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Sistema pesqueiro da Baía da Babitonga, litoral norte de Santa Catarina: uma abordagem etnoecológica

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Academic year: 2021

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Sistema pesqueiro da Baía da Babitonga, litoral norte de Santa

Catarina: uma abordagem etnoecológica

The fishing system of Babitonga Bay on the north coast of

Santa Catarina, Brazil: an ethnoecological approach

Luciana PINHEIRO'

Marta CREMER"

RESUMO

Este artigo caracteriza o sistema de pesca artesanal na Baía da Babitonga, região estuarina do litoral norte de Santa Catarina. Descreve as modalidades de pesca, formas de exploração dos recursos, características dos petrechos e dinâmicas na transformaçao da pesca local. A pesquisa se apoiou em entrevistas parcial-mente estruturadas, com informantes especialistas, e entrevistas semi-estruturadas, com informantes aleatórios.

Palavras-chave: etnoecologia, pesca artesanal, Baía da Babitonga.

ABSTRACT

This paper describes artisanal fisheries in Babitonga Bay, northem coast of Santa Catarina State, Brazil. Types of fisheries, practices of resouree exploration, characteristics of gear and transformations in the fisheries system are described. This research was strangly based on the local ecological knowledge of fishermen, obtaining data fram interviews with local experts, as well as questionnaires applied to randomly

selected fishermen.

Key words: ethnoecology, artisanal fisheries, Babitonga Bay.

Bióloga. Doutoranda em Meio Ambiente e Desenvolvimento pela Universidade Federal do Paraná. <lucianapbio@hotmail.com>

** Bióloga. Doutoranda em Zoologia pela Universidade Federal do Paraná. <mcremer@ilhanet.com.br>

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Cet article présente les caractéristiques du systeme de pêche artisanale employé à la baie de Babitonga, côte du nord de Santa Catarina, au Brésii. 11 décrit les modalités de pêche, les formes d' exploitation de la ressource, les caractéristiques des outillages et les dynamiques dans la transformation de la pêche locale.

Des entrevues avec des informateurs spécialistes et aléatoires ont guidé cette recherche, qui s'est basée sur la connaissance des pêcheurs.

Mots defs: Ethnoécologie, pêche artisanale, Baie de Babitonga.

Introdução

A pesca artesanal é realizada em toda a extensão costeira do estado de Santa Catarina, principalmente nas baías, lagoas e estuários, beneficiando direta ou indire-tamente 150 mil pessoas. Na Baía da Babitonga, localiza-da no litoral norte do estado, existem 33 comunilocaliza-dades ligadas a essa atividade que agregam 1.089 pescadores (RODRIGUES et aI., 1998).

De acordo com o artigo 2.° da Lei n.o 10.164, de 11 de maio de 1994, a pesca artesanal é definida como "ca profissional exercida ou não com embar"cação pes-queira, desde que sem vínculo empregatício com indús-tria, praticada em águas litorâneas e interiores com fins complementares ao regime de economia familiar". Rios (1976) tipifica a pesca artesanal a partir de uma série de características: embarcações e equipamentos rústicos ou de baixo custo; produção não organizada em grande es-cala; ausência de um sistema de frotas, com as embarca-ções pertencentes, em geral, a um único proprietário; inexistência de vínculo empregatício; parte da produção destinada ao auto-sustento; remuneração do tripulante com produto

in natura,

pelo sistema de meação.

As características da pesca artesanal, que tem suas práticas baseadas no conhecimento tradicional, trans-mitido de geração para geração, tornam essa atividade particularmente apropriada para abordagens etnoecológicas. A etnoecologia é a ciência que investi-ga como a natureza é vista, manejada e apropriada pelos grupos humanos (TOLEDO, 1992). Segundo Marques (2001), a etnoecologia leva em conta o etl1110S ("povo", "cultura") na oikos ("casa", "ambiente"), agindo de for-ma interdisciplinar, ao fazer a ligação entre as ciências sociais e naturais. Nesse sentido, pode ser entendida como uma ciência em ascensão, que dialoga com a

biolo-gia e com a antropolobiolo-gia, integrando aspectos intelectu-ais e práticos em sua abordagem (TOLEDO, 1992).

Nesse contexto, a recuperação do conhecimento tradicionail e sua inserção no corpo de conhecimento científico é uma das bases essenciais para diversas

áreas de pesquisa e para futuras propostas de conserva-ção das espécies. Além de possibilitar o acesso da pró-pria comunidade a informações sistematizadas.

A abordagem interdisciplinar da pesca artesanal

é

recente na história da pesquisa pesqueira e sua necessi-dade se coloca definitivamente apenas a partir do final dos anos 80 (DURAND; LEMOALLE; WEBER, 1991). Quensiere (1996) considera que as abordagens setoriais para a compreensão e gestão da pesca foram um fracas-so, enquanto CharIes (1991) aponta que a pesquisa pes-queira deve se voltar para a busca de modelos integra-dos integra-dos sistemas de pesca artesanal, que incluam as dinâmicas complexas das sociedades de pescadores, assim como o comportamento dos estoques e das fro-tas. Mesmo assim, as abordagens interdisciplinares são ainda raras e o setor pode ser considerado relativamente desconhecido sob esse prisma. Uma das recomendações finais do Simpósio da Fundação Universidade de Rio Grande (FURG) sobre Pesquisa Pesqueira, que contou apenas com a participação de pesquisadores das ciências naturais,

é

a de "atualizar a caracterização da pesca artesanal, visando definir sua real estruturação tecnológica, social e econômica nas diferentes regiões do país" (CASTELLO; HAIMOVICI, 1991).

Uma ferramenta teórica que tem permitido a abor-dagem interdisciplinar da pesca artesanal é a sua con-cepção de sistema de produção como novo nível de integração entre os ecossistemas aquáticos e a socieda-de socieda-de pescadores. Adaptando a socieda-definição aplicada a sis-temas agrícolas por autores franceses, Andriguetto Fi-lho (2002) define sistema de produção pesqueiro como

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PINHEIRO, L.; CREMER, M. Sistema pesqueiro da Baía da Babitonga, litoral. ..

"o modo de combinação entre um meio aquático defini-do, força e meios de trabalho, com a finalidade da captu-ra de recursos vivos aquáticos, comum a um conjunto de unidades de produçao". Quensiere (1994) utiliza a expressão "sistemas de produção" sem defini-la, mas sua análise das pescarias tradicionais do Delta do Niger usa uma concepção ainda mais ampla, que inclui, entre outros elementos, a organização social dos grupos de pescadores, especialmente as relações que determinam a gestão do recurso e o acesso ao mesmo, suas migra-ções e estratégias de comercialização. A aplicação do conceito de sistema de produção à pesca foi feita tam-bém pelos geógrafos. Para Corlay (1995), um "sistema haliêutico" e seu "espaço haliêutico" - a estrutura espa-cial que o próprio sistema gera - constituem um "geo-sistema haliêutico". O geo-"geo-sistema haliêutico resulta do encontro do potencial dos recursos aquáticos (o ecossistema) e de uma estratégia de valorização desse potencial (o sociossistema). O conjunto dos componen-tes naturais e sociais, em interação, constitui o sistema haliêutico. Em um estudo extenso e detalhado da pesca e do uso dos recursos aquáticos na Casamance, no Senegal, outra geógrafa, Connier-Salem (1992), analisa, em seu contexto de trabalho,

...as relações de interdependência entre os diversos com-ponentes da pesca, a saber, o meio aquático (físico), os recursos tróficos, as técnicas de pesca, as comunidades de pescadores e a organizaçao social e econômica da

pesca.

Essa concepção interdisciplinar e sistêmica da pes-ca artesanal inspirou este trabalho, que tem por objetivo descrever a pesca artesanal desenvolvida no estuário da Baía da Babitonga, fornecendo informações etnográficas sobre as modalidades de pesca, as formas de exploração dos recursos, as características dos petrechos e as dinâmi-cas na transformação da pesca local por meio de uma abor-dagem etnoecológica. Pretende fornecer os primeiros sub-sídios para a futura implementação de modelos adequados de manejo, normatização dos períodos de pesca, espécies e petrechos e adoção de estratégias conservacionistas mais coerentes.

,

Area

de

estudo

e análise

dos

dados:

procedimentos metodológicos empregados

A Baía da Babitonga, localizada na região norte do Estado de Santa Catarina, entre 26°02' -26°28'S e 48°28' -48°50'W, constitui um importante ecossistema estuarino

,

na Região Sul do Brasil. E contornada na porção noroeste pela Serra do Mar e a sudeste pela Ilha de São Francisco do Sul (SILVA, 1995). Seus manguezais abrangem

aproxima-damente 6.200ha, propiciando significativo desenvolvi-mento de aves, peixes, moluscos, crustáceos e cetáceos, entre outros (FATMA, 1984; RODRIGUES et aI., 1998).

O estudo foi feito no período de março a dezembro de 2002, com pescadores residentes nas comunidades pesqueiras de Frias, Vila da Glória, Praia Bonita, Praia de Paulas, Praia do Mota e Ilha do Mel, todas elas localiza-das na Baía da Babitonga (São Francisco do Sul).

A coleta e análise dos dados etnoecológicos se-guiu o método proposto por Marques (2001). Foram su-jeitos iniciais da pesquisa seis pescadores que detêm vasto conhecimento da regiao, assim reconhecidos pela população e que assim se auto-identificam. As informa-ções desses informantes especialistas foram fornecidas por meio de entrevistas parcialmente estruturadas.

A coleta dos dados referentes às características das redes foi feita por meio de entrevistas semi-estruturadas com 29 pescadores, tratados como infor-mantes aleatórios.

A pesca local: tradicionalidade e modelo

artesanal

o

contexto natural e social

A pesca artesanal é a principal atividade realizada pela população local, para fins de subsistência ou co-merciais. Além da pesca e exploração dos recursos da mata atlântica, como a caça, extração de palmito, outros vegetais e madeira, pratica-se ainda a agricultura, agora em menor escala. Existem também, na região da Vila da~ Glória, cerca de dez engenhos de farinha ativos.

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PINHEIRO, L.; CREMER, M. Sistema pesqueiro da Baía da Babitonga, litoral. ..

O modelo de pesca pode ser caracterizado como oportunista, uma vez que as saídas dos pescadores para o mar sempre dependem das condiçoes do tempo e de maré. A pescaria é regida por um calendário que coinci-de com a abundância coinci-de coinci-determinadas espécies coinci-de pei-xes (quadro I). O mercado também é importante. Na "sa-fra" do camarão, por exemplo, o valor deste é menor; já na entressafra, seu preço sobe, mas os pescadores se dedicam à pesca de outros recursos e/ou à confecçao de redes. Essa estratégia é diferente para os camaroeiros, que vão pescar em alto-mar ou, ajudados pelo aumento do preço, continuam pescando na baía, mas com pouco res ultado.

Exploração dos recursos pesqueiros: técnicas

e

,

.

estrategzas

A pesca artesanal local é baseada principalmente na utilização de tarrafas, geri vais, redes de emalhe e re-des de arrasto (RODRIGUES et aI., 1998). Os diferentes

petrechos de pesca são voltados para determinadas es-pécies-alvo (tabela 1).

O gerival, gerivá ou berimbau é um aparelho que

apreende camarão, seletivamente, como uma rede de ar-rastão de fundo. Funciona com a força da maré, embora os pescadores venham praticando essa modalidade de pesca com o motor ligado e em movimento lento, maximizando a pesca e extraindo o camarão de maneira predatória.

Na pesca de caceio, a rede anda solta, ao sabor da maré, indo de encontro ao peixe, que corre contra a maré. Por essa razão, a pesca de caceio é utilizada na lua de quarto, ou maré de quarto (maré da lua crescente e min-guante). A rede vai até o fundo e duas bóias a mantêm em posição vertical na coluna d' água. A embarcação acompanha a rede.

A pesca de palanqueia ou fundeio tem a rede fixa ao fundo por poitas (pedras ou outro peso), marcada com duas bóias. A rede, chamada, pois, de rede de espe-ra, fica assim instalada por algum tempo, geralmente du-rante toda a noite. Muitos pescadores deixam-na afixada no local de pesca durante todo o quarto de lua, fazendo duas revistas ao dia, para recolher o peixe nela emalhado. Entretanto, alguns julgam essa prática predatória, uma vez que amplia a captura dos peixes.

Na pesca de cerco, a rede é estaqueada próxima das formações de gramíneas (Spartina sp), na região entremarés. Peixes adultos não costumam saltar por cima da rede, mas muitos juvenis ficam presos e são posteriormente desprezados.

A pesca de rodeio ou redondo é realizada pela dis-posição da rede em círculo e, com a embarcação no cen-tro, o pescador bate na água com o remo ou com uma poita amarrada em uma corda, assustando o peixe, que corre e se emaranha na rede.

Para a pesca de lanço, lance ou arrasto de praia

puxa-se a rede até a areia da praia.

O espinhei, utilizado principalmente para a captura de badejões, consiste numa corda com anzóis e iscas,

QUADRO 1 - ETNOCALENDÁRIO DA PESCA NA BAÍA DA BABITONGA, DE ACORDO COM INFORMAÇOES

ETNOGRÁFICAS J F M A M J J A S O N D Característica etrecho Arte de pesca Betara Cerco/tarrafa #5 a 8

Gaivira Palan ueada e boiada #12 a 14

Corvina Fundeio #12 a 14

Bade 'ão Es inhel anzol 20; 30

Diversas Rede feiticeira N1

Etnoespécie

Linuuado Palan ueio #18 a 27

Mira uaia Pa lan ueio"'/c"a"-ce-:i-o----jI---"#"'272~a-=2::-7- - I - - - j - _ + - + - - j l Parati crioulo Redondo/caceio/cerco/tarrafa #5, 6, 7

Parati sabão Redondo/caceio/cerco/tarrafa #5, 6, 7 Parati a oá Redondo/caceio/cerco/tarrafa #5, 6, 7

Parati ,-,ro",s::::so,--+_--,R:o:e"d~o:::nd::::o::.:lc",a.:::ce,-,io",/.:::ce"r.:::co::../t.:::a,-,rr",af"'a_ _ +-_--'#=:5,:-:6;:,.,~7,...-+-4---I---t-_+-+-Pescada-amar. Palan ueio/caceio #17 a 23

Pescadinha br. Caceio #5 a 7

Tainha Redondo/caceio/cerco/tarrafa #6 a 12 Tainha crioula Redondo/caceio/cerco/tarrafa #6 a 12 Tainhota Redondo/caceio/cerco/tarrafa #6 a 12

(5)

TABELA 1

-PINHEIRO, L.; CREMER, M. Sistema pesqueiro da Baía da Babitonga, litoral...

FORMAS DE EXPLORAÇÃO DOS RECURSOS PESQUEIROS Arte de pesca Etnoespécies·alvo

Gerival Camarão

Arrasto de Draia Tainha, tainhota, b~e, betara, s~uá, cul~ada, parati, robalinho

Caceio Talnha, tamhota, paratl, robalo, pescadmha, betara, curuca, pescada-amarela, linguado, parati, camarão Palanqueio Linguado, peiereva, pescada-amarela, mira...,[uaia, tainha, bicuda, coroca, badejo

Cerco Tainha, tainhota~1nlti

Espinhei Badeião

Redondo Parati, tainha, tainhota

geralmente bagres. Os peixes são fisgados quando se dirigem com rapidez sobre a presa (isca).

A pesca de arrastão é feita a motor. De ocorrência ocasional, sua prática é proibida na baía.

A tabela 2 apresenta, dispostos em ordem alfabéti-ca, os peixes de maior representatividade comercial, de acordo com a informação dos entrevistados. A nomen-clatura científica adotada foi baseada nos estudos de Rodrigues et aI. (1998), realizados na Baía da Babitonga. A produção pesqueira geralmente é beneficiada pela família do pescador, em particular pela mulher. Atualmente, a comercialização é efetuada pela venda a restaurantes, turistas, demais habitantes da região, peixarias e indústrias de pesca (beneficiadoras), embora a economia local já tenha sido baseada na troca.

Na tabela 3, são descritas algumas estratégias de pesca utilizadas para a captura dos peixes de maior im-portância comercial na Baía da Babitonga.

/

E possível afirmar que o conhecimento acerca da ecologia dos peixes é essencial para o desenvolvimento das técnicas de captura. De acordo com Gadgil et aI. (1993), apud Begossi et aI. (2002), essa sabedoria certa-mente está relacionada ao sedentarismo dessas comu-nidades, o que lhes possibilita um maior contato com o ecossistema e, portanto, percepção e conhecimentos mais

aprofundados sobre seu funcionamento.

Características dos instrumentos de pesca

Nas entrevistas semi-estruturadas e parcialmen-te estruturadas com pescadores da Babitonga, foram coletados dados sobre 76 tipos de rede de emalhe utili-zados na pesca artesanal local. Obtiveram-se as dimen-sões das redes, as etnoespécies-alvo e o tempo de uso na água, entre outras informaçoes (tabela 4).

O uso de cada tipo de rede está relacionado com a abundância de determinadas espécies de peixe, sua épo-ca de pesépo-ca e a estratégia empregada, possibilitando a formulação de um etnocalendário da pesca local, já

apre-sentado no quadro 1.

As embarcações utilizadas pela pesca artesanal no interior da baía são bateiras, barcos de madeira e alumí-nio, voadeiras e canoas a remo, motor ou vela. Os moto-res, de popa e centro, a diesel e a gasolina, têm entre 4 e

45HP.

Nota-se que os dados obtidos via informantes aleatórios nem sempre coincidem com aqueles declara-dos pelos informantes especialistas (tabela 4), o que pa-rece acentuar o valor do conhecimento dos informantes especialistas. Também se percebe uma variabilidade nas informações, principalmente quanto ao calendário de pesca, que, de acordo com os pescadores, depende da

distribuição geográfica e sazonal dos peixes dentro da baía.

Dinâmica na exploração dos recursos

pesquei-ros:

perspectiva

histórica

e

dimensão

socioambiental

De acordo com os informantes, a pesca local so-freu muitas transformações ao longo do tempo. Tais trans-formações dizem respeito ao destino e consumo do pes-cado e técnicas empregadas na pesca.

Antigamente, não havia geladeira ou freezer.! As mulheres defumavam o pescado, o que possibilitava o estoque temporário. Caso o peixe e o camarão não fos-sem consumidos no prazo do estoque, eram descarta-dos.

A pesca era para o consumo diário e não para o acúmulo. Os peixes eram escolhidos na praia. Seleciona-1 Antes da introdução da geladeira e do frezer, costumava-se conservar o pescado para defumação. Os recursos eram abundantes e o que sobrava era distribuído

aos demais moradores da comunidade ou abandonados na praia e consumidos pelas aves marinhas. Hoje, a maioria dos pescadores possui freezer e estocam o quanto

podem. A "cultura do freezer" certamente estimulou a exploração intensa dos recursos naturais.

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PINHEIRO, L.; CREMER, M. Sistema pesqueiro da Baía da Babitonga, litoral...

TABELA 2- PRINCIPAIS ESPÉCIES DE PEIXES DE INTERESSE COMERCIAL DA BAÍA DA BABITONGA E SEU

CORRESPONDENTE TAXONÔMICO

"Anti amente" "Hoie em dia"

Até 1950, 1960: barbantão Desde 1970: fio de nylon plástico

De 1960 até 1970: fio de seda

1960, 1965: a pesca ocorria apenas na costa (praia, próximo da areia) Desde 1965: pesca no canal (quase ninguém pesca na costa)

Pesca de engodo Uso do .gerival

Mulheres faziam redes Maioria dos "oanos de rede" são comorados Cortiça de oau

Arrasto de eri vai com força da maré Uso de motor de oooa no erival

TABELA 3- ESTRATÉGIAS DE PESCA ADOTADAS PELOS PESCADORES DA BAÍA DA BABITONGA.

Etnoespécie Técnicas de captura Conhecimento do nicho/comportamento associado à captura das etnoesnécies

Badejão "O badejão pega ele de espinheI. Pega muito também é de "É difícil. Ele fica na toca de pedra. O pessoal de mergulho vê ele." mergulho. No arpão, de mergulho."

Corvina "A corvina pega de rede, pega de espinhei, pega de linha. "Esse é um peixe de profundidade. Só se sabe onde ela está quando...

Pega no anzol" Agora no verão é época que ela fala. Quando tá pra trovoar, quente,

ela fala muita coisa. Quanto mais Quente o dia, mais ela fala."

Linguado "Pega mais na rede. Pega na rede. Matavam muito na fisga. "Peixe de profundidade também."

A ora tá proibido matar [na fis a1."

Miraguaia "Rede. Pega no anzol também. Rede de malha clara. Malha "Pra saber onde ela está, só ouvindo ela falá t:'1mbém. E um peixe que

clara é malha grande que a gente chama." anda encardumado. E quando uma mete a cara na rede e canta. que

quer dizer, fala continuado ... "

Parati "Se pega na rede de malha miúda e tarrafa. [... 1 só arrodeia e "Isso é o movimento da água. As água vem tremendo um tremido

bate pra ele corrê e malhá na rede." diferente. "

Pescada-amarela "Ela também se pega na linha, no anzol, e também se mata "Peixe de profundidade também. Se vai passando uma embarcação a

na rede. Antigamente matava-se muito no espinheI. Agora é remo ou pára, daí escuta ela falando. Parece que tão batendo numa

na rede. Na rede fundiada. E caceio também. Matam mais lata velha. Pau, pau, pau." fundiada."

Tainha "Rede e tarrafa" "Refolhando na água, que nem tainhota."

"Mata até no seco." "Fica grosso a água."

Tainhota "Rede e tarrafa." "Mexe na água, pula, ressolha."

dos, iam para a casa. Os que não eram selecionados eram deixados na areia. Hoje, devido à escassez, todos os peixes são utilizados.2 Essa situação da Baía da Babitonga certamente reflete uma progressiva diminuição na dispo-nibilidade de recursos. Ainda com relação ao descarte de

peixes na praia, um pescador, que não é um dos informan-tes especialistas, comentou que esses restos servem de alimento para os outros peixes, que habitam o fundo, e que isso está recomendado na Bíblia.

Ainda se pratica a doação de pescado, embora não tão significativamente como antes, em especial entre pa-rentes e amigos.

Com o correr do tempo, mudanças na tecnologia da pesca também foram significativas, seja no aspecto de forrageio ótimo, seja no que se refere à (sobre)exploração do recurso. A tabela 5 ilustra algumas dessas mudanças.

Segundo Ricklefs (1996), a pesca, assim como a caça, o desmatamento e outras formas de extração de produtos

2 E interessante notar que, em algumas comunidades (Laguna, no sul do Estado, por exemplo) ainda ocorre essa tradição de escolher o peixe na areia, selecionando somente aqueles maiores e mais procurados. Os peixes não selecionados são ali mesmo abandonados, morrendo na beira da praia e sendo consumidos por aves. Ouve-se também que esOuve-ses peixes abandonados na areia são o quinhão do pescador para as gaivotas.

3 Baseado em Rodrigues et aI. (1998)

4 Baseado em Rodrigues et a!. (1998) e ictiólogos interlocutores.

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PINHEIRO, L.; CREMER, M. Sistema pesqueiro da Baía da Babitonga, litoral. ..

da natureza, constituem clássicas formas de interação con-sumidor-recurso. Normalmente, tais relações atingem es-tados estacionários: os recursos escasseiam e a eficiência na exploraçao decai. Em conseqüência, a população de consumidores passa a declinar ou procura recursos alter-nativos, até que consumidor e recurso alcancem nova-mente o equilíbrio, Entretanto, a habilidade humana na exploração dos ecossistemas tomou proporções tais que os recursos renováveis podem se esgotar num futuro muito

, .

proxlmo.

Além da evoluçao na tecnologia empregada na pes-ca (tabela 3) e das acuradas estratégias de pespes-ca (tabela 3), o aumento do número de embarcações e de pescadores competindo pelo mesmo recurso parece ser o principal determinante da reduçao dos estoques pesquei-ros. Tal redução implica uma crescente disputa social entre pescadores profissionais e amadores, conflitos de valores éticos e busca de outros meios de sobrevivência familiar. Os conflitos ligados à pesca na Babitonga sao referentes ao crescente número de pescadores, em sua maioria não

TABELA 4- CARACTERÍSTICAS DAS REDES DE EMALHE MAIS EMPREGADAS NA BAÍA DA BABITONGA

-PELA PESCA ARTESANAL, DE ACORDO COM INFORMAÇOES DOS PESCADORES ARTESANAIS

E-sp. MP # L H 0 T f Lc Pr t

Linguado palanque 20 a 26 100 a 2 a 3,5 0,40 a abro a seI. 4 o de lua laje. lama, 2 a 15 palanque: 12

500 120 baixio, h ou semana;

cacelo m

caceio: 3 h Tainha cacelO 10 a 12 100 a 2 a 11 0,30 a ano inteiro, quase todos Baixio, 1,5 a 12 rodeio: 1 h;

redondo 700 0,60 principalmen os dias laje, m palanque: 12

palanque te maio e costa, h a 3 ou 4

cerco agosto coroa, dias; caceio:

canal 40 min, em 6

limpo h

Tainhota cacelo 5 a 10 120 a 2,5 a 5 0,30 a ano inteiro 5 costão, raso a caceio/arrasto

palanque; 780 0,40 dias/semana capim, 15 m : 4 h; fundeio:

o ; todos os coroas 12 h; cerco: 5

cerco dias a6h

arraslo

Pescada palanque 18 a 22 100 a 1,8 a 7 100 a Jun a mar;• 12 a 15 laje. 8 a 18 palanque: 12

cacelo 600 140 principalmen dias/mês canal, m ha15dias;

te out a dez cascalho caceio: 3 a 6 h Camarão cacelo 5 (6) 100 a 1,5 a 0,25 e ano inteiro; 12 a 20 lodo, raso a 4 a 12 h

arrasto 400 2,5 0,30 fev. a abr; dias/mês costão, 10 m

fev. a jun. lugar

limpo, baixio, canal.

Miraguaia palanque 22 a 28 140 a 1,8 a 7 0,70 a maio a dez., maré de 40 canal, 6 a 18 palanque: 6 h

caceio 600 120 principalmen (7 dias) laje. lama m a 5 dias;

te out a dez. pedra caceio: 2 a 6 h

Parati cacelo 6a8 150 a 3 a 3,5 0,30 a ano inteiro 1 a 2 x mês; beira do 1,5 a 3 5 ou 6 h

cerco 900 0,40 3a4x capim, m

redondo semana coroa

Pescadinha cacelo 5 a 10 140 a 2a5 0,30 a ano inteiro 3a4x coroa, 1,5 a 15 4 a 6 h; 12 h a

cerco 700 0,45 semana coslão m 5 dias

fundeio (fundeio)

arraslo

Corvina cacelo 10 a 14 140 a 2a7 0,40 a ano inteiro; 4 o de lua', canal, 6 a 18 fundeio: 12 h

fundeio 500 0,70 mes que• todo dia pedra m a 8 dias;

não lem R caceio: 2 a 6 h

Belara caceio 6a8 100 a 3a4 0,30 a ano inteiro todo dia; 3 a coroa, até 6 m 6 h; fundeio:

cerco 700 0,40 4 x semana cascalho 12 h

fundeio

Legenda: 0: espessura da linha (mm)

E-sp: etnoespécie alvo T: periodo de pesca

MP: modalidade de pesca f: freqüência de pescarias no período de pesca

#: tamanho da malha entre nós opostos (em) Lc: local de pesca

L: comprimento da rede (m) Pr: profundidade

H: altura da rede (m) t: tempo de pesca

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PINHEIRO, L.; CREMER, M. Sistema pesqueiro da Baía da Babitonga, litoral...

profissionais e empregados em outros setores, ao uso de petrechos inadequados por parte de muitos, à poluição pelo turismo, à cultura de acúmulo e ao imediatismo, pro-vocados pela "cultura urbana", que desmantela assim o sistema de subsistência (PINHEIRO, em preparação).

Essas questões são da esfera socioambiental e revelam a perda da diversidade biológica e da dignidade humana.

Discussão

Até que ponto os pescadores locais já estão aculturados ou foram assimilados pela sociedade do acúmulo de riqueza e do (não-)investimento de esforço a longo prazo? A introdução da cultura do acúmulo também poderia desequilibrar essa relação entre o tra-balho e o desfrute, alterando a qualidade de vida?

Essa situação pode ser abordada com a adoção do conceito de neotradicionalidade. Sistemas ne.otradicionais de manejo de recursos são aqueles que apresentam ele-mentos de sistemas tradicionais e eleele-mentos de sistemas recentes e emergentes. Assim, populações neotradicionais são aquelas que possuem conhecimentos tradicionais e

,

novos, provindos do externo. E certo que todas as popu-lações apresentam novas variedades de conhecimento adquirido, mas pode haver uma graduação na proporção do que é velho e novo (BEGOSSI, 2001).

A Baía da Babitonga vem sofrendo, de um modo geral, impactos externos no que diz respeito a mudanças de valores, pela influência de outras culturas. Verificou-se o desmantelamento da cultura de subsistência, pela diver-gência de opiniões e atitudes entre os pescadores, que percebem que os recursos naturais estão diminuindo ou se esgotando, além de terem clara percepção dos prejuí-zos que sofrem pela concorrência na pesca. O modelo de cultura de subsistência está possivelmente mais ligado aos ciclos da natureza. Supõe-se que, na cultura de sub-sistência, é valorizada a natureza que provê o sustento cotidiano. Acerca da etnoconservação dos recursos mari-nhos, ou seja, dos métodos tradicionais de conservação marinha, Polunin (1984) considerou que há um sistema de controle da exploração dos recursos marinhos por parte dos pescadores, profundos conhecedores da região que habitam, e que, dessa forma, estes percebem seus limites muito melhor do que pessoas continentais. Em contraste

com tal sistema, Johannes (1978) concluiu que a apropria-ção e a exploraapropria-ção dos recursos biológicos marinhos exis-tem como formas de ganho e lucro, mas não de maneira limitada e conservacionista.

Traços fortes de uma cultura de subsistência são percebidos em pescadores mais antigos. Entretanto, pre-cisa ser testada a hipótese de que, ao contrário dos mais jovens, os mais velhos, portanto mais tradicionais, seriam

os que têm um estreito laço com a natureza, desenvolven-do, ao contrário dos mais jovens, posturas mais conservacionistas.

A reflexão aqui apresentada evidencia que os pes-cadores entrevistados possuem detalhado conhecimento acerca da ecologia dos peixes e utilizam esse conhecimen-to para obter um forrageio ótimo. Conhecer e estudar essa sabedoria popular pode subsidiar futuras pesquisas e pro-postas de conservação das espécies, além de fornecer uma dimensão do estado atual dessa fauna.

,

E importante considerar a necessidade de forrageio pelo pescador, isto é, sua sobrevivência baseada no extrativismo, sistema cultivado e transmitido de geração para geração. As comunidades estudadas não são consu-midoras especialistas, ou seja, não se alimentam exclusi-vamente de recursos marinhos, mas dependem direta ou indiretamente dos recursos da pesca. Os conflitos pelos quais essas comunidades vêm passando (competições pelo recurso em função do crescente número de pesca-dores e de influências das culturas urbanas) estão des-mantelando a pesca artesanal tradicional e incentivando a "pesca predatória", assim definida pelos próprios pes-cadores.

Agradecimentos

Agradecimentos especiais aos pescadores da Baía da Babitonga.

Partes deste artigo foram publicadas sob o título

Etnoictiologia dos trabalhadores do mar: o caso da

baía da Babitonga, São Francisco do Sul.

Os dados aqui apresentados foram gerados a partir do projeto

"Etnoictiologia dos trabalhadores do mar: o caso da

baía da Babitonga, São Francisco do Sul",

amparado pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Ci-entífica (PIBIC) da UnivilIe, sob orientação da professo-ra Marta J. Cremer.

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TABELA

5-PINHEIRO, L.; CREMER, M. Sistema pesqueiro da Baía da Babitonga, litoral ...

DINÃMICA DE TRANSFORMAÇÃO NA EXPLORAÇÃO DOS RECURSOS PESQUEIROS, SEGUNDO

OS INFORMANTES ESPECIALISTAS

"Antiaamente" "Hoie em dia"

Até 1950, 1960: barbantão Desde 1970: fio de nylon plástico

De 1960 até 1970: fio de seda

1960, 1965: a pesca ocorria apenas na costa (praia, próximo da Desde 1965: pesca no canal (quase ninguém pesca na costa) areia)

Pesca de enaodo Uso do aerival

Mulheres faziam redes Maioria dos "panos de rede" são comprados

Cortica de pau

Arrasto de aerival com força da maré Uso de motor de popa no aerival

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