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Avaliação da função mastigatória em idosos institucionalizados totalmente edêntulos

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA. ANNIE KAROLINE BEZERRA DE MEDEIROS. AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO MASTIGATÓRIA EM IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS TOTALMENTE EDÊNTULOS. NATAL/RN 2015.

(2) Annie Karoline Bezerra de Medeiros. AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO MASTIGATÓRIA EM IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS TOTALMENTE EDÊNTULOS. Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Saúde Coletiva – Área de concentração Odontologia – da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito para obtenção do título de Mestre em Saúde Coletiva. Orientador(a): Prof. Dra. Adriana da Fonte Porto Carreiro. NATAL/RN 2015.

(3) Catalogação na Fonte. UFRN/ Departamento de Odontologia Biblioteca Setorial de Odontologia “Profº Alberto Moreira Campos”. Medeiros, Annie Karoline Bezerra de. Avaliação da função mastigatória em idosos institucionalizados totalmente edêntulos / Annie Karoline Bezerra de Medeiros. – Natal, RN, 2015. 59 f.: il. Orientadora: Profª. Drª. Adriana da Fonte Porto Carreiro. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências da Saúde. Departamento de Odontologia. Programa de Pós- Graduação em Saúde Coletiva. 1. Idoso– Dissertação. 2. Mastigação– Dissertação. 3. Arcada edêntula – Dissertação. 4. Prótese total– Dissertação I. Carreiro, Adriana da Fonte Porto. II. Título. RN/UF/BSO. RN/UF/BSO. Black D56. Black D74.

(4) Dedico este trabalho a todos que contribuíram de forma direta e indireta na sua realização. Em especial, a Deus e aos meus pais, Esio e Carminha, meu amor maior..

(5) AGRADECIMENTOS. Ao Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva e ao Departamento de Odontologia da UFRN, agradeço pelo suporte ao longo do curso e pelo apoio durante a realização deste trabalho. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), agradeço pelo auxílio financeiro. Aos funcionários da Biblioteca Setorial Prof. Alberto Moreira Campos – Departamento de Odontologia da UFRN, pelas contribuições na formatação do trabalho. Aos diretores e coordenadores das Instituições de Longa Permanência para Idosos, agradeço pela solicitude prestada ao longo da pesquisa. Aos participantes da pesquisa, agradeço por nos ter dado o imenso prazer em conhecê-los e por tanto terem colaborado com o estudo. Agradeço também a todos os professores do programa, que tanto contribuíram para a minha formação profissional, incluindo as professoras Ângela Ferreira e Daniela Pessoa, que participaram da minha banca de qualificação. Aos professores Arcelino Farias Neto e Dyego Sousa, agradeço pela disponibilidade e gentileza em participar da banca avaliadora de defesa, bem como pelas contribuições para este trabalho. Aos colegas de curso, obrigada pelos maravilhosos momentos durante esses 2 anos de convívio e pelo imenso aprendizado. Aos funcionários Nelson, Edson e Jakelma, agradeço pelos auxílios prestados nos diversos momentos de “correria”, pelos ensinamentos, pela disponibilidade e pela amizade. A Henrique Galvão, Iara Suellen, Olivia Figueiredo e Mariana Barbosa, agradeço imensamente, por terem sido tão prestativos, solícitos e essenciais durante a coleta dos dados. À Ana Clara Soares Paiva Tôrres, agradeço por ser tão inspiradora, tanto profissionalmente, quanto pessoalmente. Obrigada por toda a ajuda na execução deste e de outros trabalhos, a sua parceria foi essencial para o meu crescimento..

(6) À Rachel Cardoso, Gerlayne Barros e Fátima Campos, agradeço pelo convívio, pelos ensinamentos e pelo suporte. À Laércio Melo, o meu mais grato e sincero agradecimento. Tenho a sensação de que esse trabalho é tão seu quanto meu. Qualquer agradecimento parece pequeno perto da sua ajuda. Ao professor e amigo Kenio Lima, agradeço pelo suporte científico, pelos conselhos e pelos ensinamentos. O dom de ser um excelente professor é algo raro, mas em você é algo tão natural, que nos faz querer ser professores também, questionadores, revolucionários, diferenciados. Obrigada por tudo! À minha orientadora Adriana Carreiro, agradeço desde o primeiro dia de curso por ter aceitado me orientar. Eu tenho a honra de poder dizer que tenho uma profissional em quem me espelhar. Um ser humano ético, responsável, comprometido e extremamente habilidoso. Obrigada por compartilhar comigo, de maneira tão plena, o maior bem que um professor pode compartilhar com um aluno: o seu infindável conhecimento. Aos meus pais, Esio Medeiros e Maria do Carmo Bezerra Medeiros, o meu mais terno agradecimento. Vocês são a minha força motriz desde sempre. Ao perceber as marcas do tempo em seus rostos e ver suas mãos calejadas de tanto trabalho para me proporcionar o que há de melhor, me dou conta do amor imensurável que emana dos dois. Por isso, o meu mais profundo agradecimento. Amo vocês. À Esio Medeiros Filho, obrigada por todo o suporte tecnológico e assistência. Afinal, os irmãos servem para isso. À Dállysson, agradeço por se fazer presente nos meus momentos de ausência. Amo-te..

(7) “O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Caminhando e semeando, no fim terás o que colher.” - Cora Coralina..

(8) RESUMO A perda de todos os dentes corresponde a uma condição crônica intimamente associada à redução do potencial mastigatório, um dos fatores de risco relacionados à má condição nutricional, a qual é crítica, principalmente, em indivíduos idosos e residentes de instituições de longa permanência. Com base nisso, o presente estudo teve o objetivo de avaliar fatores gerais e protéticos associados à performance mastigatória (PM) em idosos desdentados totais residentes em Instituições do Longa Permanência para Idosos (ILPI). Foram incluídos todos idosos (idade igual ou superior a 60 anos) que residem em ILPI da região metropolitana de Natal/RN, independentes e com condições sistêmicas e cognitivas que permitissem a coleta dos dados. A performance mastigatória foi analisada pelo método da análise granulométrica, após a mastigação de um alimento artificial pelo idoso. O alimento-teste triturado foi submetido a um sistema de tamises e o peso das partículas em cada peneira foi utilizado para determinar o tamanho mediano das partículas (X50), obtido por meio da aplicação da equação de Rosim-Rammler. Além da performance mastigatória, os idosos foram indagados quanto a aspectos relacionados à sua função mastigatória. As variáveis independentes consistiram em: sexo, idade, presença e número de doenças crônicas, uso de próteses totais (PT), tempo de uso das próteses e qualidade técnica das PT (estabilidade e retenção da PT inferior, oclusão em relação cêntrica e em movimentos excursivos). Para a análise dos dados, foram utilizados os testes não-paramétricos de MannWhitney, Kruskal-Wallis, Qui-quadrado de Pearson e Exato de Fisher (nível de significância de 5%). Das 18 ILPI existentes na região metropolitana de Natal, 14 aceitaram participar do estudo. O número total de idosos residentes foi de 457, em que 247 eram totalmente edêntulos. Desses, 40 se enquadraram nos critérios de inclusão e participaram do estudo. Os resultados mostraram que a PM foi consideravelmente baixa na população estudada. O X50 médio foi de 6,93 mm (± 0,41). A ausência de PT inferior foi alta e a qualidade técnica das próteses foi considerada ruim em 88,2% dos casos. Dentre todos os fatores analisados, apenas o uso de próteses superior e inferior esteve significativamente relacionado à melhor PM. Apesar disso, a maior parte dos idosos relataram não sentir dificuldade para mastigar algum alimento ou sentir desconforto ao comer. Diante desse cenário, conclui-se que a PM em idosos que residem em ILPI é baixa, principalmente para aqueles que não utilizam próteses totais inferiores. Contudo, essa condição parece não comprometer a avaliação dos idosos em relação a sua mastigação. Palavras-chaves: Idoso. Mastigação. Arcada Edêntula. Prótese total..

(9) ABSTRACT The loss of all teeth corresponds to a chronic condition closely associated with reduced masticatory potential, one of the risk factors related to poor nutritional status, which is critical, especially in the elderly and individuals residing in Long Term Care Facilities (LTCF). The study aimed to evaluate general and prosthetic factors associated with masticatory performance (MP) in edentulous elderly living in LTCF. All elderly (aged 60 years) residing in LTCF the metropolitan region of Natal/RN, independent and with systemic and cognitive conditions that would allow the collection of data, were included. The masticatory performance was analyzed by the method of particle size analysis, after chewing an artificial food for the elderly. The crushed test food was subjected to a system of sieves and the weight of the particles on each sieve was used to determine the median particle size (X50) obtained by applying the Rosim-Rammler equation. In addition to the masticatory performance, the elderly were asked about aspects of their masticatory function. The independent variables were: sex, age, presence and number of chronic diseases, use of dentures (PT), time of use of dentures and technical quality of the PT (stability and lower PT retention, occlusion in centric relation and movements excursive). The non-parametric Mann-Whitney, Kruskal-Wallis test, chi-square test and Fisher's exact were used for data analysis (5% significance level). Of the 18 LTCF existing in the metropolitan area of Natal, 14 agreed to participate. The total number of elderly residents was 457, in which 247 were totally edentulous. Of these, 40 met our inclusion criteria and were enrolled. The results showed that MP was considerably lower in this population. The mean X50 was 6.93 mm (± 0.41). The absence of lower denture was high and the technical quality of the dentures was considered poor in 88.2% of cases. Of all the factors analyzed, only the use of upper and lower dentures was significantly related to better MP. Nevertheless, the majority of seniors reported not feeling any difficulty chewing food or discomfort when eating. Thus, it is concluded that the MP in the elderly residing in LTCF is low, especially for those who do not use lower dentures. However, this condition does not seem to compromise the evaluation of the elderly about their chewing experience. Key-words: Aged; Institutionalization.. Mastication;. Prosthodontics;. Dentures;. Mouth,. Edentulous;.

(10) LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1. Obtenção do alimento-teste Optocal. Natal/RN, 2015 ................................. 26. Figura 2. Alimento acondicionado em recipiente descartável após ser expelido pelos participantes da pesquisa. Natal/RN, 2015........................................... 27. Figura 3. Conjunto de tamises e suas características. Natal/RN, 2015......................... 28. Figura 4. Processo de tamisação. Natal/RN, 2015........................................................ 29. Figura 5. Percentual de doenças crônicas identificadas na população estudada. Natal/RN, 2015 ............................................................................................. Quadro 1. Classificação e instrumentos de análise empregados para as variáveis dependentes e independentes do estudo. Natal/RN, 2015............................. Quadro 2. 23. Materiais, e respectivas especificações, utilizados na confecção do alimento-teste Optocal. Natal/RN, 2015........................................................ Quadro 3. 37. 25. Itens avaliados na qualidade das próteses totais: fatores clínicos, escore atribuído e número de conversão de acordo com Sato et al. (1998). Natal/RN, 2015.............................................................................................. 32.

(11) LISTA DE TABELAS Tabela 1. Valores do Índice Kappa intra-examinador e interexaminador. Natal/RN, 2015 .............................................................................................................. 35. Tabela 2. Condições gerais dos idosos analisados. Natal/RN, 2015 ............................ 38. Tabela 3. Distribuição dos idosos quanto às condições relacionadas às próteses. Natal/RN, 2015 ............................................................................................ 39. Tabela 4. Fatores associados à performance mastigatória. Natal/RN, 2015 ................ Tabela 5. Avaliação dos idosos em relação a aspectos funcionais, sociais e. 40. psicológicos. Natal/RN, 2015 ...................................................................... 41 Tabela 6. Uso de próteses totais inferiores e avaliação da função mastigatória. Natal/RN, 2015 ............................................................................................ Tabela 7. 42. Relação entre a avaliação dos idosos e a performance mastigatória. Natal/RN, 2015 ............................................................................................ 43.

(12) LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CAAE. Certificado de Apresentação para Apreciação Ética. CEP-HUOL. Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Onofre Lopes. DMP ou X50. Diâmetro mediano das partículas. DVR. Dimensão Vertical de Repouso. EM. Eficiência mastigatória. ILPI. Instituições de Longa Permanência para Idosos. NR. Não respondeu. NS. Não sabe. OHIP. Oral Health Impact Profile. OHIP-Edent. Oral Health Impact Profile for Edentulous. PM. Performance mastigatória. PT. Prótese total. PTs. Próteses totais. Q25. Quartil 25. Q75. Quartil 75. QT. Qualidade Técnica. RN. Rio Grande do Norte. UFRN. Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

(13) LISTA DE SÍMBOLOS. cm3. centímetros cúbicos. g. Gramas. mL. Mililitro. mm. Milímetros. ºC. Celsius. ≥. Maior ou igual. ®. Marca registrada.

(14) SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 13. 2. REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................... 15. 3. OBJETIVOS ......................................................................................................... 20. 3.1. GERAIS ................................................................................................................. 20. 3.2. ESPECÍFICOS ....................................................................................................... 20. 4. METODOLOGIA ................................................................................................ 21. 4.1. CONSIDERAÇÕES ÉTICAS ................................................................................ 21. 4.2. NATUREZA DO ESTUDO ................................................................................... 21. 4.3. LOCAL E POPULAÇÃO ESTUDADA ............................................................... 21. 4.4. CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO ...................................................... 21. 4.5. PROCESSO DE AMOSTRAGEM ........................................................................ 22. 4.6. VARIÁVEIS DO ESTUDO E INSTRUMENTOS DE AFERIÇÃO DOS DADOS .................................................................................................................. 22. 4.6.1 Performance mastigatória (PM) ......................................................................... 25. 4.6.2 Avaliação dos idosos quanto à capacidade mastigatória .................................. 30. 4.6.3 Presença e número de doenças crônicas ............................................................. 30. 4.6.4 Avaliação da Qualidade Técnica (QT) das Próteses ......................................... 31. 4.7. CALIBRAÇÃO DOS EXAMINADORES ............................................................ 35. 4.8. ANÁLISE DOS DADOS ....................................................................................... 36. 5. RESULTADOS ..................................................................................................... 37. 5.1. CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO ............................................................ 37. 5.2. PERFORMANCE MASTIGATÓRIA E FATORES ASSOCIADOS .................. 40. 5.3. AVALIAÇÃO DOS IDOSOS EM RELAÇÃO À FUNÇÃO MASTIGATÓRIA ................................................................................................................................ 41. 6. DISCUSSÃO ......................................................................................................... 44. 7. CONCLUSÕES .................................................................................................... 49. REFERÊNCIAS ................................................................................................... 50. APÊNDICES ......................................................................................................... 55. ANEXOS ............................................................................................................... 57.

(15) 13. 1 INTRODUÇÃO A perda de todos os dentes corresponde a uma condição crônica com impactos funcionais, sociais, estéticos e psicológicos. Na população idosa, essa condição é especialmente prevalente (MENDONÇA et al., 2009; PIUVEZAM; LIMA, 2013). Dados do SBBrasil 2010 mostram que o número, em média, de dentes perdidos, cariados e obturados em idosos é de 27,53, com destaque para o componente “dentes perdidos” (média de 25,29 dentes) (BRASIL, 2011; PIUVEZAM; LIMA, 2013). Em relação à função mastigatória, o edentulismo está frequentemente associado à redução do potencial mastigatório e à má condição nutricional (MENDONÇA et al., 2009; ALTENHOEVEL et al., 2012; BAJORIA; SALDANHA; SHENOY, 2012; COUSSON et al., 2012). A mastigação desempenha um papel essencial ao promover a fragmentação dos alimentos. Essa trituração em pequenas partículas e o aumento da área de superfície do alimento facilita o processo enzimático no sistema digestório. Quando deficiente, a função mastigatória resulta na deglutição de grandes pedaços de alimentos ou em alteração da dieta para alimentos mais fáceis de serem mastigados. Assim, indivíduos que apresentam uma função insatisfatória mudam o tipo de alimentação, podendo ter como consequência a má nutrição (POCZTARUK et al., 2009). Isso pode torná-los mais suscetíveis à instalação de doenças sistêmicas e também estar associado a uma pior qualidade de vida relacionada à saúde bucal (BUDTZ-JORGENSEN; CHUNG; RAPIN, 2001; POCZTARUK et al., 2009). As próteses totais convencionais (PTs), assim, são empregadas com o objetivo de reverter as consequências da perda dentária, principalmente naquelas pessoas que não podem se submeter a tratamento com implantes dentários (MENDONÇA et al., 2009). Comparada à condição totalmente edêntula, sugere-se que o uso desses dispositivos protéticos está associado com uma melhor qualidade dietética, melhor satisfação, eficiência mastigatória e melhor qualidade de vida (BAJORIA; SALDANHA; SHENOY, 2012). Porém, muitos adultos e idosos têm uma menor capacidade para se adaptar às limitações impostas pelo uso das PTs e à habilidade de aprender a complexa quantidade de reflexos requeridos para o controle destas na boca (BAJORIA; SALDANHA; SHENOY, 2012). Sabe-se que, comparadas aos indivíduos dentados, a função mastigatória de pessoas totalmente edêntulas é reduzida (MANLY; BRALEY, 1950; KAPUR; SOMAN, 2006; MENDONÇA et al., 2009). Em idosos, devido a associação de diversos fatores (como, por exemplo, perda dentária, redução da força dos músculos mastigatórios, xerostomia e.

(16) 14. disfunção das glândulas salivares), essa condição pode ser especialmente crítica (ALTENHOEVEL et al., 2012). Porém, nem sempre ocorre associada a um impacto negativo na qualidade de vida (AWAD et al., 2003; HEYDECKE et al., 2003). Dentre os grupos de idosos, aqueles institucionalizados apresentam condições de saúde bucal ainda mais críticas: nível de edentulismo elevado, ausência de próteses, na maioria das vezes, ou piores condições das próteses, quando presentes (PIUVEZAM; LIMA, 2013). O fenômeno do envelhecimento populacional que está ocorrendo em um contexto de significativas mudanças sociais e na configuração dos arranjos familiares resulta em um crescimento da população muito idosa (80 anos ou mais) (CAMARANO; KANSO, 2010). E, embora a legislação brasileira estabeleça que o cuidado dos membros dependentes deva ser responsabilidade das famílias, este se torna cada vez mais escasso, em função da redução da fecundidade e da crescente participação da mulher no mercado de trabalho. Tal situação passa a requerer que o Estado e o mercado privado dividam com a família as responsabilidades no cuidado. Assim, uma das alternativas de cuidados não-familiares existentes corresponde às instituições de longa permanência para idosos (ILPI), públicas ou privadas (CAMARANO; KANSO, 2010). Na literatura ainda existem lacunas quanto à análise objetiva da função mastigatória e possíveis fatores associados à ela, principalmente quando em relação aos idosos institucionalizados, frequentemente postos à margem da sociedade. Em associação a isso, percebe-se, também, a necessidade de saber se essa condição está relacionada à impactos na vida desses idosos e se eles enxergam uma baixa função mastigatória como uma condição negativa em sua vida. Levando em consideração esses aspectos, propôs-se a realização do presente estudo..

(17) 15. 2 REVISÃO DE LITERATURA A perda dentária é considerada um problema de saúde pública mundial, principalmente em relação ao impacto negativo que ela causa na qualidade de vida. Estudos conduzidos em diferentes regiões do mundo mostram dados de prevalência ligeiramente divergentes. Na Espanha, o percentual de idosos desdentados totais é de 31% (PIUVEZAM; LIMA, 2013). Na população Nórdica, esse valor varia de 14 a 40%, com dados semelhantes relatados por estudos na Alemanha e nos Estados Unidos (KANDELMAN et al., 1986; NITSCHKE, 2001). No Brasil, os dados do Projeto SBBrasil evidenciam um edentulismo elevado (BRASIL, 2011). Consequentemente, a necessidade de prótese relatada também é alta: 63,1% dos idosos no Brasil, na faixa etária de 65 a 74 anos, utilizam próteses totais convencionais superiores e 37,5%, próteses totais inferiores. Além disso, 23,9% necessitam de prótese total em pelo menos um maxilar e 15,4%, nos dois maxilares (BRASIL, 2011). Para os idosos institucionalizados, os dados são semelhantes. Piuvezam e Lima (2013) verificaram fatores associados com a perda dentária em 1.992 idosos residentes de ILPI do Brasil. Em seus resultados, eles constataram que a média de dentes perdidos por pessoa foi de 27,88, em que 45,7% dos idosos institucionalizados necessitavam de PT superior e 51,3%, de PT inferior. As consequências de uma perda dentária tão significativa são inúmeras. Vão desde limitações funcionais a problemas psicológicos, que influenciam diretamente a qualidade de vida (BAJORIA; SALDANHA; SHENOY, 2012). A limitação funcional corresponde principalmente à mastigação e a dificuldade de ingerir os alimentos, provenientes de um déficit da performance mastigatória (PM), especialmente no caso de próteses totais removíveis convencionais (WALLS; STEELE, 2004). Por serem controladas apenas pelo equilíbrio da musculatura oral e forças de adesão e coesão com a mucosa, elas podem ser desestabilizadas durante a mastigação do bolo alimentar, tornando a alimentação um processo desconfortável. Isso faz com que alimentos mais consistentes e fibrosos sejam preteridos aos menos consistentes (WALLS; STEELE, 2004; COUSSON et al., 2012). Ao longo dos anos, a função mastigatória dos indivíduos têm sido avaliada por diversos métodos, entre eles destacam-se a habilidade e a performance mastigatória. A habilidade mastigatória é obtida subjetivamente e corresponde à função mastigatória relatada pelos próprios indivíduos; já a performance mastigatória é aferida por meio de um método objetivo (BUDTZ-JORGENSEN; CHUNG; RAPIN, 2001)..

(18) 16. O padrão-ouro empregado para avaliá-la corresponde ao método que afere a distribuição de partículas de diferentes tamanhos após a mastigação de um determinado alimento (MOLENAAR et al., 2012; SANCHEZ-AYALA et al., 2015). Esse método foi descrito pela primeira vez em 1900 por Gaudenz e aperfeiçoado ao longo dos anos por diversos pesquisadores (OLTHOFF et al., 1984; SLAGTER et al., 1992; SLAGTER et al., 1993; VAN DER BILT et al., 2010). O método consiste na mastigação de um alimento artificial pelo indivíduo, seguido pelo seu peneiramento em um conjunto de tamises com aberturas determinadas. O material retido em cada peneira é pesado e submetido a equações específicas para que seja obtido o diâmetro mediano das partículas (DMP ou X50) (MENDONÇA et al., 2009; VAN DER BILT et al., 2010; SILVA et al., 2011; SANCHEZAYALA et al., 2015). Assim, quanto menor o diâmetro encontrado, melhor a performance mastigatória. Na aplicação desse método, os dois principais alimentos-teste utilizados são a base de silicone de condensação: o Optosil (Heraeus Kulzer®, Alemanha) e o Optocal, obtido a partir da aglutinação de Optosil, gesso odontológico, alginato, vaselina sólida, creme dental e catalisador. Slagter, Bosman e Van Der Bilt (1993) analisaram a diferença de trituração desses dois materiais por indivíduos dentados e desdentados usuários de próteses totais. Todos os pacientes mastigaram porções de 17 cubos (aproximadamente 3cm3) de ambos os alimentos. Um sistema de peneiras, com aberturas variando de 5,6 a 0,5 milímetros, foi utilizado. Os resultados indicaram que o Optocal foi melhor triturado que o Optosil e os usuários de próteses totais relataram maior facilidade para triturá-lo. Baseado nessa vantagem, os autores sugeriram que seria interessante utilizá-lo nos testes de performance mastigatória em usuários de PTs. Em relação à performance mastigatória de indivíduos desdentados, sabe-se que ela é reduzida quando comparada à de indivíduos dentados (MANLY; BRALEY, 1950; KAPUR; SOMAN, 2006; MENDONÇA et al., 2009). Isso também está relacionado à força máxima de mordida que, em usuários de PTs, é um quinto a um sexto da força de mordida daqueles que apresentam toda a dentição natural (SLAGTER et al., 1992). Assim, para o desempenho dessa performance, uma condição dentária/protética adequada e uma função muscular satisfatória são essenciais (BUDTZ-JORGENSEN; CHUNG; RAPIN, 2001). Em indivíduos idosos, ocorre uma redução significativa da atividade dos músculos mastigatórios, e, nos pacientes edêntulos, há a ausência dentária, o que reduz ainda mais a capacidade mastigatória (ALTENHOEVEL et al., 2012). Associado a isso, existem outros fatores que podem influenciar essa performance, como: qualidade das próteses, disfunção de glândulas salivares.

(19) 17. e xerostomia, frequentes em idosos, além de hábitos dietéticos (BUDTZ-JORGENSEN; CHUNG; RAPIN, 2001). Em termos nutricionais, essas condições são, geralmente, consideradas como fatores contribuintes para desenvolvimento de má nutrição em pacientes idosos e residentes de asilos (ALTENHOEVEL et al., 2012), cuja prevalência é predominantemente alta (MOJON; BUDTZ-JORGENSEN; RAPIN, 1999; BUDTZJORGENSEN; CHUNG; RAPIN, 2001; COUSSON et al., 2012) Alguns estudos desenvolvidos previamente buscaram avaliar a PM de indivíduos desdentados em relação a de indivíduos dentados (MENDONÇA et al., 2009; POCZTARUK et al., 2009; SPEKSNIJDER et al., 2009). Pocztaruk et al. (2009) compararam a performance mastigatória entre usuários de próteses totais convencionais superiores e inferiores (n = 12, cuja média de idade foi de 61 anos - ± 4,64 anos) e indivíduos dentados (n = 12), por meio da mastigação do alimento-teste Optocal Plus (versão brasileira) utilizando 40 ciclos mastigatórios. O material mastigado foi submetido a análise granulométrica e a PM foi determinada pelo diâmetro mediano das partículas, obtida pela aplicação da equação de Rosin-Rammler (OLTHOFF et al., 1984). O DMP ou X50 foi significativamente maior para usuários de próteses totais, com uma média de 6,47 milímetros (± 2,84), comparada a uma média de 2,69 mm (± 0,44) para indivíduos dentados. Isso significa que os indivíduos dentados apresentaram uma performance mastigatória 60% melhor que os indivíduos reabilitados com PTs convencionais (POCZTARUK et al., 2009). Ekelund (1989) avaliou a saúde bucal de 480 idosos residentes em 24 instituições da Finlândia em relação à habilidade mastigatória. Os participantes foram questionados quanto à sua capacidade de comer os alimentos que eles desejavam. Em caso de respostas positivas, a habilidade mastigatória foi considerada boa; em casos negativos, ela foi considerada pobre. Dos 480 idosos, 60% eram desdentados totais e 37,9% usavam próteses totais. Cinquenta e nove vírgula dois por cento (59,2%) dos idosos desdentados totais que não utilizavam dentaduras apresentaram uma habilidade mastigatória pobre, ao passo que 74,5% dos idosos edêntulos que utilizavam prótese total dupla relataram uma habilidade mastigatória boa. Brodeur et al. (1993) avaliaram o efeito da eficiência mastigatória (EM) no estado nutricional e prevalência de desordens gastrointestinais em 367 idosos edêntulos nãoinstitucionalizados. Para tanto, os indivíduos foram solicitados a mastigar 1,5 g amêndoas até o momento que corresponderia à deglutição. O material expectorado foi tamisado em uma peneira cuja malha tinha 4 mm de abertura e o volume do alimento que passou pela peneira foi dividido pelo volume inicial. Valores abaixo de 80% indicaram uma função mastigatória.

(20) 18. pobre. Quarenta e sete por cento dos indivíduos apresentaram uma baixa EM. Os resultados foram piores para mulheres, que viviam sozinhas e que utilizavam suas próteses ocasionalmente. Associado a isso, foi observado que houve um baixo consumo de frutas e vegetais naqueles indivíduos cuja EM foi menor que 80% e uma maior ingestão de medicamentos para doenças gastrointestinais. Tzakis e colaboradores avaliaram, em 1994, alguns parâmetros relacionados à função mastigatória em 35 idosos mais longevos (idade ≥ 90 anos) na cidade Gotemburgo, na Suécia. Quarenta por cento (40%) dos idosos eram totalmente edêntulos, cuja função mastigatória relatada foi, predominantemente, boa (71%). Diferentemente, Slade, Spencer e RobertsThomson (1996) avaliaram a relação da perda dentária com a capacidade mastigatória de 1160 idosos da cidade de Adelaide (Austrália). Do total de idosos, 41,1% eram edêntulos totais; e desses, 58,6% relataram inabilidade para mastigar pelo menos um alimento. Esse valor foi significativamente diferente do percentual de indivíduos com perda dentária de até 8 dentes que relataram ter alguma dificuldade para mastigar (6,1%), demonstrando a importante relação que existe entre a função mastigatória e a condição dentária. Sheiham et al. (1999) avaliaram, em idosos institucionalizados (n = 275) e nãoinstitucionalizados (n = 881) da Inglaterra, como a condição dentária afeta a habilidade dos indivíduos em comer alimentos comuns. O percentual de idosos totalmente edêntulos foi de 68,8% e de 45,9%, respectivamente. Os autores observaram que idosos desdentados totais que não moravam em instituições tiveram maior dificuldade em comer tomates, cenouras, maçãs e nozes, em comparação aos idosos dentados. Os idosos institucionalizados, por sua vez, relataram mais problemas ao comer: 50 a 56% dos idosos não podiam ou tinham dificuldade para comer nozes, maçãs e cenouras cruas. Esse dado é semelhante ao encontrado em idosos hospitalizados. Peltola e Vehkalahti (2005) avaliaram, na Finlândia, a habilidade mastigatória de 260 idosos hospitalizados. Dos idosos que não tinham nenhum dente funcional (46%) e que não utilizavam próteses, 86% relataram uma habilidade mastigatória pobre, porém não houve relação entre ela e o gênero ou a idade. Lucena et al. (2011) correlacionaram a performance mastigatória com a satisfação de 28 pacientes desdentados usuários de próteses totais. Os participantes apresentaram uma média de idade de 71,1 anos (± 8,6), no entanto a idade variou de 52 a 88 anos. A PM foi avaliada pela análise granulométrica, após a mastigação de 17 cubos de Optocal pelo paciente. O X50 médio foi de 5,5 mm (± 1,0), relatado pelos autores como um valor que reflete uma condição mastigatória muito baixa; além disso, não esteve associado à satisfação do paciente.

(21) 19. quanto à habilidade mastigatória, ao conforto e à estabilidade das próteses. Valor semelhante do X50 foi relatado por Speksnijder et al. (2009), ao comparar a PM em desdentados totais reabilitados com próteses totais convencionais, PT superior e overdenture inferior e pessoas com dentição natural. O grupo de usuários de PT dupla era predominantemente formando por idosos (média de idade de 60,5 anos) e apresentou um X50 médio de 5,3 mm (± 0,7). A maioria dos estudos que avaliam a função mastigatória em idosos concentram-se em métodos subjetivos de análise (EKELUND, 1989; BRODEUR et al., 1993; TZAKIS; OSTERBERG; CARLSSON, 1994; SLADE; SPENCER; ROBERTS-THOMSON, 1996; SHEIHAM et al., 1999; PELTOLA; VEHKALAHTI, 2005). No entanto, esses métodos apresentam uma limitação potencial que é a dificuldade em distinguir se os participantes da pesquisa são incapazes de comer os alimentos devido à limitação física ou porque eles simplesmente não gostam destes alimentos (ALLEN; MCMILLAN, 2002). Diante dessas limitações, a análise da função mastigatória por métodos objetivos torna-se potencialmente relevante..

(22) 20. 3 OBJETIVOS 3.1 GERAL i) Avaliar a função mastigatória em idosos institucionalizados totalmente edêntulos; 3.2 ESPECÍFICOS i) Avaliar a performance mastigatória em idosos institucionalizados totalmente edêntulos; ii) Identificar fatores gerais e protéticos associados à performance mastigatória em idosos institucionalizados totalmente edêntulos; ii) Analisar a experiência mastigatória dos idosos de maneira subjetiva; iii) Identificar se existe associação entre o uso de próteses totais e a avaliação da experiência mastigatória pelos idosos; iv) Aferir a relação que existe entre a avaliação subjetiva da mastigação pelos idosos e a performance mastigatória obtida..

(23) 21. 4 METODOLOGIA 4.1 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS O projeto de pesquisa no qual este estudo se insere foi submetido à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Onofre Lopes (CEP-HUOL), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), com o número de Certificado de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE) correspondente à 40436414.0.0000.5292, sendo aprovado sob o parecer 1.043.549. (ANEXO A). 4.2 NATUREZA DO ESTUDO Trata-se de um estudo seccional, do tipo individuado, tendo o idoso desdentado bimaxilar institucionalizado como objeto de análise. Com relação à posição do investigador, é observacional e, no que diz respeito à dimensão temporal, caracteriza-se como sendo transversal. 4.3 LOCAL E POPULAÇÃO DO ESTUDO A pesquisa foi desenvolvida em todas as Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI) da região metropolitana de Natal/RN, durante o período de agosto de 2014 a outubro de 2015, cujo objeto de análise consistiu em idosos desdentados totais que residem em ILPI usuários ou não de próteses convencionais. 4.4 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO 4.4.1 Critérios de inclusão Enquadraram-se na pesquisa indivíduos desdentados totais com idade igual ou superior a 60 anos de idade, independentes ou parcialmente dependentes das atividades de vida diárias, com condições sistêmicas e cognitivas satisfatórias para se submeter às análises propostas pelo estudo. As condições sistêmicas e cognitivas foram identificadas por meio do prontuário médico do idoso. 4.4.2. Critérios de exclusão Idosos reabilitados com próteses totais sobre implantes em pelo menos um dos. maxilares foram excluídos..

(24) 22. 4.5 PROCESSO DE AMOSTRAGEM A amostra foi composta por todos os idosos residentes em ILPI da região metropolitana de Natal que se enquadraram nos critérios de inclusão e exclusão e que aceitaram participar do estudo. Na região metropolitana de Natal, existem 18 instituições de longa permanência para idosos. Todas foram convidadas a participar do estudo, porém 4 recusaram a sua participação. Existem, nas 14 ILPI analisadas, 457 idosos residentes em Instituições de Longa Permanência para Idosos, 318 em Natal e 139 nas cidades de Ceará-Mirim, Macaíba, Parnamirim e São José de Mipibu. Desses, 247 (54,0%) são desdentados totais. Após consultar o prontuário médico dos idosos nas instituições, apenas 43 idosos se enquadraram nos critérios de inclusão pré-determinados. Desses, 3 recusaram a sua participação. Vinte idosos foram excluídos porque eram acamados e totalmente dependentes e 184, devido ao estágio avançado de demência dos idosos (74,5% dos idosos totalmente edêntulos). Considerando um nível de significância de 5% e poder do teste de 80%, para a análise dos fatores associados à performance mastigatória, esse número de 40 idosos é capaz de identificar uma diferença igual ou maior que 0,26 mm no valor do X50 entre os grupos, considerando, para o tamanho mediano das partículas, uma média de 6,93 mm e um desviopadrão de 0,41 mm (DEAN; SULLIVAN; SOE, 2015). 4.6 VARIÁVEIS DO ESTUDO E INSTRUMENTOS DE AFERIÇÃO DOS DADOS A variável dependente de interesse consiste na performance mastigatória, aferida através do Diâmetro Mediano das Partículas (X50 ou DMP). No entanto, a avaliação dos idosos em relação a aspectos funcionais, sociais e psicológicos diretamente relacionados à mastigação também foi obtida. Foram coletados dados gerais referentes à idade, ao sexo, à escolaridade, à presença e ao número de doenças crônicas. Uso de próteses totais, tempo de uso das PTs e qualidade técnica das PTs também foram obtidos, por meio de perguntas e exame clínico. Dos 7 itens avaliados na qualidade técnica das próteses, cinco foram propostos para serem analisados individualmente quanto à sua relação com a performance mastigatória: distância interoclusal, estabilidade da prótese inferior, oclusão durante movimentos excursivos (articulação), oclusão em relação cêntrica e retenção da prótese inferior. Estão descritas no Quadro 1 as classificações das variáveis e respectivos instrumentos de análise utilizados..

(25) 23. Quadro 1 – Classificação e instrumentos de análise empregados para as variáveis dependentes e independentes do estudo. Natal/RN, 2015. Classificação Classificação Instrumento de Variável epidemiológica Estatística análise/critérios Variável Quantitativa DMP ou X50, em Performance mastigatória dependente contínua milímetros 0 – Nunca Você sentiu dificuldade para mastigar Variável Categórica 1 – Às vezes algum alimento? dependente ordinal 2 – Quase sempre 0 – Nunca Variável Categórica Você sentiu desconforto ao comer? 1 – Às vezes dependente ordinal 2 – Quase sempre 0 – Nunca Você se sentiu constrangido por causa de Variável Categórica 1 – Às vezes seus dentes, boca ou dentaduras? dependente ordinal 2 – Quase sempre 0 – Nunca Você teve que evitar comer alguma Variável Categórica 1 – Às vezes coisa? dependente ordinal 2 – Quase sempre 0 – Nunca Você teve que interromper suas Variável Categórica 1 – Às vezes refeições? dependente ordinal 2 – Quase sempre Você se sentiu perturbado(a) com 0 – Nunca Variável Categórica problemas com seus dentes, boca ou 1 – Às vezes dependente ordinal dentaduras? 2 – Quase sempre Você sentiu que a vida em geral foi 0 – Nunca Variável Categórica menos satisfatória devido a problemas 1 – Às vezes dependente ordinal com seus dentes, boca ou dentaduras? 2 – Quase sempre Variável Categórica 1 – Masculino Sexo independente nominal 2 – Feminino Variável Quantitativa Idade Anos independente discreta 1 – Analfabeto 2 – Ens. Fundamental I Variável Categórica 3 – Ens. Fundamental II Nível de escolaridade independente ordinal 4 – Ens. Médio 5 – Ens. Superior 6 – NS Variável Categórica 1 – Sim Presença de doenças crônicas independente nominal 2 – Não Variável Quantitativa Número de doenças crônicas independente discreta Variável Categórica 1 – Sim Uso de prótese total superior independente nominal 2 – Não Variável Categórica 1 – Sim Uso de prótese total inferior independente nominal 2 – Não Variável Quantitativa Tempo de uso de prótese total superior Anos independente discreta.

(26) 24. Tempo de uso de prótese total inferior. Qualidade técnica das próteses totais. Fonte: o autor.. Variável independente. Variável independente. Quantitativa discreta. Anos. Categórica ordinal. Questionário elaborado por Sato et al. (1998), que classifica a QT em: 1 – Ruim 2 – Regular 3 – Boa.

(27) 25. 4.6.1 Performance mastigatória (PM) i) Obtenção do alimento artificial A performance mastigatória foi avaliada por meio da mastigação de pedaços de um alimento teste artificial, denominado Optocal, preconizado por Slagter et al. (1992), Slagter, Bosman e Van Der Bilt (1993) e utilizado por Mendonça et al. (2009) e Pocztaruk et al. (2009), cuja composição está descrita no Quadro 2. Quadro 2 – Materiais, e respectivas especificações, utilizados na confecção do alimento-teste Optocal. Natal/RN, 2015. Nome Porcentagem Quantidade em Material Fabricante Origem comercial em peso (%) gramas (g) Optosil Silicone para Heraeus Comfort Alemanha 57% 53g impressão Kulzer, Putty Colgate ColgateCreme dental tripla-ação Palmolive Brasil 27% 25g hortelã Company Vaselina sólida Vaselina Rioquímica Brasil 3% 3g Gesso Gesso pedra odontológico Asfer Brasil 9% 8g tipo III tipo III Alginato Alginato Avagel Tipo Dentsply Brasil 4% 4g II Pasta Activador Heraeus catalisadora Alemanha 27mg/g 1,43g Universal Kulzer universal Fonte: o autor.. Os componentes foram aglutinados e a massa homogeneizada foi, então, inserida em moldes metálicos com compartimentos cúbicos com dimensões de 5,6 x 5,6 mm de extensão e 5,6 mm de altura, previamente vaselinados. Para assegurar a completa polimerização do material, a matriz contendo o alimento-teste foi estocada em uma estufa bacteriológica (Modelo SL 101 – Solab Equipamentos para Laboratórios, São Paulo, Brasil) a 60ºC durante 16 horas. Após isso, o alimento-teste, já em formato de cubos, foi pesado em balança de precisão de 0,001g (Modelo AD330, Marte Científica, Minas Gerais, Brasil) em porções de 3,0g, sendo descartado após um período de 7 dias (Figura 1)..

(28) 26. Figura 1 – Obtenção do alimento-teste Optocal. Natal/RN, 2015.. Fonte: o autor. Notas: 1-a Massa obtida pela mistura do creme dental, alginato, gesso e vaselina (em azul claro) e a porção de silicone pesado (amarelo); 1-b Aglutinação dos materiais para obtenção do Optocal; 1-c Material inserido na matriz para a formação dos cubos com tamanhos padronizados; 1-d Cubos de Optocal obtidos após a polimerização completa do material e pesados em quantidades de 3,0 gramas.. ii) Trituração do alimento artificial (Optocal) Todos os pacientes receberam orientações antes do experimento em relação à quantidade de movimentos mastigatórios a serem realizados e, também, quanto ao bochecho a ser executado após a mastigação (em número de três). Uma porção dos cubos totalizando 3,0 gramas foi entregue a cada idoso, após desinfecção por aspersão com clorexidina (CAMPOS et al., 2013), para a mastigação durante 20 ciclos mastigatórios monitorados pelo examinador. Esta quantidade de ciclos foi selecionada por ser muito próxima do momento da deglutição, em que cada ciclo corresponde a uma mordida máxima simulando a mastigação. Com o alimento no interior da cavidade bucal, os pacientes, sentados em cadeira em posição confortável, a fim de não alterar o processo de trituração do material-teste, escolheram a melhor forma para mastigar. Após a mastigação, o alimento era recolhido em.

(29) 27. um recipiente descartável e o participante era solicitado a realizar três enxágues com 200ml de água, duas vezes com as próteses e uma vez sem as próteses. A água dos enxágues foi coletada juntamente com as partículas existentes nas próteses e o material mastigado, assegurando, assim, a remoção de todo o resíduo (Figura 2). Figura 2 – Alimento acondicionado em recipiente descartável após ser expelido pelos participantes da pesquisa. Natal/RN, 2015.. Fonte: o autor.. iii) Tamisação Em seguida, o material recolhido era despejado na parte superior de um conjunto de oito tamises granulométricas (BerTel® Indústria Metalúrgica Ltda., São Paulo, Brasil) com aberturas de 5,6; 4,0; 2,8; 2,0; 1,4; 1,0; 0,71 e 0,5 mm, acopladas em ordem decrescente, de acordo com o tamanho da abertura de seus orifícios (Figura 3). A tamisação era realizada com um litro de água corrente vertida no conjunto de tamises sobre vibração durante dois minutos (Vibrador Vibramestre, Kota Imp.®, São Paulo, Brasil), utilizando 7.200 vibrações por minuto, na potência 1. Após a tamisação, o conteúdo retido em cada tamise era coletado e colocado para secar naturalmente (Figura 4). Após uma secagem de, no mínimo, 3 dias, a massa contida em cada recipiente era mensurada separadamente em balança com precisão de 0,001 gramas (Modelo AD330, Marte Científica, Minas Gerais, Brasil) por um único examinador. Os valores da pesagem em gramas, de cada paciente, separados pelas diferentes malhas do sistema de peneiras, foram tabulados e submetidos à análise do X50..

(30) 28. Figura 3 – Conjunto de tamises e suas características. Natal/RN, 2015.. Fonte: o autor. Notas: 3-a Peneiras granulométricas utilizadas no estudo; 3-b Peneira com abertura de malha de 5,6 mm; 3-c Peneira com abertura de malha de 0,5 mm..

(31) 29. Figura 4 – Processo de tamisação. Natal/RN, 2015.. Fonte: o autor. Notas: 4-a Material coletado sendo vertido no conjunto de tamises; 4-b Material retido na peneira com malha de abertura de 5,6 mm; 4-c Aparência dos cubos de Optocal antes da mastigação; 4-d Optocal que ficou retido na peneira de malha de 5,6 mm acondicionado em um recipiente plástico; 4-e Optocal que ficou retido na peneira de malha de 4,0 mm acondicionado em um recipiente plástico.. iii) Método de análise do Diâmetro Mediano das Partículas (DMP ou X50) O DMP foi obtido a partir da aplicação da equação proposta por Rosin e Rammler (1933 apud VAN DER BILT et al., 1993; ALFONSO-SANCHEZ et al., 2015): 𝑿. 𝑸𝒘− (𝑿) = 𝟏 − 𝟐−(𝑿𝟓𝟎). 𝒃. Em que: “Qw –” corresponde à porcentagem do peso cumulativo das partículas, ou seja, a porcentagem das partículas com diâmetro menores que X; “X” representa a abertura da maior peneira;.

(32) 30. “X50” corresponde à abertura “teórica” da peneira pela qual 50% do peso total das partículas mastigadas podem passar; e “b” é a variável que descreve a amplitude da distribuição das partículas ao longo das peneiras. Para a obtenção do valor do X50, os dados referentes aos pesos das partículas retidas em cada peneira foram transferidos ao software Microsoft Excel 2013 para determinação do percentual cumulativo do peso das partículas. Esses dados, juntamente com os valores correspondentes à abertura da malha das tamises foram transferidos ao software IBM SPSS Statistics 20 para determinação do valor do X50. Para tanto, foi utilizado o teste de regressão não-linear com a inserção da equação de Rosim-Rammler. 4.6.2 Avaliação dos idosos quanto à capacidade mastigatória Os dados referentes à avaliação dos idosos quanto à sua capacidade mastigatória e a impactos da mastigação em aspectos sociais e psicológicos foram obtidos a partir de 7 perguntas retiradas do OHIP-Edent, forma simplificada do questionário/formulário Oral Health Impact Profile (OHIP). O instrumento OHIP-Edent (ANEXO B) é considerado um bom indicador para captar percepções e sentimentos dos indivíduos sobre sua própria saúde bucal e suas expectativas em relação ao tratamento e serviços odontológicos, consistindo em uma metodologia previamente testada e validada para ser utilizada em avaliações com esta finalidade (SOUZA et al., 2007). Das 19 perguntas que compõem o questionário, apenas sete foram selecionadas para o estudo (APÊNDICE A), por estarem diretamente relacionadas com a função mastigatória e aspectos sociais, bem como por suas respostas independerem do uso ou não de prótese pelo indivíduo que está sendo entrevistado. 4.6.3 Presença e número de doenças crônicas A presença e o número de doenças crônicas foram obtidas a partir do prontuário do idoso, em que a doença foi diagnosticada por um médico. Ao final, a variável “número de doenças crônicas” foi categorizada em “Presença de até 2 doenças” e “Mais de 2 doenças crônicas”..

(33) 31. 4.6.4 Avaliação da Qualidade Técnica (QT) das Próteses A avaliação da qualidade técnica das próteses totais convencionais no presente estudo foi realizada através do uso do método de avaliação clínica desenvolvido por Sato et al. (1998) (APÊNDICE B). Este é um método de reprodução quantitativo de avaliação de sete fatores relevantes: a) arranjo dos dentes anteriores; b) distância interoclusal; c) estabilidade da prótese inferior; d) oclusão durante movimentos excursivos (articulação); e) oclusão cêntrica; f) retenção da prótese inferior; e g) extensão da borda da prótese inferior. Por esse motivo, a pontuação geral só pôde ser obtida daqueles idosos que utilizavam as duas próteses totais. A cada fator de avaliação foi atribuído um valor de conversão de acordo com o resultado encontrado. A pontuação foi feita da seguinte forma: cada fator 1, 2 e 3 foi calculado e transformado em um número de conversão. Assim, quanto melhor a condição da prótese, maior a pontuação (Quadro 3). A pontuação total variou de 0 (atribuída a pontuação 3 em todos os fatores) a 100 (pontuação 1 atribuída a todos os fatores). A partir deste cálculo, a qualidade das PTs foi classificada como ruim (0 a 55), regular (56 a 75) ou boa (76 a 100)..

(34) 32. Quadro 3 – Itens avaliados na qualidade das próteses totais: fatores clínicos, escore atribuído e número de conversão de acordo com Sato et al. (1998). Natal/RN, 2015. Número de Fatores Analisados Variáveis Escore Conversão Comprimento dos dentes anteriores e curva 1 13 Arranjo dos dentes do sorriso harmonizam. 2 2 anteriores Apenas um dos fatores é harmônico. 3 0 Nenhum dos fatores é harmônico. De 1 mm a 3mm. 1 12 Distância interoclusal > 3 mm a 7 mm. 2 1 < 1 mm ou > 7 mm. 3 0 Deslocamento dentro do padrão tecidual 1 12 Estabilidade da prótese normal. 2 8 inferior Instabilidade. 3 0 Deslocamento da prótese. Oclusão balanceada em ambos os lados. 1 16 Articulação Correta intercuspidação em um dos lados. 2 8 Sem oclusão balanceada. 3 0. Oclusão cêntrica. Correta intercuspidação em ambos os lados. Correta intercuspidação em apenas um dos lados. Intercuspidação incorreta.. 1 2 3. 14 13 0. Retenção da prótese inferior. Sem deslocamento. Deslocamento da prótese com dificuldade. Fácil deslocamento da prótese.. 1 2 3. 15 11 0. Extensão da borda da prótese inferior. Todos os pontos anatômicos são satisfatórios. De 1 a 5 pontos satisfatórios. Nenhum ponto satisfatório.. 1 2 3. 18 8 0. Fonte: o autor..

(35) 33. i) Arranjo dos dentes anteriores Verificou-se o comprimento dos dentes anteriores e a curva do sorriso, sendo considerada a harmonia deles com a face. O comprimento dos dentes artificiais foi avaliado de acordo com a linha do sorriso do paciente, considerando que a região cervical do incisivo central superior deve coincidir com tal linha. Em relação à curva do sorriso, foi considerado se a borda incisal dos incisivos centrais superiores tocava a linha da porção úmida do lábio inferior através da pronúncia dos sons “F” e “V”. Posteriormente, foi solicitado ao paciente que sorrisse para que a harmonia da curva do sorriso fosse verificada. Foi utilizado para o escore desses fatores o valor (1) para quando todos os fatores estivessem satisfatórios, (2) para somente um dos fatores e (3) para quando nenhum dos fatores analisados estivesse satisfatório. ii) Distância interoclusal Para que a distância interoclusal pudesse ser medida, foi solicitado ao paciente que sentasse na cadeira em uma posição confortável e que permanecesse desencostado da cadeira com a cabeça e troncos eretos, olhando para o horizonte, com os músculos faciais relaxados. Estando o paciente com as próteses superior e inferior, foram marcados dois pontos na linha mediana da face do paciente, um na região da ponta do nariz e outro na região de mento, que serviram de referência na medição da dimensão vertical de repouso (DVR). As mensurações foram feitas através de um método métrico realizado da seguinte maneira: movimentos mandibulares foram induzidos pelo paciente através da deglutição, seguido do umedecimento dos lábios e pronúncia da letra “M” por três vezes, até que uma estável posição de repouso fosse estabelecida. A distância entre os vértices dos triângulos foi conseguida utilizando um compasso e uma régua para determinação da DVR. Em seguida, o paciente ocluiu as próteses e foram realizadas novas mensurações entre os vértices. Nesse momento, a diferença entre a DVR e a dimensão vertical de oclusão foi obtida, determinando-se o valor da distância interoclusal do paciente. Os intervalos da distância interoclusal foram estabelecidos da seguinte forma: quando o valor deste espaço pertencesse ao intervalo maior ou igual a 1 e menor ou igual a 3mm o valor atribuído seria 1, quando maior que 3 e menor do que 7mm, o valor seria 2 e quando maior do que 7mm ou menor do que 1mm, o valor seria 3. iii) Estabilidade da prótese inferior Foi investigado se existia movimento da prótese no sentido horizontal, induzido por pressão manual nos primeiros pré-molares. Primeiro, uma pressão direta foi aplicada.

(36) 34. igualmente em ambos os lados. Depois, a mesma pressão foi aplicada separadamente no lado direito e esquerdo da prótese, complementada por uma pressão no sentido oblíquo de cada lado. Quando a movimentação da prótese ocorreu dentro de um padrão tecidual normal (de 1 a 2 mm), foi atribuído o valor 1, se ocorreu certa instabilidade (a prótese se moveu, mas não deslocou), foi atribuído o valor 2, por fim, se a prótese deslocou, foi considerado o valor 3. iv) Oclusão durante os movimentos excursivos (articulação) Em relação aos movimentos excursivos, foi avaliado se a prótese apresentou oclusão balanceada bilateral. Dessa forma, foi solicitado ao paciente que executasse o movimento de lateralidade com a mandíbula tanto para o lado direito quanto para o lado esquerdo. Os pontos foram checados através de papel carbono, observando-se quando estes prenderam sem deslocamento anormal das peças. O valor 1 foi atribuído quando ambos os lados articularam corretamente, valor 2, quando ocorreu somente um dos lados (trabalho ou balanceio) e três, quando não houve oclusão balanceada em nenhum dos lados. v) Oclusão cêntrica Foi investigada a existência de uma correta intercuspidação nos segmentos posteriores, solicitando ao paciente que ocluísse os dentes. Através do tracionamento das bochechas e observação visual, foi averiguado se ocorreram contatos bilaterais simultâneos nas próteses superior e inferior. Para essa situação foi anotado o valor 1, o valor 2 foi atribuído quando apenas um lado possuía correta intercuspidação e valor 3, quando não ocorreu correta intercuspidação em nenhum dos lados. Foi solicitado ao paciente que repetisse a operação pelo menos três vezes para que a correta posição fosse certificada, tornando o exame mais confiável. vi) Retenção da prótese inferior A retenção da prótese inferior foi examinada com a boca do paciente suavemente aberta. Através de uma força vertical aplicada nos incisivos centrais, foi observado se a prótese sofreu algum tipo de deslocamento. Se não houve deslocamento, foi atribuído valor 1, se houve deslocamento com dificuldade, valor 2, e, caso a prótese total deslocasse facilmente, foi atribuído o valor 3..

(37) 35. vii) Extensão da borda da prótese inferior A extensão da borda da prótese inferior foi analisada através de inspeção visual. Nesse momento, os tecidos moles do paciente foram levemente afastados e foi solicitado que este realizasse movimentos com a língua, tornando os limites linguais mais visíveis. Para se estabilizar a prótese total durante a movimentação da língua, foi aplicada uma suave pressão na região de pré-molares. Os pontos analisados foram: (1) 2/3 da papila piriforme do lado direito completamente coberta; (2) 2/3 da papila piriforme do lado esquerdo completamente coberta; (3) a linha milohioidea direita adequadamente contornada de forma anatômica; (4) a linha milohioidea esquerda adequadamente contornada de forma anatômica; (5) comprimento e forma do flanco lingual anterior correto; (6) comprimento e forma do flanco vestibular contornado de forma anatômica. Se todos os pontos estivessem satisfatórios, seria atribuído valor 1, se de 1 a 5 pontos estivessem satisfatórios, valor 2, e, se nenhum ponto estivesse satisfatório, valor 3. 4.7 CALIBRAÇÃO DOS EXAMINADORES A coleta dos dados foi realizada por dois examinadores previamente calibrados quanto à execução dos procedimentos das coletas. Foi feito o teste de concordância para os itens da qualidade técnica das próteses. As análises foram realizadas em 5 pessoas pelos 2 examinadores em um intervalo de 5 dias. Os valores do Índice Kappa estão expressos na Tabela 1. Em todos os casos, os valores do Índice Kappa foram maiores que 0,8, indicando uma concordância ótima (LANDIS; KOCH, 1977). A calibração não foi aplicada para as outras variáveis porque a sua avaliação não era subjetiva. Porém, todos os procedimentos foram rigidamente padronizados, incluindo o modo como as perguntas eram feitas. A pesagem do alimento foi feita por um único examinador. Tabela 1 – Valores do Índice Kappa intra-examinador e interexaminador. Natal/RN, 2015. Variável Arranjo dos dentes anteriores Distância interoclusal Estabilidade da prótese inferior Oclusão em cêntrica Oclusão durante movimentos excursivos Retenção da prótese inferior Borda da prótese inferior Fonte: o autor.. Intra-examinador 1 1,0 1,0 1,0 1,0. Índices de Concordância Intra-examinador 2 1,0 1,0 1,0 1,0. Interexaminador 1,0 1,0 1,0 1,0. 1,0. 1,0. 1,0. 1,0 1,0. 1,0 1,0. 1,0 1,0.

(38) 36. 4.8 ANÁLISE DOS DADOS Os dados obtidos foram armazenados e analisados através do software IBM SPSS Statistics 20. Inicialmente, realizou-se uma análise descritiva da população estudada segundo as variáveis sexo, idade, escolaridade, presença e número de doenças crônicas, uso de próteses totais, tempo de uso das próteses totais e qualidade técnica das próteses. A fim de identificar os fatores gerais e protéticos relacionados à performance mastigatória, foi realizada uma análise bivariada dos dados, utilizando o teste não-paramétrico de Mann-Whitney e Kruskal-Wallis. Para tanto, as variáveis quantitativas foram dicotomizadas pela mediana. Assim, “número de doenças crônicas” ficou categorizada em “presença de até 2 doenças crônicas” e “presença de mais de 2 doenças”. “Tempo de uso da PT superior” foi categorizada pela média do tempo de uso em: “até 12 anos de uso das próteses” e “mais de 12 anos de uso”; “tempo de uso da PT inferior” também foi dicotomizada pela média em: “mais de 9 anos de uso” e “menos de 9 anos de uso”. Do mesmo modo, categorizou-se a idade pela mediana em dois grupos: “mais de 79 anos de idade” e “79 anos de idade ou menos”. As perguntas referentes a avaliação dos idosos quanto à mastigação foram descritas através de valores absolutos e percentuais. Para tanto, os resultados foram dicotomizados em “não”, quando o idoso respondeu a questão com “nunca” e em “sim”, quando a resposta foi “às vezes” ou “quase sempre”. O teste Qui-quadrado de Pearson ou o teste Exato de Fisher foi empregado para verificar a existência de associação entre o uso de prótese inferior e a avaliação da capacidade/experiência mastigatória pelos idosos. A fim de verificar a relação existente entre a avaliação da função mastigatória e a PM, foi utilizado o teste nãoparamétrico de Mann-Whitney. O emprego de uma análise multivariada ficou limitado pelo reduzido número de idosos que participaram do estudo. Na realização de todos os testes, foi adotado o nível de significância de 5% e o poder do teste de 80%..

(39) 37. 5 RESULTADOS 5.1 CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO Foi avaliado um total de 40 idosos nas 14 instituições que aceitaram participar do estudo. Trinta e sete (37) deles residiam em 11 ILPI sem fins lucrativos e 3, em 2 ILPI com fins lucrativos. O principal fator que limitou o tamanho da amostra foi a condição de desorientação apresentada pelos participantes. Dos 247 idosos desdentados totais residentes em todas as ILPI da região metropolitana de Natal, 74,5% apresentaram um grau acentuado de desorientação, segundo o seu prontuário médico. A média de idade do total de idosos analisado foi de 79,30 anos (± 6,35). Os dados da Tabela 2 mostram a distribuição da amostra quanto à idade (categorizada pela média), ao sexo, à escolaridade e à presença e ao número de doenças crônicas. Além dessas condições gerais, são expostos, na Tabela 3, dados referentes ao uso, ao tempo de uso e às condições das próteses. Esses dados revelam o predomínio do sexo feminino sobre o sexo masculino, o baixo grau de estudo dos idosos e a elevada frequência de doenças crônicas (a hipertensão, a osteoporose e o diabetes, principalmente) (Figura 5). A maior parte dos idosos utilizavam próteses totais superiores, mas não, PTs inferiores. Dos 40 analisados, 10 não utilizavam nenhuma prótese. Em relação à qualidade técnica das próteses, a maior parte delas apresentavam uma qualidade ruim, principalmente em relação à estabilidade e à retenção da PT inferior, à ausência de uma correta intercuspidação em relação cêntrica e à ausência de oclusão balanceada bilateral durante movimentos excursivos. Além disso, pôde-se verificar que a maior parte dos idosos que utilizam as duas próteses (17 idosos) apresentam uma dimensão vertical de oclusão diminuída (76,5%)..

(40) 38. Tabela 2 – Condições gerais dos idosos analisados. Natal/RN, 2015. Condições gerais Idade Mais de 79 anos 79 anos ou menos. n (%) 21 (52,5) 19 (47,5). Sexo Feminino Masculino. 32 (80,0) 8 (20,0). Cor Negro Branco Pardo. 3 (7,5) 21 (52,5) 16 (40,0). Escolaridade Analfabeto Ensino Fundamental I Ensino Fundamental II Ensino médio Ensino superior Não sabe Doenças crônicas Presença Ausência. 15 (37,5) 16 (40,0) 3 (7,5) 3 (7,5) 1 (2,5) 2 (5,0) 37 (92,5) 3 (7,5). Nº de doenças crônicas Mais que 2 Até 2 doenças crônicas. 11 (27,5) 29 (72,5). Fonte: o autor.. Figura 5 – Percentual de doenças crônicas identificadas na população estudada. Natal/RN, 2015.. Hipertireoidismo Enxaqueca HIV/AIDS Insuficiência renal Câncer Parkinson DPOC Artrose Vestibulopatia Artrite Hipotireoidismo Cardiovascular Depressão Derrame/AVC Osteoporose Diabetes Hipertensão 0. 10. 20. 30. 40. % Fonte: o autor.. 50. 60. 70. 80.

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