricas, por forma, a conhecer com maior profundidade a área em questão.

Pinto e Silva (1986) referem que a teoria ou comummente apelidada de matriz teórica, é entendida como um conjunto organizado de conceitos e relações entre conceitos substantivos que aludem directa ou indirectamente ao real. Os mesmos autores acrescentam que “à teoria é conferido o papel de comando do conjunto do trabalho científico que se traduz em articular-lhe os diversos momentos: ela define o objecto de análise, confere à investigação, por referência a esse objecto, orientação e significado, constrói-lhe as potencialidades explicativas e define-lhes os limites.” (p.62)

A teoria não se isola da vida quotidiana. Esta pode assumir um conjunto variado de formas e operar em diferente níveis mas é um elemento fundamental para se entender o mundo que habitamos. A inexistência de teoria implica a impossibilidade de desenvolver a investigação.

De acordo com Hill (2005) uma boa teoria deve conter as seguintes características: -Parcimónia - a teoria deve fazer poucas afirmações e explicar muitos factos;

-Precisão – a teoria deve utilizar conceitos que sejam precisos assim como efectuar previsões que sejam precisas;

-Capacidade de ser testada.

Numa primeira fase é determinante conhecer e definir o conceito de idoso, assim como conhecer as diferentes correntes teóricas que abordam a questão do envelhecimento.

Numa segunda etapa, é importante a aproximação à realidade dos idosos, caracterizando a população idosa de acordo com os principais indicadores que poderão acrescentar informação importante ao estudo em questão, quer ao nível da realidade na União Europeia, quer ao nível da realidade Portuguesa. Estando este estudo focalizado nos idosos apoiados pelo Serviço Local de Acção Social da Maia, é

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imprescindível conhecer com maior acuidade a realidade do concelho, fornecendo uma melhor base de sustentabilidade teórica ao futuro estudo.

Prosseguindo a construção das infra-estruturas teóricas, é fundamental conhecer as políticas actuais, assim como, as preocupações legislativas a curto e médio prazo. Por forma a adelgaçar a recolha teórica e o estudo em questão é importante conhecer a tríade de prestação de apoio: Estado, Família e Economia Social. Estando a exercer funções na Segurança Social, equipa da Maia, não poderia deixar de conhecer e reflectir sobre a importância da Segurança Social na prestação de cuidados aos mais idosos, optando por aprofundar duas respostas existentes: Lar de Idosos e Apoio Domiciliário.

É com base nesta recolha teórica que o estudo poderá ser edificado. Só conhecendo profundamente a problemática do envelhecimento se poderão desenhar hipóteses, e recorrendo a metodologias de investigação procurar corroborá-las, atingindo as metas da reflexão e produção de conhecimento.

1.1. Diferentes perspectivas sobre o conceito de idoso

O conceito de idoso implica inevitavelmente a destrinça de dois fenómenos intimamente ligados: envelhecimento e velhice.

O envelhecimento é um processo biológico que se circunscreve no tempo, inicia-se com o nascimento e finda com a morte. É um fenómeno que percorre toda a história da humanidade, mas apresenta características diferenciadas de acordo com a cultura, com o tempo e o espaço.

A velhice é entendida como a última fase do ciclo de vida, com o intuito de classificar as pessoas idosas. Para a Organização das Nações Unidas (www.un.org) a velhice inicia-se a partir do momento em que as pessoas perfazem os 65 anos de idade, nos países desenvolvidos, e 60 anos de idade, para os países em desenvolvimento. Definir o fenómeno da velhice é, na realidade, uma questão complexa, uma vez que implica a análise de múltiplas dimensões: a biológica, a cronológica, a psicológica, a existencial, a cultural, a social, a económica, a política, entre outras.

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O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (2003, p.2032) define idoso como aquele “que tem muitos anos de vida, velho”.

Assim sendo, idoso é toda a pessoa que atravessa um processo de envelhecimento, pressupondo maior longevidade, ou seja, um incremento positivo na esperança média de vida.

A Organização Mundial de Saúde (www.who.int) define o conceito numa perspectiva médica, incide com maior preponderância sobre o factor biológico, toda a pessoa está sujeita a um envelhecimento biológico, diminuindo progressivamente as suas capacidades físicas e mentais, evidenciando menor resistência às doenças, aumentando gradualmente o risco de morte.

Da análise das diferentes teorias apresentadas por diversos autores, destaca-se o autor americano Hazzard. Este estudioso dentro do estádio de vida dos idosos classifica diferentes faixas etárias: os jovens (Young-old) de 54 a 65 anos, os adultos (middle-old) de 66 a 74 anos, os velhos (old-(middle-old) de 75 a 84 anos e os muito velhos (very-(middle-old) de 85 anos para cima. (www.bangor.ac.uk)

A definição do conceito de idoso acarreta dificuldades de delimitação da categoria. Nas diversas definições de “idoso” constatam-se duas visões distintas. A primeira representação descreve o idoso e a velhice de uma forma negativa. Nesta, o idoso que melhor personifica a velhice, é encarado como um ser humano frágil em situação de “pobreza, isolamento social, solidão, doença e dependência” (Mauritti 2004, p.340). De acordo com esta perspectiva, o percurso de vida de cada um, à medida que a idade avança, culmina fatalmente num quadro dantesco de exclusão e sofrimento. A segunda representação vislumbra, o idoso como um potencial “segmento específico de consumo” (Mauritti, 2004, p.340). A velhice é encarada como uma época de reflexão, de ócio, de dedicação às actividades que maior prazer transmitem, possibilitando o “auto-aperfeiçoamento”, procura-se efectivar o conceito de Velhice Activa. Na sequência desta representação, poder-se-á falar de uma “terceira idade” o vulgo “reformado”. A consequente perda de faculdades por parte dos idosos, poder-se-á intitular como uma “quarta idade” (Fernandes, 2001, p.44).

Segundo Berger e Mailloux (1995) o fenómeno do envelhecimento foi explicado durante um alargado período de tempo por hipóteses que conduziram à construção de teorias biológicas, fisiológicas, psicológicas e sociais.

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No âmbito das teorias biológicas destacamos a Teoria Imunitária (Berger, 1995) que atribui o envelhecimento a uma disfunção gradativa ou falha do sistema imunitário do organismo. A Teoria Genética, explica o envelhecimento como a deterioração da informação genética indispensável à formação das proteínas celulares. A Teoria do Erro da Síntese Proteica é uma consequência da morte celular a molécula do ADN é depositária da informação genética e que o gene, transportado pelo ADN, é um pequeno fragmento que possui a informação necessária ao fabrico das proteínas indispensáveis à manutenção da vida. Determinados investigadores atestam que os erros a nível das várias etapas da síntese proteica conduzem à formação de proteínas inábeis e incapazes de desempenhar as funções para as quais foram programadas. Estas perturbações ou desajustamentos conduzem e são responsáveis pelo envelhecimento. Porém, a programação genética e as transformações da molécula de ADN não explica só por si o envelhecimento celular (Berger, 1995).

A Teoria do Desgaste (Sacher cit. in Berger, 1995), explica o envelhecimento recorrendo a uma comparação do corpo humano a uma máquina, cujas partes se deterioram com o tempo, sendo este desgaste imprimido por anomalias. Shock (cit. in Berger, 1995) não é do mesmo parecer, referindo que essa comparação não é admissível porque os organismos vivos, ao contrário das máquinas desenvolvem mecanismos capazes de se auto-repararem.

A Teoria dos Radicais Livres, conforme Harman (cit. in Berger, 1995) defende que o envelhecimento e a morte celular redundam dos efeitos perniciosos causados pela formação dos Radicais Livres que podem conduzir ao envelhecimento devido à peroxidação dos lípidos não saturados.

A Teoria Neuro-endócrina (Berger, 1995) deve-se ao fracasso ou carência do sistema endócrino no que respeita ao planeamento das diferentes funções do corpo. Robert (in Berger, 1995) opta por explicar o envelhecimento recorrendo à Teoria Evolucionista defendendo que o processo de envelhecimento não se pode restringir a uma única causa dependente de um único mecanismo biológico, aquando do desenvolvimento do ovo fertilizado, põe-se em marcha um “programa” geneticamente determinado, destinado a produzir o indivíduo da espécie considerada. Em suma esta teoria advoga que os mesmos sistemas de controlo que encaminham o desenvolvimento do

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organismo, por meio do ovo fecundado, “programam” de certa forma o seu envelhecimento e morte.

As Teorias do Envelhecimento Psicossocial, segundo Berger (1995), à semelhança das Teorias Biológicas, procuram levantar dúvidas de forma a explicar o envelhecimento. Entre as diferentes Teorias Psicossociais damos a conhecer a Teoria da Actividade, a Teoria da Desinserção e a Teoria da Continuidade.

Na Teoria da Actividade, o autor Siqueira (cit. in Neri, 2001) explica o progressivo declínio na realização das actividades físicas e mentais, associada ao processo de envelhecimento, como sendo um factor preponderante nas doenças psicológicas dos Idosos.

No que respeita à Teoria da Desinserção, Berger (1995) advoga que o envelhecimento é acompanhado por uma desinserção contínua e progressiva por parte do indivíduo em relação à sociedade, demonstrando um afastamento das actividades sociais.

A Teoria da Continuidade evidencia, de acordo com Berger (1995), uma não ruptura com os hábitos de vida do idoso, mantendo as suas preferências, experiências e compromissos. Ballesteros (2001) defende que o desejo de continuidade motiva as pessoas a prepararem-se atempadamente para as futuras alterações que poderão ocorrer como a viuvez e a incapacidade física e mental; o desejo de continuidade pode surgir como uma meta para a adaptação à nova condição do indivíduo.

Nas Teorias Sociais do Envelhecimento, destacamos a Teoria do Descomprometimento, a Teoria do Modelo Social do Envelhecimento, a Teoria do Colapso de Competência, a Teoria da Troca, a Teoria da Subcultura do Envelhecimento, a Teoria da Estratificação por Idade e a Teoria Político-Económica do Envelhecimento.

A Teoria do Descomprometimento, segundo Berger (1995), defende que o envelhecimento bem sucedido fundamenta-se no distanciamento gradual da vida social. Este distanciamento para ser considerado bem sucedido terá que ser aceite pela sociedade, com vista à preparação do descomprometimento final.

A Teoria do Modelo Social do Envelhecimento, de acordo com o mesmo autor (Berger, 1995), centra-se na descrição das diferentes etapas da vida, perscrutando as crises, as tarefas e os tipos de relações familiares que lhe estão intimamente associadas.

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A Teoria do Colapso de Competência (Neri, 2001) é crucial para depreender a aptidão social do idoso e as consequências negativas que podem acompanhar as crises que acontecem com maior frequência à medida que a idade avança. Estas crises podem ser desencadeadas por diversos factores como a perda de saúde do companheiro(a) entre outras que desencadeiam um espiral de respostas negativas. A Teoria da Troca é explicada por Neri (2001) como uma Teoria que se centra no modelo racional de decisão comportamental, percepcionando a vida social como uma colecção de indivíduos circundados em trocas sociais. Os indivíduos prendem-se em interacções que são recompensadoras e afastam-se daquelas que são perniciosas, ou seja, procuram a maximização do lucro nas suas relações.

Siqueira (cit. in Neri 2001) defende que a Teoria do Construcionismo Social, procura analisar a forma como as realidades sociais do envelhecimento se alteram com o tempo, enriquecendo as diversas situações de vida e papeis sociais que acrescem com a maturidade.

A Teoria da Modernização, segundo Neri (2001), descreve a relação entre a modernização e as mudanças nos papéis sociais e no status das pessoas idosas. A modernização é percepcionada nesta teoria como o processo de industrialização, que conduz a mudanças estruturais nas sociedades, que se dão de forma particular, tendo em conta o contexto histórico e cultural.

A Teoria da Subcultura do Envelhecimento (Kart cit. in Neri, 2001) refere que os idosos constroem uma cultura própria como o resultado das suas crenças e dos seus proveitos comuns, da exclusão da interacção com outros grupos etários e do crescimento da interacção dos idosos com os seus pares como fruto da política pública segregacionista.

A Teoria da Estratificação por Idade, na perspectiva de Siqueira (cit. in Neri, 2001), efectua uma análise da assíncronia entre as mudanças estruturais e as mudanças individuais ao longo do tempo, isto é, a estrutura de papéis sociais por idade elabora a sociedade hierarquicamente, o que poderá ser análogo à hierarquia de classe social. Por último, na Teoria Político-Económica do Envelhecimento, Siqueira (cit. In Neri, 2001) defende que é a interacção de forças económicas e políticas que definem a forma como os recursos sociais serão distribuídos e como estas forças influenciam o status dos idosos e a forma como serão tratados. Walker (cit in Neri, 2001) com base

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nesta teoria efectua uma análise, da relação entre as políticas públicas e a construção social do envelhecimento. Concluiu que as propostas de política pública se alicerçam num agregado de perspectivas teóricas que conduzem à configuração do “estado de bem-estar social” nas sociedades industriais. Salselas (1994) advoga que a inexistência de protecção para todos, põe em causa os princípios dos direitos enunciados e introduz, tal como os mecanismos de assistência, os métodos selectivos de controle e acantonamento pela posição social. Segundo a autora ocorre uma disparidade entre a enunciação universal do direito à integração social, limitado na prática, pelas condições de acesso que definem quem pode beneficiar, após análise individual das necessidades. Os serviços deixam de ser um meio para manter ou prolongar a autonomia do idoso no seu domicílio, para repensar uma ajuda e assumir um carácter subsidiário face à insuficiência da reforma e pensão social. Deste modo, verifica-se uma lacuna entre o discurso da necessidade de uma acção global e para todos, para contrariar a imagem negativa da velhice e a prevalência de respostas com base no princípio do internamento. Amaro (cit in Salselas, 1994) defende que o envelhecimento nesta perspectiva economicista (encarar os idosos apenas como objecto de necessidades) representa um “fardo” cada vez mais pesado para os outros que são cada vez em menor quantidade.

Rosário Mauritti (2004), defende que o conceito de idoso não deve ser explicado somente recorrendo ao factor idade. Propõem, à semelhança de Caradec e Christian Lalive citado por Mauritti, uma reconceptualização do conceito, argumentando a necessidade de analisar diversos factores que influenciam directamente a vida quotidiana do idoso, determinando de uma forma mais coerente o termo. Mauritti (2004) advoga que para definir o conceito de idoso, torna-se imprescindível analisar os seguintes aspectos: os parâmetros de configuração dos perfis sociais das pessoas idosas; o espaço topológico de padrões de vida na velhice; perfis-tipo dos padrões de vida das pessoas com 55 e mais anos; e por último, as qualificações e o trabalho na diferenciação social das pessoas idosas.

No que respeita, aos parâmetros de configuração dos perfis sociais das pessoas idosas, a autora refere que analisados diferentes estudos, nomeadamente do Instituto Nacional de Estatística, a idade mínima de entrada na categoria de idosos são os 65 anos, contudo existe o intervalo dos 55-64 anos que é caracterizado, como aglutinador de uma elevada percentagem de indivíduos em situação de inactividade, antecipando a

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idade de reforma, recorrendo à pré-reforma. A autora quando observa os dados referentes aos intervalos de 55-65 anos em diante, constata que as habilitações literárias vão decrescendo, à medida que a idade vai aumentando. Dentro desta primeira análise, destaca igualmente, indicadores sócio-espaciais, observando a repartição dos idosos pelo país, sendo as zonas com maior incidência o Alentejo, o Algarve e o Centro de Portugal.

Analisando o espaço topológico de padrões de vida na velhice, a autora procura conhecer os hábitos de consumo, isto é, como são gastos os rendimentos dos idosos. Para isso definiu blocos temáticos: Alimentação básica e habitação (foi o único onde não se registou a inexistência de consumos); Saúde (constatou-se a existência de comportamentos heterogéneos, mas de grosso modo com um peso expressivo); Tecnologias correntes (a maioria apresenta consumos nesta área, ex: fogão, televisão, frigorifico, entre outros.); Vestuário e imagem pessoal, alimentação preparada, transportes próprios, novas tecnologias e práticas culturais (reflectiu consumos baixos/médios); Transportes públicos (a que menor expressão possui).

Dissecando os perfis-tipo dos padrões de vida das pessoas com 55 e mais anos, a autora apresenta cinco perfis distintos: Velhice de pobreza; Velhice precária; Velhice remediada; Velhice autónoma; e Velhice distintiva.

A primeira, Velhice de pobreza, aglomera os idosos com menores recursos, desde as habilitações às redes familiares. Neste patamar situam-se sobretudo os “muito idosos” com idades superiores a 75 anos, com elevada representação do sexo feminino.

A segunda, Velhice precária, concerne a situações de idosos que apresentem consumos elementares ou de sobrevivência, pautando-se pela inexistência de consumo de bens e serviços culturais e novas tecnologias. Neste perfil encontram-se sobretudo indivíduos entre os 65 e 74 anos residentes em contextos de semiurbanidade, assim como indivíduos reformados antecipadamente por invalidez.

No terceiro perfil, Velhice remediada, os indivíduos apresentam consumos de nível médio, vislumbrando-se consumos de bens e serviços culturais e novas tecnologias. Incidência de indivíduos entre os 55-64 anos, apresentando como habilitações o ensino básico.

O quarto perfil, Velhice autónoma, caracteriza-se por consumos médio-altos nos diferentes blocos temáticos, traduzindo bem-estar, conforto e alguma estabilidade.

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Por último, a Velhice distinta, apresenta menor expressão, caracterizando-se por um elevado consumo nos diferentes blocos temáticos. Este perfil engloba os indivíduos com maior qualificação.

Ao nível das qualificações e do trabalho na diferenciação social das pessoas idosas, Mauritti refere que poderão ser categorizadas quatro categorias distintas. Na primeira categoria concentram-se os indivíduos com 65 ou mais anos, pouco qualificados quer ao nível profissional, quer ao nível escolar. Estes possivelmente localizam-se na “velhice precária” e/ou “velhice de pobreza”. Abandonam a actividade profissional sobretudo, devido a problemas de saúde. Nesta categoria é predominante a inactividade na reforma. Esta é ainda caracterizada pelo elevado número de viúvos e famílias unipessoais. A segunda categoria integra os indivíduos que enquanto activos, eram trabalhadores por conta de outrem com maior nível de qualificações (técnicos). Os indivíduos reformam-se nesta categoria, maioritariamente por motivos de idade. Prevalecem os solteiros, existindo a possibilidade de enquadrar nesta categoria os “jovens idosos”. A “velhice distinta” é perfeitamente enquadrável nesta categoria. A terceira categoria engloba, com maior prevalência os indivíduos pertencentes à burguesia, caracterizada pela posse de recursos económicos. Esta classe revela-se extremamente heterogénea no que respeita à posse de recursos educacionais, tendencialmente prevalecem os parcos recursos educacionais. Os indivíduos nesta categoria continuam a exercer actividade laboral, são na grande parte casados, entre os 55-64 anos, prevalecendo também um número expressivo de divorciados. Ao associar a um perfil-tipo seria à “velhice autónoma” e/ou “velhice remediada”.

Este quadro de análise permite, de uma forma clara, desmontar a complexidade do conceito em estudo. A classe idosa é extremamente complexa e heterogénea, coexistindo simultaneamente diferentes grupos, quer ao nível da actividade e da autonomia, quer ao nível cultural, social e económico. A diminuição progressiva, da taxa de mortalidade, tem alargado o intervalo da classe de idosos. Este incremento colide, na obrigatoriedade de destrinçar diferentes níveis de velhice. Cabem no conceito de idoso dimensões distintas, desde a velhice activa, ao idoso em total dependência, enquadrado na “quarta idade”.

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A dissecação dos diferentes níveis do conceito, permite prevenir a ocorrência de preconceitos, sobre o idoso.

Esta análise revela que o envelhecimento é um processo de acumulação de sabedoria. O idoso dotado de capacidades físicas e mentais poderá ser considerado uma mais valia para a sociedade, continuando a participar activamente nesta, contribui positivamente para o seu processo de envelhecimento, indo de encontro ao apelo das diferentes Organizações que lidam directamente ou indirectamente com a população idosa, que advogam e premeiam o envelhecimento activo.

Os idosos em situação de dependência, estimulam a imaginação da família, do sector público e privado, procurando soluções que diminuam o sofrimento, procurando contribuir para o acesso ao bem-estar.

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2.Caracterização dos Idosos

2.1 Os Idosos na Europa

A velhice é uma das características incontornáveis da existência humana. Consideram-se pessoas idosas os homens e mulheres com idade igual ou superior a 65 anos (OMS in www.who.int). Em Portugal a idade de 65 anos encontra-se intimamente ligada à idade de reforma.

A presença do envelhecimento populacional nas sociedades assume as mais diversas formas, acarretando problemáticas disformes consoante a morfologia social.

O aumento de indivíduos idosos nas sociedades modernas, advém do desenvolvimento que as mesmas apresentam, comprovam-se as melhorias nas condições alimentares e nos cuidados de saúde, assim como se verificam evoluções positivas das práticas sociais (famílias tendencialmente menos numerosas). Tais factores contribuem vectorialmente para a maior longevidade dos indivíduos, aumentando a esperança média de vida.

O envelhecimento demográfico define-se pelo incremento acentuado da proporção de pessoas idosas na totalidade da população. Este fenómeno resulta da diminuição de população jovem (declínio da fecundidade) e/ou população em idade activa.

Apesar dos propagados desenvolvimentos no aumento da esperança de vida, esta continua a ser encarada como uma preocupação generalizada quando não acompanhada por uma taxa de natalidade sustentável. Este fenómeno caracteriza-se pela existência negativa de jovens face ao acréscimo de população idosa.

Recorrendo à análise dos diversos períodos intercencitários apresentados pelo INE entre o ano de 1960 e 2000 para a população mundial, constata-se que a proporção de jovens (0-14 anos) sofreu um decréscimo, dos 37% para 30%. Estima-se que em 2050 a proporção de jovens se cifre nos 21%, segundo estimativa das Nações Unidas (INE, 2002).

Incidindo a análise sobre a população mundial com mais de 65 anos, para igual período intercencitário, constatamos que esta evidencia uma tendência crescente, dos 5.3% em 1960 para 6.9% em 2000, estimando-se em 2050 um valor próximo dos

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15.6% (INE, 2002). Em guisa de conclusão, cifra-se o ritmo de crescimento da população idosa quatro vezes maior ao da população jovem.

O aumento da proporção de indivíduos idosos não floresce uniformemente pelas diversas regiões do globo terrestre. Países mais desenvolvidos estão na génese deste fenómeno, com início na década de 50. Países menos desenvolvidos demonstram taxas de crescimento positivas no que se refere à população jovem, apesar de serem consideradas relativamente baixas, supõe-se que apresentarão taxas nulas a partir do ano de 2030 (INE, 2007).

Recorrendo à análise dos dados fornecidos pelas Nações Unidas, constatamos que a população nos países desenvolvidos em relação aos países em via de desenvolvimento, concentra-se com maior intensidade nas regiões urbanas. (in http://unstats.un.org/). Isto explica em parte a necessidade, nos países desenvolvidos, da emergência da intervenção do Estado e do Terceiro Sector em áreas dirigidas aos idosos, uma vez que as redes de vizinhança sofrem alterações significativas e o enfraquecimento dos laços familiares e de vizinhança conduz à diminuição dos cuidados aos mais velhos.

Por forma a percepcionar a realidade sobre a problemática das pessoas idosas na União Europeia, torna-se premente a análise de dados diferenciados.

Nesse sentido, é importante recorrer às estatísticas relativas à mortalidade infantil, fornecidos pelo Eurostat. Confirma-se que a média dos 15 países tem sofrido decréscimos progressivos, de 1992 até 2003, conforme é visível no gráfico 1.

Gráfico1 Mortalidade Infantil 0 5 10 15 20 25 1992 1995 2000 2005 2008 1992 8,2 6,6 6,2 8,4 7,1 6,8 6,5 7,9 8,6 6,3 7,5 9,3 5,2 5,4 6,6 23,3 4,8 6,9 8,5 1995 5,9 5,1 5,3 8,1 5,5 4,9 6 6,2 5,6 5,5 5,4 7,5 3,9 4,1 5,7 21,2 6 5,6 6,7 2000 4,8 5,3 4,4 5,9 3,9 4,4 6,2 4,5 5,1 5,1 4,8 5,5 3,8 3,4 5,6 18,6 3 4,7 5,2 2005 3,7 4,4 3,9 3,8 3,8 3,8 4 2,6 4,9 4,2 3,5 3 2,4 5,1 15 2,3 3,9 4,3 2008 3,4 4 3,5 3,5 3,5 3,7 1,8 3,8 3,7 3,3 2,6 2,5 4,7 11 2,5 Bélg ica Dina mar Ale man Grec ia Esp anh Fran ça Irlan da Itália Luxe mbu Hola nda Aust ria Port ugal Finl andi Sué cia Rein o Ro men Isla ndia Medi a Medi a Fonte: http//epp.eurostat.ec.europa.eu

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Quando se analisam os dados referentes à média dos países da U.E. a 25, constatamos que a taxa sobe significativamente, apesar de se constatar igualmente uma descida evolutiva de 1992 a 2008. O país que mais se destaca pela negativa é a Roménia registando valores em 1992 de 23.3, contrastando com os valores apresentados pela Islândia para igual período, 4,8. Nos restantes anos os protagonistas mantêm-se, registando a Roménia em 2008 uma taxa de 11 e a Islândia com 2,5 e o Luxemburgo com 1,8. A Islândia e a Suécia foram, os únicos países, com dados disponíveis para o ano de 2008 que registaram aumentos nas taxas de mortalidade infantil entre 2005 e 2008. Este último país, juntamente com a Finlândia, Reino Unido, Itália e Áustria, apresenta um ligeiro aumento da taxa de mortalidade infantil, de 2002 para 2003. Portugal apresenta valores inferiores à média registada nos países da U.E..

O gráfico 2, sobre a Taxa de Fertilidade, potencia a análise sobre o envelhecimento nos diversos países que compõem a União Europeia, uma vez que demonstra de forma efectiva a propensão e preocupação de cada país para a renovação da população.

Gráfico 2 Taxa de Fertilidade 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 1992 1995 2000 2007 1992 1,65 1,76 1,3 2,49 1,38 1,32 1,73 1,99 1,31 1,64 1,59 1,51 1,54 1,85 2,09 1,79 1,5 2,21 1,51 1,57 1995 1,55 1,8 1,25 2,13 1,32 1,18 1,7 1,84 1,18 1,69 1,53 1,42 1,41 1,81 1,73 1,71 1,34 2,08 1,42 1,44 2000 1,66 1,77 1,38 1,64 1,29 1,24 1,88 1,9 1,24 1,76 1,72 1,36 1,55 1,73 1,54 1,64 1,31 2,08 1,5 1,48 2007 1,42 1,84 1,37 1,39 1,41 1,4 1,98 2,01 1,61 1,72 1,38 1,33 1,83 1,88 1,3 2,09 Bélg ica Dina mar Ale man Chip re Gre cia Esp anh Fran ça Irlan da Itália Lux emb Hola nda Aus tria Port ugal Finla ndia Sué cia Rein o Rom enia Islan dia Medi a UE Medi a EU Fonte: http://epp.eurostat.ec.europa.eu/tgm/table.do?tab=table&init=1&language=en&pcode=tsdde220&plugin=0

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Entre os anos de 1992 e 2007, observamos que a maioria dos países apresenta uma diminuição dos valores, somente a Alemanha, França e Holanda, conseguem registar valores superiores em 2003 do que no ano de 1992. O Reino Unido, Suécia e a Islândia foram os países que maior aumento verificaram de 2002 para 2003, respectivamente 0.07% e 0.06%. A média dos países da U.E., sofreu um incremento positivo de 2002 para 2003. Portugal regista valores inferiores à média da U.E.. Em 2003 o país com maior taxa de fertilidade era a Islândia com 1,99%, seguida da Irlanda com 1,96% e França com 1,89%. O país com a menor taxa dos países da U.E. a 15 era a Grécia, registando valores de 1.76 pontos percentuais. Analisando os países da U.E. a 25, o que regista menor percentagem é a Republica Checa com 1,18. Dos países em análise para o ano de 2007 a Suécia foi o que registou o maior aumento, apesar de evidenciar uma evolução negativa de 1992 a 2000. O país que regista a taxa de fertilidade mais elevada no ano de 2007 é a Islândia com 2,09. Portugal, apesar de em 2000 ter apresentado uma evolução positiva na taxa de fertilidade, volta a descer em 2007, registando uma das taxas mais baixas dos países europeus. Somente a Roménia apresenta um valor mais reduzido, 1,30, a taxa mais baixa dos países europeus em análise.

Para a continuidade da caracterização, torna-se imprescindível o recurso à análise dos dados relativos às taxas da população por classe etária, permitindo visualizar a pirâmide etária de cada país que compõe a União Europeia. Neste estudo optou-se por recolher dados respeitantes a anos distintos, de forma a percepcionar a evolução das taxas. Atendendo ao facto de se pretender analisar o peso do envelhecimento da população em cada país da União Europeia, decidiu-se analisar somente a classe etária dos 0-14 anos, 65-79 anos e maiores de 80 anos.

Analisando os dados fornecidos pelo Eurostat, no que concerne às taxas de população por classes etárias dos 0-14 anos, entre os anos de 1993 e 2004, indicam claramente uma diminuição progressiva do total de jovens nos países que compõem a União Europeia, dados susceptíveis de comprovação na tabela 1.

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Tabela 1: Idade 0-14 anos na União Europeia 1994 2000 2004 1994-2004 Bélgica 18,1 17,6 17,3 0,8 Republica Checa 19,4 16,6 15,2 4,2 Dinamarca 17,1 18,4 18,9 -1,8 Alemanha 16,4 15,7 14,7 1,7 Estónia 21,2 18,3 16,6 4,6 Chipre 25,2 22,8 20 5,2 Grecia 18 15,5 14,6 3,4 Espanha 17,5 14,9 14,5 3 França 19,8 18,9 18,6 1,2 Irlanda 25,2 21,9 20,9 4,3 Itália 14,9 14,3 14,2 0,7 Letónia 21,1 18 15,4 5,7 Lituânia 22,2 20,2 17,7 4,5 Luxemburgo 18,1 18,9 18,8 -0,7 Hungria 18,6 16,9 15,9 2,7 Malta 20,4 18,2 -18,2 Holanda 18,4 18,6 18,5 -0,1 Austria 17,8 17,1 16,3 1,5 Polónia 23,7 19,6 17,2 6,5 Portugal 18,4 16,2 15,7 2,7 Eslovénia 19,1 16,1 14,6 4,5 Eslováquia 23,5 19,8 17,6 5,9 Finlandia 19,1 18,2 17,6 1,5 Suécia 18,7 18,5 17,8 0,9 Reino Unido 19,4 19 18,3 1,1 Bulgária 18,6 15,9 14,2 4,4 Croacia 19,8 0 Romenia 21,4 18,5 16,4 5 Islandia 24,8 23,3 22,6 2,2 Lichenstein 19,3 18,7 18 1,3 Noruega 19,3 20 19,9 -0,6 Média UE 15 17,7 16,8 16,3 1,4 Média UE 25 18,5 17,2 16,4 2,1

Fonte: http//epp.eurostat.cec.eu.int/ O último item da tabela concebido pelo autor

Os valores relativos aos países que compõem a U.E. a 15 têm descido de 1993 com uma taxa de 17.9%, para 16.3% no ano de 2004. A média dos países que compõem a U.E. a 25 desce de 1993 com 18,6%, para 16,4% no ano de 2004. Os únicos países que apresentaram valores superiores comparando os anos de 1993 e 2004, foram: a Dinamarca com mais 1,8 pontos percentuais; o Luxemburgo com mais 0,7%; a Noruega com uma evolução positiva de 0,6%; e a Holanda com um valor de 0,1%. Os países que registaram os decréscimos mais significativos foram a Polónia com 6,5 pontos percentuais e a Eslováquia com 5,9%. Portugal verifica para igual período

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comparativo, a diminuição de 2,3% de jovens com idades compreendidas entre os 0 -14 anos.

Tabela 2: Idade 65-79 anos na União Europeia

1994 2000 2004 2004-1994 Bélgica 11,8 13,3 13 1,20 Republica Checa 10,3 11,5 11,1 0,8 Dinamarca 11,5 10,9 10,9 -0,6 Alemanha 11,2 12,7 13,8 2,6 Estónia 10,2 6 13 2,8 Chipre 8,5 14 9,3 0,8 Grécia 11,6 13,4 14,3 2,7 Espanha 11,5 13 12,7 1,2 França 10,7 12,4 12 1,3 Irlanda 9 8,7 8,5 -0,5 Itália 12,3 14,2 14,4 2,1 Letónia 10,3 12,3 13,3 3 Lituânia 9,2 11,4 12,2 3 Luxemburgo 10,5 11,2 11 0,5 Hungria 11,1 12,4 12,3 1,2 Malta 9,8 10,3 10,3 Holanda 10,1 10,4 10,4 0,3 Áustria 11,1 12 11,4 0,3 Polónia 8,6 10,1 10,6 2 Portugal 11,6 12,8 13,1 1,5 Eslovénia 9,2 11,6 12,2 3 Eslováquia 8,6 9,5 9,3 0,7 Finlândia 10,8 11,5 11,8 1 Suécia 13 12,4 11,9 -1,1 Reino Unido 11,8 11,6 11,7 -0,1 Bulgária 12,2 14 14,2 2 Croácia 10 0 Roménia 9,5 11,4 12,2 2,7 Islândia 8,4 8,9 8,8 0,4 Lichenstein 8 8,1 8,1 0,1 Noruega 12,1 11 10,2 -1,9 Média UE 15 11,4 12,6 12,8 1,4 Média UE 25 11,1 12,3 12,5 1,4

Fonte: http//epp.eurostat.cec.eu.int/ O último item da tabela concebido pelo autor

Analisando os dados relativos à população com idades compreendidas entre os 65-79 anos de idade, para o intervalo temporal 1994-2004, constata-se que a maioria dos países apresentam crescimentos positivos. Observando os dados para os países que compõem a U.E. a 15, destacam-se a Itália e a Alemanha, com valores em 2004 de 14,4% e 13,8%. Focalizando a análise nos países que compõem a U.E. a 25,

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destacam-se a Letónia, Lituânia e Eslovénia. Os países que apresentam em 2004, um decréscimo acentuado no número de pessoas entre os 65-79 anos, são a Noruega com (-)1,9 pontos percentuais, seguida da Dinamarca com (-)0,6 e a Irlanda com (-)0,5 pontos percentuais. A média da U.E. a 15 é relativamente mais elevada, contudo a variação percentual entre 1994 e 2004 é idêntica, 1,4 pontos percentuais, demonstrado claramente o progressivo envelhecimento da população europeia. Portugal evidencia uma tendência para o envelhecimento da população, registando um aumento de 1,5 pontos percentuais entre os anos de 1994 e 2004.

Tabela 3: Idade > 80 anos na União Europeia

1994 2000 2004 2004-1994 Bélgica 3,7 3,5 4,1 0,4 Republica Checa 2,7 2,3 2,9 0,2 Dinamarca 3,9 3,9 4 0,1 Alemanha 4 3,6 4,2 0,2 Estónia 2,8 2,6 2,8 0 Chipre 2,6 2,6 2,6 0 Grecia 3,1 3,1 3,2 0,1 Espanha 3,3 3,8 4,1 0,8 França 4,1 3,6 4,4 0,3 Irlanda 2,4 2,5 2,6 0,2 Itália 3,7 3,9 4,8 1,1 Letónia 2,8 2,5 2,9 0,1 Lituânia 2,7 2,3 2,8 0,1 Luxemburgo 3,3 3,1 3,1 -0,2 Hungria 2,8 2,5 3,2 0,4 Malta 2,3 2,7 2,7 Holanda 3 3,2 3,4 0,4 Austria 3,7 3,4 4,1 0,4 Polónia 2,1 1,9 2,4 0,3 Portugal 2,8 3,2 3,7 0,9 Eslovénia 2,5 2,3 2,9 0,4 Eslováquia 2,1 1,8 2,3 0,2 Finlandia 3,1 3,3 3,7 0,6 Suécia 4,5 4,9 5,3 0,8 Reino Unido 3,9 4 4,3 0,4 Bulgária 2,4 2,1 2,9 0,5 Croácia 2,4 0 Roménia 2 1,7 2,2 0,2 Islândia 2,5 2,7 3 0,5 Lichenstein 2,2 2,3 2,7 0,5 Noruega 3,9 4,2 4,6 0,7 Média UE 15 3,8 3,7 4,2 0,4 Média UE 25 3,5 3,4 4 0,5

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A análise dos dados relativos às pessoas com idades iguais ou superiores a 80 anos, permite constatar um aumento geral da população para esta faixa etária na globalidade dos países da U.E. Os países que demonstram aumentos mais significativos são a Itália com um aumento de 1,1 pontos percentuais de 1994 para 2004, seguido de Portugal com 0,9 pontos percentuais e a Suécia com 0,8. O único país que apresenta uma diminuição do número de pessoas para esta faixa etária é o Luxemburgo com (-) 0,2 pontos percentuais em relação ao período de 1994 – 2004. Países como a Estónia e o Chipre mantêm os mesmos valores. Os dados relativos à média da U.E a 15 e a 25 países têm aumentado, 0,4 e 0,5 pontos percentuais, indiciando um claro aumento no número de idosos com mais de 80 anos.

Os dados a seguir mencionados, constantes no Boletim Estatístico de Agosto e Setembro de 2006 do MTSS (2006), estabelecem uma análise comparativa dos dados referentes à população total entre os diferentes países que compõem a União Europeia, com base na recolha de dados durante os anos de 1995, 2005 e a previsão para o ano de 2050.

A análise atenta da tabela 4 permite observar que todos os países à excepção da Irlanda, Dinamarca, Reino Unido e Suécia, apresentam acréscimos mais significativos na percentagem de população idosa entre os anos de 1995 e 2005. Os países que mais se evidenciam são a Alemanha e a Letónia com um crescimento de 4%, seguidos de perto pela Itália, Grécia, Estónia, Eslovénia e Lituânia com incrementos de 3%. Apesar dos aumentos registados, os países que em 2005 apresentavam maior percentagem de população com mais de 65 anos era a Alemanha e a Itália com 19%, seguidos pela Grécia com 18%, Bélgica, Espanha, Letónia, Portugal e Suécia com 17%. Efectuando a análise dos países com menores percentagem evidenciam-se os países como a Irlanda, Chipre, Malta, Polónia e Eslováquia com valores de 11%, seguidos por Lituânia e Eslovénia com 12%. À excepção da Irlanda, os restantes países são recentes na União Europeia, apresentando valores relativamente baixos em relação aos restantes países que a compõem há mais tempo.

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Tabela 4

População Total com 65 e mais anos (%) 1995 2005 2050 (previsão) 2050-2005 Bélgica 16 17 28 11 Republica Checa 13 14 31 17 Dinamarca 15 15 24 9 Alemanha 15 19 32 13 Estónia 13 16 26 10 Grécia 15 18 32 14 Espanha 15 17 36 19 França 15 16 27 11 Irlanda 11 11 26 15 Itália 16 19 35 16 Chipre 11 12 26 14 Letónia 13 17 26 9 Lituânia 12 15 27 12 Luxemburgo 14 14 22 8 Hungria 14 16 28 12 Malta 11 13 25 12 Holanda 13 14 23 9 Áustria 15 16 30 14 Polónia 11 13 29 16 Portugal 15 17 32 15 Eslovénia 12 15 31 16 Eslováquia 11 12 29 17 Finlândia 14 16 27 11 Suécia 17 17 24 7 Reino Unido 16 16 27 11 Média UE 15 15 17 30 13 Média UE 25 15 17 30 13

Fonte: Boletim Estatístico Agosto e Setembro de 2006 do MTSS; a última coluna foi criação do autor.

Alargando a análise ao período de previsão, 2050, constata-se que os países que apresentarão as percentagens mais elevadas de população com mais de 65 anos serão a Espanha com 36%, a Itália com 35%, Alemanha, Grécia e Portugal com 32%. Os países com menor percentagem serão o Luxemburgo com 22%, seguido da Dinamarca e Suécia com 24% e Malta com 25%. Estabelecendo uma análise aos países que registarão um maior crescimento na percentagem de população com mais de 65 anos, entre 2005 e 2050, verifica-se que a Espanha apresentará um crescimento de 19%, a Republica Checa e a Eslováquia apresentarão um aumento de 17%. Os países com menor aumento na população idosa, entre o ano de 2005 e 2050, serão a Suécia,

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Luxemburgo, Dinamarca, Letónia e Holanda. Curiosamente serão os países que de acordo com as projecções registarão um menor número de idosos.

Gráfico 3 – O valor real e projecção do rácio das pessoas idosas (rácio calculado ente o número de pessoas idosas quando economicamente inactivas e o número de pessoas em idade de trabalho).

Current and Project old age dependency ratio

0,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00 1995 2000 2010 2020 2050 1995 23,80 22,70 22,50 22,80 22,20 22,90 18,00 24,00 20,60 19,30 22,40 21,40 21,10 27,40 24,30 23 2000 24,40 22,10 23,30 25,50 24,40 24,30 17,40 26,50 21,50 20,10 22,60 22,50 21,90 26,80 24,00 24 2010 26,90 24,30 29,20 29,30 26,50 25,50 18,50 31,00 23,50 22,50 25,60 24,30 24,70 27,90 24,70 27 2020 32,60 30,10 31,90 32,30 29,80 32,60 24,50 35,50 27,90 29,80 28,50 37,30 35,00 0,00 29,80 31,70 2050 43,50 37,70 46,80 48,00 56,50 46,40 43,60 55,70 37,80 40,70 44,30 44,00 42,10 37,90 42,80 47,20 Bélgi ca Dina marc a Alem anha Greci a Espa nha Franç a Irland a Itália Luxe mbur go Holan da Austri a Portu gal Finla ndia Suéci a Reino Unido Medi a UE 15 Fonte: http//epp.eurostat.cec.eu.int/

Analisando os dados apresentados no gráfico 3, verifica-se na Dinamarca, país com o menor rácio previsto para 2050, um aumento gradual da taxa, em 1995 – 22.7%, em 2000 – 22.1%, no ano de 2010 estima-se que o valor suba para os 24.3%, para 2020 - 30.1% e para o ano de 2050 o valor de 37.7%. A Itália registava em 1995 um valor de 24%, no ano de 2000 verificava um valor de 26.5%, estimando-se para o ano de 2020 um valor de 35.5%, em 2050 o valor previsto é de 55.7%. Portugal registava em 1995 um valor de 21.4%, em 2000 a taxa era de 22.5%, prevendo-se um aumento de 1.8% para 2010, para o ano de 2020 calcula-se que o valor se cifre nos 27.3%, por último em 2050 o Eurostat prevê que a taxa se fixe nos 44% (http://epp.eurostat.ec.europa.eu). O país que regista uma taxa mais elevada é a Espanha, em 1995 apresentava um valor de 22.2%, em 2000 o valor aumentou para os 24.4%, prevê-se que em 2010 a taxa se cifre nos 26.5%, em 2020 o valor será de

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29.8%, por último em 2050 estima-se que o valor seja de 56.5%. A média da UE a 15 países aumentou de 1995 para 2000, 0,9%, estima-se que aumentará de 2000 para 2010, 2.9%, o valor continuará a registar aumentos de 2010 para 2020 com incrementos de 4,7%, o maior aumento prevê-se que acontecerá de 2020 para 2050, com um acréscimo de 15.5%. (http//epp.eurostat.cec.eu.int/)

Gráfico 4 0 5 10 15 20 25 30 35 Bélgica Dinamarca Alemanha Grecia Espanha França Irlanda Itália Luxemburgo Holanda Austria Portugal Finlandia Suécia Reino Unido Islandia Noruega Media UE 15

Gastos totais com a Protecção Social

2002 1996 1991 Fonte: http://epp.eurostat.ec.europa.eu/portal/page/portal/living_conditions_and_social_protection/publications/social_protec tion_sub

A análise do gráfico permite observar que o país que mais se destaca, com gastos em protecção social, é a Suécia, apesar de ter evidenciando um decréscimo no

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investimento entre o ano de 1991 e o ano de 2002. Países como a França e a Alemanha, têm aumentado os gastos com a protecção social entre os anos de 1991 e 2002. Estes dois países estão em segundo e terceiro lugar, ao nível dos gastos, em 2002 com protecção social. Portugal é o país que regista maior aumento com os gastos em protecção social entre os anos em análise. A Irlanda é o país que regista o menor gasto dos países análisados.

Tabela 5

Indicadores da adequação das transferências sociais para a redução da pobreza em alguns países da UE

Inputs Outputs

Necessidades Recursos Resultados Impactos

Pais/Região % famílias Pobres % familias pobres antes das transf. Despesas protecçao social em % do PIB (1993) Eficácia das transf. em intensidade Eficiência líquida das transf. % fam.pobres antes das transf.

que saem da pobreza % fam. que saem da pobreza devido às transf. Catalunha 15,1 30,8 74,8 41,4 51 15,7 Portugal 28,9 49,9 18,3 65,3 44,8 41,5 20,5 Grecia 19,9 38,1 16,3 64,3 76,3 47,8 18,3 Italia 17,9 43,2 25,8 77,9 45,4 58,6 25,3 França 15,4 46,4 30,9 83,9 47,5 66,8 31 Irlanda 17,2 46,2 21,4 83 53,7 62,8 29 Belgica 5 41,4 27,6 95,9 42,7 86,2 35,7 Luxemburgo 7,6 45,6 24,9 92,6 39,3 80,5 31,3 Fonte: Pereirinha (1999)

Através da análise do quadro 5 podemos constatar os impactos das políticas de protecção social em alguns países europeus. A linha de pobreza foi estimada como 50% do rendimento disponível médio por adulto-equivalente. Verifica-se que os países que afectam maior percentagem do PIB para despesas com a protecção social, evidenciam menor percentagem de transferências sociais que contribuem para combater o deficit de pobreza. Nestes países constata-se uma maior eficácia na redução das transferências em termos de intensidade, correspondendo a uma maior redução do deficit de pobreza. É visível também uma maior eficácia líquida das transferências em termos de incidência, ou seja um maior número de famílias que saem da situação de pobreza. À medida que o peso das transferências sociais do PIB é

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maior, verifica-se tendencialmente uma maior eficácia e uma menor eficiência das transferências quando avaliada em termos de redução da pobreza.

Portugal é o país que apresenta a maior percentagem de famílias pobres, ao mesmo tempo é o país que apresenta menor percentagem do PIB com despesas para protecção social. O mesmo país evidencia uma reduzida eficácia das transferências para combate à pobreza, muito próximo dos valores registados pela Grécia. No que concerne à eficiência, Portugal situa-se significativamente atrás da Grécia.

Gráfico 5

Em risco de pobreza após as transferências sociais

0 5 10 15 20 25 1995 1998 2000 2002 2003 1995 17 10 15 22 19 15 19 20 12 11 13 23 20 17 1998 14 11 21 18 15 19 18 12 10 13 21 9 19 15 2000 13 10 20 18 16 20 18 12 11 12 21 11 19 15 2002 15 19 12 12 20 11 11 18 2003 15 12 15 21 19 21 10 13 19 11 18 B élgic a Dinam arca A lema nha Grecia Espan

ha França Irlanda It ália Luxem burgo Holand a Aust ri a Port ug al Finlan dia Suécia Reino Unido M edia UE 15 Fonte: http//epp.eurostat.cec.eu.int/

A interpretação do gráfico 5, permite retirar dados importantes quanto aos riscos de pobreza dos países que compõem a UE dos 15. A não opção pela análise de dados relativos à U.E. dos 25, fica a dever-se à dificuldade de obtenção de dados completos para os diversos países em questão. A análise destes dados é pertinente uma vez que em Portugal existe uma elevada percentagem de idosos em risco de pobreza, atendendo ao facto que uma elevada percentagem das reformas serem baixas.

A interpretação dos dados permite perceber que em Portugal apesar do elevado risco de pobreza, os valores têm diminuído paulatinamente de 1995 até 2003, de 23% para os 19%. Apesar da insuficiência de dados, é possível vislumbrar que os países que apresentam valores com maior expressividade são a Grécia e a Irlanda, ambos aumentaram nos últimos anos. Luxemburgo, juntamente com os países nórdicos, apresenta os valores mais baixos, revelando a forte presença durante anos do Estado Providência.

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