'\
SP
024
S?.1\ç
' . l
EDUARDO
s1LvA
FURTADQ
"*“~f""`*e“”i"*”REFERÊNCIA
PARA QUALIDADE DE
VIDA
-EHUMANIZAÇAO
NO
TRATAMENTO
DO
PACIENTE
ONCOLOGICO
Trabalho apresentado à Universidade
Federal de Santa Catarina, para a
conclusão do Curso de Graduação
em
Medicina.
FLORIANÓPOLIS
-
SANTA CATARINA
1EDUARDO
SILVA
FURTADO
REFERÊNCIA
PARA QUALIDADE DE
VIDA E
HUMANIZAÇAO
NO
TRATANIENTO
DO
PACIENTE
ONCOLOGICO
Trabalho apresentado à Universidade
Federal de Santa Catarina, para a
conclusão do Curso de Graduação
em
Medicina.
Coordenador
do
Curso:
Prof. Dr.Edson
Cardoso
Orientador:
Prof. Dr.Marco
Da
Ros
FLORIANÓPOLIS
_-SANTA CATARINA
Não basta apontar o erro
Mas de alguma maneira
Mostrar o que é certo.
Ajudar ao móximo
É ajudar sem pensar em si mesmo.
O
Homem
veio ao rmmdo Não para ser perfeitoMas para cada vez mais sua imperfeição
Um
passo ao infinito saber!A
luz que envolve o ser!Este é o caminho!
Somente crer!
Dedico trabalho ao meu avô que,
enquanto vivo, me amou muito, sempre
transbordando alegria e disposição a mim
AGRADECIMENTOS
Em
primeiro lugar, a Deus, poissem
ele,não
teria toda força, alegria edisposição para concluir este trabalho e
o
curso.À
minha
esposa, Gláucia, que,com
sua sabedoria, teve paciência eme
deu
estímulo para continuar a fazer
um
trabalhocompleto
e serum
bom
médico.Aos meus
pais,que
me
ensinaram garra e vontade de vencer para a vida epara concluir
o
curso.À
minha
avó,Anda,
que, juntocom
meus
pais,me
ensinou a acreditarna
vidae
em
vencer nela.Ao
meu
avô, falecidohá poucos
meses, foi paramim
um
exemplo de
alegria,ao
se relacionarcom
as pessoas.À
minha
tiaRute
e tio Bill,que
acreditaramem
mim,
com
muita fé.Aos meus
tios Rute, Paulo, Jair e Vera,que
me
incentivaram parao
términodo
curso.Aos meus
irmãos, Daniele e Ricardo,que sempre
acreditaram nessaminha
conquista.Ao
Dr. Felisberto, por terme
introduzidono
CEPON,
para a realização destetrabalho,
bem como
pela sua paciência e generosidadeem
suas orientações.Ao
Dr.Marco,
meu
orientador, pelaboa
receptividade e orientaçãona
ÍNDICE
LISTA
DE
QUADROS
... ... ... ... ... ... ..8 INTRODUÇÃO... ... ... ... ... ... ...9 1.1- OBJETIVOGERAL
... ._ 11 1.2- OBJETIVOS ESPECIEICOS ... _. 12 1.3-METODOLOGIA
... .. 12LITERATURA1000OcooooovfloonoountfitluotøooçonoooouO ooooo onto oooo onoooao ooooo aco oooooooooo ooodfiøooãoooaot oooo ooo oooooooo oouooo
2.1-
O
QUE
EO
CÂNCER
E sEUs CUIDADOS PALIATIVOS ... .. 162.2- QUALIDADE DE VIDA
EM
UM
TRATAMENTO
ONCOLÓOICO EFETIVO ... .. 182.3- ASPECTOS PsIcOssOCIAIs
DO
PACIENTECOM
CÂNCER
... .. 202.4-
COMUNICAÇÃO
INTERPESSOAL E TERAPIA OCUPACIONALDO
PACIENTE ONCOLOGICO . 233.
DISCUSSÃO
... .... ... ... 4. CoNCLUsÃO... .... ... ... ... ... ... ..s1 s.REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
... ... .... ... .. 54 õ.RESUMO
... .... ... ... ... .... ... ... ...ss 7.SUMMARY
... ... ... ... ..s9 s.ANEXO
... ... ... ... ... ... ..õnLISTA
DE
QUADROS
Quadro
I-
Quadro
Demonstrativo das Categorias, Subcategorias e Conjuntode Significados ... ..35
Quadro
II-Percepção
dos Pacientes sobre Contextoque Vivenciam
... ..36Quadro
III-
Expectativas dos Pacientes sobre Contextoque Vivenciam
... ..42Quadro IV
~
Aspectos Psicossociaís ... ..44Quadro
V
~
Crescimento eDesenvolvimento
... ..47Quadro VI
-
Comunicação
... ..48Quadro
VII-
Interação ... ..491.
INTRoDUÇÃo
Dizer
que
o
câncer éuma
doença
com
alta incidência, alta mortalidade éo
óbvio.O
que
normalmente não
se fala é sobre a qualidadede
vida, aspectospsicossociais e fatores psicológicos
que
envolvem
esta doença.Segundo
Moreiral (1994, p.150),“Hoje
pode-seafirmar que o
aparecimento
do
câncerbem como
sua evolução são afetados pelas variáveispsicossociais, assim
como
sabe-seque
fatores psicológicosinfluem
no
sistemaimunológico,
o
qual, por sua vez,pode
contribuir parao
aparecimento eprogressão
da
carcinogênese”.Vanzin
eNeiyz
(1997, p.32)afinnam
que
a necessidade de atenderao
paciente de
forma
a dartambém
o
apoio emocional, saber identificar qual anecessidade e quais as expectativas
do
pacientetêm
sido consideradas a essênciade
um
tratamentode
resultados positivos, principalmentequando o
quadroclínico desse paciente for considerado
não
promissor,que
éo
casodo
pacienteoncológico.
O
que o
paciente oncológico querdo
seumédico?
O
que
elepensa
doscuidados
que
lhe serão prestados?Qual
a sua necessidade e expectativa nesse processo de saúde-doença e vida?O
médico, ao estar atento a essesquestionamentos, procura buscar, junto ao seu paciente, as respostas. Para
Tigges3 (1988, p.838), “opções, escolhas e controles
novos
e/ou alterados paraum
aumento da
independência e/ou interdependênciano
cuidado próprio,trabalho e atividades de lazer
devem
ser negociadasou
renegociadasde forma
io
Silva4 (1994) refere
que
em uma
assistênciamédica
adequada,0
próprio paciente
deve
ter a oportunidade de expressar suas expectativasem
relação a essa assistência recebida, interagindocom
suadoença
ecompreendendo o que
está acontecendo.A
partir disso,pode
fazer parte desse processoo
esclarecimento sobre os sinaisde
melhora,como
também
explicações autênticas sobre seu problema,
podendo
permitircom
que
ele sesinta importante e valorizado, podendo-lhe gerar esperança. Para isso,
o
autor apresentaalgumas
sugestões,como:
“1. Estimule o paciente a ser ativo e, nos limites
de
sua condição, respeitadas asrestrições médicas, fazer as coisas por si
mesmo.
2.
Comente
os sinais de melhora; estímulos positivos são importantes.3.
Sempre
que
possível,despenda
tempo
com
o
pacienteem
atividadesnão
relacionadas à doença.
Há,
porfim,
um
último,mas
fundamental, itemda
receita:a
esperança.Não
se pode, jamais, permitirque morra
a esperança aum
enfermo.E
nesseparticular,
bem como
demodo
geral,o
papel principal é antesdo médico que
das outras pessoas
que
zelem
ecercam o
doente”. (Silva,1994, p.339)A
comunicação
terapêutica éuma
técnicaque
precisa ser aprendida eutilizada pelo médico, pois traz beneficios às pessoas e,
segundo
Stefanellis(1987, p.ll3), “[...] ajuda os pacientes a enfrentarem
a
tensão temporária,a
conviver
com
outras pessoas, a ajustar-se aoque não pode
sermudado
e aenfrentar os bloqueios à auto realização”.
O
estigma associado ao câncer é muito forte entre os profissionais eentre a sociedade
em
geral,podendo
incluir a família.O
câncer para muitos ésinônimo
de
morte.Há
que
se desmistificaro
câncer, pois é possível fazermuito
entender
o
que
é morrer, pois todos nóso
vivenciamos,sem
termosconsciência disto”. (Oliveiraõ, 1992, p. 63)
É
em
função desse atendimentodo
paciente canceroso eda
necessidade dehumanização
desse tratamento e, ainda, por conhecerque o
câncer éuma
doença
com
grande incidência e morte, pois,de
acordocom
o
Ministérioda
Saúde7 (1998, p.73),
no
Brasilo
câncerocupa o segundo
lugarcomo
causa demorte
por doença,o
autor decidiu desenvolver este trabalho.Este Trabalho de
Conclusão
de Curso
foi concebido para serdesenvolvido
em uma
instituição de saúdeno
Estadode
Santa Catarina:CEPON
(Centro
de
Pesquisas Oncológicas). Esta instituição possuiuma
área para atendimento ambulatorial de pacientes oncológicos e outra para internação.Na
unidade hospitalar, setor
no
qual foi desenvolvido este trabalho, são atendidosenfermos caracterizados
como
“fora de possibilidades terapêuticas”, portanto,que
possuem
um
diagnóstico de câncerconfirmado.
Esta unidade contacom
médicos, psiquiatras, enfermeiros, psicólogos, assistente social, bioquímico,
nutricionista e fonoaudiólogo.
É
um
centro de referência para toda Santa Catarina e outros estados,sendo reconhecido
na
América
Latinano que
tange ao tratamentodo
câncer,uma
vez que
existempoucos
centroscom
um
acompanhamento
do
clienteoncológico
como
é desenvolvidono
CEPON,
pois os hospitais, porserem
gerais,
têm
que
distribuir suas ações nas diversas áreas e especialidades.1.1- 0B.n‹:'r1vo
GERAL
Investigar e sistematizar as expectativas, necessidades e valores
do
12
refletir sobre aspectos
da humanização do
tratamento, tendocomo
referênciao
modelo
conceitualde
M.
Imagene
King.1.2-
Oninrrvos
Esrncíricos
0 Organizar entrevistas
com
pacientes oncológicosdo
CEPON;
0 Colaborar
(com
os resultados deste trabalho) para a qualidadede
vidado
paciente oncológico;
0 Colaborar para construir melhores condições de
uma
assistência profissionaladequada.
1.3-
METODOLOGIA
Esta proposta estruturou-se
como
um
processo qualitativode
investigação, buscando, principalmente, a descrição dos
dados que emergiram
das falas dos entrevistados (análise
de
discurso), etambém
uma
análisena
perspectiva
da
qualidadede
vida ehumanização do
atendimento, sustentada pelas expectativas, necessidades e valoresdo
paciente, assimcomo
_a terapiaocupacional,
método
valioso e largamenteusado
para a soluçãode
váriosproblemas.
Não
sebuscou
tanto a explicação para os dados,mas
sim a
sua exploração para evidenciar a necessidade, dosmédicos
e outros profissionaisda
saúde envolvidos,
em
compreender o
processode
qualidadede
vidado
paciente,para
que
possam
humanizar
o
tratamento oncológico.Para realizar este trabalho,
o
Dr. FelisbertoAndreas
Bub -
um
dosmédicos do
CEPON
-,encaminhou
uma
proposta aos departamentos dessa Instituição,expondo
os objetivos desta pesquisa.Após
autorização, deu-se inícioforneceram orientações a respeito
do
hospital e indicaram quais os pacientesque poderiam
ser selecionados.O
paciente inclusona
escolha recebeu informações sobre todaa
proposta e lhe foidada
a decisão de participarou
não
como
componente da
amostra.Realizou-se
um
totalde
14 entrevistascom
pacientes oncológicosdo
CEPON.
Essenúmero
foi, primeiramente,pensado
como
uma
maneira
de obteruma
representação ideal de dadosem
um
trabalho qualitativo enão
quantitativo.Além
disso, essa análise mostrou-se de importância fundamental para aexperiência sobre
o
doente e a conquistada
sua saúde,com
basenos
trabalhosde
M.
Imagene
King
eKent Nelson
Tigges.Alguns
critérios para a escolha dos pacientesforam
definidos:- pacientes
com
câncerem
estágio deacompanhamento
clínicoou
paliativo; - pacientes lúcidos e orientados para viabilizaro
processode comunicação
einteração.
Definindo-se
os objetivos propostos, designou-se, a partir disto,uma
investigação. Esta, a princípio, veisava sobre depressão (sintoma emocional
associado
ao
câncer).Porém, no
decorrer das entrevistas, concluiu-seque
a investigação deveria ser, pelos dados apresentados, sobre a importânciada
qualidade
de
vida ehumanização do
atendimento dos pacientes oncológicos,podendo-se, então, evidenciar
a
possibilidade das duas teorias:de
M.
Imagene
King,
na
consecução demetas
e alcance de objetivos eKent
Nelson
Tiggesna
terapia ocupacional.
A
coleta de dados foi realizada de várias formas: pelas caracteristicaspessoais ligadas à doença, diretamente
do
prontuário; pelas informações atravésdos profissionais
de
saúde, e junto ao próprio enfermo, familiares e amigos.A
respeitode
qualidadede
vida ehumanização do
atendimento,o
14
as pergrmtas cujas respostas
foram
gravadasem
fitas cassetes, levando-seem
conta as restrições ligadas
à
situaçãoou
terapêutica própriasdo
entrevistado,que
posteriormente
foram
transcritas.As
informações obtidasna
coleta de dados, através das entrevistas,foram
agrupadasem
registros similares dos quais seproduziram
conjuntosde
significados e
onde
se procurou evidenciar os resultados expressivos,em
relação às expectativas de vida, saúde-doença e equipede
saúde.A
análise dessesdados
foi estruturadacomo
interpretação qualitativapela associação e contradição
em
relaçãoà
literatura revisada.Após
realizadas as entrevistascom
cada
paciente selecionado, deu-seinício à fase de transcrição das fitas, paralelamente à revisão
da
literatura.Das
14 entrevistas, 10
foram
selecionadas.Através
da
revisãoda
literatura, foi possível interpretarmelhor
osdados
obtidos nas entrevistas e, a partir
de
então, deu-se a sua caracterização.Para confirmar
o
sigilo, a discrição dos participantes e identificaro
conteúdo
de forma
prática e objetiva, utilizou-seum
método
de
nomear
cada
entrevista,
numerando-as
de la
10anamnese
(A), identificando as idades dosentrevistados e
numerando-se
todos osdados
obtidos nas entrevistas. Pode-seexemplificar este
método
como
A1 20
D4,que
éa
anamnese
1 (A1), entrevistadocom
20
anosde
idade, eo
número
do
seu dado.Procurou-se codificar cada entrevista, seus registros, e a partir daí os
dados foram
organizados e distribuídos por conceitos,denominados
CATEGORIAS,
SUBCATEGORIAS
eCONJUNTO
DE
SIGNTFICADOS.
Estas categorias são
uma
forma que
M.
Imagene
King
eKent Nelson
Tigges
conceberam
ou
decodificaram
parao
entendimentoque
os seus pacientestêm
a respeitode
qualidade de vida e sobrea humanização do
tratamentoAs
categorias são retiradas dos conceitos deM.
Imagene
King
(percepção, expectativa, ambiente/sociedade, crescimento e desenvolvimento, comunicação, interação e transação), e as de
Kent Nelson
Tigges são sobreo
modelo
de
comportamento
ocupacional, cujas definições encontram-seno
capítulo sobre Literatura,
na
página 16.As
subcategoriasemergiram
dosdados
obtidos nas entrevistas,num
totalde
11 subcategorias.Os
conjuntosde
significados surgiram atravésda aproximação dos
dadossimilares,
num
totalde
34.As
categorias, subcategorias e os conjuntos de significadospodem
serapreciados
no
Quadro
I,na
página 35.Das
10 entrevistas, obteve-seum
total de84
dados, apresentados e2.
LITERATURA
2. 1-
O
QUE
É
o
CÂNCER
E
SEUS
Cumzuros
PALI/mvos
O
câncer,segundo o
Ministérioda
Saúdes (1997, p. 9), caracteriza-se poralterações
que
provocam
um
crescimento celular desordenadonão
controladopelo organismo,
comprometendo,
dessa forma, tecidos e órgãos.É
assimdescrito
como
uma
dasmais
antigas enfermidades, poispõe
em
risco imediatoa
vida
do
serhumano, ameaça
não somente
à sua integridade psicocorpórea,como
também
à sua qualidade de vida.De
acordocom
Rodriguesg (1982, p. 1), “[...]o
câncer émencionado
em
papiros, descobertos
em
1872, por Ebers,com
uma
antigüidade superior a1500
anos antes de Jesus Cristo.”
Para Leitelo (1996, p. 9), “[...]
o
câncer é a transformaçãoque
as célulassofrem, passando a apresentar alterações cromossômicas, distúrbios
na
capacidade de diferenciação
no
controledo
ciclo celular eno
crescimento dostecidos”.
Moore
citado porWood”
(1996, p.203), interpreta estadoença
como
uma
transformação das células normaisem
células malignas.Ou
seja, ocorrequase
sempre
uma
evoluçãoem
múltiplos estágios de alterações genéticas eepidêmicas
que acontecem
em
célulasque
escapam ao
controledo
crescimentonormal
do
hospedeiro.Segundo
diretrizesdo
Ministérioda
Saúde”
(1995), a determinaçãodo
câncer é direta
ou
indiretamente dependente de fatores extrínsecos relacionadosà dieta, ao estresse e aos hábitos
de
vida, sendo os fatores pessoais e os fatoresgenéticos
também
consideradoscomo
determinantes.Sabe-se
que
hoje existeuma
valiosagama
de
terapêuticas, relativasao
tumor,
em
auxílio ao paciente oncológico,como
por exemplo, a cirurgia,radioterapia, quimioterapia,
que
implementam
a
curaou
a
diminuição dos sinaise sintomas
da
doença.O
paciente oncológicopode
contar atualmentecom
uma
assistênciaambulatorial e hospitalar especializada,
com
tecnologiade
ponta ede
altoscustos. Infelizmente,
quando o
pacientechega
a esses serviços,além de
possuira doença, esta já se encontra
em
estado avançado.Para
o
efetivo tratamentodo
paciente oncológico,há que
se considerar diversos aspectos,ou
seja,o
psicológico,o
social,o
cultural,o
espiritual,o
econômico,
bem
como
o
tratamento específico para neoplasia.De
acordocom
Marcelino”
(1997, p.10-1 1),o
cuidado paliativoconsiste na atenção ativa, integral e individual dos pacientes
com
doenças fora depossibilidades terapêuticas de cura (...) tem
como
objetivo reafirmar a importância davida, considerando a morte
como
um
processo natural; não utilizar medidas queprolonguem o sofrimento ou encurtar a vida; controlar a dor e outros sintomas; apoiar medidas que ajudem aos pacientes levar
uma
vida, o mais ativo possível, atéachegada da morte; oferecer apoio à família para que possam enfrentar a enfermidade
e o processo de morte dos seus membros.
Segundo
a
OrganizaçãoPanamericana
de IaSalud”
(1988), os cuidadospaliativos se
definem
como
a
atenção ativa total àquelas pessoascom
enfermidades avançadas
que
não
respondem
ao tratamento curativo,no
qual,o
controle de sintomas e,
em
particular,da
dor constituem a base de seu manejo.Para
o
Ministérioda Saúde
(1995, p. 140), “[...]um
paciente parao
qualis
fora das possibilidades terapêuticas atuais
(FPTA). Porém,
esse pacientepode
ainda representar possibilidade deuma
sobrevida útil emanutenção da doença
sobre controle durante
um
espaço detempo
significativo”.2.2-
QUALIDADE
DE VIDA
EM
UM
TRATAMENTO
0NcoLóGrco
EFETIVO
Segundo Moreira
(1994, p.l49), “[...] muitos profissionaismédicos
(além de já constituir senso
comum)
acreditamque
fatores psicológicospossam
representar importante papel patogênicona
eclosãoda doença
cancerosa”.Para Barónls (1996, p.3), “[...]
na
oncologia clínica se procura objetivosbem
precisos: curaro
paciente,aumentar
sua sobrevida e dilatar os intervalosde
enfermidades e
sempre
melhorar sua qualidade de vida e aliviar os sintomas”.Conforme
Caivalholó (1994, p.239),o
“[...] cuidar estáfundamentado
num
sistemade
valores humanisticos universais, taiscomo:
a amabilidade,o
respeito,
o
afeto por si e pelos outros. Este sistemade
valores humanísticosenvolve a capacidade de gostar das pessoas e apreciar a diversidade e a
indivisibilidade”.
Para a assistência ao paciente oncológico,
convém
considerar váriosaspectos,
ou
seja,o
psicológico, social, cultural, espiritual e econômico,bem
como
o
tratamento para a neoplasia.No
entender deMc
Millan"
(1994), qualidadede
vida éum
elementoessencial para a existência
humana,
referindo-se àcomposição de
váriosaspectos
da
vida e funcionamentohumano
que
são considerados fundamentais para vida.Dessa
forma, qualidadede
vidapode
ser entendidacomo
essencial ao doente oncológico,uma
vezque o
câncer leva auma
série de alteraçõesna
vida,não
sódo
enfermo,mas também
de seus familiares e amigos.E
é precisopensar quais as condições de vida
que
tem
esse doente, paraque
se possa ajudá-lo.
De
acordocom
Vanzin
eNery
(1997, p.3l), “[...]o
cliente é integrantede
três grupos: família, coletividade e equipede
saúde.Todos têm
seu papelno
desenvolvimento
do
plano de cuidados, dentrode
uma
filosofia que vê o
doentecomo
um
todo: pessoaou
cidadão,com
seus atributos e direitos.”Para Tigges (1988, p.835),
como
acontecena
avaliaçãoda
dor, aavaliação
da
qualidade de vidadeve
ser feitacom
a cooperação de toda a equipe.Segundo
Nascimento-Schulzels (1997, p.45),a
obtenção de estratégias eenfrentamentos
mais adequados
éum
dos aspectosdo
processoque
contribuemmelhor
para a qualidade de vidade
todos os envolvidos, dos pacientes aosfamiliares.
Conforme
Vanzin
eNery
(1997, p.32), “[...] éda
competênciado médico
o
ajusteda
dosagem
dosmedicamentos no
alívioda
dor ede
outros sintomas,bem
como
o
apoioemocional
aos clientes e à familiacom
explicações sobre adoença
eo
tratamento, orientando-os paraum
melhor
aproveitamentocom
a
melhoria
da
qualidade de Vida”.De
acordocom
Tigges (1988, p.830), “[...]não
ser capaz de continuara
vida
como
uma
pessoa capaz, produtiva, valorizada e respeitadapode
e causauma
imensa
deterioraçãona
percepção e realizaçãona
qualidadede
vida e, destaforma,
na
sua auto-estima. Isto é talveza
ofensamais
prejudicial paraa
integridade pessoal de
um
indivíduo”.Tigges (1988) afirma, ainda, que, “[...]
quando
a última “ofensa para ferida”vem -
o
prognóstico demenos
do que 6 meses de
vida é aprendido-
osmédicos não deveriam
surpreender-secom
a reação dos seus pacientes,2o
inutilidade,
não
importando quaistenham
sido suas reações saudáveis nassituações
do
dia-a-dia, antes de se tornarem doentes”.Kleinmanlg (1985) considera
que o
conceitode
qualidadede
vidadeve
levar
em
contaum
componente
subjetivo, enfatizandoo
aspectode
percepçãopessoal
da
doença.A
percepçãodo
paciente,como
ele se sente, funciona eaparenta, talvez seja até mais importante
em
certas circunstâncias,do que
arealidade propriamente dita.
2.3-
ASPECTOS
PSICOSSOCIAIS
DO
PACIENTE
COM
CÂNCER
Conforme
Vanzin
eNery
(1997),o
câncer éum
problema
socialque
mexe
com
o
doente, a família ea comunidade,
pelas suas característicasde
dificil detecção precoce
na
maioria das localizaçõesno organismo humano.
Mas,
a
promoção
da
saúde,com
basena
remodelagem
da
atitude,no
estilode
vida,dá
novas
esperanças aos pacientesna
prevenção desta enfermidade terrível.Para
Moreira
(1994, p. 149), “[...]o
aparecimentodo
câncer,bem
como
sua evolução, são afetados pelas variáveis psicossociais”. Continuando,
Moreira
observa
que
os estados afetivos, particularmente a depressão,têm
sidouma
ativaárea de estudo.
Afirma,
também,
o
autor,que
um
grande estudo epidemológicode
2.200empregados da
Westan
Eletricdemonstrou que
os sintomasdepressivos observados pelo
Minnesota
Multiphasic Personality Inventory(Mb/fl°I)
estavam
associados a riscos duas vezesmais
altosde
câncer nosprimeiros 10 anos
de
pesquisa.Ramirez
et al.2° (1989) evidenciam a associação entre eventosexistenciais estressantes e as primeiras recorrências de câncer
de
tórax jácom
câncerque
participaramde
terapiade
grupo, havendo, inclusive,melhora
quanto
ao humor,
vigor pessoal, diminuiçãoda
dor emelhor
ajustamento social.Spiegel et al.” (1989)
acompanharam
um
grupo de pacientescom
câncermetastático de tórax, recebendo tratamento psicossocial durante
um
ano,que
consistia
em
psicoterapia de apoiosemanal
e treinamento,em
auto-hipnose, paracontrole
da
dor.Observaram
que, ao finalde
um
ano, esses pacientesapresentaram
menos
distúrbio dehumor,
menos
respostas fóbicas,muito
menos
queixas de dor e
também
maior
longevidade nestas amostras estudadas.Le Shan”
(1992) constatouque
os pacientescom
câncer,freqüentemente, tiveram
uma
juventudemarcada
por sentimentosde
isolamento,desespero e negligência e
com
relações interpessoais difíceis.Nascimento-Schulze
(1997, p.196)afirma
que
“[...] alguns estudosidentificaram fatores
de
risco psicossocial parao
surgimentodo
câncer, entre osquais: estresse, traços
de
personalidade e hábitos pessoais”.Assim,
seo
indivíduoconige
traçosde
sua personalidade,de
forma que
possa interagir
melhor
com
sua doença, tomar-se-ámais
ativo e potente paralidar
com
seumundo
interior e, a partir daí, mais participante de seus progressosdo
dia-a-dia, entre eles,tomar
efetivamente partena busca de
suasaúde.
Simonton”
(1987) refere-se a etapas psicológicas,quando o
pacienteprocede
a
um
redirecionamento de sua vida:1°) a pessoa estabelece
uma
nova
relaçãocom
o
mundo;
2°) a pessoa
toma
a decisãode
mudar
o
seucomportamento, de
seruma
pessoadiferente;
3°) os processos fisicos
do
corporeagem
aos sentimentosde
esperança ehá
um
renovado
desejode
vida;22 4°)
emocionalmente
estarámais
amadurecida, deforma que
possa sofrermenos
com
osembates
da
vida.É
importanteo
indivíduo desmistificaro
fatodo
câncer seruma
condenação
à morte, já que,segundo Lopes
eNunes”
(1995), parao
indivíduo,o
câncer é ameaçador, representandoum
tríplice perigo:de
dor fisica, de mutilação e de morte.Kubler
-
Ross”
(1970)sugerem que o
paciente oncológicopode
passarpor vários estágios emocionais,
em
virtude dasmudanças
de
vida ocasionadaspelo câncer,
como:
negação, ira, barganha, depressão e aceitação,que não
necessariamente
acontecem
nesta ordem.Sendo que
esse éo
momento
da
intervenção
da
equipe interdisciplinarque
tem
como
desaño
oferecer outrasemoções, como: o
amor,o
alívio, a serenidade, a alegria.Segundo Gimeneszó
(1997),o
portadorde doença
grave e incapacidadeprecisa redefinir seus valores e compromissos, para
poder
lidar afetivamentecom
o
seu dia-a~dia e assim enfrentarmelhor
a situação,minimizando o dano
ou
a perda.
Não
há
dúvida deque há
uma
mudança
psicossocialna
vidado
indivíduo,
em
virtudedo
câncer; mas, paraque
ele tenhauma
qualidadede
vida satisfatória, é necessárioque
seu interior e vida social estejam adaptadospositivamente.
Caso
contrário, irá preponderaremoções
destrutivas nassituações
do
dia-a-dia,podendo
isso encurtar sua vida.Gimenes
(1997) relataque
o
enfrentamentoda
doença,como
uma
resposta psicossocial
da
pessoa, leva aum
nível satisfatóriode
qualidade devida,
ou
seja, permite-lheum
bom
funcionamento psicológico, reassumirna
23
2.4-
COMUNICAÇÃO
INTERPESSOAL E
'n‹:RA1>¡AOCUPACIONAL
DO
PACIENTE
ONCOLÓCICO
Haras
(1975),apud
silva” (1999, p.11ó),zfimzz
que; “[...]a
comunicação
contribui diretamente paraa
propagaçãode conhecimento
e, porconseguinte, para a
formação
dos indivíduos, sendo, portanto, vistacomo
um
dos processos vitais
do
serhumano
euma
conquista enquanto direito individualdesse
homem
em
emitir, expressar e receber informações e atéde não
comunicar-se”.
O
homem
tem,em
sua natureza, a disposição espontânea de serum
sersocial; conseqüentemente, relacionar-se
no
mundo,
sendo acomunicação
a base para a estruturação de todo e qualquer relacionamento.Menezes,
inMendes
et a1.28 (1987, p.208), dizque
“[...]comunicação
éo
sistema básico
da
experiência social. Ela é fundamentalno
desenvolvimentoda
personalidade
humana,
emergênciada
vida grupal, eno
surgimento e elaboraçãoda
cultura”.O°Brien, in
Mendes
et al. (1987, p.2l5), ressaltacomunicação
como
sendo “[...]
um
processo pelo qualum
indivíduo partilhaalguma
coisade
simesmo:
- suas idéias, opiniões, valores, objetivos e sentimentoscom
outros.Este processo ajuda a torná-lo mais
humano,
mais social, emais
em
contatocom
a
realidade”.Na
comunicação
interpessoal, é importantequando o médico
se dispõe aberto para receberdo
paciente conhecimento, valores e informações,havendo
uma
interação mútua,em
que
o
paciente compartilha algode
si eo médico de
alguma forma dá
uma
resposta apropriadado
momento.
Para King, in
Mendes
et al. (1987, p.2l6), “[...]comunicação
éum
24
diretamente nos encontros face a face,
como
indiretamente, atravésde
sinaisverbais e
não
verbais e simbolos pelos quais os indivíduosexpressam
seusobjetivos.
A
comunicação
éo
intercâmbio depensamentos
e opiniões entreindivíduos.
A
interação social, aaprendizagem
ea
transação são atingidasatravés
da
comunicação”.De
acordocom
Maser, inMoriya
et al.” (1993, p.103),etimologicamente, a palavra
“comunicar”
derivado
latim, significando “pôrem
comum,
partilhar, trocar opiniões, conferenciar”. Hoje,o
maiscomum
éemprega-la para aferir a relação entre as pessoas.
A
comunicação
éuma
grandearma
do
médico, que, intensificando suarelação,
pode
assisti-lo, tratarmelhor o
paciente.Com
esta relação fundamental,o
médico
saido
tecnicismo apenas, e entranum
contexto maior, demais
resultados
em
um
processo interpessoal, de talmaneira
que
essa relaçãopessoa/pessoa elucidará facilmente
o
reconhecimento das necessidadesdo
paciente.Decidiu-se utilizar
o
modelo
conceitual deImagene
King
como
um
dosreferenciais nesse trabalho, pois encontrou-se nessa teoria bases sólidas
que
podem
construira
estrutura deuma
medicina
humanizada,em
que
omédico
aprende
a
tratar, principalmente a comunicar-semelhor o
paciente,podendo
realmente dar
uma
melhor
qualidade de vidaa
ele.A
teoriade
King
é a consecução demetas
(ou alcancede
objetivos).Os
conceitos
que
formam
essa teoria estãoem
sistemas interativosou
abertos,que
são: pessoal, interpessoal e social.
Nesses
sistemas têm: percepção, selfcrescimento e desenvolvimento, interação, comunicação, transação, papel,
estresse e
tomada
de decisão.Essa
teoria sugere, indiretamente,que
ocorra25
King3° (1981, p.143) faz
algumas
afirmações, transcritas a seguir,importantes
no
cuidadodo
paciente oncológico:-
“Os
indivíduos são seres sociais, pensantes, racionais,que
reagem,que
percebem,
que
controlam,que
têm
propósitos, orientados para ação e orientadosno
tempo”.-
“Os
indivíduostêm
o
direito de participar nas decisõesque influenciam
suavida, sua saúde e serviços comunitários”.
-
“Os
profissionais de saúdetêm
a responsabilidadede
compartilhar informaçõesque
ajudam
os indivíduos atomar
decisõescom
basena
informação sobre seucuidado à saúde”.
-
“Os
indivíduostêm
o
direito de aceitarou
rejeitaro
cuidado à saúde”.-
“Os
objetivos dos profissionais de saúde e os objetivos dos receptoresdo
cuidado
à
saúdepodem
ser incongruentes”.Ser
humano,
paraKing
(1981, p.19), é “[...] ser social, racional,consciente e sensível, reagindo
conforme
suas percepções, expectativas,necessidades e valores”.
O
conceito deKing
fala a respeito das expectativas, necessidades e valoresque
são inerentes a todo indivíduo e são fatos indiscutíveis nas relaçõeshumanas.
O
paciente oncológico éo
serhumano
principal nesse estudo,mas
não
sepode
deixarde
lado seus familiares,amigos
e a equipede
saúdeque
o
assistem.
Saúde, para
King
(1981, p.5), são “[...] experiências dinâmicas de vidados seres
humanos, que implicam
no
ajustamento dos estressoresno
ambienteinterno e externo através
da
ótima utilização dos recursos individuais para26
A
palavra ajustamento, utilizada por King, refere-se, favoravelmente,ao controle
da
situação,no
sentido de, dinamicamente, se buscaruma
melhor
qualidade
de
vida.O
paciente oncológiconão
estápreocupado
em
tesecom
sua doença,mas
sim
com
os sintomas provocados, inclusive pela terapêutica,que pode
sermuito
agressiva, levando o paciente a entristecer-secom
sua auto-imagem, fazendo pensar qual será seu papelna
família ena
sociedade.Doença,
defme King
(1981, p.5), é “[...]um
desviodo
normal,ou
seja,uma
perdado
balançona
estrutura biológicaou
psicológicada
pessoa,ou
um
conflito nas relações sociais
da
pessoa”.Para
o
paciente oncológico, a doença, inicialmente,pode
ser vistacomo
um
passo importante para a morte,podendo
passar por vários sentimentos eemoções
positivas e negativas, de acordocom
o
paciente.Ambiente/Sociedade,
segundo
Radunzsl (1994, p.l5), interpretandoKing,
é o contexto intemo e externo no qual o ser humano vive, interage, cresce e se
desenvolve, desempenhando nele os seus papéis.
Do
contexto fazem parte os sereshumanos,
com
suas respectivas crenças, valores, culturas, outros seres, objetos, etc.,com
os quais nos relacionamos e/ou interagimos. Sistemas abertos,como
é o caso dos sistemas pessoal, interpessoal e social da teoria ao alcance dos objetivos de King,sugerem indiretamente que ocorra interação entre os sistemas e ambiente.
Cabe
ao médico
e profissionaisda
saúde, sejano
ambulatórioou
no
hospital, criar condições favoráveis
em
que o
paciente oncológico se sintabem,
seguro,
o que
evitaránão somente
desistênciado
tratamentocomo
facilitaráo
27
Utiliza~se alguns dos conceitos de
King
na
pesquisa, taiscomo:
percepção, selfi crescimento e desenvolvimento, interação, comunicação,
transação, papel, estresse e
tomada de
decisão.Percepção,
conforme
King
(1981, p.24), “[...] éum
processode
organização, interpretação e transformação
de
informaçõesa
partirde dados
dossentidos e
da memória,
sendo a representaçãoque cada
serhumano
tem
da
realidade”.
Self (Eu, Ego), de acordo
com
King
(1981, p.26-28), é “[...] acompreensão do comportamento do
serhumano, porque o
“self” éa maneira
como
me
defino
pormim
mesmo
e para os outros.Só
assim é possível, a partirdo conhecimento de
si próprio.O
“self” é tudoo
que
sou.Eu
sou
uma
totalidade.O
'self' éo que eu penso
demim
eo que eu
sou capazde
ser e fazer.O
“self” ésubjetivo,
ou
seja, éo que eu penso que
deveria serou
gostariade
ser”.Crescimento e desenvolvimento
foram
descritos porKing
(1981, p.3l)como
“[...]uma funçãoda
bagagem
genética, por experiências significativas esatisfatórias e de
um
ambiente propício a ajudar os indivíduos a atingirem amaturidade.
São
processos queocorrem
na
vida dos indivíduosque
osajudam
a deslocarem a capacidade potencialde
realização para a auto-realização”.Interação foi retratada por
King
(1981, p.60) “[...]como
um
processode
percepção e
comunicação
entre doisou
mais
indivíduos e representacomportamentos
verbais enão
verbaisque
são atingidos para a transaçãoou o
alcancede
objetivos”.Comunicação,
paraKing
(1981, p.62), significa “[...]um
processo peloqual a informação é
dada de
uma
pessoa para outra, tanto diretamente, nosencontros face
a
face,como
indiretamente, através de sinais verbais e símboloszs
Transação,
conforme
King
(1981, p.82), “[...] éum
processo deinteração pelo qual seres
humanos
comunicam-se
com
o
meio
ambiente,buscando
alcançar objetivosque
são valorizados porambos.
Transação sãocomportamentos
humanos
voltados para os objetivos”.Tomada
de
decisão,definida
porKing
(1981, p. 132), “[...] éum
processodinâmico, contínuo e sistemático, pelo qual indivíduos
ou
grupos, dentrealtemativas,
fazem
e praticamuma
escolha para responder auma
questão ealcançar
um
objetivo”.Estresse foi
definida
porKing
(1981, p. 95-102) “[...]como
um
estadodinâmico
do organismo
pelo qualo
serhumano,
interagindocom
o
ambiente, procuramanter
o
“balanço” visando alcançaro
crescimento, desenvolvimento edesempenho.
É uma
resposta energéticade
um
indivíduo para pessoas, objetos e eventoschamados
estressantes.O
estressepode
ser negativoou
positivo,construtivo
ou
destrutivo. Manifesta-sena forma
fisiológica, psicológica esocial”.
Terapia Ocupacional,
mencionada
por Tigges (1988, p.830), possui profissionais leigos,ou médicos
e outros profissionaisda
saúde,que
têm
noção
de
arte, trabalhos manuais, jogos e coisasdo
gênero,como
também
têm
noção
de
relacionamentos, vida familiar ecom
tudo issoajudam o
pacientena busca
defelicidade e satisfação, contribuindo para
uma
qualidade de vidado
enfermo.Decidiu-se,
também,
utilizaro
modelo
de Tiggescomo
um
dosreferenciais nesse trabalho, pois se encontrou, nesse modelo, subsídios
que
também
formarão bases sólidas paracompreender melhor o
pacienteem
seumundo
interior e seumundo
exterior, dessa maneira, tendo habilidades para daruma
melhor
qualidade de vidaao
paciente oncológico.A
teoria de Tigges é a Terapia Ocupacional,que
basicamente envolveo
29
sete conceitos fundamentais
que
refletemo comportamento
dos adultos.São
eles:
- Conceitos:
motivação
e local de controle, adaptação temporal-
papéisocupacionais (auto-cuidado, trabalho, lazer), competência, realizações, auto-
estima, qualidade
de
vida.- Suposições: necessidades são
uma
parte indispensávelda
naturezahumana
eexigem
satisfaçãode forma
imperativa.O
homem
tem
uma
necessidadede
dominar o meio
ambiente, alterá-loou
melhora-lo. Existeum
relacionamentoentre os níveis de aspiração
ou
expectativa, estabelecidona
socialização anteriore padrões atuais
ou
sucessoou
fracasso.Também
envolve passos,quando o
terapeuta vai avaliaro
pacienteenfermo,
que
são: históriada
ocupação; auto-estima; sistemas físicos; lugar decontrole; qualidade de vida.
Para avaliar tudo isso, e obter registros, requer
do
terapeuta habilidadesclínicas,
compreendendo
as necessidades reais, pessoais,médicas
ede
reabilitação de cada paciente.
Utilizou-se esse
modelo de
terapia ocupacionalna
pesquisa,como
reflexão
e base teórica para análise dosdados ou
registrosque
se obteve dasentrevistas.
Os
conceitosde
Tigges (1988), localizados nas páginas832
a 839,aplicáveis para esse trabalho, são:
- História
da Ocupação: “Seguindo a
entrevista formal, pede-se ao pacienteque
descreva suas habilidades fimcionais e/ou suas faltas
de
habilidades, seudesempenho
nas atividadesem
relaçãoao
seu próprio cuidado,porque
asso
O
terapeuta então faz a avaliaçãoda
habilidade funcional (ambulante),porque
o
movimento
é a habilidade pré-requisito paraque o
paciente cuidede
simesmo”.
- Auto-estima:
“É
o
componente que
avaliao
auto-conceito. Auto-conceitopode
ser dito
como
sendo
“a percepçãode
quem
eu
sou- meu
valor realou
relativo evalor
na
vida”. Isto é alcançado pela observação decomportamentos
eexame
de
prováveis causas”.
- Sistemas Físicos:
“Os
sistemas fisicos específicos aserem
avaliados,dependendo
inteiramentedo
diagnóstico individualdo
paciente,desenvolvimento
da doença
e prognóstico.A
natureza e objetivo das avaliações,anteriormente comentadas, são determinados pela falta individual
de
habilidadedo
paciente e/ou disfunção nos papéisde ocupação
-
que
são auto-cuidado, trabalho e lazer e/ou recreação.O
exame
fisico de cada pacientecomeça
com
um
teste demúsculos
e varia deuma
avaliação demovimentos
das extremidadesinferiores,
do
tronco; extremidades superiores, cabeça e pescoço. Esta avaliação é seguida poruma
avaliaçãoda
dor”.-
Lugzl
de Controle: “Esta avaliação éuma
entrevista padrãoque
forneceum
discemimento
na
eficáciada
pessoa nas situaçõesdo
dia-a-dia”.- Qualidade
de
Vida:“Nenhum
outro conceitotem
sido tão ardentementedefendido
com
um
único propósito de cuidar de pessoascom
doenças terminais.Os
profissionaisda
saúde emembros
da
famíliadevem
terpreocupação
em
não
impor
valores profissionaisou
pessoais nos indivíduoscom
doença
terminal.Para outros, retirar-se e
não
tercompromissos
e ocupaçõespode
serexatamente
o que
querem.Em
última análise, éa
última escolhado
paciente.Sua
escolha pessoaldeve
ser respeitada e valorizada”.-
No
Processo Avaliativo relata:“Todos
os pacientes, independentede
suaidade, doença, incapacidade
ou
qualquer outra circunstância,devem
serconsiderados primeiramente
como
uma
pessoa; eo
enfermo,o
doente,ou
incapacitado,em
segundo
lugar”.- Planejamento
do
Tratamento:“A
primeiraordem
parao
terapeuta ocupacionalé levantar/aumentar
o
nível de funçãodo
paciente e assistir às pessoasque
prestam cuidados
ao
doentena
sua tarefade aumentar
o
nível de independênciado
paciente, conseqüentemente,retomando
ao paciente, e às pessoasque
delecuidam,
com
tuna visão de ordem, estrutura, controle e objetivo”.-
Desenvolvendo
e Priorizando Objetivos:“Tendo mapeado
e estabelecido as~
posiçoes de vida
do
pacienteem
seu passado e presente(em
relação aos papéis ocupacionais, lugares de controle, auto-estima e capacidades fisicas),o
terapeutaocupacional
deve
afirmar
claramente e realisticamente suas previsõesdo que
elepensa que o
paciente é capazde
alcançar; porexemplo
“com
a forçaque você
tem
em
suas pernas e braços, ecom
a ajudade
uma
bengala,eu
acreditoque
você
seria capaz de caminharem
volta, necessitandomuito
pouca
ajuda”.-
Obtendo
aConcordância da
Família egdosque cuidam do
Paciente:“Muitos
Programas de Cuidados
Paliativostêm
Programas de Cuidados
em
Casa, porque muitos pacientesexpressam o
desejode
estaremem
casa ao invésde
estarem32
cuidam
deles freqüentementeexpressam
sentimentosde
ansiedade e apreensãosobre cuidados fisicos pelos
membros
da
família”.-
Desenvolvendo o
Planode
Tratamento: “Princípioz opções, escolhas econtroles
novos
e/ou alterados paraum
aumento da
independência e/ouinterdependência
no
cuidado próprio, trabalho e atividadesde
lazerdevem
sernegociados
ou
renegociados deforma
colaborativacom
o
paciente e osmembros
da
família”.- Interrupção
da
Terapia: tendo as seguintes razões:1. paciente e as pessoas
que
delecuidam
atingiram seus objetivos e são capazesde
superar osdesafios
do
dia-a-diasem
adicionais intervenções;2. paciente e/ou as pessoas
que cuidam
delerequerem
intermpção devidoa
dificuldades
ou
problemas
interpessoais;3. paciente, fisicamente
ou
mentalmente, se deteiioia ao pontode que a
intervenção é inapropriada”.
-
“Medindo
o
Sucesso: Critérios parao
Sucesso:1.
As
habilidades funcionais dos pacientesforam aumentadas
e direcionadaspara a competência e a realização dos seus papéis ocupacionais;
2.
A
família e os quecuidam
delesreceberam
instruções e orientações parafornecer a assistência e apoio necessários para os pacientes;
3.
Os
pacientes tiveram a oportunidadede
estabelecer e realizar seus objetivos; 4.Os
pacientesviveram bem,
livresde
dor e sintomas e apesarde que a
vidanão
foi tão longa quanto elesesperavam que
fosse, ela foicompletada
com
as habilidades e a perícia de cada
um
dosmembros
da
equipede
cuidadospaliativos.
tempo
3.
DISCUSSÃO
Foi aplicado
um
questionário, (conformeAnexo
1), paracada
pacienteentrevistado.
Para
a
aplicaçãodo
questionário,o
mesmo
sempre
foi precedidode
uma
explicação preliminar
ao
pacientede
como
este se desenvolveria.Foi
também
utilizadoo
gravador para as entrevistas,num
totalde
14pacientes entrevistados, selecionando~se apenas 10.
As
informações colhidas nas entrevistas constituíram-seem
84 dados
distintos.
Pensando
em
facilitara
visualização desses dados, apresenta-se,primeiramente,
o
Quadro
I,na
página 35,com
as relações entre as Categorias,Subcategorias e Conjuntos
de
Significados, retiradas dos autoresKing
e Tigges,para
em
seguida esse quadro serdesmembrado
em
vários quadros menores,do
Quadro
II aoQuadro
Vlll, parauma
melhor compreensão dos
objetivos35
Quadro
I-
Quadro
Demonstrativo das Categorias, Subcategorias eConjunto
de
Significados,de
King
e Tigges,na
Humanização
do Atendimento
Perspectiva
da
Qualidadede Vida
e_ 5EfÉEE5:*****'Í*“***f*5*** " _ ._ . ._ .. '” ' ~
só
Procurou-se selecionar, para esse trabalho, as informações
que mais
convinham
aos objetivos propostos.Organizando
os conteúdosde
uma
maneira
geral,
foram
agrupados as categorias, as subcategorias eo
conjunto designificados,
de
forma
aenumerar
a freqüênciade cada dado
obtido, os quais serão mostradosno Quadro
II.Categoria
1-
Percepção
ešluflfërfl
;:Ei:šEÉ`:É5iEI~šš{EÉš§E:5š:£:::5:EEEE:zšzzššššššššíi"`""""' "'
::;Íz;: ::::;-z:EEE:;EÉE:ÊšššššEšEÉÉÊÉEEšššššfššfššššíššíšš5:5¬§EÉšzšzšEš::EEE::šÉ§EEš5E5šEEEZEÉEEEEÍESSÉEEEEEzfÉEEEE5-ÊÊÉɧíÉ£šš:§{ízEššzššzšššfšš5:55`§fff{ff§§šÊzfzfšš§§šÊÉ:É{5ÊÊÊE3ʧɿEEEEE:ÉE;š§Í5:Ê'€E5EEEÉE5555EE*ÊÉÍEFE¡ííš;ɧífízfíšššiíÊíi5555:55552255255?Fiz;--*::5Ê::š§5¿::.W" " EE555ÍEÍE:ÉfíEE55EEEíšfšišfšííiiíšífíšfÉZZEEÍEÊEEÉEEEEEEEEEEE. EEíEÊÉÉÉÉÊÊ"ÍE{ÊÍ› ÊÊÍEÊEZ:{ÊÊÊÍE3ÍÉÉÉEE5ÊÉEEÍšffífšzf5555555ÉÉEEEEÉÉEÊÉÉÂEEEÊÉÉÉEÉÍÉEEEÉÍ?ÉʧÍÍ;5ÊÊE5ÊfEÉEEEÉÉEEÍÉÊÍÉÊÊÉÉÉEÉEÉÉÉÉÊSÉEÊÉÉÉÊÊÍEÍÍÉEÉÊEEÉEÊÉÉzÂffíšííšfífffifffíffffffEfEEEffffíšíffíííííífífffífšÍEÉÊE
EEÉEÉÉZÍÊÊÊÉÉÊÊÍÊÍÊÉÉÉEEEÍEEÉEÉEÊÍÉÉÊZÂEEEÉÉEEÉEEZE5255EÉÉÊEÊÊÊÍÊÊEÉEEÊEEÉEEÊEE535:
“'*
"ÉÊÊÊÊÊÊ?ÊÉÊÊÊÊÊÍÍͧ§§§Êʧ§ÊÊÊÍÊÊÉÊÊÊÊÊÊÊfÍÊÊÍÊÉÉÉÊÊÍÊÉÊIiiiiÊ?Ê?Ê?ÉÊÊÊÍÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÉÉÊÉÊÊÉÊÊÊÊÊÊÊÍÊÍÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÍiiiÉÊ*“”`”“***“1'“'1*Zi“”””““**“““**ÊÊÊ:ÍÊÊÊZÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊ'ššišššíššfizz-z---=~-55555555ffíffiíííífíššffišíšššíššÊÊÊÊÊÊÉÊÊÊÊÊÉÊZÊÊÊÊL
.,
2:12:12::t::::::::::::::¡I;íi:I::1:::1::1:1::::::i:ZI::::í:::::::::1:2:::;:2I:Ii:1I1:::::::2:::.:: '^::::;:1:::::::::::I121::::11::::2:::::::I2.i1J1I::;:::::::::::::1::IIIJ::;::2:;::t:::::I:::::::::;::.::3:.:II:.:lf::::':::::::;':':'.'L.Iii11::I:I::::::::'::::".:"' 1.liI.:S51:1::2:::::::IL':':›::::".i:1IíI::::.:'. :::::::;:t:I::::1:'“:::::::::::::::::í::'::t::::::::::::::;
Fonte: Elaborado pelo autor do trabalho.
Com
relação à Categoria Percepção,na
Subcategoria Saúde, Doença,37Self, e
Medicina
e Profissionais, observou-se,nos
Conjuntosde
Significados,uma
importânciana
consideraçãode
recursos individuais, sensode
bem-estar, avaliaçãoda doença
e tratamento e diferençade
tratamento.A
Categoria Percepção mostra aindao
contexto percebido pelospacientes. Entre alguns aspectos,
que
serão analisados posteriormente pelas falasdos
pacientes, pode-se salientara
gama
de
recursos individuais deles,ou
seja,buscam
forças, variadas formas de luta para vencer essa batalha.A
percepçãodo
paciente denota a representaçãoque
eletem
da
realidadeem
que
viveno
seu contexto.Observa-se,
em
destaque,na
subcategoria Saúde,que
os pacientes,através
de
seus recursos individuais,com uma
fieqüência de
O9, apresentamuma
surpreendente força interior, para tentar “driblar” sua doença. Isto épercebido
em
suas falas:“... Ate' aqui cheguei,
mas meu
desejo é irmais
longe... "(41
67
D1)“...
Não
gosto,mas
tenho esperançade
melhorar... ”(41
67
Dm)
“... Leio romance, é
uma
terapia... ”M2
41
D1)Esse último paciente encontrou, dentro
de
si,uma
maneira
externade
“dublar”
a
sua doença.Faz-se necessário, neste
momento,
relembrar as palavrasde Simonton
(1987), referindo-se às etapas psicológicas
quando o
paciente procedea
um
redirecionamento