• Nenhum resultado encontrado

Zero, 1986, ago.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Zero, 1986, ago."

Copied!
7
0
0

Texto

(1)

FSC

�Ji

;8

II

A

FUC

EM

A

VIOLEN

IA

SEXUAL

ENTR

ISTA:

(2)

TAYANA C. DE

OLIVEIRA

Todavezqueoassuntoé cinemacatarinense,

há sempre quem lembre dos modernistas do

Grupo Sul. Foram eles que implantaram um

cineclube em Florianópolis e q� se atreveram a

passaralinha queseparaaobservaçãodaprodu­

ção,filmando"O Preço da Ilusão"em 1958, o

prirneiro longa-metragemcatarinense.

AsproduçõesdoGrupoSuletodosos filmes realizados de 1920a84estãoincluídos notrabalho "O Cinemaem SantaCatarina", feito porestu­

dantesdejornalismoem1985. OintituladoGrupo

dePesquisa Cinematográfica promoveu,no ano

passado,a Ia Mostrado FilmeCatarinense,para queadispersãodo materiale a suanecessidade de

condições especiaisdeconservaçãofossemconhe­ cidas. A negligênciacom que vemsendo tratado

o assunto causouperdas irreparáveis,emuitosfil­

mesestãodeteriorados,sem possibilidadederes­

tauraçào.Odesaparecimentode "OPreçoda Ilu­ são"serveatéhojedepiadaparaquem conhecea

históriado cinema de Santa Catarina.

Opreçodailusãodesercineasta foi realmente

muito alto para os modernistas catarinenses.

Apósseismesesde gravaçoes,ofilme,inspiradono

ueo-realismoitaliano não recebeu "certificado de

boaqualidade"daCensura,oqueinviabilizoua

suaexibiçãocomercial.Osprejuízosforamgran­

des.eArmandoCarreiráo,EglêMalheiros.Ody

CINEMATECA CATARINENSE

FragaeSalimMiguel, algunsdoscomponentesda

Sul CineProduções,carregamopeso históricode

teremfeitooúnicolongadoEstado.Opeso arti

ticodofilmenãopodeseranalisado,poisrestam apenasseus 15 minutos finais.

Mas nemsó do GrupoSul viveu oantigoci­

nemacatarinense. Desde 1908 são realizadasfil­

magensnoEstado,principalmentefilmescaseiros

feitosnointerior. Apesardesse começoprecoce,o

cinema nãotevecontinuidadeemSanta Catarina

e nuncamaisaaudácia dos "modernistasatrasa­

dos"(oGrupoSulsurgiu24anosapósaSemana de Arte Modernapaulista)foirepetida.

Sem câmera

na

mão

Nãohácomopreservaramemória doEstado

sem conservar a suaproduçãocultural,damesma

formacomonuncafoipossível,nem mesmopara

GlauberRocha, fazercinemacomumaidéiana

cabeçae sem umacâmera na mão. A falta de

equipamento,dodomínio datécnicaedosmeios de exibição, são problemas constantes para os

novoscineastascatarinenses.Apesardisso,apro­

duçãonãodesapareceu,emuitosainda realizam

filmesemvídeoou naultrapassadabitola

Super-8.

Foi para solucionaresses problemas que o

Grupo de Pesquisa Cinematográfica lançou a

campanhapela implantaçãodeumacinemateca

deabrangênciaestadual. A elacaberiaguardaro

material cinematográfico, responsabilizando-se

pelasuacoleta. restauraçãoeconservação.Além

disso,acinemateca também incentivariaemobili­

zariaasnovas produções, alugando equipamen­

tos, realizandocursos,festivaisepromovendoa

exibiçãodos filmes. Uma bibliotecaespecializada

epesquisasnaáreacinematográficaseriamorga­

nizadasjuntocomoutrasatividades.

Apósumanodetrabalho,acinematecajáestá

legalizada.Seussóciosrealizaramumamostrade

filmesregionaisemJoaçaba,oFestivaldeCinema

BrasileironaUFSC,olançamentodo filme"Nem

TudoéVerdade", deRogério Sganzerla, partici­

param do 14° Festival de Gramadoe do último

encontrodo Conselho deAssociaçãoNacional de

Documentaristas,emCuritiba.Osdocurnentaris­

tas incentivaram a iniciativa dos catarinensese

apoiaramaidéia dotombamentoedesapropria­

çãodoantigoCineRoxy,emFlorianópolis,loca­ lizadoatrás daCatedral,paraabrigaracinema­

teca.Oprédioestá abandonadohásete anos,eseu

espaçoéconsiderado ideal paraaimplantaçãoda

cinemateca. Oprédiopertence àCúriaMetropoli­

tanaefoiusadocomoTeatroEpiscopalaté 1932,

quando transformou-se no Cine Teatro Centro

Popular, que projetou oprimeirofilmesonori­

zadoemFlorianópolis. Depoisdeonzeanosfe­

chado, foi reabertoem 1944como CineRoxy, funcionando até 79.

Aexpectativaé queoGoverno estadual,como

maior interessadoempreservara

memória,

catari­

nense, encampeoprojeto.Aimplantaçãodeuma cinemateca vai evitarodesaparecimentodaantiga cinematografia de Santa Catarinae a migração

doscineastas paraoeixoRio-SãoPaulo.

...

"

Glaubersabia: maisqueumaidéia éprecisoacâmeranamão

r·--.. -·- r·--...

---·----I

. . ' ..i. :/.. ,

E

preciso

melhorar

o

ele

e

a

TV

JAVIER

PIZARRO

Podemos notar, na atualidade, o

surgimentodeumanovamentalldade

na

vanguarda

cultural internacional.

Istoaconteceemrespostaaos

grandes

desequilíbrios provocados pelo

"pro­ egresso" técnico-industrial. Assim, o

ecologísmo está propondo uma mu­

dança ideológica,

uma tomada de consciência individuale coletiva. Ele

questiona

tantoorelacionamento do

homemcomomeioambiente quanto

oseu

próprio

cotidiano.

Quero

aproveitar

este espaço para

chamaraatençàoparao

Centro

Inte­

grado de Cultura. Eleatuacommuita

programação na área de cinema, mas no resto das atividades, existe uma inércia, um aproveitamento muito

pobre,

em comparação comopoten­

cia)que representamsuas

instalações.

Amesmacoisaaconteceemmatéria

de programação de TV,

cuja

maior

parte é "abobrinha". Isto e, enlatados

que repetem seus argumentos, pro­

gramas violentos de desenho

aní-mado,queemnada

cqnttib1,le�

!>ará

a

educação

de

crianç�s.

A TV dêy�"ser

usada para educar, abrindo e$paço

paraas

produções

emvídeo

tnqepeo·

dentes.

Esta,�

sim.,tem

represent",dQ

o

verdadeiromomentoculturaldoPaís.A televisão éomeio de

comunicação

de massasmais

completo

que existe, de­

vido àssuas,

condições

tecnica,$. :li

..

im.­

portante que nós,

jornalistas'bata­

Ihemos

pelo

aprimoramento de seu uso,criando espaço paraaarte,ojor­

nalismoinformativoecientíficoentre outrasalternativas.

ZERO

Jornal laboratório do Curso de

Comunicação

Social da Universi­ dade Federalde Santa Catarina.

Textos:

Tayana

Cardoso, Javier

Pizarro, Norberto Vieira da Silva,

Gilberto B. dosSantos,KarinMaria

Véras, MônicaHass.

Fotos: AndréRohde,Manoel Men­

des, CléiaMachado,

Arquivo-Zero

Edição

e

supervisão:

Professo­ resSônia MalufeRicardo Barreto

Edição gráfica:

RicardoBarreto

Acabamentoe

impressão:

Em­ presa Editora O Estado

Correspondência:

CaixaPostal

472,

Departamento

de Comunica­

ção

e

Expressão,

Curso de Jorna­

lismo,

Florianópolis-SC.

Telefone:

(0482)

33·9215.

Distribuição

gratuita.

(3)

,.

��E

perigosíssimo

escrever"

AGOSTO 86

ZERO

P 3

Norberto

Vieira da Silva

élidaPíüonédaquela espécie de pes­

soasque estãoemextinção.Aqueletipo

degenteque olbanosolbosenquanto

conversae com isso seu interlocutor

jásabede antemãoque dali não sairão frases feitas. Sinceridadeebumildade

são marcasdeseu caráterapesar de

seuvastocurrículocomoescritora.

Desdeolançamentode "GuiaMapade Ga­ brielArcanjo"em61 até•• Repúblicados So­

nbos" (670 pgs), lançado em.outubro de 85,

NélidaPiâonsecaracterizou porsualiteratura

corajosa, arrancando de algunscríticoscomo

Pedro Tamencitaçõesdo tipo "estremece as

paredesdalínguainstalada,da sociedadeinsta­ lada, da moral instalada, asdo Macho insta­ lado".

NélidaPínon,queestavaemNovaYork,veio aténossaUniversidade para falar sobre" Amu­

Iber ea criação literária",durantea semana

deLetraspromovidapelocurso.

Zero - Vocêfalou que os rótulos (quando tentaramclassificá-lade escritoraintimista)se

aplicamcomfacilidadeincrível,queé maisfácil

imprimirrótulosporquefacilitamacompreen­

são,jánãoprecisalerolivro.SoniaCoutinho afirmou sobre "A casa das paixões", que a

sondagem corajosae semhesitaçãodasprofun­

dezas humanasaproximamvocê deumalinha­

gemde escritores malditos.Oquevocê acha? Nélida

-Eu acbo quenesselivrosim,euacho

queessaobservaçãodaSoniameparece muito

pertinenteporque hátextosmeusque têmum

caráter detransgressão,éumainconformidade com as normasinstauradaspelosistema social.

Asrelações são de interdição ede revelação de sentimentosque não estãonapautade apro­

vaçãocoletiva, sobretudo,acbo queem"Acasa

das paixões", citadopelaSonia Coutinho,eu

diria queessecaráterdeperdição,demaldição, nãoéochamadotexto bem comportado, não

abraçaidéias bem comportadas,conservado­

ras.Decertomodoelaserefereaumalingua­

gem quetrazem seubojoumaessência de incon­ formidade. Eessecáraterme parecequeper­

mite que eleseja um textomarginal nesseas­

pecto.

Zero

-O que ésermalditonoBrasil? Nélida- Elaserefere evidentementenãosó

aoBrasilmas aqualquer parte.Elacitoualguns

escritoresditosmarginaisporque foram consi­

deradossemprecomoautoresque nãolevaram

em contaasexigênciasestéticas dasociedade. A sociedadedesejaconsagrar, celebrarasesté­ ticas bemcomportadas.

Zero

-Qual a função do intelectual nesse

processo detransição,de

redernocratizaçãç

do

nossopaís?

.

;' t•

Nélida- Eu acho queafunçãodo

intelectôai,

além deescreverbem,issoffundamental, ser umescritorsério, competente,ele éalguémque está inseridonasociedadeecomotal deveem­

prestarsuaconsciência paraacoletividade. Ele é umapessoaem geralmais aparelhada, que

podecolaborarnessesentido,maseunão acbo quea funçãodelesejaapenasparticipardeste

instantebrasileiro,éparticiparemtodososins­

tantes, mesmo dosinstantes difíceis come os

que abandonamos, sobretudo aqueles. Agora é muito mais fácil todo mundo aderiraestes

temposnovosnãoé? Difícil foiparanós, alguns

escritoresbrasileiros,terenfrentadoessesvinte

anos, isso foi muito doloroso. Muito difícile

muito frustrante.

Zero - Durante 20 anos a nossa literatura

prendeu-se mais a um caráter de denúncia e

obras de ficção. Agora, diante desse período de debate livre e abertoe essa liberaçãode

característicasdemocráticas, pode ha-eruma

retraçãodanecessidade de obras deficção? Nélida - Não. Eu achoevidentemente que

houve umgrande segmento nosúltimos anos

que fezumaliteratura de caráter de rebelião,

mas umcaráter imediato. Vocêpodiaver,era

umtema dealgummodo muitoespecífico.Mas

s\lrgiramgrandesobras,ondeacontestaçãopo­ lítica está embutida dentro dotexto, portanto temmuitomaiscondiçõesdesobreviver,porque obedece realmente.àSexigênciasestéticasdaque­

le text�.. Porque um texto que você faz com umpropósitodeliberado detorná-loUUlIlarma

contraumdeterminado sistemaeaPenascom esseintuito, certàmente éum texto destinado

aoesquecimentóeeStávinculado apenasaomo­ mento,eleprecisatertranscendência. Umtexto

paraconquistarumatranscendência,de modo

queassua

exigêlfciaS

possamseraplicadasem

qualquer épocada.humanidade, não somente aquelasde 60a80ou70a80,masaqualquer

momentoda vida dohomem,Daívem suapere­

nidade,casoelemereçaesseprêmio.

Zero - Eric

Nepornuceno afirmou em sua

. �

palestraque oescrttor latino-americanoou é

.

resignado

ouéindignado. Como você vê isso? Nélida

-Resignadaeunãosou, nunca,é claro. Quemconbeceminhabiografiasabe quenunca

fuiresignada,nem noplanoverbalcomotam­

bémnapráticada literatura. Sevocêé

índíg-nado noque procuraescrever, você cumpriu

oseuofício.Você arriscaseutexto, vocêsequei­ ma comumtexto,éperigosíssimoescrever,você

searrisca muito. Muitos escritores quesãoquie­ tosemcasa, tãocaladinbos,nãoprestamdepoi­

mento, estão fazendo umaobra com a maior

magnitude. É umproblemadetemperamento.

E além domais,euacbo quenós,sedesejamos implantarumademocracia fecundaeplenanes­

tepaístemosque aceitarocomportamentodo

próximo.Eunãosoumulher acomodada defi­ caremcasa,eugostodefalar,mas osescritores

sãotímidos,euacho quealiteraturabrasileira me parece formada por pessoasdignas. Náo

temosdeserções vergonhosas.

temas suashistorias,para queavidado homem

estejatranscrita parasemprediantedessa mi­

nhaobservação,eumevejocomgrande orgulho

pormeuofício,umorgulhoenorme,umorgulho não-maldoso, destituído de qualquer arrogân­

cia. Masalguémtambém,quesenteumgrande

júbilo de ter podido serescritora, porque eu

espero que a vida me contemple com o dom

literário,comessedesejodeescreveratéofinal.

• t

Souurnapessoaque acreditaquealiteratura

tambémestávoltada paraqueohomemse en­

tenda, compreenda melhor, se torne melhor. Amominhalínguaportuguesa,achouma carac­

terísticamuito forte minha. Amomeupaís,não qllissairdelenessesvinteanosmasagoraestou

umpouquinhocansada,estouquerendorefletir melhor.

Me comovo muitocomo ser humano, com ovizinho,e essacomoçãonãoseafasta demim

nemcomocansaço. Nem agora,queeupoderia

pensar mais em lazer, agentecom otempo, com a idade, com os anos, né, mas não, eu

-me sinto muito viva, muitocheia de emoção

epronta a reconhecer os gestos gentis,como

daquele jovem na palestra, porexemplo, que

selevantoueveiometrazerolivro. Achei lindo

aquelegesto dele,não foipelolivro,masoque

representou, sabe, ele terá vencido talvezsua

timidez,ele venceu não seiquantasfileiras de cadeiras parame. fazerumagentileza.Foiuma

formaqueeletevedemehomenagearnãocomo escritora,comoserhumano,euacho,comouma

brasileira quemerece o seurespeito.Foi muito bonitoaquiloassimcomo o seuolhartambém,

comovido.

.

Zero- Comovocê

tra�atia

()perfil

ge,

Nétida'

Pinon? �. ,

Nélida- A

gentesempre irnaginaque-osam]..

gos estariam muito mais habilitadosa dizer

quem nóssomos, porque eles é que enxergam

osnossosgestos,recolhemnossaspalavras,nos,

sossuspirose asexpressóesdenossorosto, então

eusoumuitooquemeusamigosmevêem,como

elessãotambém,porqueeu oscontamino,por­ que elesmecontaminame eu acho que talvez

umadas marcasque eutenho tido aolongo

de todosessesanos, desdea minhaformação

(eu desejavaserescritora desdeos 8anos), li:"•

uma grandefidelidade à literatura. Equando

eu digo literatura não é um livro, porque eu

vejooescritor totalmenteentregueà vidapúbli­

ca.Nestesentidocompleto, éalguémque em­

(4)

con-A

IBM

QUERIA

MAS

NAo

LEVOU. ROMPIDO

O

caso entre a IBM e a UFSC começou em

julho

passado,

quando

aIBM

propôs

à Uni­ versidade umconvênioem

regime

decomo­ dato. A empresa

emprestaria

computadores

que atenderiammomentanemente às neces­ sidades do Cursode

Engenharia

Mecânica. As

máqui­

nas

-quecustavamna

época

100 milhões de dólares

-seriam devolvidas

depois

de

quatro

anos.Emtroca,

a IBM seria

co-proprietária

de todo conhecimento

científico

gerado

comoauxílio do

equipamento.

Não era um"á

proposta

inédita. A nível internacio­

nal,

a IBM

havia firmado o mesmoconvênio com 68 universidades americanas e canadenses e com 66 universidades

européias.

A

França,

entretanto,

recu­ sou a

proposta

da

IBM,

sob o

argumento

de que o acordo

representaria

uma

agressão

àsoberanianacio­ nal. As

informações

tecnológicas

geradas

no

país

deve­ riam continuar sendo

propriedade

exclusiva da Fran­ ça.

No

Brasil,

a IBM operava em várias universidade. Havia

projetos

sendo desenvolvidosna Universidade de

Uberlândia,

no laboratório de informática da

UERJ,

nas áreas de

engenharia

civil e informática da

UFRJ,

nos

departamento

de

engenharia

.... compu­

tação

científica da

UFPb,

enaáreá de

gráficos

e

produ­

ção

assistida por

computador,

naUSP.

O Conselho Estadual de Processamento de Dados deSão Paulo

colocou,

de

início,

vários

impedimentos

para a

realização

do convênio IBM-USP.

O

principal

deles era de que o acordo lesava os interesses

nacionais,

uma vez que, a médio prazo,

visava furara lei dereservade mercadoeminformá­

tica,

em

vigor

até 1992.

outros

equipamentos

periféricos.

Em

agosto

de

85,

duranteo 10�Seminário Nacional dosEstudantesde

Engenharia Mecânica,

em

Campina

Grande,

foi

divulgada

a minuta do convênio que a IBM havia

proposto

à Universidade FederaldaParaí­ ba.Os alunos de Mecânica da UFSC voltaram

dispos­

tos adiscutir com os

professores

as

cláusulas

docon­

trato

padrão.

Os

professores,

entretanto,negavamter recebido a minuta do convênio que,

diziam,

deveria ser

específico

para a UFSC. Por

isso,

se recusavam a

qualquer

discussão baseadanodocumento apresen­ tado

pela

UFPb.

Uma matéria

publicada

no Jornal de Santa Cata­

rina,

na

edição

de 6e7de

outubro,

sobotítulo "con­ vênio

proposto

pela

IBM gera

polêmica

na Universi­

dade",

iniciouodebatesobreoacordo. Uma das cláu­ sulas do contrato estabelecia: "as

partes

concordam emnão

divulgar

ostermose

condições

deste

convênio,

sem a

prévia

autorização,

por

escrito,

da outra

parte".

Os

professores

de Mecânica ameaçaram processar o

JSC,

e

publicaram

uma "nota de esclarecimento" que pouco esclarecia sobreoconvênio. Emboraami­

nutafossea mesmapara todasas

Universidades,

eles continuavam

negando

que

aIBM tivesse feito

qualquer

proposta

concretaà UFSC.

Mas não

poderiam

enganaratodoso

tempo

inteiro. Em novembro

alguns

estudantesde Mecânica prepa­

raram um

debate,

para o

qual

foram convidados os

professores

do

Departamento,

a comunidade univer­

sitária e o

deputado

estadual Marcondes

Marchetti,

membro deComissãode

Comunicação

eInformática da Assembléia

Legislativa.

Aessa

altura,

umacomissão doCurso deMecânica estudava o

convênio,

que

se tornara

público.

A

comissão - formada

por 4

professores,

2 alunos de

graduação

e2 de

pós-graduação

aprovou

algumas

mu­

danças

noconvênio

original:

se a IBM absorvesse o conhecimento científico

produzido pela

UFSC,

elate­

ria que pagar à

Universidade,

e se

quisesse

interrom­ per o

convênio,

retirando os

equipamentos

antes do prazo

previsto,

teriaque avisarcom umaantecedência deum ano- enãode seis

meses,comoera a

proposta

da empresa. Além

disso,

a IBM não

poderia

usar o nomeda UFSC para fins

publicitários,

eainda deve­ ria

permitir

a

utilização

dos

computadores

também para

pesquisas

básicas. O

professor

Arno Blass foi

destacado para dar a

redação

final ao texto do con­ vênio.

No dia 19 de

dezembro,

o

Colegiado

do

Departa-

mento

de Mecânicaaprovou as

mudanças

naminuta

original,

conforme

sugestão

daComissão. Não existe

ata dessa

reunião,

embora

seja

obrigatório

aprovar

o relato da reunião anterior para iniciar outra. O

.g

chefe do

Departamento

de

Engenharia

Mecânica e

presidente

do

Colegiado, professor

Berend

Snoijer,

� entre uma baforada e outra no

cachimbo,

diz que isso foium "mero

esquecimento".

De

qualquer

forma,

seria difícil queo

projeto

pas­ sasse

pelas

instâncias da UFSC

-oConselho

Departa­

mental do Centro

Tecnológico

e o Conselho Univer­ sitário- aindaemdezembro.

E,

ainda que issoacon­

tecesse,

seria pouco

provável

que fosse

aprovado

justa­

mente no momento em que a resistência a

algumas

cláusulas crescia. De dezembroamarço,

quando

reini­ ciaramas

atividades,

passaram-se dois

preciosos

me­ ses. O

tempo

necessário para a

poeira baixar.

Petulância

Em março, exatamente no dia

25,

numa reunião do Conselho

Departamental

do CTC

-órgão

que reúne

professores

de todososCursosdoCentroTecno­

lógico

-é que acontece ofato mais

nebuloso,

desde quea IBM começoua namorarcom aUFSC.

O diretor do CTC e

presidente

do

Conselho,

pro­ fessor LuisAntunes

Teixeira, entregou

o

projeto

para Berend

Snoijer

relatar.

Snoijer,

chefe do

Departa-.mento de

Engenharia

Mecânica,

nega que tenha sido

o

relator,

embora isso consta naatado dia 25.

Qual­

quer

projeto,

por mais

simples

que

seja,

é analisado

por um

professor

ou por uma comissão. Nesse caso nãoteriasido

designado

nenhumrelator?

Conforme é praxe, o relator manifesta-se contra

ou afavorda decisão do

Colegiado.

Comoo

Colegiado

do

Departamento

de Mecânica havia

aprovado

opro­

jeto

com

algumas alterações,

oparecerde

Snoijer

era,

na

verdade,

contrário à decisão doseu

Departamento,

uma vez que eledefendia aminuta

original. Snoijer,

entretanto, deu parecer favorável. Por

isso,

todos os conselheiros foram unânimes. Sóque eleestava rela­ tando o

projeto original,

e não a minuta modificada

pelo

Colegiado.

da-senoracioncínio: "seeufosse um

empresário

não aceitariaessa

petulância

de querer modificar".

Democracia para

americano ver

O senador Roberto

Campos,

dono de um farto e conhecido currículo

pelos

discursos que fez no Con­ gresso

Nacional,

poderia perfeitamente qualificar

de

"petulante"

a lei dereservade mercadoem informá­ tica. O governo norte-americano também deve com­

partilhar

da mesma

opinião,

uma vez que vem

apli­

cando

sanções

econômicas ao

Brasil,

para

forçar

a revisãoda lei.

Petulância à

parte,

o

professor

Snoijer

acredita que a

tramitação

do convênio IBM-UFSC foi "altamente democrática". E arremata: "somosem

quinze

conse­ lheiros e todos foram unânimes em aprovaro

proje­

to". A

ingerência

da IBMna{IFSC

pode

serdecidida democraticamente por

quinze

pessoas?

Pelo

visto,

os

professores

de Mecânica continuam achando que "nãose

pode

subordinara

competência

ao

número",

deixandoadecisãoacargo de "maiorias

manipuladas",

conforme afirmaramnanota aoJSC.

Snoijer, particularmente,

debita a

"agitação"

numa

contamais

específica:

"isso é coisa do

pessoal

do

PT",

conclui.

Deumacoisa nãorestadúvida:aMecânica necessita dos

computadores,

assim como vários cursosda Uni­ versidade

precisariam

sermelhor

equipados.

A ques­ tâo ésaberemquetermosaUFSC aceitaráoconvênio

coma

IBM,

umaempresa quenão

propõe

esseacordo a

"qualquer

curso".

É

preciso

que

seja

identificado o

merecimento,

umcritério quese

justifica

pelo

núme­ ro de doutores capazes de

produzir

conhecimento à altura das

pretensões

da multinational norte-ameri­ cana.

O

projeto

voltou ao Conselho Universitário no dia 24de

junho.

Enesta

reunião,

o

professor

Vitor

Hugo

Teixeira, representante

do Conselho

Departamental

do Centro

Tecnológico,

entrou com a

proposta

de "sustar" o

projeto

no Conselho. Isto

significa

que só no momento em que o Conselho

Departamental

do CTC resolver recolocar em

pauta

o convênio no

Cun,

oassuntovoltaaserdiscutido naUFSC.

8erend

Snojser

"Não desconfiamos de

nada",

contao vice-diretor do CTC. Boullmann teria votado contra o parecer, caso soubesse que se tratava da minuta

original.

Se a maioria do Conselho se manifestasse contrário ao parecer,a

tramitação

do

projeto

não

seguiria

adiante,

esimvoltariaao

Colegiado,

para

nova

apreciação.

O

professor Snoijer

acha que se houvesse dúvidas a

respeito

de

qual projeto

estavasendo

votado, alguém

poderia

ter

pedido

um esclarecimento.

Depois,

volta

atrás,

ediz que "sóhaviaum

projeto

emdiscussão": o convênio

original

da IBM. Onde foi parar, então,

o

projeto

alterado

pelo

Colegiado

do

Departamento?

Snoijer

acredita que as

alterações

ná1minuta com­

prometeriam

"em

parte"

a

concretização

doacordo. Talvez

esteja

aí a

explicação

para os dois fatos: a

inexistênciada ata da reunião que aprovou asmodifi­

cações,

e a

rapidez

comqueo

projeto original

passou

pelo

Conselho

Departamental.

O

professor

aprofun-do",

adÍnite

o

deputado

federaleautorda lei de informá­

tica,OdilonSaimõria,queestevenumdebatepromovido

nodia I: de

julho pelo

DCE,APUFSC,ReitoriaeComis­

sõesdeDesempregoeCiênciae

Tecnologia

da Assembléia

Legislativa.

Nessedebate,ogerentedaItautec,umaempresa nacio­

nal decomputação,se

dispôs

aapresentaruma

solução

alternativa que atenda as necessidades da

Engenharia

Mecânica. A Itautecdissecouoconvênio IBM-UFSC:

"Apropostada IM8 é baseadaemtrêsgrandessoftwa­

res

(programas),

que são a alma do sistema. A

Enge­

nharia Mecânica vai apenas usar os programas, mas

nãovaiconhecê-lo, porque opacoteda IBM éfechado.

A própria IBM não conhece o pacote, que dos três

softwaresque elavende, dois sãofrancesese uménorte­

americano. Todavezque houverumproblemademanu­

tenção, será necessário contratar uma outra empresa

multinacional,conhecedora dosistema,para fazero ser­

viço.

A IBM não tem o fonte do software, e por isso sepropõeaincentivaro usodos programas desenvolvidos

pela

Universidade. Tudo o que a Mecânica

pesquisar,

cairá nas mãos da IBM, porque está escrito que esse

convênio

prevalecerá

sobre qualqueroutro.A empresa

Debate

mostrou

que

o

convênio é

lesivo

secomprometeainstalarosequipamentos, masnão pa­

garáos

pesquisadores,

as

instalações,

a manutenção. E mais

importante:

se aIBM considerar que determinada

invenção

é de caráter estratégico, ela vai dizer que o

invento é "confidencial", conforme prevê a minuta do acordo. Comoelatema prioridadedapatente,dane-se

aUniversidadeetudo que for investidonumórgão públi­

co, quetemquedeixarsuaspesquisasà

disposição,

para

queoPaís

cresçà�

Os

professores

de

Engenharia

Mecânica quedefendem

exasperadamente o convênio com a IBM faltaram ao

debate, e se limitaram a mandar um tímido represen­

tante. O Reitor Rodolfo Pinto da Luz, mais uma vez

ausente,dessavez encarnou-se noPró-Reitor de

Pesquisa

eExtensão, DiomárioQueiroz.

Irrequieto, depois

do discurso sobreademocracia que

reinanoConselhoUniversitário,ondeosestudantes têm

representaçãode

1/5, Queiroz

advertiuospresentespara

quesesentassem"com

decência",'

de modoanão"ferir

opatrimônio

público".

E,

nofinaltomouomicrofone

para voltar à relevância daquestão. Afinal, é tão grave

atacar o bem

público

em matéria de cadeiras quanto

deinformática.

O

SIGILO DO

ACORDO,

A

SOCIEDADE

PRESSIONOU

E ELE FOI

SUSPENSO.

MAS

PODE

VOLTAR

...

Quem

decide

sãoos

PHDeuses

Em Santa

Catarina,

no entanto, a decisão sobre oconvênioestavacondenadaàs salas dos "PhDeuses"

da

Engenharia

Mecânica. O

professor

Arno

Blass,

como

integrante

da comissão

IBM-UFSC,

encaminhou à multinacional norte-americanaumlevantamento das necessidades

computacionais

do

Departamento.

Aem­ presase

propôs,

então,ainstalar 80 terminais de vídeo

-enão

250,

comoBlasshavia

pedido.

AIBM cederia à Mecânicaum

computador

de

grande

porte (modelo

4341),

uma unidade CAD/CAM - um

sistema que

permitiria

a todosos

projetos

desenvolvidos

pela

Me­ cânica serem assistidos por

computadores

-e mais

Os PhDeuses de

Engenharia

Mecânica

perderam

o

controle absoluto sobreoconvênio I8M-UFSC. O Reitor

suspendeu

a votação do

projeto

no Conselho Univer­

sitário,porcausadaspressõesque recebeu. As comissões de

Desemprego

e Ciência e

Tecnologia

da Assembléia

Legislativa,

aReitoria, a APUFSCe oDCE trouxeram

à Universidade o

deputado

estadual Odilon Salmória

(PMD8-SC), autor da lei de informática, para verde

pertoopresentede gregodaIBM.

.I

IBM não estáprestandonenhumfavorà Uni­ versidade. A lei deinformática, aprovadaem

1984, determina que empresas como a IBM invistam em centros de

pesquisa,

como é o

casodoCursodeMecânicadaUFSC. OPlano Nacional de Informática- Planin- sancionado

recentemente

pelo

Presidente

Sarney,

fixaessa

aplicação

de

capitais

.em 5% do faturamento de empresas estran­

geiras

que operamno8rasilou

'importem equipamentos.

OCAD/CAM queaIBM pretende instalarnaUFSC

não

pode

ser

importado,

porque asindústriasnacionais colocarão embrevenomercado máquinassimilares de­

senvolvidasno8rasil. "Seoconvênio

prevê

a

instalação

(5)

merca-ponta

atuam nestaárea, susten­

tando e alimentando todo um

complexo

médico-industrialque visa acima de tudo o lucro". O

Simpas

gasta mais verbas com

instituições

privadas

do quecom sua

própria

rede de

hospitais.

Al­ cidesapontaa8a ConferênciaNa­

cional de Saúde como a única

proposta

séria paraum novo Sis­

tema Nacional deSaúde."A pro­

posta

da8aConferênciavisaa su­

peração

da dicotomia

preventivo-curativo,

assimcomo

a

universalização

e descentrali­

zação

das

ações

de

saúde,

que seria

co-gerenciada pela

popula­

ção".

MariaElisabeteLuna, sani­ taristadaPrefeitura de Florianó­

polis,

acredita que o fortaleci­

mento do

papel

do

município

dará à

população

um maior con­

trole sobre os

serviços

de

saúde,

mas disse que os médicos que

atuamnos setorescurativos têm dificultado os entendimentos para uma

unificação.

Já Alcides Rabelo acredita que as resistên­ cias

podem

ser

superadas

se o

Congresso

Constituinte determi­ nar queos cuidados médicos e de

saneamento sãodever doEstado,

semfins lucrativos. "O sistema de

estatização

poderá

ser

alcançado

pela

retração

contínua derecursos que

hoje

vão para a rede

privada,

ampliando

assim a rede

pública".

u

Gilberto

B.

dos Santos

Falta desaneamentobásico aceleraaexpansão docontágio

surpresa no

Departamento

Au­ tônomo de Saúde Pública- DSP.

"Não temos certeza da

extensão

da

doença",

declarou o médico Eduardo Cordeiro dos Santos

Neto, coordenador da

vacinação

em massa da Grande

Florianópo­

lis. De

janeiro

a maio de 1986 o DSP notificou 115 casos de dif­ terianoEstado.

Segundo

a

Orga­

nização

Mundial de

Saúde,

nos casos dedifteria,a

vacinação

de­ veria reduzir a incidência ao nível de apenasumcaso emcada

milhlo

de habitantes. Eduardo Cordeiro disse que o DSP res­

ponde

por 80% das

vacinações

de

Oa5anos,"masnão

podemos

nos

responsabilizar pelas vacinações

passadas.

A prova disso são as faixas etárias

atingidas,

sempre acima de 7anos". Citouas

precá­

rias

condições

sanitárias de São

José,

cidade Dormitório da

Grande

Florianópolis,

como um "verdadeiro foco írradiador de

doenças

transmissíveis,

pois

as

campanhas

de

vacinação

no mu­

nicípio

nunca

atingem

índices sa­ tisfatórios".

Das endemias, a

doença

de

Chagas

vemdestacando-se como ameaça eminente e teve um re­

trocesso em todo o Estado. Um foco de barbeiro, inseto

hospe­

deiro do

protozoário

"Trypano­

soma cruzi", foi localizado na

Lagoada

Conceição.

A

quebra

do

equilíbrio

ecológico, pela

depre­

dação

de pequenos animais e

pelo

desmatamento,

provocará

a

migração

dos barbeiros silvestres,

contaminados, para as

zonas residenciais. Ocontroleda

doença

de

Chagas

atualmente é realizadonas zonas de fronteiras

de Santa Catarina, onde a Sucam mantém postosde identi­

fícação

de

portadores

da

doença.

Esquistossomose

em Joinville e

são

Francisco do

Sul,

maláriae

dengue

íjnigrando

para o Sul do

País,

assim

como a

meningite

me­

ningocócica (60casos),

tuberculose

(428

casos),

hansenüase

(49

casos)

e

hepatite

(495 casos),

alémdos 266casosde

coqueluche

ede1.304casosde mordedura de cães são os saldos dos cinco

pri­

meirosmeses-de1986. As autori­

dades

saÍtt/áHas

insistem que

embora

diD.''P!�oS,

ps surtossão

previsíveis'

e

estâo

sobcontrole.

Uma;

ftotà

proposta

Para o

�p.ttrrista

Alcides Ra­

belo,

somente uma reforma radi­

cal

poderá,

.

em

curto espaço de

tempo,

reverter a

expectativa

de

vida do brasileiro. "As

soluções

técnicas

existem:

falta determi­

nação

políttr��e

financeira".

Al­

cides identifica

predominância

das

ações

curativas

sobreas

ações

preventivas:

"�as

isto tem ló­

gica.

Os

setQtfs

tecnológicos

de Malária, tuberculose,

lepra

e

difteria, são

doenças

infecciosas com incidência

próxima

do zero ouhá muito erradicadas dos

paí­

sesdesenvolvidos.JánaAmérica Latina e em todo o Terceiro

Mundo, representam um verda­ deiro

flagelo,

matando milhares de pessoas

pela

falta de sanea­

mento

básico,

carências alimen­

tares e

pelo

descaso governa­ mental com a saúde

pública.

No Brasil somam-se a estas

doenças

uma dezena de ende­ mias

tropicais.

A

colonização

da

Amazônia, idealizada

pelo

pen­

samento

geopolítico

militar e executada para diminuiros con­ flitos de terras,

responde hoje

_

pelo

retornoaoscentrosurbanos, da malária,

doença

de

Chagas,

esquistossomose

e

lepra.

UA re­

gião

Amazônica transformou-se num caldeirão de

doenças,

que

pode

transbordare

atingir

todoo

País",diz Donald

Sawyer,

da Uni­ versidade de Minas Gerais. Mas

os

trópicos

não são

mais,

como no século XV e XVI, sinônimo de

doença

e mortalidade,

segundo

Alcides Rabe lo

Coelho, presi­

dente da

Associação'

dos Sanita­ ristas de Santa Catarina. "O alto índice de mortalidade causado por

doenças"

diz

ele,

"está mais relacionadocomobaixo nível de vida das

populações,

que não

dispõem

de moradias satisfató­

rias, de sistemas de

canalização

de

água

e

esgoto

ede

outras

con­

dições

de

higiene

e de

saúde

pú-blica".

'

Osíndices de

mortalidade

por

doenças

infecciosase

parasitárias

n�

Brasil

são,

�uitP._'

t_\,_;yttOS

e

atingem a

média

de

:{cp�3

casos em pessoas,

somente'

"'��

capi­

tais,

Isto porque as

�sa.iísticas

nem

sempre

expressamêern

fide­ lidadea

situação real;

oMinisté­ rio da

Saúde,

por

exemplo,

tra­ balha com cifras de

dóis

anos atrás. A falta de dados

p),Jetivos

inspirou

o

professor'

Sérgio

Aroucaa ministrarnaEscolaNa­ cional de

Saú�Públicaül1l

curso

de"Como

PlaÚejar sem'

Dados".

Fatalidade

ou

negligência

Em Santa Catarina

à lnorte

de

(6)

Violência

e

empreguismo

Roberto,

jornaleiro,

passouumdianaFucabemedisse que látemdetudo,"violência, ensino,

castigo".

Aviolên­ cia é constante entre os

próprios

menores - sendo esta uma das

principais

broncas de Tarcísio. O garotode II anos, que

fugiu

várias vezes,

prefere

a ruaao excesso

denormasque lhe são

impostas.

Darci(como

prefere

ser

chamado)contouter

apanhado quando descumpriu

as re­

gras.Certavez,umgrupo demenoresdoqualfaziaparte

foi

surpreendido

cheirandocola que haviam roubado da marcenaria. Seu castigo foi um puxão de orelha, e os

líderes foram

mergulhados

nos

galões

decola.O menino

narrououtroscastigosque

presenciou: gritos,

surras,iso­ lamento em quarto,

aprisionamento

no banheiro ondeo menorpermanececom amão paracima,e a

peculiaridade

de um monitor que passa a barbano rosto dos meninos que o desobedecem. Luciano, ex-interno, falou de uma

"tia brava" que batia coma

régua

em seu

pé. Castigos

diversos são narrados. EmBarreirosacontecemos

piores:

menoresamarrados,

espancados,

surrasde borracha.

Silvana, ex-monitora, diz queaadministração quando

temconhecimento deviolênciademiteosmonitores. Darci

temconhecimento de dois casosde demissão: um pores­

pancamento

demenoreoutro

pelo

usodeumgarotopara

conseguir fumo. Uma

pesquisa

feita por estudantes de

Serviço

SoelaldaUFSC concluiuqueas

principais

causas

de violência seriam a falta de preparo dosmonitores, a

angútia provocada

por este

tipo

de trabalho,além doem­

preguísmo.

O menino Darciconfirmadizendo queosmoni­

tores não batem à toa, mas

quando

irritam-se:

"alguns

sãobons,outrosnão".

Outra conclusão é de que a

política

influi muito nas

instituiçõesde AssistênciaSocial, seja nodirecionamento dasverbas,naadmissão do

pessoal,

ounaincertezaquanto

a uma didática a ser desenvolvida. O governador Amin

priorizou

em seus

projetos

a Ladescque acurto espaço

emergiu

em

popularidade

e

publicidade.

"A Fucabem é ocabide de

empreguismo

dogovernodo Estado. As verbas

nem sempre chegam, é um rolo", diz um monitor. Os cargosmaisaltos da

instituição

sãoindicados

pelo

governo. Daí resulta queamaioria dosseusocupantesdesconhecem até mesmo as normas do internato. O mesmo monitor diz ainda queEliete,

presidente,

"éumalouca. Não aceita

sugestões

de

ninguém".

Karin

Maria Véras

"

INGUÉM

nasceu para apanhar, nin­

guém

nasceuparaserescravo,

ninguém

nasceu paraser

mendigo".

Com estas

palavras

Dom HelderCâmara

dirigiu­

se aosmeninos deruareunidosemBra­ sília dias 25a27de maio.

Enquanto

isto,

aqui

emFlorianõ­

polis,o atendimento de

instituições

daFucabem gera fu­ gas,

inquietação

eviolência.

Emgeral,osmeninos têmumavisãotemerosada Fuca­ bem. O garoto é pego na ruae da

Delegacia

do Menor é levado paraoRPM(RecolhimentoProvisório de Meno­

res)onde permanece até 72horas,

esperando deliberação

dojuizado.

É

entãoencaminhado para casa, de onde volta­ rá à rua,ouserá internadonoscentroseducacionais. Em

Palhoçaficamos menorescarentesouórfãose emBarrei­

ros os menores comdesviosdeconduta. Neste círculo vicio­

so há muita violênciae

discriminação.

Os meninos recla­

mam de

alguns

"botudos"- PM

-queos maltratam.

No RPM o "quarto escuro" é conhecido por todos e a

maioria dosgarotosencontradoslá são negros. Nos inter­

natos muitoscasosde violência sãonarrados,emborane­

nhum admitido

pela administração.

Os comentáriosdaquelesque

passaram

pelos

centros

educacionais são

agudos:

"Setodo mundo

foge

é porque

nãodevesermuito bom".

Apesar

da assistênciaalimentar,

pedagógica

e médicaser

regular,

os meninos

queixam-se

com

frequência

doexcessodenormas,da violência verbal

e física. Existem normas para tudo: faxinas, horário de

trabalho,estudoelazer;

castigo

paradesobediência, brigas e

fugas; proibição

de bebidae namoro, etc. Podem até parecer razoáveisnopapel. Mostram-se, contudo,

incapa­

zesde atender às

expectativas

destas

pseudo-crianças

de

costumes anteriores

desregrados.

Os monitores vêem-se assim

surpreendidos pela

inconstância dos internos que

porvezessão

agressivos

edifíceisdecontrolar.

"Quando

um menor vemcom

violência,

é

preciso,

para não

perder

aautoridade,defender-secomviolência",dizummonitor. Eum menorconfirma: "Sóse batequandoé

preciso".

A falta

de

pessoal especializado

resulta

em

despreparo:

as

crianças

são

castigadas,

surradas,

amarradas

e

aprisionadas.

Os

que

podem,

fogem

O

pessoal

da administração declarou que o trabalho

efetuado

pela

Fucabemé ótimoequesecostuma confundir

as

condições

deSão Pauloe RiocomasdeFlorianópolis. Entretanto "os monitores fazemgatoesapatoparacontor­

narem determinadassituações. Há

alguns

mais

experien­

tes, outrossãoverdes",dizValdir,quecomeçou atraba­ lhar com 18 anos, mas acha que a idade mínima para

monitoria deveria ser 25 anos. Ele considera o salário baixo - entre dois e três mil cruzados. Os monitores

estão subordinadosa técnicosdos

quais

apenas dois pos­

suem curso universitárioem

Educação

Física. Conforme outromonitor,"faltagente

especializada".

Ele acrescenta que às vezes recebiam ordem de cima para "dar uma

segurada"

emdeterminadomenor,sendoqueosmonitores novatos

cumpriam

a ordem. Recentemente criaram um

Grêmio

Independente

ondese

policiam

asatitudes etro­

cam

experiências.

Alternativas

Nos últimos tempos, um

projeto

chamado "Programa

dos Menores de Rua" vem sendo efetuado com

grande

receptividade

entre os garotos. O

projeto

conta com a

Escolado Menor Trabalhador(na Vidal Ramos)e aCasa

da Liberdade (nos fundos do IEE) - ambas aceitando voluntários.Nestaúltima são feitasreuniões semanaisonde

menores e orientadores decidem o que será realizado.

Quem

não

participa

da reunião fica foradas atividades. Lá osmeninos vão porque quereme muitos

fugitivos

da

Fucabem

dirigem-se

aesta

casá.

Darci

participa

da Casa

da Liberdade e

gostaria

queaFucabem fosseigualaela.

Maricel,

jornaleiro, participa

daCasados Meninos Traba­ lhadores e garanteque três deseus

companheiros,

antes

internosda Fucabem, saíram de lá

alegando

violênciae

excesso de trabalho. Os meninos que

participam

deste

projeto

são unânimesem apontar o "direito à decisão"

comosuagrande conquista.

"Melhor é

a

rua"

Nasinstituiçõesda Fucabemosinfratoresmais

perigosos

(viciadoseladrões)ficamemcontatocom as

crianças

que

estão lá por acidente: a

promiscuidade

é

grande.

Nãose

respeita

nenhuma necessidade do menor. Ao

completar

18anososinternossaemmuitasvezes comemprego garan­

tido na

polícia

ou em bancos do Estado, "mas muitos

preferem

a

marginalidade"

- alerta

umadministrador. Na rua os meninos

deparam-se

com a fome, o frioe aviolência. A maioria dos furtos

praticados

pormenores

ocorremnas

imediações

da praça XVe

Conselheiro

Mafra. Roubam para comer ou por

"malandragem".

As vezes

são pegos com pequenas armas. São muito usados por "maiores" para

praticarem

delitos

que "a

legislação

os

protege".

Andam sempreembandose

quando

avistam aPM comunicam-se: "aívem

ganzé".

E são capazes de

agredir

para libertar um

companheiro. Alguns guardas

camaradasospegamem uma rua esoltamnaoutra. Dor­

mem

próximos

aoscamelõsou no"mocó"- casaabando­

nada atrás da Catedral. Estequadroleva muitos àagressi­

vidade, violênciae

grande desconfiança.

"Osmeninos são muito desconfiados" - afirma Marcelo. A sociedade

os

temesem

perceber

queumsistema

marginalizador

causa

mais vítimas que todos essesgarotosjuntose "um único

colarinhobranco,dosetor

público

ou

privado,

rouba mais que todososgatunoscomuns reunidos", afirma Calmon dePassosnarevista

Veja.

Osmeninos deruade

Florianópolis

reclamamde violên­ cias sofridas. Para Darcia

pior

violência éa "sujeição" e as"humilhações. O

preconceito,

o desrespeitoe odes­

compromisso

da sociedade ilhoa para com seus "peque­

nos"legitimaaineficiência das

Instituições.

SeaFucabem

fosse modificada Darci ficaria lá até os 18 anos.

Após

fazerestadeclaração,Darciconsertou,afirmando que pre­ feria mesmo é ficar narua, livre para fazer o que bem

(7)

,

Um crime

condenado

.

ao

descaso?

,.

'.

Mônica Hass

IIORENAS,

pernasebundasloiras, gostosas,defora,fazem par­com

tedeimagens publicitárias,quenos

acompanhamnasruas,lojas,"out­

doors", televisão, onde se

vende,junto com calcinhas, biquinis, pneus

ecarros,ocorpo da mulher.

Acondiçãoque foiimpostaà mulher éa

de

objetode uso. Objeto de "camae mesa". E educadadeacordocomafunçãoqueasociedade lhe destina:mãeeesposa. Nãopossuiliberdade sobreseuprópriocorpo,não temdireitoasentir

prazer sexual enema tomar a iniciativa nas

relaçõesafetivasesexuais.Afinal,asmulheres

existem paraalimentarum apetiteenão para

teremospróprios desejos.Numa sociedadema­

chista, a paixão sexual feminina tem que ser

minimizada paraqueohomem possa sentirque'

temomonopóliodessapaixão.

Na verdade, este servilismo imposto à mu­ Iher,tratadacomomercadoriadeuso, estimula

todo tipode violênciacontra ela. Mulheres de

todasasclasses vêm sofrendoagressões.O qua­ drosecompõedesdegracejosderua,passadas

demãosnojentas,apertosnosseios,beliscadas

nasnádegasatéoestuproeespancamentos.

Tais atitudessãoreflexosde todaumaagres­

sãoqueatingeasmulheresemprocessosdíssi­

mulados. Nosambientesfamiliares agressivos, desdeainfãncia,asmeninasapanhamdospais

eirmãos. Cria-seumaconsciênciade que isto

acontece porquepodeedeve acontecer. Aesse

ambientefamiliar,junta-seogruposocial,que

estimula atos violentos contra a mulher. por

considera-los corretivoseeducativos.

E assim amulher vai crescendosubmissae

passiva,semreagir,oque acabaporresguardar

efortalecero papeldo homem emumasocíe­ dade regidaporele.Afinal, ela é propriedade deleecomotal devesesubmeteràsuaproteção e aos seusdesejos. O marido, segundo a lei. temtodoodireito depossuirsuamulherquantas

vezes quiser, mesmoqueela nãoodeseje ou

lhe resista.

A lei

é machista

Oportunistaounão.aprópria legislaçãope­

nal brasileira não protege a mulher contra agressões.Temos,porexemplo,ocasodo espano

camentode mulheres. que ficaenquadradono

"crimede lesõescorporais".O descasosemani­ festa tanto pela sociedadecomo pela polícia,

querecebeamulher queapresentaqueixa,sem

levá-la a sérioe vendo esse tipodeagressão

como"questãodoméstica".

Outro fatoquemostraaincoerênciadalegis­ laçãoé que ela classificatodososatos quenão

sejam o da cópula vaginal comocrimes de

"atentado violentoaopudor".Entreeles.osexo

analaforça,que tempena inferioràdoestupro.

Quanto à "tentativade estupro". conforme a

lei elaé questionável. Poiscomo oato nãose confirmou,nãosetemcomoprovaralgocontra

o acusado. No caso. leva-se apenas em conta

aslesõescorporais,sehouveram.

A pena paraoestuproé dereclusão detrês

aoitoanos.Porém.existeumgrandeobstáculo paraaefetivapuniçãodoscriminosos. Eleestá

nabarreiraimposta pelo preconceitocontraa mulher,naformacomoela étratadanasdelega­

cias de polícia e nos processosjudiciais. Um

número mínimo de mulhereslevaumprocesso

atéofinal.Agrandemaiorianemchegaapreso

tarqueixa à polícia, intimidada pelovexame

duplode,alémdeter sofridoaviolênciasexual,

sempretraumatizante,submeter-sea examede

corpo-delito,quedeveserfeitologoapósoestu­ pro.

Ovelhoargumentoda honraperdidaatrapa­

lha um bocado a mulher. Para asfeministas

geral, estuprotem quedeixar deser

consí-Descasoeimpunidade: atéquando?

deradoum crime contraoscostumesepassar

a serpenalizadocomoumcrimecontraapessoa. Istoé, como umatentado contra a liberdade sexual. Entreoutrascoisas,istomudariaaques­

tãoda violênciafísica,hojemuitoutilizadaem

assaltos,paraimpedirqueasmulheres vítimas dêemqueixaàpolícia,intimidadaspeladesmo­

ralizaçãoque istopodeocasionar.

Pais violentam fili

..as

Nas últimassemanasdomêsdeabril,foram

registradostrêscasosdeestuprodepaissobre filhasna6: DP. Meninas de 12, J3e 16anos.

ParaadelegadaEsterCardoso,aviolênciase­

xualcontraasmulheres"sempreexistiu".Só

queagoraestá sendo maisdivulgada.

Maso que realmente andapreocupando a delegadaéo crescentenúmerodecasosde lesões

corporais provocadospor maridos sobre suas

esposas. E lembrou queoalcoolismo,omachis­ mo,afalta dediálogoe asmáscondiçõeseconô­

micas,sãoasprincipaiscausasdessasagressões.

Elareconhecequeagrandemaioriadosespano camentosocorrem nas classesmédia e baixa.

Contudo, admite saber da existência decasos naclassealta,emboraestessejamabafadospela própriafamília,para salvarasaparências.

No diadaentrevistacoma delegada Ester, a sala de esperaestava vazia, maso telefone não paravade tocar. Entre um-telefonema e

outro, elacontouque foramregistradossomente

nove casosdeestupronaDelegaciadaMulher,

nosprimeirosseismesesdesuacriação.Adele­

gadanão consideraeste númeroalarmante,mas

lembra quenãodispõede dados deoutrosdistrí­ tos,alémdeafirmarquemuitas mulheresnão

registram queixaporvergonha.

Emgeral,aprimeira reaçãodasvítimasapós

aviolência sexual éareclusão. Há otemorde que as pessoas não acreditem nahistória. E

existeosentimento deculpa porestarnarua

àquela hora da madrugada e de dar papo a

desconhecidos.E, ainda,omedo delevaro caso a público, correndo o risco de serjulgada e

acusada deterfacilitado,provocado,ou mesmo

deserchamada deprostituta.

Otelefone toca maisumavez.Agoraéuma

mãe,cujafilhadiztersidoestuprada pelo pai.

D. Ester ficaumbomtempofalandocomela. A mulher estáindecisa, nãosabeo que fazer.

Oseumarido negaofatoeameaçaprocessá-la

sefor levada adianteaqueixanapolícia.Por

outrolado,afilhaestárevoltada,quer sair de

casa,não quer maismorarjuntocomopai.

Nocasodepaiefilha,independede represen­

tação. A partirdomomentoqueaautoridade

policialtomaconhecimento,ela começaoinqué­

rito.Adelegadanotouquequandoocorrem es­

tesfatos,geralmenteopaiévigia.A mãe traba­ lha duranteodiae ele fica em casa. Assim elanão toma conhecimento do ocorrido, pois

os paisameaçamasfilhasdemorte.Oquese

observa,é queataques depaiscontraasfilhas,

ocorrememmaior númeroentreaclassepobre, pela promiscuidadedahabitaçãoI'faltade edu­

cação.

.-Paraa delegada Ester, um pai queestupra

suafilha sópode serum "maníacosexual.Se

elenão temrespeitopelaprópria filha,nãoem

respeitopor nadaeninguém."No entanto,estu­

dos feitos até agora indicam queosvioladores

sóraramenteapresentam

desequilíbrio

mental,

perversõesoumanias.Istosignificaqueamaio­

ria deles éoquesepoderiachamarde"pessoas

normais". Comisso, fica bem claro queeles,

ao partir paraa violência sexual, nãofazem

mais que exprimiro condicionamento sexual que lhesfoiimposto pelacultura epornossos

costumes.

Patrulheiro

processado

AAssociaçãoCatarinenseemDefesada Mu·

lher,lançou nodia 17dejunhode 1986. uma campanhacontra aviolênciasobreamulher.

AIdéiadacampanha surgiudiantedo cresci­

mentodacoersãosexualcontra asmulheres

�m todo o Estado. Foram espalhados três

"out·doors"pelacidade.acampanhateveboa

divulgaçãonaimprensaeculminou dia19de

junhocom umamanifestação nocentro da cidade.

Ocarro-chefe dacampanhaéojulgamento.

do patrulheiro rodoviãrio Moacir Massaud.

quenãogostounemumpouquinhodessa pu­ blicidade toda. Como seu nomeesteve em

cartazes.naboca daimprensa�dopovo.ele

está àprocuradapresidente daAssociação.

VlvlaneGmrlart,parapedirexpIicações.Além

disso. um dos "out-doors", próximo à Ponte

Herálio Luz.jãfoidepredado.

A ACDM. quesurgíu em Florianópolis em

dezembro de 1985.temcomoprincipal obje­

tivotentarorganizarasmulheresemtodoo

Estado.para que lutememdefesa deseusinte­

resses. o ... O> N Õ) ,:g o IX '0> ... -e c ..: o

Rose. Morenade olhospretosbrilhantes. Ela olhou no velocímetro,que indicava maisou menos 40 quilômetrospor hora. Pensou: "ai

meuDeus, espero nãomeferrar nessa".Epu­

lou.Eram 17h30deumasexta-feiraensolarada.

Estaéahistória deRosernereAparecidados Santos.paulista.estudantedocursode nutri­

ção,na UFSC. Nodia 08 de outubro de 1985.

quandovinhada LagoadaConceição.paraas­

sistirumaaulanaUniversidade, aceitoucarona

deumCorcel-70. O motoristaeraum patru­

lheiro rodoviário."Assim queeuentrei eleco­

meçoucomcantadas,bem baixarias mesmo",

conta. "Eupedi prápararocarro, maseledisse

que iamelevar atéaUniversidade."

Depoisde muita discussão. convitesparasair,

toquesnaperna.muítacantadaebesteiras Rose entrouemdesespero. "Toqueionofreio,e

elemedeu um murronaperna".Ela abriu a

porta,faloupara parar, começouagritar.chorar

e omotorista, totalmente fora desi.começoua

rirsarcasticamente. A estudante pensou: "O

jeitoépularmesmo.Nãotôafim de ircomele".

Pegousuamochila.ablusa,omaterialepulou.

"Sósentiofiozinhodeum carro emcimade mim. Erao carrodapolíciaqueestavaatrásda genteequeeunão tinha visto".Logoveioum

montede gentesocorrer.A PMfoi atrás docor­

celeencostoua arma.Nissoopatrulheiroque

dirigiao carrofalou: "eu sou dapolícia tam­

bém".

- Ocaraéum

putodeumcovarde.Não estou

dandoumade feminista.masacho queéo ex­

tremodo machismo. porque ele não medeu chance nenhuma". Rosernere continua: "Ten­

tei argumentar.Faleiqueestavacomeçandoa

noite, que elepodiaencontrarumacoisabem melhor prá fazer. Falei prá não sesujar por pouco assim. Mas elenão qulznemsaber. O

jeitofoipular.Iafazeroquê?"

Aprimeiracoisa queRosemerefez assim que

pulou,foiversetinha feridoacabeça.Quando

notouquesangrava.gritou porsocorro.Foi le­ vada paraohospital:levoucincopontosna ca­ beça.Orestante foram escoriações."O corpo

estava todo machucado, cheio de raspões,

perna,braços,costas,nariz;rosto.Minhasorteé quejásaroutudo. Nãoficoumarcanenhuma", diz aliviada.

Comoapolíciaestavalogoatrás.autuaramo

motorista do corcel ali mesmo. Levaram-no

paraadelegaciaondeprestou depoimento.O

mesmo fez Rose. assim que saiu do hospital.

Moacir Massaud, um sujeito moreno. corpu­ lento.estatura mediana. de óculos escuros e caraasquerosa.segundoa caroneíra. disse que

estava"sendo assaltadopelaestudante". "Sóse euestivesseassaltandoelecom aminhalapi­

seira", diz elaouUse tivesseacertadoaminha

pastanacabeçadele".

Foi abertoumprocesso.Segundoodelegado

depolíciado50Distrito.atramitaçãoélenta.

Levanomínimotrêsanos.Aopiniãodosami­ gosedas pessoasqueseinteressarampelocasoé quedepois detanto tempoo fatovai teres­

friado e ninguém mais vai dar importância.

Rosenão gostounemumpouquinhoesugeriu: "porquevocênão falalogoquetemmutretaem

cimadisso,quenãovaiserresolvido nada."E

desabafa

enquanto

garante quenãovai deixar tudo como está: "Afinal está acontecendo a

Referências

Documentos relacionados

O valor da reputação dos pseudônimos é igual a 0,8 devido aos fal- sos positivos do mecanismo auxiliar, que acabam por fazer com que a reputação mesmo dos usuários que enviam

Esta pesquisa discorre de uma situação pontual recorrente de um processo produtivo, onde se verifica as técnicas padronizadas e estudo dos indicadores em uma observação sistêmica

Com isso sugere-se a realização de trabalhos com um grupo de estudo maior além de utilizar-se um grupo como controle, onde a intensidade de exercí- cio e o período de treinamento

Podem treinar tropas (fornecidas pelo cliente) ou levá-las para combate. Geralmente, organizam-se de forma ad-hoc, que respondem a solicitações de Estados; 2)

À exceção de pouquíssimos nomes, entre os quais o de Manuel Guimarães (com destaque para Saltimbancos (1951), Nazaré (1953) ou Vidas sem rumo (1956), todos eles na esteira

O PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ANÁLISE DE BACIAS E FAIXAS MÓVEIS, DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO –UERJ, torna público o presente Edital, com normas,

complexas. 01- A partir da leitura do texto, assinale a alternativa que apresenta sua ideia central: a) Mostrar alguns resultados do desempenho das formigas. c) Apresentar os

Destacaram-se, pelo volume arrecadado, a Contribui- ção Para Financiamento da Seguridade Social (Cofins), com incremento de 12,8%, refletindo a melhoria das importações e