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Controle postural estático, composição corporal e índice de atividade física habitual em crianças e adolescentes vivendo com HIV

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA

CARLOS JEAN DAMASCENO DE GOES

CONTROLE POSTURAL ESTÁTICO, COMPOSIÇÃO CORPORAL E ÍNDICE DE ATIVIDADE FÍSICA HABITUAL EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES VIVENDO

COM HIV

NATAL 2018

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CARLOS JEAN DAMASCENO DE GOES

CONTROLE POSTURAL ESTÁTICO, COMPOSIÇÃO CORPORAL E ÍNDICE DE ATIVIDADE FÍSICA HABITUAL EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES VIVENDO

COM HIV

Trabalho de Conclusão de Curso a ser apresentado ao Curso de Graduação em Educação Física - Licenciatura da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciado em Educação Física.

Orientador: Prof. Dr. Paulo Moreira Silva Dantas Coorientadora: Profa. Ms. Rafaela Catherine da Silva Cunha de Medeiros

NATAL 2018

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências da Saúde - CCS

Goes, Carlos Jean Damasceno de.

Controle postural estático, composição corporal e índice de atividade física habitual em crianças e adolescentes vivendo com HIV / Carlos Jean Damasceno de Goes. - 2018.

30f.: il.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências da Saúde, Departamento de Educação Física. Natal, RN, 2018.

Orientador: Prof. Dr. Paulo Moreira Silva Dantas.

Coorientador: Prof. MSc. Rafaela Catherine da Silva Cunha de Medeiros.

1. Controle postural - TCC. 2. Atividade física - TCC. 3. Crianças e adolescentes - TCC. 4. HIV - TCC. I. Dantas, Paulo Moreira Silva. II. Medeiros, Rafaela Catherine da Silva Cunha de. III. Título.

RN/UF/BSCCS CDU 796.011 Elaborado por Adriana Alves da Silva Alves Dias - CRB-15/474

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Meu Deus, minha família, meus amigos: fonte maior de inspiração, motivação, contentamento e força. Onde eu estiver, vocês também estarão!

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AGRADECIMENTOS

Mesmo sabendo que não mereço nem metade do que tenho hoje em minha vida, devo tudo que tenho à muitos que vivem comigo.

Em primeiro lugar e acima de tudo e de todos, expresso minha gratidão ao meu Deus, todo-poderoso. O Deus do Amor.

Em primeiro lugar novamente, à minha família, fonte maior de todas as coisas boas, possíveis e imagináveis que Deus tem para mim aqui na terra. Sem eles eu nada seria.

Agradeço imensamente, e em especial, à minha mãe – Nilma – e ao meu pai – Cícero – pela minha formação pessoal impecável, fazendo com que eu me tornasse o homem que eu e eles sempre quiseram.

Aos meus orientadores, Prof. Paulo e Profa. Rafaela, por toda paciência, dedicação, comprometimento e disponibilidade. Agradeço a minha amiga e companheira de base de pesquisa Profa. Racquel, que compartilha seu vasto conhecimento de forma tão amável e serena, trazendo leveza e paz para todos. Aos meus amigos e minhas amigas da AFISA, em especial aos integrantes do projeto Viver+, que me acompanharam na iniciação científica durante toda minha graduação. Aos meus amigos e amigas que estiveram presentes comigo em minha vida, principalmente, nesse período da graduação, me inspirando a cada dia e tornando mais leve o fardo carregado diariamente: só a gang, panela, IFRN, UFRN, Neópolis, Lampions, Defina Samba, UNIFACEX.

Aos professores e professoras que fizeram e fazem parte da minha formação acadêmica.

Aos meus companheiros do mestrado, que tanto me ajudaram nesse período final: Prof. Jason e Phelipe. Obrigado por todo apoio e incentivo. Estaremos cada vez mais juntos daqui para frente.

Enfim, agradeço a todos que de alguma forma contribuíram para o meu crescimento pessoal, profissional e espiritual durante todo esse período.

Onde eu estiver, vocês também estarão!

Lembremos sempre: é necessário sempre acreditar que o sonho é possível! Muito obrigado, de coração!

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RESUMO

A infecção pediátrica pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) continua sendo considerada um problema de saúde pública mundial. O HIV é um vírus neurotrópico, isto é, além de apresentar diversas consequências para o organismo e afetar múltiplos órgãos do indivíduo infectado, é detectado desde o início da infecção no líquido cefalorraquidiano (LCR) e tecido cerebral, afetando, inclusive, o Sistema Nervoso Central (SNC), ocasionando prejuízos no controle postural dos indivíduos. O presente trabalho justifica-se na necessidade de avaliação de algumas variáveis relacionadas à saúde, especialmente uma investigação mais aprofundada nos indicadores de equilíbrio/controle postural em crianças e adolescentes vivendo com a infecção, a fim de buscar compreender como se dá a atuação desse vírus no organismo em desenvolvimento, observar possíveis mudanças no controle postural, composição corporal e entender como se caracteriza o índice de atividade física habitual dessa população. Trata-se de um estudo descritivo com corte transversal. A amostra foi selecionada por conveniência, composta por 12 crianças e adolescentes, de ambos os sexos, com idade entre 6 e 18 anos, vivendo com HIV/aids. As avaliações foram realizadas a partir da Absortometria Radiológica de Dupla Energia (DXA), para a composição corporal; plataforma de força de marca CEFISE®, para o controle postural; e o índice de atividade física habitual, por meio do questionário de Balcke (1982). Dentre as variáveis do controle postural, a amplitude média de oscilação na direção médio lateral, apresentou maior índice de oscilação na condição bipodal com espuma, seguido da com visão e sem visão, respectivamente. Nas variáveis área e deslocamento total os comportamentos foram semelhantes dentro das condições de avaliação. Onde as maiores médias foram na condição bipodal com espuma, seguido da com visão e, por fim, sem visão. Quanto ao índice de atividade física habitual final, verificou-se média 7,0 que indica comportamento ativo dessa população, no entanto, dentre os três escores, identificou-se que as atividades físicas de lazer ativo foi a de menor média no grupo estudado. Conclui-se que dentre as avaliações das variáveis do controle postural, nas três condições de testes, a condição bipodal com espuma foi a que apresentou maior oscilação do centro de pressão, a partir da perturbação aos estímulos proprioceptivos.

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ABSTRACT

Pediatric human immunodeficiency virus (HIV) infection remains a worldwide public health problem. HIV is a neurotropic virus, and, in addition to killing the various causes of cancer and spreading to the infected body, it is detected from the onset of infection without cerebrospinal fluid (CSF) and brain tissue, affecting even the Nervous System (CNS), causing damage to the postural control of the individuals. The present study justifies the evaluation of some health-related variables, in particular a more in-depth investigation of balance / postural control indicators in children and adolescents living with the infection, in order to be at the highest risk of contracting without organization, development, changes, postural control, body composition and meaning as the habitual physical activity index of this population. This is a descriptive cross-sectional study. The sample was separated by convenience, composed of 12 children and adolescents, of both sexes, aged between 6 and 18 years, living with HIV / AIDS. As already mentioned, Dual Energy Radiological Absorption (DXA), for body composition; CEFISE® brand strength platform for postural control; and the habitual physical activity index, using the Balcke questionnaire (1982). Among the variables of postural control, a mean range of mean direction was reported from a bipodal direction model with an overview and without vision. The variables area and the total percentage of responses were seen within the evaluation conditions. The bipeds, in general, were introduced based on the foam of the gland, with the final vision, at last, without vision. Regarding the final habitual physical activity index, there was a mean of 7.0 that indicated active behavior for a decade, however, among the three scores, leisure physical activity was identified as a lower average in the group studied. It was concluded that the evaluation of the variables of the postural control in the three conditions of the testicles was performed with the pulse foam technique and then the higher pressure of the pressure center was performed, from the stimulus disturbance proprioceptives.

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ... 9 1.1 CONTEXTO E PROBLEMA ... 9 2 OBJETIVOS ... 11 2.1 OBJETIVO GERAL ... 11 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ... 11

3.1. HIV AIDS NA INFÂNCIA ... 12

3.2 HIV/AIDS E CONSEQUÊNCIAS PARA O SISTEMA NERVOSO CENTRAL NA INFÂNCIA... 13

3.3 CONTROLE POSTURAL /EQUILÍBRIO ... 14

4 METODOLOGIA ... 17

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ... 17

4.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA ... 17

4.3 INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS DA PESQUISA... 17

4.5 ASPECTOS ÉTICOS... 20 5. RESULTADOS ... 21 6. DISCUSSÃO ... 23 7. CONCLUSÃO ... 27 REFERÊNCIAS ... 28 ANEXOS ... 30

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1 INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTO E PROBLEMA

A infecção pediátrica pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH; HIV – Human Immunodeficiency Vírus) continua sendo considerada um problema de saúde pública mundial. O contágio pode ocorrer de forma horizontal (por transfusão de sangue, relações sexuais ou uso comum de seringas) e vertical (de mãe para filho durante a gravidez, parto ou amamentação), a qual, é a forma mais comum em crianças e adolescentes menores de 13 anos (BRASIL, 2009)

Entre os anos de 2000 e 2018, foram notificados no Brasil 116.292 casos de gestantes infectadas pelo HIV; havendo, apenas no ano de 2017, um número total de 7.882 gestantes infectadas pelo vírus. Em um período de dez anos, houve um aumento de 21,7% na taxa de detecção de HIV em gestantes: em 2007, a taxa observada foi de 2,3 casos/mil nascidos vivos e, em 2017, passou para 2,8/mil nascidos vivos (BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO, 2018).

O HIV é um vírus neurotrópico, isto é, além de apresentar diversas consequências para o organismo e afetar múltiplos órgãos do indivíduo infectado, é detectado desde o início da infecção no líquido cefalorraquidiano (LCR) e tecido cerebral, afetando, inclusive, o Sistema Nervoso Central (SNC), apontado como o impacto mais grave do vírus (CHRISTO, 2005), sobretudo em crianças infectadas verticalmente, as quais apresentam problemas no SNC mais frequentemente do que os adultos, manifestando-os já nos seus dois primeiros anos de vida (TARDIEU et al., 2000).

O SNC envia impulsos nervosos aos músculos a partir das informações provenientes do sistema sensorial, gerando respostas neuromotoras (DUARTE & FREITAS, 2010). Quanto maior o tempo de infecção pelo HIV, maior o prejuízo na percepção aos impulsos nervosos, tornando os sujeitos mais suscetíveis e em maior risco de distúrbios motores e neurocognitivos, os quais, independentemente do nível de comprometimento, têm a capacidade de impactar significativamente o desempenho escolar, produtividade e qualidade de vida (TAHAM, et. al. 2006), bem como ocasionar prejuízos no controle postural (POLLOCK et. al., 2000).

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Após o diagnóstico da infecção e posterior acompanhamento médico, a introdução e utilização da Terapia Antirretroviral (TARV), na maioria dos casos, faz-se necessária. Com o advento deste tratamento medicamentoso, o quadro de cronicidade da doença foi alterado, chegando a promover diversos benefícios para a saúde, dentre eles, a supressão continuada da carga viral e o aumento e preservação das células T CD4+, aumentando a sobrevida dos pacientes e reduzindo a mortalidade pela ação do vírus (BRASIL, 2016). Além da melhora significativa na função cognitiva após seis meses de uso da terapia, restando ainda um certo grau de comprometimento cognitivo (JOSKA et. al., 2010).

No entanto, o uso crônico da TARV pode acarretar efeitos adversos que são capazes de comprometer desde o crescimento e desenvolvimento, às capacidades físicas e funcionais das crianças e adolescentes vivendo com HIV/aids (CAVHA) (DOS REIS, 2015). Estes prejuízos estão relacionados à saúde e podem ser caracterizados por anormalidades nutricionais e de composição corporal (RAMALHO et. al., 2015; TREMESCHIN et. al., 2011), alterações musculares e no metabolismo (SOMARRIBA, 2013); e detrimento nos parâmetros relacionados ao desempenho: agilidade, flexibilidade, força e resistência muscular (BARROS, 2008; SANTOS, 2013), imprescindíveis para desempenhar atividades de vida diária.

Geralmente, crianças e adolescentes soropositivos são predispostas à inatividade física pelo seu estilo de vida sedentário, restrição dos cuidadores e tempo de exposição à TARV (CARDOSO et. al., 2014); ou, principalmente, pela presença de alterações na composição corporal, como anormalidade na distribuição da gordura no organismo (lipodistrofia), provocando baixa autoestima, insatisfação com a imagem corporal e, consequentemente, reclusão social (SARNI, 2009). Estas características estão diretamente relacionadas ao baixo condicionamento físico, provocando um ciclo-vicioso, pois uma boa interação social melhora a assiduidade e participação regular em práticas de atividades físicas, como por exemplo, aulas de educação física escolar. A medida que percebe-se melhora nesses parâmetros de estilo de vida saudável, há uma redução dos quadros de lipodistrofia, melhorando os níveis de aptidão física, especificamente o equilíbrio/controle postural, e diminuindo os riscos de

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futuras doenças cardiovasculares (MARTINS et. al., 2017; FABIANO, 2013; WERNER, 2010).

Ante o exposto, o presente trabalho justifica-se na necessidade de avaliação de algumas variáveis relacionadas à saúde, especialmente uma investigação mais aprofundada nos indicadores de equilíbrio/controle postural em crianças e adolescentes vivendo com a infecção, a fim de buscar compreender como se dá a atuação desse vírus no organismo em desenvolvimento, observar possíveis mudanças no controle postural, composição corporal e entender como se caracteriza o índice de atividade física habitual dessa população.

Portanto, este estudo será realizado com o intuito de responder ao seguinte questionamento: Como está o controle postural estático em diferentes condições, a composição corporal e o índice de atividade física habitual de crianças e adolescentes vivendo com HIV?

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

- Analisar o controle postural estático, a composição corporal e o índice de atividade física habitual de crianças e adolescentes vivendo com HIV.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Descrever o comportamento do controle postural estático em três condições (olhos abertos, fechados e com espuma) de crianças e adolescentes vivendo com HIV;

- Avaliar a composição corporal de crianças e adolescentes vivendo com HIV;

- Identificar o índice de atividade física habitual de crianças e adolescentes vivendo com HIV/aids;

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3. REVISÃO DE LITERATURA 3.1. HIV AIDS NA INFÂNCIA

O HIV pertence à família Retroviridae que atua invadindo e destruindo os linfócitos T-CD4+, os quais são considerados como as células de defesa do organismo (LUZURIAGA, 2012).

Devido à consequência do seu caráter pandêmico e da complexidade da infecção, o HIV, causador da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA; AIDS - Adquired Immunodeficiency Syndrome), caracterizada por manifestações iameaçadoras à vida, incluindo infecções oportunistas e neoplasias, é considerado um grande problema de saúde pública da atualidade (BRASIL, 2009).

No Brasil, segundo dados do boletim epidemiológico de HIV/aids do Ministério da Saúde, entre os anos de 2007 e 2018, foram detectados 15.612 novos casos de infecção em crianças e adolescentes de 0 a 19 anos de idade, compreendendo 6,3% da população infectada nesse período. Além disso, nos anos de 2000 até junho de 2018, foram constatadas 116.292 gestantes infectadas pelo HIV e dentre elas, 7.882 apenas em 2017 (BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO, 2018).

Atualmente, o tratamento afim de atenuar as ações do vírus no organismo é realizado através da terapia antirretroviral combinada (TARV). Introduzida no ano de 1996, a TARV promove uma positiva e considerável alteração no quadro de cronicidade da doença. Age estimulando a supressão sustentada da carga viral no organismo e resulta em um restabelecimento significativo do sistema imunológico, como consequência da preservação dos linfócitos T-CD4+ (principal célula-alvo do vírus), reduzindo a incidência de complicações infecciosas e o risco de morte (BRASIL, 2016).

Após acompanhamento médico, a TARV pode ser introduzida no tratamento de pessoas acometidas pelos diversos tipos de contágio e infecção, realizando um tratamento bastante eficaz e produzindo uma melhora substancial no desfecho clínico dos indivíduos infectados. Contudo, em crianças infectadas verticalmente, cujo diagnóstico e início do tratamento são precoces, há uma redução da mortalidade em 76% e a progressão da doença em 75% (LEVI, 2002).

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Com base nisso, o Ministério da Saúde recomenda o início imediato da terapia antirretroviral, após o diagnóstico de infecção pelo HIV, para todos os lactentes até 12 meses de idade, pois existe alto risco de avanço acelerado da doença (BRASIL, 2014).

3.2 HIV/AIDS E CONSEQUÊNCIAS PARA O SISTEMA NERVOSO CENTRAL NA INFÂNCIA

Embora os medicamentos antirretrovirais tenham sucesso no organismo combatendo a ação do vírus e deixando-o muitas vezes com um número indetectável de cópias/mm3, a penetração deles no Sistema Nervoso Central

ainda é insuficiente. Isso ocorre devido à presença de uma barreira hematoencefálica intacta, permitindo que, juntamente com o sistema linfoide, o SNC seja um dos principais alvos do vírus, e considerado o segundo espaço mais comum a apresentar manifestações clínicas (MCARTHUR, 2003). Essas manifestações podem ser caracterizadas pelo surgimento de um leve a grave comprometimento das capacidades cognitivas e motoras em grande parte das pessoas infectadas, resultando em distúrbios da marcha e do equilíbrio, retardo da velocidade psicomotora e destreza manual (BAUER et. al., 2005).

Com isso, quanto maior o tempo de infecção pelo HIV, maiores são os riscos de desenvolvimento de distúrbios neurocognitivos na vida adulta, dentre eles também podem ser citados os distúrbios do sono, apatia, dificuldade de atenção/concentração, perda de apetite, déficit de memória, depressão, demência associada ao HIV, etc. Como o SNC envia impulsos nervosos aos músculos a partir das informações provenientes do sistema sensorial, gerando respostas neuromotoras, se esta sinapse nervosa estiver prejudicada, a percepção aos impulsos nervosos também estará ocasionando, consequentemente, distúrbios motores, principalmente relacionados ao controle postural: marcha instável, perda do balanço, lentidão de movimentos e declínio das habilidades motoras finas (CHRISTO, 2010).

A discussão a respeito das deficiências e anormalidades neurológicas das deficiências e anormalidades neurológicas e de neuroimagem em crianças que vivem com o vírus ainda é pequena. No entanto, desde a introdução do tratamento medicamentoso registrou-se uma melhora significativa nos

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resultados clínicos destas crianças, bem como uma diminuição da incidência de encefalopatia, e redução na carga viral no líquido plasmático e cerebral (PATEL et. al., 2009; SHANBHAG et. al., 2005;)

3.3 CONTROLE POSTURAL /EQUILÍBRIO

O equilíbrio postural pode ser definido como a capacidade que o corpo tem de permanecer ereto e resistir, sem grande oscilação e queda, a uma movimentação e rotação do corpo, sendo uma fundamental aptidão para que o indivíduo possa desempenhar, independentemente, suas atividades de vida diária. Mecanicamente, consiste na neutralização das forças internas e externas atuantes no corpo. Em outras palavras, é a capacidade do corpo, estático ou em movimento, manter-se sobre sua base de apoio, seja ela móvel ou estacionária (NASCIMENTO, PATRIZZI, & OLIVEIRA, 2012).

Além das forças externas mais comuns, como a força gravitacional (a qual atua sobre o corpo todo) e a força de reação do solo (que atua sobre os pés durante a manutenção da postura em pé), existem as forças internas que podem ser exemplificadas com as perturbações fisiológicas: batimento cardíaco e respiração, por exemplo, e ainda as perturbações geradas pelas ativações musculares na realização de movimentos corporais e de manutenção postural (DUARTE & FREITAS, 2010).

Por conseguinte, essa manutenção postural é o resultado da comunicação sensório-motora, sendo dependente das respostas enviadas pelos sistemas vestibular, somatosensorial, muscular e visual (Flores, Rossi, & Schmidt, 2011). O SNC, especificamente o cerebelo, é o responsável por receber e processar as informações provenientes desses sistemas, emitindo a resposta motora para manutenção da orientação postural desejada (CAMPELO, BANKOFF, SCHMIDT, CIOL, & ZAMAI, 2006). Embora cada sistema envie diferentes tipos de informações referentes ao equilíbrio postural, eles são dependentes, isto é, a informação individual não se torna suficiente para obter uma acurácia nas informações da posição do centro de massa do corpo no espaço (JUNIOR & BARELA, 2006).

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O sistema vestibular, composto por estrutura óssea e membranosa, e o labirinto localizado no osso temporal, é um fundamental elemento constituinte do equilíbrio corporal, sendo este um dos encarregados pela orientação espacial do corpo, seja ela estática ou dinâmica. (CAMPELO, BANKOFF, SCHMIDT, CIOL, & ZAMAI, 2006).

O sistema somatosensorial, é formado pelos proprioceptores, os quais operam por meio de informações provenientes de diversos sensores espalhados pelo corpo (fusos musculares, órgãos tendinosos de Golgi, receptores articulares e cutâneos, entre outros). É responsável por fornecer a posição e a velocidade dos segmentos corporais, no que concerne aos demais segmentos e ao meio; e por perceber o contato com os objetos externos e a superfície de suporte. (CAMPELO, BANKOFF, SCHMIDT, CIOL, & ZAMAI, 2006).

A atividade muscular é fundamental para o controle e manutenção automática da postura. A fraqueza muscular, principalmente dos membros inferiores, afeta a mobilidade funcional do indivíduo, influenciando seu equilíbrio estático e dinâmico, pois a resposta aos estímulos sensoriais de oscilação postural está afetada. Quando se apresenta prejuízos na percepção desses estímulos sensoriais, pode acarretar e/ou aumentar, significativamente, os índices de desequilíbrio postural e quedas (PEDRO; BERNARDES-AMORIM, 2008).

Já o sistema visual é responsável por fornecer informações relacionadas à direção e velocidade dos movimentos corporais quanto ao ambiente, bem como distinguir os movimentos do próprio corpo e os movimentos do ambiente. Para que isso ocorra, as ondas eletromagnéticas visíveis são percebidas pela retina, a qual faz comunicação com o córtex visual localizado na região occipital. (CAMPELO, BANKOFF, SCHMIDT, CIOL, & ZAMAI, 2006).

Em diversas situações, os estímulos oriundos dos canais sensoriais podem ser congruentes ou conflitantes, fazendo com que o sistema de controle postural tenha que optar por alguns estímulos em detrimento de outros (BARELA et al., 2009). Essa comunicação necessita ser obtida de forma integrada e acurada, pois é responsável pelo adequado funcionamento do sistema de controle postural do indivíduo, tornando-o eficiente e flexível nas inúmeras variações comportamentais do centro de pressão e massa corporal, a fim de que a orientação postural desejada seja mantida frente às diversas exigências e

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demandas ambientais (JUNIOR & BARELA, 2006). Contudo, como supramencionado, os sujeitos vivendo com HIV/aids registram prejuízos significativos neste sistema, que, além dos transtornos da função cognitiva, ocorre perda neuronal sobre o córtex frontal, atrofia cerebral e desmielinização, comprometendo assim o controle postural (CHRISTO, 2010).

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4 METODOLOGIA

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

Trata-se de um estudo descritivo com corte transversal. 4.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA

A amostra foi selecionada por conveniência, composta por 12 crianças e adolescentes, de ambos os sexos, com idade entre seis e 18 anos, vivendo com HIV/aids, em acompanhamento clínico no Serviço de Atenção Especializada em HIV/AIDS (SAE) do Hospital Giselda Trigueiro, localizado na cidade de Natal/RN. Na sala de espera do ambulatório do SAE, as crianças e adolescentes, juntamente com seus responsáveis foram convidados a acompanhar o pesquisador até a sala da consulta, onde foram explicados o objetivo da pesquisa e os procedimentos de coleta. Em seguida, caso existisse o consentimento em participar, seria disponibilizado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) para leitura e assinatura do responsável legal, em duas vias, e os voluntários assinaram o termo de assentimento para a participação na pesquisa conforme propõe a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa para Seres Humanos.

Posteriormente, o pesquisador responsável entrou em contato com o responsável legal de cada voluntário e marcou o dia para a realização dos exames e resposta aos inquéritos no Laboratório do Movimento do Departamento de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

4.3 INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS DA PESQUISA

As avaliações foram realizadas no Laboratório do Movimento, localizado no Departamento de Educação Física da UFRN. Todos os responsáveis legais pelos participantes menores de 18 anos de idade concordaram em participar do estudo assinando o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido (TALE), assim como os próprios participantes alfabetizados, assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

4.3.1 ANAMNESE

A anamnese foi composta por questões subdivididas em quatro parâmetros: sociodemográfico, clínico-familiar, hábitos de vida e histórico da infecção. O socioeconômico abrange aspectos sobre sexo, idade, escolaridade

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e moradia. O parâmetro clínico-familiar investiga enfermidades existentes em parentes. O parâmetro sobre hábitos de vida envolve a investigação sobre a prática regular de atividade física e tabagismo. O histórico da infecção avalia o tempo de diagnóstico, tempo e tipo de TARV, histórico familiar sobre HIV e via de transmissão (ANEXO 1).

4.3.2 COMPOSIÇÃO CORPORAL

Para a avaliação da composição corporal, foram realizadas medidas antropométricas que incluíram massa corporal e estatura; e realização do método indireto de Absortometria Radiológica de Dupla Energia (DXA) (GE Medical Systems Lunar®- EUA), Modelo Prodigy, através do qual foi considerado o conteúdo corporal de massa magra e gordura.

4.3.3 AVALIAÇÃO DO CONTROLE POSTURAL

A posturografia estática foi avaliada por meio de uma plataforma de força da marca CEFISE® (Figura 1), com dimensões de 540x540x150mm, a qual possui quatro sensores de força responsáveis por medir os três eixos X, Y e Z (direções anteroposterior, médio-lateral e vertical, respectivamente), com capacidade vertical de 10.000N e resolução abaixo de 5N.

Figura 1. Plataforma de força triaxial. Fonte: Duarte e Freitas, 2010. Antes de cada avaliação, foi preenchida uma ficha individual para acompanhamento dos procedimentos. O ambiente interno do laboratório foi mantido silencioso, com temperatura controlada por meio um ar-condicionado com marcador de temperatura ambiente e sem movimentação de pessoas, possibilitando ao participante um ambiente agradável para a realização dos testes. Os indivíduos foram orientados a evitar o consumo de álcool e/ou cafeína e a prática de atividade física vigorosa nas 24h que antecederam a coleta de dados. Os participantes foram familiarizados com a plataforma e seus devidos

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procedimentos necessários antes de cada uma das três condições (condição 1: bipodal com visão; condição 2: bipodal sem visão; condição 3: bipodal com espuma). Os avaliados tiveram três tentativas de 30 segundos cada para que pudessem manter o corpo de forma mais estática possível, nas condições supracitadas, evitando oscilações no equilíbrio. A frequência de aquisição utilizada foi de 100Hz.

Para a condição número 1 (Figura 2A), os sujeitos foram orientados a se posicionar de pé, com o rosto voltado para frente, braços estendidos lateralmente ao corpo, palmas das mãos voltadas para a coxa, pés afastados naturalmente e aproximadamente na largura dos ombros (respeitando a individualidade biológica de cada um), e descalços. A 1,5m de distância à frente dos indivíduos, na altura correspondente ao seu olhar, havia um alvo com dimensões de 2x2cm, em cor branca, para que mantivessem o olhar nele. A posição dos pés foi inspecionada por meio de uma fita métrica de marca Sanny, sendo monitorada e ajustada no início do bloco de tentativas da condição seguinte.

Para a condição número 2 (Figura 2B), os indivíduos seguiram as mesmas orientações citadas anteriormente, porém com manipulação da visão através de vendas de tecido e orientação para permanência com olhos fechados durante cada tentativa.

Para a condição número 3 (Figura 2C), também foram repetidos os procedimentos da condição número 1, porém com a colocação de uma espuma, sobre a parte superior da plataforma, com as mesmas dimensões e espessura de 2cm, a fim de perturbar a propriocepção dos indivíduos.

Todas as condições foram randomizadas antes da primeira tentativa, para que a ordem não viesse a interferir nos resultados e na sua interpretação. 4.3.4 ÍNDICE DE ATIVIDADE FÍSICA HABITUAL

A avaliação do índice de atividade física habitual foi feita a partir do questionário do índice de atividade física habitual de Balcke (1982), o qual contém perguntas relacionadas ao tipo, duração e intensidade das atividades físicas realizadas no cotidiano da criança ou adolescente, sendo composto por 16 questões que abrangem três escores da atividade física habitual dos últimos

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12 meses: 1) atividades físicas realizadas na escola; 2) no lazer ativo; e 3) no tempo livre.

4.4 ANÁLISE DE DADOS

Foram utilizados valores descritivos com média, tanto para a caracterização da amostra como para os dados do controle postural e índice de atividade física habitual.

Para a análise dos registros do controle postural estático durante as três condições de teste foi utilizado o MatLab R2013b, onde a frequência de aquisição foi de 100Hz e filtro Butterworth de quarta ordem. Em seguida foram selecionadas para discussão dos dados as variáveis do domínio do tempo amplitude média de oscilação (AMO) ap e ml, área e deslocamento total (DT). 4.5 ASPECTOS ÉTICOS

Este projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, devidamente reconhecido pela Comissão Nacional de Ética sob o número do parecer: 1.535.531.

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5. RESULTADOS

Tabela 1 - Caracterização das crianças e adolescentes vivendo com HIV (n=12). Idade (anos) Massa (kg) Estatura (cm) G.B. (%) G.P. (%) G.T. (%) G.R.T. (%) L.G. (g) Média 11 35,5 140 31,7 31,7 32,4 23,0 25,5 D. P. 4,5 13,6 19,2 9,3 8,4 10,4 8,5 9,3

D. P.: desvio padrão; kg: quilogramas; cm: centímetro; g: gramas; G.B: gordura de braço; G.P.: gordura de perna; G.T.: gordura total; G.R.T.: gordura por região total; L.G.: livre de gordura.

Tabela 2 – Média das categorias do questionário de índice de atividade física habitual (Balcke, 1982) de crianças e adolescentes vivendo com HIV

IAFE IAFLA IAFL IAFH

MÉDIA 2,3 2,2 2,5 7,0

IAFE: índice de atividade física escolar; IAFLA: índice de atividade física no lazer ativo; IAFL: índice de atividade física no tempo livre; IAFH: Índice de atividade física habitual;

FIGURA 1 - Amplitude Média de Oscilação (AMO) nas direções anteroposterior (ap) e médio lateral (ml) de crianças e adolescentes com HIV em diferentes posições.

BCV: bipodal com visão; BSV: bipodal sem visão; BCE: bipodal com espuma. 0,24 0,26 0,26 0,25 0,24 0,28 0,22 0,23 0,24 0,25 0,26 0,27 0,28 0,29 BCV BSV BCE AMO-ap AMO-ml

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FIGURA 2 - Área de oscilação de crianças e adolescentes com HIV em diferentes posições.

BCV: bipodal com visão; BSV: bipodal sem visão; BCE: bipodal com espuma.

FIGURA 3 - Deslocamento de Oscilação Total de crianças e adolescentes com HIV em diferentes posições.

BCV: bipodal com visão; BSV: bipodal sem visão; BCE: bipodal com espuma.

1,95 1,93 2,74 0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 BCV BSV BCE 1363,82 1353,58 1601,80 1200,00 1250,00 1300,00 1350,00 1400,00 1450,00 1500,00 1550,00 1600,00 1650,00 BCV BSV BCE

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6. DISCUSSÃO

O presente estudo objetivou analisar o controle postural estático, a composição corporal e o índice de atividade física habitual de crianças e adolescentes vivendo com HIV. Dentre as variáveis do controle postural, a amplitude média de oscilação na direção médio lateral, apresentou maior oscilação na condição bipodal com espuma (0,28), seguido da com visão (0,25) e sem visão (0,24), respectivamente. Esse comportamento pode ser explicado pela perturbação proprioceptiva realizada a partir da mudança da superfície de contato, o que torna a tarefa mais instável.

Estudos relatam que a perturbação proprioceptiva resulta em prejuízos no senso de posição e movimento de uma parte do corpo relativa à outra parte do corpo, havendo prejuízos no controle postural (KLEINER, SCHLITTER, & SÁNCHES-ARIAS, 2011), e no HIV essa perturbação pode ser mais acentuada pelo surgimento de um leve a grave comprometimento das capacidades cognitivas e motoras, resultando inclusive, em distúrbios da marcha e do equilíbrio (BAUER et. al., 2005).

Quanto a menor oscilação do centro de pressão na condição bipodal sem visão na direção médio-lateral, uma possível justificativa é a não interferência de eventos externos que venham interferir visualmente na atenção e concentração, aguçando, portanto, outros sistemas como o proprioceptivo e vestibular (KLEINER, SCHLITTER, & SÁNCHES-ARIAS, 2011).

A amplitude média de oscilação na direção anteroposterior apresentou maior oscilação na condição bipodal sem visão (0,264), seguido quase semelhantemente pela condição bipodal com espuma (0,259). Embora não se possa afirmar com exatidão sobre qual sistema é mais importante no controle postural, podemos observar que a interação entre os sistemas envolvidos no equilíbrio é muito importante para o resultado esperado, pois com a ausência e/ou perturbação de um deles, nesse caso o sistema visual e proprioceptivo, afeta negativamente a ação ou tarefa a ser desempenhada, aumentando a oscilação corporal (SOARES, 2010).

Já, a menor taxa de oscilação na direção anteroposterior foi na condição bipodal com visão (0,24), sendo esse comportamento o esperado, pois o auxílio da visão possibilita uma menor da oscilação corporal. Vários estudos

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24

demonstram que durante a manutenção da postura ereta estática, a oscilação corporal aumenta até mais que o dobro quando a informação visual não está disponível (KLEINER, SCHLITTER, & SÁNCHES-ARIAS, 2011).

Nas variáveis área e deslocamento total os comportamentos foram semelhantes dentro das condições de avaliação. Onde as maiores médias foram na condição bipodal com espuma (2,74 e 1601,80), seguido da com visão (1,95 e 1363,82) e, por fim, sem visão (1,93 e 1353,58). Uma possível explicação é, também, a alteração da superfície de contato (mais instável), fazendo com que a percepção sensório-motora e proprioceptiva da oscilação corporal seja retardada. Outra interferência que pode comprometer a manutenção da postura na direção anteroposterior é a composição corporal, pois quanto maior o acúmulo de gordura na região central do corpo (tronco), maior será a propensão de oscilação. E no presente estudo a maior média geral do percentual de gordura foi na região do tronco com 32,7% comparado às outras regiões do corpo.

Essa realidade pode ser justificada, principalmente, pelas alterações na composição corporal. Tal resultado deve-se a lipodistrofia, que se trata de uma distribuição anormal de gordura corporal promovida pela própria ação do HIV, juntamente aos efeitos adversos promovidos pelas terapias antirretrovirais (JACOBSON, et al., 2011; BARROS, et al., 2008).

Quanto ao índice de atividade física habitual final, verificou-se média 7,0 que indica comportamento ativo dessa população, no entanto, dentre os três escores, identificou-se que as atividades físicas de lazer ativo foram a de menor média no grupo estudado (2,2). Esse comportamento pode ser explicado pela privação que as crianças e adolescentes que vivem com HIV muitas vezes têm nos aspectos de socialização com outras crianças do bairro fora do tempo escolar, por parte dos seus cuidadores, influenciando-os negativamente a um estilo de vida sedentário (CARDOSO et. al., 2014).

Em contrapartida, a categoria de atividade física no tempo livre, que corresponde às atividades em casa, foi a que apresentou o maior índice (2,5). E as perguntas dessa categoria identificam o tempo que a criança fica na TV, sentada, caminhando etc.; apresentando assim, que essas crianças e adolescentes com HIV ficam mais tempo em casa com seus familiares, muitas vezes em atividades sedentárias como assistindo televisão. Esse resultado pode

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estar relacionado inclusive com os resultados de composição corporal (GB e B.P.=31,7%; G.T.=32,4%; G.R.T.=23,0%), o que é justificado na literatura pela anormalidade na distribuição da gordura (lipodistrofia) que pode provocar baixa autoestima, insatisfação com a imagem corporal e, consequentemente, reclusão social (SARNI, 2009).

É relevante citar ao final, que uma justificativa para as alterações, de modo geral, no controle postural pode também ser relacionada pelo fato das crianças e adolescentes que vivem com o vírus desde o nascimento, apresentarem distúrbios motores e cognitivos mais acentuados. Ainda assim, quanto maior o tempo de infecção pelo HIV, maiores, também, são os prejuízos na percepção aos impulsos nervosos, ocasionando prejuízos ao controle postural (TAHAM, et. al. 2006; POLLOCK et. al., 2000).

No entanto, a maturação do SNC é um importante fator para a evolução motora, tendo como fatores determinantes para seu desenvolvimento a percepção, a experiência e o ambiente (CAMPOS E SANTOS, 2005). Assim, Gallahue e Ozmun (2005) apontam que a maturação dos sistemas envolvidos no equilíbrio atinge o estágio final, aproximadamente, entre os 8 e 12 anos de idade. Existe a possibilidade de algumas crianças do presente estudo não terem alcançado níveis adequados de desenvolvimento motor para a manutenção da postura ereta estática, tendo em vista sua faixa etária e possível influência do vírus no SNC.

Portanto, com base nos resultados deste estudo recomenda-se que população pediátrica participe de programa de intervenções de atividade física supervisionados que relacionem-se à melhora do controle postural, da composição corporal e do aumento do nível de atividade física habitual das crianças e adolescentes, como por exemplo, a prática de educação física escolar, participação em programas de treinamento esportivo, e participação em programas de práticas corporais que proporcionem o desenvolvimento de capacidades e habilidades motoras que relacionem-se ao equilíbrio e controle postural. Ainda assim, que possam vir a comparar esta população com a que vive sem a infecção.

Sugerimos ainda que o foco das futuras intervenções seja direcionado para promover uma melhora na aptidão física relacionada à saúde e/ou

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26

desempenho, podendo ser realizadas dentro da escola, com a finalidade de promover a inclusão dessa população em um ambiente apropriado ao desenvolvimento, bem como melhorias na sua condição de vida, devido aos altos déficits que a própria infecção proporciona, visto que tanto um controle postural adequado, quanto a composição corporal e nível de atividade física habitual ideal podem promover trajetórias positivas e sustentáveis de saúde.

Assim, a partir dos prejuízos na comunicação sensório-motora, prejuízos na composição corporal como a lipohipertrofia (acúmulo de gordura principalmente na região central do corpo) e a lipoatrofia (perda de gordura e massa muscular principalmente nos membros) e um baixo nível de atividade física habitual, podem ocasionar prejuízos no controle postural das crianças e adolescentes vivendo com HIV.

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7. CONCLUSÃO

Conclui-se que dentre as avaliações das variáveis do controle postural, nas três condições de testes, a condição bipodal com espuma foi a que apresentou maior oscilação do centro de pressão, a partir da perturbação aos estímulos proprioceptivos.

Além disso, a partir dos resultados do presente estudo, podemos observar que a manutenção da postura estática, embora seja dependente da interação entre os sistemas envolvidos no equilíbrio, também tem relação com outros fatores como a composição corporal, o índice de atividade física habitual e com os níveis de desenvolvimento motor das crianças e adolescentes.

Assim, uma preocupação pertinente para os profissionais de educação física é o investimento no desenvolvimento das habilidades e capacidades físicas relacionadas ao equilíbrio e controle postural, e principalmente no que tange ao nível de atividade física escolar e participação em programas de treinamento esportivo; estratégias de mudança de comportamento, afim de reduzir o estilo de vida sedentário das crianças e adolescentes, sobretudo as que vivem com HIV.

Entretanto, estudos futuros que façam comparação entre esses parâmetros avaliados com crianças e adolescentes que vivem sem HIV podem vir a elucidar e esclarecer melhor estas evidências.

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REFERÊNCIAS

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ANEXOS

Anexo 1. Anamnese aplicada

PROJETO – CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES - HIV

Identificação e dados sociais Nome:

______________________________________________________________ _____________________

Data de nascimento: ____/____/_____ Idade: __________ Sexo: ( ) F ( ) M Data da coleta:___/___/_____

Profissão/ Estágio: _____________________________________ Horário do trabalho____________________

Escolaridade: ____________Horário do escola:______________ Atividades extraclasse: __________________

Pratica educação física na escola? ( ) sim ( ) não Tempo de aula: _________ Quantas vezes sem: _______

Pessoas c/ quem reside (nº): ________ Renda da família:

_______________Responsável legal: _____________ Nome do responsável: ______________________________________________________________ _________

Contato: ___________________________ Possui suporte social ( ) sim ( ) não Qual: _________________

Situação legal: ( ) dependente dos pais ( ) emancipado

Dados referentes à infecção pelo HIV e outros problemas de saúde (PRONTUÁRIO)

Forma de aquisição do HIV: ( ) vertical ( ) horizontal

Idade ao diagnóstico: _____/_____/_______ Histórico de infecções oportunistas: ________________________

Faz uso dos antirretrovirais: ( ) sim ( ) não Data de início da terapia: _______/_______/_________

Nomes dos antirretrovirais:

______________________________________________________________ _____

Avaliação da imunidade – Contagem CD4: ___________ CD8: _________Carga viral: ___________________

Uso de outros medicamentos: ( ) sim ( ) não Quais? __________________________________________

História de internações: ( ) sim ( ) não

____________________________________________________

Doenças comuns da infância: ( ) alergias ( ) problemas psiquiátricos ( ) Outros ____________________

Contato/ história de tuberculose: ( ) sim ( ) não Infecção pelo HIV entre familiares: ( ) sim ( ) não

Histórico de doenças entre familiares: ( ) sim ( ) não Quais: __________________________________

História de maturação e desenvolvimento sexual Estadiamento de Tanner

(31)

31

Sexo feminino Mamas: ( ) M1 ( ) M2 ( ) M3 ( ) M4 ( ) M5 Pelos: ( ) P1 ( ) P2 ( ) P3 ( ) P4 ( ) P5 Sexo masculino Genitália: ( ) G1 ( ) G2 ( ) G3 ( ) G4 ( ) G5 Pelos: ( ) P1 ( ) P2 ( ) P3 ( ) P4 ( ) P5 Data da pubarca: _____/_____/_______ (primeiro aparecimento de pelos pubianos)

Data da Menarca: ______/______/_________ (primeira menstruação) Periodicidade ciclos menstruais ( ) regular ( ) irregular Data última menstruação ____/____/_____

Hábitos/estilo de vida (história de uso de substâncias psicoativas) Uso de álcool: ( ) sim ( ) não Frequência:

_________________________________

Faz uso de ( ) Tabaco ( ) maconha ( ) anabolizantes ( ) outras drogas_____________________________

Têm ocorrido problemas: ( ) escola ( ) trabalho ( ) família ( ) Lei

Se for disponibilizado um programa de exercício físico na UFRN, você (responsável e criança/ adolescente) tem interesse de participar? ( ) sim ( ) não Disponibilidade de horário:_______________________

Dificuldades ou outras informações:

Referências

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