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a
a
Sousa, T. (2010). Estudo da Dinâmica do Golo em Futsal: Análise de padrões escondidos
de todos os golos da fase regular da Liga Espanhola de Futbol Sala, na temporada
2005/2006. Dissertação de Mestrado. Vila Real: UTAD.
Palavras-Chave: Futsal; Processo Ofensivo; Padrões de Jogo; Metodologia Observacional;.
Sob Orientação do professor Jorge Manuel Gomes Campaniço (UTAD)
Sob Co-Orientação da professora Maria Teresa Anguera Argilaga (UB)
A Dissertação,
Estudo da Dinâmica do Golo em Futsal: Análise de padrões escondidos de todos os golos
da fase regular da Liga Espanhola de Futbol Sala, temporada 2005/2006.
Elaborada pelo professor Tiago Lino Polido Coelho de Sousa e aprovada por todos os
membros da Banca Examinadora foi aceite pela Faculdade de Desporto da Universidade
de Trás-os-Montes Alto Douro e homologada pelo Conselho de Ensino, como requisito
parcial á obtenção do titulo de:
MESTRE EM EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO na área da Observação e Análise do
Movimento Humano.
DATA: ___/____/______.
Dedico este trabalho:
Aos meus Pais, na ausência e na presença… construíram em
mim um exemplo para a vida. Ainda sou pequeno… mas a vós,
devo tudo o que sou!
Á minha Irmã Cláudia por ser o epicentro da minha força. A
razão da minha motivação diária. Obrigado por partilhares
connosco o teu olhar singelo, ternurento, sincero e silencioso…
v
A
GRADECIMENTOS
Levava já alguns anos que tentávamos terminar esta tese, mas as distâncias que a minha
vida profissional provocou com a Universidade impediram-nos de dar uma continuidade
necessária.
Não teria sido possível levar a cabo esta investigação sem a ajuda e suporte, constante de
várias pessoas. Queremos assim, agradecer:
Ao Doutor, Professor e Técnico Jorge Campaniço, orientador deste trabalho, que com a
sua experiência e sabedoria me incentivou e orientou durante todo o processo de
elaboração desta dissertação.
Á Doutora, Professora Teresa Anguera e á Drª Maria da Conceição Oliveira pelo seu
empenho no aprofundamento da Metodologia Observacional, ensinamentos que
contribuíram para a qualidade do presente trabalho.
Ao Venâncio, pela disponibilidade, amabilidade, por tudo o que me ensinou e continua a
ensinar… Em especial, pelo que aprendi durante um ano de convívio e de tertúlias sobre
Futsal, pela permanente atitude reflexiva que me induzia em cada conversa, por me
responder às minhas duvidas, com perguntas e por incrementar em mim o caminho do
saber da competência e do trabalho, para atingir os objectivos.
À instituição, Lobelle de Santiago Futbol Sala, pela receptividade, disponibilidade e
oportunidade de cooperar com tamanha estrutura Humana.
Aos colegas de mestrado, em especial ao Fernando Oliveira pela constante disponibilidade
para discutir mesmo em momentos de apuro académico.
Ao Sérgio Miranda, pela partilha científica e pelo empenho na análise dos padrões de
Jogo.
A todos os meus Atletas, que durante estes anos fizeram parte de um processo de
crescimento enquanto treinador, e me deram o privilégio de treinar, ensinando-me.
Í
NDICE
G
ERAL
AGRADECIMENTOS ... V
ÍNDICE GERAL ... VI
INDICE DE FIGURAS ... VIII
INDICE DE QUADROS ... IX
INDICE DE GRÁFICOS ... X
RESUMO ... XI
ABSTRACT ... XII
LISTA DE ABREVIATURAS ... XIII
1. INTRODUÇÃO ... 2
1.1
P
ERTINÊNCIA E ÂMBITO DO ESTUDO
... 2
1.2
E
STRUTURA DO
T
RABALHO
... 3
2. CONTEXTO DE ESTUDO ... 6
2.1
O
BJECTO DE
E
STUDO
... 6
2.2
O
P
ROBLEMA DO
E
STUDO
... 7
2.3
O
BJECTIVOS DO
E
STUDO
... 8
2.4
L
IMITAÇÕES
C
ONCEPTUAIS E OPERACIONAIS
... 9
3. REVISÃO À LITERATURA ... 11
3.1
S
ÍNTESE
H
ISTÓRICA DA
M
ODALIDADE
... 11
3.2
O
F
UTSAL EM
P
ORTUGAL
... 14
3.3
C
ARACTERIZAÇÃO DO
J
OGO DE
F
UTSAL
... 16
3.4
I
MPLICAÇÃO
T
ÉCNICO E
T
ÁCTICA
J
OGO DE
F
UTSAL
... 20
3.6
T
RANSIÇÃO
P
ROCESSO
D
EFENSIVO PARA
P
ROCESSO
O
FENSIVO
... 25
3.7
F
RAGMENTOS
C
ONSTANTES DO
J
OGO
:
B
OLAS
P
ARADAS
... 26
3.8
A
P
ROCURA DE
R
EGULARIDADES NO
J
OGO
:
P
ADRÕES
C
ONDUCTURAIS
... 27
4. METODOLOGIA ... 31
4.1
C
ONCEITO DE
M
ETODOLOGIA
O
BSERVACIONAL
... 31
4.3
A
MOSTRA
O
BSERVACIONAL
... 35
4.4
I
NSTRUMENTOS DA
M
ETODOLOGIA
O
BSERVACIONAL
... 36
4.5
O
BSERVAÇÃO E
R
EGISTRO DOS
D
ADOS
... 47
4.5.1 Características do Processo de Observação ... 47
4.5.2 Procedimentos de Observação ... 48
4.5.3 Procedimentos de Registro ... 49
4.5.4 Fase Exploratória ... 53
4.5.5 Análise da Qualidade dos Dados ... 53
4.6
A
NÁLISE DOS
D
ADOS
... 55
4.6.1 Análise Sequencial ... 55
4.6.2 Análise da Detecção de Padrão (t-pattem) ... 57
5. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE RESULTADOS ... 61
5.1
A
NÁLISE
S
EQUENCIAL
... 61
5.1,1 Análise – Lobelle Santiago ... 65
5.2
A
NÁLISE
D
ESCRITIVA
... 73
5.2.1 Início do Processo Ofensivo (IPO) ... 73
5.2.2 Fases de Jogo do Processo Ofensivo (FJ) ... 75
5.2.3 Desenvolvimento do Processo Ofensivo (DPO) ... 76
5.2.4 Espacialização do Terreno de Jogo (Zonas e Pontos) ... 77
5.2.5 Zona de Finalização ... 78
vii
5.3.1 Padrões dos Golos a Favor (completos) ... 80
5.3.2 Padrões dos Golos Contra (completos) ... 91
6. CONCLUSÕES ... 96
7. SUGESTÕES PARA FUTUROS ESTUDOS ... 99
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 101
I
NDICE DE
F
IGURAS
FIGURA 1. DINÂMICA DA ACÇÃO DE JOGO (ADAPTADO, VENANCIO LOPEZ 2005) ... 17
FIGURA 2. ESTRUTURA TÁCTICA DE UMA EQUIPA (ADAPTADO, VENANCIO LOPEZ 2005) ... 18
FIGURA 3. PROCESSO DA TOMADA DE DECISÃO (ADAPTADO, VENANCIO LOPEZ 2005) ... 21
FIGURA 4. DESENHOS OBSERVACIONAIS EM QUADRANTES DEFINIDOS (ADAPTADO DE LOSADA, 1997) ... 34
FIGURA 5. EXEMPLIFICAÇÃO DO REGISTRO DE UMA ACÇÃO OFENSIVA QUE TERMINA EM GOLO. ... 52
FIGURA 6. PROCESSAMENTO DA DETECÇÃO DE PADRÕES ... 58
FIGURA 7. REPRESENTA TODOS OS COMPORTAMENTOS QUE FAZEM PARTE DA NOSSA AMOSTRA,
DISTRIBUÍDOS ATRAVÉS DE UMA RÉGUA TEMPORAL. ... 59
FIGURA 8. SISTEMA DE CODIFICAÇÃO NO PROGRAMA SDIS – GSEQ. ... 61
FIGURA 9. PERCENTAGEM DE TODOS OS GOLOS (FR), EM RELAÇÃO ÀS ZONAS DE FINALIZAÇÃO. ... 64
FIGURA 10. DISTRIBUIÇÃO DAS ZONAS DE FINALIZAÇÃO E DOS PASSES AO SEGUNDO POSTE DOS GOLOS
CONTRA (FA), DA EQUIPA DO LOBELLE. ... 65
FIGURA 11. DISTRIBUIÇÃO DAS ZONAS DE FINALIZAÇÃO E DOS PASSES AO SEGUNDO POSTE DOS GOLOS A
FAVOR (FA), DA EQUIPA DO LOBELLE. ... 66
FIGURA 12. DISTRIBUIÇÃO DAS ZONAS DAS VARIÁVEIS DA ORIGEM DO PROCESSO OFENSIVO REFERENTE
AOS GOLOS CONTRA (FA), DA EQUIPA DO LOBELLE. ... 67
FIGURA 13. DISTRIBUIÇÃO DAS ZONAS DAS VARIÁVEIS DA ORIGEM DO PROCESSO OFENSIVO REFERENTE
AOS GOLOS A FAVOR (FA), DA EQUIPA DO LOBELLE. ... 69
FIGURA 14. ANALISE INDIVIDUAL DOS JOGADORES DO LOBELLE QUE EXECUTARAM REPOSIÇÕES LATERAIS
QUE ORIGINARAM GOLO (FA). ... 70
FIGURA 15. ANALISE INDIVIDUAL DOS JOGADORES DO LOBELLE QUE MAIS FINALIZARAM AS ACÇÕES
OFENSIVAS (FA). ... 71
FIGURA 16. ANÁLISE INDIVIDUAL DOS JOGADORES DO LOBELLE QUE NO DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO
OFENSIVO, MAIS PASSES EXECUTOU AO SEGUNDO POSTE, ORIGINANDO GOLO (FA). ... 72
FIGURA 17. ANÁLISE INDIVIDUAL DOS JOGADORES DO LOBELLE QUE NO INICIO DO PROCESSO OFENSIVO,
MAIS INTERCEPÇÕES EXECUTARAM, ORIGINANDO GOLO (FA). ... 73
FIGURA 18. CAMPOGRAMA DA ESPACIALIZAÇÃO DO TERRENO DE JOGO EM DOZE ZONAS E CINCO PONTOS77
FIGURA 19. ILUSTRAÇÃO DO PADRÃO Nº 7 ... 81
FIGURA 20. ILUSTRAÇÃO DO PADRÃO Nº 31 ... 83
FIGURA 21. ILUSTRAÇÃO DO PADRÃO Nº 38 ... 86
FIGURA 22. ILUSTRAÇÃO DO PADRÃO Nº 97 ... 88
FIGURA 23. ILUSTRAÇÃO DO PADRÃO Nº 115 ... 90
FIGURA 24. ILUSTRAÇÃO DO PADRÃO Nº 3 ... 92
ix
I
NDICE DE
Q
UADROS
QUADRO 1. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO JOGO DE FUTSAL. ADAPTADO DE OLIVEIRA, (1998) ... 19
QUADRO 2. DISTRIBUIÇÃO DOS GOLOS NOS JOGOS OBSERVADOS ... 36
QUADRO 3 . CRITÉRIO 1 DO FORMATO DE CAMPO: INÍCIO DO PROCESSO OFENSIVO (IPO) ... 39
QUADRO 4. CRITÉRIO 2 DO FORMATO DE CAMPO: FASES DE JOGO DO PROCESSO OFENSIVO (FJ) ... 41
QUADRO 5. CRITÉRIO 3 DO FORMATO DE CAMPO: DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO OFENSIVO (DPO) ... 42
QUADRO 6. CRITÉRIO 4 DO FORMATO DE CAMPO: ESPACIALIZAÇÃO DO TERRENO DE JOGO ... 44
QUADRO 7. CRITÉRIO 5 DO FORMATO DE CAMPO: SUPERFÍCIE DE FINALIZAÇÃO (SF) ... 45
QUADRO 8. CRITÉRIO 6 DO FORMATO DE CAMPO: JOGADOR (J) ... 45
QUADRO 9. INSTRUMENTO DE OBSERVAÇÃO AD HOC: COMBINAÇÃO FORMATO DE CAMPO – SISTEMAS DE
CATEGORIAS ... 46
I
NDICE DE
G
RÁFICOS
GRÁFICO 1. 126 GOLOS A FAVOR (IPO) ... 74
GRÁFICO 2. 99 GOLOS CONTRA (IPO) ... 74
GRÁFICO 3. 99 GOLOS CONTRA (FJ) ... 75
GRÁFICO 4. 126 GOLOS A FAVOR (FJ) ... 75
GRÁFICO 5. 126 GOLOS A FAVOR (DPO) ... 76
GRÁFICO 6. 99 GOLOS CONTRA (DPO) ... 76
GRÁFICO 7. 126 GOLOS A FAVOR (ESPACIALIZAÇÃO) ... 77
GRÁFICO 8. 99 GOLOS CONTRA (ESPACIALIZAÇÃO) ... 77
GRÁFICO 9. 126 GOLOS A FAVOR (ZONA DE FINALIZAÇÃO) ... 78
GRÁFICO 10. 99 GOLOS CONTRA (ZONA DE FINALIZAÇÃO) ... 78
GRÁFICO 11. 126 GOLOS A FAVOR (SF) ... 79
GRÁFICO 12. 99 GOLOS CONTRA (SF) ... 79
GRÁFICO 13. PADRÃO DE JOGADA Nº 7 ... 80
GRÁFICO 14. PADRÃO DE JOGADA Nº 31 ... 82
GRÁFICO 15. PADRÃO DE JOGADA Nº 38 ... 85
GRÁFICO 16. PADRÃO DE JOGADA Nº 97 ... 87
GRÁFICO 17. PADRÃO DE JOGADA Nº 115 ... 89
GRÁFICO 18. PADRÃO DE JOGADA Nº 3 ... 91
xi
R
ESUMO
No presente estudo recorremos à Metodologia Observacional para perceber a dinâmica da
origem dos golos em futsal tendo como referência todos os golos da fase regular da Liga
Nacional Espanhola de Fútbol Sala (División Honor), bem como detectar alguns padrões
de comportamento da equipa Lobelle de Santiago, tanto nos golos efectuados como nos
golos sofridos. Como tal, criou-se uma ferramenta de observação had hoc, constituída por
formatos de campo e com sistemas de categorias, particularmente orientado para a
análise e descrição das jogadas que resultam em golo, no futsal.
A análise da qualidade dos dados foi elaborada através da concordância intra-observador,
verificado por intermédio do índice de fiabilidade de Kappa. O instrumento revelou-se
suficientemente discriminativo, cumprindo os requisitos para o objectivo para o qual foi
criado.
Nesta investigação, registaram-se 1548 golos correspondentes a 206 jogos envolvendo 16
equipas do qual resultaram 8329 eventos codificados. Ainda de forma objectiva foram
analisados os 126 golos marcados pela equipa do Lobelle de Santiago e os 99 golos
sofridos pela mesma equipa do Lobelle de Santiago, num universo de 30 sessões de 40
minutos cada do qual resultaram 1143 eventos codificados, dos quais 678 pertencem aos
golos a favor e 465 aos golos contra, segundo um registo contínuo e perante um
procedimento sistemático de observação.
Os dados codificados foram submetidos a análise sequencial através SDIS-GSEQ
(Bakeman e Quera, 1996), para verificar a probabilidade de existência de relações de
associação significativas entre as diferentes categorias do instrumento de observação,
assim como a força de coesão existente entre a conduta critério e as condutas objecto.
Complementarmente, com o apoio de uma ferramenta estatística específica, o THÈME 5.0
(Magnusson et al., 2004) foi-nos possível analisar e caracterizar padrões de
comportamento (T-pattern) correspondentes a equipa do Lobelle de Santiago.
A análise dos resultados permitiu concluir que, a fase de jogo que garante mais golos é o
ataque posicional, com 31,4%, logo a seguir destacam-se as situações de ataque rápido e
de contra ataque, com 29,1%, e por último as situações de bola parada, com 28,3%. Estas
fases somadas contabilizam aproximadamente 90 % do total dos golos. Ainda, concluiu-se
que existe uma maior percentagem de golos obtidos nos corredores centrais nos últimos
10 metros do campo. Por outro lado os dados indicam que há valores relevantes de
passes ao 2º poste que originam golo.
No que a uma só equipa diz respeito e analisando somente os padrões completos, visto
serem os que contêm maior aglomeração de informação, os resultados demonstraram que
os padrões de jogada apresentados traduzem jogadas simples e básicas do futsal. Tais
como jogadas de pivot, paralelas, diagonais e jogadas de bola parada e correspondem a
27 golos (21%), quase um quarto das jogadas finalizadas com êxito desta equipa.
A
BSTRACT
In this study we used the Observational Methodology to understand the dynamics of the
origin of goals in futsal with reference to all the goals of the regular phase of the Spanish
Liga Nacional de Fútbol Sala (División Honor), and detect some patterns of team Lobelle
de Santiago, both in goals made and goals conceded. As such, was created an observation
tool had hoc, consisting of field formats and category systems, particularly suited for the
analysis and description of the moves that result in goal in futsal.
The analysis of data quality has been produced by intra-rater, verified through the reliability
index Kappa. The instrument has proved sufficiently discriminative, fulfilling the
requirements for the purpose for which it was created.
In this investigation, there were 1548 goals corresponding to 206 matches that involved 16
teams which resulted in 8329 events encoded. Were analyzed objectively the 126 goals
scored by team Lobelle de Santiago and the 99 goals conceded by the same team Lobelle
de Santiago, in a universe of 30 sessions of 40 minutes each which resulted in 1143 events
encoded, of which 678 belong to goals for and 465 to goals against, according to a streak
and facing a systematic procedure for observation.
The encoded data were analyzed by sequential SDIS-GSEQ (Bakeman and Quera, 1996),
to check the likelihood of significant association relationship between different categories of
the observation instrument, as well as the cohesive force between the conduct criteria and
conduct object. In addition, with the support of a specific statistical tool, the THÈME 5.0
(Magnusson et al., 2004) we were able to analyze and characterize patterns of behavior
(T-pattern) corresponding to the team Lobelle de Santiago.
The results showed that the phase of the game which guarantees more goals is the
positional attack with 31.4%, just below there are the situations of rapid attack and
counterattack, with 29.1% and finally the dead-ball situations, with 28.3%. These phases
combined account for approximately 90% of all goals. Still, it was concluded that there is a
higher percentage of goals achieved in the central aisles in the last 10 meters of the field.
Furthermore the data indicate that there are significant amounts of passes to the 2nd post
that originate goal.
With respect to a single team and analyzing only the comprehensive standards, since they
are the largest conurbation containing information, the results showed that the patterns of
play presented translated simple and basic moves of futsal. Such as pivot moves, parallel,
diagonal, and dead-ball match and correspond to 27 goals (21%), almost one quarter of the
moves this team successfully completed.
xii
i
L
ISTA DE
A
BREVIATURAS
ABREVIATURA DESCRIÇÃO
ACM
Associação Cristã de Mocidade
FIFA
Federação Internacional de Futebol Associado
UEFA
União Europeia de Futebol Associado
FIFUSA
Federação Internacional de Futebol de Salão
FPF
Federação Portuguesa de Futebol
FPFS
Federação Portuguesa de Futebol de Salão
LNFS
Liga Nacional de Futbol Sala
A
A DINÂ
ÂMICA
I
A DO G
INTROD
GOLO E
UÇÃO
EM FU
Cap
UTSAL
ítulo 1
Introdução
A DINÂMICA DO GOLO EM FUTSAL
2
1.
I
NTRODUÇÃO
“Apesar de integrado no conjunto de modalidades que
constituem os JDC, o Futsal ainda não possui lugar de
destaque na pesquisa científica, ao invés do Futebol,
Basquetebol, Andebol e Voleibol.”
(Barbero, 2002).
1.1 Pertinência e âmbito do estudo
O jogo de futsal como outro jogo desportivo colectivo (JDC) compreende em si uma
complexidade tal que não é possível compreendê-lo de uma forma tão simples e tão linear.
É sabido que os JDC são influenciados por diversos factores que inter-agem entre si,
complexificando o próprio jogo e as suas acções.
“Esta modalidade tem evoluído, devendo-se este factor à paixão dos treinadores, que
adquiriram a sua formação com a experiência e com a pesquisa em livros e vídeos
oriundos de países onde a modalidade é mais desenvolvida” (Gama, R.,1999).
Segundo, Tavares (1999), “Uma das características das acções de jogo nos jogos
desportivos é a sua clara determinação segundo o ponto de vista táctico,..., outra condição
que caracteriza os JDC é a variabilidade das situações de jogo, a rapidez com que se
devem tomar decisões tácticas e a velocidade na realização das acções motoras”.
As investigações, em todos os campos considerados como factores determinantes do
rendimento desportivo (técnico, táctico, físico e psicológico), são necessárias para
conhecer as particularidades, características e personalidade própria de cada modalidade
desportiva.
De acordo com Teixeira (1999), o Futsal tem sido alvo de reflexões, na maior parte das
vezes, norteadas por demasiados juízos de valor. O conhecimento científico é escasso e
pouco consistente.
Segundo Bayer (1994), o Futsal possui as seis invariantes atribuídas a esta categoria: uma
bola ou implemento similar, um espaço de jogo, adversários, colegas, um alvo a atacar e
outro para defender e regras específicas.
Introdução
(Osimani, 2004) refere que no Brasil a aprendizagem do jogo se processa através do
método analítico, aprendizagem das técnicas básicas. Em Espanha utiliza-se mais o
método global, partindo do jogo. (Lozano Cid, 2005), refere que os jogadores espanhóis
usam a cabeça durante todo o tempo e raramente apresentam as mesmas soluções, nem
que se encontrem em situações similares.
Sendo o Futsal uma modalidade complexa na inter-relação sob os aspectos técnicos,
tácticos, psicológicos e físicos, induz numerosas questões por parte dos treinadores e
jogadores e para compreender a capacidade dos movimentos ocorridos ao longo do jogo,
implica antes de mais, compreender a estrutura do jogo.
Sem um conhecimento adequado do mesmo, dos seus princípios e regras, é quase
impossível estudar as condutas de um jogo de futsal. Será necessário que os treinadores
conheçam e dominem teoricamente todos os princípios tácticos quer ofensivos quer
defensivos, e que desde logo saibam de que forma treiná-los e adaptá-los aos seus
jogadores e às equipas adversárias. Pois será importante que uma equipa se organize em
termos ofensivos, de forma a alcançar o principal objectivo do jogo – o golo.
Esperamos conseguir com esta investigação proporcionar novas perspectivas que
contribuam para o melhoramento da qualidade do conhecimento mais científico, deste
magnífico desporto que é o Futsal.
1.2 Estrutura do Trabalho
A estrutura do trabalho está organizada em sete capítulos:
No primeiro capítulo, INTRODUÇÃO, pretende-se enquadrar a pertinência do estudo
através do actual estado do conhecimento do tema, expõe-se às razões pelas quais é
estudado, aborda-se a importância para o jogo de Futsal e apresenta um breve relato da
estrutura do estudo.
O segundo capítulo, CONTEXTO DE ESTUDO, procura-se através da definição do
problema quais as questões centrais do estudo, os objectivos propostos para o mesmo e
as principais limitações sentidas no decorrer da elaboração da dissertação.
Introdução
A DINÂMICA DO GOLO EM FUTSAL
4
O terceiro capítulo consiste numa REVISÃO Á LITERATURA da especialidade no sentido
de contextualizar o tema e os objectivos do trabalho. Neste capítulo abordamos as
características do jogo de Futsal, enquanto JDC, a sua natureza contextual e a evolução
dinâmica do jogo numa perspectiva cronológica. Tentamos, ainda, caracterizar as
principais dimensões actuantes no rendimento de jogo de Futsal, do ponto de vista da sua
macro organização. Procurando enfatizar os aspectos técnicos e tácticos ofensivos. Por
fim, aborda-se a necessidade de encontrar regularidades dos processos ofensivos que
resultam em golo no fluxo conductural do jogo para que os conhecimentos possam ser
sistematizados e regulados.
A METODOLOGIA do trabalho é apresentada no quarto capítulo. Num trabalho cuja
Metodologia requeria a construção de um instrumento de observação ad hoc, como é o
presente, a informação deste capítulo constitui-se como uma base de sustentabilidade de
conhecimentos e de apoio aos procedimentos metodológicos. Assim, apresentaremos o
processo de elaboração da ferramenta de observação, onde se combinam formatos de
campo e sistemas de categorias, assim como, as estratégias que seguimos para observar
e a analisar o comportamentos no processo ofensivo que resultam em golo, sendo este o
centro das atenções no presente trabalho.
A APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE RESULTADOS constitui o quinto capítulo do
estudo. São aqui analisados os resultados através da técnica sequencial e reforçado pela
análise da regularidade temporal, sendo depois expostos e submetidos a uma discussão
que procura produzir informação com qualidade.
No sexto capítulo é apresentado as CONCLUSÕES, de acordo com os resultados
encontrados, afinadas ao problema e aos objectivos do estudo.
No sétimo capítulo, SUGESTÕES PARA FUTUROS ESTUDOS são propostas novas
linhas de investigação relacionadas com a caracterização do estado actual do Futsal.
No oitavo capítulo surgem as REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS, que constituem a base
teórica em que se sustenta à realização do presente estudo.
A
A DINÂ
ÂMICA
C
A DO G
CONTEX
GOLO E
XTO DE E
EM FU
ESTUDO
Cap
UTSAL
ítulo 2
Contexto de Estudo
A DINÂMICA DO GOLO EM FUTSAL
6
2.
C
ONTEXTO DE
E
STUDO
2.1 Objecto de Estudo
A presente investigação visa o último passo para a realização da tese de mestrado, que se
enquadra nas investigações das Ciências do Comportamento, referentes às Metodologias
Observacionais, no quadro dos estudos dos Jogos Desportivos Colectivos e em particular
do basquetebol.
As técnicas dessa metodologia, além de pertinentes e inovadoras, podem ajudar a
perceber melhor as relações, as condutas e os comportamentos no jogo permitindo não só
quantificar, mas essencialmente, qualificar as suas condutas no contexto natural.
Esta foi uma das áreas que surgiu no âmbito do rendimento desportivo, através do estudo
do jogo a partir da observação do comportamento dos jogadores e das equipas (Garganta,
2001).
Vários são os autores que actualmente, no âmbito do desporto, desenvolvem programas
informáticos para a análise de jogo, tornando-a mais fácil e rápida, uma vez que esta tem
um papel preponderante na interpretação do desempenho, sendo simultaneamente um
factor chave na preparação e melhoria do rendimento.
Entre os diferentes programas informáticos destacam: CASMAS; SPORTCODER que
actualmente se denomina THÈMECODER; SDIS-GSEQ; SOCCAF; CODEX; MATCH
VISION STUDIO e o SOF-5.
Assim, na perspectiva do investigador e do treinador, torna-se essencial recolher o máximo
de informação do jogo, para uma melhor direcção e condução dos processos de ensino e
treino.
Em termos processuais, procuraremos conceber uma metodologia de observação
inovadora, que funcionando como reforço aos sistemas actuais da análise do jogo em
futsal, proporcionando aos especialistas um acréscimo de informações específicas, sobre
o comportamento (as acções) da equipa durante a fase ofensiva, para que estes possam
intervir com maior eficácia no processo de ensino/aprendizagem. Desta forma,
Contexto de Estudo
contribuiremos para a optimização dos comportamentos dos jogadores/equipas em
competição.
Para isso, recorrendo a procedimentos científicos inerentes à Metodologia Observacional
(Anguera, 1990), para a codificação e tratamento minuciosos da informação proveniente
dos indicadores de jogo na fase ofensiva, procuraremos centrar especificamente a nossa
atenção no jogador nas que resultam em golo.
2.2 O Problema do Estudo
“O conhecimento não parte de percepções,
de observações nem de recolha de dados ou de factos,
mas sim de problemas”
(Popper, 1992)
Neste Estudo, utilizamos a Metodologia Observacional (Anguera, 1998), considerada por
muitos investigadores como o procedimento mais flexível e simultaneamente rigoroso para
este tipo de análise e que tem assumido um papel decisivo no desenvolvimento do
desporto (Campaniço & Oliveira, 2003).
Subjacentes ao problema do nosso estudo estão os princípios da dinâmica de jogo de
Futsal na perspectiva de alto rendimento, a acção de jogo no Futsal, a natureza do
confronto entre dois sistemas complexos (as equipas), a análise da lógica interna desta
actividade e da sua tendência evolutiva, o registo do fluxo de condutas e comportamentos
de jogadores protagonistas da acção de jogo, a contextualização da evolução de jogo, a
descrição e conhecimento da dinâmica e interacção desenvolvida por jogadores e equipas
na acção de jogo.
A partir da validação destas mesmas acções, iremos analisar as tomadas de decisão que
o(s) jogador(es) tomam, para assim podermos apurar padrões de conduta eficazes, por
forma a que os treinadores, investigadores e pedagogos possam melhorar o processo de
treino.
Questão Central
Será que existe, nas acções ofensivas que terminam com êxito, em futsal de alto
rendimento, um carácter de regularidade e de probabilidade de determinadas
Contexto de Estudo
A DINÂMICA DO GOLO EM FUTSAL
8
condutas ou comportamentos, relativamente a outras, que ultrapassa o mero
conceito da sorte ou acaso?
Sub - questões
Se assim for, será que esta maior regularidade e/ou probabilidade de determinadas
condutas ou comportamentos em relação a outras, permite a configuração de
padrões que caracterizam a natureza desta modalidade desportiva e das condutas
que dela emergem?
Serão tais padrões de jogo modificados ou alterados por circunstâncias inerentes ao
próprio jogo?
Será possível analisar e caracterizar os padrões de jogadas finalizadas com golo (a
favor e contra), de uma equipa da Liga Nacional de Fútbol Sala – División Honor
(Espanhola), tirando informações sobre os seus processos ofensivos e defensivos?
2.3 Objectivos do Estudo
“a expressão do Futsal está proporcionada ao espetáculo,
que é proporcionado pelo seu objectivo fundamental – o golo”.
Júnior (1998)
Esta investigação pretende analisar as acções ofensivas que terminam com êxito no Futsal
de alto rendimento, tomando como amostra, todas as equipas que disputaram a Liga
Espanhola, na divisão de Honor (1ªdivisão), na temporada de 2005/2006. Tudo isto, com o
propósito de estabelecer possíveis relações entre aspectos tácticos presentes nas ditas
acções ofensivas. Assim, através de uma análise sequencial, isolando condutas critério,
obteremos padrões de conduta de cada equipa e as situações de jogo que têm mais
eficácia, para deste modo poder desenhar tarefas de treino.
Podemos definir como objectivos específicos do nosso estudo, os seguintes.
Detectar a existência de padrões de conduta retrospectivos entre as categorias
comportamentais que formam as fases de início e desenvolvimento do processo
ofensivo.
Detectar padrões de conduta nas fases do processo ofensivo que terminam com
êxito, entre as diferentes equipas em análise.
Contexto de Estudo
Oferecer informação sobre a média de jogadores atacantes que intervêm na
obtenção do golo.
Relacionar em termos percentuais, as diversas formas de obtenção do golo.
Conhecer o microespaço de finalização mais utilizado.
Determinar os microespaços mais utilizados em relação ao tipo de
desenvolvimento do processo ofensivo.
Conhecer no microespaço, o passe mais utilizado.
E por último pretendemos apresentar propostas de intervenção didáctica em
função dos dados obtidos.
Para que estes objectivos adquirem uma plena funcionalidade, é preciso ter em conta as
seguintes permissas:
Uma equipa encontra-se em fase ofensiva quando têm a posse de bola
Uma equipa têm a posse de bola quando um jogador da mesma equipa, mantém
de forma controlada, em termos técnico-tácticos, a posse da mesma e está em
disposição de dar continuidade ao processo ofensivo.
2.4 Limitações Conceptuais e operacionais
Devido à existência de uma bibliografia muito reduzida e pouco específica nesta área,
tivemos pela frente um caminho sinuoso onde não podemos apoiar em investigações
idênticas à nossa, o que impede a comparação entre os resultados por nós obtidos e
outros estudos realizados.
A instabilidade profissional sentida, também foi uma barreira bastante difícil de ultrapassar,
pois as exigências laborais, encurtaram o tempo disponível para a realização desta tese.
Outro obstáculo foi o facto de sentirmos bastantes dificuldades a nível operacional para
recolha de todos os Jogos da fase regular.
No entanto, 1548 golos em 206 jogos parece-nos uma amostra considerável e importante
para aferir dados importantes.
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ítulo 3
Revisão à Literatura
3.
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3.1 Síntese Histórica da Modalidade
O Futebol de Salão, primeira designação da modalidade, nasceu no Uruguai no
início da década de 30 e foi criado na Associação Cristã de Moços (ACM) de
Montevideu. Naquela época, o Futebol era uma autêntica loucura nas ruas da
cidade pois o Uruguai tinha-se sagrado campeão Mundial de Futebol.
(Braz, 2006)
Desde sempre quando se pesquisa a verdadeira origem de certas modalidades surgem
algumas dúvidas. No Futsal existem duas versões, sendo que uma defende que foi na
década de 30 no Uruguai que tudo começou e outra que defende que o Futsal é
genuinamente brasileiro.
O futebol estava em alta no Uruguai pois, como o país era bicampeão olímpico de futebol
(1924-1928), obteve o direito de organizar a primeira Copa do mundo de futebol (1930),
que também foi ganha pelo país organizador. Com essas vitórias, todos passaram a
praticar o futebol, como forma recreativa, em ruas, ginásios, quadras e salões de clubes,
não havendo preocupação com regras, número de jogadores, balizas (em ginásios, eram
pintadas nas paredes) e a bola (eram utilizadas bolas de borracha, de basquete, de meia
etc.). Surge então, Juan Carlos Ceriani Gravier, professor da ACM de Montevideu,
observando a grande procura dos jovens pela prática de futebol, teve a ideia de colocar
regras na actividade que era praticada, sendo-lhe, portanto, atribuída a paternidade desta
modalidade. Aproveitou regras de outras modalidades como as do basquetebol, o limite do
número de faltas, a substituição, e a duração dos tempos; do pólo aquático, a
regulamentação referente ao guarda-redes, como lançar a bola, além da linha divisória do
campo; do andebol, a área do guarda-redes, com os jogadores não podendo chutar de
dentro da área (Melo, 2001).
Outros há, que afirmam que a modalidade terá surgido no Brasil, no início da década de
40, mais propriamente na Associação Cristã de Mocidade (ACM) de São Paulo, uma vez
que havia uma grande dificuldade em encontrar campos de futebol livres para jogar. Foi
então que o Futebol de Salão terá conhecido os seus primeiros regulamentos e começou
então a expandir-se por toda a América do Sul e, posteriormente, Europa e resto do
Mundo.
Revisão à Literatura
A DINÂMICA DO GOLO EM FUTSAL
12
Por ocasião de um curso promovido pelo Instituto Técnico da Federação Sul Americana de
Associações Cristãs de Moços, foram distribuídas cópias destas regras a todos os
representantes da América do Sul, e entre eles alguns brasileiros como Asdrúbal Monteiro,
João Lotufo e José Routhier (Ferreira, 2001).
Através das ACMS do Rio de Janeiro e São Paulo foram protagonizadas as primeiras
práticas do futebol de salão no Brasil, e através do entusiasmo e abnegação de alguns, o
futebol de salão começou a ser mais divulgado, chegando até os clubes recreativos e
escolas regulares, ganhando cada vez mais popularidade, popularidade esta que de certa
forma impôs a necessidade de se aperfeiçoar e unificar as regras de jogo para a prática
em todo o território nacional. A 26 de julho de 1954, é fundada a primeira entidade oficial, a
Federação Metropolitana de Futebol de Salão no Rio de Janeiro, e no ano seguinte (junho
de 1955), a fundação da Federação Paulista de Futebol de Salão, que juntas promoveram
os primeiros intercâmbios salonistas no Brasil. A partir daí, surge a necessidade de ter
uma entidade, a nível nacional, para unificar as regras e promover competições, a nível
nacional, de clubes e selecções. Então, em Março de 1958, a Confederação Brasileira de
Desportos (CBD) oficializa a prática de futebol de salão no país, fundando o Conselho
Técnico de Futebol de Salão, tendo as federações estaduais como filiadas. Actuando em
conjunto, aperfeiçoaram e unificaram ainda mais as regras de jogo, objectivando com isso
a realização de competições a nível nacional envolvendo clubes e selecções estaduais,
possibilitando assim a realização em São Paulo (1959) do Primeiro Campeonato Brasileiro
de Selecções, ocasião em que o Rio de Janeiro sagrou-se campeão (Ferreira, 2001).
Sem dúvida, é um assunto que gera muita polémica. Contudo, parece um dado adquirido,
o facto de a modalidade ter surgido no início da década de 1930 e 1940, numa das ACM
espalhadas pela América do Sul.
A Federação Internacional de Futebol de Salão (FIFUSA) surgiria a 25 de Julho de 1971,
no Rio de Janeiro, sendo João Havelange o seu primeiro presidente, a qual passou a
superintender os destinos da modalidade a nível mundial, com a filiação de 32 países. A
sua fraca projecção mundial viria a ser fulcral na incapacidade para impor
internacionalmente as suas regras oficiais, tanto mais que a generalidade dos países
manteve os seus próprios regulamentos, contribuindo decisivamente para a tímida
evolução que a modalidade conheceu durante a sua gestão.
Revisão à Literatura
Amador (FIFA) passou a constituir o principal impulsionador do futebol de dimensões
reduzidas, tendo o seu futsal assumido uma posição de hegemonia face ao futebol de
salão.
A nova e universal designação, “FUTSAL”, tornou-se a conveniente abreviatura não só de
FUTbol de SALon e FUTebol de SALão (América do Sul), assim como de FUTbol SALa
(Espanha), uma vez que se tratavam das designações mais difundidas por todo o mundo
(Oliveira, 1998).
Sem dúvida que o prestígio e experiência de uma organização como a FIFA, veio dar um
grande impulso ao futebol de dimensões reduzidas em geral, e ao futsal em particular.
Deste modo, facilmente se distinguem dois importantes períodos no desenvolvimento da
modalidade: Durante a égide da FIFUSA, onde verificamos um avassalador domínio dos
países sul americanos, de entre os quais se destacam o Brasil, o Uruguai, o Paraguai e a
Argentina, e um outro, ainda em curso, após a intervenção da FIFA, onde assistimos ao
aparecimento de vários outros países nos lugares cimeiros das competições
internacionais, como a Espanha, a Itália, a Rússia, a Bélgica e a Ucrânia, mas também os
Estados Unidos da América, a Ásia bem como a África, mais recentemente, a Espanha
tem assumido um papel de destaque na evolução da modalidade, conquistando as
principais competições de selecções e de clubes nos últimos anos. Para tal muito contribui
a organização da modalidade no país.
Na actualidade, a Liga Nacional de Fútbol Sala (LNFS) é que gere e organiza o Futsal em
Espanha e, na opinião de vários autores (Sampedro, 1997; Alcázar, 2001), de uma forma
muito positiva. A LNFS é uma competição totalmente profissional, com todos os factores
caracterizadores de uma modalidade desportiva extremamente desenvolvidos.
Ainda que existam inúmeras situações por resolver, nomeadamente a uniformização
mundial das regras, assim como a implantação de competições internacionais regulares, a
modalidade desenvolve-se a bom ritmo na generalidade dos países europeus pelo que o
seu futuro parece assegurado.
Vários são os casos onde o seu franco desenvolvimento contrasta com o decréscimo do
número de praticantes do futebol, facto que não deixa os responsáveis federativos
indiferentes, que evitam ficar à margem desta nova realidade desportiva.
Revisão à Literatura
A DINÂMICA DO GOLO EM FUTSAL
14
Já se percorreu um longo caminho desde a sua origem e anonimato, ultrapassando
enormes obstáculos, até à previsível oportunidade de se converter em desporto olímpico,
tarefa que a FIFA, através do seu Comité para o Futsal, procura concretizar.
Actualmente praticado em todos os continentes, com a implementação de várias
competições internacionais sob a égide da FIFA e da União Europeia de Futebol
Associado (UEFA) e uniformização das regras a nível mundial. O conceito de futebol de
dimensões reduzidas é já um fenómeno universal que se desenvolve a bom ritmo e o seu
futuro parece assegurado.
3.2 O Futsal em Portugal
Portugal despertou para a realidade do futebol de dimensões reduzidas nos finais da
década de 70, apesar da existência de alguns clubes de bairro que até à data se
dedicavam à prática recreativa da modalidade, organizando torneios de carácter particular.
Como consequência da espectacularidade e do futebol de dimensões reduzidas e ao
aumento constante e progressivo de praticantes, começaram a surgir as primeiras
Associações de Futebol de Salão. Assim, em 1985 reuniram-se as condições para a
criação da Associação de Futebol de Salão de Lisboa, seguindo-se a do Porto em 1986,
em Outubro de 1986 a do Ribatejo, em Novembro de 1986 a do Minho e em Dezembro de
1987 a de Alcobaça (futura Leiria).
Deste modo, surge a necessidade da criação de uma entidade a nível nacional que
regulasse e gerisse o futuro da modalidade. Surge então, em 8 de Abril de 1988 a
Federação Portuguesa de Futebol de Salão (FPFS), como organismo máximo da
modalidade em Portugal.
A nível internacional, a FIFA, receando o desenvolvimento exagerado da FIFUSA,
promoveu a criação de uma variante do futebol de salão no seio das várias federações
nacionais de futebol, o futebol de cinco.
O futebol de salão foi crescendo gradualmente em Portugal, até que em 1991, o clima de
tensão latente, dá origem a um movimento liderado pela Associação de Futebol de Salão
Revisão à Literatura
do Porto, que, apoiada pelas Associações de Futebol de Salão de Bragança, Vila Real e
Algarve conduziu à separação/desvinculação da FPFS e, consequentemente, ao
abandono das provas organizadas por esta. Assistiu-se, então, ao nascimento do Futsal
em Portugal.
Conscientes do facto de o país ser demasiado pequeno para a existência de três variantes
de uma mesma modalidade, no Norte o Futsal, no Centro e Sul o Futebol de Cinco e em
Lisboa e Setúbal o Futebol de Salão, com consequências nefastas para o seu
desenvolvimento, nomeadamente no que diz respeito ao desinteresse da comunicação
social, a Federação Portuguesa de Futsal é fundada em 1991. Sem meios financeiros
capazes, assiste-se à regionalização das diversas variantes.
Em 1994, dá-se a primeira tentativa de fusão das três variantes, com a realização de um
seminário subordinado ao tema "Do futebol de dimensões reduzidas". O seminário teve
como objectivo abrir um espaço de debate com vista a uma possível junção, acabando
com as divergências de forma a desenvolver uma modalidade cheia de potencialidades de
se implantar no nosso país que, no entanto, não viria a surtir os efeitos desejados.
Desde logo ficou a sensação de que apenas seria possível o diálogo e a aproximação
entre o futsal e o futebol de cinco.
Em meados de 1997, a F.P. de Futebol e a F.P. de Futsal assinaram um protocolo, que
previa a integração das associações de futsal no seio das associações de futebol e a
criação de uma comissão nacional, na FPF de gestão para a modalidade. Com esta união
o número de equipas e de atletas aumentou consideravelmente.
Teve lugar um reajustamento, ao nível da competição organizada pela FPF, em que, após
a junção, a organização na primeira divisão se estabelecia em duas séries, Norte e Sul. Os
três primeiros classificados de cada jogavam entre si a duas voltas, apurando-se assim o
campeão nacional.
Na época de 2000/01 criou-se o primeiro campeonato nacional de Futsal nos moldes que
vigoraram até á época de 2003/04. Na época 2004/05 entraram em vigor os play-offs e os
play-outs, com o objectivo de trazer uma, ainda, maior espectacularidade à modalidade,
possibilitando a atracção de sponsors. Na actualidade, existem cerca de 25605 (dados da
UEFA) atletas, em todos os escalões e sexos, a nível nacional, distribuídas pelas várias
Revisão à Literatura
A DINÂMICA DO GOLO EM FUTSAL
16
associações distritais, sobre a égide da FPF. Se a estes juntarmos os praticantes do
Desporto Escolar e do Desporto Universitário teremos neste momento cerca de 50000
pessoas a nível nacional, a praticar a modalidade, de todas as idades e ambos os sexos
(Rocha, 2005).
3.3 Caracterização do Jogo de Futsal
“O Futsal, modalidade de grande popularidade no contexto desportivo, é um
desporto inserido na classificação dos JDC pois apresenta características
comuns a outras modalidades deste grupo.”
(Souza, 2002)
O jogo de Futsal compreende um conjunto coordenado de princípios, dispositivos e de
acções técnicas individuais, que tem por objectivo a organização defesa/ataque
organizada e a passagem rápida da situação defensiva à situação ofensiva e vice-versa.
No entanto, contrariamente a outras modalidades, por exemplo ao Futebol, Basquetebol,
Andebol e Voleibol, o Futsal não possui um lugar de destaque no âmbito científico.
Denota-se uma escassez de dados e informações referentes ás variáveis do jogo de futsal
(Souza, 2002, Barbero, 2002).
Segundo Garganta (1997) “o Futebol surge como um jogo desportivo colectivo (JDC) que
se desenvolve num contexto no qual as equipas em confronto disputando objectivos
comuns, lutam para em proveito próprio, o tempo e o espaço, realizando em cada
momento, acções reversíveis de sinal contrário (ataque-defesa) alicerçadas em relações
de oposição-cooperação.”
O Futsal, integrado no conjunto de modalidades que constituem os JDC, pode ser definido
como um jogo de actividade complexa e dinâmica, devido à multiplicidade de factores que
incidem directamente na acção sócio-motriz e no desenrolar do próprio jogo (Sampedro,
1993). Assim, os diferentes tipos de JDC consubstanciam estruturas e dinâmicas distintas
o que remete, no momento de realizar o treino desportivo, para uma abordagem
específica.
Deste modo, cada desporto exige comportamentos motores e condutas motrizes
diferenciadas, em função da sua estrutura funcional. Deduz-se assim, que a preparação no
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Revisão à Literatura
elevada variabilidade, imprevisibilidade e aleatoriedade, o que faz dele uma actividade de
grande complexidade.
No entanto, apesar de por vezes, o Futsal ser comparado ao Futebol de 11, verifica-se a
existência de uma grande diferença entre estas duas modalidades: ao nível regulamentar,
técnico, táctico e mesmo energético.
P
RINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO JOGO DE
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UTSAL
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EGULAMENTARO espaço disponível por jogador é de 80m², sem qualquer tipo de restrição,
como acontece no andebol (área do guarda redes) ou no basquetebol (área
restritiva.
O regulamento prevê a existência de faltas acumulativas, descontos de
tempo e um número ilimitado de substituições de jogadores (semelhante aos
desportos de pavilhão).
Tempo de jogo efectivo
P
LANOE
NERGÉTICOElevada solicitação do metabolismo glicolítico (Maclaren et al. 1988; Molina,
1992).
Esforço de natureza intermitente e aleatória.
As mudanças de direcção e sentido, assim como as travagens bruscas são
frequentes.
A possibilidade de efectuar um número ilimitado de substituições, permite a
recuperação de níveis elevados de fadiga, possibilitando o aumento do ritmo
do jogo.
P
LANOT
ÉCNICOExigência de um apurado nível técnico, e elevada velocidade de execução
(Fraschetti, 1989).
O controlo da bola com a planta do pé é um gesto técnico muito
característico.
Elevado número de contactos com a bola, assim como de situações de
finalização.
P
LANOT
ÁCTICOOs esquemas tácticos mais rudimentares (2:2), assemelham-se aos
habitualmente utilizados no hóquei em patins.
A defesa individual pressionante em todo o campo começa a ser difundida,
apesar de ainda prevalecer a defesa mista.
Nas movimentações ofensivas, os bloqueios, típicos do basquetebol são
cada vez mais frequentes.
Recurso frequente a situações de 1x1 no ataque (Chaves e Amor, 1998).
A utilização do guarda-redes como um elemento integrante do processo
ofensivo em situações de desvantagem no marcador, é já uma realidade.
Rápida alternância entre situações de ataque e defesa (Chaves e Amor,
1998).
Crescente exigência de jogadores polivalentes, com uma elevada
capacidade e rapidez de decisão.
Revisão à Literatura