• Nenhum resultado encontrado

Transcrição da Entrevista

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Transcrição da Entrevista"

Copied!
11
0
0

Texto

(1)

Transcrição da Entrevista

Entrevistadora: Valéria de Assumpção Silva

Entrevistada: Professora: Valéria Local: Núcleo de Arte Nise da Silveira Data: 12 de dezembro de 2012

Horário: 7:52

Duração da entrevista: 31min. 32seg.

Professora Valéria fale um pouco sobre a sua formação e experiência artística.

Bom, na verdade eu comecei a dançar com nove, dez anos. Eu comecei a fazer aula de sapateado, eu não fiz ballet desde pequeninha como muitas meninas têm essa formação... desde pequena. Eu nem gostava muito do ballet, o ballet nunca foi muito a minha praia, na verdade o ballet só foi entrar na minha depois, por causa da dança de salão, a dança de salão entrou na minha vida primeiro, eu fiz o sapateado, fiz o jazz...

Você fez tudo no Centro de Dança Rio?

Fiz! Fiz no Centro de Dança Rio, mas eu não cheguei a me formar lá porque na época eu era bolsista do Centro de Dança Jaime Arouxa, e aí eu precisava de mais tempo para... eu tinha uns dezesseis anos... quinze para dezesseis anos e eu precisa de mais tempo para me dedicar a dança de salão e aí eu tive que sair já que os dois eram a noite, saí e me dediquei mais a dança de salão mesmo...

Era em Botafogo né?

Eu era do Méier, fiquei um tempo no Méier, fiquei um tempo em Botafogo, saí do Jaime participei da Cia do Alex de Carvalho que é na Vila da Penha... E aí quando eu fui participar de cia é que eu tive a necessidade de fazer aula de ballet porque a gente

COR PRETA - Relatos do Entrevistado

(2)

precisava desse trabalho corporal para estar no palco, para poder apresentar... Eu procurei a Educação Física também muito movida e motiva pela dança e a Educação Física...

Onde você fez Educação Física?

Na UFRJ! E me daria um leque maior de possibilidades para eu poder trabalhar não só a dança. Então eu me graduei em Educação Física, também gostava bastante de trabalhar com essa parte de escola, sempre quis, sempre foi meu objetivo trabalhar com escola e aí ano passado eu fui chamada para o município do Rio, fiz o concurso no final de 2010, fui chamada em maio de 2011, e aí logo que eu entrei na minha escola mesmo, minha escola de matrícula eu conheci um professor de Artes que trabalha no Núcleo e aí ele falou para mim que estava precisando... a gente teve um conversa logo no primeiro conselho de classe que eu fui e a gente conversando e ele “ Ah! Puxa você dá aula de dança, vou te levar para um lugar que você vai adorar, você vai gostar porque lá está precisando, tinha uma professora de licença e aí que eu vim chegar aqui. Mas eu já trabalho também com a dança de salão fora daqui, e eu trabalho já a bastante tempo... trabalho em uma escola de dança de salão mesmo.

Então você está no Núcleo de Arte tem um ano?

Tem um ano! Um ano e pouquinho né? Desde junho do ano passado.

Bom. Eu queria saber sobre a história do Núcleo, mas como você está aqui a um ano você vai me apresentar o que você está achando do Núcleo de Arte, como está a sua relação com a comunidade, com a equipe de professores, com os alunos, como está sendo essa experiência?

Você quer saber do trabalho?

Do trabalho e da experiência que você está tendo com as pessoas, com a comunidade, com os alunos, professores...

No ano passado quando eu entrei o trabalho estava meio que encaminhado, já existia uma preparação até para a mostra de dança, existia um tema... Então, eu acabei fazendo também um trabalho junto com uma outra professora que ela estava coreografando Águas de Março, e aí ela me pediu para poder fazer um trabalho com alguns casais e aí a gente fez uma coreografia em conjunto, foi um trabalho super legal de fazer, eu nem

(3)

esperava ainda participar da mostra e aí eu acabei participando junto com ela... foi muito bacana assim... além da interação entre professores, de trabalhar junto, pensar junto, trocar ideias, trocar informações... ela trabalhando jazz com as meninas eu trabalhando os casais, mas esse trabalho em conjunto foi muito enriquecedor eu aprendi muito nesse trabalho em conjunto. Eu acho que é isso que me motiva muito no Núcleo, esse trabalho de você ter que trabalhar de forma interdisciplinar porque na verdade a gente trabalha várias modalidades, não só a dança, mas outras manifestações culturais também que a gente acaba trabalhando essa junção do teatro, junto das artes visuais, da música e da dança... esse trabalho foi muito enriquecedor, e eu acho que é um trabalho bem pedagógico mesmo, coisas que a gente acaba não vendo em escolas de dança e que as vezes é só a dança pela dança. Na verdade muitas das coisas que eu aprendi aqui, e a forma que eu aprendi a trabalhar, eu levo para o meu trabalho fora daqui e algumas coisas eu trago de lá para cá, mas muitas coisas eu levo daqui para lá também. Eu acho que é isso que é bacana sim, esse trabalho entre os professores, essa coisa de que a gente consegue trabalhar um junto do outro, é um com o outro...

E entre a comunidade? Como é essa comunidade? O que você fez com a comunidade? Como foi o seu entrosamento com a comunidade?

Eu...

Alunos e pais...

Na verdade, realmente as crianças... eu fico assim... impressionada como eles se encontram, como eles ficam bem, felizes, você vê crianças com algumas histórias muito complicadas, histórias difíceis e às vezes eu olho para eles e aí quando a gente chega aqui e a gente vai comentar alguma coisa, falar alguma coisa a gente vê que tem um histórico super difícil, e você vê alí a felicidade da criança... Eu acho que assim... eu conquistei um bom relacionamento com eles... tenho...enfim... alunos assim que vão ficar marcados para sempre, mesmo sendo um ano e pouquinho que eu trabalho aqui, as crianças crescem rápido... e aí a gente vê eles crescendo, amadurecendo... Eu acho que é uma comunidade bem... O lugar é um lugar violento, difícil, mas eu vejo o comportamento deles aqui dentro... às vezes eu fico impressionada com as coisas que eu escuto e que eu vejo que parece que a gente nem está falando da mesma pessoa... “ah, porque tem uma história complicada.” Mas quando eles estão aqui eles estão super respeitosos, eu nunca tive problema nenhum...

(4)

Esses alunos vem de que? Tráfico...

De várias coisas assim... de mãe que foi assassinada pelo tráfico... e crianças assim... Jovens que já foi envolvido com o tráfico e que hoje se encontrou, hoje você vê a felicidade deles dançando, vê a felicidade deles quando são convidados para ir para algum evento... eu nunca tive nenhum tipo de problema com eles, claro que a gente tem problemas menores, de indisciplina, que falta às vezes não avisa, que não fala... mas acho que os problemas são mínimos perto do que eles passam, das dificuldades que eles enfrentam. Acho que os problemas são bem pequenos, acho que a felicidade é muito maior do que os problemas que eu tive aqui!

Você tem conhecimento das Orientações Técnico Pedagógicas da SME/ RJ?

Na verdade eu tive conhecimento desse documento... mas eu nunca trabalhei com ele, mas eu tive conhecimento dele. Esse ano quando a gente fez um curso que foi oferecido para para os Núcleos de Arte e foi até a parte de dança, que foi ministrado pela professora Damiela que é daqui do nosso Núcleo. O pessoal lá... foi uma troca bem interessante, o pessoal falou sobre a experiência que eles tiveram, eles falaram um pouco sobre aquela época e o que que eles produziram naquela época... e aí foi dessa forma que eu tomei conhecimento de que havia um documento, mas eu nunca cheguei a trabalhar com ele...

Como é a sua metodologia de Trabalho?

Na verdade a gente sempre tem as nossas reuniões e sempre no inicio do ano é passado, conversado, acordado e combinado como que a gente vai desenvolver esse tema... a gente mais ou menos conversa sobre a diretriz que cada um vai colocar, porque apesar da gente estar trabalhando com o mesmo tema cada um vai pensar que viu uma diretriz diferente para a gente não tornar o assunto repetitivo... É mais na parte prática mesmo, a gente já conversa e dentro do tema que a gente tem a gente procura, pesquisa, estuda para ver como a gente pode fazer isso, pesquisa música... E esse ano que a gente trabalhou essa coisa da energia, eu fiz a parte do sol, a energia que vem do sol e aí na hora... “gente como vou fazer uma música?” E foi até um professor de música que mostrou... “Olha só as músicas que eu tenho!” E aí foi um trabalho mesmo de pesquisa, com todo mundo junto... e mais uma vez nossa...

(5)

Variedade e Liberdade né?! Bom, queria que você fizesse uma auto avaliação do projeto que você escolheu esse ano, considerando as influências positivas e negativas do projeto. Como foi para você esse projeto, aspectos positivos e negativos.

Para mim em relação ao tema...

O projeto foi sobre... o projeto pedagógico tem a ver com a... ou não com a mostra de dança?

Não. Diferente!

Bom, o projeto foi bom para mim até para eu poder ler mais, estudar mais sobre o tema né?! Que a gente teve que pesquisar um pouquinho até para a gente poder colocar movimentações que estivessem de acordo com o tema também, não que a gente fosse fazer ao pé da letra, mas o projeto eu acho que não te prende não te aprisiona, pelo contrário, ele faz com que você aprenda a trabalhar dentro de um determinado tema, dentro de um determinado contexto. Então acho que o objetivo foi alcançado sim, até em relação às crianças, eu acho que eles entendem... um trabalho que eu acho muito interessante no Núcleo também, porque eu já vi em muitos lugares as crianças dançando pela técnica e dançando por dançar, sem entender realmente o processo educacional que eles estão colocando. E aqui eu pude ver que no final eles conseguem ter uma compreensão do que eles estão fazendo, a gente coloca para eles desde o início do ano qual é o projeto, o que eles vão fazer o porquê eles estão dançando, o que eles estão representando ali naquele momento coreográfico, qual é a função ali... Eu acho que esse entendimento por partes das crianças também eu acho que é um ponto positivo, de onde o processo consegue alcançar...

E negativo, alguma coisa? Alguma dificuldade que você sentiu? De negativo...?

Alguma dificuldade... alguma coisa.... o que foi difícil para você!

É... acho talvez... essa... O material que a gente sempre acaba se virando mesmo, as dificuldades que a gente tem... “Ah... não tem.” “Ah... a gente tem que conferir.” Sai e a gente pensa em alguma coisa, pensa em uma roupa, mas nem sempre é tão fácil assim... É o simples prazer né?

(6)

É... É... não é tão fácil...a gente tem sempre que trabalhar na base da criatividade e aí vai um pensando de um lado e o outro pensando do outro e as vezes no final a gente consegue chegar em um produto final... E isso parte também dos alunos que às vezes... “Ah... semana de prova.” E é a semana que a gente precisa ensaiar, mas é uma semana que eles estão envolvidos com a escola, estão mais envolvidos com a escola e às vezes falta e a gente resolve daqui... então essa questão dos ensaios e dos recursos materiais.

Linguagem da dança, vamos lá... A linguagem da dança em alguns Núcleos é muito forte, eu considero às vezes como cargo chefe, pelo número de pessoas que trabalham, dos alunos... Eu queria te perguntar assim... Se a linguagem da dança é relevante, muito forte aqui dentro desse núcleo e porque você acha isso?

Eu acho que ela é bem importante aqui, principalmente pelos resultados dos trabalhos e pelo quantitativo, também pelo número de alunos porque eu vejo aqui que hoje somos quatro professoras de dança e eu acho que todas tem um trabalho assim... é... claro que tem turmas que se repetem, mas na verdade cada uma tem um trabalho ímpar, tem um trabalho diferente, uma forma de trabalhar diferente e acho que todas têm público, todas têm um bom quantitativo de alunos. Eu acho que a importância também vai pelo envolvimento deles porque a gente vê por outro lado o quanto que eles vão ficando mais comprometidos e vai passando... Eu falei no princípio que às vezes gente tem aquela dificuldade de ensaio, que os alunos às vezes o aluno some por causa de prova, mas a gente vê por outro lado que a gente tem alunos muito comprometidos aqui... quando eles sabem...que eles não dependem só deles...tem outras questões também, tem às vezes criança depende do pai para trazer, uma criança depende de uma outra maior para poder vir trazer, mas tem muitos que tem o comprometimento muito grande que sabem que vão dançar, que sabem que vão se apresentar e então eles vêm para cá... e às vezes eles mesmos vêm e ajudam a produzir as coisas, ajudam... eles querem participar desse processo. Você vê o quanto é importante para eles e eu acho que... a maior prova de que é importante... eu acho que são os trabalhos, os trabalhos que são produzidos...

Então acaba que é um projeto de vida para eles, né?

Isso... Alguns a gente sabe que não vão... sabe não... imagina, que às vezes não vão seguir e outros que a gente olha e fala, “ Eu imagino essa criança dançando. Daqui para frente só dançando.” Porque... tem criança que tem talento.

(7)

Tem que ter talento né? Nó! E são mais expressivos né? São mais precisos... No seu entendimento a dança pode ser considerada um fator de inclusão social em relação à comunidade mais desfavorecida? Falando das comunidades que frequentam o Núcleo? Porque aqui só tem comunidade carente... Você acha que tem crianças da classe média? Olha... É bem raro!

Bem raro né? Mais é dentro da comunidade. Você conta nos dedos de uma mão.

Mas você considera que a dança pode ser vista como vetor de Inclusão social?

Com certeza. Eu acho que até pelos comportamentos assim... tem crianças que às vezes, quando chegam aqui são mais agressivas, sempre representam algum tipo de problema, dão sempre um problema e aí depois no decorrer do tempo você vai vendo o perfil da criança mudando, você vai vendo ela ficar mais responsável, mais envolvida... Até pelas evidências também, por histórias que às vezes... Um professor conhece o aluno e fala, “Caramba! O fulano de tal fora daqui... eu conhecia ele, ele era assim... eu nunca ia imaginar... ele dessa forma, envolvido e dançando e querendo participar, educado e entendendo que a gente tem regras... Então eu acho que funciona brilhantemente assim na reconstrução social.

Eu queria que você fizesse algumas reflexões para mim, sobre as transformações corporais, (assim como você está falando) e afetivas desses alunos na sua oficina. Eles entenderam isso desde que eles começaram, algumas crianças chegaram sem o contato com a dança e fazem sua aula... Como é essa transformação para você e como você percebe isso?

Eu acho que existe sim esse fator da transformação nos alunos que você via no início assim... Caramba! Como às vezes tinham dificuldade agora já não tem dificuldade... e alguns acabam infelizmente desistindo, mas são poucos, são poucos alunos que desistem e os que ficam você vê uma evolução nele em todos os sentidos assim... Tinha aluno aqui que fazia aula de dança, e fazia aula de música, fazia aula de flauta e aí depois você via a evolução do aluno de uma forma geral, como uma atividade complementava a outra e aí a gente consegue visualizar mesmo como ele consegue... Você começa outra coreografia e aí na próxima coreografia ele já vem de um jeito

(8)

diferente... se na primeira ele já teve com uma dificuldade tamanha, na segunda ele já está muito mais ligado, mais esperto... ele consegue evoluir. Tem uma evolução bacana, tem um contato com o outro também... acho que ele evolua...

Relacionamento né?

Das atividades... É... com o outro... Não só nas relações afetivas, mas em termos de dança mesmo, os exercícios que eles fazem juntos. Eu trabalho a dança de salão, então eles trabalham muito em pares, trabalham muito juntos...

Aprender a ter paciência com o outro né? Esperar pelo outro...

O tempo do outro.

E o relacionamento né?

E não só o seu par né? Mas às vezes fazendo outras coreografias você tem outros pares também, outros casais dançando... então eu troco os pares, tento trocar bastante também para eles não ficarem sempre ali... tem realmente que buscar essa relação ali uns com os outros. E as relações afetivas então quer dizer assim..., aí vem entra as férias e morrem de saudade um do outro.

Em janeiro eles morrem não tem aula o mês todo, eles devem ficar... (risos) A gente trabalha janeiro! (risos)

Você teve alguma experiência de alunos conseguiram a inserção no mercado de trabalho formal e informal por meio da dança? Alguns já conseguiram fazer pontas na televisão, dançar em grupos de dança, ou procurar empregos fixos, entrar na faculdade de dança... seguir as artes. Se a dança aqui dentro você vê transformação neles através das oficinas e se vê o interesse de continuar no meio da arte.

Olha na verdade aqui eu estou a pouco tempo, né? E conversas, eles conversam... você vê as conversas?

Vejo e muitos! Na verdade como falei para você... Vou dar até um exemplo de um aluno, que até esse aluno estava no vídeo. Ele é um aluno que veio do... ele faz Karatê compete, viaja, quando consegue patrocínio viaja e aí ao longo do tempo ele fez dança de salão, foi fazer ballet e aí hoje em dia faz hip hop...

(9)

Ele tem quantos anos?

Ele tem quatorze anos... está terminando agora o nono ano. E aí a gente vai até ver se a gente consegue encaminha-lo para algum lugar assim... porque realmente o profissionalizante ele já está fazendo aula fora daqui já... aos sábados a gente já conseguiu já no Centro Coreográfico.

Isso que eu ia falar... O Centro Coreográfico é de graça... Ele tá lá...

Tem que encaminhar sim...

E aí de repente a gente vai até levar para o Centro de Dança Rio ano que vem, que eu acho também que é um lugar bacana... E ele começou assim, ele tem uma flexibilidade porque ele veio da luta, e aí hoje em dia ele ainda treina, mas você vê assim que ele se encontrou na dança... ele vai se distanciando um pouquinho da luta, às vezes ele fala “Ah eu tenho que ir para o Karatê hoje.” Mas a vontade eu acho que é mesmo de dançar o tempo todo. Então é um menino que eu vejo que é super disciplinado, dedicado é... não é uma perda assim, que sobe a cabeça... é bem centrado é um menino que eu vejo um futuro brilhante assim dentro da dança. Se ele seguir é da vontade dele por toda motivação e animação, toda vez que tem alguma coisa ele fica agoniado se ele não pode ir por algum motivo. Mas ele tem suas responsabilidades “hoje eu não posso ir porque eu tenho curso”, mas então ele já está com uma visão para fazer ensino médio, não sei onde que ele vai cursar ainda, mas ele é um exemplo do que eu vejo que tem controle, ele já tinha tido um outro contato com a dança, mas na escola mesmo, montando uma coisa aqui outra ali, mas em termos de aula mesmo eu acho que foi o primeiro contato que ele teve aqui e eu acho que o Núcleo foi super importante assim... para que ele descobrisse assim sua vocação.

Você teve algum aluno deficiente ao longo das suas oficinas esse ano que você dá aqui no Núcleo? Atendeu algum aluno?

Não. Aqui não

Bom, deixa eu fechar a entrevista. É só para você comentar como foi essa experiência para você...

(10)

Desculpa... eu falei que não atendi, eu atendi uma menina ela tinha seis anos, mas ela ficou bem pouquinho tempo...

Jovens... A pesquisa é sobre jovens, doze anos em diante. Ah tá, então...

Queria que você fizesse um comentário sobre como está sendo para você esse tempo que você está aqui no Núcleo, experiência, a nível de conhecimento profissional, como você está se sentindo em relação a isso e depois para fechar um pouquinho se você quiser comentar sobre os Núcleos a questão da política agora, dos desmontes, extinções de alguns Núcleos, não sabe como vai continuar e como vai ser o processo.

Como eu comentei, quando eu entrei no município eu sabia da existência dos clubes escolares, mas eu não tinha conhecimento dos Núcleos. A primeira coisa que eu perguntei para a CRE quando eu cheguei eu falei “Como você faz para trabalhar nos Clubes?” aí eles “Olha... muuuito difícil. Muito difícil. Quem tá, tá, quem não tá...” Bom vocês estão em sonho um pouquinho distante...

Aí enfim, por outros caminhos eu acabei vindo parar no Núcleo que eu acho que é um trabalho que eu me identifico mais do que o trabalho do clube, é... eu acho que é um pouquinho diferente a forma de trabalhar...

É eles trabalham mais o movimento artístico mesmo né?

O clube tem esportes... é mais o corpo... As coisas acontecem porque tem que acontecer, eu acho que eu vim parar no lugar certo. E para mim foi um grande aprendizado, eu consegui acrescentar muito para as crianças e tenho certeza disso, mas eu acho que elas conseguiram também acrescentar muito para mim. Fazer o trabalho com elas foi muito bom eu já tinha trabalhado com criança, eu trabalhava em uma vila olímpica durante sete anos...

Na prefeitura?

É na Penha, no Greip da Penha. Lá era projeto eu ainda não era do município enfim... trabalhei lá durante sete anos e já tinha feito um trabalho com crianças, mas o trabalho no Núcleo é bem diferente até mesmo porque a gente tem esse foco educacional, esse pensamento em conjunto, esse trabalho em conjunto, então eu aprendi muito com os

(11)

meus colegas também, que são pessoas mais experientes... em vários aspectos... em termos coreográficos, entendimentos em termos coreográficos, entendimentos de composição em relação ao à adequação ao tema, a figurino, a luz... foi muito importante para mim assim nesse um ano... um ano e pouquinho.

Em relação à questão politica você quer comentar alguma coisa?

Eu acho muito triste, eu vejo com bastante tristeza assim... o fato dos fim dos Núcleos. Eu acho que o trabalho que é feito aqui é um trabalho que realmente engrandece as crianças, é super importante para elas e você vê o quanto é importante na fala delas... até pelo que eu falei... No início é um pensamento de que... “Ah! Vou lá para poder fazer aula” e depois você vê o envolvimento, você vê o envolvimento com a atividade como elas se apaixonam pelo que elas fazem e que infelizmente essas crianças hoje não... e a maioria não vai ter oportunidade de fazer em outro lugar. A gente sabe que aqui é um trabalho sério é um trabalho feito com profissionais, profissionais não só da dança, mas profissionais da educação... então eu vejo assim, com muita tristeza, eu sei que... aí é uma opinião pessoal minha, o fato das escolas transformarem as escolas integrais eu também contesto um pouco, não sei até que ponto isso é válido... até que ponto deixar a criança mais tempo nas escolas... sobre quais condições... Então quando ela estava um tempo normal na escola e ela tinha essa possibilidade de estar no Núcleo, de repente ela poderia estar envolvendo muito mais por que... todos os aspectos e além de melhorar seu rendimento na escola, muitas vezes... Então eu vejo com muita tristeza assim... não só por mim, mas principalmente pelas crianças.

Referências

Documentos relacionados

A sensibilidade, especificidade, valor de previ- são positivo e valor de previsão negativo da lesão do tronco da artéria coronária esquerda para a ocorrên- cia de óbitos e para

Aconselha-se ao proprietário rural planejar o paisagismo da sua propriedade em torno da casa-habitação e das outras construções onde haja circulação de pessoas, de forma a

A partir da contextualização da área de Gestão do Conhecimento, aborda seu desenvolvimento na sociedade atual, o perfil do profissional mais bem habilitado para nela

Quando se tem um doente para o qual tecnologia molecular ainda não encontrou solução, podemos oferecer conforto, apoio e amor.. A oncologia vem crescendo exponencialmente e

O projeto foi elaborado por estudantes do quarto período do curso de Publicidade e Propaganda do Centro Universitário do Norte (UniNorte/Laureate) com o intuito de

E se essas dicas já foram valiosas para você, garanto que você vai adorar o Guia Para Esquecer Um Grande Amor, porque o que você viu até aqui é apenas a cereja do bolo. Lá tem

  Imunidade  adquirida,  provocada  e  passiva...   Usar  preservativo  e

[r]