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A socialização da dança na escola: um caminho para encantar a educação infantil

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Academic year: 2021

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(1)Encontro. A SOCIALIZAÇÃO DA DANÇA NA ESCOLA. Vol. 14, Nº. 21, Ano 2011. Um caminho para encantar a educação infantil. Revista de Psicologia. RESUMO Mara Lúcia de Castro Universidade Gama Filho - UGF maracastro24@yahoo.com.br. Rafaela Liberali Universidade Gama Filho - UGF rafascampeche@ig.com.br. Maria Ines Artaxo Universidade Gama Filho - UGF inesartaxo@gmail.com. Maria Cristina Mutarelli Universidade Gama Filho - UGF. O objetivo do estudo foi demonstrar o perfil de socialização da dança em crianças de ambos os sexos, com idade entre 5 e 6 anos, praticantes de dança escolar, em uma escola de João Monlevade, MG. Pesquisa descritiva, com uma amostra de n= 115 crianças. Na coleta de dados foram aplicados questionários (pré e pós projeto de dança) sobre perfil afetivo-social e as variáveis medidas pelos questionários são: interesse, motivação, socialização, participação, inclusão e auto-estima. Avaliando os dados prevaleceu que ambos os sexos gostaram de ter aula de dança, de trabalhar em grupo, de se apresentar dançando e 100% das meninas e 89,1% dos meninos gostaram muito da dança na escola. As crianças da educação infantil são receptivas ao trabalho com dança, pois o mesmo vem acompanhado de elementos encantadores (ludicidade, musicalidade, socialização e movimento), sendo estes capazes de contribuir para uma infância mais feliz e saudável. Palavras-Chave: dança; educação infantil; educação física; socialização; autoestima; prazer; arte. crismutarelli@hotmail.com. ABSTRACT The objective was to demonstrate the effects of dance in the socialization of children of both sexes, ages 5 and 6 years alongside practitioners of dance in a school in João Monlevade, MG. A descriptive study with a sample of 115 kids. To gather data, questionnaires were applied (pre and post project dance) on affective and social profile and the variables measured by questionnaires were: interest, motivation, socialization, participation, inclusion and self-esteem. Evaluating the data prevailed that both sexes liked to have dance classes, liked to work in a dance group and overall 100% of girls and 89.1% of the boys really liked to have dance classes in school. Children in kindergarten are receptive to work with dance, because it comes with charming features (playfulness, musicality, expression and movement), which are able to contribute to a happier and healthier childhood. Keywords: dancing; child rearing; physical education and training; socialization; self concept; pleasure; art. Anhanguera Educacional Ltda. Correspondência/Contato Alameda Maria Tereza, 4266 Valinhos, São Paulo CEP 13.278-181 rc.ipade@aesapar.com Coordenação Instituto de Pesquisas Aplicadas e Desenvolvimento Educacional - IPADE Artigos Originais Recebido em: 19/07/2011 Avaliado em: 19/10/2011 Publicação: 1 de junho de 2012. 37.

(2) 38. A socialização da dança na escola: um caminho para encantar a educação infantil. 1.. INTRODUÇÃO Sendo uma das artes mais antiga e considerada a primeira manifestação de expressão da humanidade a dança é usada para representar os sentimentos mais íntimos do homem e vem evoluindo com a humanidade e a transformação do mundo. Cercada de vida, movimento, significado e expressão, ela surge na escola como um caminho facilitador do desenvolvimento integral do aluno (PENNA, 2008; GOMES, 2007; NANNI, 2005; VERDERI, 1998; SILVEIRA; LEVANDOSKI; CARDOSO, 2008; FERREIRA, 2009). A dança na escola busca o desenvolvimento da criatividade e da imaginação, através do espaço para criação do próprio aluno, das reflexões e vivências sobre vários tipos de dança e do caráter educativo, cultural, artístico, lúdico, espetacular e simbólico. Na Educação infantil, deve-se realizar atividades que promovam a socialização e a realização de movimentos rítmicos e expressivos, nas crianças de 4 a 5 anos de idade (STRAZZACAPPA, 2001; MEIRELLES, 2010; LIMA, 2009; BRASIL,1998). O caminho para maturidade adulta começa na infância. Valores, crenças a autodescoberta corporal se constroem a partir desta fase, sendo assim, os estímulos tátil, visual, auditivo, afetivo, cognitivo e motor, desenvolvidos pela dança, são fundamentais para a formação e integração social das crianças (VERDERI, 1999; GOMES, 2007; TREVISAN, 2006). Através do trabalho com dança na Educação Infantil, a educação do movimento contribui para o desenvolvimento das funções intelectuais e pode oferecer o despertar e a construção da disciplina e da responsabilidade. O saber ser, fazer, conhecer e conviver, primeiros passos na educação de todo indivíduo, deve iniciar-se na Dança Educativa (SCARPATO, 2001; SANTOS; LUCAREVSKI; SILVA 2005; BRASIL, 1998; OSSONA, 1988). O objetivo do estudo foi demonstrar o perfil de socialização da dança em crianças de ambos os sexos, com idade entre 5 e 6 anos, praticantes de dança escolar, em uma escola de João Monlevade, MG.. 2.. MÉTODOLOGIA A pesquisa caracteriza-se como uma pesquisa experimental (LIBERALI, 2011), que verificou a relação de causa e efeito, no caso a socialização das crianças em participar do projeto de dança. A instituição pesquisada é uma escola que atende o ensino infantil (1º e 2º períodos), oferece turmas em dois turnos, matutino e vespertino, sendo dois módulos. Encontro: Revista de Psicologia š Vol. 14, Nº. 21, Ano 2011 š p. 37-49.

(3) Rafaela Liberali, Mara Lúcia de Castro, Maria Ines Artaxo, Maria Cristina Mutarelli. 39. de Educação Física semanal, com professor especializado. A responsável pela escola autorizou a pesquisa mediante a assinatura de uma declaração. A população do estudo corresponde a N= 315 crianças matriculadas na escola. Destes foram selecionados uma amostra de n= 115 crianças, por atender alguns critérios de inclusão: estar no 2º Período da Educação Infantil, estudarem no turno matutino e os pais terem assinado o termo de consentimento livre e esclarecido permitindo a participação na pesquisa como voluntário. No que refere aos aspectos éticos, as avaliações não tinham nenhum dado que identificasse os indivíduos e que lhe causasse constrangimento ao responder. Além disso, foram incluídas no estudo as crianças que aceitaram participar voluntariamente, após obtenção de consentimento verbal dos participantes e uma autorização por escrito dos responsáveis. Dessa forma, os princípios éticos contidos na Declaração de Helsinki e na Resolução nº 196 de 10 de Outubro de 1996 do Conselho Nacional de Saúde foram respeitados em todo o processo de realização desta pesquisa. Para a coleta de dados foi aplicado um questionário adaptado, sobre perfil afetivo-social proposto por Penna (2008) e Scarpato (2001), que media o interesse, motivação, socialização, participação, inclusão e auto-estima. O questionário foi organizado por meio de quatro perguntas de múltipla escolha em cada e as opções de resposta acompanhadas de carinhas expressivas, para melhor compreensão das crianças onde as crianças faziam um x em cima do desenho que representa a sua resposta (carinha feliz, carinha triste). Em primeiro lugar, foi enviada aos pais uma carta, explicando o Projeto de Dança e o objetivo da pesquisa; depois através do Termo de Consentimento foi pego a autorização. Após as crianças preencheram o questionário. Este instrumento foi respondido individualmente, com a orientação da professora de educação física, pois as crianças ainda não são alfabetizadas. Foi realizado a partir daí o Projeto Encantando “Turma da Mônica” e depois da socialização do mesmo para a comunidade escolar foi aplicado novamente o questionário. Desenho experimental 01 X 02 š. 01 = medidas do pré - teste (aplicação do questionário antes do projeto de dança). š. 02 = medidas do pós - teste (aplicação do questionário após o projeto de dança). Encontro: Revista de Psicologia š Vol. 14, Nº. 21, Ano 2011 š p. 37-49.

(4) 40. A socialização da dança na escola: um caminho para encantar a educação infantil. x = Projeto Encantando – Turma da Mônica: foram desenvolvidas atividades objetivando o desenvolvimento psicomotor, cognitivo e afetivo- social das crianças, com duração de 18 aulas, distribuídas com: - vídeo com clipes e historinhas da turma; - desfile dos personagens; - cartazes com fotos e biografias (Maurício de Sousa, Mônica, Cebolinha, Chico Bento, Rosinha, Magali, Cascão), que foram apresentados no desenrolar das aulas e depois expostos no corredor da escola; - vivências de várias atividades de dança (circular, dirigida, livre, estátua, espelho, improvisação, pequenos grupos, duplas, ritmo com instrumentos, habilidades com materiais etc.), através do repertório de 10 músicas da Turma da Mônica; - montagem de coreografias (as músicas trabalhadas foram distribuídas entre as salas para montagem do espetáculo); - ensaios (enquanto um grupo ensaiava uma parte da coreografia o outro participava de atividades diversificadas: revistinhas, desenho dos personagens, cópia de listas dos nomes dos personagens etc.); ensaio geral; - socialização do projeto para a Comunidade Escolar – “Espetáculo de Dança” (todo o figurino e acessórios foram providenciados pela Escola e a apresentação ocorreu no horário normal de aula para que todas as crianças tivessem oportunidade de participar). A análise descritiva dos dados serviu para caracterizar a amostra, com a distribuição de frequência (n e %). Para análise das variáveis categóricas utilizou-se o teste x2 = qui – quadrado de independência: partição: l x c. O nível de significância adotado foi p <0,05. O programa utilizado foi o SPSS versão 15.0.. 3.. RESULTADOS Participaram do estudo 115 crianças praticantes de dança, com idades entre 5 e 6 anos, divididos em dois grupos de 52,2% (60) meninas e 47,8% (55) meninos. Na análise do perfil do questionamento sobre a prática da dança na escola no início das aulas (momento pré), o teste de qui-quadrado demonstrou diferenças estatisticamente significativas entre os sexos, relatando dois grupos heterogêneos. Mas em ambos os sexos, prevaleceu que gostariam de ter aula de dança como conteúdo da educação física, de trabalhar em grupo e de se apresentar, como demonstrado na Tabela 1.. Encontro: Revista de Psicologia š Vol. 14, Nº. 21, Ano 2011 š p. 37-49.

(5) Rafaela Liberali, Mara Lúcia de Castro, Maria Ines Artaxo, Maria Cristina Mutarelli. 41. Tabela 1. Valores do questionamento sobre a prática da dança na escola momento pré, estratificado por sexo. G (n) %. G± (n) %. NGM (n) %. P. Você gostaria de participar de uma aula de educação física que tenha dança como conteúdo?**. 0,05**. Fem. (54) 90,01%. (05) 8,33%. (01) 1,66%. Mas. (44) 80,82%. (06) 10,09%. (05) 9,09%. Total. (98) 85,22%. (11) 9,57%. (06) 5,21%. Você gostaria de trabalhar em grupo com os colegas durante as aulas de dança?**. 0,02**. Fem. (41) 68,37%. (14) 23,3%. (05) 8,33%. Mas. (38) 69,1%. (09) 16,4%. (08) 14,5%. Total. (79) 68,7%. (23) 20%. (13) 11,3%. Você gostaria de se apresentar dançando para outras pessoas assistirem?**. 0,01**. Fem. (51) 85,07%. (02) 3,33%. (07) 11,6%. Mas. (40) 72,7%. (06) 10,9%. (09) 16,4%. Total. (91) 79,2%. (08) 6,9%. (16) 13,9%. X2= P≤0,05 (p = ** resultados estatisticamente significativos; % = porcentagem, G = gostaria, G ± = gostaria mais ou menos, NGM = não gostaria muito) – Teste qui quadrado de independência: partição l x c. (Feminino x masculino x categorias).. Tabela 2. Valores do questionamento sobre a prática da dança na escola momento pós, estratificado por sexo. G (n) %. G± (n) %. NGM (n) %. Como você se sentiu ao participar de aulas de educação física que tinham dança como conteúdo?**. p. 0,00**. Fem. (58) 96,67%. (02) 3,33%. -. Mas. (48) 87,19%. (06) 10,9%. (01) 1,91%. Total. (106) 92,18%. (08) 6,95%. (01) 0,87%. Como você se sentiu trabalhando em grupo com os seus colegas durante as aulas de dança?**. 0,00**. Fem. (48) 80,04%. (11) 18,3%. (01) 1,66%. Mas. (38) 69,1%. (11) 20%. (06) 10,9%. Total. (86) 74,79%. (22) 19,13%. (07) 6,08%. Como você se sentiu ao se apresentar dançando para outras pessoas assistirem?**. 0,00**. Fem. (53) 88,4%. (07) 11,6%. -. Mas. (46) 83,69%. (08) 14,5%. (01) 1,81%. Total. (99) 86,10%. (15) 13,04%. (01) 0,86%. X2= P≤0,05 (p = ** resultados estatisticamente significativos; % = porcentagem, G = gostei, G ± = gostei mais ou menos, NGM = não gostei muito) – Teste qui quadrado de independência: partição l x c. (Feminino x masculino x categorias).. Encontro: Revista de Psicologia š Vol. 14, Nº. 21, Ano 2011 š p. 37-49.

(6) 42. A socialização da dança na escola: um caminho para encantar a educação infantil. Na análise do questionamento sobre a prática da dança na escola após o período de aula (momento pós), observa-se que o projeto de dança foi positivo, pois ambos os sexos relataram que gostaram de ter aula de dança, de trabalhar em grupo e de se apresentar, diferenças estatisticamente significativas entre os sexos, como demonstrado na Tabela 2. No início das aulas de dança (momento pré) foi questionado aos alunos se gostariam de participar de um projeto de dança na escola e no momento pós, se eles gostaram de ter participado. Apesar do teste de qui-quadrado demonstrar diferenças estatisticamente significativas, relatando respostas heterogêneas, observa-se que ambos os sexos gostaram de ter participado da dança na escola, observado na Figura 1.. (momento pré: G = gostaria, G ± = gostaria mais ou menos, NGM = não gostaria muito momento pós: G = gostei, G ± = gostei mais ou menos, NGM = não gostei muito).. Figura 1. Valores percentuais do momento pré (se gostariam de participar de um projeto de dança na escola) e no momento pós (se gostaram de participar da dança na escola). Teste do qui quadrado de independência: partição l x c.. 4.. DISCUSSÃO Considerada a arte do movimento, a dança proporciona uma ampla consciência corporal em relação ao mundo durante a sua prática, contribui para o desenvolvimento das funções intelectuais como: criatividade, curiosidade, observação, raciocínio, exploração, atenção, memorização, poder de crítica e entendimento qualitativo de situações, sendo que os valores humanos como cooperação, ética e respeito aos colegas, às diferenças e às opiniões divergentes, são bem trabalhados, através da relação consigo mesmo, com os outros e o mundo, levando o indivíduo a vivenciar o corpo em todas as suas dimensões (VERDERI, 1998; CAVASIN, 2003; GARIBA, 2005; SANTOS; LUCAREVSKI; SILVA, 2005; SCARPATO, 2007).. Encontro: Revista de Psicologia š Vol. 14, Nº. 21, Ano 2011 š p. 37-49.

(7) Rafaela Liberali, Mara Lúcia de Castro, Maria Ines Artaxo, Maria Cristina Mutarelli. 43. O ensino da dança deve ser levado em conta pela educação escolar, pois a mesma tem uma amplitude que envolve de forma integral o físico, o psíquico, o intelecto e o emocional, sendo um conhecimento que pode estar presente em várias ações pedagógicas dialogando com os conhecimentos de outras áreas, através de uma dança educativa, criativa e recreativa, que tem como papel permitir a vivência de possibilidades infinitas do movimento e não a criação de dançarinos profissionais, integrando a habilidade corporal e criativa do aluno com o conhecimento intelectual (FERREIRA, 2009; BEZERRA, 2008; SILVEIRA; LEVANDOSKI; CARDOSO, 2008; LIMA, 2009; OSSOMA, 1988; GOMES, 2007). Em relação aos dados obtidos o presente estudo no pré-teste, em ambos os sexos, prevaleceu que gostariam de ter aula de dança como conteúdo da educação física, de trabalhar em grupo e de se apresentar dançando. Estes dados podem ser colaborados por Brasil (2004) que descreve que na educação, o trabalho com a arte é imprescindível, considerando que a mesma é capaz de alargar e aprofundar o conhecimento do ser humano, possibilitando-lhe maior compreensão da realidade e maior participação social. Esse resultado comparado ao estudo realizado com professores de educação física de escolas da cidade de Porteirinha, MG, por Silva, Alves e Ribeiro, (2010) que constatou que 62,5% dos professores, ensinam a dança com o objetivo de trabalhar expressão corporal, coordenação motora, psicomotricidade, dinamismo, autocontrole, autoconhecimento, interação e também pelo prazer de proporcionar a dança aos alunos, vem de encontro com o interesse das crianças em praticar a dança. Um ambiente físico e social onde as crianças sintam-se estimuladas e seguras para se arriscar e vencer desafios deve ser favorecido pelas instituições de educação infantil (MATTOS; NEIRA 2002). A constante busca da alegria e do prazer em se movimentar através de movimentos ritmados e compassados, que desenvolve de forma criativa as diferentes funções mímicas e pantomímicas, é sem dúvida a melhor caracterização para a dança e seus movimentos (KUNZ, 1994). Com tudo, na vida das crianças, tanto a formação artística quanto a integração social promovida pela dança, é fundamental (TREVISAN, 2006). Pierezan et al. (2008) afirmam que de forma lúdica a dança desenvolve as capacidades físicas e intelectuais da criança, sendo que as atividades dirigidas a elas devem favorecer a sensação de alegria. Por dar suporte para que as crianças desenvolvam sua personalidade e cresçam na natureza artística, a dança deve ser incluída na educação em geral.. Encontro: Revista de Psicologia š Vol. 14, Nº. 21, Ano 2011 š p. 37-49.

(8) 44. A socialização da dança na escola: um caminho para encantar a educação infantil. Para evitar exclusões entre meninos e meninas, o professor de educação física deve quebrar paradigmas e adaptar as aulas para todos os alunos, articulando idéias sobre sexualidade, esporte e dança (CAPRI, 2009). Se por um lado, as crenças, significados, valores, atitudes e comportamentos adquiridos fora da escola, bagagem prévia do estudante, limitam o poder de intervenção da escola, não se pode esquecer que é possível criar propostas político-pedagógicas que vinculem a cultura escolar e as aprendizagens de origem externa à escolaridade, pois na escola também se constrói cultura (SOUSA; ALTMANN, 1999). Avaliando os dados do pós - teste, prevaleceu também que ambos os sexos gostaram de ter aula de dança, de trabalhar em grupo e de se apresentar dançando. Scarpato (2007) acredita que o dançar, apreciar e contextualizar a dança deve estar bem fundamentado na proposta metodológica e nos conteúdos da dança na escola. As capacidades de se relacionar com o outro, relacionar consigo mesmo e de conhecer sobre o meio social a qual está inserido pode ser adquirida através do movimento (PENNA, 2008). Esse resultado condiz com o estudo realizado por Tresca e De Rose Jr. (2000) que em uma escola da cidade de São Paulo, SP, compararam um grupo de alunos que vivenciaram aulas de dança e outro que não participou de aulas de dança, durante aulas de educação física, constatando aspectos de maior ânimo, ludicidade, socialização, autoafirmação, perspicácia e crítica, no grupo que vivenciou a dança. Também no estudo de Falsarella e Amorim (2008) realizado com 46 pais/mães, de meninas entre 06 e 14 anos de idade, que praticavam aulas dança a um tempo mínimo de seis meses, na cidade de Santa Rita do Sapucaí, MG, constataram através da pesquisa que os pais das crianças e adolescentes veem os aspectos motor, cognitivo e afetivo-social melhorados com a prática da dança; pois todos os resultados demonstram que as pessoas se sentem beneficiadas positivamente ao vivenciar a dança. O ato de aprender a fazer movimentos e as apresentações de espetáculos em festividades na escola, não pode ser o objetivo maior do processo ensino-aprendizagem da dança na escola, embora as apresentações sejam importantes por fazer parte da cultura (LIMA, 2009). A dança deve ser descoberta, vivenciada, pensada e sentida, pois ela é muito mais que sua própria palavra inspira (VERDERI, 1998). Desse modo, os resultados do presente estudo mostram que as crianças concordam que a prática da dança na escola é um meio agradável para se desenvolver os aspectos motores, cognitivos e afetivo-sociais. Questionados se gostariam de participar de um projeto de dança (pré-teste) e se gostaram da dança na escola (pós-teste), observa se que 100% das meninas e 89,1% dos meninos gostaram muito da dança na escola. Estes. Encontro: Revista de Psicologia š Vol. 14, Nº. 21, Ano 2011 š p. 37-49.

(9) Rafaela Liberali, Mara Lúcia de Castro, Maria Ines Artaxo, Maria Cristina Mutarelli. 45. valores são similares ao estudo de Penna (2008) realizado em uma escola da cidade de Osasco, SP, que demonstrou que 85% dos alunos gostaram da dança na escola, diante disso, constatou que durante o processo de dança na escola, o papel mais importante é do professor de educação física, pois cabe a ele estabelecer os objetivos de acordo com a idade e a limitação dos alunos, de forma que além de desfrutar de momentos agradáveis que a dança trás os alunos possam explorar da melhor forma suas capacidades. Comparando com o estudo de Ferreira, Villela e Carvalho (2010) realizado com alunos de um programa de saúde, de escolas públicas e particulares na cidade de Poços de Caldas, MG, que constatou resultados que sugere que pode haver um benefício específico da atividade de dança no domínio pessoal, com uma percepção de si mesmo mais positiva, maior autovalorização e segurança diante das situações do dia a dia, constatamos, mais uma vez, a importância da dança na escola. A pesquisa de Meira (2009) vem pra harmonizar todos estes resultados, pois em estudo realizado com os alunos do projeto de dança, professores e equipe pedagógica de uma escola municipal de Porto Alegre, RS, constatou-se que a partir do projeto de dança, a escola passou a ser vista como pólo cultural, os professores veem às atividades de dança como oportunidade de integração da comunidade escolar, os alunos sentem-se vaidosos e motivados com as apresentações e que a dança melhora a qualidade de vida e abre possibilidades para os mesmos. Acredita - se que a partir do momento que os conteúdos de dança na escola são trabalhados de uma forma sadia, alegre, vibrante e saudável principalmente com os meninos, mesmo sabendo das dificuldades, os mesmos são aceitos e apreciados (CAPRI, 2009). Mesmo entendendo que para a conquista de objetivos que afetam valores e comportamentos enraizados nos distintos grupos sociais, o ensino escolar é uma alavanca de potencial limitado, acredita - se que a escola pode contribuir para a possibilidade de ampliação de espaços para a construção de relações não hierarquizadas entre homens e mulheres (SOUSA; ALTMANN, 1999). Uma nova maneira de pensar e fazer dança na área de educação física é o Método Dança- Educação Física, que busca uma interação entre duas áreas, enquanto processo educacional (CLARO, 1988). A experimentação artística e a apreciação através da dança estimulam nos indivíduos os exercícios de imaginação e da criação de formas expressivas, despertando a consciência estética, com um conjunto de atitudes mais equilibradas diante do mundo, sendo uma grande contribuição para a área da educação física (BARRETO, 2008). Encontro: Revista de Psicologia š Vol. 14, Nº. 21, Ano 2011 š p. 37-49.

(10) 46. A socialização da dança na escola: um caminho para encantar a educação infantil. Excelente método capaz de auxiliar na formação pedagógica e capaz de desenvolver em seus praticantes uma consciência corporal enquanto sujeito transformador no tempo e espaço, o dançar não pode ser privilégio de alguns (PENNA, 2008). Dançando, exercitando seu ato crítico, criando a partir de vivências com o movimento, pode-se aprender o dançar. O movimento corporal por meio do sentir, do pensar e do agir em movimento de forma intencional, deve ser estudado quando o dançar for aplicado no contexto da educação física, porque através das ações simples e cotidianas, surgem novas ações motoras e o repertório corporal dos alunos é ampliado a partir de estímulos dados pelos professores, surgindo ações não somente motoras, mas corporais, expressivas e intencionais. Com base na realidade sócio-cultural dos alunos, dos contextos vividos e temas que possam estimular um dançar significativo para eles, deve acontecer a inserção da dança como um dos conteúdos da educação física (GOMES, 2007). O fazer educativo da dança na escola, de forma contextualizada, faz com que a mesma deixe de ser recurso para apresentações comemorativas e passe a fazer parte do projeto pedagógico, contribuindo para formação integral dos alunos. Verderi (1999) afirma que precisa encantar os alunos, necessita reencantar a educação, a educação física.. 5.. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os resultados desta pesquisa são gratificantes à medida que reforçam que a dança na educação infantil tem um papel muito importante, pois a criança ao vivenciar a dança estará estimulando e desenvolvendo suas capacidades e habilidades motoras de forma prazerosa, ao trabalhar em grupo fortalecendo os laços de amizade e vencendo preconceitos em relação a gênero, raça e classe social e ao se apresentar dançando, melhorando sua auto-estima, desenvolvendo sua capacidade de superação e educando suas potencialidades de dançar e de apreciar a arte da dança, através de um processo criativo e significativo embasado no contexto do universo infantil. Considerando-se os resultados deste estudo sugere-se que a dança escolar deve estar presente no currículo da Educação Infantil e que novos estudos devem ser realizados para que cada vez mais se comprove que a dança na escola, quando aplicada com metodologia adequada, e principalmente com consciência pedagógica é um caminho possível, agradável, motivador e encantador para se seguir.. Encontro: Revista de Psicologia š Vol. 14, Nº. 21, Ano 2011 š p. 37-49.

(11) Rafaela Liberali, Mara Lúcia de Castro, Maria Ines Artaxo, Maria Cristina Mutarelli. 47. REFERÊNCIAS BARRETO, D. Dança...: ensino, sentidos e possibilidades na escola. 3.ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2008, 161 p. BEZERRA, V.S. A contribuição do movimento da dança quanto ao desenvolvimento das crianças de educação Infantil: um estudo introdutório. 2008. Trabalho Conclusão de Curso (Licenciatura em Educação Física) - Centro Universitário FIE de Osasco, Osasco, SP, 2008. BRASIL. Ensino Fundamental de nove anos: orientações gerais. Brasília: MEC, Secretaria de Educação Básica, 2004. ______. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Nacional da Educação Infantil. Brasília: MEC/SEF, v.03, 1998. CAPRI, F.S. Rompendo as barreiras do gênero masculino: prática da dança em aulas de Educação Física. Revista Digital efdeportes.com, Buenos Aires, Ano 14, n.136, set. 2009. CAVASIN, C.R. A dança na aprendizagem. Instituto Catarinense de Pós-Graduação, Revista da Pós, n.3, p.1-8, ago./dez. 2003. Disponível em: <http://www.icpg.com.br/artigos/rev03-01.pdf>. Acesso em: 24 jun. 2011. CLARO, E. Método Dança-Educação Física: uma reflexão sobre consciência corporal e profissional. São Paulo: Editora Claro, 1988. FALSARELLA, A.P.; AMORIM, D.B. A importância da dança no desenvolvimento psicomotor de crianças e adolescentes. Revista da Faculdade de Educação Física da UNICAMP, Campinas, v. 6, ed. especial, p. 306-317, jul, 2008. FERREIRA, S.S. Dança na escola: um processo de criação. 2009. Dissertação (Mestrado em Educação) - Pós-Graduação em Educação, Conhecimento, Linguagem e Arte da Faculdade de Educação - Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, 2009. FERREIRA, S.A.; VILLELA, W.V.; CARVALHO, R. Dança na Escola: uma contribuição para a promoção de saúde de crianças e adolescentes. Revista Investigação, v. 10, p. 55-60, 2010. Disponível em: <http://publicacoes.unifran.br>. GARIBA, C.M.S. Dança escolar: uma linguagem possível na Educação Física. Revista Digital efdeportes.com, Buenos Aires, ano 10, n. 85, jun. 2005. GOMES, A.S.M. Uma análise fenomenológica do Dançar nos discursos dos formandos em Educação Física. 2007. Dissertação (Mestrado em Educação Física) - Universidade São Judas Tadeu, São Paulo, 2007. KUNZ, E. Transformação didático-pedagógica do esporte. Ijuí, RS: Ed. Unijuí, 1994. 152 p. LIBERALI, R. Metodologia científica prática: um saber-fazer competente da saúde à educação. 2.ed. rev. ampl. Florianópolis: Postmix, 2011. 206 p. LIMA, R.R.M. Dança: Linguagem do corpo na educação infantil. 2009. Dissertação (Mestrado em Educação) - Programa de Pós-Graduação em Educação. Linha: Estratégias de pensamento e produção de conhecimento - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN, 2009. MATTOS, M.G.; NEIRA, M.G. Educação física infantil: inter-relações. São Paulo: Phorte Editora, 2002. 97 p. MEIRA, M.A. Transformações na vida escolar de crianças e adolescentes que participam do Projeto de Dança na Escola Municipal de Ensino Fundamental Neusa Goulart Brizola. LUMERepertório Digital, Trabalhos de Conclusão de Curso de Graduação -TCC Educação Física, UFRGS, 2009. Disponível em: <http://hdl.handle.net/10183/18830>. MEIRELLES, E. Dançar e criar. Revista Nova Escola, n.237, nov. 2010. NANNI, D. O ensino da dança na estruturação/expansão da consciência corporal e da auto-estima do educando. Fitness & Performance Journal, Rio de Janeiro, v. 4, n. 1/2, p. 45-57, 2005. OSSONA, P. A educação pela dança. São Paulo: Summus Editorial, 1988. 173 p.. Encontro: Revista de Psicologia š Vol. 14, Nº. 21, Ano 2011 š p. 37-49.

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(13) Rafaela Liberali, Mara Lúcia de Castro, Maria Ines Artaxo, Maria Cristina Mutarelli. Pesquisa, Corporal’.. Bioestatística. Básica,. 49. Expressão. Maria Ines Artaxo Educadora Física. Especialização em Ginástica em aparelhos – São Paulo. Especialização em psicomotricidade no GAE. Especialização em danças folclóricas em Cuba. Coordenadora do pós graduação da Universidade Gama Filho - UGF, coordenadora do programa de pós graduação de Dança e Consciência Corporal e Personal Training do Uni-FMU. Maria Cristina Mutarelli Educadora Física. Mestre em Educação Física/Biodinâmica do Movimento Humano pela EEFEUSP. Especialista em Reabilitação Cardiovascular pelo Instituto do Coração INCOR/FMUSP. Coordenadora do curso Dança e Consciência Corporal da Universidade Gama Filho - UGF.. Encontro: Revista de Psicologia š Vol. 14, Nº. 21, Ano 2011 š p. 37-49.

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