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Elaboração de um componente curricular sobre atenção à saúde da população LGBT em um Curso de Graduação em Medicina

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO NA SAÚDE. GIORDANO BRUNO SOUZA DOS SANTOS. ELABORAÇÃO DE UM COMPONENTE CURRICULAR SOBRE ATENÇÃO À SAÚDE DA POPULAÇÃO LGBT EM UM CURSO DE GRADUAÇÃO EM MEDICINA. NATAL/RN 2017.

(2) GIORDANO BRUNO DE SOUZA SANTOS. ELABORAÇÃO DE UM COMPONENTE CURRICULAR SOBRE ATENÇÃO À SAÚDE DA POPULAÇÃO LGBT EM UM CURSO DE GRADUAÇÃO EM MEDICINA. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Ensino na Saúde, nível Mestrado Profissional, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para obtenção do título de Mestre em Ensino na Saúde.. Orientador: Prof. Dr. Lucas Pereira de Melo.. NATAL/RN 2017.

(3) Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências da Saúde - CCS Santos, Giordano Bruno Souza dos. Elaboração de um componente curricular sobre atenção à saúde da população LGBT em um Curso de Graduação em Medicina / Giordano Bruno Souza dos Santos. - Natal, 2017. 40f.: il. Dissertação (Mestrado)-Programa de Pós-Graduação em Ensino na Saúde, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Orientador: Prof. Dr. Lucas Pereira de Melo. Coorientador: Prof. Dr. George Dantas de Azevedo.. 1. Pessoas transgênero - Dissertação. 2. Serviços de saúde Dissertação. 3. Travestismo - Dissertação. 4. Educação médica Dissertação. 5. Minorias sexuais - Dissertação. I. Melo, Lucas Pereira de. II. Azevedo, George Dantas de. III. Título. RN/UF/BSCCS. CDU 614:316.346.2-055.34.

(4) AGRADECIMENTOS Ingressar na carreira médica foi um passo significativamente galgado durante minha jornada como construção do ser, todavia sempre nutri o desejo de repassar e ser responsável por construir conhecimentos, promovendo o pouco de senso crítico que me aprouve durante a graduação e prática profissional, assim vi a necessidade de romper os muros que estavam além do âmbito clínico-hospitalar e seguir a carreira acadêmica pareceu a maneira mais prudente e significativa de efetivar esse desejo, porém sequer circundou a minha mente que me seria concedida a oportunidade em tempo tão hábil. Um grande presente, no entanto, um desafio na mesma magnitude. Em diversos momentos fui incapaz de acreditar e confiar no meu potencial, mas com o apoio que recebi consegui desenvolver o desejo de continuar e chegar até aqui, ademais, as palavras serão incapazes de transcrever o meu sentimento de gratidão. Por ora, estive tomado do sentimento de incapacidade e da vontade de desistir, pois fora um tremendo desafio conciliar a minha tumultuada prática profissional com o mestrado. Somado a isto, é importante considerar que minha formação acadêmica não foi fundamentada na pesquisa, o que me torna um pesquisador em processo de iniciação, dando os meus primeiros passos sobre essa vertente da academia. Dessa maneira, quero dedicar minha imensa gratidão ao meu orientador e principal incentivador, Prof. Dr. Lucas Melo, que desenvolveu com excelência e maestria o seu papel. Esse estudo dedico a ti, mais do que qualquer outra pessoa, pois sem esse auxílio o êxito não seria alcançado. Rogo também gratidão ao Prof. Dr. George Dantas que sempre fora um exemplo enquanto profissional e ser humano, de competência e currículo louváveis. Tenho-te como uma fortaleza desde o meu período como graduando e externo aqui o meu orgulho e prazer de conviver e aprender contigo durante todos esses anos. Agradeço a toda equipe do Mestrado Profissional em Ensino na Saúde, com excelente representação pela Professora Dra. Marise, coordenadora a qual assumo meu respeito e admiração, sendo fundamental no processo de orientação em delicados momentos em que tive optar pelo contínuo do aludido.

(5) programa, ou ingresso no Programa de Residência Médica. Nesse momento, vejo que a minha decisão foi a correta e tenho orgulho de, ao olhar pra trás, estar convicto disso. Aos colegas de mestrado e da Escola Multicampi de Ciências Médicas, especialmente aos envolvidos no projeto de implementação da disciplina Atenção à Saúde da População LGBTTI: Patrícia Targino, Rebberty, Deibi Dantas, Renata Salles, Anaísa e Paulo Ranieri, a minha sincera gratidão. Agradeço ao meu amigo e irmão Jarson Pedro que sempre esteve por perto, me incentivando na continuação desse projeto acadêmico e me auxiliando na formatação da presente dissertação. Quero agradecer, sobretudo, aos meus familiares que sempre foram o pilar necessário para promover o desejo de continuar e me apoiar nos momentos de decisão. Em especial, aos meus pais Gilenildo e dona Iracema, aos meus irmãos Hannelore e Giorgio. Também agradeço a Erick Lacet, sendo a família que pude escolher, mostrando-se sempre esse companheiro incrível, com pensamentos positivos e dando o suporte necessário para que eu mantivesse firme. Agradeço aos demais queridos amigos e em especial, a Luciana Tumbiolo, Léo Bezerra e Grasiela Matos, que estão sempre próximos. Também a todos que acreditaram em mim e me deram forças para enfrentar mais essa etapa em minha vida, o meu eterno e sincero agradecimento..

(6) SUMÁRIO. 1.. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 8. 2.. OBJETIVOS ........................................................................................................................... 17 Objetivo geral .................................................................................................................................... 17 Objetivos específicos ......................................................................................................................... 17. 3.. 4.. MÉTODOS ............................................................................................................................ 18 3.1.. Tipo de estudo ....................................................................................................................... 18. 3.2.. Cenário da pesquisa ............................................................................................................... 18. 3.3.. Construção do componente curricular .................................................................................. 19. 3.4.. Fases da pesquisa .................................................................................................................. 20. 4.6.. Aspectos Éticos ...................................................................................................................... 22. RESULTADOS ....................................................................................................................... 23 4.1. Ementa do curso .................................................................................................................... 23. 4.2. Referências bibliográficas ...................................................................................................... 28. 4.2.1 Referências básicas ................................................................................................................ 28 4.2.2 Referências complementares ................................................................................................ 28 6. REFERÊNCIAS ........................................................................................................................... 36.

(7) RESUMO A. discussão acerca da. identidade de gênero, orientação sexual e. especialmente no que tange à atenção à saúde de pessoas LGBT ainda é negligenciada no projeto pedagógico dos cursos da área da saúde, em geral, e da Medicina, em particular. Diante disso, a presente pesquisa teve como objetivo geral elaborar um componente curricular sobre atenção à saúde da população LGBT em um curso de graduação em Medicina. Para tanto, foi realizada uma pesquisa-ação junto ao curso de Medicina da Escola Multicampi de Ciências Médicas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. A pesquisa compreendeu as seguintes etapas: a) fase exploratória; b) colocação dos problemas ou necessidades; c) teorização; d) seminários; e) coleta de dados; f) plano de ação; e g) divulgação interna e externa. Como resultado desse estudo obteve-se a proposta de inclusão de um componente curricular denominado “Atenção à Saúde da População LGBT”, com carga horária de 45 horas, no projeto pedagógico do curso de Medicina da instituição-cenário desta pesquisa. Além disso, foi submetida e aprovada uma Oficina Pré-congresso sobre a mesma temática a ser realizada no 55º Congresso Brasileiro de Educação Médica. Sendo assim, pode-se concluir que a inclusão da temática objeto deste estudo é de fundamental importância para a formação do médico com perfil generalista, conforme as Diretrizes Curriculares Nacionais para os curso de graduação em Medicina vigente. Palavras-chave: Pessoas transgênero; serviços de saúde; travestismo; educação médica; minorias sexuais..

(8) ABSTRACT The discussion about gender identity, sexual orientation and especially about the health care of LGBT people is still neglected in the pedagogical project of the courses of health in general, and Medicine in particular. In view of this, the present research had as general objective to elaborate a curricular component on health care of the LGBT population in a graduation course in Medicine. For that, an action research was carried out next to the medical course of the Multicampi School of Medical Sciences of the Federal University of Rio Grande do Norte. The research comprised the following steps: a) exploratory phase; B) placement of problems or needs; C) theorizing; D) seminars; E) data collection; F) action plan; And g) internal and external disclosure. As a result of this study, a proposal was made for the inclusion of a curricular component called "Health Care of the LGBT Population", with a 45-hour workload, in the pedagogical project of the medical course of the institution-scenario of this research. In addition, a Pre-congress Workshop was submitted and approved on the same theme to be held at the 55th Brazilian Congress of Medical Education. Thus, it can be concluded that the inclusion of the subject matter of this study is of fundamental importance for the training of physicians with a generalist profile, according to the National Curricular Guidelines for undergraduate medical courses. Key-words: transgender. persons;. education; sexual minorities. health. services;. travestism;. medical.

(9) 1. INTRODUÇÃO Desde o princípio da constituição de sociedades civis a prática homossexual fora observada pela vertente medicalocêntrica como um despropósito. patológico,. permeando. por. entre. conceitos. previamente. estigmatizados que incutiam a sociedade com um discurso de que a homossexualidade. se. tratava. de. atitudes. aberrantes,. perversas,. extravagâncias excepcionais e exasperações mórbidas1. Hodiernamente, alguns países ainda retroalimentam esse tipo de pensamento e discursos retrógrados e primitivos, onde a própria homossexualidade é tratada constitucionalmente como crime hediondo, com sentença de morte que ocorre em países orientais como Afeganistão, Arábia Saudita, Irã, Iêmen e Mauritãnia2,3. A sexualidade passou a ser desvinculada da reprodução biológica a partir da criação dos métodos contraceptivos nos anos 60, e a epidemia de HIV/AIDS na década de 80 promoveu um novo olhar científico, mas também empírico, sobre os sistemas e práticas, tal como representatividade social associados à pratica sexual4. Esse olhar empírico como supracitado configurase como um agente desencadeador da visão equivocada e estigmatizada da prática homossexual, fazendo a sociedade crer que a prática se tratava verdadeiramente como uma condição patológica, como mencionado por Foucault1. O. Conselho. Federal. de. Medicina. (CFM). do. Brasil. retirou. o. homossexualismo da lista de doenças no ano de 1985, alguns anos antes da Organização Mundial de Saúde (OMS) fazer o mesmo, fato que aconteceu somente em 17 de maio de 1990 e por decorrência de tal feito, a data ficou conhecida como Dia Internacional de Combate à Homofobia. Até então, a orientação sexual divergente da heterossexualidade era considerada como distúrbio congênito. No lançamento do DSM I da Associação Americana de Psiquiatria, em 1952, o homossexualismo foi listado como uma desordem mental e, somente em 1973, após diversas publicações contrapondo essa visão substancialmente equivocada e sem qualquer comprovação científica dos argumentos levantados, que a homossexualidade foi retirada dessa lista de transtornos mentais5,6,7. 8.

(10) O tratamento patológico da não heterossexualidade como transtorno mental fomentava ainda mais as fobias que envolvem orientação sexual e identidade de gênero, como a homofobia, transfobia, dentre outros. No entanto, existem indivíduos dentro da própria comunidade de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e intersexo (LGBTTI) que defendem a permanência do diagnóstico de transexualidade como um quadro patológico, por terem a ideia de que esse tratamento facilitaria o acesso aos meios médicos, jurídicos e tecnológicos para realizar a transição sexual. Inclusive planos de saúde poderiam deixar de arcar com custos altíssimos relacionados ao processo “transexualizador”, tanto do fornecimento de tratamento hormonal, quanto dos procedimentos e intervenções cirúrgicas voltados para permuta de órgãos genitais. Dessa forma, seria necessário compreender que a mudança de sexo não é uma escolha, mas sim uma indicação médica como terapia daqueles que necessitam, aliviando as suas angústias e sofrimentos, considerando a subjetividade individual dos seres8. A discussão acerca da identidade de gênero, orientação sexual e especialmente no que tange à atenção à saúde de pessoas LGBT ainda é bastante negligenciada no projeto pedagógico dos cursos de graduação em medicina e demais cursos da área da saúde. Dessa maneira, é importante distinguir alguns conceitos e nomenclaturas como forma de promoção ao respeito de processos individuais e subjetivos que acometem essa população, tendo em vista que utilizar o termo inadequado para referi-los pode ser uma maneira de reduzir a causa e sua identidade. O termo "gênero" foi introduzido por volta da década de 1970 quando se discutia que o sexo "social" não era determinado pelo sexo biológico. Dessa forma, temos que o sexo biológico seria aquele definido geneticamente ao nascimento, onde indivíduos XX são considerados como do sexo feminino e os XY considerados como sexo masculino, definidos pelo cromossoma sexual presente no espermatozoide. Já a identidade de gênero refere-se à forma como o indivíduo se enxerga perante a sociedade, em suas relações e hábitos e constructo social. Portanto, uma pessoa pode nascer com sexo biológico masculino, isto é, ser cromossomicamente XY e através das suas relações sociais ser considerada do sexo feminino, sem a necessidade de possuir um par cromossômico XX. Sendo assim, o indivíduo poderia ser classificado como 9.

(11) transgênero feminino9. Gênero diz respeito, também, ao modo como lidamos, ao longo da história e de forma diversa em diferentes culturas, com o poder nas relações interpessoais, hierarquizando e valorizando o masculino em detrimento do feminino, como modelo paternalista que culminou no ensino machista do comportamento. No entanto, é importante considerar quando se pensa em transexualidade, que essa não se refere apenas à forma como o indivíduo se relaciona socialmente, pois importa considerar diversos outros fatores, como os socioculturais, psicossomáticos e biológicos. Ao partir para o termo “orientação sexual”, têm-se que este se refere a capacidade de cada indivíduo de ter interesse emocional, afetivo ou sexual por indivíduos de sexo diferente (heterossexual), do mesmo sexo (homossexual) ou de ambos os sexos (bissexual)10. No entanto, é possível afirmar que a orientação sexual e a identidade de gênero permeiam entre si, onde um indivíduo com determinada identidade de gênero possui a capacidade de definir ou não a sua orientação sexual, ademais, têm-se as seguintes nomenclaturas e definições: . Lésbica: pessoa do gênero feminino que deseja uma pessoa do mesmo sexo;. . Gay: pessoa do gênero masculino que deseja uma pessoa do mesmo sexo;. . Travesti: pessoa do sexo biológico masculino e identidade de gênero feminino, podendo ser homossexuais, heterossexuais ou bissexuais;. . Transexual masculino: pessoa do sexo biológico feminino e identidade de gênero masculino, podendo ser homossexuais, heterossexuais ou bissexuais;. . Transexual feminina: pessoa do sexo biológico masculino e identidade. de. gênero. feminina,. podendo. ser. homossexuais,. heterossexuais ou bissexuais. . Intersexo: é uma categoria socialmente construída que reflete variações biológicas reais, incluindo ambiguidade genital.. Existe uma série de outras variações acadêmicas e na militância da causa que rebatem os desígnios sociais para identidade de gênero e orientação sexual, inclusive existe uma forte crítica por entre alguns grupos. 10.

(12) acerca das próprias nomenclaturas dantes mencionadas. Não obstante, sabese que esse público possui peculiaridades e demandas especiais enquanto usuários do SUS que permeiam entre as iniquidades encontradas no acesso aos serviços oficiais de saúde até as características próprias dessa população, como a dificuldade de suporte social e familiar. À medida que envelhece, tal população assume maior risco de vulnerabilidade, dependência, saúde mental comprometida,. tabagismo. e. etilismo. em. comparação. com. idosos. heterossexuais. Idosas lésbicas possuem maior risco de desenvolver síndrome metabólica e doenças cardiovasculares, além de receberem menos oferta de serviços preventivos tais como mamografias11. Ao corroborar com essas ocorrências, é importante considerar que situações cotidianas comumente observadas pautadas na hostilidade ou mesmo indiferença dos profissionais de saúde em sobreposição de hierarquia, promovem o afastamento e isolam cada vez mais o usuário LGBT do serviço a que tem direito como sociedade civil em um contexto global. Em meio a uma conjuntura de exclusão e impressões precoces que caminham de maneira tênue ao preconceito, a postura do profissional de saúde, em especial do profissional de Medicina, aparece como um ponto trivial no acolhimento e plano assistencial ao usuário LGBT no SUS. A violência contra essa população extremamente vulnerável é assustadora, e o Brasil lidera há décadas o ranking mundial de assassinatos de pessoas LGBT. Segundo relatório realizado anualmente pelo “Grupo Gay Bahia”, somente em 2016 foram assassinadas 343 pessoas LGBT, sendo a maioria na região nordeste e contra gays, refletindo a persistência da intolerância e ódio contra pessoas LGBT12. Esses números supramencionados são alarmantes, quando se pensa atualmente no número de indivíduos LGBT, onde nos Estados Unidos 3% da população se declara como LGBT13. Já no Brasil os dados ainda são muito escassos, a maior casuística que se tem são 60.000 casais homoafetivos no censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dado que reflete a persistência da invisibilidade, discriminação social e intolerância ainda nos dias atuais, pois empiricamente observa-se que a população LGBT é prevalentemente maior em número em âmbito nacional14. Para respaldar essa ideia foi realizada uma pesquisa de relevância sobre demografia das orientações sexuais, “Mosaico Brasil”, realizada em 2009 11.

(13) por pesquisadores do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), onde foram entrevistadas 8.200 pessoas em 10 capitais brasileiras sendo estas respectivamente Belo Horizonte, Brasília, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Salvador e São Paulo. Os resultados apontam que 10,4% da população masculina entrevistada declarou ser homossexual ou bissexuais e 6,3% do público feminino relatou sentir atração por indivíduos do mesmo sexo15. Todavia, é importante salientar que as pesquisas relacionadas à orientação sexual possuem alguns vieses. Alguns indivíduos preferem não revelar sua orientação em pesquisa pautados no receio de exposição no trabalho ou na família, e além disso, não existe consenso sobre a definição do que é homossexualidade ou bissexualidade, há quem defenda que só é considerado homossexual quem prática atividades sexuais com pessoas do mesmo sexo e outros consideram que existindo o desejo/atração já seria considerado como homossexual16. O Brasil, ao observar que ainda existia um grande preconceito e fobias na sociedade civil que promoviam a coibição de que as pessoas exercessem seu direito de ir e vir e serem autônomas no que tange a sua liberdade de escolha e identidade, passou a abordar o tema e desenvolver estratégias de combate à homofobia. Sendo assim, em 2001 o governo brasileiro abordou o tema em Durban na "Conferência Mundial contra o racismo, a discriminação racial, a xenofobia e formas conexas de intolerância", onde foi sugerido a inclusão de preconceitos quanto a orientação sexual como forma de discriminação que agrava o racismo. Que mesmo apoiada por diversas delegações, especialmente as europeias, não foi incorporada ao texto final da declaração do plano de ação de Durban17. Como recomendação de Durban, o governo brasileiro criou o Conselho Nacional de combate à Discriminação (CNDC) com representação do movimento LGBT. E em 2003 o CNDC criou um grupo temático para elaboração do programa brasileiro de combate à discriminação LGBT e promoção da cidadania homossexual, que tinha como objetivo prevenir e reprimir a discriminação com base na orientação sexual, garantindo as pessoas LGBT os seus direitos humanos fundamentais17.. 12.

(14) É importante rememorar que a constituição federal vigente, de 1988, não incluiu a homofobia entre as formas de discriminação a serem coibidas, no entanto, diversas legislações estaduais e municipais têm avançado neste quesito. A discriminação por orientação sexual já consta em três constituições estaduais (Mato Grosso, Sergipe e Pará) e já existe legislação específica sobre esse tema no Distrito Federal e em outros 5 estados (Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo). O Rio de Janeiro inclusive criou o Disque Defesa Homossexual (DDH) em 1999, hoje copiado por diversas outras cidades brasileiras como Campinas, Salvador e Brasília 18. Outro marco que é considerado um dos frutos da luta por direitos à população LGBT veio em 2004, quando foi lançado o programa do governo federal “Brasil sem homofobia”, uma estratégia articulada de vários ministérios em prol da população LGBT. Não há dúvidas quanto à importância dos movimentos. homossexuais. neste. contexto,. as. organizações. não. governamentais vêm promovendo uma luta incansável pela garantia de seus direitos e tem sensibilizado o governo no reconhecimento e enfrentamento desta problemática19. Sete anos após, avançando ainda mais, no ano de 2011, por meio da Portaria nº 2.836 de 1º de dezembro do mesmo ano, o governo federal lançou a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da População LGBT, com o objetivo de diminuir as desigualdades, reduzir o preconceito e consolidar as prerrogativas que versavam o SUS como sistema universal, integral e equitativo20. Ao considerar o cenário internacional, observar-se que há inúmeras estratégias descritas a respeito dessa temática. Antes de qualquer intervenção é primordial diagnosticar o atual status do assunto em cada faculdade. Foi o que Muller (2013) fez na Universidade de Cape Town na África do Sul. Através de um questionário online enviado a todos os alunos e professores e contatando diretamente os docentes que estavam relacionados com o ensino de sexo e gênero, Muller pôde mapear o curso médico e perceber que não havia um curso nem sequer uma aula estruturada sobre a saúde do paciente LGBT. Temas relacionados como sexo seguro, saúde mental, uso de substâncias, risco de doenças crônicas e saúde do adolescente eram totalmente negligenciados. Curiosamente identificou que cirurgia de transição de sexo estava presente como tópico de aula, provavelmente pela presença 13.

(15) desse serviço no hospital universitário. É interessante e muito proveitoso ver como o primeiro passo para a mudança ao redor é olhar para dentro21. Um estudo realizado por Romano descreveu a experiência do Programa de Saúde da Família (PSF) na Lapa com travestis, e participação dos alunos de medicina do 6º ao 11º período de uma faculdade privada de medicina. Os alunos participam de visitas domiciliares com o objetivo de distribuição de camisinha e gel, troca de ideias e saberes, a partir de uma abordagem dialogal da promoção de saúde, além da realização de consultas para fins de diagnóstico, tratamento, recuperação ou reabilitação da saúde. A experiência de acordo com a autora é capaz de sensibilizar os futuros médicos e profissionais de saúde em geral no lidar com as travestis nos serviços de saúde, a partir da garantia do respeito à pessoa humana, no sentido de seu direito à saúde; além do propósito de provocar uma reflexão sobre estratégias de acolhimento de um segmento excluído da sociedade23. No tocante ao acesso à saúde no modelo trivial, é sabido que nos primórdios da sociedade civil brasileira o modelo de atendimento em serviços de saúde era estratificado em três categorias: os indivíduos que possuíam condições socioeconômicas para pagarem um serviço privado de saúde, os indivíduos que tinham acesso gratuito à saúde por serem assegurados pela previdência social e os indivíduos que sequer possuíam qualquer direito a saúde. No entanto, o governo viu a necessidade de deixar essa realidade torpe para a obliquidade do passado e resolveu criar um sistema de saúde, sendo assim, dá-se origem ao SUS, criado por meio da lei federal 8.080/1990 que promulgou, em teoria, um acesso à saúde como sendo um direito de todo cidadão e um dever do estado e esse versa sobre um acesso universal, integral e equitativo à saúde dos brasileiros, não abrindo brechas para qualquer espécie de discriminação. Todavia, sabe-se que a materialização da situação atual demonstra uma outra interface pautada em desigualdade de acesso aos serviços de saúde e, principalmente, a discriminação quando se pensa em grupos societários considerados minorias, como é o caso do grupo LGBT. É fato que a discriminação e violência contra as pessoas LGBT não é exclusiva e tampouco limitada aos serviços de saúde. Em se tratando ainda destes serviços é bem visível que esse grupo só tem buscado assistência em casos extremos. Os profissionais de saúde relacionam estes indivíduos apenas 14.

(16) no acometimento de problemas relacionados às doenças sexualmente transmissíveis (DST‟s). Entretanto, é importante elucidar em um contexto generalizado de sociedade que as DST‟s como supramencionadas não são condições clínicas exclusivas da população LGBT e que as suas demandas em saúde vão muito além. Faz-se necessário, também, ressaltar que quando se fala em assistência em saúde, não se deve restringir a doença como apenas um quadro patológico considerado sobre o modelo e conceitos biomédicos. Pois, como afirma a Organização Mundial de Saúde (OMS) o conceito de saúde é muito mais complexo e foge da superficialidade que a trata como ausência da doença, sendo esse conceito pautado no estado de completo bem-estar físico, mental e social. Uma implicação importante dessa definição é que a saúde mental é mais do que a ausência de transtornos mentais ou deficiências, apesar de não haver nenhum conceito consolidado pela OMS para a expressão “saúde mental”. Dessa forma, é importante considerar que assim como qualquer outro indivíduo normativo, os LGBT possuem demandas próprias, que circulam entre os aspectos socioculturais, econômicos, psicológicos e bioquímicos/biológicos, devendo essas serem atendidas em todas as fases da vida. Em obstância, a realidade dentro dos serviços e escolas de saúde é outra, onde apesar de já passados mais de 13 anos do lançamento do Programa "Brasil sem Homofobia", as academias continuam sem conceder a devida importância ao tema, especialmente nos cursos da área de saúde e é importante considerar o despreparo dos profissionais do SUS que vai do acolhimento até o conhecimento das demandas específicas dessa população. As necessidades são múltiplas e intrínsecas, devendo estas serem amplamente discutidas nas academias, passando a integrar os currículos dos cursos da área de saúde. O Governo lançou em 2011 a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da População LGBT20, tratando de reforçar as especificidades das demandas dessa população, e enfatizando a necessidade de um atendimento equânime a esta população já tão penalizada, e apesar dos avanços não virem na velocidade que a população LGBT necessita, alguns passos estão sendo e necessitam ser dados.. 15.

(17) Os currículos acadêmicos precisam se adequar à nova realidade do SUS, sendo mais abrangentes e focados na humanização. Não dá para continuar negligenciando as discussões sobre identidade de gênero e sexualidade, tendo em vista que o preconceito e discriminação está em toda parte, inclusive presente dentro do mundo acadêmico, entre os próprios educadores, e sem dúvidas, também é uma barreira encontrada na implantação de componentes curriculares que debatam sobre assuntos que polemizam como a questão da identidade de gêneros e orientações sexuais. Diante disso, vê-se que para que essa relação médico-sociedade seja estabelecida de forma salutar e harmônica, reforça-se a necessidade de uma formação voltada para atenção humanizada e o estudo profundo de características e demandas especiais desse público, de maneira a promover uma melhor compreensão do mesmo, sendo uma estratégia favorável para o desenvolvimento de condutas que promovam e assegurem um acesso mais eficaz e efetivo dos serviços de saúde para a população em questão. É urgente a incorporação da temática LGBT nos projetos pedagógicos de cursos de Medicina como forma de conhecer, compreender e debater as questões inerentes as pessoas LGBTs, a fim de minimizar iatrogenias decorrentes da conduta profissional preconceituosa, estigmatizada e discriminatória. Mediante tais constatações, a presente dissertação foi desenvolvida como proposta para implantar o componente curricular "Atenção à Saúde da População LGBT" no curso de Medicina Multicampi da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, capacitando os acadêmicos para lidar com esse tema e servindo de exemplo a ser seguido por outras escolas de saúde, estimulando estudos que promovam melhor conhecimento a respeito das necessidades e demandas em saúde desta população e ao considerar a emergente necessidade da inserção do tema nas estruturas curriculares pelo mundo é que o presente estudo será de grande importância.. 16.

(18) 2. OBJETIVOS Objetivo geral . Elaborar diretrizes pedagógicas de um componente curricular sobre atenção à saúde integral da população LGBT em um curso de graduação em Medicina.. Objetivos específicos . Identificar as temáticas e conteúdos relacionados à saúde da população LGBT;. . Elaborar o plano de curso de um componente curricular sobre atenção à saúde da população LGBT com base em metodologias ativas de aprendizagem.. 17.

(19) 3. MÉTODOS 3.1.. Tipo de estudo O presente estudo está fundamentado na pesquisa-ação. A pesquisa-. ação é um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema. coletivo. e. na. qual. os. pesquisadores. e. os. participantes. representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo24. A pesquisa-ação é um método de condução de pesquisa aplicada, orientada para elaboração de diagnósticos, identificação de problemas e busca de soluções. Lindgren, Henfridsson e Schultze (2004) caracterizam a pesquisa-ação como sendo um método intervencionista que permite ao pesquisador testar hipóteses sobre o fenômeno de interesse implementando e acessando as mudanças no cenário real. Neste tipo de pesquisa, o pesquisador assume a responsabilidade não apenas de assistir os atores envolvidos através da geração de conhecimento, mas também de ampliação deste conhecimento 25.. 3.2.. Cenário da pesquisa A pesquisa foi desenvolvida na Escola Multicampi de Ciências Médicas. (EMCM) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Em julho de 2014, a UFRN implantou o Curso de Medicina Multicampi, envolvendo os campi de Santa Cruz, Currais Novos e Caicó (sede administrativa do curso). Trata-se de um curso criado no âmbito do Programa Mais Médicos (PMM) do Governo Federal e que vem se destacando no cenário nacional e latino-. 18.

(20) americano. pelas. inovações. educacionais. e. pelo. seu. mandato. de. responsabilidade social26. No bojo das transformações no campo da educação médica e das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) para os cursos de graduação em Medicina o Projeto Pedagógico do Curso (PPC) de Medicina Multicampi da UFRN coaduna-se a um conjunto de novas experiências político-pedagógicas em curso no Brasil, sobretudo aquelas impulsionadas pelo PMM. Portanto, o PPC do curso de Medicina Multicampi está fundamentado no uso de metodologias ativas no processo de ensino-aprendizagem e no ensino baseado na comunidade, proporcionando a inserção do estudante na atenção básica desde os anos iniciais do curso26,27. Além disso, o curso de Medicina Multicampi da UFRN é cenário de um conjunto de discussões teóricas e prático-assistenciais sobre a atenção à saúde de grupos minoritários, como a população negra, as pessoas que vivem com HIV/AIDS, as dissidências de gênero e de sexualidade, as populações tradicionais (quilombolas, principalmente). Diante disso, a EMCM apresenta um contexto institucional e político-ideológico propício à realização da presente pesquisa.. 3.3.. Construção do componente curricular Como referencial para o processo de construção do componente. curricular, utilizamos as recomendações utilizadas no projeto pedagógico do curso de graduação em Medicina Multicampi da UFRN, baseado na literatura internacional sobre os passos para desenvolvimento curricular em Educação Médica, segundo Grant, J (2010)28, descritos resumidamente abaixo: 19.

(21) a) Avaliar as necessidades: Considerar indicadores epidemiológicos, necessidades educacionais dos estudantes, diretrizes curriculares nacionais, etc. b) Definição geral da proposta curricular: definir a missão, visão, perfil do egresso e objetivos do curso. c) Detalhamento das aquisições específicas: Construir os objetivos, metas, competências d) Definição da organização curricular: Definir a matriz do componente curricular,. mecanismos. de. integração,. bibliografia. obrigatória. e. nacionais. e. complementares, sistema de avaliação dos estudantes e). Consideração. das. experiências. educacionais. internacionais: analisar experiências com os diversos métodos de ensino e aprendizagem,. recursos. didático-pedagógicos,. feedback. e. apoio. psicopedagógico, resultados de outras experiências práticas f) Implementação do componente curricular:. monitorizar e avaliar. factibilidade, alinhamento com os objetivos previamente delineados e os métodos de ensino e avaliação. g) Incorporação de um plano de avaliação do componente curricular: avaliar de forma contínua. 3.4.. Fases da pesquisa O presente estudo foi executado, no período de novembro de 2016 a. junho de 2017, observando as seguintes fases, descritas por Grittem, Méier e Zagonel (2008)29: A) Fase exploratória: diagnóstico da realidade do campo da pesquisa, levantamento da situação e dos problemas; 20.

(22) B) Colocação dos problemas (ou necessidades): nessa fase houve discussão sobre a relevância científica e prática do que foi pesquisado; C) Teorização: articulação com um referencial teórico de acordo com o local onde foi realizada a pesquisa; D) Seminários: tiveram a finalidade de promover discussões e tomada de decisões acerca da investigação (definição de temas e problemas), constituiu-se grupos de estudos, definimos ações, acompanhamos e avaliamos resultados. Esta fase foi contínua, no sentido de fomentar a participação de todos no processo de construção do componente curricular. Destaca-se ainda a realização neste ano de cursos a distância sobre saúde da população LGBT: o curso "Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da População LGBT" ministrado pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) através da plataforma da Universidade Aberta do SUS – UNA-SUS (Anexo 1) e o “I Curso Multiprofissional de Capacitação no Processo Transexualizador” ofertado através da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (Anexo 2); E) Coleta de dados: nessa fase foram realizadas reuniões com a coordenação e a direção do curso de Medicina Multicampi, bem como com docentes para averiguar a viabilidade da pesquisa e convidar esses sujeitos para construir o processo. Todas as informações coletadas foram transferidas ao seminário, para discussão, análise e interpretação. Esta fase foi contínua, no sentido. 21.

(23) de fomentar a participação de todos os envolvidos no processo de construção do componente curricular; F) Plano de ação: visou definir os atores, a relação entre eles, quem são os líderes, quais foram os objetivos e os critérios de avaliação da pesquisa, continuidade frente às dificuldades, quais estratégias seriam utilizadas para assegurar a participação dos sujeitos, incorporação de sugestões e qual a metodologia de avaliação conjunta de resultados; G) Divulgação interna/externa: nessa fase deverá ocorrer o retorno dos resultados da pesquisa aos participantes, divulgação dos resultados em eventos, congressos, conferências e publicações científicas. 3.5.. Aspectos Éticos A pesquisa não envolveu seres humanos, pois não houve coleta de. dados. Os sujeitos que colaboraram na construção do componente curricular o fizeram como parte de seus próprios processos de trabalho docente.. 22.

(24) 4. RESULTADOS Para atender as novas necessidades da formação médica mais humanizada, com atendimento à população sem. discriminação,. sem. preconceitos e estigmas, conforme estabelecido pelas diretrizes curriculares nacionais, e após amplo debate e aprofundamento em relação aos temas pertinentes ao cuidado integral de pessoas LGBTs, foi definida a ementa do componente curricular a ser implementado no curso de graduação em Medicina da Escola Multicampi de Ciências Médicas da UFRN.. 4.1. Ementa do curso MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA MULTICAMPI DE CIÊNCIAS MÉDICAS DO RIO GRANDE DO NORTE CURSO DE MEDICINA MULTICAMPI. PLANO DE CURSO (MDM0052) Atenção à Saúde da População LGBT. I – IDENTIFICAÇÃO MÓDULO: Atenção à Saúde da População LGBT PERÍODO DE OFERECIMENTO: 25 de julho a 12 de dezembro de 2017 DIAS DE OFERECIMENTO: 3N123 CARGA HORÁRIA: 45 h/aula II – EMENTA O módulo visa desenvolver conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias à prática médica voltada às necessidades de saúde da população LGBT. A partir da discussão crítica sobre marcadores sociais da diferença, notadamente gênero e sexualidade, LGBTfobia institucional e dos principais marcos da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da População LGBT, serão tratados os aspectos clínicos (endocrinologia, ginecologia, urologia e clínica geral), cirúrgicos, estéticos e psicossociais envolvidos no cuidado à pessoa LGBT nos três níveis de atenção à saúde no Sistema Único de Saúde. III – CONTEÚDO PROGRAMÁTICO Unidade I – Conceitos introdutórios  Marcadores sociais da diferença / interseccionalidades  Equidade em saúde  Iniquidades em saúde  Gênero, sexualidade e diversidade sexual  LGBTfobia: social e institucional  Movimento social LGBT no Brasil: principais marcos históricos, políticos e legais. 23.

(25)    . Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da População LGBT Acolhimento Necessidades de saúde Análises de vulnerabilidade. Unidade II – Atenção à Saúde da População LGBT: aspectos clínicos e cirúrgicos na perspectiva do trabalho interprofissional e colaborativo em saúde – foco em pessoas trans  Corpo e transexualidade: hormonioterapia, transformações corporais, anatomia e processo transexualizador, desconstrução do corpo abjeto  Saúde mental de pessoas trans  Cirurgia de redesignação de sexo  Pessoas trans e epidemia de HIV/aids: desconstruindo estereótipos IV – METODOLOGIA As atividades do módulo estão construídas com base no uso de metodologias ativas de ensinoaprendizagem. Nesse sentido, as aulas incluirão: sessões tutoriais (aprendizagem baseada em problemas – ABP), aulas expositivas e dialogadas, TBL (team based learning), estudos de caso clínico, aulas práticas em ambientes simulados, aulas práticas em cenários de prática (ambulatório, conforme rodízios). Ademais, poderão incluir: seminários, roda de conversas, fóruns de discussão, pesquisas bibliográficas, utilização de material audiovisual e leitura e discussão de textos indicados na bibliografia básica e complementar. V – PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM O módulo possui duas unidades de avaliação. Para aprovação será necessária frequência mínima de 75% da carga horária total do módulo. A composição da nota se dará com base em avaliação cognitiva e em avaliação de habilidades (OSCE – Objective Structured Clinical Examination). Peso da avaliação cognitiva: 5 Peso da avaliação de habilidades: 5. 24.

(26) Aula  1. Estratégia Aula inaugural: Marcadores sociais da diferença e os sentidos dos princípios de integralidade e de equidade no SUS. . Abertura do problema 01. . Roda de conversas pessoas transexuais. 2. com 1. Compartilhar experiências; 2. Realizar o Levantamento de necessidades de saúde desta população. 3. Bibliografia Indicada Barros FPC, Sousa MF. Equidade: seus conceitos, significações e implicações para o SUS. Saúde soc. 2016;25(1):9-18. Zamboni M. Marcadores sociais da diferença. Sociologia. 2014;1:13-8.. Muller MI, Knauth DR. Desigualdades no SUS: o caso do atendimento às travestis é „babado‟. Cadernos EBAPE. 2008;6(2):1-14. Pelúcio L. “Toda quebrada na plástica”: corporalidade e construção de gênero entre travestis paulistas. Campos. 2005;6(1-2):97112..   4. Objetivos Apresentação dos estudantes e docentes; Apresentação do plano do curso; Discutir marcadores sociais; Aprofundar o conhecimento e melhor entender os princípios de integralidade e de equidade no SUS. 1. Discutir os conceitos de gênero, sexualidade, identidade de gênero, orientação sexual e diversidade sexual. 2. Conhecer as principais terminologias relacionadas ao mundo LGBT. 3. Compreender o conceito de LGBTfobia como um determinante social da saúde da população LGBT. 4. Compreender os principais marcos históricos do movimento LGBT no Brasil. 5. Conhecer a Política Nacional de Atenção à Saúde LGBT. 1. 2. 3. 4.. Fechamento do problema 01 Abertura do problema 02. 1. Discutir os conceitos de gênero, sexualidade, identidade de gênero, orientação sexual e diversidade sexual. 2. Conhecer as principais terminologias relacionadas ao mundo LGBT.. 25.

(27) 3. Compreender o conceito de LGBTfobia como um determinante social da saúde da população LGBT. 4. Compreender os principais marcos históricos do movimento LGBT no Brasil. 5. Conhecer a Política Nacional de Atenção à Saúde LGBT. . Atenção à saúde da 1. Discutir a integração da política nacional de população trans na atenção saúde integral de LGBT´s aos programas da básica estratégia de saúde da família; 2. Apresentar experiências de inserção da. 5. Romano FV. As Travestis no Programa Saúde da Família da Lapa. Saúde Soc 2009; 17(2): 211-219.. população LGBT na atenção básica..  . Fechamento do problema 02 Abertura do problema 03. Brasil. Ministério da Saúde. Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais / Ministério da Saúde. Brasília, Ministério da Saúde, 2011.. 1. Listar as mudanças corporais desejadas no processo de transexualização vivenciado por um homem trans; 2. Descrever os esquemas de administração. 6. hormonal. de. testosterona. no. processo. transexualizador e suas consequências; 3.. Discutir. os. aspectos. éticos,. legais,. psicossociais das cirurgias de redesignação sexual em homens trans;. 26.

(28) 4. Discutir a atenção ginecológica ao homem trans.  7 8 9 10.    .         . A experiência do ambulatório 1. Conhecer a experiência de um ambulatório especifico para população LGBT; para Travestis e Transexuais: aspectos 2. Discutir os aspectos clínicos e organizacionais de um ambulatório LGBT. clínicos e organizacionais Fechamento do problema 03 Aplicar avaliação teórica objetiva, com 40 Avaliação cognitiva questões. FERIADO Planejamento para início do 1. Planejar com os envolvidos na disciplina o início dos atendimentos ambulatorais; ambulatório 2. Definir fluxo de atendimento do ambulatório; 3. Pactuar com a gestão municipal; 4. Definir protocolos de atendimento; 5. Discutir o processo de referência e contrareferência.. Ambulatório Ambulatório Ambulatório Ambulatório Ambulatório Ambulatório Ambulatório Ambulatório Avaliação de habilidades. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria 2.803, de 19 de Novembro de 2013. Brasília, 2013.. -. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria 2.803, de 19 de Novembro de 2013. Brasília, 2013. Walker K, Arbour M, Wayrold DNP. Educational Strategies to Help Students Provide Respectful Sexual and Reproductive Health Care for Lesbian, Gay, Bisexual, and Transgender Persons. Journal of Midwifery and Women´s health; 2016; 61(6): 737-743.. Todos Todos Todos Todos Todos Todos Todos Todos Avalição de habilidades e atitudes no formato simulado estruturado (OSCE) com 5 estações.. 27.

(29) 28. Referências bibliográficas Referências básicas 1. Barros FPC, Sousa MF. Equidade: seus conceitos, significações e implicações para o SUS. Saúde soc. 2016;25(1):9-18. 2. Brasil. Ministério da Saúde. Brasil Sem Homofobia - Programa de Combate à Violência e à Discriminação contra GLTB e de Promoção da Cidadania Homossexual. Brasília, 2004. 3. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria 2.803, de 19 de Novembro de 2013. Brasília, 2013. 4. Brasil. Ministério da Saúde. Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, 5. Travestis e Transexuais / Ministério da Saúde. Brasília, Ministério da Saúde, 2011. 6. Zamboni M. Marcadores sociais da diferença. Sociologia. 2014;1:13-8.. Referências complementares 1. ARÁN,. Márcia.. 2005.. "Transexualismo. e. cirurgia. de. transgenitalização:. biopoder/biopolítica". Série Anis, 39, p. 1-4. 2. Jesus JG. Orientações sobre a população transgênero: Conceitos e termos. Brasília, 2012. 24p. 3. Muller MI, Knauth DR. Desigualdades no SUS: o caso do atendimento às travestis é „babado‟. Cadernos EBAPE. 2008;6(2):1-14. 4. Pelúcio L. “Toda quebrada na plástica”: corporalidade e construção de gênero entre travestis paulistas. Campos. 2005;6(1-2):97-112. 5. ROHDEN, Fabíola. 2008. "O império dos hormônios e a construção da diferença entre os sexos". Hist. cienc. saúde-Manguinhos [on-line]. Vol.15, suppl., p. 133-152. ISSN 0104-5970. Em: http://dx.doi.org/10.1590/S0104-59702008000500007. Acesso em: 27/08/2016. 6. Romano FV. As Travestis no Programa Saúde da Família da Lapa. Saúde Soc 2009; 17(2): 211-219. 7. Walker K, Arbour M, Wayrold DNP. Educational Strategies to Help Students Provide Respectful Sexual and Reproductive Health Care for Lesbian, Gay, Bisexual, and Transgender Persons. Journal of Midwifery and Women´s health; 2016; 61(6): 737-743.. 28.

(30) 29. 4.2. Os problemas O curso de graduação de Medicina da EMCM/UFRN adota a. metodologia ativa de ensino ABP (Aprendizagem Baseada em Problemas), esse método de ensino é centrado no estudante, com estudos autodirigidos, baseados em situações problemas. Como já demonstrado no cronograma, o módulo terá sessões tutoriais, conferências, aulas expositivas, seminários, rodas de conversas, exposições dialogadas, etc. A sessão tutorial é baseada na discussão de uma situação problema e tem o intuito de resgatar conhecimentos prévios, instigar dúvidas, integrar conhecimentos e dirigir estudos. Schmidt30 sugere que um problema escrito deve atender os seguintes princípios: a) Devem conter uma descrição neutra de um acontecimento ou conjunto de fenômenos que necessitam de explicação em termos de processo subjacente, princípios ou mecanismos; b) Devem conduzir a uma atividade de resolução de problemas pelos estudantes. c) Devem ser formulados de uma situação tão concreta quanto possível. d) Devem ter um grau de complexidade adaptado ao conhecimento prévio de cada estudante. Dessa forma, foram construídos três situações problemas, que serão utilizadas em nosso componente curricular, abaixo expostas:. 29.

(31) 30 PROBLEMAS. Problema 1: “Será que no Brasil isso também já é possível?” A Rádio Multicampi de Caicó transmite semanalmente um programa que traz temas polêmicos para discussão. O programa é transmitido ao vivo e permite que os ouvintes façam questionamentos por telefone. Nesta semana, a discussão está girando em torno da notícia abaixo, publicada no Jornal Correio Braziliense:. “Aqui estamos nós. O pequeno bebê Leo nasceu depois de quase 30 horas de parto, durante o qual tive todo o apoio de Biff. Tem sido super fácil até o momento. (…) Ele é muito saudável.” A fala parece mais uma de vários comunicados de mães que acabaram de receber em seus braços o filho recém-nascido, mas foi dita em um contexto raro. O pequeno Leo nasceu do ventre de um homem transexual, o norte-americano Trystan Angel Reese, 34 anos. O anúncio foi feito em vídeo publicado no Facebook, no qual Trystan e Leo aparecem ao lado do pai do bebê, Biff Chaplow, casado desde 2010 com Trystan. “Da próxima vez que alguém disser a vocês que dois homens não podem ter um bebê, mostrem esse vídeo”, ainda brinca Biff. “Porque nós o fizemos, e isso é incrível”, completa Trystan. Fonte:. http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/ciencia-e-. saude/2017/07/16/interna_ciencia_saude,610113/homem-transexual-engravida-e-da-a-luz-aum-menino-nos-estados-unidos.shtml Após a leitura do trecho acima, o telefone não para de tocar. A primeira ouvinte, Dona Úrsula, 45 anos, professora da rede pública de ensino, faz o seguinte comentário: “Eu não entendi nada. Se ela queria engravidar porque virou homem? E mais, se queria virar homem, por que se casou com outro homem? E ainda foi engravidar deste marido? É o fim do mundo mesmo!” Outra ouvinte, identificada como Sasha Veludo, entra na conversa e afirma: “Isso é o. 30.

(32) 31 máximo. Que bom que já chegamos a esse ponto. Muita gente sofreu e até morreu para garantir esses direitos, inclusive aqui no Brasil”. Na sequência, um ouvinte que não quis se identificar fala: “Eu vivo uma situação semelhante. Nasci num corpo feminino e sempre me olhava e me via como um homem. Como esse rapaz americano, o meu maior sonho é ter um filho biológico. Será que no Brasil isso também já é possível? Eu não consigo nem marcar uma simples consulta médica no meu posto de saúde!”. TERMOS DESCONHECIDOS: homem transexual OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM: 1. Discutir os conceitos de gênero, sexualidade, identidade de gênero, orientação sexual e diversidade sexual. 2. Conhecer as principais terminologias relacionadas ao mundo LGBT. 3. Compreender o conceito de LGBTfobia como um determinante social da saúde da população LGBT. 4. Compreender os principais marcos históricos do movimento LGBT no Brasil. 5. Conhecer a Política Nacional de Atenção à Saúde LGBT.. 31.

(33) 32 PROBLEMA 2: “Doze anos após retirar testículos com estilete transexual faz terapia no SUS.” A. transsexual. feminina. piauiense. Simone Rodrigues se mudou para capital federal Brasília aos 12 anos de idade. Desde a infância, preferia brincar de boneca com as amigas a jogar bola com os garotos. Ao se vestir, adorava um brilho, sempre para ficar mais fashion. Realizava-se ao usar as roupas femininas. Entrou em depressão quando vieram as mudanças corporais na adolescência, pois sentia que aquilo que acontecia no seu corpo não eram as mudanças desejadas. Por conta disso, tentou suicídio duas vezes. Começou a usar injeções de Perlutan que aprendeu com uma amiga para ganhar as sonhadas formas femininas. Ao conhecer a história da modelo Roberta Close, pensou: “tem solução!". Procurou apoio no serviço público de saúde, mas não obteve ajuda. Aos 16 anos resolveu fazer o procedimento sozinha em casa: "Vi que os testículos eram a única parte não aproveitada na mudança de sexo e decidi que pelo menos disso eu ia me livrar. Ter o órgão masculino sempre me incomodou muito. Eu falei para a minha amiga que queria tirar bicho de pé de cachorro, então ela me deu [a anestesia] de graça. Foi no meio da semana, mas não me lembro bem o dia. Fiz o corte, costurei tudo direitinho. Eu nunca tinha visto isso antes, mas eu queria, eu precisava daquilo, então acho que também me ajudou. Fiz o curativo e fiquei tomando água de caju, estava no filtro da minha casa com uma semana de antecedência. Em 15 dias, eu já não sentia mais dor nem nada", lembra. Doze anos após retirar os testículos com estilete, Simone finalmente consegue acompanhamento pelo SUS. Mas descobre que pela resolução do CFM serão necessários 2 anos de acompanhamento psicológico e psiquiátrico para poder conseguir realizar a neocolpovulvoplastia. E mais uma vez Simone fica depressiva e ansiosa. "No meu caso, acho que não deveria ter esse tempo todo. Entendo o procedimento, que tem gente que tem dúvida, mas no meu caso não tem confusão alguma, eu tenho certeza desde sempre.". TERMOS DESCONHECIDOS: neocolpovulvoplastia OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM: 1. Conhecer as mudanças corporais do processo de transexualização do masculino para o feminino; 2. Descrever a terapia hormonal no processo transexualizador (masculino para feminino) e suas consequências; 3. Identificar o impacto do processo transexualizador na saúde mental da pessoa trans; 4. Conhecer os tipos de cirurgias de redesignação sexual do masculino para o feminino.. 32.

(34) 33 PROBLEMA 3: Eduardo e Mônica Edna teve uma infância conturbada. Quando tinha sete anos, presenciou o pai alcoolizado assassinar a mãe durante uma briga em casa. Com a prisão do pai, perdeu contato com ele e passou a morar com sua tia no bairro Walfredo Gurgel em Caicó. Aos 14 anos já era viciada em crack e passou a se prostituir para sustentar o vício. Aos 16 anos, saiu de casa, abandonou a escola e foi morar numa área de prostituição da cidade. A despeito de ter tido relacionamentos com muitos homens, nunca conseguiu construir uma relação satisfatória e duradoura. Foi traída por alguns. Apanhou de muitos. Apegou-se a nenhum. Aos 25 anos de idade, pesava apenas 40 Kg. Ao assistir num programa de TV a história de um homem trans famoso nacionalmente, ficou fascinada, pois não sabia que aquilo era possível. Decidiu mudar de vida: abandonou o salto, os vestidos, as saias e as maquiagens; passou a usar camisetas, bermudas e bonés. Estava mais feliz, estava descobrindo que o estilo de vida masculino lhe atraía muito mais. Naturalmente, passou a se envolver somente com mulheres, e cada vez mais se identificava com o estilo de vida compatível com o gênero masculino. Com o tempo, a insatisfação com seu corpo biológico motivou o uso de faixas compressivas para esconder o volume dos seios, parou de se depilar, entrou na academia para ter hipertrofia muscular. Conseguiu sair da prostituição, aprendeu a dirigir e começou a trabalhar como moto táxi. Naquele mesmo ano, decidiu que queria viver como homem e passou a se chamar Eduardo. Na festa de Santana, conheceu Mônica, uma linda mulher, com 22 anos. Mas Mônica gostava de meninas, identificava-se como lésbica desde a adolescência e nunca tivera relação heterossexual. Isso não impediu que rolasse uma paixão avassaladora, estavam apaixonados. Com apenas três meses de namoro, já estavam morando juntos. Mônica apoiava Eduardo em absolutamente tudo. Vida aparentemente feliz, mas muita coisa ainda incomodava Eduardo. Ele não queria aqueles seios, aquela voz e não se sentia feliz com seu órgão sexual. Procurou ajuda na Unidade de Saúde do Bairro, no Hospital, no CRAS, mas ninguém sequer deu qualquer orientação. Ao pesquisar na internet, descobriu que poderia conseguir tudo em São Paulo/SP. Então, se organizaram e foram morar lá. Conseguiu acesso pelo SUS, iria iniciar a testosteronização, realizar as tão desejadas cirurgias de redesignação sexual. Ele queria tudo!!! Mastectomia, mentoplastia, histerectomia, ooforectomia bilateral e, por fim, a neofaloplastia. Ao realizar os exames admissionais para o ambulatório, um susto: o exame Papanicolau mostrou uma lesão de alto grau. Eduardo se desesperou. Mas foi tranquilizado pela médica que o encaminhou ao ginecologista que já faz o acompanhamento de Mônica.. 33.

(35) 34 TERMOS DESCONHECIDOS: Neofaloplastia; Mastectomia; Ooforectomia; Testosteronização; Mentoplastia; Histerectomia. OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM: 1. Listar as mudanças corporais desejadas no processo de transexualização vivenciado por um homem trans; 2. Descrever os esquemas de administração hormonal de testosterona no processo transexualizador e suas consequências; 3. Discutir os aspectos éticos, legais, psicossociais das cirurgias de redesignação sexual em homens trans; 4. Discutir a atenção ginecológica ao homem trans.. 34.

(36) 35. 5. APLICAÇÕES PRÁTICAS NA FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE Figura 1. Componente curricular ofertado ao curso de graduação em Medicina. Caicó, 2017.. 35.

(37) 36. 6. REFERÊNCIAS. 1. Foucault M. História da sexualidade I. A vontade de saber. 11ª ed. Rio de Janeiro, Graal, 1993. 2. International lesbian, gay, bissexual, trans and intersex association. Org. ILGA launches State-Sponsored Homophobia report 2017: The number of countries criminalising consensual, private same-sex sexual activity between adults has decreased to 72, while the variety of law relevant to sexual orientation continues to expand steadily. Disponível em: http://ilga.org/ilga-state-sponsored-homophobia-report-2017/. Acesso em: 20 jul. 2017. 3. Ottosson D. Homofobia do Estado: Uma pesquisa mundial sobre legislações que proíbem relações sexuais consensuais entre adultos do mesmo sexo um relatório da ILGA; Abril, 2007. 4. Giddens A. (1992) A transformação da intimidade. Sexualidade, amor e erotismo nas sociedades modernas. São Paulo, UNESP. 5. Conselho Federal de Medicina. Org. Dia Internacional de Combate à Homofobia. Piauí, 2015. 1 p. Disponível em: http://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=255 30:2015-05-26-14-20-52&catid=46. Acesso em: 20 jul. 2017 6. Campos JL; Alves JLS. A INVISIBILIDADE DA SAÚDE DA POPULAÇÃO LGBT: uma reflexão acerca da homofobia presente nos espaços institucionais de saúde. VII Jornada Internacional de Políticas Públicas. Universidade Federal do Maranhão. p.11, 2015. 7. Luz LS. Dia internacional de combate à homofobia. Maio, 2015. 8. Butler J, Rios A. Desdiagnosticando o gênero. Physis, 2009; 19(1): 95-126 9. Cardoso RP. Transexualismo e o direito à redesignação do estado sexual, São Paulo: Direito Net, Julho/2005 Disponível em http://www.egov.ufsc.br/ portal/sites/default/files/anexos/31170-34463-1-PB.pdf (Ultimo acesso dia 02/07/2011 às 9:56). 10. Brasil. Ministério da Saúde. Cadernos de Atenção Básica. Saúde Sexual e Saúde Reprodutiva. Brasília, 2010 11. Cannon SM, Shukla V, Vanderbilt AA. Addressing the healthcare needs of older Lesbian, Gay, Bisexual, and Transgender patients in medical school curricula: a call to action. Medical Education Online 2017; 22:1. 12. Grupo Gay Bahia. Relatório 2016 – Assassinatos LGBT no Brasil. Janeiro, 2017. Disponível em:. 36.

(38) 37. https://homofobiamata.files.wordpress.com/2017/01/relatc3b3rio-2016ps.pdf 13. Gates GJ. Newport F. Special report: 3.4% of U.S. adults identify as LGBT. Washington, DC Gallup; 2012. Disponível em: http://www.gallup.com/poll/158066/special-report-adults-identify-lgbt.aspx. Acesso em: 10 Jul. 2017. 14. Censo Demográfico 2010. Características gerais da população, religião e pessoas com deficiência. Rio de Janeiro: IBGE, 2012. Disponível em: http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv64529_ref_glossario_equip etec.pdf. Acesso em: 20 jul. 2017 15. Abdo C. Mosaico Brasil. Faculdade de Medicina de Universidade de São Paulo. Projeto Sexualidade (PROSEX) USP. 2009. 16. Jesus JG. Orientações sobre a população transgênero: Conceitos e termos. Brasília, 2012. 24p. Disponível em: https://www.sertao.ufg.br/up/16/o/ORIENTA%C3%87%C3%95ES_POPULA %C3%87%C3%83O_TRANS.pdf?1334065989. Acesso em: 20 jul. 2017 17. Alves JAL. A Conferência de Durban contra o Racismo e a responsabilidade de todos. Rev. bras. polít. Int; 2002 45(2): 198223, Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S003473292002000200009&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 20 Jul. 2017. 18. Brasil. 2ª Conferência Nacional de Política púbicas e Direitos Humanos de LGBT. Brasília, 2011. 19. Brasil. Ministério da Saúde. Brasil Sem Homofobia - Programa de Combate à Violência e à Discriminação contra GLTB e de Promoção da Cidadania Homossexual. Brasília, 2004. 20. Brasil. Ministério da Saúde. Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais / Ministério da Saúde. Brasília, Ministério da Saúde, 2011. 21. Muller A. Teaching lesbian, gay, bisexual and transgender health in a South African health sciences faculty: addressing the gap. BMC Medical Education; 2013. 22. Walker K, Arbour M, Wayrold DNP. Educational Strategies to Help Students Provide Respectful Sexual and Reproductive Health Care for Lesbian, Gay, Bisexual, and Transgender Persons. Journal of Midwifery and Women´s health; 2016; 61(6): 737-743. 23. Romano FV. As Travestis no Programa Saúde da Família da Lapa. Saúde Soc 2009; 17(2): 211-219.. 37.

(39) 38. 24. Thiollent M. Pesquisa-ação nas organizações. São Paulo: Atlas, 1997. 25. Lindgren R, Henfridsson O, Schultze U. Design principles for competence management systems: a synthesis of an action research study. MIS Quarterly 2004; 28(3): 435-72 26. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria da Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Programa mais médicos – dois anos: mais saúde para os brasileiros. Brasília: Ministério da Saúde; 2015. 27. Brasil. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Superior. Resolução CNE/CES nº 3, de 20 de junho de 2014. Institui as Diretrizes Nacionais do curso de graduação em Medicina. Diário Oficial da União, 23 Jun 2014. 28. Grant, J. Principles of Curriculum Design, in Understanding Medical Education: Evidence, Theory and Practice (ed T. Swanwick), WileyBlackwell, Oxford, UK, 2010. 29. Grittem L, Méier MJ, Zagonel IPS. Pesquisa-ação: uma alternativa metodológica para pesquisa em enfermagem. Revista Texto Contexto Enfermagem 2008; 17(4): 765-70. 30. Schmidt H. A base lógica de aprendizagem em resolução de problemas. In: Engel C, Majoor G, Vluggen P. Educação de profissionais de saúde orientada para a comunidade: uma selação de publicações da Network. Maastricht: Network Publications, 1999.p. 83-90.. 38.

(40) 39. 8. ANEXOS ANEXO 1. CERTIFICADO DE CURSO DE QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL. 39.

(41) 40. ANEXO. 2.. CERTIFICADO. DE. CURSO. DE. CAPACITAÇÃO. MULTIPROFISSIONAL. 40.

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