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Mudanças cambiais e o efeito dos fatores de crescimento ou declínio das receitas de exportações brasileiras de cacau em amêndoas

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Mudanças cambiais e o efeito dos fatores

de crescimento ou declínio das receitas

de exportações brasileiras de

cacau em amêndoas

Antonio César Costa Zugaib*

As exportações do agronegócio con-tinuam apresentando um excelente de-sempenho. O saldo da balança comercial global do país continua sendo sustenta-do pelo salsustenta-do da balança comercial sustenta-do agronegócio. Um dos mais signifi cativos aspectos da transformação que a econo-mia brasileira vem experimentando é o crescimento da importância do agrone-gócio nacional no cenário mundial. Hoje, assim como se reconhece que a China caminha para dominar o setor industrial e a Índia, o segmento de serviços asso-ciado à tecnologia da informação, existe

uma disseminada percepção de que o Brasil é um importante agente em boa parte do ramo do setor agroalimentar e agroenergético (CONJUNTURA ECONÔ-MICA, 2006).

Diante de um quadro em que a recei-ta brasileira com as exporrecei-tações de cacau em amêndoas nos anos 90 e no começo do século XXI, apresentou uma queda signifi cativa, pretendeu-se analisar os fatores que têm afetado as receitas brasi-leiras de cacau em amêndoas no período analisado. Portanto, o presente trabalho teve por objetivo geral identifi car os

fa-tores que têm afetado as receitas de ex-portação de cacau em amêndoas e, mais especifi camente, quantifi car as variações nas receitas dos produtores provenientes da taxa de câmbio, do preço e da quanti-dade exportada.

Para decompor os efeitos do câmbio, do preço e da quantidade na receita de exportação, foi utilizado o método dife-rencial-estrutural, também designado shift-share, detalhado na metodologia.

Dessa forma, contribui-se com a lite-ratura em economia agrícola ao abordar a análise das variações nas receitas de

*Mestre em Economia Rural, Especialização em Comércio Exterior pela FGV e FUNCEX, Técnico em Planejamento da CEPLAC-MAPA e Professor do Departamento de Economia da UESC-BA, Ilhéus-BA; e-mail: zugaib@ceplac.gov.br

Fo

to: M

anuela Ca

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exportações de cacau em amêndoas, considerando o detalhamento de seus componentes.

O mercado de cacau tem se carac-terizado por ter suas principais variáveis envolvidas um comportamento muito variado e cíclico. Na década de 70, mais especifi camente na safra 1976/77, o es-toque mundial era muito baixo, em torno de 276 mil toneladas de cacau em amên-doas. Isto só era sufi ciente para abastecer as indústrias em 2,3 meses de operação. Os preços internacionais experimenta-vam uma alta jamais presenciada na his-tória, preços médios de US$ 3.622/t. Estes preços serviram para incentivar o aumen-to na produção de cacau em amêndoas em todo o mundo. O Brasil, a Malásia e principalmente a Costa do Marfi m au-mentaram muito a sua produção e con-seqüentemente a produção mundial deu um salto signifi cante, saltando de 1.342 mil toneladas em 1976/77 para 2.506 mil toneladas em 1990/91. Foram sete supe-rávits seguidos entre 1984/85 e 1990/91. Os estoques mundiais cresceram verti-ginosamente para 1.663 mil toneladas de cacau em amêndoas, e as indústrias aumentaram sua margem de segurança para operar com estes estoques durante 8,6 meses. A lei da oferta e da procura

Gráfi co 1

Comportamento do mercado internacional de cacau em amêndoas

funcionou plenamente e os preços inter-nacionais despencaram para US$ 1.193/t. A safra 2006/07 encerrou com um défi cit de 255 mil toneladas, os estoques caíram para 1.587 mil toneladas, 5,2 meses de operação das indústrias e os preços subi-ram para US$ 1.854/t. Atualmente, o mer-cado opera com previsão de défi cit de 41 mil toneladas e os preços estão girando em torno de US$ 2.500/t (Gráfi co 1).

A situação do mercado interno de ca-cau em amêndoas se apresenta em um cenário um pouco diferente do merca-do internacional. Em virtude merca-dos preços internacionais baixos, experimentados principalmente na década de 90, condi-ções climáticas desfavoráveis e, sobretu-do, o aparecimento da doença vassoura-Tabela 1

Produção, moagens, importação e estoques no mercado interno de cacau (em t)

de-bruxa no Estado da Bahia, a produção brasileira declinou de 384 mil toneladas em 1990/91 para 123 mil toneladas em 1999/2000. Nesta situação, o Brasil se viu obrigado a importar cacau em amêndoas para abastecer sua indústria e preservar os empregos dos funcionários existen-tes no parque industrial do cacau, e em 1992/93, realizou sua primeira importa-ção signifi cativa, 2.171 toneladas de ca-cau em amêndoas. É necessário frisar que este trabalho tomou como base a safra brasileira que começa em 1º de maio e se encerra em 30 de abril. De acordo com a Tabela 1, verifi ca-se que o défi cit existente no mercado interno situa-se em torno de 82 mil toneladas. As conseqüências deste cenário é que o Brasil reduziu bastante COMPORTAMENTO DO MERCADO

INTERNACIONAL E NACIONAL DE CACAU EM AMÊNDOAS

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suas exportações de cacau em amêndo-as para atender a necessidade de sua in-dústria. As exportações, que em 1990/91 atingiam 112 mil toneladas, se reduziram vertiginosamente para 764 toneladas em 2007/08. A indústria necessitando de ca-cau em amêndoas para suprir seu parque moageiro, está pagando cerca de US$ 300 a 400 acima do preço internacional cotado na Bolsa de mercadorias de Nova York.

Além disso, o Brasil mudou também de comportamento, ou seja, ao invés de exportar matéria-prima, passou a expor-tar produtos semi-industrializados ou processados com maior valor agregado. Em 1983, o Brasil exportava 55% de ca-cau em amêndoas, passando a exportar apenas 1% em 2007. Nesse mesmo perí-odo, o produto processado manteiga de cacau, que se exportava 12%, passou a ser exportado 39%. O líquor, saiu de 19% para 15%. A torta de cacau se manteve estabilizada em 10% e o cacau em pó, passou de 4% para 35% (Gráfi co 2).

Conforme Couto (2000), encontra-se na literatura várias formas de se abordar a estrutura da cadeia produtiva do cacau e do chocolate. A forma predominante, que certamente decorre da convergên-cia de interesses mais explícitos, é a aná-lise que identifi ca e separa, de um lado, a lavoura, de outro, a indústria. Esta última subdivide-se em indústria processadora e indústria chocolateira. Nagai et al. (1998), analisando a produção industrial do cho-colate cobertura, defi nem uma tipologia onde, pelo menos, quatro segmentos constituem a cadeia produtiva do cho-colate no Brasil: 1) fazendas de cacau; 2) indústria processadora de amêndoas; 3) indústria de chocolate de cobertura; 4) indústria chocolateira.

De acordo com Zugaib (2006), o mercado de cacau é caracterizado pela alta concentração, caracterizando um mercado oligopsônico. No trabalho em referência, deduz-se que um aumento no preço do produto fi nal, por exemplo, manteiga de cacau contribuirá para

au-Gráfi co 2

Comportamento das exportações brasileiras de cacau em amêndoas e derivados (%), 1983 a 2007.

mentar o lucro do oligopólio, no caso as indústrias processadoras e, caso aumen-te o preço do chocolaaumen-te, os benefi ciados serão às indústrias chocolateiras, fi cando o produtor agrícola com a mesma receita anterior. A estrutura de mercado de ca-cau determina ou fortemente infl uencia como as fi rmas se comportam neste mercado, ou seja, como elas fi xam preço, determinam o nível de produto, adotam novas tecnologias, realizam propaganda, diferenciam o produto, entre outras prá-ticas. Dependendo de como as fi rmas se comportam (conduta), chega-se à performance do mercado. Nesse sentido, o produtor da matéria-prima cacau em amêndoas sempre saiu prejudicado na cadeia produtiva.

A análise das variações na receita de exportação brasileira de cacau em amên-doas foi feita pelo método diferencial-es-trutural, também designado shift-share. Este método permite decompor o efeito de algumas variáveis sobre a receita das exportações da referida commodity.

Silva e Carvalho (1995 apud REIS; CAMPOS, 1998) afi rmam que esta meto-dologia permite mensurar os efeitos da variação cambial sobre os preços entre

1Para atender as normas da revista e adequar o artigo ao espaço reservado a metodologia foi reduzida, eliminando-se os detalhes e as fórmulas utilizadas. Os interessados no original podem consultar o autor

(zugaib@ceplac.gov.br).

diferentes momentos no tempo. Com isso, é possível verifi car o efeito das dife-rentes políticas cambiais sobre um mer-cado específi co, como o de cacau em amêndoas. Os efeitos são captados pelas variações de seus componentes no tem-po, e não se considera a interação entre as fontes. Por isto, quando se analisa um dos efeitos, o outro é dado como cons-tante. Então, este estudo trata da receita de exportação de cacau em amêndoas no período de 1993/1994 a 2007/08 e os efeitos aqui estudados foram decom-postos em efeito preço, efeito câmbio e efeito quantidade.

A receita da exportação de cacau em amêndoas é defi nida da seguinte forma:

R = Q . PR$ (1)

em que R é a receita em real decorrente da exportação de cacau em amêndoas; Q, a quantidade de cacau em amêndoas exportado em tonelada; e PR$, o preço da

tonelada de cacau em amêndoas em re-ais recebido pelo exportador brasileiro.

Como o preço do cacau em amêndo-as é defi nido no mercado internacional, a conversão para preço em reais é obtida pelo produto da taxa de câmbio real pelo preço em dólares.

A análise será anual, ou seja, será obtida a taxa anual de crescimento ou METODOLOGIA1

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decréscimo da receita das exportações de cacau em amêndoas, resultante da variação ocorrida entre o ano analisado e o ano anterior.

Para caracterizar a evolução das sé-ries de preços, utilizou-se a taxa média geométrica de crescimento, cujo cálculo foi possível mediante o ajustamento, a partir da série de pontos observados, da função exponencial.

O período estudado correspondeu aos anos de 1993/94 a 2007/08, razão pela quais todos os dados têm o ano de 2007/2008 como base para defl aciona-mento. A taxa de câmbio real foi obtida a partir de taxas médias anuais para o perí-odo de 1993/94 a 2007/08, defl acionadas pelo critério da paridade do poder de compra da moeda, considerando a infl a-ção doméstica e a infl aa-ção internacional: Os dados de quantidade exportada, preço e receita de exportação de cacau em amêndoas são da Secretaria do

Co-mércio Exterior (MDIC, 2008); a taxa de câmbio nominal (R$/US$) foi obtida no site do Banco Central do Brasil; o Índice Geral de Preços Disponibilidade Interna (IGP-DI), utilizado como Proxy para a infl a-ção do Brasil, foi obtido na Fundaa-ção Ge-túlio Vargas (FGV-Dados, 2008); e, por fi m, o Índice de Preços ao Consumidor (CPI) dos Estados Unidos foi obtido no site do Banco Central dos Estados Unidos, 2008.

As quantidades exportadas de ca-cau em amêndoas no Brasil tiveram uma queda considerável, saindo de 105.422 toneladas em 1993/94 para apenas 764 toneladas em 2007/08, apresentando uma taxa geométrica de crescimento de -54,82% a.a. Resultado provocado pela queda na produção de cacau em amên-doas na Bahia que, de acordo com Almei-da et al (2006), foi decorrente de queAlmei-da do preço do produto no mercado

inter-Figura 1

Receita de exportação de cacau em amêndoas, taxa de câmbio real, preço de cacau em amêndoas em US$/t e volume exportado – 1993/94 – 2007/08

nacional, do acirramento da concorrência e da infestação da vassoura-de-bruxa nos plantios. Houve um declínio considerável da área destinada à cultura, especialmen-te no subperíodo 2000/2002, tanto pela redução natural (efeito escala), como pela reconversão via efeito substituição. No total do período, de 1985/2002, so-mente as culturas do cacau e da laranja sofreram redução na produção. Esse declínio ocorreu, especialmente, a partir da implantação do Plano Real, que pode estar associado, em parte, as políticas cambiais de valorização da moeda na-cional, implicando perdas para produtos exportáveis.

Os preços internacionais do cacau iniciaram com US$ 1.034/t em 1993/94, passaram para US$ 2.151/t em 2002/03, caíram no ano seguinte para US$ 1.493/t, para depois se recuperarem em 2007/08 com US$ 2.500/t, apresentando uma taxa de crescimento, no período 1993/94 a 2007/08, de 9,19% a.a.

A taxa de câmbio real atingiu o ápi-ce em 2002/03 com US$1,00 valendo R$ 4,09 e, posteriormente, em 2007/08, se valorizou com US$ 1,00 passando a valer R$ 1,83. O câmbio real teve uma taxa ge-ométrica de crescimento de 13,58% a.a.

As receitas com exportações de ca-cau em amêndoas, principalmente em função da queda na quantidade expor-tada, tiveram uma taxa geométrica de crescimento de -43,96% no período a.a. (Figura 1 e Tabela 2).

De acordo com a Tabela 2, as varia-ções nas quantidades exportadas, nos preços internacionais e no câmbio se refl etiram nas receitas brasileiras com ca-cau em amêndoas, que teve no período analisado um coefi ciente de variação de 110,36%, considerado alto.

Na Tabela 3 são apresentados os resultados da decomposição dos três efeitos sobre a receita de exportação de cacau em amêndoas. É possível observar cada um deles individualmente ou so-mados.

As receitas com exportações de ca-cau em amêndoas apresentaram em quase todo o período um efeito total negativo. Na Tabela 2 são apresentados

Fo to: M anuela Ca vadas Fo to: M anuela Ca vadas RESULTADOS E DISCUSSÃO

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os resultados da decomposição dos três efeitos sobre a receita de exportação de cacau em amêndoas. O efeito total mos-tra que a receita de exportação apresen-tou declínio em quase todos os anos, com quedas acentuadas em 1997/98, 2003/04 e 2006/07, de -76,60%, -72,79% e -57,60%, respectivamente. Em 1997/98, a forte queda nas quantidades exporta-das (-99,00%) não pôde ser sustentada pela melhor posição dos preços interna-cionais (19,49%) e pela taxa de câmbio (2,91%) suavemente desvalorizada.

Uma segunda redução na receita comparativamente ao ano anterior foi em 2003/04, ocasionada pela situação adver-sa nas três variáveis que a determinam: a quantidade exportada caiu (-26,13%), o câmbio se valorizou (-14,22%) e o preço internacional declinou mais acentuada-mente (-32,44%), sendo a principal cau-sadora da queda na receita. O terceiro e último retrocesso na receita aconteceu em 2006/07, proporcionado pela pe-quena valorização da taxa de câmbio (-7,03) e queda acentuada das quantida-des exportadas (-68,13), uma vez que o crescimento dos preços internacionais (17,56%) não foi sufi ciente para sustentar a receita, que declinou em –57,60% com relação ao ano anterior.

Como podemos verifi car as receitas

com exportações de cacau só tiveram um efeito total positivo nos anos de 1996/97, 2001/02, 2002/03 e 2007/08. Em relação a 2007/2008, se fi zermos uma análise mais detalhada, podemos verifi -car que, apesar do câmbio se encontrar valorizado, tendo apresentado um efeito negativo de -22,28%, o efeito quantida-de e o efeito preço positivos, 98,24% e 28,55%, respectivamente, fi zeram com que o efeito total das exportações tivesse um crescimento de 104,50%.

Não houve predomínio integral de nenhum efeito por todo o período ana-lisado; como foram anos de grandes variações na taxa de câmbio, na quan-tidade exportada e nos preços, houve variação de efeito total dominante ano a ano. Porém, notou-se um maior pre-domínio negativo do efeito quantidade sobre a receita de exportação de cacau em amêndoas na maior parte do perí-odo analisado, com exceção dos anos 1996/97, 2002/03 e 2007/08.

O efeito preço, ou seja, as variações do preço internacional do cacau em amêndoas sobre a receita de exportação, predominaram nos anos de 2001/02 e 2002/03, de plausível crescimento nas re-ceitas proporcionado pela melhoria das três variáveis.

Em janeiro de 1999, a política de

pre-servação do câmbio valorizado chegou ao seu fi m, principalmente por causa da crise russa, que provocou a aceleração na perda de reservas internacionais. Como a política se tornou insustentável, os res-ponsáveis pela política macroeconômica permitiram a livre fl utuação do câmbio brasileiro. Como conseqüência às varia-ções no efeito câmbio contribuíram para melhoria das receitas com exportações nos anos de 2001/02 e 2002/03, quando ocorreram desvalorizações cambiais sig-nifi cantes.

Como demonstrado nos dados, des-de o pico máximo do câmbio real, em 2002/03, o real tem se valorizado diante do dólar, o que tem prejudicado acentu-adamente as receitas dos exportadores de commodities, como os cacauicultores brasileiros. Observe que, devido a eleva-ções do volume exportado e ao preço internacional, a receita ainda cresceu em 2001/02 e 2002/03, a partir daí sucessivas valorizações cambiais foram decisivas para reduzir as receitas com exportações brasileiras de cacau em amêndoas.

Observa-se que a taxa de câmbio é uma variável-chave para a agricultura de exportação, tendo considerável efeito sobre a competitividade dos produtos brasileiros no exterior. O efeito da taxa de câmbio sobre o mercado de cacau em amêndoas foi evidente em 1995/96, em 2001/02 e 2002/03, mostrando cor-relação direta entre a taxa de câmbio e a receita das exportações de cacau em amêndoas.

Sabe-se que a quantidade ofertada é largamente infl uenciada pelo preço e pela taxa de câmbio; porém a redução na quantidade ofertada foi em grande parte proveniente da doença vassoura-de-bruxa.

Analisando os resultados obtidos, pode-se verifi car que o efeito quantida-de, ou seja, a quantidade exportada de cacau em amêndoas, foi a variável mais relevante para explicar o declínio das receitas brasileiras de exportação da re-ferida commodity. Esse decréscimo nas Tabela 2

Quantidade, preço, e receita das exportações brasileiras de cacau em amêndoas e câmbio real – 1993/94 a 2007/08

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quantidades exportadas de cacau em amêndoas foi em conseqüência da baixa dos preços internacionais, de condições climáticas adversas e, principalmente, da doença vassoura-de-bruxa, que contri-buíram para reduzir a produção brasileira de cacau em amêndoas.

Destaca-se o período 2001/02 e 2002/03 para o crescimento das receitas com exportações de cacau em amêndo-as. No ano de 2001/02, apesar dos efeitos preço e câmbio contribuírem positiva-mente para o crescimento das receitas com exportações, com 21,66% e 21,71%, respectivamente, o efeito quantidade foi que mais contribuiu com 79,19%. Porém, no período 2002/03, todos os três efeitos contribuíram para aumento das receitas com exportações de cacau em amêndo-as, mas foi o efeito preço e câmbio que foram decisivos com 72,98% e 22,60%, respectivamente.

Isto signifi ca que o câmbio tem um efeito positivo e a sua desvalorização con-tribui enormemente com os produtos de exportação. Atualmente, o mercado tem experimentado altas, como em 2007/08, US$ 2.500/t, com um câmbio cotado a US$ 1,0=R$ 1,83, e um ágio no mercado interno estipulado em US$ 400, o preço estaria em R$ 71,00/@, mas o mercado interno poderia estar pagando um valor superior se o câmbio estivesse por exem-plo, a mesma cotação cambial real de 2002/03, US$ 1,00=R$4,09. Isto signifi ca-ria para o produtor estar recebendo inter-namente R$ 160,00 por arroba de cacau

exportada, o que aumentaria a sua renda e contribuiria para compensar as perdas na receita ocorridas com o aparecimento da doença vassoura-de-bruxa.

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Tabela 3

Decomposição da taxa anual de crescimento das receitas de exportação de cacau em amêndoas (em %) de 1993/94 a 2007/08

Referências

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