FSC
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II
A
FUC
EM
A
VIOLEN
IA
SEXUAL
ENTR
ISTA:
TAYANA C. DE
OLIVEIRA
Todavezqueoassuntoé cinemacatarinense,
há sempre quem lembre dos modernistas do
Grupo Sul. Foram eles que implantaram um
cineclube em Florianópolis e q� se atreveram a
passaralinha queseparaaobservaçãodaprodu
ção,filmando"O Preço da Ilusão"em 1958, o
prirneiro longa-metragemcatarinense.
AsproduçõesdoGrupoSuletodosos filmes realizados de 1920a84estãoincluídos notrabalho "O Cinemaem SantaCatarina", feito porestu
dantesdejornalismoem1985. OintituladoGrupo
dePesquisa Cinematográfica promoveu,no ano
passado,a Ia Mostrado FilmeCatarinense,para queadispersãodo materiale a suanecessidade de
condições especiaisdeconservaçãofossemconhe cidas. A negligênciacom que vemsendo tratado
o assunto causouperdas irreparáveis,emuitosfil
mesestãodeteriorados,sem possibilidadederes
tauraçào.Odesaparecimentode "OPreçoda Ilu são"serveatéhojedepiadaparaquem conhecea
históriado cinema de Santa Catarina.
Opreçodailusãodesercineasta foi realmente
muito alto para os modernistas catarinenses.
Apósseismesesde gravaçoes,ofilme,inspiradono
ueo-realismoitaliano não recebeu "certificado de
boaqualidade"daCensura,oqueinviabilizoua
suaexibiçãocomercial.Osprejuízosforamgran
des.eArmandoCarreiráo,EglêMalheiros.Ody
CINEMATECA CATARINENSE
FragaeSalimMiguel, algunsdoscomponentesda
Sul CineProduções,carregamopeso históricode
teremfeitooúnicolongadoEstado.Opeso arti
ticodofilmenãopodeseranalisado,poisrestam apenasseus 15 minutos finais.
Mas nemsó do GrupoSul viveu oantigoci
nemacatarinense. Desde 1908 são realizadasfil
magensnoEstado,principalmentefilmescaseiros
feitosnointerior. Apesardesse começoprecoce,o
cinema nãotevecontinuidadeemSanta Catarina
e nuncamaisaaudácia dos "modernistasatrasa
dos"(oGrupoSulsurgiu24anosapósaSemana de Arte Modernapaulista)foirepetida.
Sem câmera
namão
Nãohácomopreservaramemória doEstado
sem conservar a suaproduçãocultural,damesma
formacomonuncafoipossível,nem mesmopara
GlauberRocha, fazercinemacomumaidéiana
cabeçae sem umacâmera na mão. A falta de
equipamento,dodomínio datécnicaedosmeios de exibição, são problemas constantes para os
novoscineastascatarinenses.Apesardisso,apro
duçãonãodesapareceu,emuitosainda realizam
filmesemvídeoou naultrapassadabitola
Super-8.
Foi para solucionaresses problemas que o
Grupo de Pesquisa Cinematográfica lançou a
campanhapela implantaçãodeumacinemateca
deabrangênciaestadual. A elacaberiaguardaro
material cinematográfico, responsabilizando-se
pelasuacoleta. restauraçãoeconservação.Além
disso,acinemateca também incentivariaemobili
zariaasnovas produções, alugando equipamen
tos, realizandocursos,festivaisepromovendoa
exibiçãodos filmes. Uma bibliotecaespecializada
epesquisasnaáreacinematográficaseriamorga
nizadasjuntocomoutrasatividades.
Apósumanodetrabalho,acinematecajáestá
legalizada.Seussóciosrealizaramumamostrade
filmesregionaisemJoaçaba,oFestivaldeCinema
BrasileironaUFSC,olançamentodo filme"Nem
TudoéVerdade", deRogério Sganzerla, partici
param do 14° Festival de Gramadoe do último
encontrodo Conselho deAssociaçãoNacional de
Documentaristas,emCuritiba.Osdocurnentaris
tas incentivaram a iniciativa dos catarinensese
apoiaramaidéia dotombamentoedesapropria
çãodoantigoCineRoxy,emFlorianópolis,loca lizadoatrás daCatedral,paraabrigaracinema
teca.Oprédioestá abandonadohásete anos,eseu
espaçoéconsiderado ideal paraaimplantaçãoda
cinemateca. Oprédiopertence àCúriaMetropoli
tanaefoiusadocomoTeatroEpiscopalaté 1932,
quando transformou-se no Cine Teatro Centro
Popular, que projetou oprimeirofilmesonori
zadoemFlorianópolis. Depoisdeonzeanosfe
chado, foi reabertoem 1944como CineRoxy, funcionando até 79.
Aexpectativaé queoGoverno estadual,como
maior interessadoempreservara
memória,
catarinense, encampeoprojeto.Aimplantaçãodeuma cinemateca vai evitarodesaparecimentodaantiga cinematografia de Santa Catarinae a migração
doscineastas paraoeixoRio-SãoPaulo.
...
"
Glaubersabia: maisqueumaidéia éprecisoacâmeranamão
r·--.. -·- r·--...
---·----I
. . ' ..i. :/.. ,E
preciso
melhorar
o
ele
e
a
TV
JAVIER
PIZARRO
Podemos notar, na atualidade, o
surgimentodeumanovamentalldade
na
vanguarda
cultural internacional.Istoaconteceemrespostaaos
grandes
desequilíbrios provocados pelo
"pro egresso" técnico-industrial. Assim, oecologísmo está propondo uma mu
dança ideológica,
uma tomada de consciência individuale coletiva. Elequestiona
tantoorelacionamento dohomemcomomeioambiente quanto
oseu
próprio
cotidiano.Quero
aproveitar
este espaço parachamaraatençàoparao
Centro
Integrado de Cultura. Eleatuacommuita
programação na área de cinema, mas no resto das atividades, existe uma inércia, um aproveitamento muito
pobre,
em comparação comopotencia)que representamsuas
instalações.
Amesmacoisaaconteceemmatéria
de programação de TV,
cuja
maiorparte é "abobrinha". Isto e, enlatados
que repetem seus argumentos, pro
gramas violentos de desenho
aní-mado,queemnada
cqnttib1,le�
!>ará
aeducação
decrianç�s.
A TV dêy�"serusada para educar, abrindo e$paço
paraas
produções
emvídeotnqepeo·
dentes.
Esta,�
sim.,temrepresent",dQ
overdadeiromomentoculturaldoPaís.A televisão éomeio de
comunicação
de massasmaiscompleto
que existe, devido àssuas,
condições
tecnica,$. :li
..im.
portante que nós,jornalistas'bata
Ihemos
pelo
aprimoramento de seu uso,criando espaço paraaarte,ojornalismoinformativoecientíficoentre outrasalternativas.
ZERO
Jornal laboratório do Curso de
Comunicação
Social da Universi dade Federalde Santa Catarina.Textos:
Tayana
Cardoso, JavierPizarro, Norberto Vieira da Silva,
Gilberto B. dosSantos,KarinMaria
Véras, MônicaHass.
Fotos: AndréRohde,Manoel Men
des, CléiaMachado,
Arquivo-Zero
Edição
esupervisão:
Professo resSônia MalufeRicardo BarretoEdição gráfica:
RicardoBarretoAcabamentoe
impressão:
Em presa Editora O EstadoCorrespondência:
CaixaPostal472,
Departamento
de Comunicação
eExpressão,
Curso de Jornalismo,
Florianópolis-SC.
Telefone:
(0482)
33·9215.Distribuição
gratuita.
,.
��E
perigosíssimo
escrever"
AGOSTO 86
ZERO
P 3
Norberto
Vieira da Silva
élidaPíüonédaquela espécie de pes
soasque estãoemextinção.Aqueletipo
degenteque olbanosolbosenquanto
conversae com isso seu interlocutor
jásabede antemãoque dali não sairão frases feitas. Sinceridadeebumildade
são marcasdeseu caráterapesar de
seuvastocurrículocomoescritora.
Desdeolançamentode "GuiaMapade Ga brielArcanjo"em61 até•• Repúblicados So
nbos" (670 pgs), lançado em.outubro de 85,
NélidaPiâonsecaracterizou porsualiteratura
corajosa, arrancando de algunscríticoscomo
Pedro Tamencitaçõesdo tipo "estremece as
paredesdalínguainstalada,da sociedadeinsta lada, da moral instalada, asdo Macho insta lado".
NélidaPínon,queestavaemNovaYork,veio aténossaUniversidade para falar sobre" Amu
Iber ea criação literária",durantea semana
deLetraspromovidapelocurso.
Zero - Vocêfalou que os rótulos (quando tentaramclassificá-lade escritoraintimista)se
aplicamcomfacilidadeincrível,queé maisfácil
imprimirrótulosporquefacilitamacompreen
são,jánãoprecisalerolivro.SoniaCoutinho afirmou sobre "A casa das paixões", que a
sondagem corajosae semhesitaçãodasprofun
dezas humanasaproximamvocê deumalinha
gemde escritores malditos.Oquevocê acha? Nélida
-Eu acbo quenesselivrosim,euacho
queessaobservaçãodaSoniameparece muito
pertinenteporque hátextosmeusque têmum
caráter detransgressão,éumainconformidade com as normasinstauradaspelosistema social.
Asrelações são de interdição ede revelação de sentimentosque não estãonapautade apro
vaçãocoletiva, sobretudo,acbo queem"Acasa
das paixões", citadopelaSonia Coutinho,eu
diria queessecaráterdeperdição,demaldição, nãoéochamadotexto bem comportado, não
abraçaidéias bem comportadas,conservado
ras.Decertomodoelaserefereaumalingua
gem quetrazem seubojoumaessência de incon formidade. Eessecáraterme parecequeper
mite que eleseja um textomarginal nesseas
pecto.
Zero
-O que ésermalditonoBrasil? Nélida- Elaserefere evidentementenãosó
aoBrasilmas aqualquer parte.Elacitoualguns
escritoresditosmarginaisporque foram consi
deradossemprecomoautoresque nãolevaram
em contaasexigênciasestéticas dasociedade. A sociedadedesejaconsagrar, celebrarasesté ticas bemcomportadas.
Zero
-Qual a função do intelectual nesse
processo detransição,de
redernocratizaçãç
donossopaís?
.
;' t•
Nélida- Eu acho queafunçãodo
intelectôai,
além deescreverbem,issoffundamental, ser umescritorsério, competente,ele éalguémque está inseridonasociedadeecomotal deveemprestarsuaconsciência paraacoletividade. Ele é umapessoaem geralmais aparelhada, que
podecolaborarnessesentido,maseunão acbo quea funçãodelesejaapenasparticipardeste
instantebrasileiro,éparticiparemtodososins
tantes, mesmo dosinstantes difíceis come os
que abandonamos, sobretudo aqueles. Agora é muito mais fácil todo mundo aderiraestes
temposnovosnãoé? Difícil foiparanós, alguns
escritoresbrasileiros,terenfrentadoessesvinte
anos, isso foi muito doloroso. Muito difícile
muito frustrante.
Zero - Durante 20 anos a nossa literatura
prendeu-se mais a um caráter de denúncia e
obras de ficção. Agora, diante desse período de debate livre e abertoe essa liberaçãode
característicasdemocráticas, pode ha-eruma
retraçãodanecessidade de obras deficção? Nélida - Não. Eu achoevidentemente que
houve umgrande segmento nosúltimos anos
que fezumaliteratura de caráter de rebelião,
mas umcaráter imediato. Vocêpodiaver,era
umtema dealgummodo muitoespecífico.Mas
s\lrgiramgrandesobras,ondeacontestaçãopo lítica está embutida dentro dotexto, portanto temmuitomaiscondiçõesdesobreviver,porque obedece realmente.àSexigênciasestéticasdaque
le text�.. Porque um texto que você faz com umpropósitodeliberado detorná-loUUlIlarma
contraumdeterminado sistemaeaPenascom esseintuito, certàmente éum texto destinado
aoesquecimentóeeStávinculado apenasaomo mento,eleprecisatertranscendência. Umtexto
paraconquistarumatranscendência,de modo
queassua
exigêlfciaS
possamseraplicadasemqualquer épocada.humanidade, não somente aquelasde 60a80ou70a80,masaqualquer
momentoda vida dohomem,Daívem suapere
nidade,casoelemereçaesseprêmio.
Zero - Eric
Nepornuceno afirmou em sua
. �
palestraque oescrttor latino-americanoou é
.
resignado
ouéindignado. Como você vê isso? Nélida-Resignadaeunãosou, nunca,é claro. Quemconbeceminhabiografiasabe quenunca
fuiresignada,nem noplanoverbalcomotam
bémnapráticada literatura. Sevocêé
índíg-nado noque procuraescrever, você cumpriu
oseuofício.Você arriscaseutexto, vocêsequei ma comumtexto,éperigosíssimoescrever,você
searrisca muito. Muitos escritores quesãoquie tosemcasa, tãocaladinbos,nãoprestamdepoi
mento, estão fazendo umaobra com a maior
magnitude. É umproblemadetemperamento.
E além domais,euacbo quenós,sedesejamos implantarumademocracia fecundaeplenanes
tepaístemosque aceitarocomportamentodo
próximo.Eunãosoumulher acomodada defi caremcasa,eugostodefalar,mas osescritores
sãotímidos,euacho quealiteraturabrasileira me parece formada por pessoasdignas. Náo
temosdeserções vergonhosas.
temas suashistorias,para queavidado homem
estejatranscrita parasemprediantedessa mi
nhaobservação,eumevejocomgrande orgulho
pormeuofício,umorgulhoenorme,umorgulho não-maldoso, destituído de qualquer arrogân
cia. Masalguémtambém,quesenteumgrande
júbilo de ter podido serescritora, porque eu
espero que a vida me contemple com o dom
literário,comessedesejodeescreveratéofinal.
• t
Souurnapessoaque acreditaquealiteratura
tambémestávoltada paraqueohomemse en
tenda, compreenda melhor, se torne melhor. Amominhalínguaportuguesa,achouma carac
terísticamuito forte minha. Amomeupaís,não qllissairdelenessesvinteanosmasagoraestou
umpouquinhocansada,estouquerendorefletir melhor.
Me comovo muitocomo ser humano, com ovizinho,e essacomoçãonãoseafasta demim
nemcomocansaço. Nem agora,queeupoderia
pensar mais em lazer, agentecom otempo, com a idade, com os anos, né, mas não, eu
-me sinto muito viva, muitocheia de emoção
epronta a reconhecer os gestos gentis,como
daquele jovem na palestra, porexemplo, que
selevantoueveiometrazerolivro. Achei lindo
aquelegesto dele,não foipelolivro,masoque
representou, sabe, ele terá vencido talvezsua
timidez,ele venceu não seiquantasfileiras de cadeiras parame. fazerumagentileza.Foiuma
formaqueeletevedemehomenagearnãocomo escritora,comoserhumano,euacho,comouma
brasileira quemerece o seurespeito.Foi muito bonitoaquiloassimcomo o seuolhartambém,
comovido.
.
Zero- Comovocê
tra�atia
()perfilge,
Nétida'Pinon? �. ,
Nélida- A
gentesempre irnaginaque-osam]..
gos estariam muito mais habilitadosa dizer
quem nóssomos, porque eles é que enxergam
osnossosgestos,recolhemnossaspalavras,nos,
sossuspirose asexpressóesdenossorosto, então
eusoumuitooquemeusamigosmevêem,como
elessãotambém,porqueeu oscontamino,por que elesmecontaminame eu acho que talvez
umadas marcasque eutenho tido aolongo
de todosessesanos, desdea minhaformação
(eu desejavaserescritora desdeos 8anos), li:"•
uma grandefidelidade à literatura. Equando
eu digo literatura não é um livro, porque eu
vejooescritor totalmenteentregueà vidapúbli
ca.Nestesentidocompleto, éalguémque em
con-A
IBM
QUERIA
MAS
NAo
LEVOU. ROMPIDO
O
caso entre a IBM e a UFSC começou em
julho
passado,
quando
aIBMpropôs
à Uni versidade umconvênioemregime
decomo dato. A empresaemprestaria
computadores
que atenderiammomentanemente às neces sidades do Cursode
Engenharia
Mecânica. Asmáqui
nas-quecustavamna
época
100 milhões de dólares-seriam devolvidas
depois
dequatro
anos.Emtroca,a IBM seria
co-proprietária
de todo conhecimentocientífico
gerado
comoauxílio doequipamento.
Não era um"áproposta
inédita. A nível internacional,
a IBMjá
havia firmado o mesmoconvênio com 68 universidades americanas e canadenses e com 66 universidadeseuropéias.
AFrança,
entretanto,
recu sou aproposta
daIBM,
sob oargumento
de que o acordorepresentaria
umaagressão
àsoberanianacio nal. Asinformações
tecnológicas
geradas
nopaís
deve riam continuar sendopropriedade
exclusiva da Fran ça.No
Brasil,
a IBM operava em várias universidade. Haviaprojetos
sendo desenvolvidosna Universidade deUberlândia,
no laboratório de informática daUERJ,
nas áreas deengenharia
civil e informática daUFRJ,
nosdepartamento
deengenharia
.... computação
científica daUFPb,
enaáreá degráficos
eprodu
ção
assistida porcomputador,
naUSP.O Conselho Estadual de Processamento de Dados deSão Paulo
colocou,
deinício,
váriosimpedimentos
para a
realização
do convênio IBM-USP.O
principal
deles era de que o acordo lesava os interessesnacionais,
uma vez que, a médio prazo,visava furara lei dereservade mercadoeminformá
tica,
emvigor
até 1992.outros
equipamentos
periféricos.
Em
agosto
de85,
duranteo 10�Seminário Nacional dosEstudantesdeEngenharia Mecânica,
emCampina
Grande,
foidivulgada
a minuta do convênio que a IBM haviaproposto
à Universidade FederaldaParaí ba.Os alunos de Mecânica da UFSC voltaramdispos
tos adiscutir com os
professores
ascláusulas
docontrato
padrão.
Osprofessores,
entretanto,negavamter recebido a minuta do convênio que,diziam,
deveria serespecífico
para a UFSC. Porisso,
se recusavam aqualquer
discussão baseadanodocumento apresen tadopela
UFPb.Uma matéria
publicada
no Jornal de Santa Catarina,
naedição
de 6e7deoutubro,
sobotítulo "con vênioproposto
pela
IBM gerapolêmica
na Universidade",
iniciouodebatesobreoacordo. Uma das cláu sulas do contrato estabelecia: "aspartes
concordam emnãodivulgar
ostermosecondições
desteconvênio,
sem a
prévia
autorização,
porescrito,
da outraparte".
Osprofessores
de Mecânica ameaçaram processar oJSC,
epublicaram
uma "nota de esclarecimento" que pouco esclarecia sobreoconvênio. Emboraaminutafossea mesmapara todasas
Universidades,
eles continuavamnegando
que
aIBM tivesse feitoqualquer
proposta
concretaà UFSC.Mas não
poderiam
enganaratodosotempo
inteiro. Em novembroalguns
estudantesde Mecânica prepararam um
debate,
para oqual
foram convidados osprofessores
doDepartamento,
a comunidade universitária e o
deputado
estadual MarcondesMarchetti,
membro deComissãode
Comunicação
eInformática da AssembléiaLegislativa.
Aessa
altura,
umacomissão doCurso deMecânica estudava oconvênio,
quejá
se tornarapúblico.
Acomissão - formada
por 4
professores,
2 alunos degraduação
e2 depós-graduação
aprovoualgumas
mudanças
noconvêniooriginal:
se a IBM absorvesse o conhecimento científicoproduzido pela
UFSC,
elateria que pagar à
Universidade,
e sequisesse
interrom per oconvênio,
retirando osequipamentos
antes do prazoprevisto,
teriaque avisarcom umaantecedência deum ano- enãode seismeses,comoera a
proposta
da empresa. Alémdisso,
a IBM nãopoderia
usar o nomeda UFSC para finspublicitários,
eainda deve riapermitir
autilização
doscomputadores
também parapesquisas
básicas. Oprofessor
Arno Blass foidestacado para dar a
redação
final ao texto do con vênio.No dia 19 de
dezembro,
oColegiado
doDeparta-
�
mento
de Mecânicaaprovou asmudanças
naminuta�
original,
conformesugestão
daComissão. Não existe�
ata dessa
reunião,
emboraseja
obrigatório
aprovar�
o relato da reunião anterior para iniciar outra. O
.g
chefe do
Departamento
deEngenharia
Mecânica e�
presidente
doColegiado, professor
BerendSnoijer,
� entre uma baforada e outra nocachimbo,
diz que isso foium "meroesquecimento".
De
qualquer
forma,
seria difícil queoprojeto
pas sassepelas
instâncias da UFSC-oConselho
Departa
mental do CentroTecnológico
e o Conselho Univer sitário- aindaemdezembro.E,
ainda que issoacontecesse,
seria poucoprovável
que fosseaprovado
justa
mente no momento em que a resistência a
algumas
cláusulas crescia. De dezembroamarço,quando
reini ciaramasatividades,
passaram-se doispreciosos
me ses. Otempo
necessário para apoeira baixar.
Petulância
Em março, exatamente no dia
25,
numa reunião do ConselhoDepartamental
do CTC-órgão
que reúneprofessores
de todososCursosdoCentroTecnológico
-é que acontece ofato mais
nebuloso,
desde quea IBM começoua namorarcom aUFSC.O diretor do CTC e
presidente
doConselho,
pro fessor LuisAntunesTeixeira, entregou
oprojeto
para BerendSnoijer
relatar.Snoijer,
chefe doDeparta-.mento de
Engenharia
Mecânica,
nega que tenha sidoo
relator,
embora isso consta naatado dia 25.Qual
querprojeto,
por maissimples
queseja,
é analisadopor um
professor
ou por uma comissão. Nesse caso nãoteriasidodesignado
nenhumrelator?Conforme é praxe, o relator manifesta-se contra
ou afavorda decisão do
Colegiado.
ComooColegiado
doDepartamento
de Mecânica haviaaprovado
oprojeto
comalgumas alterações,
oparecerdeSnoijer
era,na
verdade,
contrário à decisão doseuDepartamento,
uma vez que eledefendia aminutaoriginal. Snoijer,
entretanto, deu parecer favorável. Por
isso,
todos os conselheiros foram unânimes. Sóque eleestava rela tando oprojeto original,
e não a minuta modificadapelo
Colegiado.
da-senoracioncínio: "seeufosse um
empresário
não aceitariaessapetulância
de querer modificar".Democracia para
americano verO senador Roberto
Campos,
dono de um farto e conhecido currículopelos
discursos que fez no Con gressoNacional,
poderia perfeitamente qualificar
de"petulante"
a lei dereservade mercadoem informá tica. O governo norte-americano também deve compartilhar
da mesmaopinião,
uma vez que vemapli
candosanções
econômicas aoBrasil,
paraforçar
a revisãoda lei.Petulância à
parte,
oprofessor
Snoijer
acredita que atramitação
do convênio IBM-UFSC foi "altamente democrática". E arremata: "somosemquinze
conse lheiros e todos foram unânimes em aprovaroproje
to". Aingerência
da IBMna{IFSCpode
serdecidida democraticamente porquinze
pessoas?
Pelo
visto,
osprofessores
de Mecânica continuam achando que "nãosepode
subordinaracompetência
aonúmero",
deixandoadecisãoacargo de "maioriasmanipuladas",
conforme afirmaramnanota aoJSC.Snoijer, particularmente,
debita a"agitação"
numacontamais
específica:
"isso é coisa dopessoal
doPT",
conclui.
Deumacoisa nãorestadúvida:aMecânica necessita dos
computadores,
assim como vários cursosda Uni versidadeprecisariam
sermelhorequipados.
A ques tâo ésaberemquetermosaUFSC aceitaráoconvêniocoma
IBM,
umaempresa quenãopropõe
esseacordo a"qualquer
curso".É
preciso
queseja
identificado omerecimento,
umcritério quesejustifica
pelo
núme ro de doutores capazes deproduzir
conhecimento à altura daspretensões
da multinational norte-ameri cana.O
projeto
voltou ao Conselho Universitário no dia 24dejunho.
Enestareunião,
oprofessor
VitorHugo
Teixeira, representante
do ConselhoDepartamental
do CentroTecnológico,
entrou com aproposta
de "sustar" oprojeto
no Conselho. Istosignifica
que só no momento em que o ConselhoDepartamental
do CTC resolver recolocar empauta
o convênio noCun,
oassuntovoltaaserdiscutido naUFSC.8erend
Snojser
"Não desconfiamos de
nada",
contao vice-diretor do CTC. Boullmann teria votado contra o parecer, caso soubesse que se tratava da minutaoriginal.
Se a maioria do Conselho se manifestasse contrário ao parecer,atramitação
doprojeto
nãoseguiria
adiante,
esimvoltariaaoColegiado,
para
novaapreciação.
O
professor Snoijer
acha que se houvesse dúvidas arespeito
dequal projeto
estavasendovotado, alguém
poderia
terpedido
um esclarecimento.Depois,
voltaatrás,
ediz que "sóhaviaumprojeto
emdiscussão": o convêniooriginal
da IBM. Onde foi parar, então,o
projeto
alteradopelo
Colegiado
doDepartamento?
Snoijer
acredita que asalterações
ná1minuta comprometeriam
"emparte"
aconcretização
doacordo. Talvezesteja
aí aexplicação
para os dois fatos: ainexistênciada ata da reunião que aprovou asmodifi
cações,
e arapidez
comqueoprojeto original
passoupelo
ConselhoDepartamental.
Oprofessor
aprofun-do",
adÍnite
odeputado
federaleautorda lei de informática,OdilonSaimõria,queestevenumdebatepromovido
nodia I: de
julho pelo
DCE,APUFSC,ReitoriaeComissõesdeDesempregoeCiênciae
Tecnologia
da AssembléiaLegislativa.
Nessedebate,ogerentedaItautec,umaempresa nacio
nal decomputação,se
dispôs
aapresentarumasolução
alternativa que atenda as necessidades da
Engenharia
Mecânica. A Itautecdissecouoconvênio IBM-UFSC:
"Apropostada IM8 é baseadaemtrêsgrandessoftwa
res
(programas),
que são a alma do sistema. AEnge
nharia Mecânica vai apenas usar os programas, mas
nãovaiconhecê-lo, porque opacoteda IBM éfechado.
A própria IBM não conhece o pacote, já que dos três
softwaresque elavende, dois sãofrancesese uménorte
americano. Todavezque houverumproblemademanu
tenção, será necessário contratar uma outra empresa
multinacional,conhecedora dosistema,para fazero ser
viço.
A IBM não tem o fonte do software, e por isso sepropõeaincentivaro usodos programas desenvolvidospela
Universidade. Tudo o que a Mecânicapesquisar,
cairá nas mãos da IBM, porque está escrito que esseconvênio
prevalecerá
sobre qualqueroutro.A empresaDebate
mostrou
que
o
convênio é
lesivo
secomprometeainstalarosequipamentos, masnão pa
garáos
pesquisadores,
asinstalações,
a manutenção. E maisimportante:
se aIBM considerar que determinadainvenção
é de caráter estratégico, ela vai dizer que oinvento é "confidencial", conforme prevê a minuta do acordo. Comoelatema prioridadedapatente,dane-se
aUniversidadeetudo que for investidonumórgão públi
co, quetemquedeixarsuaspesquisasà
disposição,
paraqueoPaís
cresçà�
Os
professores
deEngenharia
Mecânica quedefendemexasperadamente o convênio com a IBM faltaram ao
debate, e se limitaram a mandar um tímido represen
tante. O Reitor Rodolfo Pinto da Luz, mais uma vez
ausente,dessavez encarnou-se noPró-Reitor de
Pesquisa
eExtensão, DiomárioQueiroz.
Irrequieto, depois
do discurso sobreademocracia quereinanoConselhoUniversitário,ondeosestudantes têm
representaçãode
1/5, Queiroz
advertiuospresentesparaquesesentassem"com
decência",'
de modoanão"feriropatrimônio
público".
E,já
nofinaltomouomicrofonepara voltar à relevância daquestão. Afinal, é tão grave
atacar o bem
público
em matéria de cadeiras quantodeinformática.
O
SIGILO DO
ACORDO,
A
SOCIEDADE
PRESSIONOU
E ELE FOI
SUSPENSO.
MAS
PODE
VOLTAR
...Quem
decide
sãoosPHDeuses
Em Santa
Catarina,
no entanto, a decisão sobre oconvênioestavacondenadaàs salas dos "PhDeuses"da
Engenharia
Mecânica. Oprofessor
ArnoBlass,
como
integrante
da comissãoIBM-UFSC,
encaminhou à multinacional norte-americanaumlevantamento das necessidadescomputacionais
doDepartamento.
Aem presasepropôs,
então,ainstalar 80 terminais de vídeo-enão
250,
comoBlasshaviapedido.
AIBM cederia à Mecânicaumcomputador
degrande
porte (modelo
4341),
uma unidade CAD/CAM - umsistema que
permitiria
a todososprojetos
desenvolvidospela
Me cânica serem assistidos porcomputadores
-e mais
Os PhDeuses de
Engenharia
Mecânicaperderam
ocontrole absoluto sobreoconvênio I8M-UFSC. O Reitor
suspendeu
a votação doprojeto
no Conselho Universitário,porcausadaspressõesque recebeu. As comissões de
Desemprego
e Ciência eTecnologia
da AssembléiaLegislativa,
aReitoria, a APUFSCe oDCE trouxeramà Universidade o
deputado
estadual Odilon Salmória(PMD8-SC), autor da lei de informática, para verde
pertoopresentede gregodaIBM.
.I
IBM não estáprestandonenhumfavorà Uni versidade. A lei deinformática, aprovadaem
1984, determina que empresas como a IBM invistam em centros de
pesquisa,
como é ocasodoCursodeMecânicadaUFSC. OPlano Nacional de Informática- Planin- sancionado
recentemente
pelo
PresidenteSarney,
fixaessaaplicação
de
capitais
.em 5% do faturamento de empresas estrangeiras
que operamno8rasilou'importem equipamentos.
OCAD/CAM queaIBM pretende instalarnaUFSC
não
pode
serimportado,
porque asindústriasnacionais colocarão embrevenomercado máquinassimilares desenvolvidasno8rasil. "Seoconvênio
prevê
ainstalação
merca-ponta
atuam nestaárea, sustentando e alimentando todo um
complexo
médico-industrialque visa acima de tudo o lucro". OSimpas
gasta mais verbas cominstituições
privadas
do quecom suaprópria
rede dehospitais.
Al cidesapontaa8a ConferênciaNacional de Saúde como a única
proposta
séria paraum novo Sistema Nacional deSaúde."A pro
posta
da8aConferênciavisaa superação
da dicotomiapreventivo-curativo,
assimcomoa
universalização
e descentralização
dasações
desaúde,
que seriaco-gerenciada pela
popula
ção".
MariaElisabeteLuna, sani taristadaPrefeitura de Florianópolis,
acredita que o fortalecimento do
papel
domunicípio
dará àpopulação
um maior controle sobre os
serviços
desaúde,
mas disse que os médicos queatuamnos setorescurativos têm dificultado os entendimentos para uma
unificação.
Já Alcides Rabelo acredita que as resistên ciaspodem
sersuperadas
se oCongresso
Constituinte determi nar queos cuidados médicos e desaneamento sãodever doEstado,
semfins lucrativos. "O sistema de
estatização
poderá
seralcançado
pela
retração
contínua derecursos quehoje
vão para a redeprivada,
ampliando
assim a redepública".
u
Gilberto
B.
dos Santos
Falta desaneamentobásico aceleraaexpansão docontágio
surpresa no
Departamento
Au tônomo de Saúde Pública- DSP."Não temos certeza da
extensão
da
doença",
declarou o médico Eduardo Cordeiro dos SantosNeto, coordenador da
vacinação
em massa da GrandeFlorianópo
lis. Dejaneiro
a maio de 1986 o DSP notificou 115 casos de dif terianoEstado.Segundo
aOrga
nização
Mundial deSaúde,
nos casos dedifteria,avacinação
de veria reduzir a incidência ao nível de apenasumcaso emcadamilhlo
de habitantes. Eduardo Cordeiro disse que o DSP responde
por 80% dasvacinações
deOa5anos,"masnão
podemos
nosresponsabilizar pelas vacinações
passadas.
A prova disso são as faixas etáriasatingidas,
sempre acima de 7anos". Citouasprecá
riascondições
sanitárias de SãoJosé,
cidade Dormitório daGrande
Florianópolis,
como um "verdadeiro foco írradiador dedoenças
transmissíveis,pois
ascampanhas
devacinação
no município
nuncaatingem
índices sa tisfatórios".Das endemias, a
doença
deChagas
vemdestacando-se como ameaça eminente e teve um retrocesso em todo o Estado. Um foco de barbeiro, inseto
hospe
deiro do
protozoário
"Trypano
soma cruzi", foi localizado na
Lagoada
Conceição.
Aquebra
doequilíbrio
ecológico, pela
depre
dação
de pequenos animais epelo
desmatamento,provocará
amigração
dos barbeiros silvestres,já
contaminados, para aszonas residenciais. Ocontroleda
doença
deChagas
atualmente é realizadonas zonas de fronteirasde Santa Catarina, onde a Sucam mantém postosde identi
fícação
deportadores
dadoença.
Esquistossomose
em Joinville esão
Francisco doSul,
maláriaedengue
íjnigrando
para o Sul doPaís,
assim
como ameningite
meningocócica (60casos),
tuberculose(428
casos),
hansenüase(49
casos)
ehepatite
(495 casos),
alémdos 266casosde
coqueluche
ede1.304casosde mordedura de cães são os saldos dos cincopri
meirosmeses-de1986. As autoridades
saÍtt/áHas
insistem queembora
diD.''P!�oS,
ps surtossãoprevisíveis'
eestâo
sobcontrole.Uma;
ftotà
proposta
Para o
�p.ttrrista
Alcides Rabelo,
somente uma reforma radical
poderá,
.
em
curto espaço detempo,
reverter aexpectativa
devida do brasileiro. "As
soluções
técnicas
existem:
falta determinação
políttr��e
financeira".
Alcides identifica
predominância
dasações
curativas
sobreasações
preventivas:
"�as
isto tem lógica.
OssetQtfs
tecnológicos
de Malária, tuberculose,lepra
edifteria, são
doenças
infecciosas com incidênciapróxima
do zero ouhá muito erradicadas dospaí
sesdesenvolvidos.JánaAmérica Latina e em todo o TerceiroMundo, representam um verda deiro
flagelo,
matando milhares de pessoaspela
falta de saneamento
básico,
carências alimentares e
pelo
descaso governa mental com a saúdepública.
No Brasil somam-se a estas
doenças
uma dezena de ende miastropicais.
Acolonização
daAmazônia, idealizada
pelo
pensamento
geopolítico
militar e executada para diminuiros con flitos de terras,responde hoje
_
pelo
retornoaoscentrosurbanos, da malária,doença
deChagas,
esquistossomose
elepra.
UA região
Amazônica transformou-se num caldeirão dedoenças,
quepode
transbordareatingir
todooPaís",diz Donald
Sawyer,
da Uni versidade de Minas Gerais. Masos
trópicos
não sãomais,
como no século XV e XVI, sinônimo dedoença
e mortalidade,segundo
Alcides Rabe loCoelho, presi
dente daAssociação'
dos Sanita ristas de Santa Catarina. "O alto índice de mortalidade causado pordoenças"
dizele,
"está mais relacionadocomobaixo nível de vida daspopulações,
que nãodispõem
de moradias satisfatórias, de sistemas de
canalização
de
água
eesgoto
edeoutras
condições
dehigiene
e desaúde
pú-blica".
'
Osíndices de
mortalidade
pordoenças
infecciosaseparasitárias
n�
Brasilsão,
�uitP._'
t_\,_;yttOS
eatingem a
média
de:{cp�3
casos em pessoas,somente'
"'��
capi
tais,
Isto porque as�sa.iísticas
nem
sempreexpressamêern
fide lidadeasituação real;
oMinisté rio daSaúde,
porexemplo,
tra balha com cifras dedóis
anos atrás. A falta de dadosp),Jetivos
inspirou
oprofessor'
Sérgio
Aroucaa ministrarnaEscolaNa cional deSaú�Públicaül1l
cursode"Como
PlaÚejar sem'
Dados".
Fatalidade
ounegligência
Em Santa Catarina
à lnorte
deViolência
eempreguismo
Roberto,
jornaleiro,
passouumdianaFucabemedisse que látemdetudo,"violência, ensino,castigo".
Aviolên cia é constante entre ospróprios
menores - sendo esta uma dasprincipais
broncas de Tarcísio. O garotode II anos, quejá
fugiu
várias vezes,prefere
a ruaao excessodenormasque lhe são
impostas.
Darci(comoprefere
serchamado)contouter
apanhado quando descumpriu
as regras.Certavez,umgrupo demenoresdoqualfaziaparte
foi
surpreendido
cheirandocola que haviam roubado da marcenaria. Seu castigo foi um puxão de orelha, e oslíderes foram
mergulhados
nosgalões
decola.O meninonarrououtroscastigosque
presenciou: gritos,
surras,iso lamento em quarto,aprisionamento
no banheiro ondeo menorpermanececom amão paracima,e apeculiaridade
de um monitor que passa a barbano rosto dos meninos que o desobedecem. Luciano, ex-interno, falou de uma
"tia brava" que batia coma
régua
em seupé. Castigos
diversos são narrados. EmBarreirosacontecemos
piores:
menoresamarrados,
espancados,
surrasde borracha.Silvana, ex-monitora, diz queaadministração quando
temconhecimento deviolênciademiteosmonitores. Darci
temconhecimento de dois casosde demissão: um pores
pancamento
demenoreoutropelo
usodeumgarotoparaconseguir fumo. Uma
pesquisa
feita por estudantes deServiço
SoelaldaUFSC concluiuqueasprincipais
causasde violência seriam a falta de preparo dosmonitores, a
angútia provocada
por estetipo
de trabalho,além doempreguísmo.
O menino Darciconfirmadizendo queosmonitores não batem à toa, mas
quando
irritam-se:"alguns
sãobons,outrosnão".
Outra conclusão é de que a
política
influi muito nasinstituiçõesde AssistênciaSocial, seja nodirecionamento dasverbas,naadmissão do
pessoal,
ounaincertezaquantoa uma didática a ser desenvolvida. O governador Amin
priorizou
em seusprojetos
a Ladescque acurto espaçoemergiu
empopularidade
epublicidade.
"A Fucabem é ocabide deempreguismo
dogovernodo Estado. As verbasnem sempre chegam, é um rolo", diz um monitor. Os cargosmaisaltos da
instituição
sãoindicadospelo
governo. Daí resulta queamaioria dosseusocupantesdesconhecem até mesmo as normas do internato. O mesmo monitor diz ainda queEliete,presidente,
"éumalouca. Não aceitasugestões
deninguém".
Karin
Maria Véras
"
INGUÉM
nasceu para apanhar, ninguém
nasceuparaserescravo,ninguém
nasceu paraser
mendigo".
Com estaspalavras
Dom HelderCâmaradirigiu
se aosmeninos deruareunidosemBra sília dias 25a27de maio.
Enquanto
isto,aqui
emFlorianõpolis,o atendimento de
instituições
daFucabem gera fu gas,inquietação
eviolência.Emgeral,osmeninos têmumavisãotemerosada Fuca bem. O garoto é pego na ruae da
Delegacia
do Menor é levado paraoRPM(RecolhimentoProvisório de Menores)onde permanece até 72horas,
esperando deliberação
dojuizado.
É
entãoencaminhado para casa, de onde volta rá à rua,ouserá internadonoscentroseducacionais. EmPalhoçaficamos menorescarentesouórfãose emBarrei
ros os menores comdesviosdeconduta. Neste círculo vicio
so há muita violênciae
discriminação.
Os meninos reclamam de
alguns
"botudos"- PM-queos maltratam.
No RPM o "quarto escuro" é conhecido por todos e a
maioria dosgarotosencontradoslá são negros. Nos inter
natos muitoscasosde violência sãonarrados,emborane
nhum admitido
pela administração.
Os comentáriosdaquelesque
já
passarampelos
centroseducacionais são
agudos:
"Setodo mundofoge
é porquenãodevesermuito bom".
Apesar
da assistênciaalimentar,pedagógica
e médicaserregular,
os meninosqueixam-se
com
frequência
doexcessodenormas,da violência verbale física. Existem normas para tudo: faxinas, horário de
trabalho,estudoelazer;
castigo
paradesobediência, brigas efugas; proibição
de bebidae namoro, etc. Podem até parecer razoáveisnopapel. Mostram-se, contudo,incapa
zesde atender àsexpectativas
destaspseudo-crianças
decostumes anteriores
desregrados.
Os monitores vêem-se assimsurpreendidos pela
inconstância dos internos queporvezessão
agressivos
edifíceisdecontrolar."Quando
um menor vemcom
violência,
épreciso,
para nãoperder
aautoridade,defender-secomviolência",dizummonitor. Eum menorconfirma: "Sóse batequandoé
preciso".
A falta
de
pessoal especializado
resulta
em
despreparo:
as
crianças
são
castigadas,
surradas,
amarradas
e
aprisionadas.
Os
que
podem,
fogem
O
pessoal
da administração declarou que o trabalhoefetuado
pela
Fucabemé ótimoequesecostuma confundiras
condições
deSão Pauloe RiocomasdeFlorianópolis. Entretanto "os monitores fazemgatoesapatoparacontornarem determinadassituações. Há
alguns
maisexperien
tes, outrossãoverdes",dizValdir,quecomeçou atraba lhar com 18 anos, mas acha que a idade mínima para
monitoria deveria ser 25 anos. Ele considera o salário baixo - entre dois e três mil cruzados. Os monitores
estão subordinadosa técnicosdos
quais
apenas dois possuem curso universitárioem
Educação
Física. Conforme outromonitor,"faltagenteespecializada".
Ele acrescenta que às vezes recebiam ordem de cima para "dar umasegurada"
emdeterminadomenor,sendoqueosmonitores novatoscumpriam
a ordem. Recentemente criaram umGrêmio
Independente
ondesepoliciam
asatitudes etrocam
experiências.
Alternativas
Nos últimos tempos, um
projeto
chamado "Programados Menores de Rua" vem sendo efetuado com
grande
receptividade
entre os garotos. Oprojeto
conta com aEscolado Menor Trabalhador(na Vidal Ramos)e aCasa
da Liberdade (nos fundos do IEE) - ambas aceitando voluntários.Nestaúltima são feitasreuniões semanaisonde
menores e orientadores decidem o que será realizado.
Quem
nãoparticipa
da reunião fica foradas atividades. Lá osmeninos vão porque quereme muitosfugitivos
daFucabem
dirigem-se
aestacasá.
Darciparticipa
da Casada Liberdade e
gostaria
queaFucabem fosseigualaela.Maricel,
jornaleiro, participa
daCasados Meninos Traba lhadores e garanteque três deseuscompanheiros,
antesinternosda Fucabem, saíram de lá
alegando
violênciaeexcesso de trabalho. Os meninos que
participam
desteprojeto
são unânimesem apontar o "direito à decisão"comosuagrande conquista.
"Melhor é
arua"
Nasinstituiçõesda Fucabemosinfratoresmais
perigosos
(viciadoseladrões)ficamemcontatocom as
crianças
queestão lá por acidente: a
promiscuidade
égrande.
Nãoserespeita
nenhuma necessidade do menor. Aocompletar
18anososinternossaemmuitasvezes comemprego garantido na
polícia
ou em bancos do Estado, "mas muitospreferem
amarginalidade"
- alertaumadministrador. Na rua os meninos
deparam-se
com a fome, o frioe aviolência. A maioria dos furtospraticados
pormenoresocorremnas
imediações
da praça XVeConselheiro
Mafra. Roubam para comer ou por"malandragem".
As vezessão pegos com pequenas armas. São muito usados por "maiores" para
praticarem
delitosjá
que "alegislação
os
protege".
Andam sempreembandosequando
avistam aPM comunicam-se: "aívemganzé".
E são capazes deagredir
para libertar umcompanheiro. Alguns guardas
camaradasospegamem uma rua esoltamnaoutra. Dor
mem
próximos
aoscamelõsou no"mocó"- casaabandonada atrás da Catedral. Estequadroleva muitos àagressi
vidade, violênciae
grande desconfiança.
"Osmeninos são muito desconfiados" - afirma Marcelo. A sociedadeos
temesem
perceber
queumsistemamarginalizador
causamais vítimas que todos essesgarotosjuntose "um único
colarinhobranco,dosetor
público
ouprivado,
rouba mais que todososgatunoscomuns reunidos", afirma Calmon dePassosnarevistaVeja.
Osmeninos deruade
Florianópolis
reclamamde violên cias sofridas. Para Darciapior
violência éa "sujeição" e as"humilhações. Opreconceito,
o desrespeitoe odescompromisso
da sociedade ilhoa para com seus "pequenos"legitimaaineficiência das
Instituições.
SeaFucabemfosse modificada Darci ficaria lá até os 18 anos.
Após
fazerestadeclaração,Darciconsertou,afirmando que pre feria mesmo é ficar narua, livre para fazer o que bem
,
Um crime
condenado
.ao
descaso?
,.'.
Mônica Hass
IIORENAS,
pernasebundasloiras, gostosas,defora,fazem parcomtedeimagens publicitárias,quenos
acompanhamnasruas,lojas,"out
doors", televisão, onde se
vende,junto com calcinhas, biquinis, pneus
ecarros,ocorpo da mulher.
Acondiçãoque foiimpostaà mulher éa
de
objetode uso. Objeto de "camae mesa". E educadadeacordocomafunçãoqueasociedade lhe destina:mãeeesposa. Nãopossuiliberdade sobreseuprópriocorpo,não temdireitoasentir
prazer sexual enema tomar a iniciativa nas
relaçõesafetivasesexuais.Afinal,asmulheres
existem paraalimentarum apetiteenão para
teremospróprios desejos.Numa sociedadema
chista, a paixão sexual feminina tem que ser
minimizada paraqueohomem possa sentirque'
temomonopóliodessapaixão.
Na verdade, este servilismo imposto à mu Iher,tratadacomomercadoriadeuso, estimula
todo tipode violênciacontra ela. Mulheres de
todasasclasses vêm sofrendoagressões.O qua drosecompõedesdegracejosderua,passadas
demãosnojentas,apertosnosseios,beliscadas
nasnádegasatéoestuproeespancamentos.
Tais atitudessãoreflexosde todaumaagres
sãoqueatingeasmulheresemprocessosdíssi
mulados. Nosambientesfamiliares agressivos, desdeainfãncia,asmeninasapanhamdospais
eirmãos. Cria-seumaconsciênciade que isto
acontece porquepodeedeve acontecer. Aesse
ambientefamiliar,junta-seogruposocial,que
estimula atos violentos contra a mulher. por
considera-los corretivoseeducativos.
E assim amulher vai crescendosubmissae
passiva,semreagir,oque acabaporresguardar
efortalecero papeldo homem emumasocíe dade regidaporele.Afinal, ela é propriedade deleecomotal devesesubmeteràsuaproteção e aos seusdesejos. O marido, segundo a lei. temtodoodireito depossuirsuamulherquantas
vezes quiser, mesmoqueela nãoodeseje ou
lhe resista.
A lei
é machista
Oportunistaounão.aprópria legislaçãope
nal brasileira não protege a mulher contra agressões.Temos,porexemplo,ocasodo espano
camentode mulheres. que ficaenquadradono
"crimede lesõescorporais".O descasosemani festa tanto pela sociedadecomo pela polícia,
querecebeamulher queapresentaqueixa,sem
levá-la a sérioe vendo esse tipodeagressão
como"questãodoméstica".
Outro fatoquemostraaincoerênciadalegis laçãoé que ela classificatodososatos quenão
sejam o da cópula vaginal comocrimes de
"atentado violentoaopudor".Entreeles.osexo
analaforça,que tempena inferioràdoestupro.
Quanto à "tentativade estupro". conforme a
lei elaé questionável. Poiscomo oato nãose confirmou,nãosetemcomoprovaralgocontra
o acusado. No caso. leva-se apenas em conta
aslesõescorporais,sehouveram.
A pena paraoestuproé dereclusão detrês
aoitoanos.Porém.existeumgrandeobstáculo paraaefetivapuniçãodoscriminosos. Eleestá
nabarreiraimposta pelo preconceitocontraa mulher,naformacomoela étratadanasdelega
cias de polícia e nos processosjudiciais. Um
número mínimo de mulhereslevaumprocesso
atéofinal.Agrandemaiorianemchegaapreso
tarqueixa à polícia, intimidada pelovexame
duplode,alémdeter sofridoaviolênciasexual,
sempretraumatizante,submeter-sea examede
corpo-delito,quedeveserfeitologoapósoestu pro.
Ovelhoargumentoda honraperdidaatrapa
lha um bocado a mulher. Para asfeministas
geral, estuprotem quedeixar deser
consí-Descasoeimpunidade: atéquando?
deradoum crime contraoscostumesepassar
a serpenalizadocomoumcrimecontraapessoa. Istoé, como umatentado contra a liberdade sexual. Entreoutrascoisas,istomudariaaques
tãoda violênciafísica,hojemuitoutilizadaem
assaltos,paraimpedirqueasmulheres vítimas dêemqueixaàpolícia,intimidadaspeladesmo
ralizaçãoque istopodeocasionar.
Pais violentam fili
..asNas últimassemanasdomêsdeabril,foram
registradostrêscasosdeestuprodepaissobre filhasna6: DP. Meninas de 12, J3e 16anos.
ParaadelegadaEsterCardoso,aviolênciase
xualcontraasmulheres"sempreexistiu".Só
queagoraestá sendo maisdivulgada.
Maso que realmente andapreocupando a delegadaéo crescentenúmerodecasosde lesões
corporais provocadospor maridos sobre suas
esposas. E lembrou queoalcoolismo,omachis mo,afalta dediálogoe asmáscondiçõeseconô
micas,sãoasprincipaiscausasdessasagressões.
Elareconhecequeagrandemaioriadosespano camentosocorrem nas classesmédia e baixa.
Contudo, admite saber da existência decasos naclassealta,emboraestessejamabafadospela própriafamília,para salvarasaparências.
No diadaentrevistacoma delegada Ester, a sala de esperaestava vazia, maso telefone não paravade tocar. Entre um-telefonema e
outro, elacontouque foramregistradossomente
nove casosdeestupronaDelegaciadaMulher,
nosprimeirosseismesesdesuacriação.Adele
gadanão consideraeste númeroalarmante,mas
lembra quenãodispõede dados deoutrosdistrí tos,alémdeafirmarquemuitas mulheresnão
registram queixaporvergonha.
Emgeral,aprimeira reaçãodasvítimasapós
aviolência sexual éareclusão. Há otemorde que as pessoas não acreditem nahistória. E
existeosentimento deculpa porestarnarua
àquela hora da madrugada e de dar papo a
desconhecidos.E, ainda,omedo delevaro caso a público, correndo o risco de serjulgada e
acusada deterfacilitado,provocado,ou mesmo
deserchamada deprostituta.
Otelefone toca maisumavez.Agoraéuma
mãe,cujafilhadiztersidoestuprada pelo pai.
D. Ester ficaumbomtempofalandocomela. A mulher estáindecisa, nãosabeo que fazer.
Oseumarido negaofatoeameaçaprocessá-la
sefor levada adianteaqueixanapolícia.Por
outrolado,afilhaestárevoltada,quer sair de
casa,não quer maismorarjuntocomopai.
Nocasodepaiefilha,independede represen
tação. A partirdomomentoqueaautoridade
policialtomaconhecimento,ela começaoinqué
rito.Adelegadanotouquequandoocorrem es
tesfatos,geralmenteopaiévigia.A mãe traba lha duranteodiae ele fica em casa. Assim elanão toma conhecimento do ocorrido, pois
os paisameaçamasfilhasdemorte.Oquese
observa,é queataques depaiscontraasfilhas,
ocorrememmaior númeroentreaclassepobre, pela promiscuidadedahabitaçãoI'faltade edu
cação.
.-Paraa delegada Ester, um pai queestupra
suafilha sópode serum "maníacosexual.Se
elenão temrespeitopelaprópria filha,nãoem
respeitopor nadaeninguém."No entanto,estu
dos feitos até agora indicam queosvioladores
sóraramenteapresentam
desequilíbrio
mental,perversõesoumanias.Istosignificaqueamaio
ria deles éoquesepoderiachamarde"pessoas
normais". Comisso, fica bem claro queeles,
ao partir paraa violência sexual, nãofazem
mais que exprimiro condicionamento sexual que lhesfoiimposto pelacultura epornossos
costumes.
Patrulheiro
processado
AAssociaçãoCatarinenseemDefesada Mu·
lher,lançou nodia 17dejunhode 1986. uma campanhacontra aviolênciasobreamulher.
AIdéiadacampanha surgiudiantedo cresci
mentodacoersãosexualcontra asmulheres
�m todo o Estado. Foram espalhados três
"out·doors"pelacidade.acampanhateveboa
divulgaçãonaimprensaeculminou dia19de
junhocom umamanifestação nocentro da cidade.
Ocarro-chefe dacampanhaéojulgamento.
do patrulheiro rodoviãrio Moacir Massaud.
quenãogostounemumpouquinhodessa pu blicidade toda. Como seu nomeesteve em
cartazes.naboca daimprensa�dopovo.ele
está àprocuradapresidente daAssociação.
VlvlaneGmrlart,parapedirexpIicações.Além
disso. um dos "out-doors", próximo à Ponte
Herálio Luz.jãfoidepredado.
A ACDM. quesurgíu em Florianópolis em
dezembro de 1985.temcomoprincipal obje
tivotentarorganizarasmulheresemtodoo
Estado.para que lutememdefesa deseusinte
resses. o ... O> N Õ) ,:g o IX '0> ... -e c ..: o
�
Rose. Morenade olhospretosbrilhantes. Ela olhou no velocímetro,que indicava maisou menos 40 quilômetrospor hora. Pensou: "ai
meuDeus, espero nãomeferrar nessa".Epu
lou.Eram 17h30deumasexta-feiraensolarada.
Estaéahistória deRosernereAparecidados Santos.paulista.estudantedocursode nutri
ção,na UFSC. Nodia 08 de outubro de 1985.
quandovinhada LagoadaConceição.paraas
sistirumaaulanaUniversidade, aceitoucarona
deumCorcel-70. O motoristaeraum patru
lheiro rodoviário."Assim queeuentrei eleco
meçoucomcantadas,bem baixarias mesmo",
conta. "Eupedi prápararocarro, maseledisse
que iamelevar atéaUniversidade."
Depoisde muita discussão. convitesparasair,
toquesnaperna.muítacantadaebesteiras Rose entrouemdesespero. "Toqueiopénofreio,e
elemedeu um murronaperna".Ela abriu a
porta,faloupara parar, começouagritar.chorar
e omotorista, totalmente fora desi.começoua
rirsarcasticamente. A estudante pensou: "O
jeitoépularmesmo.Nãotôafim de ircomele".
Pegousuamochila.ablusa,omaterialepulou.
"Sósentiofiozinhodeum carro emcimade mim. Erao carrodapolíciaqueestavaatrásda genteequeeunão tinha visto".Logoveioum
montede gentesocorrer.A PMfoi atrás docor
celeencostoua arma.Nissoopatrulheiroque
dirigiao carrofalou: "eu sou dapolícia tam
bém".
- Ocaraéum
putodeumcovarde.Não estou
dandoumade feminista.masacho queéo ex
tremodo machismo. porque ele não medeu chance nenhuma". Rosernere continua: "Ten
tei argumentar.Faleiqueestavacomeçandoa
noite, que elepodiaencontrarumacoisabem melhor prá fazer. Falei prá não sesujar por pouco assim. Mas elenão qulznemsaber. O
jeitofoipular.Iafazeroquê?"
Aprimeiracoisa queRosemerefez assim que
pulou,foiversetinha feridoacabeça.Quando
notouquesangrava.gritou porsocorro.Foi le vada paraohospital:levoucincopontosna ca beça.Orestante foram escoriações."O corpo
estava todo machucado, cheio de raspões,
perna,braços,costas,nariz;rosto.Minhasorteé quejásaroutudo. Nãoficoumarcanenhuma", diz aliviada.
Comoapolíciaestavalogoatrás.autuaramo
motorista do corcel ali mesmo. Levaram-no
paraadelegaciaondeprestou depoimento.O
mesmo fez Rose. assim que saiu do hospital.
Moacir Massaud, um sujeito moreno. corpu lento.estatura mediana. de óculos escuros e caraasquerosa.segundoa caroneíra. disse que
estava"sendo assaltadopelaestudante". "Sóse euestivesseassaltandoelecom aminhalapi
seira", diz elaouUse tivesseacertadoaminha
pastanacabeçadele".
Foi abertoumprocesso.Segundoodelegado
depolíciado50Distrito.atramitaçãoélenta.
Levanomínimotrêsanos.Aopiniãodosami gosedas pessoasqueseinteressarampelocasoé quedepois detanto tempoo fatovai teres
friado e ninguém mais vai dar importância.
Rosenão gostounemumpouquinhoesugeriu: "porquevocênão falalogoquetemmutretaem
cimadisso,quenãovaiserresolvido nada."E
desabafa