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A enfermagem na avaliação e controle da dor pós-operatória

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Rev. Cient. Sena Aires. 2016 Jan-Jun; 5(1): 70-8.

NURSING IN EVALUATION AND CONTROL OF POSTOPERATIVE PAIN

Viviane Silvestre de Souza1, Marcelo Moreira Corgozinho2.

Como citar:

Souza VS, Corgozinho MM. A enfermagem na avaliação e controle da dor pós-operatória. Rev. Cient. Sena Aires. 2016;5(1): 70-8.

RESUMO

A dor é o quinto sinal vital que deve ser registrado ao mesmo tempo e no mesmo ambiente clínico em que também são avaliados os outros sinais. Uma avaliação segura e eficaz do paciente, na qual alterações endócrinas e metabólicas decorrentes do trauma anestésico-cirúrgico sejam consideradas e, ainda, a criação de padrões e critérios de avaliação para a assistência prestada ao paciente neste período e avaliação dos mesmos. O controle da dor pós-operatória envolve basicamente o uso de AINEs, opióides, por diversas vias e métodos, uso de meios físicos e intervenções de natureza comportamental cognitiva, como técnicas educativas, de relaxamento, distração e imaginação dirigida entre outras. O presente estudo foi desenvolvido através de pesquisas bibliográfica indexados nas bases de dados: Scielo e Lilacs, com os seguintes descritores: Dor, Pós-operatório, Avaliação, Controle e Enfermagem. O objetivo deste estudo é descrever sobre a atuação da enfermagem na avaliação e controle da dor pós-operatória. É função da enfermagem implementar a terapêutica adequada visando a prevenção e o alívio da dor, responsabilizando-se pela avaliação da mesma no período pós-operatório visando a promoção do conforto ao paciente com o alivio da dor..

Descritores: Dor; Pós-operatório; Avaliação; Controle; Enfermagem.

ABSTRACT

Pain is the fifth vital sign to be recorded at the same time and in the same clinical environment which are also evaluated in other signals. An appraisal of safe and effective patient in which endocrine and metabolic alterations resulting from the anesthetic-surgical trauma are considered and also the creation of standards and evaluation criteria for patient care in this period and their evaluation. The control of postoperative pain basically involves the use of NSAIDs, opioids, by various routes and methods, use of physical and cognitive behavioral interventions, such as educational techniques, relaxation, guided imagery and distraction among others. . The present study was developed through literature searches of existing articles, indexed in databases: Scielo, bireme, and lilacs, with the following descriptors. Pain, Pain in the postoperative pain assessment by nurses, the importance of pain. The aim of this study is to describe on the nursing assessment and control of postoperative pain. It is the job of nursing implement drug therapy for the prevention and relief of pain, taking responsibility for the evaluation of the same in the postoperative period for the promotion of comfort to the patient with pain relief.

Descriptors: Pain; Post-operative; Evaluation;Control; Nursing.

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INTRODUÇÃO

A agência Americana de Pesquisa e Qualidade em Saúde Pública e Sociedade Americana de dor descreve a dor como o quinto sinal vital que deve ser registrado ao mesmo tempo e no mesmo ambiente clínico em que também são avaliados os outros sinais. Dor foi conceituada pela Associação Internacional para Estudos da Dor (IAP) como uma experiência sensorial e emocional desagradável, associada a um dano real ou potencial dos tecidos, ou descrita em termos de tais lesões.1

A ocorrência de dor pós-operatória depende da influência de fatores culturais, psicológicos como ansiedade, depressão, medo, entre outros, da extensão durante o trauma durante a intervenção cirúrgica, da habilidade técnica do cirurgião, das doenças prévias, do local e do tipo da incisão.2

Com relação ao tipo de cirurgia, a intensidade da dor no pós-operatório está mais na dependência do local operado do que da gravidade do procedimento. Portanto, a qualidade do tratamento da dor instituído no pós-operatório é a única variável onde a equipe pode e tem a obrigação de interferir visando uma recuperação mais tranquila do paciente.3

A dor pós-operatória é constante ou desencadeada pelos movimentos e sua intensidade é influenciada, entre outros fatores pelo local da incisão, extensão do trauma tecidual, presença de drenos e de fatores individuais, de natureza física, cultural ou emocional e por circunstâncias ambientais.4

A dor é uma das razões mais comuns da busca por cuidados médicos, e quando não controlada é responsável pelo aumento de complicações pós-operatórias. Pacientes que tem a intensidade da dor avaliada e registrada sistematicamente apresentam considerável redução do quadro doloroso, quando comparado aos que não são monitorizados. 5

A dor pós-operatória é constante ou desencadeada pelos movimentos e sua intensidade é influenciada, entre outros fatores, pelo local da incisão, extensão do trauma tecidual, presença de drenos e de fatores individuais e por circunstâncias ambientais.4

O trauma advindo do ato operatório implica em alterações fisiológicas e emocionais que, se não adequadamente controladas, predispõem os doentes a complicações e podem afetar a recuperação do indivíduo, a dor merece destaque, pois é um fenômeno muito frequente no pós-operatório e pode resultar em sofrimento e exposição dos doentes a risco desnecessário.6

Como consequências ocorre a diminuição da expansibilidade da caixa torácica, dificuldade para a ventilação profunda, dificuldade de eliminação das secreções do trato respiratório, podendo ocasionar atelectasia e infecções respiratórias. Além disso, o indivíduo tende a se alimentar menos, pelo desconforto da dor, o que pode agravar quadros de desnutrição e influir na cicatrização da ferida cirúrgica.7

Os instrumentos usados para avaliar a dor podem ser unidimensionais ou multidimensionais. Os instrumentos unidimensionais avaliam somente uma das dimensões da experiência dolorosa, são designados para quantificar apenas a severidade ou a intensidade da dor e têm sido usados frequentemente em hospitais e/ou clínicas para se obterem informações rápidas, não invasivas e válidas sobre a dor e a analgesia. Os instrumentos multidimensionais, é um instrumento simples, sensível e reprodutivo, permitindo análise contínua da dor, Que de outro lado, são empregados para avaliar e mensurar as diferentes dimensões da dor a partir de diferentes indicadores de respostas e suas interações. As principais dimensões avaliadas são a sensorial, a afetiva e a avaliativa.5, 8

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Rev. Cient. Sena Aires. 2016 Jan-Jun; 5(1):70-8. 72 Geralmente a “dor no pós-operatório imediato é avaliada

qualitativamente para verificar se existe correlação entre a mesma, a cirurgia e os demais processos fisiopatológicos que acompanham o ato anestésico cirúrgico”.9

Atualmente, tem-se discutido muito sobre a implantação de métodos de avaliação da dor, pois esses contribuem para uma avaliação mais efetiva e um cuidado adequado. A equipe de Enfermagem deve ter conhecimento dos métodos de avaliação da dor padronizados no setor de atuação, para terem domínio da sua aplicação.10

A equipe de enfermagem é quem, pela maior proximidade com o paciente, identifica, avalia, notifica e controla a dor pós-operatória. Nesse sentido, o objetivo deste estudo é descrever sobre a atuação da enfermagem na avaliação e controle da dor pós-operatória.1

MÉTODO

O presente estudo foi desenvolvido através de pesquisas bibliográficas de artigos já existentes, indexados junto às bases de dados: Scientific Electronic Library Online (Scielo), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs) e Google Acadêmico, com os seguintes descritores: Dor, Pós-operatório, Avaliação, Controle e Enfermagem.

Para a seleção dos artigos utilizou-se como critérios de inclusão o período de publicação entre os anos de 2001 e 2010, no idioma português. Foram excluídos os textos que tratavam de dor em outros contextos clínicos, bem como os anos anteriores ao critério de inclusão. As informações foram discutidas com base no exercício profissional de enfermagem.

RESULTADOS

A enfermagem na avaliação da dor pós-operatória

A experiência dolorosa é um fenômeno individual e, para caracterizá-la, devem ser realizadas avaliações sistemáticas. O registro de tais informações permite que os dados sejam compartilhados entre diversos plantões e a equipe multiprofissional, possibilitando melhor assistência.1

A equipe de enfermagem é quem efetivamente convive mais tempo com o cliente; desta forma, se faz necessário que saiba conhecer os sinais de dor para assim buscar intervir corretamente no seu alívio.11

A Enfermagem deverá realizar um exame físico detalhado, inspecionando o local da incisão e identificando outros desconfortos como drenos, cateteres, sondas, cânulas, etc. verificar sinais vitais, observar sinais de desconforto no leito; movimentação e comunicação verbal e não verbal.9

Dor é uma experiência pessoal e subjetiva, com tendências a alterações e cronicidade. Tendo em vista essas complicações, torna-se necessário avaliá-la regularmente usando instrumentos apropriado.12

As características da dor também devem ser avaliadas, incluindo o seu início, local, irradiação, periodicidade, tipo de dor, duração e fatores desencadeantes. É importante observar as reações comportamentais e fisiológicas da dor, tais como: expressão facial, inquietação, posicionamento protetor, insônia, ansiedade, irritabilidade, sudorese, palidez, taquicardia, taquipnéia, hipertensão, entre outros.11

Uma avaliação segura e eficaz deste paciente, na qual alterações endócrinas e metabólicas decorrentes do trauma anestésico-cirúrgico sejam consideradas e, ainda, a criação de padrões e critérios de avaliação para a assistência prestada ao paciente neste período e avaliação dos mesmos.13

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Rev. Cient. Sena Aires. 2016 Jan-Jun; 5(1):70-8. 73 A utilização de instrumentos padronizados para mensurar e avaliar as

características da dor tem se mostrado efetiva como estratégia para o registro de dados sobre a dor e analgesia. As avaliações quando realizadas e registradas sistematicamente podem contribuir para a melhora do manejo do fenômeno doloroso, porém, poucos são os serviços que utilizam esses instrumentos (Tabela 1).1

Embora seja destacada a necessária competência do enfermeiro e de outros profissionais no manejo da dor, a Sociedade Americana de Dor relata a deficiência da equipe multiprofissional para avaliar e aliviar a dor, como razão mais comum para que pacientes hospitalizados não tenham alívio da dor. Assim o pouco conhecimento por parte dos enfermeiros sobre a dor e seu tratamento pode constituir-se numa das principais barreiras para promoção de conforto nessa situação.2

A avaliação e a documentação efetiva da dor pode, isoladamente, melhorar a comunicação entre os profissionais que assistem o paciente. Dentre os profissionais que assistem o paciente.14

A enfermagem pode utilizar várias escalas para mensurar a intensidade da dor do paciente sendo que cada uma tem suas vantagens e limitações. Portanto, iniciar a avaliação da dor questionando sua intensidade, localização e tipo de intervenção podem parecer primário, porem demanda a escolha de escalas a serem utilizadas de acordo com a idade, habilidades de comunicação, prejuízo cognitivo e físico do paciente, deve-se utiliza instrumentos simples e de fácil manuseio.5

Escalas de avaliação da dor

A experiência dolorosa é evento muito mais amplo, não se resumindo apenas à intensidade. As características da dor também devem ser avaliadas, incluindo o seu início, local, irradiação, periodicidade, tipo de dor, duração e fatores desencadeantes. É importante observar as reações comportamentais e fisiológicas da dor, tais como: expressão facial, inquietação, posicionamento protetor, insônia, ansiedade, irritabilidade, sudorese, palidez, taquicardia, taquipnéia, hipertensão, entre outros. È essencial que o enfermeiro saiba reconhecer a importância dos sinais e sintomas na previsão e no impedimento das complicações no pós-operatório.5,15

O enfermeiro de participar de forma ativa na avaliação e tratamento, garantindo a oferta analgésica e de forma adequada, sendo assim, deve ser capaz de prever um evento doloroso durante a realização de um procedimento diagnóstico terapêutico, para poder programar medidas para minimizar ou prevenir a ocorrência de dor. A eficácia do tratamento e o seu seguimento dependem de uma avaliação e mensuração da dor confiável e válida.11

Existem vários métodos para avaliação da dor e cada um tem o seu uso em diferentes situações clínicas, são instrumentos utilizados para quantificá-la, e sua estrutura pode possuir várias forma.12 Nesse sentido, segue abaixo e

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Rev. Cient. Sena Aires. 2016 Jan-Jun; 5(1):70-8. 74 Tabela 1. Principais escalas de avaliação da dor.

Fonte: Scopel E, Alencar M, Moraes RC.16

Dentre as escalas utilizadas na avaliação da dor, destacam-se as escalas unidimensionais, provavelmente relacionadas à praticidade de uso. Entretanto, não se pode desprezar a possibilidade de avaliação multidimensional.

A mensuração da dor é extremamente importante no ambiente clínico, pois se torna impossível manipular um problema dessa natureza sem ter uma medida sobre a qual basear o tratamento ou a conduta terapêutica. Sem tal medida, torna-se difícil determinar se um tratamento é necessário, se o prescrito é eficaz ou mesmo quando deve ser interrompido.10

Na visão da maioria dos pacientes em pós-operatório, a prioridade do atendimento deve ser dada à mensuração da intensidade da dor e avaliação da analgesia. Por isso, a gestão da dor pós-operatória deve ser tratada como uma das prioridades nos hospitais, já que é um dos principais componentes da satisfação do paciente no tratamento e também porque o seu alívio é direito humano.14

ESCALAS UNIDIMENSIONAIS

DESCRIÇÃO Escala de Estimativa

Numérica (EN) uma escala de 0 a 10 ou numa escala de 0 a 5 categorias, Neste instrumento os pacientes avaliam a sua dor em com 0 representando "nenhuma dor" e 5 ou 10 indicando "a pior dor imaginável".

Escala Analógica Visual (EAV)

Escala analógica visual (EAV): consiste em uma linha reta, desenhada ou impressa, de tamanho determinado, com os descritores verbais ausência de dor e a pior dor possível em cada uma de suas extremidades, respectivamente. Usualmente a EAV consiste em uma linha de 100mm com uma linha transversal em cada extremidade, acompanhada dos descritores citados sidade da sua dor atual. O observador deve medir a distância entre o descritor: ausência de dor e a marcação feita pelo paciente em centímetros.

Escala Verbal (EV) o paciente quantifica a sua experiência dolorosa

utilizando descritores como ausência de dor, dor branda, dor moderada, dor intensa e dor insuportável26.

Escala de Faces (EF) A escala é composta por cinco expressões, as quais

variam da expressão sem dor até a dor insuportável, sendo 0 = sem dor, 1 = dor leve, 2 = dor moderada, 3 = dor forte, 4 = dor insuportável.

ESCALAS MULTIDIMENSIONAIS

DESCRIÇÃO O Desenho da

Localização da Dor representação gráfica do local onde o paciente está sentindo O desenho da localização da dor nos fornece uma dor e sua distribuição.

Questionário de McGill O MPQ é uma escala multidimensional que avalia a

experiência dolorosa nas dimensões: sensorial, afetiva e avaliativa e é baseada em palavras que os pacientes selecionam para descrever sua dor.

Prontuário da Percepção da Dor (Pain Percpetion Profile - PPP)

O PPP é um instrumento multidimensional e seu objetivo é fornecer dados quantitativos em relação as diferentes dimensões da experiência dolorosa. Este prontuário é composta de quatro partes. A primeira parte mensura os limiares de detecção, de tolerância e de desconforto e a segunda parte utiliza o método de estimação de magnitude para estabelecer a função relacionando as estimativas do sujeito para uma séria controlada de intensidades físicas de estímulos elétricos. A parte três utiliza técnicas psicofísicas para quantificar a avaliação do sujeito nas diferentes dimensões da experiência dolorosa.

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Consequências da dor no pós-operatório

A dor é uma sensação desagradável que varia de intensidade e localização. Manifesta-se em cada individuo de maneira única, mesmo que ele passe por situações de injurias semelhantes, pois a percepção da dor, e da reação a ela está na dependência da realidade da cada um.11

O controle da dor pós-operatória é o primeiro passo para a diminuição da morbi-mortalidade dos pacientes cirúrgicos, pois permite a realização de fisioterapia e deambulação precoces e diminui o “stress” físico e psicológico destes pacientes3.

Além disso, a não mobilização do paciente, decorrente da dor, aumenta o risco de ocorrência de pneumonia e trombose venosa no período pós-operatório, havendo relação direta destes eventos com o aumento da morbi-mortalidade do paciente cirúrgico.3

O adequado tratamento da dor no pós-operatório, não é apenas uma questão fisiopatológica, mas também uma questão ética e econômica. O controle da dor evita sofrimento desnecessário, proporciona maior satisfação do paciente com o atendimento e reduz os custos relacionados a possíveis complicações, que determinam maiores períodos de internação. Devido a isto o manejo da dor aguda no pós-operatório imediato, vem obtendo valorização conforme os benefícios do paciente são alcançados e cabe a enfermagem contribuir e alcançar essas metas.9

Vale lembrar que as complicações pós-operatórias mais comuns são: depressão cardiorrespiratória, alterações neurológicas e renais, dor, hipotermia, náuseas e vômitos, distensão abdominal e soluço. Dentre estas, as do trato respiratório são as mais frequentes.13

Dor resulta em alterações respiratórias, hemodinâmicas e metabólicas, que predispõem o doente à instabilidade cardiovascular, maior consumo energético e proteico e redução do volume ventilatório. Dor não controlada pode estar associada a arritmias cardíacas, atelectasia e pneumonias e depleção proteico-calórico, entre outros.6

A dor também reduz a movimentação e a deambulação precoces, favorecendo o aparecimento de trombose profunda, principalmente em idosos e naqueles submetidos a cirurgias extensas. Além disso, interrompe o sono, o que pode resultar em maior desgaste físico, fadiga e menor motivação para cooperar com o tratamento.17

A dor diminui a expansibilidade da caixa torácica, causa maior dificuldade para ventilação profunda e eliminação das secreções do trato respiratório, podendo ocasionar atelectasia e infecções respiratórias. O indivíduo tende a se alimentar menos, pelo desconforto da dor, o que agravar quadros de desnutrição e influenciar na cicatrização da ferida cirúrgica. Podendo haver alteração transitória da função cognitiva pela dor, alterações do sono e administração de opiáceos, principalmente em idosos4,18

O estresse para o cliente cirúrgico poderá ser causado de acordo com a sua percepção. As respostas aos estressores também estão sujeitas a sua capacidade de adaptação, pelo fortalecimento do equilíbrio orgânico e psicológico.19

Existem pacientes que acreditam que a dor e o sofrimento são condições que devem ser suportadas, outros podem hesitar a informar sua dor porque não querem ser vistos como queixosos, considerando reclamar como sendo um sinal de fraqueza, ou não querem tomar analgésicos, devido os efeitos colaterais ou porque necessitam ser educados; deve-se conversar com o paciente sobre dor, assim que ele chegar ao hospital, explicar que sua administração é parte fundamental no seu cuidado e a importância de que ele relate quando sentir dor, nesse sentido, o uso de materiais impressos, como folhetos pode ajudar.5

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A enfermagem no controle da dor pós-operatória

O tratamento da dor pós-operatória deve ser feito de forma regular e não de demanda, atendendo as necessidades individuais de cada paciente, devendo haver familiaridade com a técnica e as drogas escolhidas, especialmente por parte da equipe medica e de enfermagem, que cuida do paciente.3

Identificar a dor no pós-operatório é a primeira etapa na intervenção terapêutica, da equipe de enfermagem, para o alívio da dor. A equipe deve ter conhecimento à respeito do conceito de dor e efeitos deletérios sobre o organismo; prevenção e tratamento farmacológico; informações sobre antecedentes de dor associadas, para que os dados obtidos direcionem a enfermeira no planejamento de ações e na avaliação das intervenções de enfermagem.9

O fenômeno doloroso compreende mecanismos neurais periféricos e centrais. Há, devido ao trauma cirúrgico, a produção de substâncias inflamatórias algiogênicas inflamatórias. Disto resulta a recomendação de se utilizar analgésicos que contribuam para o controle da inflamação (AINH).6

O controle da dor pós-operatória envolve basicamente o uso de AINEs, opióides, por diversas vias e métodos, uso de meios físicos e intervenções de natureza comportamental cognitiva, como técnicas educativas, de relaxamento, distração e imaginação dirigida entre outras.18

No pós-operatório, cabe ao anestesiológista a escolha da droga, da via, e da dose, visto que é o profissional mais apto a fazê-lo, e cabe à enfermagem administrar, observar e monitorar o paciente devido a qualquer intercorrência que venha ocorrer.9

O controle da dor no pós-operatório pode envolver o uso da tecnologia sofisticada como cateteres peridurais e sistemas para analgesia controlada pelo paciente (ACP). A analgesia por cateter peridural compreende a infusão de morfínicos no sistema nervoso central. Uma das extremidades do cateter fica localizada junto à duramater e a outra exteriorizada. A Analgesia Controlada pelo Paciente (ACP) é conceito fundamentado no princípio do retro-controle. Ao sentir dor, o doente pode dispor de dose adicional de analgésico, de modo independente.6

A utilização do cateter peridural (CPD) para analgesia é uma das ferramentas eficazes para controle e alívio da dor pós-operatória. A analgesia peridural promove uma analgesia segmentar prolongada e efetiva, com pequeno ou nenhum para efeito.12

Entre os medicamentos utilizados para analgesia, vale ressaltar os anti-inflamatórios não esteroides (AINE). Nessa categoria de fármacos estão incluídas as drogas que agem através da inibição da ciclooxigenase (COX), bloqueando a conversão do ácido araquidônio em prostanóides conhecidos como prostaglandinas e prostaciclinas e tromboxanos, envolvidos no processo inflamatório e na sensibilização dolorosa central e periférica. No Brasil os AINE que pode ser utilizados via endovenosa se restringem ao cetoprofeno (100 a 300mg/dia), ao tenoxicam (20 a 40mg/dia) e cetarolaco) 10-30mg/dia).20

Já a dipirona e do acetaminofeno, apesar de serem os analgésicos e antipiréticos mais populares, seus mecanismos de ação permanecem controversos. A dose recomendada de dipirona é de 15mg/kg a cada 6 horas e do acetoprofeno é de 12mg/kg a cada 4 a 6 horas.21

Os Opiáceos, analgésicos narcóticos, têm sua ação analgésica através da ocupação de receptores um, kappa e delta, que reforçam a ação fisiológica das endorfinas e a das vias inibitórias noradrenérgicas e serotoninérgicas. Os mais usados são tramadol; meperidina; morfina; fentanil; sufentanil; nalbufina e buprenorfina.3

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Rev. Cient. Sena Aires. 2016 Jan-Jun; 5(1):70-8. 77 Os anestésicos locais atuam sobre os canais de sódio das terminações

nervosas, bloqueando a transmissão do estimulo nociceptivo. Com o objetivo de proporcionar somente analgesia, mantendo a sensibilidade táctil e motricidade. O anestésico local deve ser empregado em baixas concentrações dando-se preferência a bupivacaína em aplicações intermitentes ou infusões continuas. Os mais usados são: levobupivacaina; ropivacaina e bupivacaina.20

A dor pós-operatória quando tratada precocemente torna-se mais fácil de ser manipulada do que aquela estabelecida ou intensa. A reavaliação da dor é parte integrada do processo efetivo da administração da dor, sendo que sua frequência vai depender das condições clinicas do paciente, sugerindo a necessidade de reavaliações mais ou menos frequentes. Pacientes com dor aguda devem ter sua dor reavaliada não mais do que uma hora após administração analgésica, ou a cada relato na variação da dor, se o medicamento não reduzir a dor a um nível aceitável, deve ser perguntado ao medico sobre a possibilidade de reavaliação no plano de cuidado. A necessidade de promover o alívio da dor, do estresse e do desconforto aos pacientes é uma constate na vida dos enfermeiros. A queixa de dor deve sempre ser valorizada e respeitada, devido ao desconforto que ela manifesta.5,11,22-23

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O enfermeiro tem que ter um amplo conhecimento das alterações fisiológicas induzidas pelo ato cirúrgico, estando apto a detectar precocemente alterações que possam comprometer a evolução positiva do quadro clínico do paciente.

Devido à proximidade que a equipe de enfermagem tem com o paciente, é que identifica e notifica a dor, através das escalas unidimensionais ou multidimensionais.

A avaliação da dor no pós-operatório é uma experiência sensorial na qual a equipe de enfermagem é quem, pela maior proximidade com o paciente, identifica, alivia e notifica a dor.

As escalas utilizadas pela enfermagem na avaliação da dor são as unidimensionais e as multidimensionais, que permite a equipe de enfermagem de varias formas, avaliar a intensidade da dor da for.

O Enfermeiro não é o único profissional responsável a implementar o tratamento a dor, mas ele tem grande responsabilidade na monitorizarão da resposta do paciente. Os medicamentos mais usados no controle da dor são os analgésicos, anti-inflamatórios, opiáceos e analgesia controlada pelo paciente através de cateter peridural. O início da utilização desses medicamentos é feito de forma crescente, ou seja, aumenta a dose conforme a intensidade da dor, se ela é leve, moderada, intensa, ou intensa não controlada.

Quando a paciente interna para a realização de um procedimento cirúrgico, uma das preocupações é saber se vai sentir dor. O ato cirúrgico em si já é estressante, e entre os cuidados que a enfermagem presta, existe a preocupação em promover conforto ao paciente. A Enfermagem deve, antes de tudo, prevenir, avaliar, controlar e aliviar a dor.

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