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O riso e o risivel em Millor Fernandes : o comico, o satirico e o humor

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Academic year: 2021

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(1)

O riso e o

em

Fernandes:

V

:

é \ • •' ■; 4 . c , -. ♦ / J ♦

O cômico, o satírico e o

J

"humor".

- • : ' ' # /í:":

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4

' é - ■

Odília Carreirão Ortiga

(2)

O D Í L I A CARREIR250 O R T I G A

R I S O E O RISx^EL.

e m Millôr- F e r n a n d e s : o cômico, o s a t í r i c o e o "hum or"

Tese a p r e s e n t a d a ao D e p a r t a m e n t o de L e t r a s C l á s s i c a s e V e r n á c u l a s da F a c u l d a d e de F i ­

losofia, L e t r a s e C i ê n c i a s H u m a n a s da U n i ­ v e r s i d a d e de Sã o Paulo, c o m o r e q u i s i t o p a ­ ra o b t e n ç ã o do grau de D o u t o r em Letras, área de L i t e r a t u r a Brasilei ra.

O r i e ntador: Pro-F. D r . R o b e r t o de O l i v i e r a B r a n d ã o São P a u l o 1992 ... ... . 1 I E m p r é s t i m o P r o i b i d o

(3)

h memória de meus pais

Iracema Carreirão Ortiga Januário da Costa Ortiga

(4)

r ^ C7

A gratidão nos leva ao registro de

agradecimentos especiais:

à CAPES pela possibilidade de -Fazer o

doutorado na USPj

à USP pela oportunidade de voltar a ser a l u n a ;

à UFSC pela confiança e ao DLLV pelo

apoio, na pessoa da professora Maria

Lúcia de Barros Camargo, colega e amiga

dos tempos uspianos e HP1 or ianopol i t a —

n o s ;

aos meus alunos, o objetivo maior da

jornada, na pessoa de José Renato de

Far ia; e ,

por último, com merecido destaque, ao

orientador e amigo Professor Roberto de

Oliveira Brandão, pela paciência e es­

(5)

AS P R I M E I R A S P A L A V R A S --- 11 AS P A L A V R A S N E C E S S Á R I A S --- --- 38 A C o l o c a ç ã o do P r o b l e m a --- 34 0 Perfil do R i s o --- 42 S o b r e o R i s o --- 43 R a s t r e a n d o a D i v e r s i d a d e --- 50 M o t i v a ç õ e s e Fu n ç õ e s --- 54 Os R i s o s em Mil 1ôr F e r n a n d e s --- 57 0 Perfil do Risível --- 68 S obre o Risível --- --- --- --- 69 Os M o d o s e as I d e n t i d a d e s --- 71 Os M o d o s e as A l t e r i d a d e s --- 76 0 R I S O E 0 C Ô M I C O EM M I L L Ô R F E R N A N D E S --- --- 93 C o l o c a ç õ e s I n i c i a i s --- --- 95 0 T e a t r o de Mi 11ôr F e r n a n d e s --- 100 0 Risível no T e a t r o de M i l l ô r F e r n a n d e s --- 104 0 C ô m i c o e suas M e s c l a s --- 112 0 RISO E 0 S A T Í R I C O EM M I L L Ô R F E R N A N D E S --- 132 C o l o c a ç õ e s Iniciais --- 134

(6)

A S á t i r a e o S a t í r i c o em M i l l ô r F e r n a n d e s --- ---- 141 0 Riso S a t í r i c o em Mill ô r F e r n a n d e s --- ---- 149 0 S a t í r i c o e su as M e s c l a s --- 155 0 R I S O E 0 H U M O R EM M I L L Ô R F E R N A N D E S --- ---- 173 C o l o c a ç õ e s Iniciai s --- ---- 175 0 A f o r i s m o em R e f l e x õ e s Sm D o r --- ---- 178

A V e r d a d e i r a His tór ia, uma P a r ó d i a --- ---- 182

0 D i á l o g o Ir ô nico no L i v r o V e r m e l h o --- ---- 185 0 R i s o e o H u m o r em M i l l ô r --- ---- 188 A Mescla: P a r á v e r u m M i l l ô r --- ---- 197 AS Ú L T I M A S P A L A V R A S --- 203 A l g u m a s C o l o c a ç õ e s --- 205 0 E s c r i t o r e suas C i r c u n s t â n c i a s --- ---- 209 0 H u m o r i s m o de M i l l ô r --- 214 C a r n a v a l i z a ç ã o e C o l a g e m --- ---218 0 C ô m i c o G r o t e s c o --- ---- 220 C o l o c a ç õ e s F i n a i s --- ---- 238 APÓS AS Ú L T I M A S P A L A V R A S --- ---- 251 B I B L I O G R A F I A --- ---- 259

(7)
(8)

/Vv '

ANTES

D A S R R I M E I R A S RAl_A<v»RAS

(9)

"Mas eu a i n d a e s p e r o a n g a ­ riar as s i m p a t i a s da o p i ­ nião, e o p r i m e i r o reméd io é -Fugir a u m p r ó l o g o exp lí­ c i t o e longo. O m e l h o r p r ó ­ logo é o que c o n t e m m en o s c o i s a s, ou que as d i z de u m j e i t o o b s c u r o e t r u n c a d o . ” Brás C u b a s

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Todo t raba l h o tem suas c i r c u n s t â n c i a s : do e n c o n t r o com o autor e com os temas, do p r o j e t o que se quer e que se s onha e da a v e n t u r a do fazer.

Em n o s s o caso, as c i r c u n s t â n c i a s o r d e n a m - s e em p l a n o s c o m p l e m e n t a r e s - o pessoal e o c o n textuai . Numa instigante a t r a ç ã o pelo antagóni co, busca-se na e s f e r a pessoal o a p r e n d i z a d o do r i s í ­ vel em o p o s i ç ã o à tradicional e c o n s e r v a d o r a v a l o r i z a ç ã o do sério. Dê o u t r o lado, c o n j u g a m - s e algu m a s c i r c u n s t â n c i a s co ntextuais; como p o n t o de partida, o es tudo e l a b o r a d o sob a o r i e n t a ç ã o do P r o f e s s o r R o b e r t o de O l i v e i r a Br andão s obre a iro nia em Manuel Bandeira. 0 t exto p r o d u z i d o s obre a ironia e a e s t r u t u r a colo qui al na p o é t i c a de B a n d e i r a ala rga o interesse p e l o m u n d o do risível; assim, da ironia ao riso, um salto. E o riso m o t i v a o r e e n c o n t r o com M i llôr F e rnandes, nome s u r g i d o dura nte um a c o n v e r s a com a P r o f e s s o r a Teli A n c o n a Lopes. Da suge s t ã o à aceitação, a c e n a s um passo. Cumpria- se, d essa forma, o d e s e j o anti go de e s c o l h e r auto r cuja obra não t i v e s ­ se a f o r t u n a c r í t i c a já bem e s t r u turada, o que não trar ia m a i o r e s c o n t r i b u t o s par a o estudo, mas que, em con t r a p a r t i d a , p o s s i b i l i t a ­ ria e x p l o r a r t e r r i t ó r i o ainda n ã o c o m p l e t a m e n t e mapeado. No f a s c í ­

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nio româ nti co pelo origin al e na ânsia "desbrav ador a", ficou e s q u e ­ cida a adv e r t ê n c i a h o r a c i a n a de tomar "ass unt o igual às forças"!.

Ambi ç ã o g r a n d e (e p e q u e n a s p o s s e s >, m a s . Pri me iro, in­ vestim os numa o b r a c u j a linha de força é o hum orismo. C r i a ç ã o da modernidade, o "hu mo r" a in da não es tá s u f i c i e n t e m e n t e s i s t e m a t i z a ­ do, pois de um lado p r o c e d e da " c o r riqueira p r o b l e m á t i c a c o t i d i a - na"^, menos visível por esta r mais próxima; e de o u tro lado, ligada à ilusão refe rencial, sua t e m p o r a l i d a d e é mais passage ira. Segundo, e s colhemos um a utor da época presente. Há e n tr e os c r í t i c o s uma c erta res erv a em lidar com te xtos de autor es da atua lid ad e; p r u d ê n ­ cia co mpr een sív el não só pela c a u t e l a de julg a r c o i s a s p a r a as quais falta a p e r s p e c t i v a his tórica, mas tamb é m p e l a i n s u f i c i ê n c i a de estu dos e m a t e r i a i s de a n á l i s e s mais profundos.

A leitura da obra p u b l i c a d a em livros de M i l l ô r F e r n a n ­ des^ ag uça a r e f l e x ã o so bre o riso e a li teratura; p o r é m s u r g e e age sor rateira a duvida, que se faz "peti ção de m a i s c e r t e z a " 4 . Em decorrência, c o m e ç a o a s s é d i o de perg u n t a s que e x i g e m r e s p o s t a s cl ara s e imediatas. Daí a u r g ê n c i a de a m p l i a r e d i l a t a r os e s t u d o s teóri cos sobre o u n i v e r s o do riso na lite r a t u r a e a s sim c h e g a m o s ao c ômi c o e à sátira, a l é m do "humor".

Diante da d i v e r s i d a d e do risível, o ideal seria, c o n f o r m e G uim a r ã e s Rosa, a r r a n j a r em "catego rias ", ou p e l o meno s que "se tenta sse qual que r razoável c l a s s i f i c a ç ã o " das m a n i f e s t a ç õ e s do riso na literatura, as quais, na c a r ê n c i a de um "n om e apropr iad o, perdo e ta lvez cham a r - s e de"^: m odos e form as do risível^.

Abor d a r o d i s c u r s o do risível em M i l l ô r Fernandes, - sob as p e r s p e c t i v a s do cômico, do satír ico , além do "humor" -, n ão

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im-plica, nec essar i a m e n t e , c o n s i d e r a r a leitura de M i l l ô r F e r n a n d e s possível apen as sob tais prismas. E s s a prop o s t a não invalida o u t r a s e a d i v i s ã o t r i p a r t i d a dos modos tem um certo sabor di dático. T a m ­ bém, a s e p a r a ç ã o não intenta a c o m p l e t a a l teridad e dos mesmos, pois entre e l e s há v á rios pont o s de i d e n t i d a d e além do riso. No d e s a f i o de repe n s a r a que stã o do riso e suas rela ç õ e s com o cômico, o s a t í ­ rico e o "humor", va mos inverter o hab itual c a m inho crítico, indo, a contr ape lo, do riso (a conv e r g ê n c i a ) aos modos <a t r í p l i c e d i v e r ­ gência), b u s c a n d o nos risos (do cômico, do s a t í r i c o e do "humor") aq uilo que os s e para (diversidade) e na d i v e r s i d a d e dos m o d o s sua possível unidade.

é preciso, antes, situ ar o p r o c e d i m e n t o a d o t a d o s o b r e os m odos nas te orias de que ele se p r e t e n d e tributário. R e g i s t r a - s e aqui o d é b i t o à "teoria dos modos", s e g u n d o Frye (ainda que b a s t a n ­ te adaptada), à c o n c e i t u a ç ã o de " d i s t a n c i a m e n t o " e n c o n t r a d a em A n ­ dré J o l l ê s 7 e, sobretudo, o débi t o à t r a d i ç ã o a r i s t o t é l i c a ao c o n ­ s i d e r a r m o s o risível c i r c u n s c r i t o à rea lidade. Assim, o m u n d o do risível em Mill ô r F e r n a n d e s eixa - s e em três m odo s ( d i s p o s i ç ã o o p e ­ r a t ó r i a que o b j e t i v a ser, antes de tudo, h i p ó t e s e de tr abalho) f u n ­ d a m e n t a i s de o poet a r e l a c i o n a r - s e c o m a realidade, ao r e p r e s e n t á - la art i s t i c a m e n t e . 0 "modo" diE r e s p e i t o à r e l a ç ã o de e s s e n c i a l i d a ­ de do a r t i s t a com o mundo, ati tud e que se repr o d u z em grau de c u m ­ p l i c i d a d e no p r o c e s s o "recria dor " da leitura. 0 m o d o c ô m i c o p l a s m a - se no d i s t a n c i a m e n t o e q u i l i b r a d o e n t r e o "eu" da e s c r i t u r a e o o b ­ jeto ri sível - o m undo d i v e r t i d a m e n t e às a v e s s a s -, m o t i v a n d o o r i ­ so de p r a z e r no gozo de algum a c o i s a ou a l g u é m que no fundo "é i n ­ ferior a n ó s ”. 0 s a t í r i c o funda-se na r e l a ç ã o a m b í g u a de r è p u l s a e

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de atraç ão do "eu" c o m o obje t o da zombaria - o m undo p e r v e r t i d a - ment e às avessas - "que se r e p r e e n d e ou se repr o v a e que nos é e s ­ tranho"®. Ri mos c o n t r a al guma c o i s a ou cont r a alguém, no e n v o l v i ­ m ento da ati tude ju dicativa: é o riso de exclusão. 0 "humor", o ú l ­ timo modo, c o r r e s p o n d e a uma c e r t a rup tur a da d i s t â n c i a c r í t i c a p e ­ lo e n v o l v i m e n t o e m o c i o n a l de s o l i d a r i e d a d e - com o m u n d o t r i s t e m e n ­ te às avessas -, p r o v o c a n d o o riso que "ri de si mesm o" ante s de rir de "alguma c o i s a ou alguém". Ao se d e ter na lei tura de c a d a um dos modos do n ã o - s é r i o ^ (o cômico, o s a t í r i c o e o "humor"), este trabalho se o r g a n i z a em três ensaios, ter mo aqui a p l i c a d o em seu s e n tido original de pos s i b i l i d a d e , de t e n t a t i v a incompleta. A essa leitura pre ce de r e f l e x õ e s t e ó r i c a s sob re a ob ra de arte do riso e do risível, e a ela s u c e d e um e n s a i o final s o b r e o " h u m o r i s m o b r a ­ sileiro" de Mil lô r Fer nandes.

Não h e s i t a m o s em r e a f i r m a r o c a r á t e r de o p e r a c i o n a l i d a d e e expe r i ê n c i a de l e i t u r a nest e s m o d o s de r e l a c i o n a m e n t o do poeta com o mu ndo do risí vel . C o n s t r u í m o s n osso c a m p o de investig açã o: primeiro, indo alé m das fro n t e i r a s est a b e l e c i d a s , pela t r a d i ç ã o e s ­ tética, entre “g r a n d e s " textos e "pe q u e n o s " textos, na o pção pelo c o rput da pesquisa; depois, r e p e n s a n d o a l g u m a s teor ias sob re os m o ­ dos do risível e r e o r g a n i z a n d o - a s num qu adro t e ó r i c o compa tív el com a e x p e r i ê n c i a da leitura. Ássim, a h i p ó t e s e inicial de t r a b a l h o afir m a - s e numa r e f l e x ã o teó rica o p e r a t ó r i a do risível no d i s c u r s o de M i llôr Fer nandes, p a r t i n d o do r i s o e suas e s p e c i f i c i d a d e * no c ô ­ mico, no satí r i c o e no "humor".

Algun s a s p e c t o s de t e o r i a lite r á r i a m e r e c e m e s c l a r e c i m e n ­ tos, como a c o n c e i t u a ç ã o do riso, o perfil dos m odos e a rela ç ã o de

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cada m o d o com as formas do n ã o - s é r i o m a n i f e s t a s no d i s c u r s o de Millôr. E s t e s e os t ó p i c o s rel ativ os à s i s t e m a t i z a ç ã o e ntre o c o n ­ teúdo t e ó r i c o e a a b o r d a g e m dos tex tos s e r ã o e l u c i d a d o s nas u n i d a ­ des d e d i c a d a s ao e m b a s a m e n t o teó rico © à m e t o d o l o g i a de trabalho.

Insistimos: a proposta de t r a b a l h o aqui a p r e s e n t a d a é a me dida de n o s s a vista, não n e c e s s a r i a m e n t e a medi da das coisas, e se t i v é s s e m o s que a a f e i ç o a r de novo, t a l v e z a leitura se e f e t u a s s e de uma m a n e i r a diversa. Mas a jo rnada finda indicia a escolha: e s ­ crever a g o r a ou n u n c a mais. E o t r a b a l h o marca a o p ç ã o que se fez necessária.

Por último, mas não me no s importante, a p o n t a m o s a l g u n s o b s t á c u l o s de percurso-, de inicio, os de comp ree nsão , d e t e r m i n a d o s pelas d i f i c u l d a d e s de arti c u l a r c o e r e n t e m e n t e as m ú l t i p l a s t e o rias fi los óficas e e s t é t i c a s sobr e o riso e o d i s c u r s o l i t e r á r i o do r i ­ sível; na seq üê nc ia, os de escolha e c o m p o s i ç ã o a n a l í t i c a dos t e x ­ tos; e a seguir, a d i f i c u l d a d e maior: a escritura. Esta, e x c e s s i v a ­ mente lenta, e x i g e um t r a b a l h o e x a u s t i v o de sem anas na p r o d u ç ã o de umas p o u c a s linhas. No ato da es critura, interferem as c o r r e ç õ e s do estilo, as su pressões, os a c r é s c i m o s e as c o n s t a n t e s ref o r m u l a ç õ e s . Toda uma longa e difícil jornada c u j o preço, alto em demasia, foi um v e r d a d e i r o "ad eus à vida". Vamo s e s p e r a r que tudo tenha v a l i d o a pena: tant o "as p e n a s ” c o m o "as recom pen s a s " ^ ® .

C o n f i o esté t r a b a l h o aos t r i s t e s que b u s c a m d e c i f r a r o e s f í n g i c o risível, p o i s os q u e s t i o n a m e n t o s e as r e f l e x õ e s aqui a p r e s e n t a d o s sé p r o p õ e m como um d i s c u r s o sobre o n ã o - s é r i o e se frustram à m e d i d a que p r o d u z e m um d i s c u r s o sério.

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NOTAS DXVER8A8

se a a d v e r t ê n c i a de H o r á c i o sobr e a arte de escre ver in e Epístolas:

"Vós outr o s que escreveis, tomai assu n t o Igual às forças, medit ar de espa ço

0 peso com que vosso s omb r o s podem. 0 que e s c o l h e r p r o p o r c i o n a d o a ss un to E l e g â n c i a terá, cla reza e ordem."

^Cf. ROSA, João Guimarã es. Nós, os temulent méia (Te rceir as Es tórias). Rio de Janeiro-. Editora, 3a. edição, 1969, p .101.

3 As p a l a v r a s n e c e s s á r i a s ind icarão os texto s

livro) c o m p r o b a t ó r i o s da ess e i d a d e de cada fronteira.

4Cf. ROSA, João Guim a r ã e s . So bre a Escova m a D ü v i d a in p r e f á c i o à Tu ta m é i a (Te rce iras Estór ias ). Ri o de Janeiro: L i v r a r i a José Olym- pio Editora, 3a. edição, 1969, p . 149.

^ N e s t e parágrafo, a s s i n a l a m - s e as incursõ es p r e d a t ó r i a s ao p rim e i r o p r e f á c i o de T u t a m é i a na p i l h a g e m de e x p r e s s õ e s rosianas, aqui "ser v i n d o a o u t r o e m p r e g o ”, dife r e n t e e vizinho. Cf. A l e t r i a é. os in p r e f á c i o à Tuta- L i v r a r i a José O l y m p i o (obras p u b l i c a d a s em m o d o e òs tex tos de *Con fir a- Sátiras

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9

H « r m « n 6 u t ica in p r e f á c i o à Tutamé ia ( T e r c e i r a s Estórias). Rio de Janeiro: L i y r a r i a José O l y mpio Editora, 3a. e d i ç ã o , 1969, p . 3.

60 modo não é apena s uma c l a s s i f i c a ç ã o gené rica , mas uma m a n e i r a de ser do discurso, a s i n g u l a r i d a d e que e s p e l h a a relação do a r t i s t a com o mundo. Cada um dos " m o d o s “, o cômico, o s atír ic o e o " h u ­ mor", e x p r e s s a a o r g a n i z a ç ã o de um mater ial oriundo da e x p e r i ê n c i a a rtística do m u n d o exterior, sendo uma t é c n i c a de agr upa r e l e m e n ­ tos, e v i d e n c i a r intencional idades e i n s t r u m e n t a l i z a r o discurso.

^ Com o m a t i z a d o r e s dos modos, buscamo s inspiração, primeiro, na t e o ­ ria c r í t i c a de Frye, f az en do c o r r e s p o n d e r "modo" ao p r i n c í p i o o»— denado r do discurso; depois, em An dré Jolles, ao a s s o ciarmos " d i s ­ p o s ição me ntal" à p o s t u r a ( d i s t a n c i a m e n t o ou adesão) do s u j e i t o

(autor/l eit or) em r e l a ç ã o ao ob jeto (tèxto), e ao a d a p t a r m o s a " dis tân ci a" como m o d a l izadora desta relação. Cf. FRYE, Northrop. A n a t o m i a da Crítica. São Paulo: E d i t o r a Cultrix, 1973 e JOLLES, André. F o r m a s Simples. São Paulo-. E d i t o r a Cultrix, 1976.

®JOLLES, André. F o r m a s Simples. São Paulo: E d i t o r a Cultrix, 1976, P .211.

^ J u l g a m o s n e c e s s á r i o fazer um ”mise au p o i n t " para d izer algumas p a l a v r a s s o b r e o uso da expr e s s ã o " n ã o - s é r i o " , e v i t a n d o todo e qu alqu er mal - e n t e n d i d o . A esco l h a foi f eita p o rque julgamos ser o t ermo mais a d e q u a d o para designar, a nível de eq uiv alên cia , o u n i ­ v erso l i t e r á r i o do risível. A opção por "b aixo" ou “inferior" não

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" r i s í v e l ".

^ S e g u n d o Plínio. 0 Moço, D e m ó c r i t o p r i v i l e g i a v a d uas divi n d a d e s : "a pen a" e "a r e c o m p e n s a " . Cf. D E M Ó C R I T O Y LU CIPO. D o c t r i n a s Filo - s o f i c a s - R « f l t x i o n e t Mor al« *. S a n t i a g o dei Chile: E d i c i o n e s E s c i l - la, 1938, p . 138.

(18)

fV*

A S

(19)

"p >~eciso é ter paciência. P rccíso é ter c iênc ia Preciso e ter ausência

sutileza, tato, amor, qucrência

P reciso

é ter demênc ia

(20)

ê

Q Este capí t u l o é o limiar da le itura dos " t e x t o s - l e i t u r a ” • em Mi llôr Fernandes. Portant o, o que nele se vai ler, em sua essên-

A cia, são as linhas g e r a i s da pesquisa*, as b a l i z a s da inve s t i g a ç ã o W e a m e t o d o l o g i a da abo rdagem. Resumindo: a a p r e s e n t a ç ã o do pr ojeto

com as e x p l i c a ç õ e s dos -Fundamentos t e ó r i c o s e dos p r o c e d i m e n t o s

£ adotados.

^ Se o título d e s t e es tudo gu arda util idad e, n e l e afi r m a m o s a a t r í p l i c e leitura - na v isão ensaística. do cômico, do s a t í r i c o e ^ do "humor" - da obra p u b l i c a d a em livros de M i l l ô r Fe rnandes^. A s s i n a l a m o s o o b s t á c u l o inicial de o p e r a r um prog r a m a £ teór i c o c a p a z de atender tão considerável u n i v e r s o de trabalho, que ™ abarca v á r i o s cam pos de integração, e n v o l v e n d o a p o é t i c a e a retó-A rica dos g ê n e r o s e das formas li terárias do risível. No início da w jornada, o l v i d a m o s as a n t i g a s a d v e r t ê n c i a s - sobr e a i m p o n d e r a b i 1 i-_ dade, a i nce rteza e os acid e n t e s de um p e r c u r s o a b r a n g e n t e - ex-0 pres s a s n o pro vérbio, "qu em muito enfeixa, p o u c o ata". ^ D essa maneira, a a b r a n g ê n c i a t e ó r i c a e o c o n seqü ente Á a l a r g a m e n t o da leitura m o t i v a m c o n f l i t o s div ers os. 0 p r i m e i r o diz W r e s p e i t o à c o n f i g u r a ç ã o do "modo" que s e ^ d i s t i n g u e por ser um con-•

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junto de ele men tos retóricos, t e m á t i c o s e estilísticos, o r g a n i z a d o s pela escr i t u r a e c o n f i r m a d o s na leitura, comp o r t a n d o um n ú c l e o de e l e m e n t o s p r e d o m i n a n t e s e o u t r o « peri fér icos . A e s s ê n c i a de c a d a modo r e p o u s a na a r m a ç ã o de seus e l e m e n t o s pec u l i a r e s c a p a z e s de c o n d u z i r o leitor ao a l i c i a m e n t o no p r o c e s s o de i d e n t i f i c a ç ã o do mo do e à c o m u n h ã o e s t é t i c a com o autor. 0 modo funda- se na c o r r e s ­ p o n d ê n c i a da int enção c ria t i v a inicial e na leitura i n t e r p r e t a t i v a

f i n a l . 3 Cada discurso, do cômico, do s a t í r i c o e do "humor", n o sei o da h o m o g e n e i d a d e do risível, pode r e o r d e n a r os e l e m e n t o s de sua e s ­ sê nci a em modos e formas diversos. Se gundo, a fortuna s obre o c ô m i ­ co, o satí r i c o e o "humor" é u n â n i m e em evid e n c i a r a a u s ê n c i a de formas e s p e c í f i c a s a cada um deles, o que nos d i f i c u l t a dese n h a r , solitariamen te, o perfil dos modos, uma vez que os m e s m o s se o r g a ­ n i zam num si ste ma c o m b i n a t ó r i o a p r e e n s í v e l mais pela a n á l i s e r e t ó ­ rica e temática, meno s pela possível e s p e c i f i c i d a d e de suas formas. Terceiro, na t r í p l i c e visão dos modos, há um p r o c e d i m e n t o d i d á t i c o de for te c ar ga sub jetiva. Aqui ta lvez, a maior incomodidade. O u t r o e m b a r a ç o pode a c r e s c e n t a r - s e aos a n t e r i o r e s à medi da que c a d a um dos m o d o s se a r t i c u l a com a h i s t ó r i a ideo l ó g i c a e p o l í t i c a da s o ­ c ied a d e que c o n t e x t u a i i z a a obr a lit erá ria . A cultura, em s u a s m o ­ d i f i c a ç õ e s temporais, a b r anda e a t é n e u t r a l i z a a in vec t iva de c e r ­ tos textos, c i r c u n s c r e v e n d o - o t a um c e r t o r e l a t i v i s m o h i stórico. Assim, o leitor pode sentir, e v e n t u a l m e n t e , alg uma d i f i c u l d a d e de c o n t e x t u a i izá-los, qua ndo são t e m a t i z a d o s assuntos e s q u e c i d o s ou p ouc o conhecidos.

Posto isso, o que d e v e m o s reter, por enquanto, no r e c o ­ n h e c i m e n t o das TJificuldades do n o s s o projeto, é a c o m p l e x i d a d e p e ­

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rigo sa da taref a d e m a r c a t ó r i a das vari a n t e s l i t e r á r i a s do risível, de e n t r e l i m i t e s d i f í c e i s de serem a vistados plen a m e n t e , e a u l t e ­ rior a c e i t a ç ã o de c e r t a o p a c i d a d e no e s t a b e l e c i m e n t o das ba lizas entre o cômico, o s a t í r i c o e o ‘‘humor". Assim, no inte r i o r de ssa matéria, i n s c r e v e m - s e a l g u m a s abor d a g e n s plausíveis-, p o r uma delas, as p a r t i ç õ e s são i d e n t i f i c a d a s só a partir das m ú t u a s disc o r d â n - cias; pela outra, il umina-se, primeiro, o d o m ínio c o m u m des sas d i ­ visões, enfatiza n d o - s e , depois, as relações de h e t e r o g e n e i d a d e ; e, por último, t r a b a l h a - s e s i m u l t a n e a m e n t e com as i d e n t i d a d e s e as al- teridades.

Ape sar do a p o r t e difere nci ado , essas p o s t u r a s m a n t ê m la­ ços estreitos. S a b e - s e que o "preciso desen ho" de c a d a modo d e p e n ­ de, em larga medida, do s p r o c e s s o s de joe irar e p r i o r i z a r , p a s s í ­ veis de sere m m a n i p u l a d o s ^ pelo pesquisador; i n v e r s amente, sente- se que os d i s c u r s o s do risív el e s t a b e l e c e m v i n c u l a ç õ e s de " r i v a l i d a ­ de", que não excluem, contudo, as de "cumplic ida de".

Com a m a n e i r a t r i p l i c a d a de i n s t r u m e n t a l i z a r a le itura em Millôr, c h e g a m o s não à m e d i d a única ou ao cânon per f e i t o , mas, à med ida pra ticá vel , é a n o s s a esperança.

Has já é t e m p o de a r t i c u l a r m o s os f u n d a m e n t o s do t r a b a ­ lho.

P e r g u n t a r á o leitor: qual é o o b j e t i v o ? R e s p ondemos. 0 resu l t a d o da p e s q u i s a será a p r o d u ç ã o de um t ext o a n a l í t i c o que p r o b l e m a t i z a o t exto pr imeiro, l e v antando h i p ó t e s e s e indagações. 0

f

i n stigante de n o s s a t a r e f a não é o seu resultado, o t exto com as h i p ó t e s e s confirmadas, r e f u t a d a s ou deixadas em aberto. A sua im­ p o r t â n c i a m aior r e p o u s a (con f o r m e o n o sso desejo) nas a t i v i d a d e s de

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percurso: as r e f l e x õ e s paralelas, as c o n s t a n t e s ind agações e, acima disso, as d i g ressões, todas pequenas v e r e d a s e apar e n t e s desvios com os quais e s p e r a m o s fortalecer a pesq uis a. Implica, ainda, a c e i ­ te de o u t r o s desafios-, o de produzir um t exto stfrio sobre outro

n S o - s é r i o e a r e c r i a ç ã o de uma " t e o r i a ” a p a r t i r de f ragm en tos de outr a s teorias. 0 que, fatalmente, nos p r i v a r á da "est ima dos p r u ­ dent es" p e l a possí v e l ousad ia da ab ordagem, e da "adm i r a ç ã o dos im ­ p r u d e n t e s ”, p e l a c a r ê n c i a de si ngularidade. Z a r p a m o s para "onde os ou tro s fogem, m a n t e n d o firme a rota e firme o t i m ã o rumo ao perigo,

imune ao m e d o ”^.

A n t e s de a t ingirmos o o b j e t i v o - r e s u l t a d o , a e s critu ra da leitura, há que se definir o o b j e t i v o - m e i o , ou seja, a ela boração

co nceituai do s modos, a m e t odologia pro c e s s u a l da leitu ra e a s e l e ­ ção dos t e x t o s n u c l e a r e s e per i f é r i c o s de c a d a modo.

P a r a p r e c i s a r a b i n a r i e d a d e -. s é r i o x n S o - s é r i o e as r e l a ­ ções de r u p t u r a da não seriedade, v amos r e c o r r e r à c l á s s i c a imagem da c i r c u n f e r ê n c i a , que inscreve um cí rc ulo*, c u j o s e m i - c í r c u l o s u ­ perio r (a v a l o r i z a ç ã o do alto?) e x p r e s s a o c a m p o a p o l í n i c o do p r i ­ m e i r o e o i n f e r i o r (d esvalorização do b a i xo? ) a g r e g a as vari antes d i o n í s i c a s do último.

0 lanç a r mão de figuras g e o m é t r i c a s para tal ativid ade não é um r e c u r s o g r a t u i t o e tam pouco o b j e t i v a impr imir ao trabalho qualqu er c u n h o científ ico . Interessa-nos, p e l o con trár io, facilitar a c o m p r e e n s ã o d a q u i l o que se pr etende d e m o n s t r a r com a teoria.

E agora, após essa pe q uena d i g ressão, reto m e m o s o fio das c o n s i d e r a ç õ e s que e s t á v a m o s a formular: no c e n t r o do sem i - c í r c u l o inferior que e m b l e m a o t e r ritório da n ã o - s e r i e d a d e , fundam os a fi­

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Í7

gura de um t r i â n g u l o maior (isósceles), ins íg nia do cômico, lade a d o por doi s ou tros tr iâng ulos (o s a t í r i c o e o "humor") c o m p l e m e n t a r e s e menores, os quais pod em ser c o n s i d e r a d o s tanto um p r o l o n g a m e n t o quanto uma rupt ura com o primeiro. De imediato, essa s i m b o l i z a ç ã o g e o m é t r i c a sugere uma indagação-, a l g u m dess e s es pa ços (os t r i â n g u ­

los ins crit os) é mais d e t e r m i n a n t e que OS'd e m a i s ? As m a n i f e s t a ç õ e s teóricas sobre o tema não nos h a b i l i t a m a dar uma resp o s t a prec isa . Há v á rias atitud es possíveis. A n o s s a e x p e r i ê n c i a de leitura t e ó r i ­ ca, t o d a v i a nos c o nduz à imagem g e o m é t r i c a desc r i t a na qual se e v i ­ denci a a p r e d o m i n â n c i a do cômico, até p o rque é na quebra do d i s t a n ­ c i a m e n t o do "rir de" que s u rgem o a g r e s s i v o e n v o l v i m e n t o s a t í r i c o do “rir contr a" e o c úmp l i c e humor do "rir c o m ”. Assim, o riso s e ­ ria c o m o uma es pécie de ba ri cent ro, formado pelos três â n g u l o s dos t r i â n g u l o s inscritos, o ponto v é l i c o d ess a con vergência. A c a u t e l o ­ sa r e s p o s t a seria adm it ir que r e n u n ciamos, n esse campo, a q u a i s q u e r a l i n h a m e n t o te órico e at itude dogmática, para e x p r e s s a r m o s a p e n a s uma o r d e n a ç ã o de leitura. Assim, fund a m o s a leitura, num a r e f l e x ã o que p r i v i l e g i a as u n i d a d e s de a l t e r i d a d e de cada modo e r e l e g a n d o a uma qua se penu m b r a as zonas de i d e n t i d a d e . ^

0 ponto de par tid a da t e o r i z a ç ã o é a obra de Hill ô r F e r ­ nandes. A sua le itura levanta p r o b l e m a s e a solução dos m e s m o s d e ­ pende de um h o r i z o n t e teórico a p r o p r i a d o a asse ntar os f u n d a m e n t o s r e g e d o r e s de cad a modo. Isso p o r q u e a nos sa prop o s t a de l e i tura passa, primeir a m e n t e , pela t r i p a r t i c ã o do risível. A indi c a ç ã o do s p r i n c í p i o s t e ó r i c o s capaz es de v i a b i l i z a r o trípli ce a r r a n j o dos tex tos p e r m i t e arq u i t e t a r um modelo, com a função precípua de n o r ­ tear a leitura do corpuft da pesq u i s a . O termo "modelo", c ujo u s o

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am plo tende a d e s v i r t u a r o seu car áte r - mas que a i nda indicia, confor me U m b e r t o Eco, "uma linha de d i s c u r s o e uma d e c i s ã o m e t o d o ­

lógica"® - é aqui a p r o v e i t a d o na d i m e n s ã o ope r a c i o n a l de estar a se rviço de uma h i p ó t e s e teórica. Assim sendo, a s s u m i m o s o seu s e n ­ tido de guia de pro c e d i m e n t o s , se qüê ncia de o p e r a ç õ e s p r é - o r d e n a d a s de ntr o do q u a d r o t e ó r i c o que objetiva, pr imeiro, c i r c u n s c r e v e r os eleme n tos c o m p o s i c i o n a i s do texto lite rário do risível, p r o c e d i m e n ­ to a ser feito n a u n i d a d e "As Palavras n e c e s s á r i a s ” para, a seguir,

d escrever a o r g a n i z a ç ã o de ss es el ementos em c a d a m o d o e, por ú l t i ­ mo, c omprovar a v a l i d a d e do me smo at ra vés da lei tur a de tex tos re- p r e s e n t a t i v o s do cômico, do satírico e do "hum or" em Mill ô r F e r n a n ­ des.

Em se t r a t a n d o de uma obra literária, a g r a n d e d i f i c u l d a ­ de diz resp e i t o à sua pr ópria nature za e às m ú l t i p l a s leituras, d i ­ versa s e válidas, que ela e n s e j a . 9

Mas c o m o n a d a surge sem raiz, c u m p re-nos, d e s d e logo, r e ­ cuar um p ou co e a b r i r esp aç o para algu mas p o s i ç õ e s . e c o n s i d e r a ç õ e s sobre a e s p e c i f i c i d a d e da obra de art e .*® S i m u l t a n e a m e n t e p r o c e s s o e produção, e l a en volve, no seu fazer** a r t ístico, uma o p e r a ç ã o comple xa pela qual o a r t i s t a esc olh e uma das m ú l t i p l a s p o s s i b i l i d a ­ des que a r e f e r e n c i a l id ade lhe oferece, - dela se apropri a, a t r avés de sua p e r c e p ç ã o do mundo, de seus c o n h e c i m e n t o s e de suas v i v ê n ­ cias - e c r i a * ^ p o e t i c a m e n t e uma outra r e a l i d a d e (a obra de arte) com sua n a t u r e z a de c o m u n i c a ç ã o *3 Nout ra e t a p a p o s t e r i o r e c o m p l e ­

me ntar à p rimeira, o leitor <o ou tro sujeito) , a quem se d i r e c i o n a a obra, dela faz a m a t é r i a - p r i m a de sua r e f l e x ã o (intelectual e afetiva) e, port a n t o , inicia uma outr a ãtividade- "re c r i a d o r a " (a

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í 9

leitura), a nalógica à p r o d u t i v a A lei tura é uma a t i v i d a d e compl e x a à m e d i d a que repro duz a o b r a at ravés dos atos de i n t e r p r e t á - l a e a v a l i á - l a em busca de seu s e n t i d o ou sua sig nifi ca ção. De inicio, e s t a m o s frente à p o l a r i z a ç ã o entr e a leitu ra como r e c r i a ç ã o na c o i n c i d ê n c i a autor/le ito r, e a leitura c omo t r a d u ç ã o a r b i t r á r i a da o b r a de arte. Apesar de admitirm os, na ob ra de arte em geral, a p o s s i b i l i d a d e de m ú l t i p l a s i n t e r p r e t a ç õ e s e n e n huma def i n i t i v a ; no c a s o especial da obra de ar te do risível, o car át er de p o s s i b i l i d a ­ des de leitura fica limitado, pois r e p o u s a a sua " e x e c u ç ã o " na c o i n c i d ê n c i a ideoló gic a e na i d entida de final entre d e s t i n a d o r e d e s t i n a t á r i o . * ^ Mas o p r o c e s s o pode ir mais alem, q u a n d o a i n t e r ­ p r e t a ç ã o se faz também e s critura, d e t e r m i n a n d o um n o v o c i r c u i t o d e s s e p r o c e d i m e n t o . Há, ainda, um outr o a s p e c t o a ser c o n s iderado, p o i s esse tra je to depende da e s t r e i t a r e l a ç ã o e nt re a lei t u r a da o b r a de arte (criar e r e c r i a r / p r o d u z i r e re pro duz ir) e a s o c i e d a d e que a prefigura, c o n f i g u r a e c o n t e x t u a i i z a . O p e r a - s e assim, por um c u r i o s o paradoxo, uma permu ta, pois a s o c i e d a d e t a m b é m s o f r e a in­ f l u ê n c i a da obra a r t í s t i c a que ela enformou.

Embora a c r i a ç ã o e a r e c r i a ç ã o p a r t i c i p e m de c ó d i g o s c o ­ muns, as marc as c u l t u r a i s e r e ferenciais, ess es não i m p e d e m que a r e c r i a ç ã o pos s i b i l i t e r u p t u r a s co m a obra de arte e n e l a instaure a sua p o l i s s e m i a s i g n i f i c a t i v a ou, como diz Iuri L o t m a n "o aume n t o das p o s s i b i l i d a d e s de e s c o l h a " * ^

Val e lembrar que n e s s e quadr o teórico, o t e x t o 16 do r i s í ­ vel te m al guma s p a r t i c u l a r i d a d e s : ele é prod u t o de um a t r a d i ç ã o c u l t u r a l e li ter ária e de um c o n t e x t o social que a ele pr ee xistem, co m os quais convi ve e quase s e m p r e lhe so brevivem. Resu m i n d o , esse

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texto d a t a d o ten de à vida breve, um a da s razões p elas quais s e m p r e foi c o l o c a d o no qua dro marginal das m a n i f e s t a ç õ e s a r t í s t i c a s " m e n o ­ res". Por um lado, a sua tes situra a p r e s e n t a i n d elev elmente i m p r e s ­ sas as m a r c a s subjetivas, das i d i o s s i n c r a s i a s do e s c r i t o r ^ (d esti- n a d o r / n a r r a d o r ) e do h o rizonte de e x p e c t a t i v a s * ® dos p r o v á v e i s l e i ­ tores ( d e s t i n a t á r i o s / n a r r a t á r i o s ), e as o bje t i v a s da r e f e r e n c i a l i - dade c ultural. Por o utr o lado, é e x a t a m e n t e essa m a r ca r eferen cia l

(tempo e esp aço) c o m p a r t i l h a d a no t e x t o que reduz, de partida, a g r ande m a r g e m de Va ri a ç ã o i n t e r p r e t a t i v a da obra de arte em geral, t r a z e n d o p a r a a leitu ra deses text os um a i n t e r - c o m p r e e n s ã o já d i r i ­ gida (e b e m mais acentuada) com a esc r i t u r a . De uma ma neira e s t r a ­ nha, é e x a t a m e n t e essa marca r e f erencial que deter min a, também, a vida b r e v e de a l g u m a s formas l i t e r á r i a s do risível. A c r e d i t a m o s não ser n e c e s s á r i o cita r ex emp los da qu ase i l e g i b i l i d a d e das sáti r a s de Juvenal e M a r c i a l , entre outr os s a t í r i c o s da Antigu ida de, s a l v o quando a t i n g e m p r o b l e m a s intemporais da n a t u r e z a humana.

C o i n c i d e n t e com esse p o s i c i o n a m e n t o c o n ceptual da arte e, em p a r t i c u l a r , com o da n S o - s s r i s d a d e , c o n c e b e m o s a obra lite r á r i a de M i l l ô r F e r n a n d e s como "texto" que se e x t e r i o r i z a em v a r i a n t e s m o dais e de for ma s li terárias d i v e r s a s e cuja t e x t u r a se impregna de um jogo com ple xo, às vezes eni g m á t i c o , de intr ate xtua i i d a d e , de i n t e r t e x t u a l i d a d e , e, sobretudo, de c o n t e x t u a i idade co m a soci e d a d e que lhe dá o r i g e m e com a qual dial og a. As d i f e r e n ç a s m o dais se p r o c e s s a m n u m jogo de identidades, d e e n c o n t r o e r e c o n h e c i m e n t o de

inte nci ona l i d a d e s , n o diálo go da e s c r i t u r a - l e i t u r a .

Assim, o traç o indelével que fu nda o m o d e l o por nós p r o ­ p ost o tem por e s c u d o o "pacto de c o m u n i c a ç ã o " e n t r e e s c r i t o r / e s c r i ­

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2 í

tura e le ito r/leitura, o qual se p r o c e s s a na r e l a ç ã o biun í v o c a g e ­ rada no texto e pelo texto. A t r a v é s dela, o leitor se faz c ú m p l i c e do e s c r i t o r (ou vic e-v ersa), num d i á l o g o (r et órico e h e r m e n ê u t i ­ co)^ ® c o m o um v a ivém no qual se a l t e r n a m p r o d u ç ã o b r e c e p ç ã o / ^

As p a l a v r a s "pacto" e "cu m p l i c i d a d e " são v ocábulos de forte c a r g a afetiva, mas, ainda assim, b a s t a n t e si gni ficativos. P a ­ ra e s c a p a r às g e n e r a l i z a ç õ e s p e r i g o s a s fundam os o s i g n i f i c a d o do p acto como o r e c o n h e c i m e n t o no ato de ler, o e n c o n t r o de i d e n t i d a ­ des e a reab s o r ç ã o de con tra diçõ es. Ele cria a c u m p l i c i d a d e que se ativa no r e c o n h e c i m e n t o de i n t e n c i o n a l i d a d e s e p r oduz a c o m u n h ã o de e s c r i t o r e leitor. Mas como dar feição c o n c r e t a a este traço de identidade: l e i t o r / e s c r i t o r ? P a r a nós, a c o n c r e t u d e do p a cto se r e a liza no texto e seu paratexto, em sua função de e s t a b e l e c e r a i n t e r l o c u ç ã o do t e x t o - e s c r i t u r a ao t e x t o - l e i t u r a . Do leitor e x ige- se o a b a n d o n o da zona estéril da p a s s i v i d a d e do "olhar", para a f u n ­ d ar- s e na zona fértil e c ria t i v a do "ver". Olh ar não basta, o b a s ­ tante é ver.

Em face disso, v o l t a m o s a afir m a r que a n ossa leitura se p r o c e s s a num m o v i m e n t o dia lético, primeiro, do impulso c e n t r í f u g o pelo qual, após a p r i m e i r a leitura, nos d i s t a n c i a m o s do texto par a r e c o n s t i t u í - 1 o , i d e n t i f i c a n d o posturas. A seguir, o m o v i m e n t o c e n ­ tríp e t o de r e a p r o x i m a ç ã o a n a l í t i c a com o texto em b us ca de e l e m e n ­ tos da e s s e i d a d e de c a d a modo e, um p ouco além, para novas e r e i t e ­ rada s leitu ras de textuai i d a d e , as quais g er am o u t r a s i n t e r p r e t a ­ ções, ago ra em nível de o r g a n i z a ç ã o textual do cômico, do satí r i c o e do h u m o r .

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o p e r a ç ã o mais complexa d e s d o b r a d a em três estágios. No p r i m e i r o or— d e n a m - s e os textos mais r e p r e s e n t a t i v o s de cada c o n j u n t o modal, b u s c a n d o o que lhes é p r ó prio e n q u a n t o matéria e forma. No segundo, c o m r o v a m - s e , atravé s de leitura, os e lementos que im pr i m e m a marca modal. No último, reflete-se, à luz da visão teórica, os t e x t o s e m ­ b l e m á t i c o s de cada c a tegoria do risível e os de r e c i p r o c i d a d e per-j m a n e n t e e ntre os modos.

0 n o s s o intento m e t o d o l ó g i c o se profunda numa táti c a c o m ­ b i n a t ó r i a de d e s a r ticular e s t r u t u r a l m e n t e o corpuft da p e s q u i s a e r e c o m p ô - l o t r a v e s t i d o nos três m o d o s (movim ent o c e n t rífugo). Busca - se, c o m p a c i ê n c i a digna de Penélo pe, o p r o c e s s o a l q u í m i c o de s e p a ­ rar na m e s c l a - nas mist uras e nos c o m p o s t o s dos text o s de M i l l ô r - a t r í p l i c e vertente: do cômico, do s a t í r i c o e do "humor". Q u e s t ã o i m p e r t i n e n t e pela força m ú l t i p l a e até fas c i n a n t e das i n t e r f e r ê n ­ c ias e r e p e t ê n c i a s de cada m o d o nos o u t r o s modo s ? é p o s s í v e l . Mas o p e r c u r s o se justifica, a rigor, como i n s t r u m e n t a l i z a ç ã o d i d á t i c a da

leitura.

Uma vez d e fi nidos os text o s em cada modo, s u j e i t a m o s os m e s m o s a n o v a s leituras, r e a b r i n d o na e s t r u t u r a de cada um d e les as p o t e n c i a l i d a d e s de suas for mas literárias. Assim, cáda c a t e g o r i a modal se e x p r e s s a numa forma, v a mo s dizer, à g uisa de uma melh or den o m i n a ç ã o , "matriz" ou " p r ivilegiada": a c o m é d i a no cômico, a s á ­ tira no s a t í r i c o e o h u m o r i s m o no "humor". C o m o cada um des modos

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pode ser t r a d u z i d o em o u tras formas, além da matriz, a forma em si não ident ifi ca o modo; ap enas o indica.

De que m a n e i r a conc i l i a r a não a s s o c i a ç ã o o b r i g a t ó r i a de "modo e forma "? E como expli c a r que o m e s m o modo p ossa se m a n i f e s ­ tar por v á r i a s form as? Em outr as pa lavras, de que m a n e i r a a cada modo pode c o r r e s p o n d e r mais de uma forma, além da matr i z ou c ada forma r e p e t i r - s e nos o u t ros?

Respo ndemos. O r g a n i z a n d o a a t m o s f e r a ^ * ou o r i t m o * ^ de cada um de le s a p a rtir de uma e s t r u t u r a r e p r e s e n t a t i v a do cômico, do sat írico e do “humor". A rigor, n e n h u m text o p e r t e n c e a u m modo puro. Daí a o p ç ã o pela voz adjetiva, que refl e t e essa a r m a ç ã o dos e lem entos c o n f i g u r a t i v o s de cada modo.

Além disso, a c o n v i v ê n c i a e n t r e eles nunca foi p a c í f i c a e sem sobressa ltos . E s t a m o s lem brando a a b s o r v ê n c i a que o c ô m i c o s o ­ freu na a n t i g ü i d a d e grega, a s s i m i l a n d o o s a t í r i c o a r i s t o f â n i c o e o “humor" so crático, e a inver são na m o d e r n i d a d e , com a t e n d ê n c i a de a m a l g a m a r - s e com o s a t í r i c o e com o "humor".

A l g u m a s p a l a v r a s serão a c r e s c e n t a d a s para r e i t e r a r o c a ­ ráter op eracional de1 n o s s o modelo, que é a c o n s t r u ç ã o de uma g r a d e de e l ementos o r d e n a d o r e s da leitura. I n v e s t i m o s na sua c a p a c i d a d e de dar sen t ido a cada uma das m á s c a r a s do risível em Mi llôr F e r n a n ­ des.

Re afirmamos. 0 n o s s o p r o c e d i m e n t o d i d á t i c o é de o r d e m e s ­ t rat égica e não ax iomá tic a. Nele não b u s c a m o s p u l v e r i z a r os t e x t o s na aná lis e de e l e m e n t o s . m e n o r e s e nos detalham e n t o s , mas c o n d u z i r a linha da p e s q u i s a em c o n v e r g ê n c i a co m o a l i n h a m e n t o general izarvt e das c a t e g o r i a s m o d a i s que são, acima de tudo, ind iciadoras de uma

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v i s ã o do h omem e do mundo.

A c l i v a g e m a que vamos subm e t e r a obra de Mi llôr F e r n a n ­ d e s funda-se em p r e c e i t o s de cará t e r oper a c i o n a l pois, conf or me a n o s s a m e t o d o l o g i a de trabalho, cada um dos m o d o s se est r u t u r a numa a s s o c i a ç ã o de e l e m e n t o s orga n i z a d o s numa r e l a ç ã o m a i s de p r e d o m i ­ n â n c i a e m e n o s de dominânci a, ou numa r e l a ç ã o de p r e s e n ç a / a u s ê n c i a .

Es tes c a m p o s de a s s o c i a ç ã o p o s s i b i l i t a m a c o n s t r u ç ã o dos tr ês conjunt os, o cômico, o satírico e o "humor", e n v o l v e n d o o p r o ­ c e s s o de comun ica ção , a i n t e n c i o n a l i d a d e textual, o p a c t o entre e s ­ c r i t u r a e leitura, e o d i s t a n c i a m e n t o variado, p e l o qual o riso r o m p e e c o n f i r m a t e m a s c o muns e específicos, num j o g o do ”eu"/lei - t ura co m o " o u t r o ” textual.

B uscamo s e v i t a r o e q u í v o c o da o b s e s s ã o me tod ológica, sem, con tudo , p r e s c i n d i r do m é t o d o cuja função d o m i n a n t e s e r á de o r g a n i ­ z a d o r int er no da e s c r i t u r a e, secunda r i a m e n t e , de d i s c i p l i n a d o r dos re sultados.

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N O T A S DI VE RS AS

* Como a p a l avra p e s q u i s a engloba, em sua imp recisão semâ nt ica, v á ­ ri as no ções que p odem ser dif e r e n t e s , julgamos o p o r t u n o d e c l a r a r que a s s u m i m o s aqui duas de su as signif ica çõe s, é uma a t i v i d a d e que b u s c a um fim e, portanto, um "res u l t a d o " mas é, também, " p r o d u ­ ção". Para Rolan d Barthes, p e s q u i s a "é o nome p r u d e n t e que, sob â i m p o s i ç ã o de c e r t a s c o n d i ç õ e s sociais, damos ao t r a b a l h o de e s c r i ­ tura". In: R U M O R DA LÍNGUA, S ã o Paulo: Brasiliense, 1988, p . 319.

e Val e a pena re pe tir aqui o n o s s o propósito, pois o foco da p e s q u i ­ sa não incide sobr e a obra c o m p l e t a de Mil lôr Fer na ndes , a p e n a s s o b r e a q u e l a p u b l i c a d a em livros.

^ C f . ECO, Humberto. A d e f i n i ç ã o da arte, p . 183.

^é esse nci al pa ra o c o n c e i t o de m a n i pulação, si tuar a palavra, no seu s e n t i d o lexical como um at o m uito pessoal (quase man ua l) de " i m p r i m i r forma" e de "forjar".

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= C f . o d i a l o g i s m o intertextual (ou s e ria ci ta ção? ) com Plínio, o M o ç o (carta X V I , 1), c a p i t u l o "Retrato de P l í n i o Qua ndo Jovem". In: ECO, Umberto. S ob re os E sp al h o s e o u t r o s ensaios. Trad. B e a t r i z Borges. Rio de Janeiro: Nova Fron tei ra, 1989. p . 176.

6 A imagem do c í r c u l o com o metá f o r a da lei da b i n a r i e d a d e é usada d e sde a A n t i g üidade. J.P. Vernant nos info r m a sobre o valor p r i v i ­

le gia do do c í r c u l o aos olhos dos gregos. Pa ra eles, era c o m u m a r e l a ç ã o e n t r e pens a m e n t o e e s t r u t u r a geométrica. Cf. VERNANT, Jean-Pi err e. M it o e P e n s a m e n t o e n t re os G r e g o s Trad. H a i g a n u c h Sarian. Sã o Paulo: Difusão E u r o p é i a do Livro. Editora da U n i v e r ­ sida d e de S ã o Paulo, 1973. p p . 1 5 6 a 206.

^ A s s u m i m o s a p a l avra "reflexão" no seu s e n t i d o radical de r e c i p r o ­ cidade, ou seja, o movi m e n t o de mão d u p l a de cair sobre o o b j e t o de p e s q u i s a e depois, dele afastado, r e f l e t i - l o na c o n s c i ê n c i a p a ­ ra a p r e e n d e r a sua esseidade.

® C f . ECO, Umberto. Obra Aberta. Trad. A l b e r t o Guzik e G e r a l d o G e rson de Souza. São Paulo: P e r s p e c t i v a , 1968. p .26. Cf. tam bém GREIMAS, A.J. e C O U R T é S , J o s e p h . D i c i o n á r i o de Semió ti ca Trad. A lce u Dias L i m a e outros. São Paulo: Cultrix , s/d.

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?Um dos aspecto s ma is atuantes, hoje em dia, r e l a c i o n a d o s com a obra dè arte é a sua d i m e n s ã o de p l u r a l i d a d e s i g n i f i c a t i v a , ou de s i g n i f i c a ç ã o m ú l t i p l a ou, ainda, de ambi güidade. E s s a e xigên cia e s t rutural da obra de arte c o r r e s p o n d e a a q u i l o que U m b e r t o Eco d e n o m i n a de "obra aberta", ainda que não seja i n f i n i t a ess a p o s s i ­ bilidade. Mas todas e s s a s expr e s s õ e s a t e s t a m a m u l t i p l i c i d a d e das p o s s í v e i s leituras e a importânci a do i n térprete pois, s e g u n d o Ro- land Barthes, i n t e r p r e t a r é "aprec iar o plural" de que a obra é feita. Cf. BARTHES, Roland. S/Z. Trad. M aria de S a n t a Cruz e Ana Ma falda Leite. Lisboa-, Edições 70, 1980. p. 13. Cf. t a m b é m a t e o ­ ria da obra aber t a i n : ECO, Umberto. O br a aberta. Trad. Al be rto Guzik e Gera l d o Gers o n de Souza. Sao Paulo-. P e r s p e c t i v a , 1968.

* ®Embor a uma nota não dê ma rgem bastante para uma e x p o s i ç ã o mais p r o f u n d a sobre a o b r a artística, co nsi der amo s, e n t r e t a n t o , n e c e s ­ sário ref orçar os t r a c o s fund amentais da n ossa c o n c e i t u a ç ã o . 0 leitor p e r s p i c a z n o t a r á que nela incorporamos: e l e m e n t o s s u b j e t i ­ vos na sua p r e f i g u r a ç ã o (in ten cionalidade) e na sua leitura; e l e ­ me nto s de s e m i ó t i c a na sua e ssência de c o m u n i c a ç ã o (o p a c t o de autor e leitor); e e l e m e n t o s sociais na su a poética . Esta m o s c o n s c i e n t e s que a n o s s a c o n c e p ç ã o de obra a r t í s t i c a e t a mbém a base teó rica do n o s s o modfflo p odem apre s e n t a r a l g u m a s s e m e l h a n ç a s com a veste de A rlequim. Anal o g i a que se eixa na j u s t a p o s i ç ã o de cores, te cidos e f o r m a s diversas, mas que apes a r d i s s o forma um t o d o : uma r o u p a .

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idéia de arte como fazer não i mpl i c a a negação da s u b j e t i v i d a ­ de, mas a primazia dos p r o c e d i m e n t o s c o n s t r u t i v o s em r e l a ç ã o à

i m a g i n a ç ã o subjetiva. Cf. PA RE YSON , Luigi. Os p r o b l e m a s da e s ­ tática. Trad. Maria Hele n a Nery Garcez. São P a u l o : L i v r a r i a M a r t i n s Fontes, 1984. p .32.

*^A p a l a v r a "criação " é aqui u sada não no sentido h e b r a i c o de fazer algo do nada, mas na a c e p ç ã o g r e g a de produzir, da r forma e, um pou co mais além, como p r i n c í p i o que organiza, o r d e n a e i n s t a u r a uma o u t r a realidade. Com igual dim ens ão, c i r c u n s c r e v e m o s o u s o do ter mo "rec riação".

13Cf. M U K A R O V S K Y , I a n . E s c r i t o s s obre e s t é t i c a e s e m i ó t i c a da a r ­ te. Trad. Manuel Ruas. Lisboa: Ed ito rial Estampa, 1981. pp.1 6 - 17. T a m b é m Lotma n r econhece na arte o seu caráter de c o m u n i c a ç ã o particu lar . Cf. in A e s t r u t u r a do t e x t o artístico. Trad. M a r i a do carmo V i e i r a R a p o s o e A l b e r t o Raposo. Lisboa: E ditor ial Esta mpa , 1978.

*4Cf. PAREYSON, Luigi. Os p r o b l e m a s da estética. Trad. M a r i a H e ­ lena Nery Garcez. São Paulo: L i v r a r i a Martins Fo ntes, 1984. p p . 151-177. T a m b é m so bre a leitu ra e seus e n v o l v i m e n t o s i n t e r d i s c i - p l i n a r e s v e j a s e o c a p í t u l o 11 Ir. P s i c o l o g i a da L e i t u r a i n D U

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-FRENNE, M i k e l . A e s t é t i c a e as c i ê n c i a s da arte Vol.l, Trad. A l b e r t o Bravo. Lisboa: L i v r a r i a Bertr and , 1982.

i^Sobre o p r o b l e m a da s i g n i f i c a ç ã o do t e x t o a r t í s t i c o c o n f i r a - s e L OTM A N Iuri em A e s t r u t u r a do t e x t o a r t í s t i c o Trad. Maria do Carm o V i eira R a p o s o e A l b erto Raposo. Lisboa: Estampa, 1978.

P P .73-99.

*6 0 "texto" é e n t e n d i d o aqui no seu s i g n i f i c a d o mais amplo e p l u ­ ral, c o m o s i n ô n i m o de obra ar tística, e também, no sentido mais objetivo, d e s i g n a n d o qualq uer d i s c u r s o que c o n f i g u r e uma obra li­ terária. V e j a - s e os capítulos: "0 c o n c e i t o de te xto" e "Texto e sistem a" in LOTMAN, Iuri. Obra citada.

*7j u l g a m o s o p o r t u n o e s c l a r e c e r as r a z õ e s do uso da expr e s s ã o " e s ­ critor*’, a quem a t r i b u í m o s uma s i g n i f i c a ç ã o mais profunda, que àque l a de "es c r e v e n t e " ou "autor", s i g n i f i c a ç ã o esta orig i n á r i a da c o n s c i ê n c i a do "fazer artístico ", p o i s "o e s c r i t o r é aquele que trab a l h a sua p a l a v r a (mesmo se é i n spira do) e se absorve fu n­ c i o n a l m e n t e n esse trabalho". Cf. BARTHE S, Roland. Critica e v e r ­

dade. Trad. G e r a l d o Gerson de Souza. São Paulo: Perspectiva,

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*® 0ut ra e x pressão de m ú l t i p l a i m p l i c a ç ã o te órica e oper acional, o " h o r i z o n t e de esp era " pode ser e n t e n d i d o como um c o n j u n t o de ati^ tudes cultu rai s de um d e t e r m i n a d o público, numa é p o c a d e t e r m i n a ­ da. Vale des tac ar duas coisas. Primei ro, Jaus não t o m a uma a t i t u ­ de c e n t r í f u g a em r e l a ç ã o ao texto, trata-se ap enas de um a l a r g a ­ m e n t o do campo de estudo. Segundo: a teor i a de Jaus p a r e c e mais c e n t r a d a no leitor do que no público. Cf. JAUS, H.R.V. E s t é t i c a da Re cepção: c olo c a ç õ e s gerais. Trad. Luiz Co sta Lima, in A L i t e ­ r a t u r a e o Leitor, Rio de J a n e i r o : Paz e Terra, 1979. T a m b é m Sar- tre e n f a t i z a o leitor ao e s t a b e l e c e r que todo t e x t o é c o n s t r u í d o a p a r t i r de um c e r t o s e n t i m e n t o em r e l a ç ã o ao seu p ú b l i c o p o t e n ­ cial, fic and o i mpr e g n a d o no t exto a im agem d a q u e l e s a quem a obra se destina. Sartre v a l o r i z a o p r o b l e m a sob um o u t r o ângulo, o do es critor. Cf. Jè an- Pau l Sartre. T r a d u ç ã o Car los F e l i p e Moisés.

Que é a literatura. São Paulo: ática, 1989. p p .55-124.

^ T o c a m o s aqui em o u t r o a s p e c t o abissal da obra de arte: a i n t e n ­ cion alidade. Jan M u k a r o v s k y faz d i s t i n ç ã o entre o b j e t i v o exterior e intencio nal ida de, pois "ao d e i x a r de ter em c o n s i d e r a ç ã o o o b ­ j eti v o exterior, a o b r a faz a p a r e c e r um sujeito, quer dizer, uma p e s s o a que criou i n t e n c i o n a l m e n t e " e essa i n t e n c i o n a l i d a d e "liga- se a i n d a mais e s t r e i t a m e n t e à sua fonte hum ana" (p.257). Cf. MU- K A R O V S K Y , Jan. Op.cit., p p . 257-259.

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p r e c i s o re definir o emprego d e s s e s dois termos - r e t ó r i c a e h e r m e n ê u t i c a - cada um de les de p a s s a d o denso. A p a l a v r a r e t ó r i c a é a s s u m i d a aqui no seu se ntido lato de meios atr av és dos quai s o e s c r i t o r c o m u n i c a ao leitor (pelo e a t r a v é s do texto) a sua p e r s ­ p e c t i v a do m undo e o conv e n c e da v a l i d a d e dela. E n c ampamo s,

igualmente, a d i m e n s ã o arifttotélica de té c nica que o b j e t i v a um resultado. H e r m e n ê u t i c a é, também, a s s u m i d a na sua a mp la a c e p ç ã o de s i g n i f i c a r qua lquer técn ica de i n t e r p r è t a ç ã o .

2*A e x p r e s s ã o "atmosfera c ô m i c a " , u s a d a por P i e r r e - A i m é T o u c h a r d pa ra d e s i g n a r o u n i v e r s o do c ô m i c o em sua rela ç ã o com o a g e n t e do riso, que se c a r a c t e r i z a pel o d i s t a n c i a m e n t o e pela curi o s i d a d e , m a n t e n d o n o s s a aten ç ã o dispersa nos d e t a l h e s dive r s o s c o n f o r m e a s s i n a l a Stendhal no seu "Ra cine e S h a k e s p e a r e " . Cf. TOUCHARD, P i e r r e-Aimé. Dioniso: apologia do teatro. Trad Mar ia H e l e n a R i ­ b e i r o da C u n h a e Mar ia Ce cília de M o r a i s Pinto. São Paulo: Cu l- trix. E d . da U n i v e r s i d a d e de São Paulo, 1978.

2 2a e x p r e s s ã o "rit mo cômico", u sada por S u s a n n e K. Langer, para d e ­ s ign a r o c a r á t e r único, a bre vid ade , as lim i tações e, sobr etu do, os im pulsos de vida que e m p r e s t a m uma u n i d a d e o rgâ n i c a que "será rompida, o eu irá d e s i n t e g r a r - s e e nã o m a i s existir". Cf. LANGER, Susanne. S e n t i m e n t o e Forma. Trad. Ana M. G o l d b e r g e r C o e l h o e J. Guin sbu rg. São Paulo-. Perspe cti va, 1980.

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"que para dizer tudo, temo e r e c e i o ,

que qualquer longo tempo curto sejra."

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"O homem é o única animal que ri. Ar ist ót e 1 es

"O riso é próprio cios homens."

Ra.be 1 a.±s

"O riso é o h o m e m ."

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A ruptu ra da seri e d a d e na arte lite r á r i a vem d e s p e r t a n d o c r e s c e n t e inte resse entre os p e s q u i s a d o r e s . Por que a fr eq üência dos estudos sobre o tema? Uma p a l i n g e n e s i a da c r í tica lite r á r i a ? Sinal, talvez, da d e s s a c r a l i z a ç ã o cu ltural que p r e f e r e a a b o r d a g e m do d i s t a n c i a m e n t o irônico? é verd a d e que os gregos, na infâ nci a da c u l tura ocidental, já dava m sinal disso, a l i a n d o à i n t e r rogação f i ­ lo sófica o q u e s t i o n a m e n t o satírico. No entanto, essa d e s s a c r a l i z a ­ ção é sob a forma tônica, ainda que sa rcástica, e não a d e s t r u t i v a e niil i s t a dos te mpos modernos. Justame nte , por que a f r e q ü ê n c i a atual dos e s t u d o s sobre o t ema? Esse i n t e r e s s e pa rece ligado às c o n t r a d i ç õ e s da vida moderna, na qual o riso se "faz signo e c o n s ­ c i ê n c i a de n ossa c i são com o mundo"*. A p r e d i l e ç ã o pela m i l i t â n c i a do risível tornou-se, hoje, p a r t i c u l a r m e n t e fo rte na l i teratur a e nas artes, tal vez para c o m p e n s a r a c r e s c e n t e r e d u ç ã o do e s p a ç o da aleg r i a na vida cotidiana, s o b r e t u d o nos p a í s e s indust ria liza dos , onde um grand e n ú m e r o de p e s s o a s dá p r e f e r ê n c i a às formas anversa s da seriedade®. Mas, em que c o n s i s t e m as m a n i f e s t a ç õ e s literá ria s da n ã o - s e r i e d a d e ? A ntes de qualq uer t e n t a t i v a de resposta, s eria mais o p o r t u n o rep ensar com m aior a c u i d a d e a sua s i g n i f i c a ç ã o ou, mesmo,

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o se u princípio. Primeir o, r e s s a l t a a duv ida sobr e a l e g i t i m i d a d e da de nom inação, s e n d o a " n ã o - s e r i e d a d e " um títu lo d i d á t i c o que r e ­ cobre, aqui, uma c e r t a v a r i e d a d e do risível no d i s c u r s o literário. A e s c o l h a do term o n ã o - s e r i e d a d e e sua v ari a n t e n ã o - s é r i o pa ra e m o l d u r a r e m o m u n d o do risível, fa zendo e q u i v a l e r "sér io" e "não- sério " à não risível e risível, es tá isenta de v a l o r a ç ã o das p r i ­ m e i r a s s obre as ú l t i m a s e da idéia de s e p a r a c a õ ent re elas.

Mas é, pr eci samente, a s e p a r a ç ã o que deve m o s em p r i m e i r o lugar examinar. Assim, o mais a d e q u a d o s e ria qu estio nar a p o l a r i d a ­ de: s é r i o e não-sério. A d upla face de Jano ou p r o c e s s o de e s p e l h a - m e n t o ? No mundo g r e g o clássico, o s é r i o é m a r cado p e l a p r e s e n ç a dos d e u s e s e da fatalidade, e o não -sério, pela a u s ê n c i a dos d e u s e s e p e l o e r r o humano; em ambos, um " d e s c e n s u s ad inferos", um fio a p rumo no homem. Contudo, a u n i d a d e de c o n t r á r i o s - s é r i o e n ã o - s é ­ rio - a s s i n a l a o p e n s a m e n t o g r e g o pr imitivo. Essa c o n t a m i n a ç ã o r e ­ c í p r o c a é e n c o n t r a d a em H o m e r o e c o n f i r m a d a mais tarde por Platão, para q u e m os dois d i s c u r s o s são i n t e n t o s a l t e r n a t i v o s de u m o b j e t i ­ vo comum: ex pu r g a r a inquietação, ásquilo, ao a f a star do t r á g i c o os e l e m e n t o s satíricos, inicia a c i s ã o que a teoria a r i s t o t é l i c a irá a c e n t u a r na s e p a r a ç ã o da p o e s i a dra máti ca, trági ca e cômica. Já os r o m a n o s - h e r d e i r o s da t r a d i ç ã o grega: a antiga, dos m i mos e p a n t o ­ mimas, e a mo der na (sé culo III a.C.), das d i a t r i b e s e s t ó i c a s e c í ­ n i c a s - r e t o r n a m ao m i s t o de s é r i o e não -sé rio , cujo s limites a re­ t ó r i c a a j u d a c o n f u n d i r .3 Ao longo da Idade Média, o c r u z a m e n t o ou a c i s ã o do b i n ô m i o " l u d i c r a - s e r i a " s o f r e c o n s t a n t e o s c i l a ç ã o por p a r ­ te d o s t e ó r i c o s da Igreja, indo do " r e p ú d i o r i g o r i s t a até a b e n e ­ v o l e n t e t o l e r â n c i a " * . No fim da Idade Média, o c r i s t i a n i s m o "retor—

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na" à c isão e o c l a s s i c i s m o a ratific a, na v a l o r i z a ç ã o do s ério e na r e j e i ç ã o do não-sério. Ao c o n t e x t u a i i z a r a época de Rabel ais , Bakhti n a s s i n a l a a conc e p ç ã o do riso no Renascim ent o: sepa r a - s e da cult u r a p o p ular e ingressa na erudita, c o m o h e r d e i r o da A n t i g u i d a ­ de, c o n f o r m e as visõ es de A r i s t ó t e l e s (mar ca d i s t i n t i v a do homem), de H i p ó c r a t e s atr avé s de D e m ó c r i t o ( i n s t i t u i ç ã o espiritual do h o ­ mem) e de L u c i a n o (signo de l i b e r d a d e do espí r i t o e da palav ra). Em con t r a p a r t i d a , na Idade Média, o r i s o v iveu fora da esf er a o f i ­ cial da ideo l o g i a e da li ter at ura elevad a, d ando o r ige m às formas e aos ritos cômicos. Tam bém a partir dos s é c u l o s segu i n t e s ao R e n a s ­ cimento, há uma reve rsão do quadro so cial do riso, não sendo mais "forma un iv ersal de c o n c e p ç ã o do mu ndo", o riso pass a a a p r e s e n t a r ca rát er n e g a t i v o e o dom í n i o do c ô m i c o l imi t a - s e aos vícios do i n ­ d i v í d u o e da socieda de^ . Mas a m o d e r n i d a d e , a par tir da e s t é t i c a romântica, p r e g a o regr e s s o ( p a l i n g e n e s i a ? ) à m e s c l a ^ Contudo, p e ­ los p a d r õ e s aind a m a n i q u e í s t a s de n o s s a n o r m a social vigente, a i deo logia da s e r i e d a d e atua no c ampo s u b l i m e e do belo, m a n t e n d o o d i s c u r s o do poder. Em "pólo oposto", s i t u a - s e a n ã o - s e r i e d a d e c o m o id eologia de oposição: crítica, d e s t r u t i v a e acusatória. Essa d i a ­ lética nã o inva l i d a a reflexão de Cícero-, " generum grav i u m et io- c o rum u n a m e s s e rationem''7 , pois ambo s os d i s c u r s o s são t r a j e t ó r i a s p a r a l e l a s do m e s m o p e r c u r s o na r e v e l a ç ã o a l t e r n a d a de uma r e a l i d a d e que no fu ndo c o n s i s t e na " i n - d i f e r e n ç a " dos opostos. Até porque, é possível c o n h e c e r os o p o s t o s um pe lo outro. E o n ã o - s é r i o não é a mais s éri a forma do sér io? P o d e-se ser sério, rindo.

S e r i a ent ão o riso, que f r a g m e n t a o m undo estável do s é ­ rio, uma p o s s i b i l i d a d e c o m u m do n ã o - s é r i o (das formas l i t erárias do

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