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Antecedente histórico de Brasília e a ideologia das fortalezas integradas ao sistema de rede de segurança nacional

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Academic year: 2021

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ANTECEDENTE HISTÓRICO DE BRASÍLIA E A IDEOLOGIA DAS FORTALEZAS INTEGRADAS AO SISTEMA DE REDE DE SEGURANÇA NACIONAL

Resumo:

Ao buscar a historiografia brasileira, remontando o período colonial, identificamos que o expansionismo do Velho Mundo foi movido inicialmente pelo espírito militar, numa característica geopolítica expansionista – cujo fim é de ampliar a base territorial de um país, normalmente por meio da agressão militar – depois pelo interesse comercial obrigando aos países europeus a navegar através das águas internacionais em busca de novas descobertas de terras e riquezas. Ao analisar o Circuito de defesa espacial da Baia de Todos Santos em Salvador, onde era preciso escolher o local da capital da colônia dentro destas perspectivas geográficas, o qual tinha como motivação a questão da produção de cana de açúcar e do pau Brasil, os quais viriam abastecer a metrópole portuguesa. Assim a primeira iniciativa foi nomear como governador-geral em 1548, Tomé de Sousa, onde o rei mandava construir uma grande cidade fortificada. Diante ao exposto, propõe-se compreender a influência do relevo na distribuição estratégica das bases de Tiro de Guerra (Fortalezas) integradas ao sistema de rede de segurança nacional desde o Brasil colônia. Dentre os procedimentos metodológicos serão utilizados: a) pesquisa teórica sobre os aspectos geomorfológicos e geopolítico-estratégicos que contribuíram na localização das Fortalezas em seus respectivos tempos; b) pesquisa de campo para levantar dados sobre a geomorfologia e as principais bases de tiro de guerra que abarcam a Capital Colonial.

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ANTECEDENTE HISTÓRICO DE BRASÍLIA E A IDEOLOGIA DAS FORTALEZAS INTEGRADAS AO SISTEMA DE REDE DE SEGURANÇA NACIONAL

Introdução

Ao buscar a historiografia brasileira, remontando o período colonial, identificamos que o expansionismo do Velho Mundo foi movido inicialmente pelo espírito militar, numa característica geopolítica expansionista – cujo fim é de ampliar a base territorial de um país, normalmente por meio da agressão militar – depois pelo interesse comercial obrigando aos países europeus a navegar através das águas internacionais em busca de novas descobertas de terras e riquezas.

Com a chegada dos Portugueses ao Brasil observava que a região oferecia boas oportunidades ao comércio. Portugal vê-se obrigado a garantir a sua conquista, tomando medidas militares que viabiliza o domínio desta nova conquista. No entanto, a fixação administrativa no território conquistado ocorreu de forma progressiva e paulatina. Primeiro, ao longo da costa, rumo ao nordeste, depois rumo ao sudeste e somente depois pelo sertão adentro de Goiás.

No primeiro momento será analisado o Circuito de defesa espacial da Baia de Todos Santos em Salvador, onde era preciso escolher o local da capital da colônia dentro destas perspectivas geográficas, o qual tinha como motivação a questão da produção de cana de açúcar e do pau-brasil, os quais viriam abastecer a metrópole portuguesa. Assim a primeira iniciativa foi nomear como governador-geral em 1548, Tomé de Sousa, onde o rei mandava construir uma grande cidade fortificada. Assim, foram erguidas no início três grandes fortalezas, as quais dava a Baia de Todos Santos a proteção necessária e ao Capitão-general, poderes, tanto na administração superior dos negócios quanto na superintendência militar da cidade de Salvador. Num segundo, já com a capital no estado do Rio de Janeiro, se discute o Circuito de defesa espacial da Baia da Guanabara, o qual tinha como motivação a questão do

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controle da mineração do ouro que era produzido em Minas Gerais e Goiás, e também pela importância estratégica da Baia. Portanto, foi erguido o forte de Santa Cruz e o São João, ambos localizados na entrada da Baía de Guanabara, que banha o porto da cidade do Rio de Janeiro.

E por fim, o Circuito de defesa espacial de Brasília, cuja ideia da mudança da Capital para o interior remonta ao período colonial, o qual tinha como motivação a questão da segurança, já que a posição do Rio de Janeiro tornava-se muito vulnerável a uma invasão marítima. Assim, foi demarcado o Quadrilátero Cruls no interior do Planalto Central, onde se localiza, sob a significância geoestratégico-militar da formação geomorfológica do Planalto e Serras de Goiás-Minas, a sede da Capital da República.

Diante ao exposto, propõe-se compreender a influência do relevo na distribuição estratégica das bases de Tiro de Guerra (Fortalezas) integradas ao sistema de rede de segurança nacional desde o Brasil colônia até Brasília.

Dentre os procedimentos metodológicos serão utilizados: a) pesquisa teórica fundamentado nos estudos de Visentini (1986); Correia (1999); Gonzáles (2008), sobre aspectos geopolíticos e estratégicos embasados nos autores que contribuíram na localização dos Tiros de Guerra1 (Fortalezas) em seus respectivos tempos; b) pesquisa de campo a ser realizada para levantar dados sobre a geomorfologia e as principais bases de tiro de guerra que abarcam o Distrito Federal, tendo foco principal na base de Tiro de Guerra de Brasília-DF, Formosa-GO e de Anápolis-GO.

Material e Métodos

Dentre os procedimentos metodológicos serão utilizados: a) Pesquisa teórica sobre os aspectos geomorfológicos e geopolítico-estratégicos que contribuíram na localização das Bases de Tiros de Guerra no Brasil; b) Levantamento de dados estatísticos, em pesquisas documentais, podendo ser retirados de instituições ligadas ao setor de segurança, como o Exército Brasileiro, bem como a órgãos nacionais como Senado Federal e arquivos públicos; c) Pesquisa de campo para

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A origem dos Tiros de Guerra remonta ao ano de 1902 com o nome de linhas de tiro, quando se fundou em Rio Grande (Rio Grande do Sul) uma sociedade de tiro ao alvo com finalidades militares — esta, a partir de 1916, no impulso da pregação de Olavo Bilac em prol do serviço militar obrigatório, transformou-se, com o apoio do poder municipal, nesse tipo de organização militar destinada à formação de reservistas brasileiros.

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levantar dados sobre as principais bases de tiro de guerra distribuída no território brasileiro.

Resultados

Após analisar os dados levantados sobre os Tiros de Guerra desde o Brasil Colônia, representados no início como Fortes ou fortalezas, depois pelos Tiros de Guerra, que grosso modo, pode-se definir a arquitetura militar do período de expansão ultramarina como de transição, um meio caminho entre as primeiras Fortalezas (Tiro de Guerra) medieval e os Tiros de Guerra tecnologicamente desenvolvidos da atualidade, os quais estão distribuídos por vários estados brasileiros, diferente dos Fortes de outrora, que se concentrava junto ao litoral brasileiro.

Reconhecidamente o Brasil passou por uma campanha de reformas e construção de novas fortificações que seriam destinadas a delimitar o território e garantir a soberania brasileira dentro da ideia de Segurança Nacional, buscando dessa forma o aperfeiçoamento dos pontos estratégicos para assentar as Bases de Defesa. A seguir, passa-se a uma descrição e definição das principais características dessa forma de fortificar, em um momento de intensa preocupação com o período conhecido como Guerra Fria.

As fortificações do século XVIII não responderam imediatamente a introdução das novas armas de fogo no “teatro de guerra”, sendo necessário aproximadamente um século para que elas esboçassem modificações verdadeiramente consistentes em sua constituição tecnológica. Com a introdução das novas armas de fogo nos cercos iniciava-se um largo período de uso de novas técnicas, tanto ofensivas quanto defensivas, que posteriormente culminaria num avançado desenvolvimento bélico mundial.

Discussão

Circuito de defesa espacial da Baia de Todos Santos em Salvador

O imenso território ainda por se descobrir, diante do extenso litoral brasileiro, com sucessivas irregularidades em sua geomorfologia costeira, tem por todas as partes do continente americano, diferentes situações geográficas que atendam aos fins

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econômico-militares e para instalação de uma cidade-capital. Precisar-se-ia localizar uma área estrategicamente considerada como central em relação à economia da extração da madeira do pau-brasil e a produção açucareira que se iniciava na América.

A importância da localização da futura sede do governo português na colônia não desprezará a noção geométrica de centro, a qual atenderá as necessidade estratégica de guarnecer tanto as terras ao sul quanto ao norte e o local que mais aproximasse o continente americano ao europeu. Pois isso, não poderia deixar de levar em conta o que em si mesmo é o mais importante: à distância em relação a metrópole portuguesa, pois o comércio é direta ou indiretamente controlado pelo estado. Se a respectiva formação socioeconômica se estende além dos oceanos, essa expansão é limitada a alguns fins. O “mercado mundial” é a soma dos mercados coloniais (FINQUELIEVICH, 2001, p.4), bem analisado nos estudos de (SANTOS, 2001, p.179).

Graças à colonização, o comércio é fechado. As redes buscam mundializar-se, e fisicamente o fazem, mas seu funcionamento é limitado. As fronteiras são um fato econômico, financeiro, fiscal, diplomático, militar, além de político.

Há um problema político militar que consiste em se escolher o local ideal à capital da colônia no Brasil, junto ao litoral. Para essa escolha devem ser levadas em consideração as seguintes subcategorias geográficas: a posição, a área, a população e o sistema de redes em território informacional2, pois este se constitui em um elemento basal ao planejamento e controle do litoral costeiro e fortalecem as fronteiras do País na sua totalidade.

A totalidade é o território, um país e um Estado – uma formação sócio-espacial - totalidade resultante de um contrato e limitada por fronteiras. Mas a mundialização das redes enfraquece as fronteiras e compromete o contrato, mesmo se ainda restam aos Estados numeras formas de regulação e controle das redes (SANTOS, 2001, p.182).

A metrópole portuguesa tinha dois problemas de ordem militar a se preocupar no Brasil-Colônia: de um lado, fazia-se preciso conquistar ou dominar os povos indígenas presente na terra desbravada, cujas tensões internas entre povos eram

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Por territórios informacionais compreendemos áreas de controle do fluxo informacional digital em uma zona de intersecção entre o ciberespaço e o espaço urbano. O acesso e o controle informacional realizam-se a partir de dispositivos móveis e redes sem fio. (Tuan, 2003).

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intensas, principalmente entre os colonos que habitavam o nordeste da colônia; de outro, repelir outras nações que tentassem se instalar nas terras da coroa portuguesa. Seriam aqui as primeiras manifestações geopolíticas de segurança das fronteiras marítimas brasileira e a participação da milícia lusitana em conflito entre nativos e colonos da região.

Era preciso fazer mudanças urgentes na estrutura organizacional do território para transformá-lo num lugar inovador, assim conceituado:

O sistema de estruturas sociais, institucionais, organizacionais, econômicas e territoriais que criam as condições para uma geração contínua de sinergias e seu investimento em um processo de produção que se origina a partir desta capacidade sinérgica, tanto para as unidades de produção que são parte deste meio inovador, como para o meio em seu conjunto (CASTELLS, 1998. p. 476).

Portanto, foi nomeado o primeiro governador-geral em 1548, Tomé de Sousa, cuja missão era escolher o local para construir uma grande cidade fortificada, articulada à metrópole portuguesa, com poderes de Capitão-general, ao qual cabia a administração superior e a superintendência dos negócios militares, como destaca (FAORO, 2001. p.170):

O governador-geral cuidaria, sobretudo, da defesa contra o gentio e da defesa contra o estrangeiro, com o cuidado de vigiar o litoral. De outro lado, disciplinaria os donos de embarcações, perturbadoras das relações entre as capitanias, ao abrigo das linhas oficiais.

Após pesquisa realizada no litoral nordestino chega-se à conclusão do local ideal para fortificar um sistema de rede de segurança à nova sede – a cidade chamada de São Salvador da Baía de Todos os Santos em 1677 – cuja terra de solos férteis, clima quente e úmido, terreno plano, e excelente posição geográfica – segundo Visentini (1986, p.64), por “posição geográfica” compreende-se a situação da cidade em relação a outras áreas distintas, mesmo que muito afastadas, em relação ao conjunto do País, figura 1, para se edificar a capital colonial:

Acertadamente, chegarem a uma decisão, já que tinham vindo com a incumbência de implantar no Brasil, uma povoação que, devendo ser tão grande, teria de ser também, uma fortaleza forte, dentro do espírito medieval, ainda dominante em Portugal. (SIMAS FILHO, 1998. p. 27).

Essa visão estratégica de escolher o sítio geográfico adequado para sediar a capital da colônia está imbricada à questão do poder e à necessidade de conhecer e

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controlar o Raum (espaço) territorial, pela organização militar, isso indica a consciente e deliberada preocupação de reduzir o espaço administrativo ao espaço militar, mantendo a vida colonial agarrado a um litoral vigiado. Estas diretrizes, no seu conjunto, nos fazem rebuscar nos conhecimento de Ratzel (1892), o estudo do espaço como mecanismo de sobrevivência do Estado, neste caso ainda em formação, porém com grande mérito sobre o conhecimento das diversas formas e instrumentos de controle de um território.

Figura 1 Localização dos fortes de proteção da capital colonial

FONTE: https://www.google.com.br/maps/place/Baia+de+Todos+os+Santos visitado dia 09 de março de 2018. Org. SANTANA, 2018.

LEGENDA

Alcance dos tiros de canhão. Fortalezas Capital Salvador Forte estratégico

Circuito de defesa espacial da Baia da Guanabara

Diante do cenário de turbulência na Baia da Guanabara no Rio de Janeiro com as constantes invasões dos franceses na região e as novas descobertas do ouro na região de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, Marques de Pombal foi impulsionado a transferir a capital para o Rio de Janeiro em 1763, meio à urgência que se fazia para não perder o poder e o comando da colônia portuguesa. O que se questiona é atribuir o motivo da mudança da capital em consequência da nova realidade econômica – a mineração. O que parece mais nítido é uma estratégia militar para

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escapar às fortes pressões que a França realizava com as invasões no território americano.

Ao observar a eficiência das fortalezas que defendiam a entrada da barra na Baía de Guanabara, na época da invasão francesa, se faz necessário avançar um pouco no tempo, até meados do século XVIII. No ano de 1750 foi elaborado o Tratado de Madri, que demarcava as fronteiras entre o Brasil e as colônias espanholas. Esse tratado desagradava aos principais personagens da corte espanhola.

Em 1767, persistindo os conflitos no sul do Brasil, Portugal resolveu agir com mais vigor, enviando três regimentos para o Rio de Janeiro: o de Moura, o de Extremoz, e o de Bragança. Para o comando dessas tropas seguia para o Brasil o general Böhm, que ao chegar ao Rio de Janeiro ficou impressionado com o estado precário em que se encontravam as fortificações. Apesar das duas invasões francesas ocorridas havia pouco mais de meio século, quase nada se fizera, segundo ele, para melhorar o sistema de defesa da cidade como menciona Magalhães (1948).

Certamente ao assumir o comando da Praça, deve-se ter sido encarregado alguns de seus engenheiros militares de fazer uma análise da verdadeira capacidade do sistema de defesa da cidade e seu porto, no qual as fortalezas da barra eram fundamentais. Tais engenheiros mapearam a Baia da Guanabara com intuito de estabelecer um Plano da organização estratégica das três principais fortalezas da entrada da Barra da Tijuca no Rio de Janeiro, figura 2, uma importante fonte primária de informações sobre o alcance efetivo das peças que já estavam instaladas nas fortalezas, ou que ainda seriam instaladas.

Os canhões das fortalezas da barra estavam posicionados para agir em três direções diferentes: na primeira se ofendiam os navios que se aproximavam da barra; na segunda, os que estavam no meio da passagem; e na terceira, os que conseguiram forçar a barra e se dirigiam para o ancoradouro. As fortalezas administravam as informações de segurança da Baia, mediante sistema de rede de comunicação utilizada com os faróis, principalmente no que se referem à quantidade de embarcações inimigas, pois este sistema está no cerne de todos os processos econômicos, seja indústria, extrativismo, e geopolítica mundial (CASTELLS, 1998, p. 469).

Como se pode constatar na figura 1, as fortalezas que defendiam a entrada da barra não cruzavam seus tiros, como afirma a historiadora MARYAN (1992, p.15), o que somente poderia ocorrer se as armas utilizassem seus alcances máximos no lugar

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de tiros eficientes. Mas, na artilharia lisa3, a única empregada até meados do século XIX, não se utilizava o alcance máximo das peças, o qual corresponderia a tiros imprecisos que apenas causariam desperdício de pólvora e munição.

Figura 2: Plano da situação das três Principais Fortalezas da Entrada da Barra do Rio de Janeiro.

Fonte: Acervo de Obras Raras da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, 2002. Ao longo do estudo sobre a geografia militar das fortalezas observa-se que a preocupação com a defesa, em todo o período colonial, era uma constante por parte dos reis lusos, sobretudo naquele contexto de meados do XVIII. Afinal de contas, não podemos esquecer que os rendimentos da Coroa vinham do comércio ultramarino e o governador-geral tinha um papel importante no controle dessa economia.

O governador-geral foi definido como chefe supremo da administração colonial, com ênfase nas suas funções militares, sendo o posto de comandante da tropa sua atribuição fundamental (GOUVÊA, 2000, p. 265).

Manter as rotas comerciais do Império era vital e muitas destas rotas passavam pelo Rio de Janeiro. Com isso, os governadores gerais frequentemente remetiam ao rei informações a respeito do estado das fortificações em sua área de atuação.

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Artilharia lisa (o cilindro interior de seus tubos não era raiado) e, por isso, não era de grande alcance ou precisão.

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Circuito4 de defesa espacial de Brasília

O desejo de mudança da capital para o interior do país advém de outrora na figura de Varnhagem, José Bonifácio e outros, os quais acreditavam que a transferência da sede deveria ser promovida sob o requisito da segurança nacional. Portanto, buscou-se uma posição menos exposta na hipótese de uma guerra, como alerta Teixeira de Freitas, Secretário Geral do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística:

Ninguém pode imaginar que uma Capital como o Rio de Janeiro, exposta por todos os lados a ataques terrestres, marítimos ou aéreos, esteja em condições de manter resistência a qualquer agressão, pois estará vencida desde que fique privada, como é facílimo de conseguir, dos seus serviços de água, luz, energia, transporte e combustível (IBGE, 1948, p.44).

Assim, foi instituída uma comissão de exploração do Planalto Central chefiada pelo general Poli Coelho em 1948 tinha como prioridade localizar na formação geológica do Planalto e Serras de Goiás-Minas, o melhor local para construir Brasília, dentro do já localizado Quadrilátero de Cruls, conforme instruía a constituição de 1946, que determinava esse local na região mais central do país, onde se situa inúmeras redes geográficas, como por exemplo, entre as três principais redes hidrográficas do Brasil localizadas no Planalto Central Goiano.

Um lugar central, por exemplo, tem um conjunto de funções que o qualificam como centro local, regional ou metropolitano que, em cada nível, associa-se a uma específica hinterlândia, caracterizada, cada uma, por um dado número de habitantes e uma dada dimensão em área (CORRÊA, 2012, p. 209).

Desta forma, sempre foi de extrema importância à análise geográfica, cuja topografia serve em primeiro lugar de muros naturais de proteção ao perímetro da Capital, tendo nas chapadas mais elevadas, os lugares mais apropriados para instalação de suas bases de Tiro de Guerra, com estrutura para execução de qualquer problema bélico em defesa da segurança nacional, tendo em Formosa/GO um dos melhores

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O termo circuito que aparece nos três subtítulos, aborda a perspectiva geopolítico-estratégica de interesse militar, onde as discussões sobre circuito espacial de defesa são empreendidas a priori por Sônia Barrios (1976), cujas ideias debatidas por esta autora caracterizam o espaço e as ocupações espaciais (leia-se aqui a defesa do território), não como uma simples instalação de bases de Tiro de Guerra em todo País, mas sim como uma transformação cada vez mais ampla e profunda do mesmo, no que se refere ao encadeamento de todas essas bases com uma troca de informação visando à defesa do território.

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campos de lançamento de foguete do país localizado entre 900 e 1.100 metros de altitude.

O 6º Grupo de Lançadores Múltiplos de Foguetes e Campo de Instrução do Exército Brasileiro (6º GLMF), instalado há anos na margem da Lagoa Feia, receberá outras duas, especializadas em mísseis e foguetes e destinadas a operar o Astro 2020, uma das sete prioridades estratégicas no processo de modernização da força terrestre do Exército. Chamada de Forte de Santa Bárbara, a nova base receberá o avançado míssil AV-TM, de fabricação nacional, com alcance de até 300 quilômetros e lançado por terra, de blindados. As obras, segundo o Exército, começam neste semestre, com conclusão prevista para 2018 e um custo total de R$ 1,246 bilhão (NEWS, 2013. p.05).

O grau de alcance balístico aferido por uma guarnição militar, cuja frente esteja protegida pela encosta íngreme de uma Chapada é fator determinante para escolha de terrenos elevados, tendo os seus flancos defendidos por barrancos profundos, como mostra (CLAUSEWITZ, 1996. p. 492). Portanto, a topologia do Tiro de Guerra, que são órgãos de formação da reserva, próprios do Exército, está distribuída em todos os estados a nível nacional e regional, estando no topo de hierarquia às cidades dos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Goiás e Distrito Federal, que compõem a diferentes exercícios do poder por atores Estatais frente à defesa na Capital Brasileira, com sistema articulado como bem destaca Blanco (2009).

Podría enmarcarse en este planteo la articulación contradictoria entre las topologías de las empresas (Silveira, 2005) y los diferentes marcos de ejercicio de poder por parte de los actores estatales. Las distintas geometrías del poder de las que habla Doreen Massey (citada por Haesbaert, 2004) para referirse a las desigualdades de configuración, de origen y de distribución del poder, son abarcativas de ambas instancias (BLANCO, 2009. p. 10).

Os Tiros de Guerra funcionam, por um lado, como um sistema de redes de disseminação de valores militares, como forma de legitimação institucional; por outro, como meio de pôr em prática a estratégia de presença e, indiretamente, garantir a apropriação territorial. No intuito de ampliar o conhecimento sobre o tema buscamos informações relativas às atividades desempenhadas pelos Tiros de Guerra mediante vários aspectos.

O ponto em questão bem pode ser o que as redes fazem em termos de sociedade em geral e em termo de indivíduos. A família produz filhos e filhas, que são

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recrutados em vários grupos, em várias relações e categorias na sociedade em geral, incluindo outras famílias.

Figura 2. Conexidade entre os integrantes de rede social e o Tiro de Guerra.

Fonte: GONZALES, 2008, p. 155

Um desses aspectos é o papel social, político e institucional: individualmente; no conjunto de interações extramuros, como integrantes de uma rede social e peça de uma engrenagem numa sociedade disciplinar; conjuntamente, como rede autônoma institucional; politicamente, como mecanismo político local; e, funcionalmente, como responsável pela territorialidade institucional. Como integrante de uma rede social, o Tiro de Guerra se insere ou se entrelaça de alguma maneira, com outros grupos que a compõe: igreja, escola, família, instituições governamentais, dentre outros assim como destacado na figura 2.

Traçando um paralelo entre o conceito de rede apresentado com os Tiros de Guerra, considera-se que estes se constituem em verdadeiras redes que se estendem pelo território nacional. Nesse sentido, o Tiro de Guerra, enquanto um espaço dentro do lugar, diferentes das Organizações Militares da Ativa (OMA) que se comportam, por vezes, como espaço fora do lugar, possui duas vertentes de interpretação: considerado no conjunto, cada Tiro de Guerra representa um nó que interliga a malha constitutiva de uma rede com ampla abrangência territorial como mostra o mapa 1 que caracteriza o formato dessa rede.

Individualmente, inserido no território e sociedade locais, traduz-se numa instituição que integra o meio social no qual os jovens são recrutados. Em outras palavras, compõe o grupo de nós (pontos) de uma rede social local.

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Mapa 1. Conexidade dos Tiros de Guerra no território brasileiro

Fonte: GONZALES, 2008. P, 154

Considerações Finais

A existência dos Fortes (Tiros de Guerra) poderia contribuir para a estratégia de resistência, tarefa importante que se somaria às recentes diretrizes – inclusive pelo documento “Política de Defesa Nacional” – que elegem a segurança nacional como prioritária desde o período colonial. As iniciativas para programar os Tiros de Guerra neste Território teve importância fundamental diante do sistema de rede que as tecnologias exigem. Um sistema interligado com o propósito de garantir ao País conexão que vise a melhor segurança para o território nacional, que viabilize uma ação de pronto atendimento a um ataque inimigo.

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Assim, essa disciplina forneceu a este artigo um suporte relevante, no que se refere ao estudo de rede, somada ao estudo de estratégia militar, pode-se entender como são distribuído os Tiros de Guerra no Brasil, os quais tem a missão de proteger a Capital Federal diante iminente invasão agressora. Um sistema interligado em rede de segurança fornece aos órgãos das Forças Armadas uma maior estabilidade diante um momento de fragilidade da Paz.

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Referências

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Referências

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