• Nenhum resultado encontrado

A experiência da reestruturação produtiva do Pólo Petroquimíco de Camaçari e sua relação com o setor informal e a informalidade na Região Metropolitana de Salvador na década de 1990: o caso dos ex-empregados

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "A experiência da reestruturação produtiva do Pólo Petroquimíco de Camaçari e sua relação com o setor informal e a informalidade na Região Metropolitana de Salvador na década de 1990: o caso dos ex-empregados"

Copied!
38
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS ECONÔMICAS

FILIPE TELES DE CASTRO

A EXPERIÊNCIA DA REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA DO PÓLO

PETROQUÍMICO DE CAMAÇARI E SUA RELAÇÃO COM O SETOR INFORMAL E A INFORMALIDADE NA REGIÃO METROPOLITANA DE SALVADOR NA

DÉCADA DE 1990: O CASO DOS EX-EMPREGADOS

SALVADOR

(2)

FILIPE TELES DE CASTRO

A EXPERIÊNCIA DA REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA DO PÓLO PETROQUÍMICO DE CAMAÇARI E SUA RELAÇÃO COM O SETOR INFORMAL E A

INFORMALIDADE NA REGIÃO METROPOLITANA DE SALVADOR NA DÉCADA DE 1990: O CASO DOS EX-EMPREGADOS

Trabalho de conclusão de curso apresentado no curso de Ciências econômicas da Universidade Federal da Bahia como requisito parcial à obtenção de grau de bacharel em Ciências Econômicas.

Orientador: Prof. Antônio Plínio Pires de Moura

SALVADOR

(3)

FILIPE TESLES DE CASTRO

A EXPERIÊNCIA DA REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA DO PÓLO PETROQUÍMICO DE CAMAÇARI E SUA RELAÇÃO COM O SETOR INFORMAL E A INFORMALIDADE NA REGIÃO METROPOLITANA DE SALVADOR NA DÉCADA DE 1990: O CASO DOS EX-EMPREGADOS.

Trabalho de conclusão de curso apresentado no curso de Ciências econômicas da Universidade Federal da Bahia como requisito parcial à obtenção de grau de bacharel em ciências Econômicas

Aprovada em Julho de 2011.

Banca Examinadora

Orientador:_________________________________ Prof. Antônio Plínio Pires de Moura Faculdade de Economia da UFBA

________________________________ Prof. Henrique Tomé da Costa Mata Faculdade de Economia da UFBA

_________________________________ Flávia Santos Silva

(4)

Dedico este trabalho aos meus queridos pai e mãe que lutaram muito para que este fosse finalizado.

(5)

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer primeiro a Deus, que sem ele no coração com certeza não teria finalizado este trabalho. Aos meus pais e meu irmão pelo apoio fornecido. A minha ex-namorada Ana Carolina Santos, pois sem a dedicação dela em me fornecer apoio e ajuda nos momentos críticos nem chegaria a estar em uma universidade pública. Ao meu orientador, Professor Antônio Plínio Pires de Moura, pela competente orientação, pelos conselhos e pela paciência que teve comigo.

Aos meus amigos da Faculdade de Economia, cabendo ressaltar Mônica Evangelista, que me ajudou muito no processo inicial até a finalização do trabalho.

Aos meus muitos amigos da igreja adventista do sétimo dia, pela força e oração para que eu conseguisse finalizar com êxito este trabalho.

Enfim, a todos que de alguma forma, direta ou indireta contribuíram para que eu chegasse neste feliz momento.

(6)

"O prazer no trabalho aperfeiçoa a obra." Aristóteles

(7)

RESUMO

O objetivo deste trabalho é estudar a partir dos conceitos de setor informal, informalidade, terceirização e inovação tecnológica as medidas tomadas na década de 1990 por parte do governo brasileiro que levaram as empresas a ter que se adequar às novas concepções de gestão da produção para manter seus produtos competitivos em relação as mercadorias de outros países que estavam entrando no país, devido aquelas politicas. Este trabalho mostrará o impacto no nível de emprego do Pólo Petroquímico de Camaçari, e como parte destes novos desempregados buscaram no setor informal uma alternativa viável de sobrevivência no seu núcleo familiar.

(8)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Saldos das contas externas Brasileiras...23

Tabela 2 - Algumas Características dos desempregados do Pólo Petroquímico de

Camaçari...30

Tabela 3 – Assalariados x Demitidos: Comparativo...31

Tabela 4 – Iniciativa Própria x Total de demitidos...31

Tabela 5 – Comparativo da situação anterior e posterior à demissão segundo a condição atual de ocupação...32

(9)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...10

2 BREVE DISCUSSÃO DOS CONCEITOS ABORDADOS...13

2.1 SETOR INFORMAL E INFORMALIDADE...13

2.2 TERCEIRIZAÇÃO...17

2.3 INOVAÇÃO TECNOLÓGICA...19

3 QUADRO CONJUNTURAL DA BAHIA NA DECADA DE 1990 E SUA INFLUÊNCIAS NO PÓLO PETROQUÍMICO DE CAMAÇARI...21

3.1 BREVE HISTÓRICO DE POLÍTICAS ADOTADAS ATE A DÉCADA DE 1990...21

3.2 MUDANÇAS NO PADRÃO PRODUTIVO E NOVAS FORMAS DE GESTÃO ADOTADAS NO PÓLO PETROQÍMICO...24

3.2.1 MODELO FORDISTA...24

3.2.2 MODELO JAPONÊS...25

3.3 EFEITOS NO MERCADO DE TRABALHO ...27

4 PERFIL DOS EX-EMPREGADOS DO PÓLO PETROQUÍMICO DE CAMAÇARI APÓS A REESTRUTURAÇAO PRODUTIVA...29

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS...34

(10)

1 INTRODUÇÃO

Transformações no mercado de trabalho brasileiro mostram que a tendência das empresas em obter seu único objetivo, ou seja , maximizar seus lucros, assume ao longo do tempo a forma de um crescimento gradativo com uma acelerada ofensiva do capital sobre o trabalho. Políticas adotadas por empresas de todo o Brasil ao longo do tempo já comprovam estas transformações do sistema capitalista de adoção de novas técnicas que otimizam o processo produtivo, seja por introdução de novas máquinas ou de nova tecnologia, ou através de programas de qualidade total e de flexibilização do trabalho, a exemplo das terceirizações, implantadas nas empresas do Pólo Petroquímico na década de 1990, forma de precarização do trabalho, em que a empresa não mantém mais o vinculo trabalhista que antes teve com o seu trabalhador, já que agora ela somente contrata uma empresa fornecedora de mão-de-obra. Estes auxiliam a empresa a aumentar sua eficiência econômica e conseqüentemente sua taxa de lucro quer pelo aumento da produtividade, quer pela contratação de trabalhadores terceirizados, ocasionando assim redução do custo de produção da mercadoria. Pode-se chamar o processo de terceirização de um processo de precarização do trabalho, em que a empresa agenciadora impõe salários mais baixos ao trabalhador para também auferir lucros com o agenciamento e se tornar uma alternativa rentável para seu proprietário. Por outro lado a adoção de novas tecnologias, em que a máquina pode desempregar muitos pais de família, que já trabalhavam naquele tipo de atividade há muito tempo e não conseguem se reinserir no mercado de trabalho formal, geram as vezes efeitos sociais nefastos.

Centradas na abertura irrestrita do mercado interno, levou nos anos 1990 as empresas a adotarem este novo modelo de reestruturação Produtiva que foi um fator relevante na elevação da taxa de desemprego do país, onde este modelo advindo com o nome de reestruturação produtiva, com a implementação de políticas de cunho liberal:

Os anos 1990 abrem uma nova era no país com a implementação das políticas de cunho neoliberal. É a inserção do Brasil na nova globalização sob a égide do “Consenso de Washington” que, dentre outras exigências, imprime um processo de reestruturação produtiva em todos os setores da

economia, pautado, fundamentalmente, na flexibilização do

(11)

O modelo adotado foi determinante na vida de muitos trabalhadores do Pólo Petroquímico de Camaçari, que antes de sua implementação tinham um emprego estável e um nível de renda acima da média, e se viram desempregados:

Para este mesmo universo de empresas, em 85% delas havia ocorrido reestruturação administrativa e 62% tinham alterado suas políticas de benefícios, reduzindo-os. E, nada menos do que 92,1% das empresas declararam que havia ocorrido redução de pessoal, informação confirmada pelos dados do Sindicato da Indústria Petroquímica da época(1997) que computavam 8.765 empregados em empresas petroquímicas em 1989(excluindo as empresas químicas), efetivo que cai para 4.237 empregados em 1995. Uma redução portanto, de 52% no quadro de empregados neste segmento, em 6 anos.(DRUCK; FRANCO,2007)

O que se pôde avaliar da reestruturação que o mercado de trabalho sofreu foi que o trabalhador defrontou-se com uma queda acentuada do seu nível de salário com impacto direto na sua qualidade de vida. Outro fato resultante da reestruturação que as empresas realizaram, cada vez mais trabalhadores encontraram-se demitidos dos seus antigos empregos e não conseguindo obter êxito na reinserção no mercado de trabalho formal. Esta mão-de-obra excedente, integrante do exército industrial de reserva, encontrou em atividades de livre iniciativa um meio de auferir o rendimento necessário para a sua sobrevivência e da sua família. Isto despertou o interesse do autor de estudar neste trabalho o setor informal da economia, como alternativa de sobrevivência do trabalhador expulso do mercado formal, e no que foi possível, sua aplicação á questão do pólo petroquímico de Camaçari.

O objetivo deste trabalho foi mostrar que na época da reestruturação do Pólo Petroquímico, quando as empresas procuraram produzir a preços competitivos num mercado globalizado, a com a adoção de novas técnicas de produção e de novas tecnologias para aumentar os rendimentos trouxe sérias conseqüências para grande parte dos trabalhadores, que ao serem demitidos buscaram no setor informal uma forma alternativa para auferir. Procurou-se investigar a hipótese se os trabalhadores egressos do Pólo Petroquímico ao se informalizarem para assegurar a sobrevivência sua e do núcleo familiar, conseguiram auferir maiores rendimentos do que os trabalhadores reinseridos no mercado de trabalho formal, dado as novas técnicas e regimes de trabalho nele introduzidos.

Considera-se este tema de vital relevância para o âmbito acadêmico, pois mostra a evolução do mercado de trabalho, com um foco específico na Região Metropolitana de Salvador. Deve-se abordar uma visão crítica da forma como as empresas Deve-se adéquam a ordem do capital, reduzindo para manter lucros crescentes a parcela destinada ao trabalho. Um Outro ponto a se

(12)

analisar neste trabalho tratará das políticas adotadas pelo governo que levaram as empresas do Pólo Petroquímico a adotar medidas que culminaram na demissão em massa de trabalhadores ao longo doa anos. Outro ponto importante que pretende-se enfocar neste trabalho será questionar a visão que as pessoas têm do mercado informal como sinônimo de pobreza, setor composto pela mão-de-obra mais desqualificada possível. Em épocas atuais o setor informal pode ser visto por outra ótica, onde este é um setor dinâmico, não só visto mais como alternativa a sobrevivência, mas também como uma meio eficaz de auferir altos rendimentos, no que pessoas com alto nível de qualificação já entram neste setor com a visão de um meio rentável de auferir renda. Centrou-se esta pesquisa na análise do impacto provocado no mercado de trabalho formal da Região Metropolitana de Salvador pela reestruturação produtiva devido seu peso para a economia e as finanças do estado da Bahia.

No capítulo Primeiro, Explanou-se sobre os conceitos que foram abordados ao longo do trabalho, como as definições e controvérsias abrangidas pelos conceitos de setor informal e informalidade, terceirização e inovação tecnológicas, visando eliminar ambiguidades de entendimento.

Tratou-se no capítulo segundo as mudanças ocorridas na economia e seus impactos nas empresas do Pólo Petroquímico de Camaçari que aceleraram seu processo de reestruturação gerando efeitos no mercado de trabalho onde ocorre uma grande demissão de trabalhadores.

No capítulo terceiro, levantou-se o perfil dos trabalhadores do Pólo Petroquímico de Camaçari antes e após a reestruturação produtiva. Assim, traçou-se um quadro comparativo com dados sobre rendimento médio, escolaridade e horas de trabalho, analisando o rendimento médio e grau de precarização do trabalho dos trabalhadores do Pólo que foram demitidos naquela época e que se reinseriram o mercado de trabalho formal e os que adentraram no mercado de trabalho informal. Nas considerações finais sumariou-se os resultados a que se chegou através dos dados, de que nem sempre o setor informal foi sinônimo de baixos rendimentos e pobreza, sendo também uma atividade rentável, apesar do grau de precarização do trabalho que este oferece.

(13)

2 BREVE DISCUSSÃO SOBRE CONCEITOS ABORDADOS

2.1 SETOR INFORMAL E INFORMALIDADE

O conceito de setor informal ao longo do tempo vai sofrendo modificações à medida em que foi discutido entre especialistas e em que a economia trouxe novas visões a cerca dele. O primeiro conceito de setor informal nasceu das possibilidades existentes de desenvolvimento dos países da dita periferia que geraram intensos debates acerca das limitações existentes ao processo de desenvolvimento dos mesmos, dada a reprodução de um conjunto de formas de atividades não integradas ao segmento moderno da economia.

No âmbito da Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL), o desenvolvimento do capitalismo em países do terceiro mundo estaria fortemente ligado ao crescimento industrial e à modernização da agricultura, única alternativa capaz de integrar a estrutura econômica configurada na desarticulação das formas de atividade não características do novo estágio de acumulação. Esta visão achava que o caminho do crescimento industrial e da modernização da agricultura levaria à resolução do problema chamado Setor Informal, que era visto como uma atividade que significava um retrocesso da economia. Apesar dos esforços feitos para que este tipo de atividade deixasse de existir, o que se viu com o passar dos anos, a partir da década de 1960, foi o crescimento do setor informal face à incapacidade da indústria para gerar empregos.

O crescimento do desemprego, caracterizado pela precariedade da inserção no mercado de trabalho aliado a uma situação de extrema pobreza vigente nos países periféricos fez que a Organização Internacional do Trabalho(OIT) enviasse missões para analisar a natureza e extensão dos problemas de empregos nos países do terceiro mundo, cujo objetivo era estudar e propor estratégias ou soluções que possibilitassem a geração de empregos nestas economias ditas “atrasadas”.

No primeiro estudo realizado pela OIT houve uma mudança a cerca do conceito de setor informal, que aparece como:

Forma de organização da produção, cuja unidade de análise é o estabelecimento produtivo, ao mesmo tempo em que o núcleo para a classificação dos setores formal e informal constitui-se no emprego assalariado e a auto ocupação respectivamente.(BRAGA, 2003).

(14)

A partir daí os trabalhos posteriores passaram a estudar dois setores básicos, o setor formal e o setor informal, caracterizados por Cacciamali como:

Formal, pelo lado da oferta gera ocupações em empresas organizadas, e informal, que, por sua vez, está relacionado as atividades de baixo nível de produtividade, para trabalhadores independentes ou por conta-própria, e para empresas não organizadas institucionalmente.(CACCIAMALI, 1983)

Decorre desta interpretação a relação do setor informal com a pobreza e a forma de inserção no mercado de trabalho, bem como a relação deste setor com a precariedade do trabalho.

Por outro lado, o Programa Regional de Emprego para a América Latina(PREALC), a partir dos estudos realizados pela OIT, chegou à conclusão que o processo que gerou subutilização da força de trabalho na América Latina se deu a partir da associação entre pobreza, movimentos migratórios, padrão tecnológico da industrialização tardia e extensão da heterogeneidade da estrutura produtiva, ou seja, devido à incapacidade destas economias atrasadas em gerar emprego, fazendo que o setor informal da economia se tornasse cada vez mais presente nestas economias. Através desta visão, com o prosseguimento dos estudos realizados pela OIT chegou-se à constatação de o setor informal ser resultante do excedente estrutural de mão-de-obra, configurando-se na única alternativa para a alocação desta mão de obra excedente na economia. Assim temos que o setor informal seria a única alternativa de ajuste visando ocupar a mão-de-obra excedente nestas economias periféricas, onde o processo de desenvolvimento e crescimento econômico são limitados. Esta explicação esposa a visão de que o setor informal é complementar ao setor formal, donde em tempo de aumento do desemprego, parte desta mão de obra que não consegue se reinserir no mercado de trabalho formal opta por entrar no setor informal como uma alternativa para a sobrevivência do indivíduo ou do seu núcleo familiar, ou ao contrário, em épocas de crescimento da economia haveria uma redução do numero de indivíduos que estão alocados neste setor da economia.

Nos anos 1980, com o avanço dos estudos sobre o setor informal, ocorrem novas incorporações ao tema relacionadas com a pobreza urbana e a inserção de migrantes.Com os debates revisam-se alguns conceitos da OIT em torno do papel que tem o setor informal na economia e consequentemente no mercado de trabalho, principalmente os que relacionavam o setor informal e a pobreza, devido a heterogeneidade do setor, que nele pode ter pessoas pobres , que buscam sua sobrevivência, como pessoas que veem no mesmo uma boa oportunidade de auferirem bons rendimentos. Ademais nem sempre há uma livre entrada ao setor, ocorrendo barreiras ao ingresso chocando com a concepção de dualidade do mercado de

(15)

trabalho. O individuo desempregado tendo que cumprir certos requisitos para entrada no Setor Informal( como por exemplo um capital para iniciar o seu negócio), a definição de setor informal deixa de ter a visão de fácil entrada e passa a ter características da organização produtiva, o que significa uma grande reformulação em seu conceito, visto que este não é mais suficiente para absorver o excedente de mão-de-obra e, devido a sua heterogeneidade, invalida a visão de que o mesmo seja composto apenas pelas pessoas mais pobres.

Essas discussões a cerca do Setor Informal permitiram a Cacciamali qualificá-lo a partir de quatro elementos essenciais: a)forma de organização da produção subordinada às leis gerais do desenvolvimento capitalista, mediado pelas especificidades do processo de desenvolvimento de cada país ou região; b)forma particular de organização da produção, e do trabalho, com características próprias, na qual o produtor direto também é o proprietário dos meios de produção; c)forma de organização produtiva intersticial e subordinada aos movimentos da produção capitalista; d) e finalmente, o corte do setor informal não tem necessariamente associação com baixo nível de renda ou pobreza (CACCIAMALI, 1983, p. 27-28).

Também nos anos 1980 e com base em literatura americana, nota-se o aparecimento do conceito de informalidade definida pela ausência da regulação, ou mais especificamente, a partir do momento em que o trabalhador encontra-se em um estado em que não há cumprimento das regras fiscais, trabalhistas ou previdenciárias. A partir daí pode-se ter uma separação dos conceitos, até então vistos como a mesma coisa: a informalidade poderia ser visto como a ausência no cumprimento dos direitos adquiridos dos trabalhadores junto a meios jurídicos, ou relacionada a unidades produtivas de baixo porte que encontram-se à margem do sistema capitalista.

Com base nestes significados ter-se-ia a Economia Informal ou subterrânea:

A economia Informal, economia subterrânea, submersa, oculta ou não registrada, é tomada como sinônimo das atividades à margem da regulação social, no qual a mão-de-obra não é registrada, com o propósito de fugir ao pagamento de encargos fiscais e sociais. Segundo tal critério, a economia informal corresponderia a atividades na qual a ausência de regulamentação governamental constituiria um dos aspectos mais importantes de identificação, e a inexistência da carteira de trabalho assinada ou contribuição para o instituto de previdência social seria o elemento identificador da ocupação informal.(LIMA, 1985).

(16)

Fagundes(1992) teme que esta abordagem dê ao tema mais do que uma ampliação da perspectiva, havendo um deslocamento do próprio objeto de pesquisa decorrente da natureza não capitalista do pequeno empreendimento que existe devido a uma crise do sistema capitalista decorrente dos elevados e crescentes encargos gerados em torno do emprego:

A existência da economia informal passa a ser explicada como manifestação da crise de gestão do estado capitalista, cujos principais fatores indutores seriam os crescentes encargos fiscais e sociais, ou seja, os custos excessivos do emprego legal e a pesada carga fiscal sobre as empresas (FAGUNDES, 1992) .

De acordo com Cacciamali existem diferenças entre Economia Informal1 e Economia Submersa2, dadas por aspectos teóricos e formas de mensuração:

Quanto à forma de expansão, os fatores que induzem a economia subterrânea referem-se aos custos trabalhistas do emprego legal e a carga fiscal sobre as empresas, enquanto que a inserção no setor informal está intrinsecamente ligada à necessidade de obtenção dos meios necessários para a sobrevivência ou complementação da renda familiar(CACCIAMALI, 1989).

Assim, a autora faz uma clara separação dos conceitos ligando a informalidade a questões trabalhistas como uma carteira assinada e pagamento previdenciário e o setor informal a uma atividade pequena ligada a uma alternativa de sobrevivência de um individuo que não consegue se reinserir no mercado da trabalho formal.

Ao longo do tempo como mostrado, a conceituação do que seria o setor informal vai surgindo e sofrendo novas modificações à medida que os estudos e discussões levam a preencher lacunas e resolver novas perguntas acerca do tema e, também, à medida que o mercado de trabalho sofre modificações, principalmente no modo como a atividade vai sendo exercida e se tornando cada vez mais heterogênea, com atividades de baixa produtividade com o objetivo de sobrevivência, até aquelas com um maior valor agregado e faixa de rendimento maiores.

Posteriormente, surgiram novas questões relevantes a serem discutidas da forma acurada sobre o tema como por exemplo a entrada neste setor de pessoas com uma maior qualificação e nível de escolaridade que passam a exercer atividades bastante qualificadas com maiores rendimentos, e ampliando seus negócios. Assim o setor informal tornou-se não só uma alternativa à pobreza, mas um caminho rentável e lucrativo a seguir para auferir rendimentos maiores do que um trabalhador do setor formal da economia:

1

Este termo está ligado ao conceito de setor informal segundo a explicação da autora.

2

(17)

Os resultados empíricos mostram que existe, de fato, uma remuneração adicional para o empresariado informal, em relação ao trabalhador formal, tomando-se por base os mesmos atributos pessoais. E que o referido segmento do mercado informal deve ser visto como uma atividade dinâmica e, portanto, não deve continuar a ser tratado como um mercado marginal ao mercado de trabalho formal. Permite obter uma fotografia do empresariado não regulamentado, relativamente ao trabalhador formal no mesmo segmento de renda, e conclui que o típico empresário informal utiliza relativamente melhor a sua escolaridade, depende relativamente menos da sua experiência e idade e se beneficia relativamente menos do seu esforço que o típico trabalhador formal (MENEZES; CARRERA,1998).

Em decorrência das novas particularidades que vão surgindo à tona, como este novo conceito de Empresário do setor informal, de acordo com Menezes e Carrera este não poderá mais ser tratado como componente de uma atividade de cunho marginal, pois a atividade que exerce deve ser vista como uma atividade dinâmica. Por isso devido à heterogeneidade do Setor Informal fica difícil associar o tema a casos com a pobreza.

O tema da informalidade é também atualmente foco de discussões, principalmente aqui no Brasil onde o governo adotou medidas para tirar os trabalhadores deste estado, conferindo-lhes direitos através da Lei do Microempreendedor informal, cujo objeto é tornar mais acessível para os integrantes do setor informal a contribuição à Previdência, assegurando-lhes assim direitos como auxilio maternidade ou auxílio doença por exemplo, trazendo cada vez mais o trabalhador do setor informal para a legalidade com seus direitos afirmados por lei.

2.2 TERCEIRIZAÇÃO

O fenômeno da terceirização é situado no contexto das transformações ocorridas do mundo do trabalho nas últimas décadas, marcado centralmente pela flexibilização e precarização, compreendidas como novas estratégias de dominação do trabalhador. No âmbito das políticas de gestão do trabalho a terceirização significa a racionalização do uso da força de trabalho, visando ganhos de produtividade e redução de custos, que têm na flexibilização em suas várias modalidades, a sustentação básica.

O debate a cerca do conceito de terceirização iniciou-se de acordo com a origem do próprio termo cuja especificidade revela a palavra, como uma criação brasileira. A Terceirização é definida por Carelli (2003, p.20) como: Repasse ou transferência de uma atividade a uma terceiro, a um outro, que deveria se responsabilizar pela relação empregatícia e, portanto, pelos encargos trabalhistas.

(18)

O termo e o processo de terceirização carrega uma conotação que indica posição periférica, e nos mais diversos setores, aponta para uma desqualificação, uma condição mais precária e mais baixa de subordinação, ou seja, uma forma precária de trabalho cujo o objetivo é se contratar uma mão de obra terceirizada para diminuir a escala de custos e fugir de pagamentos de leis trabalhistas para com seus empregados, que na verdade são empregados da terceira que faz uma locação desta força de trabalho.

Existem outras definições de terceirização que justifica esta pratica, como um instrumento de focalização, isto é, a empresa deve se centrar na atividade onde é especialista e repassar para terceiros a realização ou execução das demais atividades por empresas terceiras especialistas nas mesmas. Assim a empresa adotando este tipo de gestão pode ter um melhor resultado em termos de redução de custo e aumento da produtividade.

Autores como Druck e Borges mostram uma visão critica acerca da terceirização como uma forma de precarização do trabalho ligada as condições de trabalho e saúde precárias:

E numa outra linha situa-se a maioria das análises que, a partir de estudos empíricos, demonstram a terceirização como política de gestão flexível do trabalho quem tem levado, invariavelmente, a precarização das condições de trabalho, de emprego e da saúde, ao tempo em que as relações interempresas – contratantes e contratadas – têm sido de subordinação dessas últimas, que, pressionadas pela intensa concorrência se utilizam das mais diversas formas de precariedade do trabalho (sem contratos, baixos salários, jornadas extensas, etc) para garantir a sua inserção no mercado(DRUCK; BORGES, 1993).

Além do tipo tradicional de forma de terceirização, nota-se novas modalidades de terceirização, cabendo destacar as cooperativas de trabalho, previstas por lei que tem por característica a transformação dos trabalhadores em cooperativados e , nessa condição, deixam de ser formalmente assalariados, perdendo assim todos os seus direitos sociais e trabalhistas. Além disso, as empresas transferem os custos de responsabilidade de gestão para as cooperativas, encobrindo uma relação de assalariamento precário, onde o trabalhador deixa de ter uma relação trabalhista com a empresa, transformando-se esta relação em puramente comercial entre a empresa e a cooperativa de trabalho subcontratada. Nesta forma de terceirização além da perda de direitos sociais e trabalhistas, os trabalhadores perdem também a possibilidade de representação sindical dada a sua condição de “não-empregado”.

(19)

No caso do Brasil, o fenômeno da terceirização ficou mais presente nas empresas a partir da implementação das políticas neoliberais adotadas a partir de 1990 com a abertura indiscriminada do mercado. O Início do processo de globalização com a entrada indiscriminada de produtos importados, levam as empresas a não terem condições de competir com os produtos externos, a utilizar novas praticas de gestão da produção, como a terceirização, visando reduzir sua escala de custos e tornar seus produtos competitivos junto ao mercado interno. Firmou-se assim no país estas formas precárias de contratação de mão de obra como meio de aumento da competitividade das empresas capitalistas.

2.3 INOVAÇÃO TECNOLÓGICA E SUA RELAÇÃO COM O MERCADO DE TRABALHO

A discussão da inovação tecnológica no âmbito do mercado de trabalho sempre gerou muita polemica por se afirmar que seria um redutor de emprego na economia como um todo, e em épocas de recessão econômica seu impacto atingiria níveis maiores nas economias mais avançadas, onde a introdução da inovação tecnológica no processo produtivo, como resultante da concorrência entre capitais buscando gerar produtos mais competitivos, aumentando as vendas e ganhando mercados de outras empresas, visaria reduzir o trabalho vivo3 diretamente envolvido nesse processo:

Se a “maquina é inocente das miséria que ela causa”(MARX, 1975), o desemprego é, contraditoriamente consequência do desenvolvimento do progresso técnico, nas condições próprias ao funcionamento sem controle do modo de produção capitalista. Em outras palavras. Embora o móvel da inovação tecnológica seja a dinâmica da acumulação na busca incessante da maior valorização possível do capital, ela move-se contra os trabalhadores e a sociedade como resultado da sua apropriação privada, de sua utilização unilateral e sem regulação social.(MATTOSO, 2000).

No Brasil a ofensiva do capital sobre o trabalho, torna-se conflituosa quanto mais intensiva a empresa é em capital e a inovação tecnológica está mais presente e impacta mais nos níveis de empregos. A onda neoliberal a partir dos anos 1990 trouxe como principais medidas do governo a abertura da economia e a financeirização da mesma. A abertura da economia gerou a entrada de produtos do exterior com preços mais acessíveis, ou seja , bens mais competitivos entraram no mercado brasileiro sem barreiras alfandegárias fortes que aumentassem seu preço obrigando as empresas locais a se adequarem a métodos de produção e gestão que as tornassem mais competitivas detendo a perda de mercado e evitando que

3

(20)

fechassem suas portas. Estas medidas vitais à sobrevivência das mesmas no mercado ocasionou um grande impacto no mercado de trabalho e um efeito multiplicador inverso na economia, ocasionando uma perda significativa de postos de trabalho.

A inovação tecnológica ainda vem cumprindo seu papel histórico no processo produtivo na sociedade capitalista, ou seja, reduzir o trabalho vivo diretamente envolvido na produção, possibilitando à empresa inovadora mais ganhos na produção. Contudo a competitividade em relação aos seus concorrentes, é ganha à custa do emprego dos trabalhadores, causando um aumento crescente do setor informal e da informalidade, principalmente nas classes de renda mais baixa, onde muitos não conseguem se reinserir no mercado de trabalho formal ampliando a composição de membros do setor informal .

(21)

3 QUADRO CONJUNTURAL DA BAHIA NA DÉCADA DE 1990 E SUA INFLUÊNCIA NO PÓLO PETROQUÍMICO DE CAMAÇARI.

3.1 BREVE HISTÓRICO DE POLÍTICAS ADOTADAS ATÉ A DÉCADA DE 1990

A década de 1900 foi marcada pela chegada das concepções neoliberais aos países da América do sul, inaugurada no Chile pela ditadura militar do general Pinochet. Na América Latina o chamado ideário neoliberal encontrou sua mais acabada expressão e sistematizada no decálogo conhecido sob o nome de consenso de Washington, no encontro realizado em novembro de 1989 na capital dos Estados unidos da América. Os objetivos Principais daquele encontro visava a mundialização financeira e a globalização dos mercados, foram obter uma drástica redução do Estado e a corrosão do conceito de nação e a máxima abertura dos mercados nacionais à concorrência favorecendo o livre trânsito de bens e serviços e à de capitais de risco.

No Brasil a política econômica dos anos noventa do século XX, fundamentada nas concepções do Consenso de Washington, teve uma abertura da economia um dos aspectos mais dinâmicos e mais radicais se comparado ao largo período que remonta ao imediato Pós Guerra até o final dos anos 1980.

Foi a partir do Governo Collor de Mello que tivemos no Brasil o começo da implementação de tais concepções neoliberais que seguiram de perto as recomendações e diretrizes do chamado Consenso de Washington, adotando uma ousada política de privatizações e de liberalização econômica, tanto no que tange aos fluxos de capitais quanto aos fluxos de mercadorias:

Com o Governo Collor e seu plano econômico, assistiu-se a uma ruptura

econômico-política que marcou definitivamente a trajetória do

desenvolvimento do Brasil na década de 1990. Pela primeira vez, para além de uma política de estabilização, surgiu a proposta de um projeto de longo prazo, que articulava o combate à inflação com a implementação de reformas estruturais na economia, no Estado e na relação do país com o resto do mundo, com características nitidamente liberais (FILGUEIRAS, 2000).

O Plano Collor anunciado em 15 de março de 1990, destacava medidas como: a mudança do padrão monetário, a desindexação geral, principalmente entre preços e salários, reformulação dos mercados cambiais, com a criação do dólar livre para as operações de exportação, importação e transações financeiras, programa de privatização, de desregulamentação,

(22)

supressão de subsídios e reforma administrativa com o objetivo de facilitar a demissão de funcionários públicos federais. A adoção de um tipo de Plano como este visou da visão neoliberal no país além de favorecer os grupos econômicos que apoiaram aquele governo no momento eleitoral, e que agora fornecia sua contrapartida a seus financiadores de campanha:

Collor está envolvido por um ‘circulo do poder’ duplamente mortífero, os anéis do poder econômico e do poder político. São os que encheram suas sacolas de generosas ‘contribuições’ para a campanha, e cobram na forma de privilégios nas licitações. São os que lhe dão apoio no Congresso e cobram nos favores para suas empresas ou de seus ‘mestres’. Deram apoio porque sabiam que ele era um falsificador da ira popular e cidadã, e reforçam o apoio quando percebem que o falsificador se isola casa vez mais, acuado pelo crescimento da opinião pública. É uma dialética infernal. Chamam-se indiscriminadamente empreiteiras, banqueiros, ACM, Bornhausen, Fiuza, Odebrecht, OAS, Rede Globo, Roberto Marinho, Tratex, Cetenco, Votorantim, e a lista seria infindável. Pcs são corretores que, como é de praxe nos bons negócios, também enriquecem (OLIVEIRA, 1992).

No Governo Collor a abertura da economia brasileira intensifica-se. O esgotamento do modelo de substituição de importações e a crescente desregulamentação dos mercados internacionais contribuíram para uma reestruturação da economia influenciada pela redução das tarifas de importação e eliminação de várias barreiras não-tarifárias. Em 1990, a tarifa total média de importação era de 40% , sendo esta reduzida gradualmente até chegar ao seu nível mais baixo em 1995, cerca de 13%:

Foi planejada para ocorrer de maneira gradual entre 1991 e 1994, tal que, ao final do período, a tarifa máxima deveria ser de 40%, a média de 14%, a modal de 20% e o desvio padrão inferior a 8%. O cronograma de abertura foi mantido até outubro de 1992, quando ocorreu uma antecipação das reduções tarifárias previstas para 1993 e 1994, implicando uma redução de seis meses no prazo de conclusão da reforma. Até o fim de 1995, a estrutura de proteção sofreu novas alterações provocadas por outros fatores: o programa de estabilização de preços, os compromissos assumidos pelo país com a formação do Mercado Comum do Sul (Mercosul), os desequilíbrios da balança comercial e as demandas por proteção de setores prejudicados pela abertura. Os dois primeiros fatores ampliaram a redução tarifária até fins de 1994, quando os dois últimos fatores passaram a atuar na direção contrária, elevando a proteção de segmentos do setor de bens de consumo duráveis, como automóveis e eletrônica de consumo(MOREIRA; CORREA, 1997).

Após o término do Governo Collor, ocorre no país uma segunda fase importante de aplicação das concepções neoliberais no Governo Fernando Henrique Cardoso, que resolveu intensificar o processo de liberalização e privatização.

A política econômica em relação ao setor externo passou a ser um elemento central na atuação do governo, na medida em que a política de estabilização adotada apoiava-se em âncora

(23)

cambial (realvalorizado para baratear produtos importados e segurar preços internos) que tornava a política econômica externa e toda a política governamental refém do ingresso de capital financeiro internacional:

Tabela 1 - saldos das contas externas Brasileiras - US$ Milhões Saldo

Ano Comercial Trans. Correntes Conta Capital

1989 16.120 1.033 -11.432 1990 10.753 -3.782 -4.988 1991 10.579 -1.407 -4.148 1992 15.239 6.143 25.271 1993 13.307 -592 10.115 1994 10.446 -1.689 14.294 1995 -3.351 -17.972 29.359 1996 -5.589 -23.142 33.959 1997 -6.843 -30.906 25.971 1998 -6.593 -33.616 20.664 1999 -1.260 -25.396 17.381 2000 -698 -24.637 19.326

Fonte: BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2000

Como se pode ver na Tabela 1, fica clara a inflexão ocorrida nas contas externas brasileiras fruto d política de abertura da economia ao mercado externo, demostrando sua vulnerabilidade crescente nos anos 1990, uma vez que ao histórico déficit da conta de serviços, somou-se um déficit na balança na balança comercial. No Brasil, as autoridades monetárias deixaram entrar sem controle montantes crescentes de capitais estrangeiros de todos os tipos, o que proporcionou um aumento brutal do passivo externo que na época do Governo Fernando Henrique Cardoso.

A política externa dos anos 1990, mais precisamente dos governos Collor de Mello e Fernando Henrique Cardoso, caracterizou-se pela aplicação da Agenda neoliberal. Tal agenda Ancora-se basicamente na retórica de que o mercado é o mais eficiente organizador da sociedade e o estado, como mal necessário, deve ser mínimo e meramente regulador. Parece plausível afirmar que a implementação continuada da política econômica neoliberal pelos governos brasileiros nos anos 1990, pretendeu reconfigurar as bases da acumulação fundada num novo e mais profundo patamar de subordinação ao capital financeiro internacional.

(24)

3.2 MUDANÇAS NO PADRÃO PRODUTIVO E NOVAS FORMAS DE GESTÃO ADOTADAS NO PÓLO PETROQUÍMICO

Devido as transformações que a economia brasileira sofreu na década de 1990 com a abertura indiscriminada do mercado brasileiro houve a entrada de uma maior quantidade de produtos estrangeiros no país com a drástica redução das barreiras alfandegarias. Os produtos estrangeiros passaram a chegar com preços mais competitivos do que os produtos nacionais pois as novas praticas de gestão da produção e a adoção de novos maquinários aumentaram a produtividade. Nesse quadro as firmas nacionais sentiram a necessidade de se aprimorar para competir de forma igual com os produtos estrangeiros que entravam no país e assim sobreviverem no mercado, o que levou-as a formas de gestão da produção em que a produtividade do trabalho tornou-se o mais eficiente instrumento de enfrentamento da concorrência.

3.2.1 Modelo Fordista

O modelo de desenvolvimento industrial capitalista ocidental generalizava-se a partir da 2ª Guerra Mundial sob o nome de fordismo, que buscava a racionalização do espaço de trabalho através de uma reorganização do processo produtivos, com a diminuição dos tempos ociosos e a colocação dos trabalhadores de forma rígida ao longo de uma esteira rolante onde as matérias primas passam e são processadas para consumo final.

O sistema de produção fordista se apoia em cinco transformações principais de produção em massa para redução dos custos: a radicalização da divisão do trabalho, limitando o trabalhador a uma atividade repetitiva e elementar, diminuindo a sua qualificação para executar tal serviço; a introdução da esteira rolante para permitir a interligação das atividades individuais; um controle de estoques e do transporte entre as etapas de produção, melhorando assim o ritmo da produção; a internalização das peças objetivando uma padronização simplificando o processo de produção e reduzindo os tempos mortos; e por fim uma automatização da fábrica.

A introdução dessas transformações permitiu ganhos de produção em alta escala, com um significativo aumento na produtividade do trabalho. A organização pré-Fordista necessitava de 12:30 horas para montagem de um veículo, que após a adoção das práticas Tayloristas de organização do trabalho reduziu este tempo a 5:50 horas. Posteriormente, o treinamento da

(25)

mão-de-obra permitiu a montagem do veículo em torno de 2:38 horas, e finalmente, a introdução de linhas automatizadas proporcionou a montagem de um veículo numa velocidade oito vezes superior ao verificado no período antecedente a estas modificações, alcançando um tempo médio de 1:30 horas(HALBERSTAM, 1986 apud GOUNET, 1999, p. 20).

Este sistema de produção teve pontos negativos que geraram o enfraquecimento de seu regime de acumulação e de diminuição dos ganhos de produtividade, tais como a limitação da técnica de reprodução do mesmo bem como a revolta da classe trabalhadora diante das mudanças que este modelo de gestão da produção trazia; a elevação dos custos seguido da diminuição das taxas de lucro; o desenvolvimento do trabalho improdutivo sobretudo em áreas mantenedoras da circulação do capital e o aumento dos custos com assistência social. O advento destes pontos negativos causou a derrocada do fordismo enquanto modelo de desenvolvimento predominante, embora ainda exista de forma predominante em algumas regiões, sob novas práticas de organização do trabalho.

3.2.2 Modelo Japonês

O Toyotismo(ou modelo japonês) surgiu da necessidade da firmas japonesas acompanharem o crescimento industrial que os Estados unidos da América estava tendo sob o modelo fordista. Se algo não fosse feito as firmas japonesas não teriam condições de concorrer com as empresas norte americanas no mercado mundial, atingindo os níveis de produtividade de igual para igual.

Segundo Coriat (1994, p. 40), os três determinantes estruturais para a formação do Toyotismo, foram:

a) o estreito mercado interno japonês aliado à existência de uma boa capacidade de oferta de veículos automotores acarretou a adoção de um método flexível de produção que pudesse conjugar demandas curtas e diferenciadas com uma produção em larga escala;

b) em fins da década de 1940, a Toyota Motor Company, berço do Toyotismo, enfrentava sérias dificuldades financeiras a ponto de se submeter a uma intervenção de um grupo bancário. Este impôs severas condições à empresa, traduzidas no principio de produzir somente a quantidade necessária e dentro do tempo necessário;e

(26)

c) a transformação do sindicalismo de indústria em sindicalismo de empresa e sua consequente “recompensa” pelo engajamento dos trabalhadores na produção: o emprego vitalício e o salário por antiguidade.

Cabe ressaltar que o emprego vitalício beneficia uma parte mínima do operariado japonês das grandes empresas, ou seja, esta característica não se tornou regra geral nesse modo de gestão da produção implementado no Japão.

Por outro lado, vis a vis do fordismo, como precisou Antunes (1999, p.54):

a) produção extremamente vinculada à demanda e, portanto, bastante individualizada e heterogênea, em contraponto à produção em massa uniforme do fordismo;

b) ao contrário da parcelização do trabalho fordista, o Toyotismo caracteriza-se pelo trabalho em equipe com a multivariedade de funções;

c) a produção flexível permite ao trabalhador lidar com várias máquinas, rompendo com a relação um homem/uma maquina da era fordista;

d) o princípio da produção just in time possibilita um gerenciamento dos estoques e uma melhor adequação do tempo de produção;

e) o sistema Kanban permite uma produção com estoque mínimo através do uso de senhas e placas;

f) diferentemente das empresas fordistas, o Toyotismo pressupõe a existência de empresas horizontalizadas, cabendo à empresa principal centrar seus esforços nas atividades nucleares, terceirizando as atividades periféricas. Este processo possibilita a ressonância do modelo Japonês nas empresas subcontratadas ampliando seu alcance no processo produtivo;

g) utiliza-se dos círculos de controle de qualidade (CCQs) objetivando apoderar-se do saber fazer da classe trabalhadora, o que era solenemente ignorado pelo Fordismo;

h) por fim, como já mencionado, o método Toyota concedeu o emprego vitalício para uma parcela dos trabalhadores das grandes empresas além de uma remuneração vinculada à produtividade;

Com este modelo de gestão da produção o Japão teve grandes saltos no que se refere ao aumento da produtividade de suas empresas, mas sempre aliado a precarização do trabalho. Agora o trabalhador pode participar de mais de um processo produtivo na empresa, conseguindo manejar várias maquinas, sendo mais eficaz no processo produtivo e aumentando assim a altos níveis a produtividade do trabalho.

(27)

3.3 EFEITOS NO MERCADO DE TRABALHO NA BAHIA

Os anos 1990 abrem uma nova era no país com a implementação de políticas neoliberais de abertura de nosso mercado para a entrada de produtos do exterior, causando um grande impacto nas empresas que perdiam cada vez mais as fatias que detinham do mercado interno graças as barreiras alfandegárias que protegiam as industrias do país. Com a queda daquela proteção as empresas buscaram formas de tornar seus produtos mais competitivos para concorrer com os produtos estrangeiros que entravam no país. Buscaram maneiras de aumentar a produtividades e reduzir seus custos, encontrando em novas formar de gestão da produção, na introdução da automatização e em novas formas de obter trabalhadores, principalmente por meios de terceirização, a alternativa para sobreviverem no mercado e não fechando suas portas.

Essa mudança que aconteceu no país mais precisamente nas empresas, causou impacto direto na vida do trabalhador assalariado: Demissão gradativa e em alta escala de trabalhadores, redução de salários e aumento das jornadas de trabalho se tornaram a agenda do dia das empresas cuja nova filosofia se centrava no aumento da produtividade com redução da escala de custos. A privatização de empresas que estavam nas mão do governo passou a integrar a pauta de objetivos a serem atingidos, o que no petroquímico a demissão e exposição de muitos a novas formas de contratação, aumentando a precariedade do trabalho no setor. A terceirização da mão de obra foi uma das principais alternativas que as empresas adotaram e conseguiram com sucesso a sua concretização:

O encolhimento do numero de empregados do setor petroquímico se deve a generalização de forma indiscriminada da terceirização em todas as áreas, num quadro de concentração do capital, via incorporações e fusões de empresas, e de uma radical privatização do setor petroquímico (DRUCK, 2007).

Altas taxas de desemprego seguiram tais medidas, mexendo as empresas cada vez mais em suas escalas de custos para melhorarem sua competitividade e auferir mais lucros com a produtividade do trabalhador, como se observou na indústria petroquímica da Bahia:

Esse quadro da evolução do trabalho e do emprego na indústria petroquímica da Bahia, após 30 anos, reafirma e expressa o processo de flexibilização e precarização do trabalho que vem marcando a desestruturação do mercado de trabalho soteropolitano, cujas taxas de desemprego são as mais altas do país, situando-se no patamar de 22% em dezembro de 2006 (DRUCK, 2007).

(28)

Nos anos 1990, pode-se destacar que além da redução drástica no número de trabalhadores no Setor Petroquímico, chegando a uma redução em 6 anos de 52% do quadro de empregados, 97% das empresas recorriam a terceirização de mão-de-obra e 90% adotaram programas de qualidade. Assim, grande parte seguiu as novas concepções de produtividade seus trabalhadores já se encontraram em nova modalidade de contratação.

Estas medidas adotadas na décadas de 1990, tiveram como motivos declarado por 97% das empresas a crise econômica e política do país ou a crise das empresas gerada pela liberalização dos mercados.

O mercado de trabalho na década de 1990 sofreu profundas mudanças, principalmente na Bahia onde varias empresas governamentais foram privatizadas e mudaram drasticamente a forma de gerir a produção buscando apenas o lucro e sobrevivência no mercado. Com altas taxas de desemprego e a recessão econômica, os sindicatos eram meros espectadores que não conseguiam ter forças para defender a classe trabalhadora nesta luta do trabalhador com o capital e sua busca incessante e desumana em busca de competitividade para mais lucros para a firma. O efeito multiplicador que antes gerava renda e empregos, da chegada do Complexo Petroquímico na Bahia estava agora gerando efeitos inversos com pois aumento nas taxas de desemprego no Pólo que afetavam outros setores da economia Baiana ocasionando uma profunda recessão em todo o Estado.

(29)

4 PERFIL DOS EX-EMPREGADOS DO PÓLO PETROQUÍMICO DE CAMAÇARI APÓS A REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA.

Como apresentado anteriormente a década de 1990 foi uma época marcada por mudanças econômicas e estruturais tanto na economia brasileira como nas empresas brasileiras. A reestruturação ocorrida nas empresas, do Pólo Petroquímico de Camaçari resultou num índice expressivo de demissões que chegaram em seis anos a a 52% do total de empregados.

A adoção das políticas da reestruturação produtiva nas empresas do Pólo Petroquímico levou um grande contingente de trabalhadores desempregados a procura um novo emprego de reinserção no mercado de trabalho formal. Porém parte destes trabalhadores buscou nova alternativa para voltar a aferição de rendimentos necessários a sua sobrevivência e de sua família, exercendo atividades de iniciativa própria.

Os dados levantados sobre o Pólo Petroquímico de Camaçari, Constantes Tabela 2 indicaram do total de trabalhadores despedidos que voltaram ao mercado formal, quase a metade(48,4 %) pertenciam ao setor administrativo da empresa, enquanto eram trabalhadores da produção4(38.7 %) e apenas 12,9 % dos demitidos trabalhavam no setor produtivo. Em sentido inverso, dos trabalhadores demitidos que resolveram exercer atividades de iniciativa própria, 42,9 % pertenciam a área de produção, enquanto 28,6 % eram da administração e outros 28,6 % da manutenção. Os trabalhadores do setor que necessitou de um maior nível educacional(administrativo) tiveram mais êxito em sua reinserção no mercado de trabalho formal com carteira assinada, sendo o nível de escolaridade decisivo para a sua reinserção naquele mercado cada vez mais exigente neste item para a contratação de um trabalhador.

4 Vale salientar que, do contingente de pessoas que trabalhavam na produção, boa parte deles são oriundos

dos laboratórios. A redução dos postos de trabalho nos laboratórios foi tão drástica, que fala-se inclusive em extinção dos analistas de laboratórios.

(30)

Tabela 2 - Algumas características dos desempregados do Pólo Petroquímico de Camaçari

Características Variáveis Empregado Iniciativa Própria

Seção de trabalho Administração Manutenção Produção 48,4 12,9 38,7 28,6 28,6 42,9 Motivo de demissão Terceirização Política Diretoria 51,6 48,4 55,1 44,9

Tempo Fora do mercado de trabalho

Até 1 ano Mais de 1 ano 54,8 45,2 59,2 40,8 Recebeu treinamento Administração Manutenção Produção 51,7 22,2 30.3 44,8 66,7 60,6

Fonte: MENEZES; CARRERA, 2001

Os dados Tabela 2, indicaram como o principal motivo apontado pelos entrevistados para a demissão foi a política de terceirização, com cerca de 51,6% e 55,1 %. Respectivamente as práticas de terceirização aliadas à implementação de novas tecnologias na fábrica foram elementos fundamentais para grande número de pessoas demitidas no Pólo Petroquímico de Camaçari. Com estas duas práticas, o empresário passou a contar com trabalhadores sem assumir obrigações trabalhistas já que o trabalhador era contratado de uma empresa agenciadora de mão de obra. Também passou a precisar de uma quantidade menor de trabalhadores já que a nova tecnologia implementada aliada a nova gestão de produção faz com que uma quantidade bem inferior a anteriormente utilizada seja necessária, mantendo-se um patamar de produção superior ao anterior. Podemos também evidenciar que os trabalhadores que optaram por voltar ao mercado de trabalho por atividade de iniciativa própria voltaram ao mesmo em uma menor faixa de tempo(59.2 % dos da iniciativa própria contra 54,8% dos empregados), percebendo-se assim que, em média, os trabalhadores do pólo decidiram imediatamente após a sua demissão de que forma iriam se reinserir no mercado de trabalho, seja como empregado ou como empregador( iniciativa própria)5. Em relação ao treinamento cerca de 92,5 % dos demitidos afirmam ter recebido algum tipo de treinamento na empresa que trabalhavam, sendo que 86,5 deles afirmaram que esses treinamentos efetivamente garantiram a capacitação técnica frente às funções exercidas. Cabe ressaltar também que esta capacitação técnica pode ter sido um dos fatores importante tanto para se reinserir no mercado de trabalho para uns como ter sucesso exercendo uma atividade de iniciativa própria para outros.

6

Os setores comércio/serviços atraiu quase totalidade dos ex-petroquímicos, representando cerca de 77,5 % enquanto os outros 22,5 % estão atuando na indústria e na construção civil.

(31)

Tabela 3 - Assalariados x Total de Demitidos: Comparativo

No pólo Assalariado

Variáveis

Média D Padrão Média D Padrão

Escolaridade 12,16 2,6 12,61 2,68

Idade 41 7,06 37,84 5,22

Horas de trabalho p/semana 40 1 41,77 7,25

Renda real* 1.813,04 1.308,06 1.362,19 1.027,85

Número de observações 80 31

Fonte: MENEZES; CARRERA, 2001

A Tabela 3 mostra que os trabalhadores que retornaram ao mercado de trabalho como assalariados tinham em media, relativamente ao conjunto de demitidos do Pólo, mesmo nível de escolaridade, porém uma idade menos elevada e trabalhavam mais horas que os anteriores empregados. Contudo os novos assalariados ganhavam menos e não conseguindo recompor o nível de renda que auferiam anteriormente, ou seja, o padrão de vida daqueles trabalhadores caiu em relação a seu momento anterior como trabalhador do Pólo.

Tabela 4 - Iniciativa Própria x Total de Demitidos: Comparativo

No pólo Assalariado

Variáveis

Média D Padrão Média D Padrão

Escolaridade 12,16 2,6 11,88 2,54

Idade 41 7,06 43 7,39

Horas de trabalho p/semana 40 1 44,04 18,78

Renda real* 1.813,04 1.308,06 1.807,14 2.159,52

Número de observações 80 49

Fonte: MENEZES; CARRERA, 2001

A tabela 4, permitiu identificar que os trabalhadores que optaram por atividades de iniciativa própria tinham, em média, a mesma escolaridade, relativamente ao conjunto de demitidos do Pólo, porém uma idade maior e exerciam jornadas de trabalho mais extensas que aquelas cumpridas antes da dispensa. Como jornada de trabalho maior associada a maior experiência e uma iniciativa pessoal, os ex-empregados do Pólo auferiam um nível de renda estatisticamente idêntico ao anterior. Cabe ressaltar que o rendimento idêntico auferido poderia estar relacionado ao aumento da jornada de trabalho, ou seja, um rendimento maior aliado a um maior grau de precarização do trabalho.

Quanto ao grau de escolaridade conforme a tabela 4 os trabalhadores que optaram por se reinserir no mercado de trabalho através de uma atividade de iniciativa própria possuíam um nível de escolaridade menor que o conjunto dos trabalhadores demitidos do Pólo, ainda que

(32)

superior ao observado para o agregado do setor informal. Esse nível maior de escolaridade, treinamento e grau de qualificação daqueles trabalhadores permitiu-lhes se destacarem no setor informal da economia, auferindo assim rendimentos acima da média do conjunto do setor, podendo ser classificadas estes em uma parte especial do setor informal e denominados conceitualmente como Empresários do Setor informal:

Existe um segmento importante do setor informal, muito maior do que se imaginava, em que o diferencial de rendimento é amplamente favorável ao trabalhador informal. Esse segmento e composto de trabalhadores típicos, doravante denominados empresários do setor informal. Esse diferencial de remuneração e entendido como uma recompensa pela sua capacidade empresarial, de modo que opta por continuar nessa atividade por encontrar nela a melhor alternativa de trabalho e rendimento para seus atributos( MENEZES; CARRERA, 1998).

O comparativo dos níveis médios de renda doa trabalhadores na situação anterior e posterior a demissão do Pólo indicou(tabela 5) que tanto os trabalhadores que conseguiram se reinserir no mercado de trabalho formal quanto os que resolveram exercer atividades de iniciativa própria apresentam perdas nos seus rendimentos. Cabe ressaltar que esta perda de rendimento poderia decorrer da mudança geral ocorrida na conjuntura macroeconômica brasileira na época. Desta forma a perda de rendimento dever-se-ia não ao fato das pessoas deixarem de trabalhar no Pólo, mas á uma situação economicamente geral – a chamada década perdida - mais desconfortável para todas as pessoas. Entretanto dificilmente pode-se afirmar o mesmo em relação a jornada de trabalho, pois, o grupo de trabalhadores analisados( assalariados e iniciativa própria ) passou a trabalhar, em média, mais do que quando empregado no Pólo.

Tabela 5 - Comparativo anterior a demissão segundo a condição atual de ocupação

Quando no Pólo Atual

Condição Atual de Ocupação

Média D Padrão Média D Padrão

Assalariado

Renda Real 1.407,60 947,57 1.073,03 722,34

Horas Semanais de Trabalho 40 1 41,77 7,25

Iniciativa Própria

Renda real 2.069,54 1.442,76 1.577,63 1.099,83

Horas semanais de Trabalho 40 1 44,04 18,78

Número de Observações Assalariados = 31 Iniciativa Própria = 49

Fonte: MENEZES; CARRERA, 2001

A comparação entre trabalhadores demitidos do Pólo Petroquímico de Camaçari, que optaram em retornar ao mercado de trabalho assalariado e aqueles os trabalhadores que resolveram exercer uma atividade de iniciativa própria, conforme os dados alinhados na Tabela 5 indica

(33)

que os ex-empregados que se estabeleceram em atividade por conta própria tinham menor escolaridade eram mais velhos e tiveram que trabalhar mais horas que os que conseguiram se reinserir no mercado formal de trabalho.

Tabela 6 - Assalariados x Iniciativa Própria: Comparativo

Assalariado Assalariado

Variáveis

Média D Padrão Média D Padrão

Escolaridade 12,61 2,68 11,88 2,54

Idade 37,84 5,22 43 7,39

Horas de trabalho p/semana 41,77 7,25 44,04 18,78

Renda real* 1.362,19 1.027,85 1.807,14 2.159,52

Número de observações 80 49

Fonte: MENEZES; CARRERA, 2001

No entanto os rendimentos dos assalariados foram, em média, inferiores ao trabalhadores de iniciativa própria. Uma explicação para a obtenção de maiores rendimentos pelos não-ingressos no setor informal, dever-se-ia a seu ao seu maior nível de qualificação, permitindo-lhes exercer atividades mais dinâmica e diversificadas, manuseando produtos de com maior valor agregado:

Denomina-se aqui de novos informais aqueles trabalhadores ingressos no setor informal, geralmente como conta-própria, que, por possuir alguma experiência profissional anterior, no setor formal e/ou por apresentar um nível de escolaridade mais elevado, introduzem inovações às atividades informais tradicionais dando uma nova roupagem ao desempenhá-las ou criam novas atividades adequadas à demanda do mundo moderno. Novas ocupações estas, marcadas por vínculos precários (PUGLIESI, 2003).

Portanto pode-se dizer que os trabalhadores que optaram por exercer atividades de iniciativa própria puderam reduzir as perdas sofridas em seus rendimentos quando despedidos do Pólo, mas com uma maior jornada e condições mais precárias para trabalho.

(34)

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A década de 1990 foi uma época de grandes transformações para o mercado de trabalho quando os trabalhadores, passaram de uma situação estável, com bons empregos e remuneração para um estado de desemprego em massa de empregados auferindo um rendimento inferior ao anterior e sujeitos a um maior grau de precarização do trabalho com uma jornada de trabalho mais exaustiva:

Desde o início dos anos noventa que o país vem experimentando um processo radical de abertura de sua economia. Essa abertura se configurou através de uma acelerada liberalização do comércio externo e uma super valorização da moeda, sem que houvesse uma política industrial bem definida, para resguardar o parque industrial brasileiro contra um possível sucateamento e desestruturação face a concorrência internacional. A implementação das políticas econômicas adotadas a partir do Governo Collor (desregulamentação dos mercados, liberalização financeira e comercial, entre outras), fizeram com que aparecessem novas formas de gestão da produção, as quais se materializaram em duas ações: reestruturação produtiva e flexibilização do trabalho. A principal consequência dessas políticas foi o aparecimento de elevadas taxas de desemprego e de intensificação de uma precariedade na estrutura ocupacional do país (MENEZES; CARRERA, 2001).

No Brasil, na década de 1900 as políticas neoliberais adotadas, tai como desregulamentação dos mercados, liberalização financeira e comercial, foram tomadas sem se avaliar se as empresas nacionais teriam como competir com os produtos estrangeiros que iriam entrar no país. Com a rápida implementação daquelas medidas, as empresas sentiram que teriam de reformular suas concepções, mudando assim a sua gestão da produção e implementando uma redução nos custos, ou seja, adotar uma reestruturação produtiva como forma de sobrevivência no novo quadro econômico que se configurava no Brasil de então:

É nesse contexto que se pode compreender e analisar a reestruturação produtiva, entendido como um conjunto de mudanças no âmbito da produção e do trabalho, através de inovações tecnológicas, implementação de novos padrões de gestão e organização do trabalho e do estabelecimento de novas relações políticas entre patronato e sindicatos. No caso Brasileiro, a maioria das pesquisas tem demonstrado que a reestruturação, no setor industrial, ocorre fundamentalmente através da introdução de novos padrões de gestão e organização do trabalho. Esses novos padrões de gestão e organização do trabalho são inspirados no “modelo japonês”, ou toyotismo, constituído por práticas de gestão em que a qualidade total e a terceirização assumem papeis centrais(DRUCK; BORGES, 2002).

(35)

As inovações tecnológicas em épocas de crise, podem ser vistas como um fator que ajudou a agravar ainda mais o quadro de depressão em que se encontrava o Brasil, ajudando a aumentar a crise em seu mercado de trabalho:

A inovação tecnológica assumiria uma dupla dimensão: por um lado, poderia favorecer o emprego em períodos de expansão do ciclo econômico e, por outro, poderia ser fator de agravamento durante as depressões, quando emergiria o desemprego tecnológico, como parte do desemprego cíclico . A expansão das atividades produtivas apareceria, então, como um processo de destruição criadora, em que um ciclo contínuo mais ou menos intenso de desestruturações e reestruturações criaria e destruiria empresas, atividades, empregos (MATTOSO, 2000.)

Configurado este quadro em que as empresas buscaram novos métodos para aumentar a produtividade com um numero menor de trabalhadores e uma forma flexível para contratá-los, que foi achada em contratações via terceirização, houve uma massa de trabalhadores demitidos, e os sindicatos se viram de mãos atadas e dado o momento de crise que a economia brasileira e o mercado de trabalho nacional estavam enfrentando, se comportaram como meros espectadores daquelas mudanças.

Em um momento de crise do mercado de trabalho, quando o aumento do exército industrial de reserva fica evidente, o setor informal surge como uma escolha da massa demitida para voltar a se reinserir no mercado de trabalho. No Pólo Petroquímico de Camaçari, parte dos trabalhadores demitidos voltou-se para atividades de iniciativa própria, abrindo seus próprios negócios como uma alternativa viável para conseguirem auferir rendimentos para seu sustento e de seu núcleo familiar. Contudo, devido seu maior nível de qualificação se destacaram em relação ao conjunto do setor informal, auferindo assim bons rendimentos, podendo assim ser classificados como novos informais:

Denomina-se aqui de novos informais aqueles trabalhadores ingressos no setor informal, geralmente como conta-própria, que, por possuir alguma experiência profissional anterior, no setor formal e/ou por apresentar um nível de escolaridade mais elevado, introduzem inovações às atividades informais tradicionais dando uma nova roupagem ao desempenhá-las ou criam novas atividades adequadas a demanda do mundo moderno. Novas ocupações estas, marcadas por vínculos precários (PUGLIESI, 2003).

Assim, os demitidos que optaram por exercer atividades de iniciativa própria, devido ao destaque que tiveram no setor informal, conseguiram diminuir a perda do padrão de vida que tinham anteriormente, quando trabalhadores do Pólo, onde os trabalhadores que conseguiram

Referências

Documentos relacionados

A motivação para o desenvolvimento deste trabalho, referente à exposição ocupacional do frentista ao benzeno, decorreu da percepção de que os postos de

Nessa situação temos claramente a relação de tecnovívio apresentado por Dubatti (2012) operando, visto que nessa experiência ambos os atores tra- çam um diálogo que não se dá

Na EaD o professor mediador terá que ser um intelectual na área, preparado para atender as especificidades de um curso a distância e ser valorizado como profissional

5 “A Teoria Pura do Direito é uma teoria do Direito positivo – do Direito positivo em geral, não de uma ordem jurídica especial” (KELSEN, Teoria pura do direito, p..

Este trabalho buscou, através de pesquisa de campo, estudar o efeito de diferentes alternativas de adubações de cobertura, quanto ao tipo de adubo e época de

No entanto, maiores lucros com publicidade e um crescimento no uso da plataforma em smartphones e tablets não serão suficientes para o mercado se a maior rede social do mundo

O objetivo do curso foi oportunizar aos participantes, um contato direto com as plantas nativas do Cerrado para identificação de espécies com potencial

O valor da reputação dos pseudônimos é igual a 0,8 devido aos fal- sos positivos do mecanismo auxiliar, que acabam por fazer com que a reputação mesmo dos usuários que enviam